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3. ISBN 978-85-02-13397-6 Dados Internacionais de Catalogao na
Publicao (CIP) Caparroz, Roberto Comrcio internacional
esquematizado / Roberto Caparroz; coordenador Pedro Lenza. So Paulo
: Saraiva, 2012. 1. Comrcio exterior 2. Direito comercial 3.
Direito internacional I. Lenza, Pedro. II. Ttulo. ndices para
catlogo sistemtico: 1. Comrcio internacional esquematizado: Direito
341.5:347.7 DIRETORDEPRODUO EDITORIALLuiz Roberto Curia
GERENTEDEPRODUO EDITORIALLgia Alves EDITORJnatas Junqueira deMello
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eElaineCristina da Silva CAPAAero Comunicao PRODUO GRFICAMarli
Rampim Data de fechamentoda edio:31-8-2011 Dvidas? Acesse
www.saraivajur.com.br Nenhuma parte desta publicao poder ser
reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prvia autorizao da
Editora Saraiva. A violao dos direitos autorais crime estabelecido
na Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.
4. DEDICATORIA Take your time, dont live too fast Troubles will
come and they will pass Go find a woman and youll find love And
dont forget, son there is someone up above And be a simple kind of
man Be something you love and understand Baby, be a simple kind of
man Wont you do this for me, son? If you can? (Simple Man, Lynyrd
Skynyrd) Aos meus filhos Gustavo e Leonardo, Razo e Essncia da
minha vida, coma certeza de que s o amor constri.
5. AGRADECIMENTOS Livros so sonhos individuais que s se
concretizamde forma coletiva. Sempessoas especiais, que
contribuemcomseuamor, esforo e talento, nenhuma obra de qualidade
poderia ser realizada. Este livro temumgrande patrono, a quemsou
eternamente grato: meu amigo Pedro Lenza, que acreditou no autor e
no projeto, fez crticas no momento certo e contribuiude maneira
decisiva para a realizao do nosso sonho literrio. No mbito pessoal,
nada poderia acontecer sem a mulher da minha vida, a minha querida
esposa Patrcia. Agradeo pelo amor e companheirismo de quase duas
dcadas. Tudo o que j vivie aquilo que me espera s fazsentido ao
seulado. Devo eterna gratido aos meus pais Anna e Roberto, que
sempre me apoiaram, incondicionalmente, em todos os projetos. O
amor de vocs insubstituvel. Gostaria, ainda, de agradecer aos
amigos Monteiro, Tavares e Richard, do antigo Pr Concurso, onde, h
muito tempo, comecei a ministrar aulas para cursos preparatrios,
justo coma matria de Comrcio Internacional. Obrigado por
acreditaremnumprofessor joveme recm-aprovado na Receita Federal. A
primeira oportunidade sempre a mais importante. Agradeo imensa
famlia Saraiva, pela acolhida e oportunidade de participar desse
projeto de enorme sucesso que a Coleo Esquematizado, como autor e
cocoordenador da rea fiscal, ao lado do Pedro Lenza. Registro,
portanto, meumuito obrigado ao LuizRoberto Curia e ao Jnatas Mello,
emnome de todos os que compemessa gloriosa casa. Sou
particularmente grato s amigas Roseli e Rose, que comandam a equipe
incrivelmente competente e atenciosa da Know-how, exemplo de
profissionalismo e qualidade. Aproveito para mandar umabrao
especialpara a Cintia, por tudo o que aconteceu. Por fim,
meuagradecimento especialvaipara os milhares de alunos que tive
nesses anos, que sempre foramgenerosos ao extremo comigo, pelo
incentivo e motivao para escrever. Se no fosse a cobranaconstante
de todos vocs, agora meus leitores, este livro jamais teria
nascido.
6. METODOLOGIAESQUEMATIZADO Durante o ano de 1999, pensando,
naquele primeiro momento, nos alunos que prestariam o exame da OAB,
resolvemos criar um estudo que tivesse linguagemfcile, ao mesmo
tempo, contedo suficiente para as provas e concursos. Depois de
muita dedicao, batizamos o trabalho de Direito constitucional
esquematizado, na medida em que, em nosso sentir, surgia uma
verdadeira e pioneira metodologia, idealizada com base em nossa
experincia dos vrios anos de magistrio, buscando sempre otimizar a
preparao dos alunos, bemcomo atender s suas necessidades.
Ametodologia estava materializada nos seguintes pilares:
esquematizado: verdadeiro mtodo de ensino, emque a parte terica
apresentada de forma direta, empargrafos curtos e emvrios itens e
subitens. Por sua estrutura revolucionria, rapidamente ganhoua
preferncia nacional, tornando-se indispensvelarmapara os concursos
da vida; superatualizado: emrelao s carreiras jurdicas, combase na
jurisprudncia do STF e Tribunais Superiores, o texto encontra-se
emconsonncia com as principais decises e as grandes tendncias da
atualidade e, de modo geral, a obra estrutura-se na linha dos
concursos pblicos de todo o Pas; linguagemclara: a exposio fcile
direta traza sensao de que o autor est conversandocomo leitor;
palavras-chave (keywords): a utilizao do azul possibilita uma
leitura panormica da pgina, facilitando a recordao e a fixao do
assunto. Normalmente, o destaque recaisobre o termo que o leitor
grifaria como seumarca-texto; formato: leitura mais dinmica e
estimulante; recursos grficos: auxiliamo estudo e a memorizao dos
principais temas; provas e concursos: ao final de cada captulo, o
assunto ilustrado com a apresentao de questes de provas e concursos
ou por ns elaboradas, facilitando a percepo das matrias mais
cobradas, bemcomo a fixao do assunto e a checagemdo aprendizado.
Inicialmente publicado pela LTr, poca, em termos de metodologia,
inovou o mercado editorial. A partir da 12 edio, passou a ser
produzido pela Editora Saraiva, quando, ento, se tornoulder de
vendas. Realmente, depois de tantos anos de aprimoramento, coma
nova cara dada pela Editora Saraiva, no s emrelao moderna diagramao
mas tambmemrazo do uso da corazul, o trabalho passoua atingir tanto
os candidatos ao Exame de Ordemquanto todos aqueles que enfrentamos
concursos em geral, sejam das reas jurdica ouno jurdicas, de nvel
superior ou mesmo os de nvel mdio, assim como os alunos de graduao
e demais profissionais. Alis, parece que Ada Pelegrini Grinover
anteviu, naquele tempo, essa evoluo do Esquematizado. Em suas
palavras, ditas em 1999, escrita numa linguagemclara e direta, a
obra destina-se, declaradamente, aos candidatos s provas de
concursos pblicos e aos alunos de graduao, e, por isso mesmo, aps
cada captulo, o autor insere questes para aplicao da parte terica.
Mas ser til tambmaos operadores do direito mais experientes, como
fonte de consulta rpida e imediata, por oferecer grande nmero de
informaes buscadas emdiversos autores, apontando as posies
predominantes na doutrina, sem eximir-se de criticar algumas delas
e de trazer sua prpria contribuio. Da leitura amena surge um livro
fcil, sem ser reducionista, mas que revela, ao contrrio, umgrande
poder de sntese, difcilde encontrar mesmo emobras de autores mais
maduros, sobretudo no campo do direito. Atendendo ao apelo de vrios
concurseiros do Brasil, resolvemos, com o apoio incondicional da
Editora Saraiva, convidar professores e autores das principais
matrias dos concursos pblicos, tanto da rea jurdica como da no
jurdica, lanando, assim, a Coleo Esquematizado. Para nossa
felicidade, tivemos a colaborao de Roberto Caparroz, que nos
ajudouna coordenao das obras voltadas s matrias no jurdicas.
Metodologia pioneira, vitoriosa, consagrada, testada e aprovada.
Professores comlarga experincia na rea dos concursos pblicos.
Estrutura, apoio, profissionalismo e know-how da Editora Saraiva:
sem dvida, ingredientes suficientes para o sucesso da empreitada,
especialmente na busca de novos elementos e ferramentas para ajudar
os nossos ilustres concurseiros! Para o comrcio internacional,
tivemos a honra de contar com o precioso trabalho de Roberto
Caparroz, que soube, com maestria, aplicar a metodologia
esquematizado sua vasta e reconhecida experincia profissional.
Caparroz doutoremdireito tributrio pela PUCSP e mestre emfilosofia
do direito pela Unimes, ttulos obtidos comnota mxima. Almde ser
bacharelemdireito, tambmbacharelemcomputao e ps-graduado
emadministrao tributria (ESAF) e marketing(ESPM). Auditor Fiscal da
Receita Federal do Brasil desde 1997, foiInspetor-Chefe do
Aeroporto Internacional de So Paulo Guarulhos, estando, atualmente,
lotado na diviso de tributao internacionalda Delegacia Especial de
Maiores Contribuintes (SP). O autor, almde ser representante do
governo brasileiro emdiversas reunies para discusso de tratados
internacionais na rea tributria e aduaneira (Cairo, Montreal,
Toronto, BuenosAires), palestrante internacional emeventos de
tributao internacionalpatrocinados pela OCDE e CIAT (Guatemala,
Santiago e So Paulo). Autor de diversas publicaes nas reas de
direito tributrio, aduaneiro e comrcio internacional, Caparroz foi
vencedor do 2 Prmio Microsoft de Direito (categoria mestrado e
doutorado), promovido pela Faculdade de Direito da USP. Professor
de ps-graduao emdireito tributrio e internacionalda FGV,
COGEAE/PUC, IBETe EPD, instrutorda ESAF, do Ministrio da Fazenda,
o
7. autor professor, desde 1998, das disciplinas direito
tributrio, comrcio internacional e direito internacional nos
principais cursos preparatrios do pas (Damsio, LFGe Marcato, entre
outros), tanto para as carreiras fiscais como jurdicas. Assim, no
temos dvida de que o presente trabalho contribuir para encurtar o
caminho do meu ilustre e guerreiro concurseiro na busca do sonho
dourado! Sucesso a todos! Esperamos que a Coleo Esquematizado
cumpra o seu papel. Novamente, em constante parceria, estamos
juntos e aguardamos qualquer crtica ousugesto. Pedro Lenza
E-mail:[email protected] Twitter:@pedrolenza
8. APRESENTAO Todos os anos, milhes de pessoas, comos mais
variados perfis e histrias de vida, resolvemingressar no mundo dos
concursos pblicos. Trata-se de um movimento contnuo, crescente,
inesgotvele tipicamente brasileiro. Portanto, se a ideia j
passoupela sua cabea, saiba que voc no est sozinho.Aconstatao
serve, a ums tempo, tanto como estmulo para os estudos quanto para
que possamos compreender o calibre do desafio que aguarda os
candidatos. Quais os motivos para esse fenmeno, que s fazcrescer?
Aresposta mais simples e direta reside no fato de que o Estado,
para a nossa realidade, umexcelente empregador. Se compararmos a
remunerao da iniciativa privada coma de carreiras pblicas
equivalentes, emtermos de exigncias e atividades, na maioria dos
casos, o valor percebido pelos servidores ser igualou superior.
Some-se a isso a estabilidade, o regime diferenciado de previdncia
e a possibilidade de ascenso funcional e teremos a perfeita equao
para a verdadeira legio de concurseirosque existe no Brasil. Como
vencero desafio dos concursos, se a concorrncia to grande? Ao
contrrio do que muita gente imagina, a dificuldade certamente no
quantitativa, pois o nmero de concorrentes, na prtica, pouco
importa. Todos os grandes concursos oferecem vagas suficientes,
capazes de premiar os candidatos que conseguirem obter mdias
elevadas. O fator determinante para o sucesso de natureza
qualitativa e exige o domnio de duas metodologias:saberestudare
resolverquestes. H muitos anos digo aos alunos que o segredo dos
concursos no simplesmente estudar mais (muito embora os vencedores
estudem bastante), mas, principalmente, estudarmelhor. E o que
significa isso? Estudar melhor implica escolher uma fonte de
referncia segura, completa e atualizada para cada matria, absorv-la
ao mximo e, depois, verificar o aprendizado por meio de questes.
Costumo ponderar que, se umcandidato ler dois autores sobre o mesmo
tema, provavelmente elevar ao quadradosuas dvidas, pois no saber
como enfrentar, nas provas, as divergncias de pensamento que,
apesar de comuns e salutares no meio acadmico, devemser evitadas a
todo custo nos concursos. Essa uma das propostas da presente Coleo
Esquematizado. Quando o amigo Pedro Lenza me convidou para ajud-lo
na coordenao das obras voltadas para as matrias no jurdicas,
imediatamente vislumbrei a possibilidade de oferecer aos alunos das
mais diversas carreiras a mesma metodologia, testada e aprovada no
consagrado Direito Constitucional Esquematizado. Sabemos que a
grande dificuldade dos concursos de ampla concorrncia, abertos a
candidatos de qualquer formao, reside na quantidade e variedade de
matrias, de talsorte que no seria exagero afirmar que
ningumconhece, a priori, todos os temas que sero exigidos, ao
contrrio das carreiras jurdicas, nas quais os alunos efetivamente
travaramconhecimento comas disciplinas durante a faculdade.
Ningumfazfaculdade para concursos, at porque, na prtica, ela no
existe. Os candidatos provmde reas diferentes e
acumularamconhecimento em temas que normalmente no so objeto de
questes. comum o relato de candidatos iniciantes que tiveram pior
desempenho justamente nas matrias que conheciama partir da
experincia profissional. Os concursos no jurdicos exigempreparao
especfica, na qualos candidatos normalmente iniciamdo zeroseus
estudos. A metodologia empregada na Coleo Esquematizado permite que
o leitor, de qualquer nvel, tenha acesso mais completa e atualizada
teoria, exposta emlinguagemclara, acessvel e voltada para
concursos, acrescida de questes especialmente selecionadas e
comentadas emdetalhes. O projeto, apesar de audacioso, se sustenta
pela qualidade dos autores, todos com larga experincia na preparao
de candidatos para as diferentes provas e bancas examinadoras. As
matrias so abordadas de forma terico-prtica, comfarta utilizao de
exemplos e grficos, que influempositivamente na fixao dos contedos.
A abordagem dos temas busca esgotar os assuntos, sem, no entanto,
se perder em digresses ou posies isoladas, com o objetivo de
oferecer ao candidato uma soluo integrada, naquilo que os
norte-americanos chamamde one stop shop. Com a estrutura e o
suporte proporcionados pela Editora Saraiva, acreditamos que as
obras sero extremamente teis, inclusive para os alunos dos cursos
de graduao. Lembre-se de que o sucesso no mundo dos concursos no
decorre do se, mas, sim, do quando. Boa sorte e felicidade a todos!
Roberto Caparroz E-mail:[email protected]
9. NOTADO AUTOR Todo livro temuma histria, e a deste comeouh
muito tempo, quando inicieias aulas de Comrcio Internacionalpara
cursos preparatrios na rea fiscal. Durante todo esse tempo a matria
evoluiu, ganhou relevncia e se consolidou, principalmente emrazo da
globalizao e da forte interdependncia entre pases e mercados,
conforme se pode observar neste incio de sculo XXI. A importncia
dos temas aqui abordados decorre da tendncia irreversvel de insero
do Brasil no cenrio internacional e do fortalecimento da nossa
posio econmica e poltica. Definitivamente, deixamos de ser meros
observadores e passamos a atuar mais prximos dos principais
protagonistas mundiais. Nesse contexto, o livro tempor objetivo
abranger, de forma completa e aprofundada, todos os temas de
comrcio internacionalsolicitados nos principais concursos pblicos
federais, como Receita Federaldo Brasil, Carreiras Diplomticas e,
ainda, aqueles relacionados ao comrcio exterior. Almdisso, muitas
provas jurdicas, voltadas para concursos como Magistratura Federal,
Ministrio Pblico Federal, Polcia Federal, Advocacia Pblica e
Procuradorias, exigemquestes de Comrcio Internacional,
especialmente sobre os temas de integrao econmica (como Unio
Europeia e MERCOSUL) e organismos internacionais, com os
correspondentes mecanismos de soluo de controvrsias, bem como
diversos tpicos relacionados tributao internacional. Acredito que o
livro seja particularmente til para os cursos de graduao de
diversas reas, os quais possuem a matria Comrcio Internacional nos
respectivos currculos, como Administrao, Economia, Direito, Relaes
Internacionais e, obviamente, Comrcio Exterior. O profissional da
rea aduaneira tambmpoder encontrar, ao longo dos captulos,
informaes importantes e atualizadas para o desempenho de suas
atividades, numa linguagemdireta e acessvel, semprejuzo dos
comentrios jurdicos pertinentes, dado que os livros de comrcio
internacionaldo mercado normalmente abordamos temas de modo tcnico,
baseado exclusivamente nas normas infralegais. Em relao ao contedo,
tivemos o cuidado de selecionar os assuntos mais relevantes e
apresent-los de forma agradvel, seguindo a metodologia da Coleo
Esquematizado, comgrficos, quadros, tabelas e mapas, que ajudamna
compreenso da matria. Pensando nos amigos concurseiros, o livro est
repleto de exemplos prticos, e conta, ainda, com mais de 200
questes comentadas de provas oficiais. Como este autor gosta de
notas de rodap, fica a sugesto de que o prezado leitor as estude
com ateno, especialmente aquelas que contm explicaes oucomentrios
que, se includos no texto principal, dele retirariama fluncia
necessria, especialmente emrazo da extenso da matria. Por fim,
todas as obras esto sujeitas a crticas e imperfeies. As existentes
no presente trabalho so de minha exclusiva responsabilidade, e
ficareimuito felizemreceber comentrios nesse sentido, que sero
levados emconsiderao emfuturas edies. So Paulo, inverno de 2011.
Roberto Caparroz E-mail:[email protected]
10. SUMRIO 1. POR QUEOCOMRCIOINTERNACIONALIMPORTANTE? 1.1. Por
uma teoria do comrcio internacional 1.1.1. O comrcio ultramarino
1.1.2. Mercantilismo:o desenvolvimento do comrcio internacional
1.1.2.1. Pressupostos do mercantilismo 1.1.3. O sistema de
livre-comrcio 1.1.4. Aafirmao do capitalismo 1.1.5. AdamSmithe a
teoria das vantagens absolutas 1.1.6. David Ricardo e a teoria das
vantagens comparativas 1.1.7. O mundo globalizado 1.1.7.1. As faces
da globalizao 1.1.8. Livre-cambismo e protecionismo 1.1.9.
Barreiras tarifrias e no tarifrias 1.1.9.1. Barreiras
tarifrias:conceito e aplicao 1.1.9.1.1. Breve introduo tributao das
importaes 1.1.9.1.2. Carter protecionista das alquotas do imposto
de importao 1.1.9.1.3. Competncia do Poder Executivo para a alterao
das alquotas do imposto de importao 1.1.9.1.4. Alquotas mdias das
importaes no Brasil 1.1.9.1.5. Tipos de alquotas do imposto de
importao 1.1.9.2. Modalidades no tarifrias de interveno 1.1.9.2.1.
Sistema de cotas 1.1.9.2.2. As cotas no acordo multifibras
1.1.9.2.3. Proibio nas importaes 1.1.9.2.4. As barreiras sanitrias
e fitossanitrias 1.1.9.2.5. As barreiras tcnicas ao comrcio
1.1.9.2.6. O licenciamento das importaes 1.1.9.2.6.1. Sistemtica de
licenciamento no Brasil 1.1.9.2.6.1.1. Licenciamento automtico
1.1.9.2.6.1.2. Licenciamento no automtico 1.1.9.2.6.1.3. Produtos
sujeitos a controles especficos 1.1.9.2.7. Outras barreiras no
tarifrias 1.1.9.2.7.1. Medidas de natureza financeira 1.1.9.2.7.2.
Organismo estatalimportador 1.1.9.2.7.3. Servios e ndices nacionais
obrigatrios 1.1.9.2.7.4. Exigncia de bandeira nacional 1.1.9.2.7.5.
Restries voluntrias de exportao 1.1.9.2.7.6. Inspees prvias ao
embarque 1.1.9.2.7.7. Procedimentos aduaneiros especiais e a
iniciativa para a segurana de contineres 1.2. Questes 2.
OSISTEMAMULTILATERALDOCOMRCIO 2.1. ACarta de Havana e o Fracasso da
Organizao Internacionaldo Comrcio 2.2. O Acordo Geralsobre Tarifas
e Comrcio 2.2.1. Os princpios do GATTe da OMC 2.2.1.1. Princpio da
no discriminao 2.2.1.2. Princpio da transparncia 2.2.1.3. Princpio
da reduo gerale progressiva das tarifas 2.2.1.4. Princpio da
proibio de medidas no alfandegrias 2.2.1.4.1. Restries para proteo
do equilbrio da balana de pagamentos
11. 2.2.1.5. Princpio da previsibilidade 2.2.1.6. Princpio da
concorrncia leal 2.2.1.7. Princpio do tratamento diferenciado para
pases emdesenvolvimento 2.2.1.8. Princpio da flexibilizao emcaso de
urgncia 2.2.1.9. Princpio da ao coletiva 2.2.1.10. Princpio do
reconhecimento dos processos de integrao 2.2.2. As Rodadas no mbito
do GATT 2.2.2.1. Aetapa provisional(1948-1955) 2.2.2.2. Aetapa de
desenvolvimento (1955-1970) 2.2.2.3. Aetapa de maturidade
(1970-1985) 2.2.2.4. Aetapa de reconstruo (1985-1994) 2.3. ARodada
Uruguai:do GATT OMC 2.4. AOrganizao Mundialdo Comrcio 2.4.1.
Estrutura 2.4.2. Pases-membros 2.4.3. Adeso de novos membros 2.4.4.
Sistema de deciso 2.4.5. Soluo de controvrsias 2.4.5.1. Prazos
processuais 2.4.6. Acordos no mbito da Organizao Mundialdo Comrcio
2.4.6.1. Acordo Geralsobre o Comrcio de Servios (GATS) 2.4.6.1.1.
Quadro geraldo Acordo 2.4.6.1.2. Princpios do GATS 2.4.6.1.3.
Compromissos especficos 2.4.6.2. Acordo sobre Aspectos dos Direitos
de Propriedade IntelectualRelacionados ao Comrcio (TRIPS)
2.4.6.2.1. Princpios do TRIPS 2.4.6.2.2. Direitos de autor e
direitos conexos 2.4.6.2.3. Direitos relativos a marcas 2.4.6.2.4.
Proteo das indicaes geogrficas 2.4.6.2.5. Proteo dos desenhos
industriais 2.4.6.2.6. Direitos sobre patentes 2.4.6.2.6.1.
Licenciamento compulsrio de medicamentos 2.4.6.2.7. Proteo aos
circuitos integrados 2.4.6.2.8. Proteo de informaes confidenciais
2.4.6.2.9. Controle de prticas de concorrncia deslealemcontratos de
licenas 2.4.6.2.10. Aplicao das normas de proteo dos direitos da
propriedade intelectual 2.4.6.3. Acordo sobre Medidas de
Investimento Relacionadas ao Comrcio (TRIMS) 2.4.6.4. Acordo sobre
Aplicao de Medidas Sanitrias e Fitossanitrias (SPS) 2.4.6.5. Acordo
sobre Barreiras Tcnicas ao Comrcio (TBT) 2.4.6.5.1. Procedimentos
para a avaliao de conformidade 2.5. Conferncias ministeriais e o
fracasso da rodada do milnio 2.6. Os Mandatos de Doha e a Rodada do
Desenvolvimento 2.7. Questes 3. ORGANIZAES EORGANISMOS
INTERNACIONAIS RELACIONADOS AOCOMRCIO 3.1. AConferncia das Naes
Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento (UNCTAD) 3.1.1. Breve
histrico da UNCTAD 3.1.1.1. Primeira fase:anos 1960 e 1970 3.1.1.2.
Segunda fase:dcada de 1980 3.1.1.3. Terceira fase:dos anos 1990 at
os dias de hoje 3.1.2. RalPrebische a Teoria Cepalina 3.1.3. As
Conferncias da UNCTAD 3.2. AComisso das Naes Unidas para o Direito
ComercialInternacional(UNCITRAL) 3.2.1. Princpios fundamentais 3.3.
Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) 3.4.
Organizao Mundialdas Aduanas (OMA) 3.4.1. Principais atribuies da
OMA 3.4.2. Competncia dos comits 3.5. Fundo Monetrio
Internacional(FMI) 3.5.1. Como funciona o Fundo Monetrio
Internacional? 3.6. Banco Mundial 3.7. Questes 4. PROCESSOS
DEINTEGRAOECONMICA
12. 4.1. Estgios de Integrao 4.1.1. Zollverein 4.2. Unio
Europeia 4.2.1. Antecedentes histricos 4.2.1.1. AComunidade
Europeia do Carvo e do Ao (CECA) 4.2.1.2. AComunidade Econmica
Europeia (CEE) 4.2.1.3. O caminho at Maastricht 4.2.2. Estrutura e
funcionamento 4.2.2.1. O Parlamento Europeu 4.2.2.2. O Conselho
Europeu 4.2.2.3. O Conselho 4.2.2.4. AComisso Europeia 4.2.2.5. O
sistema do Tribunalde Justia 4.2.2.6. O Banco CentralEuropeu
4.2.2.7. O Tribunalde Contas 4.2.3. O processo de integrao econmica
e monetria 4.2.3.1. Acriao do Euro 4.2.3.1.1. Critrios de
convergncia 4.2.3.1.1.1. Anlise dos parmetros 4.3. Associao
Latino-Americana de Integrao (ALADI) 4.3.1. Objetivos 4.3.2.
Acordos de Alcance Regional(AAR) 4.3.3. Acordos de Alcance
Parcial(AAP) 4.3.4. Estrutura 4.4. Acordo de Livre-Comrcio da
Amrica do Norte (NAFTA) 4.4.1. O fenmeno das empresas
maquiladorasno Mxico 4.5. Comunidade Andina (CAN) 4.5.1. Estrutura
e objetivos 4.6. rea de Livre-Comrcio das Amricas (ALCA) 4.7. Unio
das Naes Sul-Americanas (UNASUL) 4.7.1. Estrutura institucional
4.8. Questes 5. OMERCADOCOMUM DOSUL(MERCOSUL) 5.1. Perspectiva
histrica 5.1.1. Afase de transio (1991 a 1994) 5.2. Tratados e
Protocolos Adicionais 5.2.1. Acordos de associao ao MERCOSUL 5.2.2.
Aquesto da Venezuela 5.2.3. Outros acordos no mbito do MERCOSUL
5.3. Objetivos do MERCOSUL 5.4. AEstrutura Institucionaldo MERCOSUL
5.4.1. O Conselho do Mercado Comum 5.4.2. O Grupo Mercado Comum
5.4.3. AComisso de Comrcio do MERCOSUL(CCM) 5.4.4. O Parlamento do
MERCOSUL 5.4.5. Foro Consultivo Econmico-Social(FCES) 5.4.6.
Secretaria do MERCOSUL 5.5. Personalidade e Fontes Jurdicas do
MERCOSUL 5.6. O Mecanismo de Soluo de Controvrsias 5.6.1. O
Protocolo de Olivos 5.7. Aspectos Econmicos e Comerciais do
MERCOSUL 5.7.1. Sistema de Pagamentos emMoeda Local(SML) 5.7.2. O
comrcio intrabloco 5.7.3. Fundo de Convergncia Estruturaldo
MERCOSUL(FOCEM) 5.8. Questes 6. ADMINISTRAOEINSTITUIES
INTERVENIENTES NOCOMRCIOEXTERIOR BRASILEIRO 6.1. Cmara de Comrcio
Exterior (CAMEX) 6.1.1. Competncias
13. 6.2. Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX) 6.2.1.
Departamento de Comrcio Exterior (DECEX) 6.2.2. Departamento de
Negociaes Internacionais (DEINT) 6.2.3. Departamento de Defesa
Comercial(DECOM) 6.2.4. Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento do Comrcio Exterior (DEPLA) 6.2.5. Departamento de
Normas e Competitividade no Comrcio Exterior (DENOC) 6.3. Banco
Centraldo Brasil(BACEN) 6.4. Ministrio das Relaes Exteriores (MRE)
6.5. Secretaria da Receita Federaldo Brasil 6.6. O Sistema
Integrado de Comrcio Exterior (SISCOMEX) 6.7. Questes 7.
OACORDOSOBREREGRAS DEORIGEM 7.1. Regras de Origemno MERCOSUL 7.1.1.
Certificados de origem 7.1.2. Procedimentos de investigao 7.2.
Regime de Origemna ALADI 7.3. Questes 8. SISTEMAS PREFERENCIAIS
DOCOMRCIOINTERNACIONAL 8.1. O Sistema Geralde Preferncias (sgp)
8.1.1. Condies para obteno do benefcio 8.2. Sistema Globalde
Preferncias Comerciais (SGPC) 8.3. QUESTES 9. PRTICAS DESLEAIS
NOCOMRCIOINTERNACIONALEMEDIDAS DEDEFESACOMERCIAL 9.1. Dumpinge
Direitos Antidumping 9.1.1. Conceito de dumping 9.1.2. Amargemde
dumping 9.1.3. Determinao do dano 9.1.4. Natureza jurdica dos
direitos antidumping 9.1.4.1. Direitos antidumpingcomo sano
9.1.4.2. Direitos antidumpingcomo tributo 9.1.4.3. Direitos
antidumpingcomo normas de direito econmico 9.1.4.4. Da natureza
aduaneira dos direitos antidumping 9.1.4.5. Dumpingcomo fenmeno do
comrcio internacional 9.1.5. Da singularidade da relao jurdica dos
direitos antidumping 9.1.6. Ciclo jurdico e etapas de investigao do
dumping 9.1.6.1. Do encerramento da investigao 9.2. Subsdios e
Medidas Compensatrias 9.2.1. Conceito de subsdio 9.2.2. Classificao
dos subsdios 9.2.3. Apurao do dano e do montante de subsdio
acionvel 9.2.4. Procedimento de investigao dos subsdios 9.2.5.
Medidas compensatrias e compromissos de preos 9.2.6. Subsdio de
produtos agrcolas 9.3. Salvaguardas 9.3.1. Procedimento de
investigao das salvaguardas 9.4. Defesa Comercialno Brasil 9.5.
Defesa Comercialno Mercosul 9.6. Defesa Comercialna Organizao
Mundialdo Comrcio 9.7. Medidas emVigor 9.8. Questes 10.
CLASSIFICAOADUANEIRADEMERCADORIAS 10.1. Sistema Harmonizado de
Designao e de Codificao de Mercadorias 10.2. Tarifa Externa Comume
Nomenclatura Comumdo MERCOSUL 10.2.1. Alteraes na tarifa externa
comum 10.3. Estrutura da Nomenclatura Comumdo Mercosul
14. 10.4. Regras de Interpretao do Sistema Harmonizado 10.5.
Exemplo de utilizao da NCM e TEC 10.6. Nomenclatura de Valor
Aduaneiro e Estatstica (NVE) 10.7. Questes 11. VALOR ADUANEIRO
11.1. ABase de Clculo do Imposto de Importao 11.1.1. Avalorao
aduaneira e as distores na base de clculo do imposto de importao
11.2. Acordo sobre a Implementao do Artigo VII do GATT 11.3.
AValorao Aduaneira no Brasil 11.4. Normas sobre valorao aduaneira
11.5. Aplicao dos Mtodos 11.5.1. Mtodos substitutivos de valorao
11.5.2. Particularidades da valorao aduaneira no Brasil 11.6.
Administrao do Acordo de Valorao Aduaneira 11.7. Questes 12.
CONTRATOS INTERNACIONAIS EINCOTERMS 12.1. Conveno das Naes Unidas
sobre Contratos de Compra e Venda Internacionalde Mercadorias
(Conveno de Viena) 12.2. Termos do Comrcio Internacional(INCOTERMS
2010) 12.2.1. Conceito 12.2.2. Possibilidade de arbitragem 12.2.3.
Os INCOTERMS e a legislao brasileira 12.2.4. Classificao dos
INCOTERMS 12.2.5. Os grupos de INCOTERMS 12.2.6. Outras inovaes e
recomendaes dos INCOTERMS 2010 12.2.7. Estrutura dos INCOTERMS 2010
12.2.7.1. Ex Works 12.2.7.2. Free Carrier 12.2.7.3. Free Alongside
Ship 12.2.7.4. Free On Board 12.2.7.5. Cost and Freight 12.2.7.6.
Cost, Insurance and Freight 12.2.7.7. Carriage Paid To 12.2.7.8.
Carriage and Insurance Paid To 12.2.7.9. Delivered At Terminal
12.2.7.10. Delivered At Place 12.2.7.11. Delivered Duty Paid 12.3
Questes 13. PAGAMENTOS NOCOMRCIOINTERNACIONAL 13.1. Aquesto do
risco e a interveno de terceiros nos pagamentos internacionais
13.2. Modalidades de Pagamento do Comrcio Internacional 13.2.1.
Remessa oupagamento antecipado 13.2.2. Remessa semsaque 13.2.3.
Cobrana documentria 13.2.4. Crdito documentrio 13.2.5. Crditos e
clusulas especiais 13.3. Questes 14. CMBIO 14.1. Mercado de Cmbio
14.1.1. Classificao dos mercados de cmbio 14.2. Contrato de Cmbio
14.2.1. Contratos de cmbio nas operaes de exportao 14.2.1.1.
Financiamento das exportaes 14.2.1.2. O paradigma internacional
Ex-Im Bank 14.2.1.3. BNDES Exim 14.2.1.3.1. BNDES Eximpr-embarque
14.2.1.3.2. BNDES-Eximps-embarque 14.2.1.4. Programa de
Financiamento s Exportaes (PROEX)
15. 14.2.1.4.1. PROEXfinanciamento 14.2.1.4.2. PROEXequalizao
de taxas de juros 14.2.1.4.3. PROEXfinanciamento produo exportvel
14.2.1.5. Adiantamento sobre Contratos de Cmbio (ACC) e
Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) 14.2.2. Contratos de
cmbio nas operaes de importao 14.3. Taxas de cmbio 14.3.1. Cotao
das taxas de cmbio 14.3.2. Regimes cambiais 14.3.2.1. O padro-ouro
14.3.2.2. Taxas de cmbio fixas 14.3.2.3. Taxas de cmbio flutuantes
14.3.3. Teoria da paridade do poder da compra 14.3.4. Classificao
das taxas de cmbio 14.4. Arbitragem 14.5. Swaps, Derivativos e
Hedge 14.6. Controle Cambial 14.7. Questes 15. REGIMES ADUANEIROS
ESPECIAIS 15.1. Caractersticas Gerais 15.2. Trnsito Aduaneiro
15.2.1. Procedimentos do trnsito aduaneiro 15.3. Admisso Temporria
15.3.1. Extino do regime ouexigncia do crdito tributrio 15.3.2.
Admisso temporria para utilizao econmica 15.3.3. Admisso temporria
para aperfeioamento ativo 15.4. Drawback 15.4.1. Drawback suspenso
15.4.2. Drawback iseno 15.4.3. Drawback restituio 15.5. Entreposto
Aduaneiro 15.5.1. Entreposto aduaneiro na importao 15.5.2.
Entreposto aduaneiro na exportao 15.5.3. Responsabilidade tributria
15.6. Entreposto Industrialsob Controle Aduaneiro Informatizado
(RECOF) 15.7. Regime Aduaneiro Especialde Importao de Insumos
destinados Industrializao por Encomenda (RECOM) 15.8. Exportao
Temporria 15.8.1. Exportao temporria para aperfeioamento passivo
15.9. Regime Aduaneiro Especialde Exportao e de Importao de Bens
destinados s atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de
Petrleo e de Gs Natural(Repetro) 15.10. Regime Aduaneiro Especialde
Importao de Petrleo Bruto e seus derivados (REPEX) 15.11. Regime
Tributrio para Incentivo Modernizao e Ampliao da Estrutura Porturia
(Reporto) 15.12. Loja Franca 15.13. Depsito Especial 15.14. Depsito
Afianado 15.15. Depsito Alfandegado Certificado 15.16. Depsito
Franco 15.17. Regimes Aduaneiros Aplicados emreas Especiais
15.17.1. Zona Franca de Manaus 15.17.1.1. Normas especficas
15.17.2. reas de livre-comrcio 15.17.3. Zonas de processamento de
exportao 15.18. Questes REFERNCIAS
16. POR QUE O COMRCIO INTERNACIONAL IMPORTANTE? 1.1. Por uma
teoria do comrcio internacional 1.1.1. O comrcio ultramarino 1.1.2.
Mercantilismo:o desenvolvimento do comrcio internacional 1.1.2.1.
Pressupostos do mercantilismo 1.1.3. O sistema de livre-comrcio
1.1.4. Aafirmao do capitalismo 1.1.5. AdamSmithe a teoria das
vantagens absolutas 1.1.6. David Ricardo e a teoria das vantagens
comparativas 1.1.7. O mundo globalizado 1.1.7.1. As faces da
globalizao 1.1.8. Livre-cambismo e protecionismo 1.1.9. Barreiras
tarifrias e no tarifrias 1.1.9.1. Barreiras tarifrias:conceito e
aplicao 1.1.9.1.1. Breve introduo tributao das importaes 1.1.9.1.2.
Carter protecionista das alquotas do imposto de importao 1.1.9.1.3.
Competncia do Poder Executivo para a alterao das alquotas do
imposto de importao 1.1.9.1.4. Alquotas mdias das importaes no
Brasil 1.1.9.1.5. Tipos de alquotas do imposto de importao 1.1.9.2.
Modalidades no tarifrias de interveno 1.1.9.2.1. Sistema de cotas
1.1.9.2.2. As cotas no acordo multifibras 1.1.9.2.3. Proibio nas
importaes 1.1.9.2.4. As barreiras sanitrias e fitossanitrias
1.1.9.2.5. As barreiras tcnicas ao comrcio 1.1.9.2.6. O
licenciamento das importaes 1.1.9.2.6.1. Sistemtica de
licenciamento no Brasil 1.1.9.2.6.1.1. Licenciamento automtico
1.1.9.2.6.1.2. Licenciamento no automtico 1.1.9.2.6.1.3. Produtos
sujeitos a controles especficos 1.1.9.2.7. Outras barreiras no
tarifrias 1.1.9.2.7.1. Medidas de natureza financeira 1.1.9.2.7.2.
Organismo estatalimportador 1.1.9.2.7.3. Servios e ndices nacionais
obrigatrios 1.1.9.2.7.4. Exigncia de bandeira nacional 1.1.9.2.7.5.
Restries voluntrias de exportao 1.1.9.2.7.6. Inspees prvias ao
embarque 1.1.9.2.7.7. Procedimentos aduaneiros especiais e a
iniciativa para a segurana de contineres 1.2. Questes Desde que os
povos passarama se organizar, nos primrdios da civilizao, parece
ter surgido a ideia natural de que o comrcio seria capaz de
produzir benefcios mtuos. Essa percepo decorre de uma questo
prtica: impossvelproduzir comeficincia todos os bens necessrios
para certa sociedade. Claro que o universo de necessidades tambmse
expandiu a partir do contato entre os povos. Isso porque bens
outrora desconhecidos passarama ser considerados indispensveis,
seja por sua evidente utilidade, seja, talvez, pelo simples prazer
que proporcionam. Nas aulas sempre utilizo o seguinte exemplo:
imaginem a primeira vez que um fara egpcio, que se considerava uma
divindade suprema e sem igual, deparou-se com um hipottico emissrio
do Oriente, vestido com trajes da mais pura seda. Qual no deve ter
sido sua reao ao constatar que um mero servial poderia ostentar
roupas to maravilhosas, que ele simplesmente no tinha? Imagino a
encrenca emque se meteu o alfaiate realquando foichamado a se
justificar. O ser humano , por definio, referencial, vale dizer,
baseamo-nos pelo o que os outros so, fazem ou possuem e, no mais
das vezes, o que mais queremos exatamente aquilo que no temos.
Desse breve raciocnio podemos, quem sabe, construir a noo de que o
comrcio internacional foi, em tempos remotos, impulsionado pelos
desejos
17. individuais de lderes poderosos, que simplesmente
queriamter tudo o que de melhor existisse. Paralelamente, os demais
membros das sociedades antigas, emespecial aqueles tambmdetentores
de certo poder e prestgio, buscavamacompanhar o soberano e as novas
tendncias de consumo. E, para atender a esse grupo de afortunados,
surgiu uma importante classe de intermedirios, os mercadores, que
buscavamno exterior produtos emvoga para suprir as exigncias desses
primeiros consumidores. O aperfeioamento do modelo, tanto emtermos
logsticos como econmicos, propiciousua rpida expanso, at o ponto
emque uma parcela significativa das pessoas realmente passoua
depender de produtos oriundos do exterior, criando o que poderamos
chamar de mercados incipientes. Claro que a viso apresentada
bastante simplista, at porque elaborada como intuito de introduzir
o primeiro fator de desenvolvimento do comrcio, nitidamente
influenciado por desejos individuais. Por bvio, outro componente,
no menos importante, foi essencial para essa deciso favorvel ao
desenvolvimento do comrcio internacional. Emalgum momento histrico,
quando uma gama variada de bens j estava disposio das pessoas,
algumdeve ter percebido que nemtodos so capazes de produzir aquilo
de que necessitam. Embora a teoria econmica modernamente fale
emeconomia de escala, ganhos como comrcio e eficincia na alocao de
recursos, uma explicao anterior, bem mais singela, precisa ser
lembrada: a simples vontade de empreender esforos no basta para a
tarefa de produzir bens. Em alguns cenrios, mesmo que o esforo
fosse descomunal, o resultado seria pfio oumesmo nulo. Um pas do
norte da Europa no produzir bananas, assim como no Japo a carne
bovina sempre ser uma iguaria. Ou seja, independentemente do
empenho na produo, fatores geogrficos ouclimticos so determinantes
para as escolhas das naes. Curiosamente, foia partir desse panorama
de diversidade que surgiu a necessidade de especializao como
alternativa para a obteno de vantagens no comrcio internacional.
Como ressalta Paul Krugman1, vencedor do Prmio Nobel de Economia e
grande terico do comrcio internacional: Os pases participamdo
comrcio internacionalpor duas razes bsicas, cada uma delas
contribuindo para seus ganhos do comrcio. Primeiro, os pases
comercializamporque so diferentes uns dos outros. Os pases,
assimcomo os indivduos, podemser beneficiados por suas diferenas,
atingindo umarranjo no qual cada umproduz as coisas que faz
relativamente bem. Segundo, os pases comercializampara obter
economias de escala na produo. Isto , se cada pas produzapenas uma
variedade limitada de bens, ele pode produzir cada umdesses bens
emuma escala maior e, portanto, mais eficientemente do que se
tentasse produzir tudo. 1.1. POR UMATEORIADO COMRCIO INTERNACIONAL
Podemos afirmar que a teoria do comrcio internacional umdos mais
antigos captulos da histria do pensamento poltico e econmico. Desde
tempos remotos, quando os primeiros assentamentos de seres humanos
organizados partiram para a grande aventura da civilizao, os
contatos comerciais entre diferentes povos foiobjeto de indagaes.
Os filsofos gregos, por exemplo, j conviviamcoma dicotomia gerada
pelo comrcio exterior:se, por umlado, eraminegveis os benefcios
emtermos de aquisio de novos produtos, costumes e riqueza, por
outro j parecia evidente a preocupao como mercado domstico, que
sofria como enfrentamento da concorrncia externa. Mais do que a
mera importao de bens, a questo tambmgerava reflexos na cultura e
no trabalho das pessoas, de tal forma que ideais protecionistas
nascerampraticamente juntos do prprio comrcio. Ao longo da histria,
vrios ciclos econmicos tiveram influncia direta nos fluxos do
comrcio internacional. De vises puramente livre-cambistas at a adoo
de prticas protecionistas questionveis, o cenrio das transaes
oscilouao sabor dos interesses dos pases, da existncia ouno de
regulamentao e, por fim, da viso terica desenvolvida por ilustres
personagens. Nosso objetivo, no restante deste captulo, ser o de
apresentar os principais modelos, suas caractersticas marcantes e o
impacto de tais polticas, que compema chamada teoria geral do
comrcio internacional. 1.1.1. O comrcio ultramarino O
desenvolvimento de navios mercantes, de porte avantajado e capazes
de cruzar os oceanos, propiciouuma rpida expanso do comrcio
internacionala partir do sculo XVI. Alm das transaes entre
diferentes portos da Europa, com especial destaque para os
holandeses, novas rotas transocenicas descobertas entre o Velho
Continente e o Leste permitirama importao de produtos emgrande
quantidade da sia, a preos relativamente baixos e de forma muito
mais eficiente do que a alternativa terrestre, caracterizada pelas
caravanas. Adescoberta dasAmricas possibilitouo comrcio de novas
mercadorias, tais como o tabaco e uma diversidade de espcies de
rvores, cuja madeira era bastante apreciada nas metrpoles.
Entretanto, foi com a explorao espanhola das ricas minas de ouro e
prata no Mxico e no Peru que o comrcio internacional da poca ganhou
consistncia. A Europa finalmente detinha a propriedade de
commodities amplamente aceitas em todo o Oriente, o que impulsionou
as transaes de longa distncia e permitiua aproximao econmica de
culturas to distintas. Com o desenvolvimento das negociaes, novas
formas de organizao comercial surgiram. Foram criadas companhias de
navegao, com a participao de acionistas comerciantes, que
financiavam, por conta prpria, as arriscadas empreitadas martimas.
Esse fracionamento permitiu a quebra das barreiras sociais entre as
diferentes classes de mercadores; o acesso ao comrcio
internacionalno era mais privilgio de poucos. 1.1.2. Mercantilismo:
o desenvolvimento do comrcio internacional A partir do momento em
que filsofos e pensadores polticos passaram a analisar a natureza
dos Estados modernos, o comrcio com outros pases tornou-se objeto
de estudos mais elaborados, voltados principalmente s questes de
ordemprtica e a seus possveis reflexos na economia. Da dizer-se que
o mercantilismo representou a contrapartida econmica do absolutismo
e que um de seus princpios basilares era a acumulao de riquezas,
principalmente ouro e prata. Asupremacia econmica deveria ser
alcanada a qualquer custo, e o bem-estar da nao s seria
possvelmediante o fortalecimento do poder estatal. No modelo
mercantilista a chama do nacionalismo ardia semhesitao.
18. Para as metrpoles europeias, que no possuam recursos
minerais em abundncia, restavam duas opes: a explorao de suas
colnias e o comrcio internacional. Qualquer que fosse a opo ou
mesmo no caso de ambas serem adotadas, quando isso era possvel
outro problema deveria ser levado em considerao:a necessidade de
saldo positivo nas transaes comerciais. Como resultado, a soluo
adotada era simples e pressupunha o encorajamento das exportaes e
severas restries s importaes, empregando-se a diferena
eventualmente positiva na aquisio de metais preciosos. As colnias
serviam como mercados consumidores de produtos acabados do imprio e
fornecedores de matrias-primas; o comrcio era privilgio exclusivo
da metrpole e qualquer forma de manufatura nos territrios coloniais
era proibida. Para completar a teoria, uma nao forte deveria
possuir uma grande populao, que fornecesse mo de obra e soldados,
assimcomo umvasto mercado consumidor. Como ingredientes finais,
recomendava-se boa dose de protecionismo aliada a ummnimo de
direitos humanos e sociais. Invocamos, a respeito, a opinio de
Maurice Dobb2:Emsuma, o Sistema Mercantilfoiumsistema de explorao
regulamentada pelo Estado e executada atravs do comrcio, que
desempenhou umpapel importantssimo na adolescncia da indstria
capitalista, sendo essencialmente a poltica econmica de uma era de
acumulao primitiva. Foiconsiderado to importante emsua prpria poca,
que emalgumas obras mercantilistas encontramos uma inclinao a
tratar o ganho auferido do comrcio exterior como sendo a nica forma
de excedente e, portanto, fonte nica de acumulao de renda e
capital.... Essa era a receita de desenvolvimento do perodo
mercantilista, momento histrico que sob a tica geopoltica pode ser
considerado como a primeira manifestao, emlarga escala, do fenmeno
que hoje se conhece por globalizao. Foinesse cenrio emfranca
expanso que o economista escocs AdamSmithpublicou, em1776, o
clssico A riqueza das naes, emque exps, entre muitos outros
assuntos, sua teoria sobre o comrcio internacional, baseada no
princpio da vantagemabsoluta, ou seja, cada pas devia se
especializar na produo de bens que pudessemser obtidos pelo menor
custo. Smithfoitambmumdos primeiros filsofos a estudar o fenmeno da
tributao, chegando a estabelecer, inclusive, seus pressupostos
fundamentais. Na verdade, esse livro uma obra de flego3, que expe a
ums tempo todo o panorama econmico europeu e a consequente
participao inglesa no processo. 1.1.2.1. Pressupostos do
mercantilismo Como vimos, o mercantilismo, como manifestao econmica
do nacionalismo, tinha como objetivo a construo de Estados
acumuladores de riqueza, especialmente ouro e prata4. AdamSmith
cunhou o termo sistema mercantil para descrever esse modelo de
enriquecimento, especialmente voltado para o comrcio exterior, no
qual o equilbrio favorveldas trocas permitiria a gerao de ganhos
estatais e a manuteno do nvelde emprego domstico. O interesse por
uma balana comercialpositiva decorria de prticas intervencionistas,
da aplicao de tributos sobre produtos estrangeiros competitivos e
da busca incessante pela importao de produtos in natura, coma
exportao de bens manufaturados. Por bvio que a prtica jamais
poderia dar certo se todos os pases a adotassemsimultaneamente, o
que gerouuma corrida semlimites por novas fontes de riqueza,
emrelevante medida, impulsionando o perodo das grandes navegaes. O
sistema mercantilista dominou as polticas dos grandes Estados da
Europa ocidental do sculo XVI ao sculo XVIII. Como modelo,
fundava-se na concentrao de poder regional, decorrente do
feudalismo, e atingiu seu apogeu como estabelecimento de colnias
ultramarinas, cujo principal objetivo era prover as grandes
metrpoles europeias comnovos produtos e especiarias, almde fornecer
os metais preciosos para a formao de uma base monetria para as
transaes. ALex Mercatoria nasceu como resultado das prticas
comerciais, que exigiamummnimo de princpios e convenes para que as
transaes pudessem lograr xito. Trata-se de umtecido jurdico
costurado a partir de costumes, aceitos e referendados
reciprocamente pelos atores do comrcio internacional, sem nenhuma
vinculao como ordenamento jurdico de qualquer pas. Adespeito de
manifestaes espordicas anteriores, a Lex Mercatoria ganha fora a
partir do desenvolvimento do comrcio na Europa, inicialmente nas
cidades italianas e depois se espalha por diversos pases. Segundo
Jos Carlos de Magalhes e Agostinho Tavolaro5, as regras que
compunham a Lex Mercatoria diferiam das normas locais, reais,
feudais ou eclesisticas ento vigentes e possuamcinco aspectos
fundamentais: eramregras transnacionais; tinhamcomo base uma
origemcomume fidelidade aos costumes mercantis; eramaplicadas no
por juzes profissionais, mas pelos prprios mercadores, por meio de
suas corporaes oudas cortes que se constituamnos grandes mercados
oufeiras; seuprocesso era rpido e informal; e enfatizavama
liberdade contratuale a deciso dos casos ex aequo et bono. Em certa
medida, o conjunto de regras conhecido como Lex Mercatoria
aproxima-se do atual conceito de arbitragem, mecanismo de soluo
mais importante e eficazdo comrcio internacional. Nas palavras de
Magalhes e Tavolaro6:Havendo litgio solucionado por arbitragem, a
efetividade da deciso no repousa na fora do Estado, mas na da
corporao em que se integram as partes desavindas. O vencido que no
acatar o laudo arbitral dela ser excludo, ante a falta de
credibilidade e de confiabilidade que passar a caracteriz-lo
perante seus pares. Ademais, as regras da Lex Mercatoria,
desenvolvidas no comrcio internacional, embora nem sempre previstas
nos direitos nacionais, no so necessariamente comestes
conflitantes, sendo comfrequncia compatveis comos princpios que
governamo direito obrigacional. Os tribunais podero dar-lhes
efetividade, seja fundamentado no princpio do pacta sunt servanda e
no da boa-f, seja na sua adequao aos princpios gerais do direito. O
perodo tambmfoiprdigo emgrandes conflitos militares, de modo que a
formao de reservas e de uma base econmica sustentvelera fundamental
para a manuteno de foras permanentes, capazes de fazer frente aos
ataques inimigos e garantir a constante e necessria expanso
territorial. Apoltica expansionista contava como apoio da nova
classe mercantil, formada por prsperos empreendedores privados e
que, mediante o pagamento de tributos e tarifas diversos,
subsidiava os esforos militares. Tudo isso para garantir a aplicao
de medidas protecionistas, que limitavam o volume de
19. importaes e impunhamseveras restries s exportaes de
ferramentas e utenslios, ante o receio de que as naes concorrentes
e, at mesmo, as colnias pudessemdesenvolver produtos manufaturados.
Para Portugale Espanha, por exemplo, que mantinhamvastos territrios
alm-mar, a consolidao do modelo mercantilista e o domnio dos
oceanos eram de fundamentalimportncia, especialmente diante do
temvelpoderio navalda Holanda, Frana e Inglaterra. Umdos melhores
exemplos da aproximao entre governo e particulares na garantia da
supremacia mercantilista foi a criao da Companhia Britnica das
ndias Orientais, formada em1600 por comerciantes londrinos sob os
auspcios da Rainha Elizabeth I e que, durante sculos, manteve o
monoplio de lucrativos produtos. No caso especfico do ch, explorado
pela Companhia, o enfrentamento comprodutores rebeldes
norte-americanos, que assaltaramtrs navios britnicos no porto de
Boston, em 1773, deu incio ao conflito entre os pases, que
redundou, pouco tempo depois, na Declarao de Independncia dos
Estados Unidos da Amrica. Muito embora no possamos afirmar que o
mercantilismo se manifestou de modo consistente e uniforme pela
Europa, algumas caractersticas bsicas podemser apontadas, conforme
quadro a seguir. 1.1.3. O sistema de livre-comrcio O modelo
mercantilista era obviamente imperfeito e fadado ao fracasso.
medida que se fortalecia a capacidade industrialna Europa, a partir
da segunda metade do sculo XVIII, a concepo de umcomrcio livre
comeava a ganhar fora. Apartir de teorias que levavamemconsiderao
as vantagens obtidas pelos pases, como consequncia da soma das
vantagens individuais de seus agentes econmicos, a interveno
governamentalnos mercados s fazia sentido quando pudesse garantir a
liberdade das trocas. AdamSmith, ao se debruar sobre a questo, foio
primeiro a expressar esse sentimento, no j citado A riqueza das
naes. O sistema de livre-comrcio prevaleceu durante todo o sculo
XIX, fortemente impulsionado pela Revoluo Industrial, que surgiu na
Inglaterra e provocouenormes transformaes na agricultura, na produo
e no transporte de bens e mercadorias. O declnio do mercantilismo
fezsurgir a figura do industrial, emsubstituio ao antigo mercador,
que passoua explorar a mo de obra humana na operao das novas
mquinas e equipamentos, o que ensejouo surgimento do capitalismo.
1.1.4. Aafirmao do capitalismo No existe uma conceituao correta e
especfica para o capitalismo, tamanhas so as variantes e implicaes
econmicas do conceito. De modo simples, podemos definir capitalismo
como umsistema econmico no qual os meios de produo so
majoritariamente privados, visando obteno de lucro numa economia de
mercado. Emtermos gerais, o capitalismo surge a partir do fracasso
do feudalismo e do interesse das pessoas empossuir bens e
participar ativamente do comrcio, por meio de empresas oucorporaes.
Muito embora seja possvel oferecer um conceito bsico para o
capitalismo, sua total compreenso algo bem mais complexo, a comear
pela prpria origeme o fundamento do sistema. O ponto de partida
comumparece ser a chamada escola liberal, que, no fimdo sculo
XVIII, comas ideias traadas porAdamSmithe alguma influncia dos
fisiocratas franceses (Quesnay, Turgot e DuPont), pode ser
considerada a origemdo capitalismo. No incio do sculo XX, o modelo
foi aperfeioado, entre outros fatores, pela introduo do conceito de
marginalismo7 e passou a ser denominado neoclassicismo. O
liberalismo clssico, que deuorigemao capitalismo, toma por
referncia quatro pilares centrais: o interesse pessoal como motor
da sociedade, que conduzos indivduos a servir tambmaos interesses
da comunidade, como se guiado por uma mo invisvel, na clebre
definio de AdamSmith; a concorrncia entre as empresas como regra
naturaldo sistema de oferta e procura dos mercados livres; a
ausncia de regulamentao pelo Estado, salvo nas hipteses de ofensa
leiourelevante interesse nacional; a especializao das tarefas, coma
respectiva diviso do trabalho, de modo a aumentar a eficcia do
sistema livre-cambista. Na esteira do capitalismo e da acumulao de
dinheiro em espcie, o sistema financeiro se desenvolve
profundamente e pe em marcha complexas relaes de mercado,
caracterizadas por investimentos, assuno de riscos e dvidas,
bemassimespeculaes de toda ordem. Por bvio que a concentrao de
capital decorrente do mercado financeiro fez com que o capitalismo
inicial, baseado na ideologia do laissez-faire, se transformasse,
prximo do fimdo sculo XIX, emumcampo frtilpara a formao de cartis e
monoplios. Apesar da percepo generalizada de que o capitalismo
efetivamente ajudou a promover o crescimento econmico, avaliado
pelo aumento do Produto Interno Bruto (PIB) dos pases e da
qualidade de vida das pessoas, entre outros fatores, algumas
crticas importantes podemser destacadas.
20. Se nos parece inequvoco que as pessoas passarama trabalhar
menos horas por semana, a consumir maiores quantidades de itens de
conforto e a obter oportunidades individuais historicamente
tolhidas pelos sistemas feudal e mercantilista, pode-se tambm, ao
revs, dizer que o capitalismo aumentou a disparidade socialentre os
indivduos, ouseja, o modelo se mostrouincapazde distribuir de forma
justa a riqueza gerada. Isso exige dos Estados modernos maiores
preocupaes intervencionistas, especialmente voltadas para a
garantia de direitos sociais mnimos, constitucionalmente fixados,
acompanhados de polticas de insero e capacitao dos indivduos,
notadamente os de baixa renda. Como nunca houve e provavelmente
jamais haver uma economia realmente livre, os diversos governos dos
pases ocidentais, ao longo das ltimas dcadas, tmadotado mecanismos
especficos de controle ouregulamentao dos mercados. As medidas mais
frequentes passampelo controle de preos ou pela utilizao de
tributos para estimular ou reduzir o consumo, comespecialdestaque
para aquelas relacionadas ao comrcio exterior. Emrazo do jogo de
foras atualmente emvigor na maior parte dos pases, vrios autores
consideramo modelo atualcomo de economia mista, no qual se
objetiva, nemsempre comsucesso, certo equilbrio entre as relaes de
mercado e a necessria proteo aos interesses domsticos. 1.1.5. Adam
Smith e a teoria das vantagens absolutas Adam Smith nasceu numa
pequena vila da Esccia em 1723. Considerado o fundador da economia
moderna, Smith foi o primeiro a refutar o modelo mercantilista comA
riqueza das naes, de 1776. Para Smith, o comrcio livre traria
benefcios para todos os envolvidos, almde propiciar a necessria
especializao para que se alcanassemeconomia de escala, eficincia e
crescimento. O pensamento de Smithinaugurouos conceitos de mercado
livre e laissez-faire, bemcomo influenciou a economia britnica na
prtica de talmodo, que a Inglaterra, na segunda metade do sculo
XIX, j havia banido todos os resqucios da era mercantilista, o que
emmuito colaboroupara o seu posicionamento como potncia econmica e
financeira da poca. Smith era, por formao, umfilsofo, comenorme
vocao para detalhes e observaes minuciosas. Foi a arguta percepo da
realidade que o levou a formular suas mais importantes concluses.
famosa a histria sobre como Smith percebeu a importncia da diviso e
da especializao do trabalho, temas centrais do seupensamento. Certa
vez, ao visitar uma pequena fbrica de alfinetes, com no mais do que
dez funcionrios, ele anotou: Um homem puxa o fio, outro o acerta,
um terceiro o corta, um quarto faz-lhe a ponta, um quinto prepara a
extremidade para receber a cabea, cujo preparo exige duas ou trs
operaes diferentes. Coloc-la uma ocupao peculiar; prate-la outro
trabalho. Arrumar os alfinetes no papelchega a ser uma tarefa
especial(...). Feito o relato, Smith intuiu que os trabalhadores,
assimdivididos, eramcapazes de produzir 48 mil alfinetes numdia,
contra 20 mil ou at menos se trabalhassemisoladamente emtodo
processo. Ao extrapolar o raciocnio e lev-lo para o comrcio
internacional, Adam Smith formulou a Teoria das Vantagens Absolutas
, segundo a qual a vantagemabsoluta de umpas na produo de
umbemdecorre da maior produtividade, assimentendida a utilizao de
menos fatores de produo. No seu modelo simplificado, o nico fator
de produo considerado era o trabalho, e os rendimentos de escala
eramconstantes. Na viso de Smith, cada pas deveria se concentrar na
produo de bens que lhe oferecessemvantagemabsoluta, de forma que o
excedente ao consumo interno seria exportado, e a receita
correspondente empregada na importao de bens do outro pas8. O fator
determinante para as escolhas seria o custo de produo, ouseja, a
capacidade de produzir coma menor alocao de insumos. O pensamento
de Smith, como o de praticamente todos os filsofos, foi fruto da
poca em que viveu. Ao observar uma Inglaterra vigorosa, industrial
e renovada, foi-lhe fcildefender ummercado livre e seminterveno
estatal. AdamSmith fez uma apologia contundente do mercado livre,
baseado na premissa de que os gastos estatais so irresponsveis e
contraproducentes, de modo que a nica soluo para as vergonhosas
relaes econmicas e comerciais observadas no perodo seria a adoo de
uma poltica de laissez-faire. Apesar disso, reconheceu, com
prodigiosa clarividncia, a inevitvel reduo da participao humana nos
modelos de produo em massa e a incondicionalnecessidade de
investimento na educao pblica, como nica forma de retirar o povo de
sua miservelcondio. Seu radicalismo liberal era, pois, centrado nas
intervenes de mercado: Smith abominava restries s importaes,
subsdios para exportaes ou regulamentaes de carter protecionista. O
grande legado de seupensamento foilevantar a bandeira de que os
mercados deviamser livres para fixar seus nveis naturais de preos,
salrios, lucros e produo. Todas as interferncias no mercado s
prejudicariama verdadeira riqueza da nao, como destaca Heilbroner9.
claro que, nos dias de hoje, se analisarmos o pensamento de
AdamSmith sob a perspectiva histrica, vrios problemas podemser
apontados. O mais frequente dizrespeito ao carter quase utpico dos
mercados livres, que, emtese, contribuiriampara o agravamento das
desigualdades do sistema econmico internacional. Um dos pensadores
mais influentes da atualidade, Joseph E. Stiglitz10, que sempre
destacou o mrito do pioneirismo de Smith, afirma: Os polticos e
economistas que prometem que a liberalizao do comrcio ir melhorar a
vida de todos no esto sendo sinceros. A teoria econmica (e a
experincia histrica) indica o contrrio: mesmo que a liberalizao
possa melhorar a situao do pas como umtodo, ela faz comque alguns
grupos fiquem em situao pior. E sugere que, pelo menos nos pases
industriais avanados, so aqueles que esto na base da pirmide os
trabalhadores no especializados que
21. sofrero mais. O mundo de Adam Smith e dos defensores do
livre-comrcio, o qual no melhorar a vida de todos, no apenas um
mundo mtico de mercados funcionando perfeitamente semdesemprego:
tambmummundo emque o risco no importa porque h mercados de seguros
perfeitos que podem assumi-lo e onde a competio sempre perfeita,
semMicrosofts e Intels que dominemo campo11. O cenrio atual, no
qual grandes crises internacionais, como a deflagrada em2008,
foramconsequncia direta da desregulamentao dos mercados, realmente
nos fazrefletir sobre a posio francamente liberale no
intervencionista de AdamSmith. Ainda assim, sua estatura como
fundador da moderna concepo econmica e como irrestrito defensor da
importncia do comrcio internacional para o desenvolvimento das naes
mrito inquestionvel, que jamais ser esquecido. 1.1.6. David Ricardo
e a teoria das vantagens comparativas Quase meio sculo depois de A
riqueza das naes, o economista ingls David Ricardo alterou a teoria
de Smith, propondo a utilizao do princpio da vantagemcomparativa,
que incentivava o comrcio entre dois pases toda vez que um deles
possusse um produto cujo preo fosse melhor no exterior do que
emseumercado interno. David Ricardo escreveu numa poca em que os
interesses comerciais j haviam adquirido certo grau de organizao e
a interveno poltica , bem como, por decorrncia, a jurdica emfavor
deles alcanara o Parlamento. Apercepo da fora dos grandes
latifundirios e negociantes internacionais exerceu profunda
influncia no pensamento de Ricardo, que se mostra bem mais
pessimista queAdamSmith. David Ricardo talveztenha sido o primeiro
a perceber que o mundo das relaes econmicas no era harmnico, mas,
sim, palco de uma declarada guerra de interesses, cujos vencedores,
emsua opinio, j estavamescolhidos. Combase nessa constatao, ele
deixou ao mundo uma brilhante e evidente contribuio, nas palavras
de Heilbroner12: Despira-o de seus aspectos no essenciais,
deixando-o exposto ao exame de todos. Na sua prpria irrealidade
estava a sua fora, pois a estrutura nua de ummundo grandemente
simplificado no somente revelava as leis da renda como elucidava
tambmas questes vitais do comrcio externo, do dinheiro, impostos e
poltica econmica. Construindo um mundo modelo, Ricardo deu economia
a poderosa ferramenta da abstrao ferramenta essencial para
superarmos a confuso da vida diria e compreender o seumecanismo
subjacente. Ricardo se interessou por economia aos 27 anos,
justamente aps conhecer a obra de Adam Smith. At o fim da vida
dedicou-se a escrever ensaios econmicos, e sua contribuio mais
conhecida a elaborao da Teoria das Vantagens Comparativas, at hoje
apontada por muitos como a base para a teoria do livre-comrcio,
cuja essncia foidivulgada na obra Princpios da economia poltica e
tributao, de 1817. Ele defendia que a eficincia no depende da
capacidade absoluta de produo de certo bem, mas, sim, da capacidade
de produo desse bemem relao a outro. Frieden13 destaca a importncia
da teoria para o comrcio internacional:O princpio da
vantagemcomparativa temclaras implicaes no livre-comrcio. Uma vez
que um pas sempre se beneficia ao seguir as suas vantagens
comparativas, e as barreiras comerciais impedem que ele seja capaz
de faz-lo, a proteo comercial nunca benfica economia como umtodo.
Polticas governamentais que evitama importao simplesmente foramos
pases a produzir mercadorias fora de suas vantagens comparativas.
Proteo comercialaumenta o preo das importaes e diminuia eficincia
da produo domstica. No intuito de compreendermos melhor a
importncia da teoria desenvolvida por Ricardo e suas implicaes no
comrcio internacional, vejamos dois exemplos hipotticos. Exemplo 1
Digamos que os trabalhadores do pas A podem produzir uma pizza em 6
horas e um litro de azeite de oliva em 3 horas. Em contrapartida,
os trabalhadores do pas B conseguemproduzir uma pizza em1 hora e
umlitro de azeite em2 horas, o que significa que so mais
produtivos. primeira vista, parece-nos que o pas B, por ser mais
eficiente nos dois produtos, no teria vantagemalguma ao negociar
como pas A. No verdade. Se o preo da pizza for o mesmo do litro de
azeite, os dois pases ganharo como comrcio e a especializao.
Aproduo de uma pizza exige metade das horas de trabalho no pas B,
que ir se especializar nesse produto. Ao contrrio, o pasAse
especializar no azeite de oliva, pois a produo de pizza, no
seuterritrio, exige o dobro de horas daquele produto. Nesse cenrio,
ambos tero vantagens, pois B produz apenas 1/2 litro de azeite em 1
hora, a qual poderia ser utilizada para produzir pizza, que seria
trocada por umlitro de azeite comA. Do mesmo modo, o pas Apode
utilizar 1 hora de trabalho para produzir 1/6 de pizza, mas mais
vantajoso empregar essa hora para produzir 1/3 de azeite, que poder
ser trocado por 1/3 de pizza. Isso significa que os recursos
foramutilizados pelos pases Ae Bde forma duas vezes mais eficiente,
apenas porque decidiramcomercializaremvezde produzir. Exemplo 214
Imagine que Ado e Eva so as duas ltimas pessoas do mundo e as nicas
coisas de que necessitamso mas e peixes. Se Ado passar o ms todo
colhendo mas, ele conseguir cemunidades, mas nenhumpeixe. Ao
contrrio, se gastar seu tempo de trabalho pescando, no fimdo ms ter
200 peixes. Se dividir o tempo igualmente para as duas tarefas,
cada ms lhe proporcionar 50 mas e 100 peixes. Por seu turno, se Eva
se concentrar nas mas, obter, durante o ms, 50 frutas. Caso decida
passar o tempo todo dedicando-se pesca, conseguir 50 peixes. Se
dividir seus esforos, ter 25 unidades de cada item. Nesse passo,
podemos elaborar umquadro simples comas quantidades mximas de mas e
peixes que cada umconsegue produzir durante umms, de acordo coma
escolha adotada. Tabela 1.1. Possibilidades de produo ADO EVA Mas
100 50 Peixes 200 50 Se eles no interagissem o que seria pssimo
para o nosso exemplo , a quantidade mxima que cada umpoderia
consumir seria exatamente aquilo que conseguissem produzir.
Contudo, se eles decidirem negociar entre si, o nosso amigo David
Ricardo poderia nos demonstrar que a teoria das vantagens
comparativas permitir que eles possamconsumir mais produtos do que
conseguiriamproduzir. Vamos supor que, por razes lgicas, Ado e Eva
dividamigualmente o tempo de trabalho de cada umpara obter os dois
itens de que precisam, assim, o
22. totalque conseguiriamproduzir e consumir est na tabela a
seguir: Tabela 1.2. Bens produzidos e consumidos sem especializao e
comrcio ADO EVA Mas 50 25 Peixes 100 25 Digamos, agora, que Ado
encontre Eva e, ao verificar suas habilidades, faa a seguinte
proposta:Dou-lhe 37 peixes emtroca de 25 mas. Suponhamos que ambos
desejammanter, aps o negcio, o consumo de mas original. Nossa
prxima tabela mostra as quantidades de mas e peixes que Ado e Eva
produziro ante a expectativa de fechamento do negcio (perceba que
Ado investiu 1/4 do tempo na produo de mas e 3/4 na obteno de
peixes, enquanto Eva concentrou-se exclusivamente nas mas). Tabela
1.3. Quantidades produzidas com especializao e comrcio ADO EVA Mas
25 50 Peixes 150 0 Concludo o acordo, a prxima tabela demonstrar
que as quantidades consumidas pelos dois sero superiores do que no
cenrio anterior, sema troca comercial. Ambos tmo mesmo nmero de mas
que possuamantes do negcio, mas Ado temagora 13 peixes a mais e Eva
12 peixes a mais do que antes. Tabela 1.4. Quantidades consumidas
com especializao e comrcio ADO EVA Mas 50 25 Peixes 113 37
Interessante notar que o mercado do exemplo (a produo total de Ado
e Eva) tem agora 25 peixes a mais do que antes, como resultado
direto da especializao, algo que Adam Smith no havia imaginado, mas
que David Ricardo magistralmente intuiu (alis, fundamental destacar
que Ricardo, ao contrrio de outros economistas famosos, no
utilizava modelos matemticos complexos, o que s valoriza suas
concluses). Amgica por trs do raciocnio de Ricardo decorre do fato
de que, para cada peixe que Eva consegue, h o sacrifcio de uma ma.
Como o custo de produo deAdo para os peixes menor, ouseja, meia ma
por peixe, Eva deve se especializar nas mas. Enquanto paraAdo o
custo da ma de dois peixes, para Eva a proporo de umpara um.
Portanto, Ado deve se especializar nos peixes. Sob o ponto de vista
individual, Ado sabe que cada peixe lhe custa meia ma; desse modo,
ser umbomnegcio vender cada peixe por umpreo superior ao de meia
ma. No nosso exemplo, o negcio foifechado por aproximadamente 2/3
de ma por peixe. Eva sabe que cada ma lhe custa o equivalente a
umpeixe e, portanto, teminteresse emvender suas mas por umpreo
tambmsuperior (no exemplo, ela vendeua fruta na proporo de 1,5
peixe, o que tambmfoiumbomnegcio). O importante para a teoria de
Ricardo que pelo menos umdos preos seja mutuamente vantajoso para
as partes. Por bvio que o modelo tambmse aplica a mercados mais
realistas, nos quais milhes de pessoas e produtos interagemembusca
de vantagens comparativas. O modelo proposto por David Ricardo
considera o trabalho como nico fator de produo, de modo que a
especializao do comrcio ter como referncia, para os pases
envolvidos, as exportaes de bens que foramproduzidos a partir da
alocao eficiente do trabalho interno, e as importaes sero relativas
a bens cujo trabalho interno no poderia ser eficientemente alocado.
Dasurgemos benefcios recprocos do comrcio, o ponto fundamentalda
teoria das vantagens comparativas. Krugman descreve a situao e
conclui15: H duas maneiras de demonstrar que o comrcio beneficia
umpas. Primeiro, podemos imaginar o comrcio como um mtodo indireto
de produo. Em vez de produzir um bem para o consumo interno, o pas
pode produzir outro bem e comercializ-lo pelo bem desejado. Esse
modelo simples mostra que, sempre que um bem importado, deve ser
verdade que essa produo indireta requer menos trabalho que a produo
direta. Segundo, podemos mostrar que o comrcio aumenta as
possibilidades de consumo de umpas, levando-o a ganhos de comrcio.
As obras de Adam Smith e David Ricardo estabeleceram as fundaes da
chamada economia clssica, cuja aplicao no comrcio internacional
repercute at os dias de hoje, como ponto inicial de referncia para
sua compreenso, almde oferecer importante anlise sobre os reflexos
nos sistemas de tributao ao longo dos tempos. MODELOHECKSHER-OHLIN
Conceito Apartir da Teoria das Vantagens Comparativas de David
Ricardo, os economistas suecos Eli Hecksher e Bertil Ohlin
(ganhador de Prmio Nobel de Economia em 1977) desenvolveram um
modelo que analisa as propores entre diferentes fatores de produo
nos pases (tambm conhecido como teoria das propores dos fatores)
Premissas Concluses Mercado com dois pases, no qual cada um
produzapenas dois bens Na Teoria das Vantagens Comparativas, a
determinao do comrcio internacional adviria das diferenas na
produtividade entre os pases, enquanto no modelo de Hecksher-Ohlin
o fundamental seria a intensidade dos fatores de produo Cada bem
utiliza somente dois fatores de produo (capital e trabalho, por
exemplo) Os pases com abundncia em capital exportaro bens de
capital intensivo, e os pases com abundncia de trabalho exportaro
produtos de trabalho intensivo Atuao num mercado de concorrncia
perfeita, sem interferncia de outros fatores Os pases tendem a
produzir (e, em consequncia, exportar) relativamente mais bens que
utilizam de modo intensivo seus recursos abundantes 1.1.7. O mundo
globalizado Muito se temescrito sobre a globalizao e suas implicaes
no cenrio econmico mundial. O fenmeno no , ao contrrio do que
usualmente se pensa, novo ou original. Suas razes se assentam no
capitalismo e na acumulao de riquezas surgidos coma circulao de
mercadorias emescala global.
23. Aps a fase puramente mercantilista e como advento da
Revoluo Industrialno sculo XIX, o capitalindustrialaliou-se aos
recursos provenientes do setor bancrio, vido por novos
investimentos, o que ensejou a criao do chamado mercado financeiro
internacional, viabilizado pelo avano dos transportes e das
comunicaes. Uma nova mentalidade empreendedora surgiu, alterando as
relaes entre capital, produo e distribuio. A maximizao do lucro era
o objetivo, e a corrida para a dominao dos mercados havia comeado.
Importante notar que essa tendncia expansionista do capital foi
detectada, originalmente, por Karl Marx, que em 1848 j a advertia
no Manifesto comunista16: Agrande indstria criou o mercado mundial,
preparado pela descoberta daAmrica. O mercado mundialpromoveu
umdesenvolvimento incomensurvel do comrcio, da navegao e das
comunicaes. Esse desenvolvimento, por sua vez, voltoua impulsionar
a expanso da indstria. Ena mesma medida emque a indstria, comrcio,
navegao e estradas de ferro se expandiam, desenvolvia-se a
burguesia, os capitais se multiplicavam e, com isso, todas as
classes oriundas da Idade Mdia passavam a um segundo plano (...). A
burguesia no pode existir sem revolucionar constantemente os
instrumentos de produo, portanto as relaes de produo, e por
conseguinte todas as relaes sociais (...).Anecessidade de mercados
sempre crescentes para seus produtos impele a burguesia a
conquistar todo o globo terrestre. Ela precisa estabelecer-se,
explorar e criar vnculos emtodos os lugares. Pela explorao do
mercado mundial, a burguesia imprimiu um carter cosmopolita produo
e ao consumo em todos os pases (...). As indstrias tradicionais
foram, e ainda so, a cada dia, destrudas. So substitudas por novas
indstrias, cuja introduo se tornou essencial para todas as naes
civilizadas. Essas indstrias no utilizam mais matrias-primas
locais, mas matrias-primas provenientes das regies mais distantes,
e seus produtos no se destinam apenas ao mercado nacional, mas
tambma todos os cantos da terra. Marx apontou o problema com
maestria, mas no viveu o suficiente para v-lo em sua forma acabada.
O capital, at atingir sua concepo hodierna, passou, na verdade, por
trs fases distintas:da vocao meramente industrialpara o ingresso do
capitalfinanceiro e, finalmente, para a criao dos chamados fundos
de investimentos internacionais. Da porque considerarmos que a
globalizao, em sua configurao atual, difere substancialmente
daquela principiada com a internacionalizao do comrcio: o que temos
hoje , acima de tudo, a globalizao do capital, e no uma globalizao
de trocas como no passado. Para ilustrar a diferena, que ser mais
bemdiscutida no prximo tpico, vale invocar, mais uma vez, o
pensamento de Marx, cristalizado na famosa mxima:O capitalcria
ummundo sua imagem. 1.1.7.1. As faces da globalizao Vimos que o
capital, almde ter revolucionado o comrcio internacional, possui
tambmo poder de mudar as relaes globais. Alis, o vnculo entre o
capitale o poder poltico praticamente indissocivel. E foi
justamente pela influncia poltica neoliberal dos pases
economicamente mais fortes que se pautou o processo de globalizao
em vigor. A nova globalizao surge, numcenrio
internacionalconturbado, como deciso poltica do capital. Como
destaca Jeremy Rifkin17: Aprimeira-ministra Margareth Thatcher, na
Gr-Bretanha, e o Presidente Ronald Reagan, nos EUA, comandaramuma
rebelio poltica contra os grandes governos, pregando os valores da
desregulamentao da indstria e da privatizao dos servios pblicos. A
ideia era dispersar o mximo possvelde atividades do governo pela
arena comerciale pelo setor semfins lucrativos, quais, presumia-se,
o mercado e a sociedade civil proporcionariammeios mais eficazes
para a proviso de valor. O quanto mais melhor perdeuo atrativo, e a
descentralizao entrouemvoga. No incio da dcada de 1980, diversas
mudanas de ordem econmico-institucional foram introduzidas pelos
governos Reagan, Thatcher e Kohl. O modelo adotado previa, entre
outras coisas, a liberalizao dos fluxos de comrcio exterior. Aliada
a umgrande desenvolvimento tecnolgico, especialmente das
telecomunicaes, a orientao neoliberalganhoufora e passoua ser a
nica sada para a crise do capital. A cartilha tambm ditava a
necessidade de restrio da participao estatal e a privatizao do
patrimnio pblico, juntamente do estreitamento do espao destinado
sociedade civil. Tudo emprolde uma massa mais homognea de
consumidores globais. Os pases latino-americanos, mais deriva do
que a reboque, acataramprontamente a determinao. Seguindo o mesmo
raciocnio, os mercados deveriamse ajustar racionalmente, sema
necessidade de mecanismos regulatrios eficientes que permitissem
uma soluo justa dos conflitos comerciais internacionais. Dois
momentos histricos emblemticos podemser destacados como o estopimdo
atualmodelo de globalizao: a fragmentao da Unio Sovitica e a
derrocada do regime socialista nos pases do leste europeu; a queda
do Muro de Berlim, smbolo mximo da diviso poltica, econmica e
ideolgica entre o capitalismo e o socialismo. Quando
MikhailGorbachev, ento lder da Unio Sovitica, deuincio ao processo
de abertura econmica e poltica do pas, nos anos 1980, por meio de
mecanismos que ficaram conhecidos como glasnost (transparncia, no
sentido de conferir maior liberdade de expresso s pessoas, aps
dcadas de represso e censura) e perestroika (reconstruo do modelo
econmico, com maior participao da iniciativa privada), certamente
no imaginava que seu eventualfracasso levaria ao colapso da Unio
Sovitica e ao desfazimento da Repblica, rapidamente dividida
emdiversos novos pases, que surgirama partir dos anos 1990 do sculo
passado. Aanlise de Frieden precisa18:Em1991, enquanto Gorbachev
lutava para administrar o que agora seria uma transio clara para o
estilo ocidentalde economia e democracia, a URSS entrou emcolapso.
O regime comunista, a poltica autoritria, a planificao econmica e a
Guerra Fria haviamchegado ao fim, muito mais rpida e pacificamente
do que qualquer um poderia ter previsto. Em meio desordem
socioeconmica, ainda faltava desmontar os sistemas poltico e
econmico e construir uma nova ordem capitalista. Entretanto, a
transformao do mundo comunista estava completa, da mesma forma como
ocorrera anteriormente no mundo capitalista avanado e nos pases
emdesenvolvimento. Em meio crise sovitica, as principais foras do
Ocidente perceberam a oportunidade de instalar um novo regime, em
bases globais, baseado na liberalizao do comrcio e do mercado de
capitais, proposta que ficouconhecida como Consenso de
Washington19. Avitria ocidentalensejoua adoo de uma nova
perspectiva para o planeta. Nas palavras de Frieden20, O novo ponto
de vista, cujo nome variava livre mercado, neoliberalismo ou
ortodoxia , adotava a austeridade anti-
24. inflacionria, cortes de impostos e gastos, privatizao e
desregulamentao. O Consenso de Washington, como foi rotulado pelo
economista John Williamson, logo se tornou o princpio para a
organizao da maioria das discusses sobre poltica econmica. O
Consenso de Washington repercutia com fora crescente no mundo em
desenvolvimento, durante a luta dos pases contra as crises da dvida
e de crescimento dos anos 1980 e tambm no mundo comunista, que se
afastava do planejamento central dos anos 1990. No fim do sculo,
havia mais concordncia em torno da doutrina econmica do que em
qualquer outra poca desde 1914. Contudo, o arqutipo proposto pelo
Consenso de Washington, segundo Stiglitz21, apresentava vrios
problemas: Ele enfatizava a diminuio de escala do governo, a
desregulamentao, liberalizao e privatizao rpidas. Nos primeiro anos
do milnio, a confiana no Consenso de Washington j estava desgastada
e surgia um consenso ps-Consenso de Washington. O Consenso, por
exemplo, havia dado pouqussima ateno s questes de equidade, emprego
e competio, ao gradualismo e sequenciamento das reformas, ouao modo
como deveriamser conduzidas as privatizaes. Existe agora tambmum
consenso de que ele punha umfoco excessivo emumsimples aumento do
PIB, no emoutras coisas que afetamos padres de vida, e dava pouca
ateno sustentabilidade se o crescimento pode ser sustentado
econmica, social, poltica e ambientalmente. Com base na diretriz
ento dominante, o mundo todo, a partir do incio da dcada de 1990,
passou a vivenciar o fenmeno da globalizao, exponencialmente
alavancado pela internet, o mais famoso exemplo de evoluo das
telecomunicaes. A correlao entre a velocidade das comunicaes e o
desenvolvimento do comrcio internacional destacada por Frieden22: A
computao e as telecomunicaes modernas favoreceram a integrao
econmica internacional, pois reduziram os custos das transaes
comerciais e dos investimentos e tambmos custos de monitorao dos
interesses estrangeiros. Almdisso, alguns dos elementos mais
importantes do setor de alta tecnologia eramintangveis softwares e
programao, por exemplo , e seria tecnicamente difcilimpedir
transaes internacionais que os envolvessem. Finalmente, a indstria
de alta tecnologia veio a requerer um grande volume de pesquisa e
desenvolvimento, entre outras demandas relacionadas, indicando que
a rentabilidade passaria a depender de produo oudistribuio emlarga
escala, o que tipicamente s era alcanado por meio dos mercados
globais. Devido facilidade propiciada pela tecnologia, que tornou
praticamente instantneas muitas transaes internacionais, a circulao
livre do capital consolidouo modelo neoliberale desregulamentado
dessa primeira fase de integrao emescala global. Quando se
instalou, a globalizao foi recebida com euforia pelos mercados,
especialmente nos pases em desenvolvimento, que passaram a abrir
suas economias ao investimento estrangeiro e a receber fluxos de
capitais que aumentavama cada ano. Havia a percepo de que todos
ganhariamcoma globalizao, pois o acesso a mercados e o livre fluxo
de bens e servios trariambenefcios tanto para os pases ricos, que
teriambilhes de novos consumidores potenciais, como para os pases
emdesenvolvimento, que receberiaminvestimentos e poderiam, no mdio
prazo, absorver novas tecnologias. O problema que a globalizao,
altamente centrada na liberdade do capital e, portanto, geradora de
grande interdependncia entre os pases , emcerta medida enfraqueceuo
conceito de Estado-nao, que durante muitas dcadas foio centro de
deciso e poder poltico. Ao ingressar numa economia globalizada, os
pases, at ento concentrados emquestes domsticas ou regionais,
passama enfrentar problemas emlarga escala (comrcio internacional,
crises econmicas e degradao ambiental, para citarmos apenas os mais
relevantes), cujas solues dependem, igualmente, de respostas
fornecidas por organismos internacionais fortes e eficientes,
situao muito distante da realidade atual. Por mais que se possa
afirmar que a criao da Organizao Mundial do Comrcio (OMC), a partir
de 1995, tenha sido um importante passo na direo certa, muitos
ainda so os desafios que precisamser enfrentados. A liberdade do
fluxo de capitais nos levou, paradoxalmente, a uma grande
concentrao de poder. Quando eu era estudante do nvel mdio, minha
professora de geografia, ao comentar sobre os efeitos de uma
possvelabertura dos mercados, insistia na teoria de ganhos
recprocos para todos os pases. Semas barreiras que proibiama
importao de quase tudo no Brasildos anos 1980 (trazer umsimples
computador do exterior poderia ser tratado como crime, graas
estapafrdia lei de reserva de mercado para informtica), dizia ela,
seria possvel que pequenos produtores nacionais comeassem a fazer
negcios comoutros emsituao semelhante espalhados pelo mundo. Com a
expanso do fenmeno em escala global, pequenos empreendedores, em
todos os continentes, teriam acesso a novas e incrveis
oportunidades, coma consequente expanso dos mercados e do
desenvolvimento econmico. Quando a internet se tornou realidade,
permitindo a comunicao entre pessoas de todo o planeta a custos
prximos de zero, tudo indicava que as previses otimistas da minha
professora (e de tantos outros tericos) realmente se confirmariam.
Infelizmente, passadas mais de duas dcadas do incio da globalizao,
o cenrio que consigo vislumbrar bem mais complicado. Em vez de
facilitar o acesso a mercados para as pequenas empresas, o efeito
mais perceptvel da globalizao, em termos de comrcio internacional,
parece ter sido reduzir as oportunidades, coma concentrao de poder
na mo de poucas empresas, chamadas de transnacionais. Se o amigo
leitor quiser confirmar isso, basta abrir os jornais, numdia
qualquer, na seo de economia, e provavelmente encontrar alguma
notcia ou especulao acerca de novas fuses e incorporaes entre
grandes empresas, as modalidades mais frequentes de concentrao do
capital. Com efeito, costumo perguntar aos alunos, em classe, que
me indiquem algum setor estratgico de produtos ou servios que no
esteja limitado a meia dzia de grandes empresas. Indago-lhes isso
porque, segundo a minha percepo, existem verdadeiros cartis,
formado por empresas transnacionais, em praticamente todas as
atividades comrelevncia econmica. Do setor petrolfero aos
laboratrios farmacuticos, dos fabricantes de processadores para
computadores aos prprios softwares que os utilizam, dos
fornecedores militares s empresas de telecomunicaes, passando, por
exemplo, pelos fabricantes de avies, pela gua mineral que bebemos e
assimsucessivamente, parece-me muito rdua a tarefa de encontrar
mercados pulverizados, nos quais empresrios de todos os portes e
nveis tecnolgicos disputamclientes emcondies de livre-comrcio.
Claro que, por ter alunos inteligentes, frequentemente recebo como
resposta minha pergunta o exemplo do setorautomobilstico, no
qualhaveria certa disperso e verdadeira concorrncia de mercado.
Historicamente tenho aceitado esse bomargumento como exceo que
confirmaria a regra, coma ressalva de que as montadoras possuem,
emescala global, importantes participaes societrias umas nas
outras. Todavia, ao pesquisar mais profundamente os temas para este
livro, deparei-me com uma situao diferente da que imaginava. Ao
verificar o maior mercado automobilstico do mundo, o
norte-americano, qual no foi minha surpresa ao constatar que 84%
dos carros vendidos nos Estados Unidos em2007 saramde apenas seis
montadoras23! Isso significa dizer que, mesmo no bero do
neoliberalismo, num mercado teoricamente bastante competitivo e
talvez na rea mais sensvel para a indstria norte-americana , a
concentrao de poder tambm a regra do jogo.
25. Grfico1.1. Comrcio intrafirmas de servios nos EUAem relao
ao total das exportaes privadas (1997-2007) Fonte:OMC World trade
developments in 2008. Da podermos afirmar, com certa margem de
segurana, que a globalizao atual, muito mais propcia livre circulao
do capital24 do que propriamente dos produtos (que enfrentam
barreiras protecionistas de toda ordem, como teremos oportunidade
de observar) gera enormes distores e dificuldades para os pequenos
players, que, a despeito do avano nas telecomunicaes, no
conseguemcolocar seus produtos emmercados atrativos. Some- se a
isso o fato de que 80% da populao do mundo vive empases
emdesenvolvimento, combaixa renda, nveis precrios de educao e
elevadas taxas de desemprego. Parece-nos claro que para essas
pessoas que a globalizao precisa geraroportunidades. inquestionvel,
contudo, a participao das grandes empresas globais na economia,
fenmeno que se iniciou na dcada de 1970, conforme relata Frieden25:
Na Europa, as multinacionais emespecial, as norte-americanas se
espalharampor todos os lugares. Emgrande parte dos Estados, 1/4 ou
mais das vendas era de produtos industrializados. Mais da metade da
indstria canadense passou a ser controlada por empresas
estrangeiras. Nos pases em desenvolvimento, o predomnio
multinacional na produo fabril era ainda maior. Na maioria dos
pases latino-americanos, de 1/3 a metade da produo
industrialprovinha de empresas estrangeiras. Como as bancas
examinadoras de concursos, historicamente, tmsolicitado dos
candidatos uma viso mais crtica do processo de globalizao, achamos
oportuno indicar, conforme lista compilada por Stiglitz26, quais as
principais censuras de natureza econmica e socialfeitas ao
atualmodelo: as regras do jogo que governama globalizao so injustas
e especificamente projetadas para beneficiar os pases industriais
avanados. Na verdade, algumas mudanas recentes so to injustas que
piorarama situao de alguns dos pases mais pobres; a globalizao
promove os valores materiais acima de outros valores, tais como a
preocupao como meio ambiente e coma prpria vida; o modo como a
globalizao foi administrada tirou grande parte da soberania dos
pases emdesenvolvimento e de sua capacidade de tomar decises emreas
essenciais, que afetamo bem-estar de seus cidados. Nesse sentido,
ela prejudicoua democracia; embora os defensores da globalizao
afirmem que todos se beneficiaro em termos econmicos, h provas
suficientes, tanto nos pases em desenvolvimento como nos
desenvolvidos, de que existemmuitos perdedores emambos os lados; e
o que talvez seja mais importante, o sistema econmico que foi
recomendado com insistncia aos pases em desenvolvimento em alguns
casos, imposto a eles inapropriado e, comfrequncia, altamente
danoso. Aglobalizao no deveria significar uma americanizao da
poltica econmica ou da cultura, mas foiisso que aconteceu, muitas
vezes, provocando ressentimento. O leitor perspicaz poderia
contra-argumentar no sentido de que algumas dessas crticas podem
ser rebatidas, se a questo for tomada sob outra perspectiva. O
raciocnio correto, e s refora a tese de que a globalizao
suficientemente complexa e importante para ser tratada de modo
genrico, a partir de solues de gabinete, prontas e acabadas.
Talveza maior prova disso tenha sido a crise econmica deflagrada
em2008, na qualos pases desenvolvidos foramos que sofrerammais
profundamente, a ponto de alguns lderes internacionais declararema
necessidade de reviso do modelo, especialmente no que tange
desregulamentao dos mercados27. 1.1.8. Livre-cambismo e
protecionismo Como pudemos observar, ao longo dos anos os pases
variaram seus modelos econmicos e adotaram, em relao ao nvel de
controle praticado nas operaes de comrcio exterior, polticas mais
ou menos liberais, nas quais medidas protecionistas
tambmforamempregadas na defesa de seus interesses ou emsituaes de
interveno. Questo interessante surge, inclusive, a partir da
possibilidade de coexistncia entre os modelos, como afirma Andr
Lupi, ao citar John Jackson, no sentido de que a regulamentao, como
mecanismo de atuao conjunta dos Estados, funcionaria como
pressuposto para a maior liberdade comercial28: Da que liberalizao
e regulamentao da economia mundial, atravs de instituies
internacionais, so aspectos complementares e no contraditrios, como
poderia parecer primeira vista, pela acepo que se d ao termo
liberal, justamente oposto a regulamentaes. Assim, a regulamentao
internacional, diminuindo o poder dos Estados de agir
unilateralmente justamente o que propicia uma maior liberalizao do
comrcio. Parece-nos claro, portanto, que a medida de protecionismo
ou liberalismo ser sempre determinada por momentos histricos e
necessidades