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COMO A ORGANIZAÇÃO DOS PRODUTORES DE LEITE DA REGIÃO DE FARTURA EM UMA REDE DE EMPRESAS BENEFICIOU A PRODUTIVIDADE LEITEIRA Marcelo Tsuguio Okano (UNIP/Ceeteps-Fatec) [email protected] Oduvaldo Vendrametto (UNIP) [email protected] Osmildo Sobral dos Santos (UNIP/UnG) [email protected] A exploração da bovinocultura de leite no Brasil constitui importante atividade do setor agropecuário e desempenha função de vital relevância no processo de desenvolvimento econômico e social do País. De todas as cadeias produtivas do setorr agropecuário, a que mais se transformou, foi a do leite. Após meio século de poucas mudanças, em grande parte explicadas pela forte intervenção do Governo no mercado de lácteos, a cadeia produtiva do leite começa, no início dos anos 90, a experimentar profundas transformações em todos os seus segmentos, da produção ao consumo. O presente estudo é o resultado de uma investigação da organização dos produtores de leite da região de Fartura, SP, as relações entre os diversos atores que compõe esta cadeia leiteira, os benefícios obtidos com este relacionamento e a classificação destas propriedades na cadeia leiteira, permitindo mensurar a produtividade através de indicadores propostos. A pesquisa demonstrou que os produtores de leite da região de Fartura obtiveram diversos benefícios ao se organizarem como um Arranjo Produtivo Local ou Redes Sociais, principalmente, em relação a uma melhor remuneração no preço do litro do leite. Para alcançar estes resultados, os produtores tiveram que investir para melhorar os padrões tecnológicos e nos processos de produção e, assim, aumentar a qualidade do leite e a produtividade. Palavras-chaves: Cadeia leiteira, sistemas interoganizacionais, rede de empresas, redes sociais 5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

COMO A ORGANIZAÇÃO DOS PRODUTORES DE LEITE DA REGIÃO DE FARTURA EM … · pensar que o leite não é importante na fase adulta. Beber dois copos por dia garante uma vida ... cooperativas

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COMO A ORGANIZAÇÃO DOS

PRODUTORES DE LEITE DA REGIÃO

DE FARTURA EM UMA REDE DE

EMPRESAS BENEFICIOU A

PRODUTIVIDADE LEITEIRA

Marcelo Tsuguio Okano (UNIP/Ceeteps-Fatec)

[email protected]

Oduvaldo Vendrametto (UNIP)

[email protected]

Osmildo Sobral dos Santos (UNIP/UnG)

[email protected]

A exploração da bovinocultura de leite no Brasil constitui importante

atividade do setor agropecuário e desempenha função de vital

relevância no processo de desenvolvimento econômico e social do

País. De todas as cadeias produtivas do setorr agropecuário, a que

mais se transformou, foi a do leite. Após meio século de poucas

mudanças, em grande parte explicadas pela forte intervenção do

Governo no mercado de lácteos, a cadeia produtiva do leite começa,

no início dos anos 90, a experimentar profundas transformações em

todos os seus segmentos, da produção ao consumo. O presente estudo é

o resultado de uma investigação da organização dos produtores de

leite da região de Fartura, SP, as relações entre os diversos atores que

compõe esta cadeia leiteira, os benefícios obtidos com este

relacionamento e a classificação destas propriedades na cadeia

leiteira, permitindo mensurar a produtividade através de indicadores

propostos. A pesquisa demonstrou que os produtores de leite da região

de Fartura obtiveram diversos benefícios ao se organizarem como um

Arranjo Produtivo Local ou Redes Sociais, principalmente, em relação

a uma melhor remuneração no preço do litro do leite. Para alcançar

estes resultados, os produtores tiveram que investir para melhorar os

padrões tecnológicos e nos processos de produção e, assim, aumentar

a qualidade do leite e a produtividade.

Palavras-chaves: Cadeia leiteira, sistemas interoganizacionais, rede

de empresas, redes sociais

5, 6 e 7 de Agosto de 2010

ISSN 1984-9354

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

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1. INTRODUÇÃO

A exploração da bovinocultura de leite no Brasil constitui importante atividade do setor

agropecuário e desempenha função de vital relevância no processo de desenvolvimento

econômico e social do País (Yamaguchi et al., 2001). De todas as cadeias produtivas do

setor agropecuário, a que mais se transformou, foi a do leite. Após meio século de poucas

mudanças, em grande parte explicadas pela forte intervenção do Governo no mercado de

lácteos, a cadeia produtiva do leite começa, no início dos anos 90, a experimentar profundas

transformações em todos os seus segmentos, da produção ao consumo (GOMES, 2001).

Houve, de forma isolada, avanços significativos na fase pecuária e industrial, com controle

genético, inseminação artificial, controles endêmicos, melhoria de arraçoamento e pastagens,

adoção de critérios rigorosos de inspeção, trato,limpeza e desinfecção. A falta de visão e

entendimento da cadeia produtiva como um todo, induziu comportamentos assimétricos que

acabaram, em algumas situações, produzindo perdas ao longo do processo produtivo, muitas

vezes, justificando o descontentamento dos produtores.

Por outro lado, essas mudanças e avanços propiciaram melhoras na produtividade de

higienização, alimentação e manejo das propriedades, que as adotaram .

A maioria dos produtores da cadeia produtiva do leite é composta de pequenos produtores

tradicionais, e o leite é uma das fontes de receita da propriedade, os investimentos são

reduzidos e dificultam adoção das mudanças e avanços, implicando na produtividade da

propriedade. Por exemplo, existem várias propriedades leiteiras que realizam a ordenha

manualmente e a vaca serve para o leite, corte e produção de bezerros, sendo a produtividade

diária baixa.

As diferenças da tipologia dos produtores, exigência de padrões tecnológicos, dificuldade de

investimentos, do perfil das propriedades tradicionais, da resistência a mudanças dos

proprietários, barreiras culturais e desconfiança levam ao desbalanceamento de produtividade

das propriedades e à desorganização da cadeia produtiva.

O presente estudo é o resultado de uma investigação da organização dos produtores de leite da

região de Fartura, SP, as relações entre os diversos atores que compõe esta cadeia leiteira, os

benefícios obtidos com este relacionamento e a classificação destas propriedades na cadeia

leiteira, permitindo mensurar a produtividade através de indicadores propostos por Okano

(2010).

2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

2.1 O leite

De acordo com Carvalho et al. (2009), o leite é um alimento natural de grande valor nutritivo,

com maior concentração de cálcio, essencial para a formação e manutenção dos ossos. As

proteínas do leite são completas, propiciando a formação e manutenção dos tecidos. Além da

vitamina A, o leite contém vitamina B1, B2 e minerais, que favorecem o crescimento e a

manutenção de uma vida saudável. A indústria de laticínios tem potencializado o valor

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nutritivo do produto. Existem no mercado uma série de bebidas lácteas enriquecidas com

vitaminas, minerais e ômegas, assim como leites especiais, para as pessoas que não

conseguem digerir a lactose. Embora seja essencial para crianças e adolescentes, é um erro

pensar que o leite não é importante na fase adulta. Beber dois copos por dia garante uma vida

saudável na maturidade e ajuda a evitar problemas na terceira idade. Estudos provam que o

seu consumo diário reduz a incidência de osteoporose.

2.2 Qualidade do leite

Cada vez mais, torna-se importante produzir leite com qualidade e os cuidados passam a ser

com a higiene do animal, do ordenhador, das Instalações e a conservação do leite ordenhado

em baixas temperaturas.

O leite com qualidade deve apresentar composição química (sólidos totais, gordura, proteína,

lactose e minerais), microbiológica (contagem total de bactérias), organoléptica (sabor, odor,

aparência) e número de células somáticas que atendam os parâmetros exigidos

internacionalmente (ZANELA et al.,2006).

A discussão em torno da melhoria da qualidade do leite no Brasil redundou na elaboração do

Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL), que tem como objetivo

tornar a cadeia nacional competitiva no mercado mundial. Partes das medidas que compõem o

PNQL foram oficializadas pela Instrução Normativa nº 51, aprovada em setembro de 2002. A

Instrução Normativa nº 51 (IN-51) é composta por regulamentos que tratam da produção,

identidade, qualidade, coleta e transporte de leite, visando à produção de leite sadio, seguro e

confiável ao consumidor (CARVALHO et al., 2009).

Qualidade na produção leiteira difere um pouco das definições tradicionais, pois, consideram-

se itens como teor de proteína, gordura e extrato seco total.

Atividades ligadas à qualidade são aquelas realizadas porque a má qualidade existe ou pode

existir. Os custos para se realizar essas atividades são referidos como custos da qualidade. Os

custos da qualidade estão associados a atividades de controles, são realizadas para prevenir ou

detectar a má qualidade, e atividades de falha, são realizadas em reação a má qualidade

(HANSEN e MOWEN, 2001).

A formação do preço pago ao produtor de leite segue critérios de qualidade e quantidade, e,

muitas vezes, a distância também interfere na rentabilidade de algumas propriedades. As

propriedades melhores estruturadas são as privilegiadas quanto aos critérios de

estabelecimento do preço do leite pelas indústrias, e os sistemas de bonificações variam de

empresa para empresa (DUARTE, 2002).

Segundo Horta (2006), cooperativas e laticínios independentes já começam a pagar de modo

diferenciado. Em algumas regiões, o leite ainda é pago por volume entregue. Quanto mais o

produtor entregar, mais receberá por litro, já que há uma redução nos custos administrativos e

de logística do comprador. Mas nas regiões que abrigam as maiores bacias leiteiras, o

pagamento por volume vem recebendo um adicional relativo à qualidade. Em várias regiões,

já se pagam bonificações por qualidade, considerando itens como teor de proteína, gordura e

extrato seco total. Também há prêmios por menor contagem bacteriana total (CBT) e menor

contagem de células somáticas (CCS). Em alguns casos, as bonificações podem aumentar o

valor recebido pelo produtor em mais de 20%. Tal sistemática de pagamento ainda não é a

regra em todo o País, mas é crescente o número de indústrias que a vem adotando. Para o

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produtor, a melhoria da renda, em razão das bonificações pela qualidade, não é o único

benefício.

Os cuidados refletem-se também na redução dos custos de produção. Dois dos itens

constantes da Tabela 1, a CBT e a CCS, explicam isso. A contagem bacteriana total mostra o

número de bactérias presentes no leite. Em geral, a contagem ocorre após a ordenha, já que se

intensifica em função de higiene, das condições de ordenha, do maquinário, do resfriamento,

etc. Mas antes, ainda no interior do úbere da vaca, o leite tem certa contaminação bacteriana,

considerada normal, que não significa mastite, mas reduz a produção.

Volume (litros/dia)

R$

Até 100

0,43

De 100 a 500

0,45

De 500 a 1500

0,48

Teor de Proteína (%)

Premio (+R$)

2,8 a 3,0

0

3,0 a 3,2

0,01

3,2 a 3,4

0,03

Teor de Gordura (%)

Premio (+R$)

3,2 a 3,4

0

3,4 a 3,7

0,01

3,7 a 4,2

0,03

CCS (x1000)

Premio (+R$)

450 a 500

0

300 a 350

0,02

Menor que 200

0,04

CBT (x1000)

Premio (+R$)

100 a 125

0

25 a 100

0,01

Menor que 25

0,02

Fonte: Horta (2006)

Tabela 1 - Exemplo de bonificações no pagamento do leite

A contagem de células somáticas mostra o número de células de descamação do epitélio

(tecido que reveste as cavidades) da glândula mamária. A contagem também registra células

de defesa, que passam do sangue para o leite. Pode-se dizer que a CCS mostra o quanto o

úbere vem sendo agredido e os esforços do organismo na defesa. Valores maiores de CCS

levam a uma perda significativa de produção. A tabela 2 mostra os benefícios em termos de

produção, que podem ser obtidos com o controle da CCS e da CBT.

CCS (x1000)

Impacto na produção

450 a 500

0%

300 a 350

3%

Abaixo de 200

6%

CBT (x1000)

Impacto na produção

100 a 125

0%

25 a 100

2%

Abaixo de 25

4%

Fonte: Horta (2006)

Tabela 2 – Leite de Qualidade: influência na produção total

2.3 A cadeia leiteira

Essa cadeia é uma das mais importantes do Complexo Agroindustrial Brasileiro, apresentando

um dos maiores rebanhos do mundo com grande potencial para abastecimento de leite no

mercado interno e também externo. O leite está entre os seis produtos mais importantes do

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agronegócio brasileiro, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e o

arroz. O Agronegócio Leite e Derivados tem um papel relevante no suprimento de alimentos e

na geração de empregos e renda para a população.

No ano de 2008, foram produzidos 27,579 bilhões de litros do produto, aumento de 5,5%

sobre o volume registrado em 2007. O preço médio do litro no ano foi de R$ 0,62. O consumo

interno per capita de leite ficou em torno de 146 litros segundo a Pesquisa da Pecuária

Municipal, do IBGE (2008). Em termos mundiais, o Brasil é o quarto maior produtor, ficando

atrás da Índia, China e Rússia.

A pecuária, responsável pela preparação da matéria prima, recebeu de entidades como a

EMBRAPA, universidades e institutos especializados, por meio de pesquisa, conhecimentos,

apoio, aprendizado e normas para práticas sobre o acompanhamento da alimentação, higiene,

saúde dos animais que assegurassem qualidade da matéria prima. Devido ao tamanho da

cadeia, estágios econômicos e de conhecimento, ainda falta muito para que seja possível

formar uma ―cadeia de fornecimento robusta‖ que, de forma documentada conduza a

compromissos, confiança, planejamento garantindo a entrega em quantidade e qualidade do

produto.

Para Gomes e Leite (2001), a cadeia agroindustrial do leite no Brasil envolve um número

muito grande de instituições e agentes, podendo ser representada por sete segmentos

principais. Admite-se, assim, que essa cadeia seja formada pelos segmentos de Insumos para

agropecuária e para indústria laticinista; produção primária de leite; captação da matéria-

prima; indústrias processadoras; distribuição de produtos processados; mercado e consumo.

Segundo Milinski et al. (2008) e Yamaguchi et al. (2001), o segmento de produção primária é

composto por dois grandes grupos: o de produtores empresariais especializados, encontrados

em pequeno número, mas com grande produtividade e o de pequenos produtores, pouco ou

nada especializados, com interesses na venda sazonal de pequenos volumes de leite, de baixo

custo e qualidade e respondendo por parte significativa do mercado. A literatura tem indicado

que em torno de 70 a 80% dos produtores são responsáveis por apenas 20 a 30% da produção

nacional.

2.4 Classificação das propriedades

A classificação das propriedades foi caracterizada em cinco níveis de capacidade de produção

leiteira, representadas por P1, P2, P3, P4 e P5, respectivamente.

A denominação dos níveis foi realizada conforme os tipos de produtores de Jank (1998) e

Gehlen (2000) com adaptação do autor (Tabela 3):

Nível Denominação

P5 não especializado

P4 Tradicional

P3 em transição

P2 moderno convencional

P1 moderno industrial

Tabela 3 - Classificação das propriedades produtoras de leite

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Os produtores foram divididos em cinco classes, de acordo com as suas características

como segue abaixo:

Classificação Resumo das características

P5 O leite não é a principal fonte de renda da propriedade,

Os animais não são de qualidade leiteira e também

servem para corte,

O sistema de criação é extensivo,

O retiro ou sala de ordenha é em um galpão sem qualquer

preparação,

A ordenha é manual sem qualquer preocupação com

limpeza e desinfecção,

Não utiliza-se de qualquer recurso tecnológico

A forma de administração não é empresarial e a mão de

obra é familiar,

Os investimentos são minimos

Não existe qualquer preocupação com melhoramento

genético ou nutricional

P4 O leite não é a principal fonte de renda da propriedade,

Os animais não são de qualidade leiteira e também

servem para corte,

O sistema de criação é semi-intensivo,

O retiro ou sala de ordenha é em um galpão sem qualquer

preparação,

A ordenha é manual ou mecanica sem qualquer

preocupação com limpeza e desinfecção,

Utilza-se poucos recursos tecnológicos como resfriador e

ordenha mecanica

A forma de administração não é empresarial e a mão de

obra é familiar,

Os investimentos são minimos

Não existe qualquer preocupação com melhoramento

genético ou nutricional

P3 Mão de obra passa a contar com funcionários

Administração passa a ser empresarial

Além disso, inicia-se uma fase de investimentos para:

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Melhoramento genético;

Melhoramento nutricional;

Limpeza e desinfecção na ordenha;

Inseminação artificial;

Qualidade, considerando itens como teor de proteína,

gordura e extrato seco total e por menor contagem

bacteriana total (cbt) e menor contagem de células

somáticas (ccs);

Melhora no padrão tecnológico como resfriador e

ordenha mecânica;

Sala de ordenha apropriada;

Profissionalização da mão de obra

P2 O leite é a principal e única fonte renda da propriedade,

A mão de obra passa a ser profissional e especializada,

Vacas com qualidade leiteira e alta produtividade diaria

como a holandesa;

Sistema de criação semi-intensivo;

Sala de ordenha apropriada com fosso;

Sistema de ordenha mecanizada como espinha de peixe,

tandem e etc.

Rastreabilidade;

Resfriador;

Limpeza e desinfecção na ordenha;

Alimentação balanceada e controlada;

Controles de sanidade;

Profissionais qualificados;

Sistema de turnos, pois as vacas são ordenhadas durante

as 24horas do dia.

Além disso, as atividades exigem investimentos em:

Melhoramento genético;

Melhoramento nutricional;

Inseminação artificial;

Sistemas de manejo;

Alojamento.

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P1 O leite é a principal e única fonte renda da propriedade,

A mão de obra passa a ser profissional e especializada,

Vacas com qualidade leiteira e alta produtividade diária

como a holandesa;

Sistema de criação intensivo – free-stall;

Sala de ordenha com sistema de ordenha mecanizada da

capacidade;.

Rastreabilidade;

Resfriador;

Limpeza e desinfecção na ordenha;

Alimentação balanceada e controlada;

Controles de sanidade;

Profissionais qualificados;

Sistema de turnos, pois as vacas são ordenhadas durante

as 24horas do dia.

Além disso, as atividades exigem investimentos em:

Melhoramento genético;

Melhoramento nutricional;

Inseminação artificial;

Sistemas de manejo;

Tabela 4 - Resumo das características das diversas classificações utilizadas

Considerou-se então, para facilitar o entendimento e a aplicabilidade, agrupar os indicadores

segundo seis atividades, conforme mostra o Quadro 1.

Quadro 1 - Indicadores

ÁREA INDICADOR

Man

ejo

Sistema de Criação

Retiro

Tipo de piso do retiro

Limpeza do piso do retiro

Tipo de ordenha

Qtde de ordenhas por dia

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Resfriador

Mão de obra

Qtde de funcionários

Nível de qualificação da mão de obra

Limpeza e desinfecção na ordenha

Inseminação artificial

Qtde de vacas produzindo

Qtde total de vacas

Produção total (kg/dia)

Rastreabilidade

Preço de venda/kg

San

idad

e

Controle de Vacinas

Controle de Mastite

Controle de Laminite

Casqueiro

Contagem Bacteriana Total (CBT),

Contagem de Células Somáticas (CCS),

Determinação dos teores de gordura, lactose,

proteína, sólidos totais, sólidos desengordurados

Acompanhamento veterinário

Alojamento Pasto

Galpão (free-stall)

Controle de temperatura

Sistema de ventiladores

Sistema de Nebulização

Tipo de telhado

Genética Qualidade da raça

Melhoramento Genético

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Nutrição Ração

Silagem

Pasto

Melhoramento Nutricional

Calculados Produtividade média diária por vaca

Receita Operacional

Custo por vaca do rebanho

Produção de leite por vaca do rebanho

Segundo Okano (2010), ao investigar-se as características de classificação das propriedades,

bem como a importância de cada um dos indicadores, e as propriedades podem evoluir na

Tabela de classificação proposta, se houver, conforme os relatos de produtores:

Aumento na eficácia produtiva da propriedade;

Uma motivação ou recompensa financeira, como bonificação por volume ou

qualidade;

Planejamento estratégico visando crescimento da propriedade.

Em qualquer caso, haverá a necessidade de investimentos em estrutura, padrões tecnológicos,

mão de obra etc. As melhorias podem ser realizadas em curto, médio ou longo prazo, por

exemplo, aquisição de resfriador é a curto prazo e um melhoramento genético pode ser em

médio ou longo prazo (OKANO, 2010).

2.5 Redes Interorganizacionais

Neste trabalho de pesquisa foram utilizados os conceitos de redes interorganizacionais para

analisar as relações entre os diversos atores que compõe a cadeia leiteira.

O tema rede de empresas tem tido destaque significativo na literatura acadêmica atual. As

empresas atuam em rede quando há cooperação e comprometimento na relação existente entre

elas. É crescente o uso de sistemas de informações para interligar as empresas – os chamados

sistemas interorganizacionais (SILVEIRA et al., 2009).

Em consequência disso, as empresas adotam novas formas de gestão do trabalho, inovam na

preocupação de se ajustar com as exigências mundiais e criam as estratégias colaborativas

como forma de adquirirem habilidades que ainda não possuem, corroboram DYER e SINGH

(1998).

Conforme Pereira (2005), tanto no âmbito prático quanto teórico, o tema de relacionamentos

interorganizacionais é aplicado a uma ampla variedade de relacionamentos entre as

organizações, como, por exemplo, joint ventures, alianças estratégicas, clusters, franchising,

cadeias produtivas, grupos de exportação, redes interorganizacionais, entre outras.

As redes interorganizacionais são importantes na vida econômica, pelo fato de facilitarem a

complexa interdependência transacional e cooperativa entre organizações. Sua importância é

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reconhecida do ponto de viste teórico, pelo fato de poder ser, e na verdade são, estudadas a

partir de diferentes abordagens teóricas. Desse modo, os estudos sobre redes oferecem uma

preciosa base de interesses comuns e potencial diálogo entre os vários ramos da ciência social

(BALESTRIN e VARGAS, 2002).

De acordo com Baum e Ingram (2000), as redes interorganizacionais podem ser divididas em

duas classes de análise: redes verticais e redes horizontais. As ―redes verticais‖ envolvem a

articulação das atividades de fornecedores e distribuidores por uma empresa coordenadora,

exercendo considerável influência sobre as ações dos outros agentes a cadeia produtiva. As

―redes horizontais‖ atravessam organizações similares, que combinam suas atividades para

alcançar fins coletivos.

A Figura 1 reflete as principais divisões de estudos sobre redes interorganizacionais

(PEREIRA, 2005).

Fonte: Pereira (2005)

Figura 1 - Divisão dos Estudos sobre Redes Interorganizacionais

Como fatores contingenciais à formação de redes interorganizacionais, Pereira (2005) apud

Oliver (1990) apresenta seis generalizações determinantes na formação das redes:

a) Necessidade : Uma organização frequentemente estabelece elos ou trocas com outras

organizações por necessidade. Essa contingência está sustentada por estudos oriundos, das

abordagens de dependência de recursos;

b) Assimetria : Sob essa contingência as relações interorganizacionais são induzidas pelo

potencial exercício de poder de uma organização sobre outra. Em contraste com os motivos de

―dependência de recursos‖, a abordagem da assimetria de poder explica que a dependência de

recursos promove as organizações ao exercício do poder, influência ou controle por daqueles

que não tem recursos;

c) Reciprocidade : Ao contrário da contingência da assimetria, uma considerável proporção da

literatura sobre redes interorganizacionais, implícita ou explicitamente, assume que a

formação das relações está baseada na reciprocidade. Motivos de reciprocidade enfatizam a

cooperação, colaboração e a coordenação entre organizações, ao invés de dominação, poder e

controle. Acordando com essa perspectiva, as redes interorganizacionais ocorrem para o

propósito de buscar interesses e objetivos comuns;

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d) Eficiência : A eficiência é a única das seis contingências que apresenta uma orientação

interna, ao buscar uma melhor performance na eficiência organizacional. A perspectiva dos

custos de transação é consistente com o argumento de que a eficiência interna é uma questão

fundamental para a formação de redes interorganizacionais;

e) Estabilidade : A formação de redes tem sido caracterizada como uma resposta à incerteza

ambiental. O ambiente incerto é gerado por recursos escassos e pela falta de perfeito

conhecimento das flutuações ambientais. Incerteza induz organizações a estabelecer e

gerenciar inter-relações para encontrar estabilidade e predicabilidade do ambiente .

f) Legitimidade : A legitimidade é um motivo das organizações participarem em redes.

Sustentada fundamentalmente pela teoria institucional, de que o ambiente institucional impõe

pressões sobre organizações para justificar suas atividades e resultados.

Pereira (2005) apud Oliver (1990) argumenta que essas contingências são a causa que induz

ou motiva organizações a estabelecerem relações interorganizacionais, isto é, explicam as

razões porque organizações escolhem relacionar-se com outras. Embora cada determinante

seja uma causa suficientemente separada para a formação de tais relacionamentos, essas

contingências, ocorrem simultaneamente.

Entre os tipos de redes, destacam-se as chamadas redes sociais, que apresentam características

semelhantes às demais, destacando-se à conformidade em prol de um objetivo comum entre

os atores e a descentralização na tomada de decisões com a participação de indivíduos e

organizações (CRUZ et al., 2009). O Quadro 2 descreve as principais características dos tipos

de redes.

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Quadro 2- Características dos tipos de redes

Fonte: Reis (2008) apud Lemos (2004)

3. METODOLOGIA

3.1 Tipo da Pesquisa

Para alcançar o objetivo deste trabalho foi realizada uma pesquisa junto a produtores de leite

da região de Fartura, SP. Para a coleta das informações necessárias à análise, foi usada a

pesquisa exploratória, de natureza qualitativa.

Para Gil (2002), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade

com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito.

Zikmund (2002) considera que estudos exploratórios são conduzidos para clarificar

problemas ambíguos, a pesquisa é necessária para entender melhor as dimensões dos

problemas.

A abordagem qualitativa apresenta uma realidade que não pode ser quantificada ou

mensurada e envolve itens subjetivos da realidade da pesquisa. É possível trabalhar com os

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dados sem tratamento estatístico específico, buscando a compreensão da realidade (COSTA,

2001).

A pesquisa realizada pode ser categorizada como ―levantamento‖, pois envolve a interrogação

direta aos entrevistados , integrantes de uma amostra significativa do universo pesquisado e

cujo comportamento deseja-se conhecer, pois seus resultados podem levar a conclusões

correspondentes aos dados coletados (GIL, 1987).

Para estudar a rede de relacionamentos foram utilizadas as redes sociais, próprias para estudos

de relacionamentos entre entidades sociais e de implicações de seus padrões de relações. A

análise de redes sociais (ARS) consiste no mapeamento de relações entre diversas

representações de relacionamentos, na forma de matrizes, gráficos e análises

4. RESULTADO E DISCUSSÕES

4.1 Relacionamentos interorganizacionais na cadeia produtiva do leite da região de

Fartura

A organização de uma bacia leiteira com as características do foco desta pesquisa é

antecedida por um intenso relacionamento social de vizinhança, troca de informações,

pequenos negócios e colaborações. Desse relacionamento surgem as lideranças, as ideias de

ajudas mútuas, a confiança, a cooperação e as sugestões de encarar problemas comuns ou

buscar melhorias de forma colegiada. O mapeamento da rede social se constitui em

ferramenta metodológica imprescindível para o estudo de avaliação do estágio desse

aglomerado com relação às pretensões do grupo. Neste capítulo, apresentar-se-á o

mapeamento, decorrente da pesquisa efetuada em Fartura, em que a organização dos

empresários, produtores de leite, avança para uma APL de sucesso, fundamentado na

evolução observada até o momento.

Na cidade de Fartura, há um grupo de 34 produtores de leite que se organizaram em uma

associação e fornecem para a Frutap com preços diferenciados, de acordo com a qualidade do

leite produzido, bem como recebem auxilio e orientações de técnicos, veterinários e

instituições como o SEBRAE.

Esse grupo caracteriza-se como uma rede interorganizacional e segundo Balestrin e Vargas

(2002). As redes interorganizacionais são crescentemente importantes na vida econômica,

pelo fato de facilitarem a complexa interdependência transacional e cooperativa entre

organizações.

Para estudar a rede de relacionamentos foram utilizadas as redes sociais, próprias para estudos

de relacionamentos entre entidades sociais e de implicações de seus padrões de relações. A

análise de redes sociais (ARS) consiste no mapeamento de relações entre diversas

representações de relacionamentos, na forma de matrizes, gráficos e análises. Assim, a ênfase

está nas ligações entre atores, e não em seus atributos, pois a unidade de observação é o

conjunto de atores e seus laços.

A análise das características estruturais da rede foi realizada com o auxílio do software

UCINET e os parâmetros analisados estão resumidos no Quadro 3 e descritos nos parágrafos

a seguir.

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Quadro 3 - Características estruturais da rede

A rede apresenta uma baixa densidade (0,1486), porém tem uma distância média pequena

(1,853), dessa forma é necessário apenas dois intermediários para que ocorra o contato entre

uma organização e outra que não sejam ligadas por elos diretamente. O desvio padrão de

0,3557 sugere uma forte tendência de centralização dos nós em torno de grupos e subgrupos,

sendo consideravelmente mais alto que a densidade média geral da rede.

Em relação ao agrupamento da rede, um elevado coeficiente (0,379), sugere uma proximidade

elevada entre os atores, sendo que a variação do coeficiente é de 0 a 1. Dessa forma, sugere

um grupo de organizações localmente centradas.

Figura 2 - Sociograma da rede de atores de Fartura

O sociograma na Figura 2 ilustra de forma global as interações da rede, onde o núcleo de nós

com maior densidade de vínculos representa as instituições principais da cadeia de

relacionamento. As linhas representam os vínculos, ou seja, as interações com os demais

atores.

Associação de Produtores exerce um papel importante para ligar as propriedades, as

instituições SEBRAE e CASA da AGRICULTURA fornecem os subsídios técnicos e

Densidade 0,1486

Distância média 1,853

Desvio padrão 0,3557

Coeficiente de agrupamento 0,379

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estratégicos para o desenvolvimento da rede de relacionamentos como assistência veterinária,

nutrição, qualidade do leite, etc. A Frutap tem papel importante como o relacionamento de

compra e venda da produção leiteira.

Nesta pesquisa, não foram considerados os relacionamentos de amizade ou negócios somente

entre dois atores.

O grau de centralidade dos atores em uma rede pode ser medido por diversos parâmetros. O

índice de centralidade de Freeman mede o grau de centralidade local, ou seja, o número de

conexões estabelecidas com os pontos vizinhos. De acordo com o Quadro 4, que os

centralizadores da rede são a associação dos produtores, o SEBRAE, a Cada da Agricultura e

em um grau menor a FRUTAP. O SEBRAE e a Casa da Agricultura justificam-se pelas

visitas de assessoria, que são realizadas mensalmente. A associação dos produtores tem

reuniões regulares, eventos e também o escritório na cidade que concentra as comunicações e

informações aos produtores. A FRUTAP tem o relacionamento comercial e o transporte do

leite a cada dois dias.

Degree NrmDegree Share

Associação 36.000 97.297 0.129

Casa da Agricultura 36.000 97.297 0.129

SEBRAE 36.000 97.297 0.129

FRUTAP 34.000 91.892 0.122

Quadro 4 - Os atores com o maior numero de laços

A média de centralidade da rede é de 7,13 e apresenta grau de centralização alta (81,83%), ou

seja, é a demonstração da concentração estrutural em toda a rede.

4.2 Características da rede

As características dessa rede, conforme o Quadro 2 da pesquisa bibliográfica, encontra-se na

Tabela 5.

Características Associação de produtores Tipos de rede

Tipos de atores

envolvidos

Produtores de leite, Associação

dos Produtores, empresas

privadas, instituições de apoio

Redes Sociais ou APL

Forma dos atores Organizações e indivíduos Redes Sociais

Funções da Rede Trocas mercantis, de

informações, de conhecimentos,

de relacionamentos, de apoio e

de contatos

Cluster ou APL

Tipologia De mercado, apoio e

comunicação

APL

Modelo de rede Horizontal Redes Sociais

Organizações em Cidade de Fartura/SP Aglomerado, Clusters,

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uma determinada

área geográfica

APL ou Redes Sociais

Tipos de

organizações

Publicas, privadas e terceiro

setor

Aglomerados e Redes

sociais

Nível das estratégias Associação de produtores e

propriedades leiteiras

Redes Sociais ou APL

Ações Cooperativo e competitivo Clusters ou APL

Forma de interação Formal e informal Aglomerados ou Rede

Sociais

Fatores essenciais de

estabelecimento

Confiança, reputação e

cooperação

Redes Sociais

Estabelecimento de

objetivos

Associação com os

proprietários

Redes Sociais ou APL

Tipos de objetivos Objetivos econômicos, sociais,

ambientais e políticos

APL

Responsáveis pelas

ações

Associação e os proprietários Redes Sociais ou APL

Cadeia produtiva Desvinculada Aglomerados

Benefícios Econômicos, sociais e

ambientais

Redes Sociais ou APL

Tipo de emprego

estimulado

Formal e informal Redes Sociais ou APL

Tabela 5 - Características de Redes da Associação de Produtores

Quanto ao enquadramento teórico da Associação de produtores, verifica-se a existência de

características mescladas de Redes Sociais, o predominante, e o de Arranjo Produtivo Local.

4.3 Benefícios

Os benefícios, citados pelos proprietários, proporcionados pela organização em redes são:

a) Pagamento diferenciado pelo litro conforme a qualidade do leite feito pela FRUTAP.

b) Bonificações por produtividade.

c) Acesso a consultores e profissionais especializados através do SEBRAE e Casa da

Agricultura.

d) Relacionamentos em outras áreas como sociais, troca de informações, conhecimentos

e apoio.

e) Aumento da produtividade por meio da melhoria das condições de criação propiciada

pelas informações e ações realizadas pela Associação de Produtores.

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4.4 Classificação das propriedades

Analisou-se os indicadores de produtividade (Okano, 2010) para as 34 propriedades da região

de Fartura e todas foram classificadas com o nível P3-Em transição. Nesta classificação os

investimentos são feitos de forma a melhorar os padrões tecnológicos e nos processos de

produção, ou seja, o proprietário deve melhorar a produtividade da propriedade focando em:

• Aquisição de padrões tecnológicos como ordenhadeira mecanizada;

• Iniciar um programa de melhoramento genético para aumentar a produção de

leite;

• Melhoramento nutricional;

• Qualificação e contratação de mão de obra profissional.

Os produtores de Fartura melhoraram a produtividade focando nestes itens e aumentaram a

remuneração paga pela Frutap, recebendo até R$0,11 a mais por litro de leite, dependendo da

qualidade.

5. Conclusões

A pesquisa demonstrou que os produtores de leite da região de Fartura obtiveram diversos

benefícios ao se organizarem como um Arranjo Produtivo Local ou Redes Sociais,

principalmente, em relação a uma melhor remuneração no preço do litro do leite.

Para alcançar estes resultados, os produtores tiveram que investir para melhorar os padrões

tecnológicos e nos processos de produção e, assim, aumentar a qualidade do leite e a

produtividade.

A classificação proposta por Okano (2010), com base nos indicadores de produtividade,

demonstrou que as melhoras realizadas pelos produtores, classificaram-os no nível P3, ou em

transição. A tabela tem cinco níveis, os produtores de Fartura estão classificados no meio da

tabela, permitindo que com maiores investimentos possam evoluir na classificação e no

aumento da produtividade.

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