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36 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 18 DE JANEIRO DE 2015
INDÚSTRIA NAVAL
Arpoador, primeiro navio capixabaEstaleiro JurongAracruz entrega emjunho a primeiraembarcação de grandeporte construída noEspírito Santo
Texto: Fábio AndradeArte: André Felix
Quase todos os números queenvolvem o Estaleiro Ju-rong Aracruz (EJA) são su-
perlativos: investimento de R$ 1,5bilhão, em área de 825 mil metrosquadrados e criação de 5.400 em-
Fo n t e : Técnicos do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA)
M O N TA D O SCOMO LEGO
Dentro do galpão, as chapas sãobeneficiadas, formando blocosque podem chegar a 10 metros dealtura. Esses blocos podem sermodulados — como peças de Le-go — e obter diferentes formascomo, por exemplo, das depen-dências do navio, e podem tam-bém ter diferentes contornos, co-mo os do casco.
SUPERLEGO DE AÇONa área externa, os blocos são movimen-
tados pelo pórtico, de 70 metros de altura. Ele éo responsável por agrupar os blocos uns sobreos outros para montar superblocos que podemcompor pavimentos inteiros de um navio, comodormitórios, refeitórios ou torre de perfuração.
MÃOP E S A DA
Com 110 metros de altura,o guindaste flutuante temcapacidade de içar até3.600 toneladas, o queequivale a 4.072 carrospopulares. O papel do su-perguindaste é transpor-tar os superblocos de ter-ra firme para o dique flu-tuante, onde as partes donavio são encaixadas e aestrutura ganha forma.
Como sãomontados os naviosAço transformado em embarcaçãopara extração do petróleo
ACA BA M E N TODepois de pronto, o navio atraca no cais,
para que seja feito o acabamento. Toda a parteelétrica e de software, como instalação de ca-bos de energia e computadores, é instalada.
pregos diretos. Operacionalmente,o estaleiro terá capacidade de be-neficiar 4 mil toneladas de aço efabricar até três navios de grandeporte por ano em Aracruz, Nortedo Estado.
A construção do estaleiro foi ini-ciada em 2011 e, atualmente, a obraacontece simultaneamente à pro-
dução naval. A primeira embarca-ção para exploração do petróleoda camada pré-sal, o Arpoador, se-rá entregue em junho. A constru-ção do EJA terminará este ano.
Além do Arpoador, o estaleirotem outras seis encomendas denavios de grande porte para explo-ração de petróleo e as entregas de-
vem ser concluídas até 2019.“Estamos implantando tecnolo-
gia de ponta para fazer a chapa deaço bruta sair daqui como navio.Esse será um estaleiro completo,nos moldes dos melhores do mun-do”, afirma o gerente de Desenvol-vimento de Negócios do EJA, Cí-cero Grams.
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AÇO EMM U TA Ç Ã O
A chapas de aço podemser beneficiadas paracriação de qualquer tipode contorno para navios.Depois, são unidas para aformação de painéis e deblocos de aço de até 300toneladas, transportadospor pontes flutuantes.
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DIQUE FLUTUANTEO EJA será o único estaleiro no Brasil com um dique flu-tuante. O equipamento suspende a estrutura do navio so-bre a água, enquanto ele é montado com os superblocosque vêm do continente. Quando a embarcação é finalizada,o dique afunda e o navio, pronto para zarpar, flutua.
Cais com 1 quilômetro de ex-tensão e profundidade de 13 a21 metros. Com esses atribu-tos, o EJA vai poder receberqualquer tipo de embarcação.
DE MÃECO R A Ç Ã O
A ÁREAO Estaleiro Jurong Ara-cruz tem área total de825 mil metros quadra-dos, o que equivale a100 campos de futebolcomo o do Maracanã.Metade desse espaço éocupado pelos galpõesque fazem o beneficia-mento do aço, enquan-to na outra metadeacontece a montagemdo navio.
NAVIOS NAS ALTURASAs pontes flutuantes que transpor-tam o aço no galpão ficam erguidas aquase 40 metros do chão, o que equi-vale a um prédio de 15 andares.
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Depósito de chapas
Pontes flutuantes
Blocos
P l ata f o r m ade transporte
Área de montagemPór tico
Dique
Galpões de pintura
Blocos
Píer
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VITÓRIA, ES, DOMINGO, 18 DE JANEIRO DE 2015 ATRIBUNA 37
INDÚSTRIA NAVAL
Estaleiro forma novaelite em construção
Mais de 2 mil moradores de co-munidades próximas ao EstaleiroJurong passaram, desde 2012, porcursos oferecidos pela empresa emparceria com entidades como a Es-cola Técnica Premiére de Aracruz.
Os cursos são voltados a profis-sionais com nível médio completo.A intenção é formar mão de obralocal para quando as obras foremc o n c l u í d a s.
“A participação nesses cursosnão significa contratação garanti-da, mas é uma forma de gerar-mos, na própria comunidade, amão de obra que vamos precisar.Isso é bom para a renda das pes-soas daqui e é bom para nós, poisos funcionários com raízes no lo-
cal têm menos chances de sair doemprego. Além disso, minimiza-mos a ocorrência de degradaçãos oc ia l”, diz a analista de Treina-mento do Estaleiro Jurong, Már-cia Ferreira
As vagas para esses cursos são,segundo Márcia, divulgadas pri-meiramente em comunidades noentorno do estaleiro, em cidadescomo Aracruz e Fundão. Apenaspessoas residentes nesses municí-pios são aceitas.
Os cursos oferecidos são paraespecializações de soldador, es-merilhador e montador de estru-tura metálica. A abertura de novasvagas para os cursos em 2015 estáem avaliação pela empresa.
A R Q U I VO / AT
ESMERILHADOR :especializaçõestêm sidorealizadas paracapacitar mãode obra local
Chances para nível médio
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Em 2016, o Estaleiro JurongAracruz (EJA), localizadoem Aracruz, no Norte do
Estado, vai contar com 5.400 fun-cionários. Para contar com cola-boradores que possuam o devidoconhecimento e aperfeiçoamen-to sobre a indústria naval, a pró-pria empresa investe na forma-ção de mão de obra qualificada.
Alunos selecionados de cursostécnicos do Instituto Federal doEspírito Santo (Ifes) têm partici-pado, desde 2012, de um estágioem Cingapura, país asiático ondese localiza a sede da SembcorpMarine, empresa proprietária daJurong, e têm sido preparadospara se tornarem a elite em cons-trução naval no Estado.
Anualmente, 30 estudantes etrês professores do Ifes são envia-dos para o país, formado por ilhas,para participar de intercâmbiocom duração de 15 meses.
Formado no curso técnico emMecânica do Ifes em 2013, LucasDalapicola participou do inter-câmbio com outros 22 estudantes.Hoje, trabalha no EJA e se vê co-mo um profissional diferenciado.
“Passei um ano em Cingapura efui designado para a área elétricade construção de navios. Hoje,sou técnico em Projetos, Cons-trução e Montagem de Estrutu-ras. Pouca gente tem especializa-
ção em área naval no Brasil, porisso me sinto um passo à frentedas outras pessoas da minha ida-de”, revelou Lucas Dalapicola.
Os alunos do Ifes interessadosna especialização devem se ins-crever na época apropriada e par-ticipar de uma seleção.
T R E I N A M E N TOEm Cingapura, os intercambis-
tas passam por três meses de cursode inglês e depois recebem o trei-namento em tecnologia naval eoceânica. Em seguida, partem pa-ra as atividades supervisionadas.
Graduados, ou seja, que se for-
maram em cursos superiorestambém estão na mira do EJA.Em 2014, 24 engenheiros ficaramseis meses no país para treina-m e n t o s.
“É um ramo com poucos espe-cialistas no Brasil e essa é umaoportunidade que não se vê em
qualquer lugar. Eu vejo uma pos-sibilidade de crescimento muitogrande, pois além da experiênciaque adquirimos em Cingapura,também ampliamos nossa de re-de de contatos, que agora é inter-nacional” comemora a engenhei-ra de produção Priscila Pessanha,26, que é funcionária do EJA.
30 alunosdo Ifes vão por ano a Cingapura
15 mesesé a duração do curso
OS NÚMEROS
EQ U I P E atua para terminar a construção do Estaleiro Jurong