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1 CONFERÊNCIA DE IMPRENSA DO PRESIDENTE DA UNITA, ISAÍAS SAMAKUVA, SOBRE O PROCESSO ELEITORAL 1 de AGOSTO de 2012 Angolanas e angolanos: Prezados compatriotas: O país assistiu ontem ao início da campanha eleitoral para as eleições gerais de 31 de Agosto, data em que termina o mandato do MPLA. A campanha eleitoral começou, mas Angola ainda não tem garantias de que estas eleições serão mesmo livres, justas, competitivas e

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA DO PRESIDENTE DA UNITA, ISAÍAS SAMAKUVA, SOBRE O PROCESSO ELEITORAL

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CONFERÊNCIA DE IMPRENSA DO PRESIDENTE DA UNITA, ISAÍAS SAMAKUVA, SOBRE O PROCESSO ELEITORAL

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CONFERÊNCIA DE IMPRENSA DO PRESIDENTE DA UNITA, ISAÍAS

SAMAKUVA, SOBRE O PROCESSO ELEITORAL

1 de AGOSTO de 2012

Angolanas e angolanos:

Prezados compatriotas:

O país assistiu ontem ao início da campanha

eleitoral para as eleições gerais de 31 de

Agosto, data em que termina o mandato do

MPLA.

A campanha eleitoral começou, mas Angola

ainda não tem garantias de que estas eleições

serão mesmo livres, justas, competitivas e

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transparentes, nos termos da lei. Angola não

tem essas garantias, porque não estão criadas

as condições indispensáveis para que as

eleições se realizem nos termos da lei.

Não me refiro ainda à vergonhosa cobertura

noticiosa que se assiste nos órgãos públicos

de comunicação social. Órgãos que utilizam os

noticiários públicos para promover a

candidatura do partido que sustenta o

Governo.

Nem me refiro ainda aos atentados à vida, à

integridade física e à propriedade, que são

praticados contra certa candidatura por

orientação expressa do candidato José

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Eduardo dos Santos. Porque dessas condições

de liberdade, trataremos mais tarde.

Refiro-me a três condições logísticas

indispensáveis, que a Comissão Nacional

Eleitoral precisa de garantir, para que as

eleições se realizem nos termos da lei.

A primeira condição tem a ver com a

transmissão dos resultados eleitorais para

efeitos de apuramento provisório.

Angola ainda não recebeu da sua Comissão

Nacional Eleitoral, garantias credíveis e

verificáveis de que, para efeitos de

apuramento provisório, os resultados

eleitorais obtidos por cada candidatura em

cada mesa de voto, serão transmitidos às

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Comissões Provinciais Eleitorais, a partir de

cada assembleia de voto, pela via mais rápida,

como estabelece o nº 2 do artigo 123º da Lei

Orgânica Sobre as Eleições Gerais.

Ora, no contrato que assinou com a empresa

espanhola INDRA, e nos instrutivos internos

que aprovou, a CNE indica que não vai

obedecer à lei. A CNE está a mandar que

todos os presidentes das assembleias de voto

levem as actas nos seus carros, ou a pé, até às

Comissões Municipais Eleitorais. Quando

chegarem lá, é que entregam as actas ao

Presidente da Comissão Municipal Eleitoral.

Este, por sua vez, entrega o original da acta a

um operador de fax para que este envie para

a Comissão Provincial Eleitoral.

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Portanto, a CNE combinou com a sua

contratada INDRA, transportar as actas de

carro até às sedes municipais, e só aí,

transmitir os resultados por fax.

A lei não diz isso. A lei dispõe que os

resultados devem ser transmitidos pelos

presidentes das assembleias de voto, pela via

mais rápida, a partir da própria assembleia de

voto.

Esta disposição legal encerra duas obrigações:

a) Primeiro, como o local de trabalho dos

presidentes das assembleias de voto é nas

assembleias de voto a que estão

designados, e não nas Comissões

Eleitorais, os presidentes das assembleias

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de voto têm a obrigação legal de

transmitir os resultados provisórios

directamente da assembleia de voto para

as Comissões Provinciais Eleitorais, sem

intermediários. O centro de transmissão

dos resultados para efeitos de

apuramento provisório, deve ser, nos

termos da lei, a assembleia de voto, e só a

Assembleia de voto. Nunca a Comissão

Municipal Eleitoral.

b) Segundo, os resultados eleitorais

devem ser transmitidos, e não

transportados fisicamente. E como devem

ser transmitidos pela via mais rápida, a

CNE tem a obrigação legal de organizar a

logística de modo a colocar em todas as

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assembleias de voto, equipamentos

adequados de transmissão de dados pela

via mais rápida. A via mais rápida de

transmissão de dados nesta era digital, em

nosso entender, não é o carro, nem a

motorizada, nem o avião. É a internet com

banda larga ou o faxmile, com linhas

dedicadas que funcionam.

Devo informar aos angolanos, que o

orçamento eleitoral da CNE prevê verbas para

equipar todas as assembleias de voto com

esses equipamentos. Foi com base nesse

orçamento que a CNE contratou a empresa

espanhola INDRA.

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Porém, consultado o mercado, verifica-se que

uma solução tecnológica para colocar

equipamentos em todas as 10,349

assembleias de voto, transmitir os resultados,

instalar e gerir os centros de escrutínio, a

todos os níveis, custa cerca de $25 milhões de

dólares.

Ora, o valor do contrato que a CNE assinou

com a INDRA, sem concurso, para transmitir

os resultados, a partir dos 164 Municípios, é

de cerca de $130 milhões de dólares. Ou seja,

para transmitir resultados a partir de 10,349

pontos, o mercado cobra $25 milhões de

dólares. Para transmitir resultados a partir de

apenas 164 pontos, a CNE concordou pagar

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$130 milhões de dólares! Claro, sem

concurso!!

Além de, em termos económicos, ter feito um

mau contrato, Angola vai pagar mais de $100

milhões de dólares a mais, para a CNE

desrespeitar a lei.

Mas esta é outra questão. O que nos interessa

frisar, por agora, é que há dinheiro mais do

que suficiente para se cumprir a lei; há

tecnologia disponível, e ainda há tempo para

se fazerem as coisas com transparência, como

manda a lei. Mais importante do que isso, a

Comissão Nacional Eleitoral não pode decidir

transmitir os resultados eleitorais de forma

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contrária às disposições legais referentes ao

processo eleitoral.

Nestes termos, a UNITA, em nome do povo

angolano, exige, neste dia 1 de Agosto, que a

CNE forneça ao País, até ao próximo dia 15,

garantias credíveis e verificáveis de que tem

as condições criadas para transmitir os

resultados eleitorais para o apuramento

provisório, pela via mais rápida, a partir de

cada assembleia de voto, como manda a lei.

Caso a CNE não cumpra a lei, e não forneça

estas garantias, a UNITA avisa que vai

mobilizar todo o povo angolano e vai utilizar

todos os meios legais ao seu alcance para

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impedir que se realize no dia 31 de Agosto

uma eleição que não respeita a lei.

A segunda condição tem a ver com a criação

de condições para a CNE entregar aos

Partidos e coligações concorrentes cópias das

actas síntese das assembleias de voto.

A lei manda a CNE entregar a todos os

partidos e coligações de partidos

concorrentes, cópia da acta síntese da

assembleia de voto. Sendo nove os

concorrentes, a CNE deve preparar, em cada

assembleia de voto, nove cópias de cada acta

síntese. Estas cópias devem ser tiradas na

hora e no local de cada assembleia de voto.

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Por causa desta exigência, a Assembleia

Nacional mandou a Comissão Nacional

Eleitoral, adquirir e assegurar, em tempo útil,

o fornecimento de um kit para produção de

energia eléctrica em cada mesa de voto. Esta

ordem, está expressa na alínea h) do nº 1 do

artigo 92º da Lei Orgânica Sobre as Eleições

Gerais.

Assim, junto com os boletins de voto, as actas,

as urnas e as cabines de votação, em cada

mesa de voto, deve ser colocado também um

kit para produção de energia eléctrica.

Ora, nos kits que encomendou à sua

contratada INDRA, a CNE não incluiu o kit

para produção de energia eléctrica. Também

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não incluiu máquinas de fotocópias para

poder entregar cópia das actas aos delegados

das listas dos Partidos políticos e coligações

concorrentes.

Além disso, soubemos agora, que a CNE não

pretende produzir nem entregar aos

concorrentes, nas assembleias de voto, as

nove cópias das actas síntese das assembleias

de voto.

A CNE concertou com a sua contratada

INDRA, um plano para não entregar as actas

síntese das assembleias de voto aos Partidos

concorrentes, lá nas assembleias de voto.

Tal como fez com o voto antecipado, a CNE

quer novamente violar a Constituição e

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legislar sobre matéria eleitoral. A CNE

concertou com a INDRA colocar máquinas de

fotocópias lá longe, nas Comissões Municipais

Eleitorais para entregar lá cópias das actas das

assembleias de voto.

Esta é uma grosseira violação da lei. A Lei

manda entregar as actas nas Assembleias de

voto. De facto, trata-se da acta da assembleia

de voto, feita na assembleia de voto, por uma

pessoa que trabalhou na assembleia de voto

sob a fiscalização dos partidos políticos,

representados pelos seus delegados nas

assembleias de voto.

Porque é que não se entregam cópias destas

actas nas próprias assembleias de voto aos

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mesmos representantes dos partidos

políticos? Porque é que as actas têm de ser

transportadas para serem fotocopiadas a

dezenas e centenas de quilómetros?

Nas Comissões Municipais Eleitorais, não há

delegados de lista que assistiram a votação.

Só há delegados de lista nas assembleias de

voto. As máquinas de fotocópia devem ser

colocadas nas assembleias de voto, onde

estão os delegados de lista.

A lei manda os delegados de lista assinar as

actas relacionadas com as funções eleitorais

para que tenha sido designados. (alínea d) do

nº 2 do artigo 95º da Lei 36/11). E a CNE não

quer que os delegados de lista assinem as

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actas síntese das assembleias de voto, com

base nas quais se fará o escrutínio provisório

A Comissão Nacional Eleitoral não pode

entregar as actas onde lhe apetecer, e da

forma como lhe apetecer, porque a CNE não

pode decidir nada de forma contrária às

disposições legais referentes ao processo

eleitoral.

Nestes termos, e em nome do povo angolano,

a UNITA exige, neste dia 1 de Agosto, que a

CNE forneça ao País, até ao próximo dia 15,

garantias credíveis e verificáveis de que tem

no país, os kits de produção de energia

eléctrica, as máquinas fotocopiadoras e

demais condições necessárias para entregar a

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todos os partidos políticos e coligações de

partidos políticos concorrentes, em cada uma

das 10,349 assembleias de voto, cópia fiel e

assinada da acta síntese da assembleia de

voto.

No interesse público, a UNITA exige que a CNE

assegure aos eleitores que irá cumprir a lei.

Que não se vai desviar nem um milímetro da

lei. E que, por isso, vai mesmo entregar a cada

Partido e coligação de partidos concorrentes,

em cada uma das 10,349 assembleias de voto,

uma cópia fiel e assinada da acta síntese da

assembleia de voto, como manda a lei.

Caso a CNE persista em não cumprir a lei e

não forneça agora garantias credíveis e

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verificáveis de que tem as condições criadas

para cumprir o que a lei dispõe nos nºs 8 e 9

do artigo 86º, no artigo 92º, na alínea d) do nº

2 do artigo 95º e no nº 4 do artigo 123º, todos

da Lei Orgânica Sobre as Eleições Gerais,

sobre a entrega das actas, a UNITA vai

mobilizar todo o povo angolano e vai utilizar

todos os meios legais ao seu alcance para

impedir que se realize no dia 31 de Agosto

uma eleição que não respeita a lei.

A terceira condição tem a ver com a

transparência e a segurança tecnológica dos

centros de escrutínio.

A lei manda a CNE utilizar nas actividades de

escrutínio tecnologias que respeitem os

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requisitos da transparência e da segurança.

Estes requisitos devem estar presentes nos

programas fontes, nos sistemas de

transmissão e tratamento de dados, nos

procedimentos de controlo e nos próprios

centros de escrutínio.

Por isso, nos termos do artigo 116º da Lei

Orgânica Sobre as Eleições Gerais, a CNE deve

organizar, por concurso público, uma

auditoria técnica independente, especializada,

para testar e certificar a integridade dos

programas fontes, dos sistemas de

transmissão e tratamento de dados, e dos

procedimentos de controlo a utilizar nas

actividades de apuramento e escrutínio, a

todos os níveis.

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Ora, quando a lei manda a CNE organizar uma

auditoria independente, é para ser efectuada

por uma entidade especializada, não ligada à

própria CNE, que, neste caso, é parte

interessada. A empresa Deloitte, por exemplo,

por ser auditora interna da CNE, não reúne o

requisito “independente” para efectuar essa

auditoria.

Além disso, uma auditoria deste tipo tem de

incluir a análise da segurança da configuração

do sistema e dos equipamentos, para

determinar a sua protecção contra

manipulações físicas pré-programadas, ou a

existência de pontos de desvios ou de pontos

de intersecção.

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Tem de incluir também a revisão da

documentação conceptual dos sistemas, a

análise e teste da configuração do

equipamento para determinar a sua

integridade e estabilidade.

Tem de incluir ainda, naturalmente, testes de

funcionalidade do software nos pontos de

partida e de chegada da informação e a

análise da estrutura de códigos do sistema.

Por esta razão, a Assembleia Nacional

determinou que a CNE tornasse público tal

sistema de transmissão de dados bem como a

estrutura e o funcionamento dos centros de

escrutínio, até 30 de Junho. Até hoje, dia 1 de

Agosto, a CNE não tornou público tal sistema

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nem a estrutura, a composição e o

funcionamento dos centros de escrutínio.

A Assembleia Nacional determinou também,

através do artigo 31º da Lei Orgânica Sobre a

Organização e Funcionamento da CNE (Lei

12/12, de 13 de Abril), que a CNE concluísse a

referida auditoria até ontem, dia 31 de Julho,

30 dias antes da data marcada para as

eleições.

Ora, pelo que sabemos, a CNE ainda não

efectivou o concurso público para organizar

tal auditoria.

E sem esta auditoria estar concluída, os

angolanos não podem ter a segurança de que

necessitam para ir votar no dia 31 de Agosto.

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Sem esta auditoria, e considerando que as

duas fraudes anteriores foram realizadas

também através dos computadores e dos

sistemas de transmissão de dados, os

angolanos não têm base para confiar na

integridade dos programas fontes e dos

sistemas de transmissão de dados que a CNE

planeia utilizar no dia 31 de Agosto.

Esta insegurança é agravada pelo facto de a

CNE não querer cumprir a lei no que respeita

a colocar em cada assembleia uma máquina

de fotocópia, para lhe permitir entregar a

cada concorrente, na assembleia de voto,

uma cópia fiel da acta síntese da assembleia

de voto, que é a acta que se planeia utilizar

para o escrutínio provisório.

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Esta insegurança é ainda agravada pelo facto

de a CNE não afixar, no fim da eleição, em

cada assembleia de voto, os resultados

eleitorais, para conhecimento geral dos

eleitores da assembleia, como é prática em

muitos países democráticos.

A insegurança dos eleitores é também

agravada pelo facto de a imprensa ter

noticiado, em 14 de Março último, que uma

delegação parlamentar russa veio a Angola e

encontrou-se com um membro do Executivo,

com quem discutiu o “apoio da Rússia” para

as eleições de 2012”.

Dias depois deste encontro, no dia 20 de

Março, o Presidente da República recebeu a

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Dra. Suzana Inglês com quem abordou

questões eleitorais. No dia 13 de Junho, o

Presidente Eduardo dos Santos, discursando

na abertura da V sessão ordinária do Comité

Central do seu Partido, afirmou que o seu

“Governo” já manifestou à CNE a sua

disponibilidade para apoiar a CNE na gestão

da logística eleitoral.

Sabemos que peritos russos estiveram ou

estão cá no país. Sabemos que há, em Angola,

equipamentos de transmissão de dados

vindos da Rússia, ou através dela, que estão a

ser formatados para serem utilizados no dia

31 de Agosto.

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Considerando as declarações do candidato

José Eduardo dos Santos, em 13 de Junho,

segundo as quais, o Executivo está preparado

para fornecer apoio logístico à CNE, sem a

CNE o ter solicitado;

Considerando que, no dia 14 de Março, o

Ministro Para os Assuntos Parlamentares,

conferenciou em Luanda com uma delegação

da Rússia sobre um eventual apoio da Rússia

ao processo eleitoral;

Considerando que a Lei atribui apenas à

Comissão Nacional Eleitoral, órgão

independente do Estado, não vinculado ao

Executivo nem ao Presidente da República, a

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responsabilidade exclusiva de organizar e

conduzir os processos eleitorais;

Em nome do povo angolano, e no interesse

público, a UNITA exige, neste dia 1 de Agosto,

que a CNE venha a público, até ao próximo dia

15, afirmar aos angolanos se firmou ou não

algum contrato, ou Acordo, com qualquer

instituição para prestar apoio ao processo

eleitoral, ou se beneficiou, ou beneficia, de

alguma assistência ou apoio técnico de peritos

estrangeiros, por indicação do candidato José

Eduardo dos Santos.

Se assinou, que explique aos angolanos, o

objecto deste contrato. E que explique

também a natureza, o tipo e a função dos

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equipamentos que tenha eventualmente

recebido ao abrigo de tal contrato.

A UNITA exige ainda, em nome do povo

angolano, e no interesse público, neste dia 1

de Agosto, que a CNE venha a público, até ao

próximo dia 15, apresentar as garantias

credíveis e verificáveis de que os resultados

da auditoria técnica que a lei manda efectuar,

garantem, sem sombras de dúvidas, a

transparência e a segurança tecnológica de

todas as actividades de escrutínio a realizar no

dia 31 de Agosto, a todos os níveis.

Caso a CNE não forneça agora tais garantias e

não apresente, em tempo útil, os resultados

da auditoria que a lei manda realizar, a UNITA

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vai mobilizar todo o povo angolano e vai

utilizar todos os meios legais e pacíficos ao

seu alcance para impedir que se realize no dia

31 de Agosto uma eleição que não respeita a

lei.

Minhas senhoras e meus senhores,

Estas são as três condições logísticas

indispensáveis, que a Comissão Nacional

Eleitoral precisa de garantir aos angolanos,

até ao próximo dia 15, para que as eleições se

realizem nos termos da lei:

1. Colocar em cada assembleia de voto

kits de produção de energia eléctrica,

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máquinas de fotocópias, scaneadoras ou

máquinas de fax para poder fazer cópias

fiéis das actas e para poder transmitir os

resultados para o apuramento provisório,

a partir da assembleia de voto;

2. Comprometer-se publicamente a

entregar a todos os delegados de lista, nas

assembleias de voto, cópias fiéis e

assinadas de todas as actas que forem

produzidas, seja a acta das operações

eleitorais, seja a acta síntese da

assembleia de voto;

3. Confirmar, através de uma auditoria

técnica, realizada por uma empresa

independente e competente, escolhida

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por concurso público, a segurança da

configuração do sistema e dos

equipamentos, para determinar a sua

protecção contra manipulações físicas pré-

programadas, ou a existência de pontos

de desvios ou de pontos de intersecção.

Temos ainda os abusos à liberdade de

imprensa e o uso abusivo que certas

empresas públicas fazem dos órgãos públicos

de comunicação social. A Televisão Pública de

Angola e a Rádio Nacional de Angola,

decidiram arbitrariamente utilizar os

noticiários públicos para promover a

candidatura do partido que sustenta o

Governo.

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Sobre estes crimes, e sobre os atentados à

vida, à integridade física e à propriedade, que

são praticados contra certa candidatura por

orientação expressa do candidato José

Eduardo dos Santos, também tomaremos

uma posição solene.

Mas hoje, dia 1 de Agosto, centramo-nos na

Comissão Nacional Eleitoral. Caso a CNE não

forneça agora tais garantias e não apresente,

em tempo útil, os resultados da auditoria que

a lei manda realizar, a UNITA vai mobilizar

todo o povo angolano e vai utilizar todos os

meios legais e pacíficos ao seu alcance para

impedir que se realize no dia 31 de Agosto

uma eleição que não respeita a lei.

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Prezados eleitores,

Povo angolano,

Angola quer a paz, a liberdade e a

democracia. É nosso dever, fazer Angola

remover de uma vez por todas os obstáculos à

realização de eleições democráticas. Os

resultados eleitorais, sejam eles quais forem,

devem reflectir apenas a vontade soberana

dos cidadãos eleitores, e não a vontade dos

governantes.

Os governantes não podem pretender

perpetuar-se no poder nem escolher os seus

sucessores subvertendo sistematicamente a

vontade soberana do povo. Nas democracias

não há sucessões monárquicas. Há alternância

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democrática, resultante do voto livre, secreto

e igual de cidadãos iguais.

Os angolanos não vão aceitar que se manipule

a democracia para inviabilizar a alternância e

garantir a sucessão.

A UNITA assume-se aqui como garante da

congregação da vontade dos angolanos de

derrubar o muro da ditadura e rasgar

horizontes para edificar a Angola

democrática.

Vamos continuar a trabalhar para que as

eleições se realizem de acordo com a lei.

Porque só a observância da lei por todos, é

que irá garantir que as eleições decorram em

paz.

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Mas também vamos resistir com firmeza

inquebrantável - e dentro da lei - a qualquer

tentativa de perturbação da paz e de

subversão da democracia. Vamos utilizar

todos os meios pacíficos garantidos pela

Constituição da República para obrigar a

Comissão Nacional Eleitoral e os seus

responsáveis a respeitar a lei e os direitos dos

cidadãos.

Não vamos permitir que aconteça uma nova

fraude e não vamos reconhecer legitimidade a

nenhum governo que resulte de eleições

fraudulentas.

Muito obrigado pela vossa atenção.