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Aula 1 Conflito: antagonismo e interação social Nalayne Mendonça Pinto

Conflito e Sociedade

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  • Aula 1Conflito: antagonismo e interao social

    Nalayne Mendona Pinto

  • 8Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    Metas

    Expor a relao entre o conflito, a violncia e a competio presentes na sociedade. Apresentar a dinmica do conflito como inerente cons-truo social e mostrar que ele pode se apresentar como positivo para a nossa sociedade, no s o vendo como um antecessor da violncia, mas como um processo que pode gerar aprendizado e dilogos.

    Objetivos

    Esperamos que, ao final desta aula, voc seja capaz de:

    1. articular as noes de conflito, violncia e competio na nossa socie-dade, compreendendo o conflito como uma possibilidade de amadu-recimento e reflexo das partes envolvidas e destituindo-lhe o carter negativo;

    2. identificar o conflito em relaes de cooperao, expresso de diver-gncias, de opinies e disputa de interesses, reconhecendo a possibi-lidade de mediao e negociao.

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    Introduo

    No ano de 2013, assistimos a diversas manifestaes populares chama-das Jornadas de junho, cujos motivos, que levaram milhares de pes-soas s ruas, foram diversos: aumento das passagens de nibus, gastos com a Copa do Mundo, corrupo no pas, mensalo, entre outros. Os conflitos eclodiram em diferentes locais do pas e ocorreram de forma pacfica e/ou com violncia. No documentrio indicado no boxe abaixo, voc poder ver algumas cenas e questionamentos sobre as manifestaes ocorridas em Fortaleza-CE. Nosso curso, intitulado Conflitos e Sociedade, tratar de diferentes questes que envolvem conflitos e violncias. Esperamos que essa disciplina possa contribuir para a sua formao e possibilite uma nova percepo sobre as dife-rentes formas de conflitualidade, desvio, controle social e da violncia na sociedade brasileira.

    O documentrio Com violncia (2013) mostra momentos de uma manifestao ocorrida em junho de 2013, retratando os conflitos que ocorreram em Fortaleza, no Cear. Ele relata vrios momen-tos de conflito entre os manifestantes e a polcia, e mostra o ques-tionamento do vandalismo acerca de quem verdadeiramente est violentando e aterrorizando a sociedade. Ser que so apenas aqueles que praticam o vandalismo, os manifestantes, ou ser que esse grupo inclui os nossos governantes e aqueles que detm o poder na nossa sociedade? O documentrio bom para pensar a questo de onde termina o conflito e comea a violncia... Voc pode conferi-lo no site:

    http://sociolizando.wordpress.com/2013/08/01/documentario -com-violencia/

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    Neste curso, vamos discutir questes relativas existncia dos conflitos e violncias na vida social contempornea. A proposta conhecermos como alguns estudiosos do tema analisaram as formas de conflituosida-de que vivenciamos e, de igual modo, como esses conflitos podem (ou no) se transformar nas mais diferentes formas de violncia. Tambm trataremos de comportamentos definidos como desviantes e dos pro-cessos sociais que visam criar formas de controle social e adequao dos comportamentos aos chamados padres sociais.

    A proposta comearmos conhecendo alguns autores que so muito importantes na teoria sociolgica para a discusso sobre os sentidos, significados e interpretaes sobre o conflito social.

    Os estudiosos sobre o conflito rejeitam algumas teorias que enfatizam os aspectos consensuais e funcionais da sociedade, ou seja, abordagens que compreendem a sociedade pelos seus aspectos de solidariedade e coeso, controle e ordem social. Ao invs disso, destacam a importncia de compreender as divises da sociedade e como as diferenas contri-buem para a mudana social. Desse modo, concentram-se em estudar as questes relativas ao poder, s competies, s desigualdades e s lu-tas que esto presentes na dinmica social. Eles tendem a considerar a sociedade como sendo composta de grupos distintos, que buscam seus interesses; a existncia de interesses diversos resultar em conflitos que, de algum modo, estaro sempre presentes nas relaes sociais. Parte sig-nificativa dos estudos sobre os conflitos tambm se dedicou a investigar as tenses existentes entre grupos dominantes e dominados das socie-dades, buscando entender como as relaes de controle se estabelecem e se perpetuam.

    O conflito na vida social

    Existem algumas definies tradicionais em dicionrios quanto ao termo conflito: luta, combate, desavena, discrdia (AURLIO, 2000). Esta aula buscar aliar a definio tradicional de conflito a uma pers-pectiva mais ampla, em que a divergncia passa a ser vista como uma oportunidade para as partes conflitantes debaterem e aprenderem so-bre o problema que as aflige, assim como compreender como o conflito contribui para a dinmica da vida social.

    Para Seidel (2007), o conflito nada mais do que uma das formas de interao entre as pessoas, uma expresso de divergncias de opi-nio, interesses ou crenas. um fenmeno que deve ser visto com

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    normalidade e que se desenvolve em ambientes onde existem pessoas e interesses em jogo. No se deve atribuir um carter negativo a ele, pois sua existncia pode representar uma oportunidade de amadurecimento e reflexo das partes envolvidas. O conflito tende a ocorrer a partir da existncia de vises diferentes sobre um mesmo assunto; todavia, a bus-ca pela soluo, de forma pacfica, torna-se essencial para o incio de um dilogo, muitas vezes abandonado por inmeros motivos.

    Como todo fenmeno social, o conflito acontece quando, na intera-o social entre as partes, predomina o antagonismo, que se expressa na forma de uma tenso ou luta entre elas. So muitas as motivaes que podem gerar conflitos e diferenas de interesses, tais como:

    o status econmico e social;

    os padres familiares e profissionais;

    as questes tnicas;

    as questes de gnero;

    o preconceito com grupos ou estilos de vida;

    as vises sobre como a vida deveria ser estruturada e organizada.

    Todas so razes para que se criem muros entre as pessoas e sur-jam conflitos.

    Todos ns vivemos em sociedade e conhecemos bem as diferen-as entre pessoas, ideias, valores e formas de vida. Por que, ento, o conflito pode se tornar algo negativo?

    Ele ocorre quando as pessoas vivenciam e interpretam as diferen-as como problemas e reagem de forma antagnica e conflitiva a elas, ensejando assim uma reao especfica de confronto. Dessa forma, as diversidades acabam criando obstculos interao com o outro. Nesses casos, se exigir um esforo extra para o dilogo e a compreenso das diferenas.

    Antagonismo Oposio ou

    incompatibilidade de interesses, opinies

    e objetivos.

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    Conflitos no so sinnimos de intolerncia ou desentendimento, nem se confundem com confronto. Eles, quando bem administrados, podem ser uma tima forma de expor suas ideias e aprender com o outro; entretanto, uma briga ou uma violenta discusso uma resposta negativa a eles. Para o autor Seidel (2007), frente aos conflitos, podem ser assumidas trs atitudes bsicas:

    1. ignor-los;

    2. responder a eles de forma violenta;

    3. lidar com eles de forma no violenta, por meio do dilogo.

    Figura 1.1: Diferentes formas de lidar com conflitos.Fonte: http://www.sxc.hu/photo/484189

    Figura 1.2: Diferentes formas de lidar com conflitos.Fonte: http://www.freeimages.com/profile/col6085

    Dessa forma, devemos refletir sobre de que forma, afinal, estamos compreendendo e vivenciando os conflitos, diferenas e divergncias nas nossas vidas. A no aceitao dos conflitos sociais provoca atitudes violentas, pois visa resolv-los negando ou aniquilando o outro. Toda-via, quando se aprende a lidar com o conflito de forma no violenta, ele

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    deixa de ser encarado como o oposto da paz para ser visto como um dos modos de se existir em sociedade. Seidel (2007) cita alguns benefcios do conflito, tais como:

    1. o estmulo ao pensamento crtico e criativo;

    2. melhoria na capacidade de tomar decises;

    3. incentivo a diferentes formas de encarar problemas e situaes;

    4. melhoria nos relacionamentos e apreciao das diferenas;

    5. promoo de respeito e tolerncia;

    6. promoo de autocompreenso.

    Sendo assim, os conflitos podem evoluir de forma positiva, promo-vendo um melhor conhecimento mtuo e aproximao restauradora, em oposio ao distanciamento inicial.

    Atividade 1

    Atende ao Objetivo 1

    Voc acredita que os conflitos tm consequncias ruins para a vida so-cial e que por isso devem ser considerados como situaes irregulares?

    Resposta Comentada

    Voc deve relatar que o conflito no possui somente consequncias ne-gativas para a vida social, mas que ele faz parte da nossa construo so-cial, possibilitando o conhecimento de novas opinies e gerando debates, que podem aperfeioar a nossa sociedade. Os conflitos so inerentes coletividade e por meio deles que podemos ter novas ideias, novos planos para a nossa sociedade, recriando-a constantemente.

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    Vejamos agora como tratou desse tema, na Sociologia, o terico Georg Simmel, conhecido como o terico do conflito.

    Simmel prope entender a vida social por meio do que ele chamou de sociao, que constitui as formas com que os indivduos se agre-gam e interagem entre si. Dentre aquelas estudadas por ele, destaca-remos aqui o conflito, situao em que as relaes dos indivduos so compreendidas como relaes de cooperao, mas tambm de oposi-o; portanto, ambas so partes da constituio da sociedade.

    Segundo Simmel, a importncia do conflito pouco foi questionada e debatida. Porm, ele buscou compreender o conflito como elemento constituinte das relaes sociais, admitindo que este pode produzir e modificar grupos de interesse, unies e organizaes.

    Sendo todas as interaes entre os indivduos uma sociao, o con-flito tambm uma forma que esse conceito pode assumir, de troca e aproximao; visa resolver dualismos divergentes entre indivduos ou grupos, alm de permitir algum tipo de consenso. Seus aspectos positi-vos e negativos esto integrados e, dessa forma, a existncia do conflito uma forma de negar a ideia de unidade ou homogeneidade social.

    Voc deve estar se perguntando: qual o carter sociologicamente po-sitivo que pode ter o conflito?

    O conflito s pode ser observado nas relaes sociais as quais no apenas contm unidade e harmonia, como tambm contradio e con-flitos. Elas so compostas de associao e competio, consenso e agita-o; essas oposies so foras sociais que esto presentes na configura-o de nossas relaes.

    H um mal-entendido quando pensamos que a ideia de unidade e ordem social composta apenas de consenso e concordncia; contudo, ela contempla tambm a discordncia e a desarmonia, ou seja, as dife-renas. Certa quantidade de discordncia e controvrsia est vinculada aos prprios elementos que mantm o grupo ligado. Para Simmel, h um papel positivo e integrador do antagonismo, pois por meio dele que temos a possibilidade de expor as diferenas, revelar discordncias e at mesmo produzir cooperao entre indivduos e grupos.

    Ento, vamos imaginar alguns conflitos que fazem parte de nosso cotidiano. Em nosso grupo de amigos, temos sempre mltiplas perso-nalidades e formas de pensar e de nos expressar sobre questes da vida.

    Georg Simmel (1858-1918)Socilogo alemo que estudou a modernidade, mostrando que ela se caracteriza atravs da economia, do dinheiro, alm da questo da sociao e da presena do conflito, que para ele inerente constituio da sociedade.

    SociaoConceito desenvolvido por Simmel. Para ele, uma sociedade toma forma a partir do momento em que os atores sociais criam relaes de interdepndencia ou estabelecem contatos e interaes sociais de reciprocidade. Concebendo a sociedade como produto das interaes individuais, o socilogo formula tal conceito para designar mais apropriadamente as formas ou modos pelos quais os atores sociais se relacionam. importante destacar que as interaes sociais de interdependncia no representam, necessariamente, a convergncia de interesses entre os atores sociais envolvidos.

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    Figura 1.3: Diferentes opinies em uma mesa de bar.Fonte: http://www.sxc.hu/photo/2723

    Imagine que na mesa do bar todos estejam expressando suas opi-nies sobre poltica ou religio, temas que normalmente geram diver-gncias e muita polmica. Pense em qual seria o aspecto positivo que os atores sociais que esto envolvidos nessa discusso podem encontrar e verifique que existe a possibilidade de saber ouvir e compreender a posio do outro, a percepo das diferenas de opinies e atitudes na vida social e, finalmente, a possibilidade de travar um dilogo que no necessariamente precise ter vencedor e perdedor, mas um debate em que ambos saiam satisfeitos pela discusso e exposio das suas ideias.

    Entretanto, h uma questo relevante quando tratamos os conflitos: percebemos em que medida eles so encaminhados e compreendidos como positivos. Isso significa dizer que, quando um conflito no per-cebido como algo que pode ser mediado e negociado, pode se transfor-mar em algo negativo, como uma forma de violncia. Assim, em casos em que no h disposio de dilogo, de acordos ou compreenso da posio do outro, podemos observar a transposio de formas de con-flituosidade em formas de violncia, que podem ser verbais, morais, f-sicas, simblicas, entre outras.

    Imagine uma situao de um casal que discute questes domsticas, como os gastos mensais do lar. A discusso pode tornar-se uma provei-

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    tosa conversa sobre reduo de gastos e planejamento financeiro para os prximos meses, ou mesmo degringolar em agresso mtua sobre os gastos excedentes de cada um, gerando at mesmo ataques verbais ou fsicos. nesse sentido que devemos pensar em como temos percebido e administrado as formas de conflitos que vivenciamos cotidianamente.

    bom saber que existem casos em que o conflito no pode ser mediado imediatamente, como em casos de crimes com violncia e agresso fsica grave, por exemplo, em que se deve acionar em primeiro lugar a Justia, por via da polcia, ou ir diretamente nas delegacias correspondentes ao tipo de crime, como a delegacia da mulher, especfica para a violncia cometida contra as mulheres).

    Figura 1.4: Publicidade referente violncia contra a mulher.Fonte: http://www.spm.gov.br/noticias/documentos-1/imagens/outdoor-marco-mulher

    Alm desses, h tambm muitos conflitos que as pessoas podem resolver entre si, por meio da mediao sem o acionamento da Justia, como por exemplo, aqueles existentes entre familiares ou vizinhos. A mediao atua a fim de aproximar as partes envolvidas e possibilitar o dilogo sobre o motivo que as coloca em lados opostos. bastante til, pois um processo judicial s gastaria o tempo e a energia dos envolvidos, visto que tendem a ser longos e demorados. Uma conciliao por meio da mediao mais rpi-da e eficaz para ambas as partes.

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    Figura 1.5: O dilogo uma forma de resolver conflitos.Fonte: http://www.sxc.hu/photo/37056

    Atividade 2

    Atende aos Objetivos 2 e 3

    1. Descreva uma situao do seu cotidiano em que existe ou existiu um conflito explcito; imagine duas possibilidades para o encaminha-mento dele (que pode ser com ou sem uso da mediao).

    2. Em sua profisso, como voc tende a lidar com as situaes conflitu-osas que aparecem? Voc acha que o caminho mais fcil mediar essas situaes e super-las? Por qu?

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    Respostas Comentadas

    1. Sua resposta deve descrever uma situao conflituosa vivenciada por voc, em que o conflito pode ter sido negociado por ambas as par-tes, como tambm pode ter se transformado em uma situao de vio-lncia. Imagine, por exemplo, uma situao na qual algum bate no seu carro, voc fica completamente alterado e comea uma grave discusso, usando palavras grosseiras e ameaando bater na pessoa. Nesse caso, facilmente a discusso poder se transformar em formas explcitas de violncia, at mesmo com agresses fsicas. Imaginando a cena de outro modo, voc poderia tranquilamente conversar com o outro motorista, perguntar o que havia acontecido com ele e pensar em solues conjun-tas para minimizar os prejuzos de ambos.

    2. Voc deve relatar como tende a lidar com as situaes conflituosas que encara no seu trabalho. Alm disso, deve responder se o caminho da mediao dos conflitos a melhor forma de superar essas questes, em vez de j partir para a violncia fsica ou verbal. Muitas pessoas acre-ditam que a mediao e o dilogo so bobagens ou que so impossveis de acontecer, mas pense bem e imagine como teria sido aquela briga que voc teve com algum amigo ou com sua(seu) esposa(o), se voc tivesse se acalmado e conversado. Relembre uma situao de conflito que voc vivenciou e descreva o que ocorreu, relate ainda se seria possvel criar condies de conversar e chegar a algum acordo ou negociao entre ambas as partes.

    Outra questo interessante que podemos refletir sobre como, den-tro e entre os grupos sociais, formam-se tambm relaes de disputas e aproximao.

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    Figura 1.6: Conflitos em campo.Fonte: http://www.sxc.hu/photo/561979

    Nos casos dos times e torcidas de futebol, comum existir muita rivalidade entre os torcedores de times e entre os prprios membros de uma torcida organizada. Porm, mesmo nas disputas, h elementos que os agregam em torno de um objetivo comum, a valorizao do nome e da identidade do time. Nesse sentido, lembramo-nos de que, dentro de todos os grupos sociais, organizados em torno de um objetivo ou valor comum, encontraremos disputas:

    de opinio;

    por status e reconhecimento;

    por lugares de destaque na organizao;

    de diferentes pensamentos sobre como a organizao ou associao deve ser conduzida;

    de diferentes perspectivas em relao aos projetos futuros ou condu-o do grupo.

    Isso significa dizer que os conflitos esto contidos em qualquer asso-ciao social e permitem expor diferenas e divergncias.

    Cabe ao grupo canaliz-las para o debate e o aprendizado coletivo; caso contrrio, elas podero causar-lhe ruptura.

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    Em sentido oposto, quando os grupos ou pessoas no esto dispos-tos a negociar suas divergncias e no admitem posio contrria, a violncia pode emergir de forma verbal e at mesmo fsica. Nesse caso, ela uma forma de expresso do conflito que assume carter negati-vo de enfrentamento, cancelando certos acordos de convvio entre os grupos ou pessoas.

    Esse debate permite ressaltar que discutir o conflito tambm dis-cutir a importncia de compreendermos como a sociedade forma-da por diferenas de grupos, valores, gostos, crenas, identidades individuais etc. as quais precisam ser reconhecidas e aceitas como parte da vida das sociedades contemporneas. No devemos pen-sar em eliminar as diferenas, mas, ao contrrio, devemos aprender a conviver e dialogar com elas e, enfim, a respeit-las.

    Conflito e competio

    Para Simmel, uma das formas de conflito mais comuns em nossa realidade social a competio, na qual o conflito indireto. Em muitos casos, o adversrio no est na sua frente, em oposio direta.

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    Figuras 1.7: A competio como forma de conflito.Fontes: (a) http://www.sxc.hu/photo/1008962; (b) http://www.sxc.hu/photo/1428648

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    Temos, por exemplo, a competio nas pistas de corrida ou nas pis-cinas olmpicas, em que se busca a vitria sobre o adversrio. Vivemos tambm a competio quando, no trabalho, buscamos competir por melhores salrios por meio de premiaes e bons servios prestados.

    Segundo Georg Simmel, a competio costuma ampliar os valores sociais e oferece motivao como meio de produzir aproximao e valo-res coletivos de solidariedade e integrao. Assim, ela tem enorme efeito scio-ativo, pois leva os adversrios a aproximarem-se, estabelecerem laos e descobrirem suas foras e fraquezas, ajustando-se a elas e procu-rando caminhos novos. Por outro lado, os conflitos nos quais se induz a aniquilao do adversrio em que se disputa o poder do mais forte sobre o mais fraco deixam apenas para a sociedade a subtrao do outro, a eliminao do oponente, e no a sua aceitao.

    Vejamos alguns exemplos: quando cientistas competem para bus-car a cura de uma doena, buscam conhecer at onde o outro colega avanou e procuram ir alm em seus estudos. Essa competio bas-tante proveitosa para o desenvolvimento das pesquisas cientficas e para a cura de doenas. Tambm podemos citar partidos polticos que dis-putam vagas no Legislativo ou no Executivo dos estados e municpios: a competio entre os lderes e diretrizes dos partidos sempre uma forma de renovao dos quadros e das propostas, que pode trazer mu-danas nas formas de governo e de fazer poltica. Segundo Simmel, a experincia cotidiana mostra que o conflito entre dois indivduos trans-forma cada um deles, no apenas em sua relao com o outro, mas con-sigo mesmo(1983, p. 150).

    A competio est presente em vrios grupos e se caracteriza por no fazer o uso da fora. uma relao social em que o indivduo, inte-ragindo com outros, por meio de uma determinada inteno, concorre contra outros indivduos. H sempre uma motivao de ideais comuns e isso gera a concorrncia entre eles. Como exemplo, temos a competio existente em uma corrida como a de So Silvestre. Nesse caso, os corre-dores competem entre si para chegar aos primeiros lugares, mas, antes, devem partir do princpio de que os primeiros lugares representam os corredores mais velozes, porm todos se esforaro para serem rpidos e bem treinados.

    Nesse caso, essa competio promover unidade e centralizao em torno dos mesmos objetivos e ideais. Produzir um efeito scio ativo de grupos, aproximando pessoas, organizando grupos de corredores e trei-namentos coletivos ao longo do ano. No raro ouvirmos histrias de

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    grupos de amigos que se formam por causa dos treinos, corredores que se apaixonaram e se casaram, empresas que so formadas por amigos corredores. por isso que Simmel afirma que a competio tem efeitos agregadores de promoo de valores coletivos, visto que ela aproxima pessoas e grupos em torno de um propsito comum, e capaz de pro-duzir interao e laos coletivos.

    Figura 1.8: Corredores competindo na pista.Fonte: http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=618947

    Atividade 3

    Atende ao Objetivo 1

    A partir do que foi estudado no texto, faa uma anlise de como o confli-to analisado por Simmel e diga de que forma ele pode contribuir para a vida social.

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    Resposta Comentada

    Voc deve ter respondido que Simmel acredita que o conflito uma forma de sociao, na qual as relaes entre as pessoas podem se dar de forma cooperativa, ou seja, quando as pessoas se unem a fim de atingir objetivos em comum, buscando o dilogo como alternativa de lidar com os conflitos. Para o mesmo autor, o conflito pode ser encarado, tam-bm, de forma opositiva, mais ligada concepo de competio, cujo objetivo competir a fim de vencer. Ambas as concepes fazem parte da construo da nossa sociedade. No esquea que as relaes con-flituosas no devem ser vistas somente como negativas, mas tambm como constitutivas da nossa sociedade, pois por meio do conflito de ideias, de projetos e de opinies que expressamos as nossas concepes de mundo e, assim, compomos um debate. Conflito tambm troca, gerao de informao, debates divergentes entre indivduos ou grupos que negam a ideia de homogeneidade social, ou seja, aquela que aceita todas as ideias como dadas, sem possibilidade de construo de uma opinio sobre os fatos. O antagonismo de ideias nos possibilita expor as diferenas e as discordncias, gerando debates que podem vir a produzir cooperao entre as pessoas.

    A funcionalidade do conflito e a questo da lei e da ordem

    Ralf Dahrendorf destacou o carter funcional que o conflito tem. Segundo ele, o conflito faz parte do carter histrico e antroplogico das sociedades, pois as respostas divergentes garantem que os indiv-duos, por meio das suas inquietaes e diferenas, busquem solues mltiplas s situaes cotidianas. Destaca que no conflito, na mudana e na multiformidade da realidade social, repousa o carter de incerte-za, intrnseco ao ser humano. Por isso, os conflitos so indispensveis enquanto fator de mudana social porque apontam para alm das situ-aes existentes.

    Ralf Gustav Dahrendorf (1929-2009)

    Autor alemo radicado no Reino Unido. Foi socilogo, filsofo e poltico. Estudou o

    conflito de classes na sociedade industrial.

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    Figura 1.9: O movimento das Diretas J.Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diretas_J.jpg

    Tomemos como exemplo as manifestaes em torno das Diretas J, em 1983, ou mesmo as greves do ABC Paulista, em 1979. Elas produ-ziram conflitos, represso e muitas disputas; entretanto, sem elas no teramos pressionado o governo militar a realizar eleies diretas para presidente, as quais possibilitaram a abertura poltica necessria para pr fim ditadura militar, que j durava mais de 20 anos.

    Dahrendorf preocupou-se em ressaltar como as normas sociais so importantes para tornar o comportamento previsvel e balizar as rela-es sociais. As normas so vlidas pelo fato de serem obedecidas e, numa determinada situao social, sabemos qual comportamento espe-rar do outro, porque sabemos que, caso ele se comporte de maneira di-versa, sofrer alguma sano. Em outras palavras, as normas so vlidas se e quando elas forem (julgadas) reais e corretas.

    Entretanto, nas situaes em que os conflitos exacerbados quebram as normas sociais e no h alguma sano que reestabelea confiana nas normas, a impunidade ou a desistncia sistemtica das punies pode decompor a ordem social. Trata-se de um indicador de decomposio, bem como de mudana e inovao. E quando um nmero crescente e elevado de violaes de normas torna-se conhecido, elas so relatadas e no punidas. A consequncia resultante que as normas regulado-ras dos comportamentos perdem sua validade, passando a ocorrer uma eroso da lei e da ordem social.

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    Que resposta temos para os conflitos? Devemos administr-los pacificamente.

    Podemos perceber uma tendncia geral de se ter uma viso negativa dos conflitos. Eles, porm, so normais e no so em si positivos ou ne-gativos, maus ou ruins. a resposta que se d aos conflitos que os torna negativos ou positivos, construtivos ou destrutivos. A questo central como so resolvidos: se por meios violentos ou pelo dilogo. Eles devem ser compreendidos como parte da vida social, sendo a principal questo a forma com que so enfrentados e resolvidos.

    Apesar de o conflito ser difcil de manejar ou lidar, quando bem traba-lhado, pode conduzir a resultados extremamente positivos. Se o conflito no existisse ou se as pessoas nunca tivessem que gerenciar suas diferen-as, no haveria desafios para se pensar e novas ideias para se defender.

    Trabalhar o conflito envolve tomar decises de como agir em de-terminadas situaes e responder s aes dos outros. Isso significa se engajar em uma difcil tarefa de entender o outro, respeitando as di-ferenas, para que todos possam construir, por meio da comunicao adequada, novas opes que lhes satisfaam, mudando o padro rela-cional. Assim, a comunicao por meio da linguagem a grande ferra-menta para construir pontes e dilogos, para gerenciar as discordncias e defender os diferentes pontos de vista. O dilogo, durante um con-flito, no precisa, necessariamente, ensejar um acordo ou consenso; as partes no so obrigadas a concordarem sobre um mesmo aspecto. As diferenas de opinio e perspectivas podem ser mantidas; entretanto, o dilogo permite que se entenda e respeite a posio do outro.

    Tratar conflitos pacificamente exige muito esforo e perseverana. A maioria das pessoas com quem nos conflitamos percebe essas diferenas como uma experincia negativa. Elas podem tem-los ou nem admi-tir que estejam envolvidas em um. Geralmente, sentem que h alguma coisa errada, mas receiam lidar com seus conflitos, pois receiam sofrer

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    danos emocionais ou perder poder.

    necessrio encarar o conflito de forma positiva, tentar converter situaes negativas em positivas, como, por exemplo:

    a) de discusso para dilogo;

    b) de relao perde/ganha para relao ganha/ganha;

    c) de viso individualista para viso colaborativa;

    d) de preconceito para aceitao das diferenas.

    Costumamos comparar a busca por uma soluo que beneficie am-bos diante de um conflito a um esporte praticado nas praias conhecido como frescobol. Trata-se de um esporte cujo objetivo manter a bola em jogo, no alto, sem cair. Se a bola cai, um dos participantes recoloca a bola em jogo. A vitria consiste em jogar. No h adversrios, mas par-ceiros; no h derrotados, mas vencedores. Difere-se do tnis de quadra, em que o objetivo derrotar o adversrio. Rubem Alves trata com pre-ciso essa diferenciao:

    O tnis um jogo feroz. O seu objetivo derrotar o adversrio e a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devol-ver a bola. Joga-se tnis para fazer o outro errar. O frescobol se parece muito com o tnis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. S que, para o jogo ser bom, preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que no foi de propsito e faz o maior esforo do mundo para devolv-la, gostosa, no lugar certo, para que o outro possa peg-la. No exis-te adversrio porque no h ningum derrotado. A bola so as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar ficar batendo sonho pra l, sonho pra c...

    Tnis assim: percebe-se o sonho do outro para destru-lo, arre-bat-lo como bolha de sabo. J no frescobol diferente: o sonho do outro um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que sonho coisa delicada, do corao. O bom ouvinte aquele que, ao falar, abre espaos para que as bolhas de sabo do outro voem livres. Bola vai, bola vem cresce amor. Ningum ganha para que os dois ganhem. E se deseja ento que o outro viva para sem-pre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim (ALVES apud BRANDO, 2005, p. 58).

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    (a) (b) Figuras 1.10: O frescobol (a) e o tnis (b): jogos colaborativo e competitivo.Fontes: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frescobol_no_Leblon.jpg; http://www.sxc.hu/photo/1213888

    Colaborao ou competio: qual a melhor forma de resolver um conflito? Acho que voc j sabe a resposta...

    Devemos entender, dessa forma, que a lgica adversarial potenciali-za o conflito e que a lgica colaborativa o freia, podendo convert-lo em parceria e gerar um resultado satisfatrio para ambas as partes.

    A lgica da competio pode se dar em vrios mbitos da vida, como a competio de ideias, projetos, opinies, no esporte... Por isso, importante ter em mente a via da colaborao como uma forma de minimizar os conflitos resultantes de algumas compe-ties. Nestas, a lgica da adversidade e a sede de vencer podem aumentar o conflito, fazendo com que, muitas vezes, o compe-tidor no melhore as suas habilidades. Pelo contrrio, ele entra na competio por mero desejo de vencer, esquecendo-se de que uma das principais caractersticas da competitividade a me-lhora das habilidades do competidor, tanto daquele que perdeu a competio quanto daquele que a ganhou. Alm disso, a cola-borao pode trazer como resultado para ambos a conscincia de que a vida feita de perdas e ganhos, que devem servir como superao, no como obstculos.

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    Concluso

    O conflito reproduz-se junto s aes interativas e relacionais, ou seja, nas relaes sociais produzidas no interior da sociedade. Quando considerado uma forma social, ele capaz de possibilitar momentos de construes e destruies sobre indivduos, grupos sociais, instituies, processos e interaes sociais. Nesse sentido, so socialmente impor-tantes, visto que fazem parte das formas de convivncia social e tm o aspecto positivo de permitir que as partes se preparem para o reconhe-cimento do outro.

    O conflito pode ser socialmente construtivo quando as tenses so percebidas e as divergncias resolvidas, no na forma da aniquilao do outro, mas na da compreenso das divergncias: um encontro so-cial com capacidade de produzir resultados, considerado algo social-mente construtivo, pois pode gestar novas formas de acordos sociais e permitir que os embates transformem-se em dilogos, resultados e mudanas sociais.

    O conflito, ento, responsvel pelas novas formas de pensar, agir, relacionar-se, entre outras, criadas atravs dos embates. Atribuir s lu-tas e ao conflito referncias negativas problemtico, pois assim esta-ramos desconhecendo que ele componente importante no processo de construo da vida social, j que (re)cria, constantemente, novos processos sociais.

    Atividade Final

    Atende aos Objetivos 1 e 3

    Leia o texto a seguir:

    Tendo em vista a complexidade com que o problema da intole-rncia se prolifera nas sociedades, urge a necessidade de pen-sarmos em mnimos ticos nas relaes intrapessoais, polticas e sociais de forma que a coexistncia entre os indivduos se en-quadre em um patamar aceitvel. A violncia, em todas as suas manifestaes, ligada intolerncia, resulta em um processo que se estende desde o desrespeito ao lugar do outro desvalorizao do indivduo.

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    Os conflitos causados pelo fenmeno da intolerncia, em uma sociedade multicultural como a nossa, onde as diferenas so evidentes, trazem tona duas questes: possvel viver em har-monia, de fato, em uma sociedade marcada profundamente pela pluralidade? Se existe esta possibilidade, quais so os mnimos ticos necessrios para a convivncia respeitosa numa sociedade marcada por conflitos, interesses e identidades diferentes?

    Disponvel em: . Acesso em: 26 ago. 2014.

    Agora, produza uma reflexo, por escrito, sobre tolerncia e respeito s diversidades sociais como forma de reduo das violncias e construo de uma cultura de paz e de respeito aos direitos humanos.

    (Dica: faa uma visita ao site www.dhnet.org.br)

    Resposta Comentada

    Sua resposta deve ter um vis mais subjetivo, que leve em considerao as suas experincias de vida. Contudo, deve ressaltar aspectos como a tolerncia, o respeito aos direitos humanos e a construo de dilogos como forma de aceitao das diferenas.

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    Aula 1 Conflito: antagonismo e interao social

    O filme Coach Carter: treino para a vida (2005), dirigido por Tho-mas Carter, retrata os conflitos sociais presentes entre os jovens negros num bairro violento dos Estados Unidos e tambm abor-da questes referentes superao dos jovens ao escolher outros caminhos em vez do da violncia, das gangues e das prises, mos-trando que aqueles jovens tambm poderiam ter outro futuro, aprendendo, assim, a lidar com os conflitos e conscientizando-se de que ganhar e perder so consequncias da vida. O treinador de basquete aparece como um possvel mediador dos conflitos presentes na vida desses jovens.

    Outro filme bastante interessante para o nosso dilogo o fran-cs A rebelio (2011), dirigido por Mathieu Kassovitz. Ele conta a histria de um grupo que luta pela independncia de seu pas e que, para tanto, faz 30 policiais de refns. O filme retrata o confli-to entre os rebeldes e o capito, que manda 300 de seus soldados restaurarem a ordem local. Mostra, ainda, que a situao confli-tante pode tentar ser resolvida por meio do dilogo entre ambas as partes; no entanto, as relaes polticas podem falar mais alto.

    Resumo

    Nesta aula, abordamos a temtica geral do curso, fazendo uma ligao entre alguns autores da sociologia e a temtica da violncia e do conflito na sociedade. Quando falamos do conflito, referimo-nos a algo diferen-te de violncia. Ele se caracteriza por ser um desacordo ou desavena de opinies, valores, prticas, objetivos etc. entre as pessoas e que faz parte da nossa constituio como seres que vivem em sociedade. Georg Simmel acreditava que o conflito era inerente sociedade, e ele . por meio deles que podemos ter novas ideias, novos planos para a nossa sociedade, recriando-a constantemente. Conflitos que trazem eventuais brigas e que apelam para a violncia so ruins, pois ferem, prejudicam o outro, no havendo assim a possibilidade de mediao entre as partes,

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    sendo preciso recorrer Justia para que ela puna aquele que agiu com violncia. H, entretanto, os conflitos mediveis, que denotam o dilogo como forma de apaziguar as partes e, assim, trazer benefcios a ambas.

    A importncia do dilogo permite que as partes entendam e respeitem a opinio uma da outra. Para mediar um conflito, necessrio que haja uma prtica colaborativa, e no adversativa. A competio tambm importante aqui, pois aparece como uma relao social, em que as pes-soas interagem umas com as outras a fim de concorrer a um fim, ou seja, vencer. No entanto, com a competio, aprendemos a nos aperfeioar cada vez mais. claro que a competio desenfreada pode levar a um conflito e at mesmo violncia. Para isso, necessrio ver a competi-o no como um fim ltimo a ser alcanado, mas como um processo contnuo, que faz parte da nossa sociedade.

    Leituras recomendadas

    Os seguintes artigos apresentam uma boa leitura para o debate sobre conflito e violncia. Vale a pena conferir!

    http://www.espacoacademico.com.br/084/84soares.pdf

    http://www.policiamilitar.sp.gov.br/caes/artigos/Artigos%20pdf/Hele-na%20dos%20Santos%20Reis.pdf

    http://www.pm.sc.gov.br/fmanager/pmsc/upload/ccsnoticias/ART_ccsnoticias_2013_09_10_181936_artigo_med.pdf