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IRRIGAÇÃO CONTRIBUIÇÃO DA IRRIGAÇÃO PARA A ECONOMIA REGIONAL: O CASO DO NORDESTE Geraldo M. Calega r ':. Resumo: Apresenta uma análise da experiência em irrigação no Nordeste, enfatizando os principais impactos dos perímetros públicos irrigados do DNOCS e da CODEVASF sobre a economia da região. Sempre que possível foram utilizados dados primários e secundários na análise. Como efeitos positivos dos investi- mentos em irrigação tem-se o aumento e estabilização da renda agrícola; geração de empregos diretos no setor agrícola e indire- tos nos outros setores da economia; uso mais intensivo do solo, da mão-de-obra e das máquinas; maior receita tributária e aumen- to da oferta de alimentos e de matérias-primas. Por outro lado os efeitos negativos da irrigação recaem, principalmente sobre os fatores solo e água, sob a forma de salinização, perda da fertilidade natural e erosão dos solos e poluição ambiental devido ao uso intensivo de defensivos agrícolas. O custo médio estimado por hectare implantado pelo Governo, até 1985, foi de aproxima- damente US$ 21.000, o que corresponde a um custo mais de três vezes superior àquele observado nos países mais avançados do mundo. A inadequada assistência técnica e o crédito rural insuficiente e inoportuno comprometem sobremaneira a eficiên- cia dos investimentos na agricultura irrigada. 1.INTRODUÇÃO O Nordeste com os seus problemas sócio-econômicos tem represen- tado ao longo da história do Brasil um grande desafio para o Governo Federal e os governos estaduais. Alguns indicadores de desenvolvimento econômico ilustram claramente os principais desníveis da região Nordeste comparada com as demais regiões brasileiras (TABELA 1)_ Esses indica- dores são em grande parte resultado de um subinvestimento por parte das autoridades públicas em áreas básicas como educação, saúde, nutrição, agricultura e agroindústria. ". Eng: Agr:, Ms., Ph.D. em Economia Agrícola, Pesquisador do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Serni-árido-CPATSA-EMBRAPA, Petrolina-PE. R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988 47

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IRRIGAÇÃO

CONTRIBUIÇÃO DA IRRIGAÇÃO PARA AECONOMIA REGIONAL: O CASO DO NORDESTE

Geraldo M. Calega r ':.

Resumo: Apresenta uma análise da experiência em irrigaçãono Nordeste, enfatizando os principais impactos dos perímetrospúblicos irrigados do DNOCS e da CODEVASF sobre a economiada região. Sempre que possível foram utilizados dados primáriose secundários na análise. Como efeitos positivos dos investi-mentos em irrigação tem-se o aumento e estabilização da rendaagrícola; geração de empregos diretos no setor agrícola e indire-tos nos outros setores da economia; uso mais intensivo do solo,da mão-de-obra e das máquinas; maior receita tributária e aumen-to da oferta de alimentos e de matérias-primas. Por outro ladoos efeitos negativos da irrigação recaem, principalmente sobreos fatores solo e água, sob a forma de salinização, perda dafertilidade natural e erosão dos solos e poluição ambiental devidoao uso intensivo de defensivos agrícolas. O custo médio estimadopor hectare implantado pelo Governo, até 1985, foi de aproxima-damente US$ 21.000, o que corresponde a um custo mais detrês vezes superior àquele observado nos países mais avançadosdo mundo. A inadequada assistência técnica e o crédito ruralinsuficiente e inoportuno comprometem sobremaneira a eficiên-cia dos investimentos na agricultura irrigada.

1.INTRODUÇÃOO Nordeste com os seus problemas sócio-econômicos tem represen-

tado ao longo da história do Brasil um grande desafio para o GovernoFederal e os governos estaduais. Alguns indicadores de desenvolvimentoeconômico ilustram claramente os principais desníveis da região Nordestecomparada com as demais regiões brasileiras (TABELA 1)_ Esses indica-dores são em grande parte resultado de um subinvestimento por partedas autoridades públicas em áreas básicas como educação, saúde, nutrição,agricultura e agroindústria.

". Eng: Agr:, Ms., Ph.D. em Economia Agrícola, Pesquisador do Centro de Pesquisa Agropecuáriado Trópico Serni-árido-CPATSA-EMBRAPA, Petrolina-PE.

R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988 47

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Muito embora a SUDENE tenha sido criada há 27 anos, ela não

a a a a o aconseguiu, através de sua atuação, operar grandes transformações estrutu-

a a a -o -é- 00 rais na economia nordestina, de maneira a reverter os principais indicadoresV> a a a C'

r-, 00~ r-, de subdesenvolvimento sócio-econõmico, tais como: índice de mortalidade•...

ÇQ infantil, analfabetismo, migração do Nordeste para outras regiões do País

<lJ

e baixa renda per capita (TABELA 1)...,V> r'") r'") a ofl a <o o<lJ o.

O N -s: r'") 00 ~ v v .rv No Nordeste, ao longo dos anos, enquanto novos programas especiais, N 00 r-, -o •..... '"

V> o a C' -e- são concebidos para apoiar o desenvolvimento regional, outros programas~ •... •..... 00

•... CN

~N são desativados, causando descontinuidade nas ações dos governos, o

<lJr-,

'Vi U-.D que gera desconfiança por parte da população, acarretando um pesado

~•... 'e custo social, pois, em geral, um programa interrompido significa investi-ÇQ 00 a r-, a -o a a U

V> -o -o ofl •..... r'") v ofl mentos parcialmente perdidos.<lJ

'0•..... C' 00 ofl -s: ~

'M;::l ofl e

VJ<l)

~~ o Não obstante essas vicissitudes e sem se considerar a que custos,

-oV> ce a SUDENE tem contribuído para a industrialização da Região, principal-~ Eo-o 00 ofl C' a C' a v ~ mente nas periferias dos grandes centros urbanos. Por outro lado, o setorc <l)

c

;::l.., a r'") C' ofl N N r'") agrícola tem permanecido praticamente estagnado em termos de níveisV> •..... v ofl •..... 00 -o ofl ce

bn <l) ofl a -o<l) -o '" c de produção e produtividade. Esta estagnação do setor agrícola, associada

VJ ;::l N r'") 2- "~ VJ

~ à baixa renda per cspits do Nordeste, que tem sido praticamente três~ < ".....l o ü:i'

W .~.D vezes menor que a brasileira, estimulou a migração rural-urbana nas últimas

> ee

ÇQ E ... -c décadas, provocando o inchamento das principais capitais dos estados~ <o ~ o -.D

C. of-< c V> N r'") r-, a r'") a r-, o

r-, do centro-sul, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.o <l)

-o 00-o N

u C' a ofl r'") •..... a ~ o<l) •... N •..... r'") ofl N C' o(, o -o •..... ofl 'ü <3'

Z ..,.; u.i - O secular problema da seca no Nordeste, aliado às limitações de'ü C) -'o I :s ce solos e à falta de tecnologias adequadas para as explorações agrícolasVJ

...V>

>.L. ~ da Região, dificulta sobremaneira a transformação da agricultura tradi-<l) ~.•... ~o <l) C' a a a a -o e cional que ali predomina desde os tempos coloniais...,

-o •...N v N a C' ofl r-, :;' ~

~ o v •..... <o r-, 00 ou Z

2- «eC' -o '-'"-o u.i '" O advento da Nova República levou o Governo Federal a definir

c Z :;- u.i c. o audacioso Programa Nacional de Irrigação - o PRONI - e especifica-V>

oc ~ a ~ O c,

~ v ::::J mente para a região Nordeste o Programa de Irrigação do Nordeste -;::l r-, N 00 -1:..2P ~ ~

C' '-" ~ C'(/')..- ~ ~ <l) ~ a o PROINE, MINTER.(12)

~ ~ o •..... ~ -o •.....V> ~ ..>:

~Õ I o ~ J o 00 '"~ '-" ::2 :> C' -.D

o r-, a .;; •..... - <3'•...Õ C' ~ 00 c Io •..... .., C' <l) 2- O objetivo maior do PROINE é irrigar um milhão de hectares até

-o 00 I '5.. ...... -o ~ V> o u.i '"~ C' I V>...•.. o .;::

.~ ..- ~ c: -o C) 00 o ano de 1990, dos quais aproximadamente 40% sob a responsabilidade~ U o - '8 ~-o I c: o c uc: ~ •... •... .~~ <l) V> ~ G:: ~ do setor público (CODEVASF, DNOCS e DNOS) e o restante a encargo

•..... V> <l) <l) <Y -o ~ •... '"- ~ <l) .., c, ~ V> ~ C .~ ~ ~ da iniciativa privada (TABELA 2).~ '0 c: N .@~ ~ -o •..... ~

Uo >-< .~ E '§ ::E ~ oo ~ ~~ eo ~ <l) 'E o u.i -o~ ;::l -o -o V;; ,.D

<l) o a f-< ee<l) c, c: c: ~ •... •... -o ~ Z <u•... '- ofl o o ,-<•... o <l) <l)

~ ~-;;; O,~ c, ~ ~ •..... ::E ~ •.....~ VJ ~ >.L.

48 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988 49

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Não obstante a meta principal do PROINE seja factível, não se

o o o-. o o- pode negar que o Governo e a iniciativa privada terão de mobilizar umaN o 00 <I) <I)

~ r-, o N r<'") r<'") grande quantidade de recursos físicos, financeiros e humanos para atingi-Õ .- o o-. r<'") -.:t

t-< .- r<'") -..D -.:t <I) rem tal meta.-e- <I) ~

Os benefícios do Programa serão mumeros: vão desde o aumentoda oferta de alimentos e matérias-primas para o setor industrial do País,

r<'") o r-, N N até a diminuição do fluxo migratório rural-urbano pelo aumento das opor-o -.:t o o o <I)

o o-. o- o o -..D <I) tunidades de emprego e da renda na economia regional (Coelho, 1984).

"o-. -.:t '" o-. r<'") -..D

r-, <I) .- -..D Contudo há que se pensar também nos custos de tal programa, haja vistao .- NbJJ'-< os pesados investimentos iniciais em desapropriação de terras, em infra-es-roU V>

OJtr uturas de canais, em assentamento de colonos, além dos custos decor-

ro '-<ro r-, o <I) 00 o rentes dos efeitos negativos da irrigação sobre o meio ambiente, tais como:~

•....u o- o-. o -.:t 00 r<'")

V> OJ 00-..D <I) -..D r<'") N poluição das águas com defensivos agrícolas, salinização e erosão dos

OJ ro :r:: o- o-. 00

" " .- N N r<'")

'-< ro-..D r<'") .- .- r<'") solos.

o > ~ .- N

Z 'C V>oo

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" ro s Assim sendo, é de suma importância que aqueles que tomam decisão.~o •.... o .- o N o r<'") a nível de Governo conheçam e reflitam sobre a experiência passada da

'ro ro 00-..D o <I) N r<'")

N '-'" 'u 'ro 00 '" <I) 00 cr; 00ro '-'" irrigação, principalmente no Nordeste, através da análise dos dados dispo-

-< bJJ '2 ro o- '" N <ri .- '"•.........l 'C •..... c 00 r<'") .- .- -.:t níveis, a fim e avaliarem os resultados alcançados e a que grau de eficiência[.J..l '-< ~ .- N

•..... roo::l OJ " o, no uso dos recursos públicos; quais as contribuições que os investimentos-< " OJ Et-< ro o

em irrigação, até hoje, renderam em termos de geração de empregos,

E .~ OJ r<'") o o r<'") -..D renda, produção de alimentos e produção de matérias-primas; quais osro :::õ -o r-, <X> o o r-, <I)

'-< o 00-..D o-. 00 -é- 00 principais entraves ao sucesso da agricultura irrigada até hoje; os principais

bJJ ';:l " o-: <I) 00,....;

o ~ <I) .-'-< o .- N -..D .- .- efeitos negativos sobre o meio ambiente; enfim, procurar tirar partidoc, '-< 'C .- N

8 OJo OJ ~

da experiência passada não só a nível nacional como também a nível interna-

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cional, para que o PROINE se converta realmente na redenção da agricul-.;;;...D -..D o <I) r-, <X> tura do Nordeste.J2

-..D r<'") o 00 -..D 0000 -e- o- r<'") N

CJo-. .; -, r<'") N

V><I) r<'") c-: Numa tentativa de se fazerem alguns comentanos sobre a recente

ro•.... expenencia passada em irrigação no Nordeste e sua contribuição paraOJ

~ a economia regional, preparou-se este trabalho, dividido em quatro partes:c, c,~ c, Impactos da agricultura irrigada; A Irrigação no Nordeste; A Irrigação-< -< N no Submédio São Francisco; e Considerações finais.

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•... OJ ro o V> ~ /\ 2. IMPACTOS DA AGRICULTURA IRRIGADA•..... ~ c, c, [.J..l

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Wro ro ~ f-< A agricultura irrigada é uma atividade milenar, praticada principal-

...D .~ > ...D •.... Z';:l •... 'C ';:l o O mente pelos povos asiáticos (Índia e China). Hoje é desempenhada com~ c, c, c, t-< w...

altos níveis tecnológicos tanto em países desenvolvidos, quanto em países

50 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, janlmar. 1988 51

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em desenvolvimento, sendo inegáveis os impactos positivos que tal ativi-dade exerce sobre a economia de uma região e de um país. Todavia aprática da agricultura irrigada sem um mínimo de cuidados pode acarretarproblemas a curto, médio e a longo prazos que podem comprometeros resultados da tecnologia.

f Dentre os principais efeitos sócio-econômicos positivos decorrentesda irrigação podem-se citar os seguintes:

a) promove aumento e estabilização da renda agrícola regional;

b) gera empregos diretos no setor agrícola e indiretos nos setoresindustriais e de serviços, diminuindo a migração rural-urbana;

c) aumenta a oferta de alimentos e de matér ias-prirnas, tanto parao mercado interno quanto para a exportação nas épocas de safrae entres safra, promovendo estabilização de preços para o consu-midor e a indústria;

d) promove o uso mais intensivo dos solos, máquinas e instalaçõesfísicas, principalmente, nas regiões semi-áridas;

e) gera maior receita tributária;

f) pode promover redistribuição de terras.

Dependendo da região (semi-árida ou temperada) e dos tipos de explo-ração agrícola praticados, alguns destes efeitos podem ser de menor oumaior magnitude.

É claro que numa região semi-árida, como a do Nordeste do Brasil,onde se pode ter mais de uma colheita por ano, os efeitos positivos dairrigação sobre o uso dos solos e da mão-de-obra são mais intensivos,enquanto nas regiões temperadas o efeito maior da irrigação é o de suple-mentar as chuvas quando houver deficiência de água e de promover umaumento de produtividade (kg/ha), basicamente através da otimizaçãodo uso de água com relação, principalmente, ao melhor uso dos fertili-zantes.

Dentre os efeitos negativos que a irrigaçâo pode causar, principal-mente sobre os recursos naturais, podem ser citados os seguintes:

52 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988

a) dependendo do manejo da água e do tipo de solo pode aceleraros processos de salinização e de erosão dos solos, tornando-ospra~icamente imprestáveis para a agricultura e de difícil recupe-raçao;

b) pode causar queda na fertilidade natural dos solos, principalmentequando cultivados Intensivamente' ,

c) pode causar poluição ambiental (água, solo e ar) decorrente douso de defensivos agrícolas;

d) pode causar um custo social no deslocamento de agricultores noc~so .da desapropriação de á:eas para instalação de grandes projetospúblicos ou pnvados de Irngação.

,Estes efeitos negativos, à exceção do último referido, só são percebidosa médio e longo prazos, devendo os órgãos do Governo estar atentosa fim, de que tais efeitos sejam eliminados ou minimizados, para qu;as proximas gerações não sejam penalizadas.

3. A IRRIGAÇÃO NO NORDESTE

... E~istem. duas modalidades de áreas irrigadas no Nordeste: uma demiciatrva pnvada e outra de iniciativa do governo federal, constituídapelos perímetros públicos de irrigação do DNOCS (Departamento Nacio-n.al de Obras Contra as Secas) e da CODEV ASF (Companhia de Desenvol-vimento do Vale do São Francisco.

O DNOCS só atua com colonos, ao passo que a CODEVASF atuacom colonos e também com empresários. Os colonos em geral recebem,sob arrendamento, um lote de terra irrigável, que pode variar de 6 a12 .h:ctares, acompanhado do respectivo equipamento de irrigação e umaresidência numa agrovda do projeto de irrigação. Já os empresários rece-bem: sob ar~endamento, áreas de aproximadamente 30 ha (pequenos em-presanos) e areas maiores do que estas (médios e grandes empresários).

a Em termos de eficiência ~o uso dos recursos os empresários tendem. ser ~als efiCientes, pOIS alem de não receberem os equipamentos delrn.ga~ao. e ~acI~ldades de residência em agrovilas, em geral dispõem deaSSlstencla tecruca própria mais bem qualificada. Todavia, como a expe-

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I I I I I I I I I I I I I

R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988

nencia com empresanos nos perímetros públicos é recente (início em1984) os aspectos referentes a maior ou menor eficiência destes em relaçãoaos colonos permanece uma questão aberta para pesquisa futura.

o total das áreas irrigadas em operação nos perímetros públicos atéo final do terceiro trimestre de 1985 era de 57.470 hectares, dos quais71% estavam sob a ação da CODEVASF e os restantes 29% estavamsob a ação do DNOCS. A 3~ Diretoria Regional da CODEV ASF e a2~ Diretoria Regional do DNOCS são as unidades que apresentavam omaior percentual de áreas irrigadas dentro de cada órgão, sendo 42,3%e 15,2% do total, respectivamente (TABELA 3).

De acordo com as metas do PROINE, apresentadas na TABELA2, verifica-se que os perímetros públicos de irrigação atuais e a seremconstruidos deverão incorporar novas áreas correspondentes a aproxima-damente sete vezes o total já existente (TABELA 3). Um aumento dessanatureza, num período de cinco anos, implica que a cada ano o Governodeverá colocar em operação aproximadamente uma vez e meia o quefoi colocado em operação durante toda a história da irrigação públicano Brasil até o terceiro trimestre de 1985, assumindo ser este o marcode referência. A simples reflexão sobre a necessidade de o Governo repetirsete vezes o que foi feito durante toda a história da irrigação públicano Brasil até 1985, já é motivo de reconhecimento da grandeza do empreen-dimento em termos físicos, sem se considerar os custos financeiros diretosenvolvidos.

~ O impacto das áreas irrigadas da CODEV ASF e do DNOCS sobrea geração de empregos pode ser observado numa análise da TABELA4. Ao todo, estima-se que foram gerados 94.677 empregos entre diretose indiretos, beneficiando uma população total de 189.354 pessoas. Relacio-nando-se estes números com o custo dos investimentos acumulados porhectare implantado (TABELA 5) chega-se a algumas cifras que permitemavaliar a eficiência dos investimentos feitos entre a CODEV ASF e oDNOCS, entre as suas diretorias e no total. Assim é que a 3~ DR daCODEV ASF mostrou-se a mais eficiente, não só em termos do custopor emprego direto gerado, 15.941 dólares, como também a mais eficienteem termos do custo dos investimentos por hectare irrigado, 7.140 dólares.

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R. econ. Nord., Fortaleza. v. 19. n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988

TABELA 5Valores dos Investimentos Acumulados, por Emprego Direto Gerado e

por Hectare Irrigado, até o Terceiro T rirnestre de \985,em Dólares de Dezembro de 1984

Investimentos Dólares por Dólares porÓrgão Acumulados Emprego Direto ha Irrigado

(US$ 1,OOO)(A)(\) (A) : (B)(2) (A) : (C)(3)

A) CODEVASF 592.791 29.862 14.550(49) (53) (49)

\~Diretoria 75.320 28.22\ 10.699(6) (56) (67)

2': Diretoria 59.487 28.287 17.486(5) (56) (41 )

3~Diretoria 173.642 15.941 7.140(14 ) (100)( 4) (100)(4)

4~Diretoria 61.415 19.953 \3.967(5) (80) (53)

5': Diretoria 33.295 30.659 21.033(3) (52) (34)

Administração Central 189.631 4.654(16 ) (153 )

B)D OCS 615.384 52.561 36.790

(51 ) (30) (19)

1~Diretoria 50.235 27.815 32.368(4) (57) (22)

2~Diretoria 167.743 27.463 19.223(14 ) (58) (37)

3~Diretoria 88.033 22.469 15.729(7) (71 ) (45)

4~Diretoria 127.522 2\3.964 149.674(5)(11 ) (7) (5)

Administração Central 181.851 10.872(15 ) (66)

C) TOTAL (A + B)1.208.175 38.283 21.023(6)

(100) (42) (34)

FONTE: Calculados pelo autor com dados da SUDENE (1985) e das TABELAS 3 e4 deste texto.(1) A taxa de câmbio oficial para de:d84 foi de Cr$ 3.010,70/US$ I, segundo FGV (1985).(2) (B) Representa os respectivos valores da Coluna A da TABELA 4.(3) (C) Representa os respectivos valores da coluna (A +B) da TABELA 3.(4) Tomado como referência de maior eficiência.(5) Este alto valor pode ser devido a investimentos em obras de infr a-cstrutura necessárias

à expansão do Perímetro Irrigado.(6) Este valor médio foi obtido pela divisão do total dos investimentos dessa Tabela pelo

total de hectares irrigados da TABELA 3.

R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988 57

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o custo médio por hectare irrigado para o caso do Brasil, de 2l.023dólares, situou-se entre duas a três vezes acima da média do custo dairrigação pública no mundo, estimado em 4 mil a 8 mil dólares por hectare(ALVES 1). Observa-se que tanto no caso da CODEVASF como nocaso do DNOCS a administração central daqueles órgãos está onerandosobremaneira os custos da irrigação pública no Brasil. ,;.

Frente ao custo médio estimado por hectare implantado pelo Governoaté 1985, de 21 mil dólares (TABELA 5), as necessidades de recursospara investimentos no PROl E estão subestimadas na ordem de 59%,pois nos cálculos do Governo o custo médio considerado foi de 8,6 mildólares por hectare (ver MINTER) (12:27).

Espera-se que atualmente os órgãos públicos encarregados pela im-plantação e manutenção dos perímetros públicos de irrigação já tenhamadquirido a experiência necessária para fazer valer as previsões de custosfeitas pelo Governo; no entanto, parece que os ganhos em eficiência daordem de 59% são bastante elevados.

Até agora apresentou-se em linhas gerais a situação da irrigação públicano Nordeste, enfocando-se os aspectos físicos de áreas irrigadas, empregosgerados, custos incorridos e as perspectivas para o futuro. Na próximaseção será analisado o caso da irrigação no Submédio do São Francisco,pólo Petrolina-PE e] uazeiro-BA, visando-se a avaliar o impacto da irriga-ção sobre a economia da terceira Diretoria da CODEV ASF sob váriosaspectos, tais como: total da área irrigada e produção agroindustrial.

4. A IRRIGAÇÃO NO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO

A distribuição espacial dos projetos públicos de irrigação da 3~ DRda CODEVASF é apresentada na FIGURA 1. Ao todo são oito perímetrospúblicos de irrigação dos quais seis estão em operação parcial ou total,perfazendo uma área total em operação de 27,2 mil hectares em marçode 1985 (TABELA 6) com l.252 colonos e 172 empresários .

.,. Segundo a SUDENE (15:18) a elevada soma dos recursos aplicados pela administração central doDNOCS, deve-se ao fato de os recursos gastos na Construção da Barragem Armando Ribeiro Gon-çalves terem sido contabilizados como gastos daquela administração.

58 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988

PROJETO-PILOTOBEBEDOURO-I1I

-' PROJETOCURAÇA,

ii

PR.OjETOMANIÇOBA

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PROJETOSALITRE

FIGURA l. Projetos de Irrigação da 3' Diretoria da CODEVASF nodipolo Petrolina-PE e juazeiro-BA.

R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988

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60

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R. econ. Nord., Fortaleza v 19 n 1 p 4773 . IÍ,. , . ,. -I. ,janmar. 1988

TABELA 7

Alguns Indicadores da Evolução da Assistência Técnica e do

Crédito Rural Referentes aos Colonos das

Áreas Irrigadas da Y DR da CODEVASF,

Petrolina- PE, J uazeiro- BA

1979 e 1985(1)

Indicadores 1979 1985

EXTENSÃO RURAL:141 1.237

141 655

28 10

71 88

28 24

71 77

02 07

8.000 12.807

7.106 4.092

880 257

N~ de Colonos Assistidos

N~ de Colonos Treinados

N': de Treinamentos para Colonos

N~ de Colonos por Agrônomo

N~ de Colonos por Técnico Agrícola

N~ de Colonos por Assistentes Sociais

CRÉDITO RURAL:

Planos Elaborados

Custeio Médio Anual Aprovado

por Colono (Cr$)(2)

Custeio Médio Anual Liberado

por Colono (Cr$)(2)

Custeio Médio Anual Liberado por

ha Plantado (Cr$)

FONTE: Calculado pelo autor.(I) Todos os dados para se calcular esta Tabela foram obtidos da CODEVASF (4) e refe-

rem-se a março de 1979 e março de 1985.(2) Cr$ atualizados para dezembro de 1984 e o número de colonos considerados foi o

número de colonos assistidos referidos nessa Tabela.

R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 198861

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A evolução da ocupação da área em operação dos perímetros de

1CI' r-, l1'"l CI'

irrigação foi bastante acentuada no período 1978-85, com um aumento o 00 CI' N lI) '".('j r-, N -o -o(jo

de 1.755%, sendo que o número de colonos aumentou em 1.099 e o ('j N "<t"

V; .;:: .-de empresários em 170. o .... ('j

-o U >o I ;02.('j(jo Vl o

No período considerado cinco projetos foram postos em operação ('j <!J

.!::! '0 lI) CI' o r-, lI) r-,

ou ampliados sensivelmente - Projeto Senador Nilo Coelho, Bebedouro..c: .

c -.D .- r-, -.D -.D lI) '"..Q g lI) .- N -o "<t" '" N .-II, Curaçá, Maniçoba e Tourão. Alguns indicadores da Evolução da Assis- 00 00 ~ CI' -.D ~ 00o <, ..,.;

U -e- '" lI) lI) otência Técnica e do Crédito Rural referentes aos colonos das áreas irrigadas o 00 .- '"

<!J .('j CI'

da Y DR da CODEVASF são apresentados na TABELA 7 e dão conta -o o-('j

Vl Nde que, muito embora o número de colonos em 1985 tenha aumentado o -;;;

lI) r-, -o r-,-o CI'

aproximadamente nove vezes em relação a 1979, o número de treinamentos ('j -< u CI' o -.D "<t" .-M ....<!J CI' N N lI) 00 CI'

para colonos foi reduzido em 64% e o número de colonos assistidos.;:: ~ E r-, "<t" -.D N r-, o.... . ••.•..•....• o o 00 N

por agrônomo aumentou em 24 %. Vl....

Ur-,

o 'v CI'!:: N<!J ('j

Esses resultados revestem-se de muita importância se se considerar E ;:l..-, "<t" 00 -s: '" '"';:: ...•... -.D

que, via de regra, _a agricultura irrigada praticada no Submédio São Fr~:. P-l 00 o -.D N 00 .- '"<!J .('j o '" ': r-, ~c, ~ <, c» ..,.;cisco Jaz uso de altos níveis recnológicos e que _a quase totalidade ~ . "<t" ('j

Vl ('j 00 . c:'o .S CI'novos colonos que têm acesso a lotes irrigados detêm baixo níve~ c .- ('j

00Vl Õ <!J >

escolaridade e, praticamente, nenhuma experiência com o manejo de~ -< ~ !:: CI' ;02.....l o <!J r-, oção, de defensivos agrícolas e mesmo de manejo da maioria das culturas P-l u ~ ••.•..

('j r-, r-,'c 00 "<t" -e- r-, CI' 00

comerciais cultivadas nos perímetros irrigados. Dessa forma, faz-se neces-' ~ M o· r-, -o r-, '" lI) -o -.D .- .--< -< u CI' :l lI)r-, ~ 00 '" N '" r-,.- Nsário que as autoridades públicas comecem o PROINE destinando uma f-; .~ c 00 "<t" -o lI) CI'

Vl U <!J '"••.•..

o c -o ~ "<t"

boa parcela dos investimentos para capacitar os colonos e [ornecer-lhes..,

('j 00;:l .... ('j

('j CI'....uma assistência técnica adequada em qualidade e em disponibilidade de

-o ~ 4-< <!Jo ('j ........ o (/) ,<técnicos. ~ .('j

(/) "<t" N lI) r-, 00<!J CI' 00 N '" '"o .S CI' '" .- lI) .-

No que se refere ao crédito rural os dados indicam uma queda acentua-.('j -o r-, .-(jo '<!J <,('j E 00

da, tanto no custeio médio liberado por colono, quanto no custeio médio N r-,-;;;

...DCI'

anual liberado por hectare plantado (TABELA 8). Considerando-se que;:l

'ü (/).... -e-

os colonos constituem uma classe de pequenos agricultores descapita- <!J 00

E 00-

lizados, o crédito rural constitui-se um instrumento indispensável para.....

o "U u

que o colono implemente o seu projeto de produção, a fim de gerar Q<!J ~ e

receitas que irão 'servir para pagar os empréstimos, prover a sua subsistência ('jz.

'"-o u, o.

e ainda gerar algum excedente para investimento no próprio negócio.('j Vl

ÔC -;;; ..::.... > -o~ ('j

..,u o u..: C1)

Resumidamente, a inadequada assistência técnica e o crédito ruralc, ';:l f-; Q 'E('j cy, O o<!J ('j u

insuficiente e muitas vezes inoportuno comprometem sobremaneira o grau .... ('j . U ~,-< ~ o <!J ;:('j u .('j -o u..:

de eficiência dos investimentos em irrigação e contribuem grandemente Õ c o ('j -o . 1--< ..2('j .('j E o ('j

Zea

para magnificar os efeitos negativos da irrigação referidos na segunda.s: v <!J M C >

<!J o ('j OU ~ ~ f-; -< U u,

62 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988 63 1II

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parte deste trabalho. O Governo Federal tem conhecimento destes fatos,pois na concepção do PROl E contemplou claramente o investimentoem treinamento de recursos humanos. Resta saber se tais treinamentos ", cQ o o o~ + r-, o N

terão continuidade, pois a agricultura irrigada comercial é dinâmica e,.. o o r-, -rV) f:--< <o -.D

por isso mesmo, implica que técnicos e agricultores sejam reciclados perio- -o",dicamente. Em se tratando do crédito rural parece que não existe uma

•..<l.J

o V)

decisão clara de mudança do comportamento passado por parte do Gover- o oV) .;:c 2no, pois o crédito rural tem continuado insuficiente e inoportuno. Muito

,,,, o oV) <l.I

•.. o r'")", •.. o cQ o tr)

embora esteja na fase inicial do PROINE, o que existe, até agora, é -o c, ~ "'", Cl E r'") ~muita intenção e pouca ação, e a falta de dinamismo nesta etapa do Progra-

N-;; V) <l.I ~o f:--<

ma poderá comprometer a realização das metas quantitativas expostas u O!J co '-' V) ~na TABELA 2 e no documento MI TER (12).

....J •.. ~o,"'V) E c v", <l.I ,---... o o o•.. U-l c o<:( r-, r-, N ~ ::D

A comparação da área plantada e do valor da comercialização da~ ", o v o-V) E ~ ..,.; c: 00

';:l Vao

produção para os anos agrícolas de 1978/79 e de 1984-85 são mostrados -o •.. "'c <l.J ""':J

na TABELA 8 e permitem verificar que os aumentos foram substanciais.o<:( c....

"" co cQ ''''•.. o ~No entanto tais números devem ser considerados levando-se em conta O!J o '" '"o<:( •.. ~ sr:

o uso dos solos irrigáveis disponíveis a nível de colono, pois pode acontecer V) <l.I C Oo "<<l.I N -.D o Eque esteja havendo ociosidade de áreas produtivas (CALEGAR 2) e isso

•.. ", 00 c c ", '" oO"- f:--< ;:l <, ", ", ", -o 'C...-, tr) o <, .:::::. -o '" 'c:

só se justificaria em períodos de alto risco climático ou nos casos de o<:( ..• 00 .", V)<, -o E c

....J V)<l.I 0"- vo- u V) C <, '"<l.J U-l ;:l V)

<l.J s C se Epousio. w C -o '0 ;:: 2 uc, <l.I o -c VlcQ <l.J ~ -o o -.D o ,---... o-

o<:( •.. •.. v o ~ o ~ " o'-' C ", c.... E r'") o c o v

A irrigação como atividade econômica deve ser considerada não sóf:--< '-'- •.. O"- U-l r-, ::> ,'" ~

<l.J '-'- 00 -.D .- '" ~ '"p::: o ", O"- U-l ....J ~sob a ótica dos seus efeitos diretos em termos de produção de alimentos b (f) U-l -.D f:--< o<:( 2 u j=í

V) <l.I....J u o-

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e de matérias-primas para a indústria, como também sob o ponto de u c, o<:(O ~ E

~ > O c: E

vista dos seus efeitos indiretos, em termos de geração de empregos noc Z ~ '-' r:u 'o O Cl ~ ':; .s

'<l.I o<:( '::>

setor industrial e de serviços, arrecadaçâo tributária, capitalização dos f:--< c, p::: o (f) -o :; "V) o c U O c c '§

parques industriais regionais e na atração de investimentos públicos e<l.I o<:( o ", - '2 u

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C Õ .- C!J '9. vvo- ", ", ;:::J '"privados para a região, ", <l.I ~ C<, o ~ oE -o ", V)

-o p::: " 2..• -o u u <, ~ -o c c•.. -o ", V) ~ c <, u C!J

o ;:: c u E '"r As TABELAS 9, 10, 11, 12, 13 e 14 retratam alguns desses efeitos '-'- u ~ o - s c '" '"c ", o V) '" c v.

diretos e indiretos sobre a economia do Submédio São Francisco, Nelas - o, V) o <l.I o E o uV) ", c '0 o o ee v e", U - o :::S tr) o ~ c

pode-se observar, também, que a irrigação criou condições para a instalação Eir, "': 2 JJ-.D ~

;:l E v u

de várias indústrias na região e que, hoje, o Submédio São Franciscov.

O!J o v u:< o -o o 'odispõe de dois bem-aparelhados Distritos Industriais em franca expansão.

-.D c '-'".z '" ee

São 12 indústrias localizadas em Petrolina, com um capital social de 15o 2 §o '::; 2

bilhões de cruzeiros de 1985, gerando um total de 4,070 empregos diretos <l.I o -o E c<l.I -o ...• '" 'C-o o- O v.

e produzindo matérias-primas e produtos finais para o mercado interno o O"- -.D o- ee

o o ..• 00 r-, 00 v.•.. ~Em J uazeiro têm-se 19 empresas com um faturamento, c ~g <l.I O"- O"- O"- Ll.l ee

e externo. no c, t- -oo<:( C

u oO Z Z t-

terceiro trimestre de 1985, de 18,6 bilhões de cruzeiros, gerando 5.554o---<

Oempregos diretos, com atuação em diferentes ramos de atividades.

u, ~

64 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan mar. 1988 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, janlmar. 1988 65

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C'-C'- TABELA 10

Algumas Informações Econõmicas Referentes a Três Agroindústrias do

Pólo Petroiina- PE e J uazeiro- BA

Safra de 1985/86

J)

§~~

Investimento Inicial Faturamento Impostos Pagos

(Cr$ 1.000) (Cr$ 1.000) (Cr$ 1.000)

6Jfi}-~:<:

_iO::J

480.000

AGROVALE

223.300

CICANORTE

36.700

r-~

-I:>.';'J

-~Di'::J3-Il>,...

16.000

198.000

FRUTOS DO VALE

165.000 14.000

~ FONTE: Dados obtidos diretamente nas agroindústrias pelo autor.a;,

J) TABELA 11<1l Indústrias Localizadas no Distrito Industrial de Petrolina()

oPetrolina- PE - 1985::J

~~

Razão Social Capital Social N~' Empregos Atividade Destino da Prod uçâo6J (Cr$) Geradosfi}ii> ETTI Nordeste Industrial S.A. 300 milhões 226 Processamento de tomate para fins Estados do Centro-Sul'"!l>

culinários - 30.000t de tomate/ano. e exterior.:<:

,iO Vale Fértil 20 milhões 29 Formulação e mistura de fertilizantes Submédio São Francisco::J agrícolas - 50.000 r/ano,- Indústria e Comércio de 4 milhões 18 Industrialização de milho e café - Pernarnbuco~ Moagem Petrolina Subprodutos-I:>.';'J AGROMECA - 500 miihões 97 Fabrico de Peças e Equipamentos Região Sanfranciscana~Di Agromecânica Lrda. Agrícolas e Industriais.::J SUCOV ALE - Sucos 12 milhões 140 Fabrico de Coca-Cola, Fanta Laranja Pernambuco e Outros'3Il> Concentrados do Vale Ltda. e Guaraná Taí Estados,...iO Costa Pinto Industrial de 1,5 milhões 425 Processamento Ind ustrial de Tomate Pernambuco e Estados85 Alimentos para polpa - 30.000 t de tomate/ano. do Centro-Sul.

(Em implantação).Frutos do Vale S.A. 8,2 bilhões 420 Processamento de tomate para polpa Centro-Sul e externo.

50.000 r/ano de tomateDantas Irrigação do 1 milhão 295 Fabrico de tubos e conexões - Região do São FranciscoNordeste S.A. Gotejamento, aspersão e pivot -

Central.

C'- FONTE: CODEVASF (1986)."J

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C1'00 TABELA 12

Indústrias de Petrolina Localizadas fora do Distrito Industrial

Petrolina- PE - 1985

Razão Social Capital Social N': EmpregosAtividade Destino da Produção

(Cr$) Gerados:o<Il8'" Exportadora Coelho S.A. 216 milhões Mel de abelha, cera de abelha e Estados do Sul e~ 119él Com. Ind. e Rep. carnaúba, couros e peles de ovinos ExteriorciJ e caprinos, algodão em caroço~Q) Indústrias Coelho S.A. 3,76 bilhões 2.123 Óleos vegetais de algodão e mamona, Nordeste, Centro-Sul,'"-Q)

:<: Fios de algodão e Sabão. Exterior.tõ COCANE - Cooperativa 11 milhões 07 Defensivos agrícolas, fertilizantes, Pólo J uazeiro -'"r- Central Agrícola do Nordeste equipamentos para irrigação etc. Petrolina

'1:J

-I>. Lrda.'>I5:3 Currume Moderno 425,9 milhões 171 Peles com Wer Blue, napas, Centro-Sul e exterior

'ii;'pelicas, camurças e forros.::J

~Q)

"ii5 FONTE CODEVASF (1986).co

:o<Il8'"~élciJ~Q)

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'ii;'::J~Q)

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TABELA 13Empresas de J uazeiro Radicadas no Distrito Industrial

J uazciro- BA - 1985

Empresa N~ de Empregos Gerados Farurarnento no3~Trimestre (Cr$)

Atividades

PINGÜiM S.A. IND. E COM.MARVALTRA VESTINO MÁRMORES

2352212

9,2 bilhões102 milhões40 milhões

ALGODOEIRA SÁO MIGUEL 46 386 milhões

INDÚSTRIAS ALIMENTíCIASPINGÜIMINEPI

3146

372 milhões422 milhões

NORMETALENGEVALENORTE GÁS BUTANOBRASIL GÁSPOSTO JACYNORDESTUR TURISMO LTOA.S.A. White MartinsBAHEMATERMINAL DA PETROBRÁS

495 milhões355,5 milhões

321 milhões2,81 bilhões1,29 bilhões754 milhões1,21 bilhões805 milhões

102099290724090415

Rede de SupermercadosArtefatos de MármoreSerralharia e Bcncficiamcruode MármoreDescaroçamento e Beneficiamentode Algodão

Coraru es e Massas AlimentíciasMaterial de Segurança àBase de CouroPeças MecânicasArtefatos de GessoGás ButanoGás ButanoPosto de serviço - CombustívelTurismoOxigênioAssistência técnica CATDistribuição de álcool e derivadosde petróleo - 5 milhões de litrosem estoque.

C1' FONTE: CODEVASF (1986).-o

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70

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R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dadas as condições climáticas do Nordeste, que permitem o desenvol-vimento de uma agricultura irrigada com até três safras por ano paracertas culturas, obtendo-se altos níveis de produtividade, não há dúvidasde que a referida atividade é um ótimo negócio. Contudo o Governotem um papel importante a desempenhar na formação de recursos huma-nos, na remoção das distorções no fornecimento de assistência técnicae crédito rural e na diminuição dos elevados investimentos por hectareirrigado.

Sendo a agricultura irrigada uma atividade que exige altos investi-mentos com expectativas de altos retornos, o Governo não tem por quetornar tal atividade subsidiada, como tem sido o caso do preço do insumo-água, do aluguel da terra para empresários e colonos e, mesmo, certasobras de manutenção dos perímetros irrigados.

N este sentido o comportamento do Governo deveria ser agir dentrode estritos parâmetros de eficiência, pois assim os efeitos multiplicadoresdos investimentos em irrigação seriam substancialmente aumentados.

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72 R. econ. Nord., Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 47-73, jan/mar. 1988

Abstract: This article presents the experience in irrigated agri-culture practiced in the Northeast Brazil. Emphasis was put uponthe main impacts of the public irrigated projects of DNOCS andCODEVASF on the economy of Northeast region. Primary andsecondary data set were utilized. The investment in írriqationhas several positive effects such as: increase and stabilization01the farmers income; creation of direct employment opportunltlesin the agricultural sector and indirect employment opportunitiesin the others sectors of the economy; promote more intensiveuse of soil, labor and machinery; increase tax revenue and thesupply of food and raw material. On the other hand, some nsqativeeffects arise due to irrigation such as: soil salinization and erosion:lost of the natural soil fertility; and it facilitates environmentalpolution from the intensive use of chemical products. The estima-ted weighted average cost 01 investment rsquired per hectarein the public projects of DNOCS and CODEVASF was approxi-mately US$ 21,000, The figure is more than three times the costreported for some developed countries, The tnsufficient technicalrural extension service and insufficient and timelessness aqricul-tural credit have been a permanent source to prevent a moreeffective development of irrigated agriculture in Northeast Brazil.

R, econ. Nord., Fortaleza, v, 19, n. 1, p. 47-73, jetvmer. 1988 73