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Convites para amar Marcos Samuel Costa

Convitesparaamar completo - MARCOS SAMUEL COSTA

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Segundo livro de poemas do poeta paraense MARCOS SAMUEL COSTA. livro para baixar, poemas de marcos samuel costa

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Convites para amar

Marcos Samuel Costa

© Convites para amar by Marcos Samuel Costa2013

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial desta obrasem autorização por escrito do autor.

Projeto gráfico, editoração eletrônica:Abilio Pacheco & Deurilene Sousa

Capa: Arte feita a partir da fotografiaPássaros no Marajó poe Marcos Samuel da Costa

Contra-capa: Fotografia de Marcos Samuel porFabrício Ribeiro

Revisão:....

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Cxxxc Costa, Marcos Samuel. Convites para Amar. Belém: LiteraCidade, 2013.

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ISBN 978-85-64488-xx-xx

1. Literatura Brasileira. 2. Literatura Paraense. 3. Poemas. I. Costa, Marcos Samuel. II. Título.

CDD: 869.80981

LITERACIDADECNPJ: 12.757.748/0001-12 Ins. Est. 15.317.340-8

Caixa Postal 5098 - CEP 66645-972 - Belém-PATelefones: (91) 8263-8344 // 8884-0379

[email protected] // www.literacidade.com.br

Convites para amar

Marcos Samuel Costa

Quem fez a utopia da poesia?

Airton Sousa (*)

O mundo passa aos nossos olhos em uma velocidade que nem dá para sentir o gosto do vento a roçar nossas faces, a nos conceder desmedidas carícias; a sentir as chuvaradas tentando lavar nossas almas; a sentir a terra e sua firmeza de nos suportar; a sentir o tudo do nada. As cenas entrecortadas de todo este mundo de vivências, são nada mais que lembranças. Mas, reina no íntimo de nós um insano desejo de habitar em um mundo melhor. Então, existe um senhor chamado mundo melhor? De que matéria bruta ou sensível ele é construído? Como fazemos para habitá-lo?

Certamente, todas as dúvidas nos cercam a perturbar essa consciência que pouco a pouco vamos adquirindo, em uma caminhada que só findará com a morte. É certo que o que nos move neste caminhar são as dúvidas não sanadas e o prazer das descobertas.

Lendo os poemas deste “Convites para amar”, perceberemos, que paradoxalmente, o poeta (corajosamente auto-definido) vem alternando o humor. Pois, ora se indaga: “vale a pena sonhar?”; ora afirma: “Sempre me achei perdido no universo”. Mas, o poeta consciente de si e do mundo, sabe como ninguém que sua tarefa, apesar de árdua, é ser gente no papel, fora dele nada mais que errante.

Estão imbricados nesta obra “Convites para amar”, diversas características que marcar/am a produção poética ao logo de todos os tempos, entre as quais podemos, mesmo sem autoridade, apenas como um grande leitor de poemas, citar: a

lírica amorosa; indigações em torno do eu e do mundo; niilismo moderno; cortes da linearidade etc.

O embate entre as dúvidas do eu, do mundo e as palavras não estão de todo vencidos. Temos que ter consciência que a andança é longa, que muito aprende(re)mos nela. O melhor, o poeta desse livro já fez: arriscou. Pelo que estou vendo, arriscará sempre.

(*) Airton Sousa é professor, poeta, historiador, autor de Rua Displicente (LiteraCidade), À boca da Noite (Giostri Editora) entre outros. É membro da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense.

Poeta Sonhador

Sidney Nicéas (*)

“Eu sou poeta, nós somos poetas, eles e elas são poetas, a sociedade é poeta, os criminosos são poetas, todos nós somos poetas”. A frase desse jovem autor logo nas primeiras páginas talvez traduza a própria natureza deste livro. Versos saídos do seu desejo de expressão. Versos de um poeta cuja simplicidade surge como marca poética e de vida. Sem maiores preocupações estéticas. Com grande interesse na profundidade dos seus significados.

Estar vivo não basta. E Marcos Samuel Costa traduz vários pormenores dessa angústia que costuma desafiar aqueles que ousam desbravar as letras e a si próprios. Fazendo das próprias raízes marcas indeléveis, o poeta navega nas reflexões sobre a vida, sobre quem é e, acima de tudo, refletindo nele mesmo a mudança que enseja no outro.

O amor, o senso religioso, a juventude, o amadurecimento, a amizade. Temas que desafiam o eu a se desafiar. O assumir-se poeta até para expressar um tempo que ele mesmo não viveu: “Andar nas ruas hoje / não é mais como era antes / o brilho da manhã, / não brilha como antes / o “eu te amo’ virou mensagem eletrônica / – i love you” (Como Antes Nunca Mais). A consciência de que há ainda muito chão a trilhar: “Em mim sopravam mais... / Sou gente no papel, / errante fora”... (Universo Meu). O papel como espelho: “Hoje vi meus medos todos à minha porta, / Na porta da alma”... (A Porta).

Marcos Samuel Costa tem apenas 18 anos. Tive o prazer de entrar em contato com a sua veia poética através das redes sociais. Acabei conhecendo-o pessoalmente em Belém no início deste 2013. Seu recato, senso honesto e riso tímido

revelam exatamente a sua poesia repleta desta singeleza que a torna tão humana e perseguidora de um algo mais. E se há algo relevante na desafiante tarefa de escrever, é imprimir um tanto de si nesse criar.

A persistência é o combustível do sonho, falou certa vez um poeta. Que este segundo livro, marque o persistir literário de Marcos Samuel Costa e de seu maior aperfeiçoamento. A definição do próprio estilo. Enfim, a materialização poética de um poeta sonhador, como ele mesmo expressou na poesia intitulada “Ser Chamado Poeta”, “Enquanto ainda houver / caneta, papel, e inspiração / Talvez continue a escrever”. Tenha certeza, poeta: inspiração não vai faltar...

(*) preciso da identificação do nicéas para colocar aqui, ok?.

Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, a minha família pelos sempre passos dados ao meu lado, ao meu pai pela imagem de homem lutador, a minha mãe minha confidente de sonhos, a minha irmã pelos afetos de todos os dias. Aos amigos que sempre oferecem-me os sorrisos e lágrimas. Ao Milton Malato pela força e confiança. E a você que adquiriu este sonho. E a editora Literacidade. E as amigas Cintia e Cláudia.

Para minha avó Oscarina da Silva Costa (in memorian)E todos que a amavam e ainda amam.

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Universo meu

Sempre achei-me perdidono universonas minhas infâmiasnão achava eu prazeres

Mas colocando-me juntoao papel, deixando-metentando escrever sentia-me Machado!Sonhava como Matos.

Sentia-me herói,até estrelas no meu céu brilhavam,e os ventos dos campos

Em mim sopravam mais...Sou gente no papel,errante fora

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Ei geração

E a televisão distraindo,e o vento lá fora soprando,e um novo dia chegando,a meia-noite chamando;embarque nesse sono.E o natural do corpo chama,para uma cama grande e confortável.Só que a vida não para aíTêm muitas coisas,nesse mundo chorando,pais por filhos, filhos por pais.Irmão por irmão.E enquanto eu me distraioem cima de um bom sofá ou cama,mas meus olhos não se encantam,enquanto muitas lágrimasmolham esse chão,Cristo está voltando.E os fins dos tempos chegando,eis que a voz chamapara o arrependimento do coração.Não de bocas e faces,falo de uma geraçãoque vê sem ver.E escuta sem escutar.Fingem-se de nada saber,o que adianta lindas palavrasescrever? Se os lindos olhares inocentesainda morrem, são enterrados vivos!Ei geração já chegou a hora de mudar...

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Verdadeiramente

Corre no sangue,entre artérias e veias,essa vontade de sonhar.E ouvir o som do nada e admirar,o que me resta?Só um poema amargurado?Ou uma vida inteira de tentativas?E se ergue como homem,mas o que importase um homem calado?As dores vêm, e me arrebatam.E as dúvidas enlouquecem-me.Sou eu apenas,incoativo, que já passou!Agora resta a açãode um garoto incoercível,que chuta o que seria,a vida de um homem,incinero de mim,as dúvidas, as asneiras da existência,e em minhas veias correa vontade insalubre,e insana de viver,Algo verdadeiramente real...quando o real é a ilusão,são irmãos,de braços dados no mundo,e a razão nada mais serve,se não de lembranças.

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Com a noite

Hoje a inspiração,veio com o vento frio da noite,veio com o cheiro de amor,e um convite para amar,e esse delírio me consome,o quanto coroe-me...Essa vontade, mas não vejo razão,mas vejo esperança,ainda que queira não posso,por mais que espero não aceito...Eis que a luz da verdade brilhouem meus olhosainda que nada,nada vejam,deixaria como está.Mas não posso deixar,acho que não vou,não adianta mentir,pois os olhos veem.Ah, nada melhor do queo alívio que vem comsagacidade juvenil.A noite propôs sua melhor harmonia.Acho que vou amar,enquanto os olhos estão abertos...

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O erro

Descobri que mesmo queconheçamos os erros,ainda assim erramos,e nessas horas o que fazer?O que muitos fazem é só lamentar [...]e a angústia bate insolente no peito.E agora dizer que o que passounão valeu,que aprender com os errosnão é língua faladaentre os homens?Como disse o Mestre:– homens de pouca fé.O tempo não volta,as palavras não desfazem-sedentro do coração.E eternamente seremosaquilo que nós pensamos...buscamos, ou você acha que as palavrasmorrem frente ao papel?

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O que as palavras não falam A minha irmã Patrícia Raquel

Brilhou num olhare expandiu-se no coração,se formou entre gritos e planto.Cresceu tão rápido que não foipercebido...e de repente o incrível aconteceu se formoue gerou o que chamo de delírio,e é bom poder contarcom teus ombros,e poder dizer grandes amigos aindaque o destino nos separe.

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Ver para crer

O tempo passae a maturidade chegae é a hora de escolher,de um lado sonhos de um menino,do outro, a cruel realidade do capitalismo,que impõe matar pra viver.Enquanto os sonhos de um meninode mudar o mundosão enterradose como vítimas da realidadeé chegada a hora de se responder:“vale apena sonhar?”O que muitos fazem eu não sei...quem mais ganha nessa escolhasó quem escolhe pode responder.Quanto custa sonhar?Mas podemos lembrarque Cristo venceu o mundo,e até hoje é o nosso herói.Não matou, nem fez guerra,como muitos dizem ser preciso.Sonhar pesa viver mais ainda.Crer é cruel,o sangue já foi derramado!O que resta?Sonhar ou se entregar?A esse mundão de realidades,

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que pra viver esqueceuo respeito ao próximo.E até pra viver não dá maispois o ar que respiramosnos é cobrado.Temos que viver para crer nesse mundão.

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Como antes nunca maisA minha mãe Maria de Lourdes

Andar nas ruas hojenão é mais como era anteso brilho da manhã,não brilha como anteso “eu te amo” virou mensagem eletrônica– i love you.Ninguém ama mais como antes,ninguém cuida como antes,como antes nunca mais.E os lábios estão cheios de amargurae os corações dilacerados,e a vida incompleta.Chorar por um pouco,Mais de tempo...Tempo pra amar e ser feliz!E simplesmente sonhar e cultivarflores no solo do coração.E desfazer-se dos espinhosque cresceram na alma.E se tornar limpo das dores do espírito.E crer como nunca se creu antes.E olhar pro céu e vero azul que muito se esqueceram de olhar!E relembrar o que realmente importa.Não só viver do que se deve.Olhar as fotos de quando éramos crianças,de chupeta na boca e sorriso no rosto.

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Ainda vale a pena tentar...se cair não importa, isso serve paraaprender andar,e tentando aprendemosa ser como nunca fomos antes!

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Eu

Às vezes queria ser mais euqueria ser mais meus erros e acertosmais meus medos e certezasmais, mais, só mais eu de verdade...sem preocupa-me com poderes de ninguém...hoje sou eu!Amanhã de novo eu...mas todo dia um eu calado.Calado para vida, para tudo.

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Dama de flores À amiga Ângela

Avidamente caminhei entreos calçados dos teus solos,toquei no alto e lúcidosonho teu...Olhei, mas os olhos não viramaqui onde os sonhos são de metal,o chão de bronzee o ar sufocante,sonhei contigo,acariciando teus cabelos.Trouxe-te aqui, mas tua terra é melhor.Teus sonhos reluzem como ouro,teu orvalho é lucidez.Vou deixar partir para tua terra.Terra que cai a chuvade lágrimase floresce a esperança.Uma imensa saudade...Mas morrerás mesmopros meus sonhos...

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Seremos outra vez

Por amor sou capaz de morrer,morrer todos os dias,morrer para mim mesmo.Para o mundo todo;capaz de rasgar minhas vestes...Queimar o trigo do campo,incendiar as dores da alma.Voar mais alto,mais alto que qualqueramante-sonhador já voou por amor.Pelo brilho do teu olhar,pela paz de tua face,viveria a mais desconhecidasituação pelo amor teu.Por ti... Por mim... Por nósmorreria, nasceria, viveriatudo por ti!Pois tudo que em mim há,sem ti nada é...Sem teu amor seria como o desertoque chora pela maiscurta gota d’águaque cai do céu,como um eterno apaixonado,sem seu par amante.Ainda te espero nas manhãs frias ou quentessei que virá pro meu lado,e juntos seremos outra vez um só.

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Rosas, cravos e espinhos

Só sendo morto para pararde sentir dor,só deixando de existirpara parar de magoar-se.Temos que ser convictos queenquanto existimos,teremos um mundo para vencer,e uma coroa para conquistar,chorar quando for necessário.Mas se entregar ao desespero jamais.Desistir no primeiro problemanão é solução de nada!E nunca esquecer que na caminhadahá rosas, cravos e espinhos.Tem amor e desamor.Recuar não trará soluções,tentar, e sempre tentarolhar o céu como quemabre os olhos pela primeira vezdepois de uma grande cegueira,agarrar-se com os amigos,buscar a pureza da vida!Amar e sonhar...É querer, querer como nunca se quis.E quebrar as correntes que ligamao passado hostil,e se firmar nas promessas de Deus altíssimo.

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Ser chamado poeta

Enquanto ainda houvercaneta, papel, inspiraçãoTalvez continue a escrever.Singelos versos e tímidas rimas,puros sentimentos, bruta emoção.De alguém que foi conquistadopelas letras.Ou talvez do som que o silêncio fazou pelo que os olhos não viram,e os ouvidos desconhecem.Ao mundo dos que sentem,a força da razão mais forte,do que dão o sanguepara manter um sonho.Alguém que a loucuraparece nada e os problemasfonte de inspirações...que almeja algo que ninguémjamais tocou...É um alguém amante, amado, traído, traidor,forte, fraco, sensível, sonhador!Ser chamado poeta,que vive no mundo,mas o mundo não nele.

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Luz, câmera, ação

No teatro que é a vida– existem dores.No teatro que é a vida– existem ilusões.Por trás das cortinashá muitas coisas que sónós, atores desse imensoespetáculo da vida, sabemos.Há lágrimas, jejum de carinhos,mas há amores.Existem alegrias e cenas que jamaisiremos esquecer.Temos também o autor desse espetáculo,que é Papai do céu,e o diretor que morreu numa cruz.O agora foi o passado que plantamoso futuro resultado do presente!Nesse imenso teatro a céu-abertohá quem se destaque,e os que se calam.É o teatro da vida...

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Vai tentar a vida em outro céu A Marcel Pires

Talvez amigo tua almacarregue em siuma magia incomum,uma cor jamais vistaTalvez em ti haja um dom da humildade.Foste escolhido como filho,filho de Deus...Então por isso carrega em ti,tudo isso,isso tudo que não dá nem pra seescrever, pois ainda é pouco.Tu és como o sabia quecanta só,mais encanta a muitos...Vai, vai tentar vencer nessa vida:vai e nunca esqueça,das coisas boas dessa vida.Do brilho do amanhã,e dos amigos que sempreestiveram contigo.Não esqueça a força que existe em ti.Não apague o amor quehabita em você.E da simplicidadeviva solenemente como um duque que temo mundo em suas mãos.E reconheça cada momento bom!

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A porta

Hoje vi meus medos todos a minha porta,Na porta da alma...Pensei que hoje perderia meu coraçãoTive certeza, lhe perdi, e se não fosse muito,Também perdi a força da alma e bem-quererA vontade de gritar pela vidaE a máxima vontade de existirMas ao reaver teu sorriso,Meus olhos sorriram tambémE ao pulsar de tuas batidasVoltei a viver.

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Ao desligar-me do tempo

E antes que a vidase transforme em ventos e solidão,darei de mim muita fé e compaixão.Seguirei até o monte,mais alto das emoções.Gritarei de lá de cima:amo-te Deus.Viverei na estaçãoque se desliga do tempo,tentarei redescobrir o alicerce daminha vida, em cada relembrar dabeleza da existência.Pintarei de novas cores meu coração,apagarei de mim o desamor,e caminharei na calçada descalçoe solfejarei teu nome.E te direi o que nunca falei e te chamareide volta pra mim!

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Além de fatos, realidades

De repente deparei-me com o medo,ou um acúmulo de angústia,que ficou travado no centroda minha garganta.Por mais que os olhos estivessemsaltando seus diamantes líquidos,a alma estava a chorar!Dói, dói uma dorzinha queespeta o coração, balançaas convicções e nos tornamoscrianças, no solo que habitamos “homens fortes”.Fortes sim! Pelo punho de seus braços,mas fracos na gestão de amor.Que não se deram conta que vivempela misericórdia do Pai.Mostra um horizonte muitoalém dos humanos,por cair talvez assim aprendi.Fiz o que era ou não a ser feito!Consequência positiva ou negativaserá amanhã espelho,além de fatos realidades!

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Antes que o céu caia

Pensei que todo poetaseja ele branco ou negro,amarelo ou indígena,vinha com uma plaquinha, oumelhor, uma etiqueta,um manual de instruções.Mas vi que não!Que não importa o que sejamospoeta ou um ladrão...sempre fica a nossa incumbênciade nos tornarmos seres melhores!O tempo vem, vai, passa,mas os verdadeiros só continuamdepois das grandes tempestades.Quem disse que as tempestadesnão podem ser suportados?Então olhem os coqueiros da beirada praia... veja como suportamos tempos maus,ou olhem aos pecadores do alto mar.Não acredito mais emEtiquetas, nem em formas e falas bonitasSó o tempo mostra a alma,mas como eu sou um pecadorposso dizer o que tá certo ou não?Por isso temos um Deuslá em cima,mas tenho certeza que antesque o céu caiasobre nossa cabeça ele virar...

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Infância

Antes eu era assim:um menino que dividiao tempo entre comer, brincar,dormir, sonhar e raramente trabalhar.Eu era um menino que tomavamuitos banhos de rio e igarapé.Corri atrás de saracura no mato,fui pegar camarão com paneirona maré seca,sempre para alimentar os filhotesde passarinhos que eu achava.Sempre gostei da natureza,nasci com uma parte minha verde.Que chorava pela mata.Andei muito de canoa, e no barcobóbóbó do papai.Comi muito jambo, manga, e ingáque tomávamos emprestados dos vizinhos.Sem dizer o que consegui algo quase impossívelque era empinar pipa no meio do açaizal.Tempos bons, tempos que nunca vou esquecer.Como campinho de bola nas terrasde vazias secas.Sem mais palavras pra tentarexplicar...foi maravilhosa...

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Sou poeta

Por muitas vezes me pergunto:porque eu um garoto que sóaprendeu a ler na quarta sériee a escrever muito enrascado na sexta,tem essa vontade de escrever...!?E talvez algo que não tenho certezaum punhado de letras no sangue.

Eu, filho de um pescador,nasci com vontade de ser poeta,viver no mundo das ilusões,semear no vento,e colher no deserto.Não sei se nasci para ser poeta,pois para mim ser poetavai bem além de escreverjuras de amor,e contradição social.É ter um mundo nas mãos,pois um dia essas coisas que eu escrevo,podem parar nas mãos de uma criança,e a mesma ler.Não sei porque, mas tenho certeza,se soubesse teria essa mesmavontade de escrever.E formularia outras perguntasa mim mesmo...

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Amor do destino

Navega Minh‘alma,em mares inanes pra sempre,corre a ti meu sonhonessas águas lindas e ilusórias.

E em cada mergulhovejo-me em teus olhoseu cá com as lágrimas que teus olhoscarregam... Tristeza, sonho e desavença.

Nem o pudor te traz aqui,respeito tuas lágrimas,teus seios de amor.

Navega então cá em mimem meus sonhos e amores,molha meu rosto com tuas lágrimas.

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Coisas que passam em branco A meu pai Francisco

Carregamos, jogamos em cada canto,escrevemos, fingimos que não sentimos,mas sentimos.Precisamos - ainda que nãoaceitamos - precisamos.Todos os dias respiramos;e não nos perguntamos de ondevem o ar.Todos, todos os dias,sem nem mesmo percebervivemos e não nos perguntamosquem nos deu a vida.E você sabe?

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Um dia escreverei À amiga-professora Angelina

Um dia escrevereimesmo que sejapara enfornar nas gavetasPara relembrar, e ter saudadesE talvez enriquecer,o íntimo e frágil sentimento meu!Guardarei as palavras nos bolsos de minhas vestes.E darei aos ouvidos que quiseremouvir – foi maluco, foi...e também direi que as palavrasenriqueceram minh‘alma,confortaram, fizeram-me muitasvezes voltar-me em mim.

Um dia escreverei,hoje talvez só rabisquetraços no vazio oculto,e nas manhãs de minha vidaadmira-as e talvez inspirar-meem cada nascimento das ditas.Agora tô aqui... amanhã sei lá...minhas “palavras” comigo.E também meus sonhos e anseios.

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Um dia escreverei, ou já escrevi?Por amor talvez? Ao oposto amado?A vida sonhada? Ao beijo não tido?A vida ilusória de todos os artifícios?E chegará um dia uma pequena etalvez única verdade futura...um dia escreverei.

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Real

A mão que ajudouhoje tenta me afundar.O sorriso que um diaincentivou deseja o mau.E quem um dia pôsseu amor na janela,agora escondo-o como quemse guarda de uma guerra.E os sentimentos que floresciamcomo rosas,deixaram de existir.E o desejo sem força,foi pouco a pouco, desfalecendo,e a morte exalando.Seu perfume de angústia e medo.Parece mais um poema,triste escrito.Ou talvez uma canção de morteescrita e descrita.Raiva repulsiva encheu,preencheu...nada parecia fazer parte.E o sol veio aparecendo no horizonte,e junto a primavera,e a vida continuou...E as flores do espetáculo da vida.

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Foram se abrindoe o prazer em viver,renascendo.E os olhos dos incrédulosde longe viram e admiraram...O jardim que renasceu.

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Cognoscível

O medo é como o vento só,como a pedra.Assim como os passosda dança.É o bailar do tempo,é a doce e pura poesiada existência.O medo é doce,é o viver nas quatro paredes,o existir da solidão.É existir nas escuras,é brilhar na luz.O medo é como o véu,o céu escuro.O medo, maior medo meu,é não ter tua boca em mim...e acordar e dormir só...e os ventos passarem,e o som se propagar.O medo! O medo meu e quando tenhoque existir semvocê em mim!

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Nesse chãoA Dalcídio Jurandir

Nesse chão,que se tornou palco de tantas coisas,em que já caíram lágrimas e sorrisos,ilusão e aplausos...E momentos que o silênciofoi a melhor solução!

Nesse chão,que já passou os mais honradoshomens, e os mais desprezíveis seres.

Nesse chão,que todos os diasuma nova vida nasce,e uma outra entra no descanso eterno.

Nesse chão,que nasceu o romancista que mudouseu tempo,que explorou os detalhes!

Nesse chão,que a vida prossegue,esse chão é meu...esse chão se chama Ponta de Pedras.

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Era da luz

E o sol raiou entreos peitos dos que se dizia luz...E os raios de lucidezencheu os olhos dos donos da verdade,e passos após passos,vi a luz, a luz que tododia iluminou, e assim mesmonão vemos;e hoje não foi tão diferentesão poucos que aceitam...não vivemos mais os tempos das afirmações.Hoje com cada um apenas por seucada um.Foi o tempo de flores na janela,de cartas que inspiravam-lhese de um bom perfume...Hoje nada é mais queum dia após o outro.A luz da verdade que sempre iluminou.Parecer ter um vasto discipulado cego.E o silêncio tomou conta de tudo,mas o silêncio da alma.Pois ainda se ouve bemo choro do corpo...Se não cuidar da alma comoo corpo vai passar bem?

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Tentarei, tentei

Ir em frente quando o caminho cessa.Quando a estrada chega ao fim.Sonhar quando a realidadepesa mais que o planeta.Crer quando os fatos não são aliados.Existir quando tudo parece não ter sentido!Amar quando o amor parecenão mais existir.Persistir ainda que com força tente calar-me.Difícil, não é?E quando o coração em nada mais tem fé,quando os amigos não parecemfazer diferença alguma,quando a vitória parece perder seu sabor.O que fazer?Renovar as forças e abrir o caminhono desconhecido,carregar o peso dos sonhos,Crer que Deus está conosco,e tentar outra vez,e fechar os olhos e amar,amar cada detalhe da vida.Eu faria tudo isso, mesmo que as lágrimasalimentem o meu corpoe o soluço seja o som da minha dor.Tentarei, tentarei, tentarei... tentei.

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Meu canto

I

Meu canto nasceu comigo,na barriga da minha mãe,fui uma cantadadada ao destino

Que chorou sem nempor que saber,dada as outras bocasfoi eu o canto diferente?

Um canto da terra,de ponta, ou imitadordo grande mestre?

Fui eu o canto que ecooudepois da tempestade?Ou simplesmente fui botado pra fora?

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II

Sou eu o canto da terrado açaí, do povo que come tucumã,e joga rede rio a dentro?Que tá largando a canoa?

Que esqueceu o gemidoda seringueira,o grito dos engenhos,somos nós esse canto?

Somos nós o canto dessa geração?Que esqueceu o rio,e vive uma imensa asneira?

Que repassará o que temos,mas o que temos é bom?Somos esse canto?

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III

Nosso canto foi feito pelamorte da cabanagem,pelos pobres homens marajoaras,pelo peconheiro de açaí.

Somos a geração que deveriahonrar esse canto!Aplaudir a queda da manga,e a desova do tamuatá.

Mas esquecemos a terraque o chão nos suporta,e as lágrimas caídas,

Sou daqui da bocado Marajó-açu, um mulatinhoque o canto, não encanta, mas canto!

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Aos meus passos

Antes que toda vontadeseja de nadae todas as juras de amor mentiras.Quero ir à lua, à luta,à rua, a Roma,quero abrir a bocae colocar para foraessa vontade envolvente, quente,antes que eu percaa força, o agora, a vontade, a garra,quero sonhar com você,comigo, com o universo desconhecido.E lembrar-me de ti comochama, fogo, água e chuva.Pois muitas vezes alimentoumeu fogo, e em outras vezesjogou água encima!Antes que me enterre vivo, morto, calmo, calado.quero ir além do meu imaginário,e recontar as lágrimasuma por uma, e dizer que valeu a pena!E mergulhar na eternidade como peixe.Mas antes disso mudareimeu espaço, sonhar conjunto aos meus passos!

48 Convites para Amar

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Um dia

Sei que um dia tudoque faço será colocadoem uma balança:todos os meus medos, acertos,dúvidas e certezas.Tudo não terá preço algum,pois o tempo comerá um após um dos valores.E as poucos lembrançasque ficarem,encherão todos os dias os olhos de lágrimas,carregarei após e enfim, tudo que nada é.Pois quem faz com fétem quem olhe.E não, e ao mesmo tempo,tentando, nada terei feito.E as incógnitas da vidasem respostas sumirão, e os medosrepulsivos, não sei o que dirão,e um punhado de letrasterei deixado aos meus.Como lembranças de sonhos,e a costa talvez dobrada,e minha face talvez beijada.

Marcos Samuel da Costa 49

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Ciclo da vida A minha sobrinha Sarah Costa

Preocupo-me com a vida,pois tenho uma.Preocupo-me com a existência,porque existo.Preocupo-me com a sociedade,pois faço parte dela.Preocupo-me com o planeta,porque moro dele.Preocupo-me com a natureza,pois faço parte dela.Sonho com a vidapois espero muito dela.Sonho com a existência,porque um dia quero ser alguém...

50 Convites para Amar

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Cai, cai, cai

Vi hoje o céu,mas tão longeque não me animei.E no compasso do tempo,batendo em disparada ao aconchego.Sobre o chão quedeverá sair a caminhada,e as lágrimas da alma,cai, cai, cai, Cair e Abel.Sobre o homem, caiu o rio.E o sol queima a pele,a falta não é de água,mas sim de apresso, amor e compaixão.E ao dispor da maturidade fica a verdade,ficou o sangue.Que antes nunca foi visto,e no horizonte da imaginação.O homem, seu sonho, sua realidade,juntos, unidos e sufocados.E os pressupostos do querer.Não mais calou o homem.E o sonho de nada tem sabor,cai, cai, cai, Cair e Abel.O homem matou o homem.E tudo colorido.É manifestação da alma e imaginário se muda...a desumanização sobposta,na porta, janela e coração.E os grilhões, puseram seu efeito.

Marcos Samuel da Costa 51

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Tão nítido

Vi o quão vi,o quão longe vi,que são os sonhos... vi...Passeiam, nos rodeiam,mas sempre tão distante,moram aqui, ali, lá, aculá.São visto, mas não enxergados.Vividos mais não existidos.Ao passar do vento da tarde,e ao se aproximar do sorriso sereno,o corpo...corpo quente, humilde, macio.Veio o desejo.Floresceu a mentira,tomou passo com a ilusão.E eu aqui tentando poetizar a canção.Estás aqui, mas tão tínido,que simplesmente sumiu.

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Do que se faz um poema?

O poema é feito de pedra,como o fogo é resultadodas batidas conjuntas das ditas.É o incêndio desnudo eminucioso do agora,e do consumo do medoe da saudade.A união do dia e da noite.

O poema é feito de lágrimasque cai do meu, do teu,do nossos olhos.E do desfecho da solidão,e do abrigo-amigo.E do retrato do dito coração.

O poema é feito de alegria, de tristeza,da sagacidade que se opõem em desistir.E do contínuo, do cotidiano,e do imaginário sonhado.

O poema é feito da essência,do desprezo, da falta,do excesso, da falha...

Marcos Samuel da Costa 53

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O poema é voz,é o calar, é o contradizer,é o gritar, é o silêncio...

O poema é feito da vida,da existência,da morte...

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Ao amanhã

Nunca pensei que andariatão próximo a dor,que colocaria os sentimentos,em naus de papeis.Nem tão poucoque a minha caminhada um diaperderia seu sentido.Todos os dias, de todos os lugaresrecebemos informações formadas,sobre tudo...e os sentimentos?E a vida?E a morte parece paralela,em paralelismo infinito.Que direi do meu corpo?O que farei do meu desejo?O que será de mim,enquanto os pensamentosjá processados me afogam,me jogam pra beira...E o mar me engole,o mar das dúvidas,enquanto o coração sente,e os sentidos da vida ficamexpostos, sobrepostos,aonde os olhos não veem.

Marcos Samuel da Costa 55

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Vou indo não seiamanhã mais o hoje,tá difícil, não sei o depois,mas o agora perdeu o sentido.E sinto-me na preita da dor,da dor que perdeu o nome...do desejo que perdeu o sabor.Sou o poeta de hoje...e o amanhar, ah amanhar...você sabe?Se conhecer diga-o, que tô aqui!

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Não consegui achar

Sei que não acheitudo que nunca procurei,tudo, tudo, junto, unido e espalhado.Marcado pela falta de compreensão,esmagado pela tolice humanaregado pelas lágrimasdo orvalho que outrorativera sido enterrado vivo,pelas mãos dose olharei e cantarei,direi: que o sol irá brilhar,que minhas mãos foram lavadas.E meus pensamentos cessados.E minha língua cortada,por tua eloquênciao mundo cruel,por ti ninguém,mais tira o chapéu,fostes, vieste, estás aqui.Não quero te ver,pois tu não faz bem,bem a ti mesma.

Marcos Samuel da Costa 57

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Subitamente

Têm dias que acordo,e me acho no universo.Assim como tem dia quenão me acho no meu próprioquartos u u u u u u b i t a m e n t e

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Solidão, só, sozinho eusó solidão cão,nesse chão só...Ah solidão, tão forte,tão em mim,só a solidão...opíparo só e triste,nada mas é,que dor, dita dor cão,em outras línguas a própriadita solidão.Amargura não é o fim de tudotriste prato, clarão do sol,ver as lágrimasganhou brilho no amanhã,O rosto cintilante,só, solidão,Nada pois é que a dor.Solidão... Eu só,meus medos.

Marcos Samuel da Costa 59

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Filme do real

Acordo, durmo, morro,e tudo continua o mesmo.A vida no regime do social,agrada aqui, faz ali.Ei, não quero ser igual...A palavra soou como pedra,furou como faca.E derramou sangue.Ei, sangue é meu,a vontade é minha...As lágrimas não valem centavos?E a vida nem um real?Juro que não queriaacordar, e dormir, e viveré algo diferente acontecer.Ei, o coração tá amargo,não dá para mentir!

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Esses versos não são meusÀ amiga Ângela Silva

Esses versos não são meus,esses versos são dela;aquela dita cujavontade envolvente.Daquela rua escuraentristecida das palavras,ou das ondas inexistente da emoção.Esses versos não existem.Esse poeta não existe.Esses versos não são meus,esses versos são dele;aquele medo que friamente mataos vacilantes.Como pode existir poeta sem voz?Ou voz sem poesia?Felizes são as vozes de açoque suportam sol e chuva.E seus versos saem.Pobre de mim poeta de carneque os versos se calam.Esses versos são do povo.Mas o povo não gosta de verso,por isso coloquei meus versosnos assobios e saí por aí.Ainda assim meus versos se calaram!

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Silêncio de um poeta

O silêncio pleno silencio-me.Fez meu céu parecer chão,então os meus lábios secaram.E vivi um jejum de inspiração.A morte de um poeta,é ver os seus versos morrerem!Fui poeta silenciado...Meus versos se silenciaram,minha inspiração sumiu,triste fim de início de começo.De pernas cortadas.De arte irreverente.Não pude eu então numerar as estrelas.Vim ao chão viver,vida como homem,não foi como Carlos.Não tive anjo que me mandasse erguer-me na vida.Ao contrário de Matos,não tive Ângela,foi poema seco que fiz.Dos que não descem na garganta.

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A vida

AvidamenteA

VidaMentiVida

amentementi

avidamente

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64 Convites para Amar

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ÍNDICE

Ruas do existir - Ademir Braz ............................... 07 Prefácio - Gilmar Ramos da Silva ........................... 09Umas palavras - Airton Souza ................................ 11

Poemas ............................................................ 15

Rios? .............................................................. 17A praça ........................................................... 18Adjetivos e os sujeitos ........................................ 19Tempo ............................................................ 20Eu e o tempo ................................................... 21Eu e a noite .................................................... 22Partida ............................................................ 23Tua imagem ..................................................... 24Momentos assim ................................................ 25Momento Qualquer ............................................ 26Habitat ............................................................ 27Dois ................................................................. 28Quem sou ........................................................ 29Cansativo ......................................................... 30Minutos de Saudade ............................................. 31Meu corpo ........................................................ 32Velhice ............................................................ 33Tudo passa ....................................................... 34O novedio que um dia foi meu ............................... 35Marabá - mãe adotiva .......................................... 36Tempo Esperançoso ............................................ 37Sem Título ....................................................... 38

Marcos Samuel da Costa 65

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Poeta .............................................................. 39

Poeta ............................................................. 41Poeta Poetando .................................................. 42Poeta! ............................................................ 43Velha Poética ? ................................................. 44Rima, compasso e sonhos .................................... 45O herói ............................................................ 46

Ruas .............................................................. 47

Rua ............................................................... 49Rua ............................................................... 53

66 Convites para Amar

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Livro impresso em Trebuchet MS, em papel ap 75gr/m²,para a Editora LiteraCidade em 2013.