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CURTA LIBRAS: ARTEFATOS MIDIÁTICOS EM LIBRAS E A PRODUÇÃO
DE SIGNIFICADO DO SUJEITO SURDO
Anie Pereira Goularte Gomes –
Universidade Federal de Santa Maria
Surdo: para além de um sujeito cultural....
Pensar e olhar para o discurso midiático sobre o sujeito surdo na
contemporaneidade e os possíveis efeitos na produção de significado desse sujeito e seus
desdobramentos nas percepções relacionais na atual conjuntura de políticas inclusivas é
o que esse texto tenciona. Nesse sentido, a relação entre as esferas cultural e política não
é nova e tangenciando os processos de subjetivação do sujeito surdo que se narra e é
narrado pela mídia é lançado um olhar analítico para essa dinâmica.
As produções midiáticas que tematizam a surdez ao longo dos últimos anos
possibilitaram novas provocações e des(encontros) que colocaram em suspenso algumas
“verdades” sobre esse sujeito incitando novas condições para se pensar a constituição do
sujeito surdo. A partir da análise dessa materialidade pensou-se nesse contexto propor
outros engajamentos na produção de vídeos de comunicação de massas como redes
sociais onde a perspectiva da pessoa surda a partir dos Estudos Culturais ganhasse
visibilidade e pudesse circular em espaços diversos.
Historicamente, o sujeito surdo saiu da periferia de produção do conhecimento
sobre si e colocou na vitrine as questões culturais tornando-se protagonista nos
enunciados que corporificam esse discurso. Nesse sentido, a norma “surda” que regula e
conduz a vida dos sujeitos produz um status legítimo do conceito de cultura surda que
baliza muitas práticas do cotidiano. Destaco também nessa égide que constituem e
circulam na comunidade surda as estratégias e gerenciamento de riscos, mas que não
serão exploradas nessa discussão.
Ladd (2013) relata as experiências surdas no ambiente escolar, principalmente em
épocas de escolas residenciais fomentando uma consciência cultural nesses encontros e
já insurgindo a ideia de nação surda. Esses elementos remetem as lutas atuais de direito e
respeito à um povo surdo, e consequentemente a sua língua e cultura. Fatos esses narrados
por Padd (2013) demonstram como foram se constituindo essa gama de significados e
pertencimento a comunidade surda.
Essas histórias não servem apenas de insumo para pesquisas históricas, mas nos
ajudam na noção de genealogia do conceito de cultura surda que pode ser pensado a partir
dessas narrativas que foram consumidas em diferentes tempos e espaços de comunidades
surdas espalhadas pelo mundo.
O narrar sobre si não é mero palavratório mas trazem memórias e experiências
que são validados como saberes sujeitados. Essa rede discursiva engendra nossas práticas
e atua como dispositivo no processo de subjetivação das pessoas surdas.
Na perspectiva pós-estruturalista, discutindo a ampla classe dos dispositivos
foucaultianos, Agamben (2010) chama de dispositivo “qualquer coisa que tenha de algum
modo a capacidade de capturar, orientar, determinar, interceptar, modelar, controlar e
assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os discursos dos seres viventes” (p. 40). E
sendo a educação um empreendimento coletivo e considerando as insurgentes demandas
nas políticas públicas, a afirmação de si e o apagamento do outro se tornam cada vez mais
evidentes.
O consequente reducionismo dessa diferença cultural a sua língua tem efeito
também de colocar outros sujeitos (ouvintes) em outras práticas relacionais. Essas
fronteiras entre culturas não são seccionadas dos sujeitos, muito menos de suas línguas.
Esse paradoxo de não pertencimento a cultura do sujeito ouvinte cria elementos
que correspondem a um estrangeirismo, para não dizer um turista. Para Bauman “A
peculiaridade da vida turística é estar em movimento, não chegar” (1998, p. 114).
No tocante a essa questão, é importante salientar que a construção de uma língua
oral e uma língua visual também conduzem a um processo de estabelecimento de relações
internas diferentemente. Portanto, esses discursos que reduzem a diferença cultural surdas
apenas à diferença linguística devem atentar aos elementos que esta agrega. Essa
dicotomia entre sujeitos e línguas pode atuar como um gatilho nas dinâmicas de
individualização cultural.
Essa necessidade de afirmação cultural, de sair do papel de figurante ou melhor
de coadjuvante nos discursos que circulam sobre o sujeito surdo pode ser analisado como
uma recorrência em diferentes cenários de nosso país.
Lobo (2015) percorre 500 anos de história da sociedade brasileira estudando as
existências infames e sem notoriedade, que não tiveram importância nos marcos
históricos, dentre eles: os surdos. A autora faz uma problematização genealógica da
deficiência do sentido de “uma primeira investida em uma análise não linear que aborde
a emergência de suas práticas e a elaboração de seus discursos” bem como “a discussão
das questões políticas que os engendram e que possam ser confrontadas com o que ocorre
na atualidade” (Lobo 2015, p.15).
Em sua pesquisa Lobo (2015) encontra categorização do surdo nos séc. XIX e XX
vinculado a monstruosidade, atraso mental e uma série de características físicas, mentais
e psicológicas desviantes.
São discursos atenuados se comparados os dos higienistas e
psiquiatras, uma vez que o surdo-mudo (à diferença dos imbecis e
idiota)já era objeto das preocupações não só dos médicos, mas
principalmente dos educadores, que em geral acumulavam as duas
funções. Os médicos, estes sim, distinguiam no surdo-mudo de
nascença uma infinidade de estigmas físicos, acrescentavam-lhe a
imagem lombrosiana do surdo-mudo imbecil, violento e de má índole,
sobretudo quando não educado. (Lobo 2015, p.61)
Durante anos, os surdos foram narrados como deficientes, como sujeitos da falta,
e o discurso cultural vem proteger, socorrer, subverter essa natureza deficiente da surdez.
Acredito que a noção de cultura, nos últimos anos, ganhou dimensão tão ampla e voraz
em discursos tão prolixos, estando estes intimamente ligados à constituição do eu-surdo.
Sendo assim, a cultura surda é a válvula de escape salvacionista da lógica
deficiente narrada ao longo dos anos, sendo a mídia um canal privilegiado de significação.
Pensando a mídia também como um espaço educativo, Gadelha (2009, p.173), a afirma
que educação agencia a questão da subjetividade, “envolvendo-se em processos, políticas,
dispositivos e mecanismos de subjetivação”, ou seja, como o próprio autor indica,
“constituição de identidades, de personalidades, de formas de sensibilidade, de maneiras
de agir, sentir e pensar normalizadas, sujeitadas, regulamentadas, controladas”, e ainda
em relação a isso o autor coloca que “resistência ao poder entra em foco podendo pensar
como ela, “a educação, se encontra implicada na invenção de maneiras singulares de
relação a si e com a alteridade”. (Gadelha 2009, p.173)
A partir desse entendimento é que a articulação com a mídia, especificamente no
que se refere a produção de significados de sujeitos surdos é que problematizamos alguns
enunciados que hoje emergem no cenário virtual.
Caminhos percorridos na esfera virtual: outros significados, outras possibilidades...
O presente artigo é resultante do Projeto intitulado Curta Libras: Artefatos
midiáticos em Libras e a produção de significado do sujeito surdo da Universidade
Federal de Santa Maria e teve como objetivo central a produção de um programa de TV
em LIBRAS sendo os protagonistas: pessoas surdas. Calcado nos Estudos Culturais, e
aproximando os discursos de língua e cultura com a produção de significado da pessoa
surda é que questionamos de que forma pessoa surda vem sendo narrada pelos discursos
midiáticos, ou melhor, como está sendo produzida nos contextos virtuais.
O trabalho tem incursão na perspectiva pós-estruturalista e incorporou as contribuições
dos estudos culturais. Sendo assim, o projeto promoveu através de seus vídeos a
protagonização das pessoas surdas e também possibilitou que a imagem dessas pessoas
fosse percebida como aquela que pode desenvolver todas as funções inerentes a qualquer
pessoa sendo surda ou não. Desta forma, entende-se que as posições discursivas nos
vídeos tendem a ir reinterpretando significados e possibilitando a não perpetuação de uma
perspectiva generalista sobre a pessoa surda. A produção e circulação do processo de
significação de mundo passam pela linguagem.
É através dela que construímos os significados. Assim, a linguagem saiu do papel
coadjuvante e tomou papel central neste estudo. Foram produzidos vinte e cinco
episódios, com cinco temas específicos, de curta metragem, veiculados pela TV Campus
da UFSM e posteriormente transmitido nas redes sociais do projeto. Os temas foram os
seguintes: Gastronomia: Chef de cozinha, ensinando receitas; Maternidade: Psicóloga e
doutoranda em Linguística com dicas sobre o universo materno e estimulação aos filhos;
Fitness: Pessoa envolvida em mídia fitness e acadêmico de educação física sugerindo
cuidados e exercícios para o corpo e bem-estar necessários à saúde; Arte e Cultura:
Entrevistadora com artistas surdos ligados a arte, cultura e música. E ainda um tema onde
foi realizado um programa de entrevistas: produção de vídeos sendo a entrevistadora uma
Doutora em educação com estudos na área de mídia e os entrevistados pessoas surdas
tendo como tema diferentes aspectos da vida humana: Mercado de trabalho,
Relacionamento, Ensino superior.
A citada entrevistadora Melânia de Mello Casarin, foi colaboradora do projeto
durante sua produção. Acredita-se que este projeto ao produzir textos virtuais sobre as
pessoas surdas, também produziu partes de um discurso que constituiu uma gama de
significados sobre elas. Salienta-se que as produções midiáticas possuem um grande
potencial de abrangência e são espaços educativos e de produção de conhecimento sobre
esses sujeitos. Por se tratar de uma língua visual as produções midiáticas que envolvem
artefatos visuais tem um status privilegiado na produção do conhecimento sobre esses
sujeitos.
Figura 1: Apresentadores do Curta Libras
Fonte: Print Screen de alguns episódios
Proposições e articulações com a comunidade...
O intuito foi produzir artefatos visuais em LIBRAS tendo como protagonistas
pessoas surdas. Todas os episódios foram produzidos na Lingua Brasileira de Sinais a fim
de proporcionar aos espectadores conteúdos de diferentes temas. Os curtas também
visaram oportunizar o aprendizado de alguns sinais contextuais em Libras. Toda essa
materialidade pode fomentar pesquisas sobre o conteúdo abordado no programa e sua
relação com a produção de significado da pessoa surda.
As ações durante as articulações do projeto perpassaram diferentes setores da
sociedade como: alunos e professores da UFSM, comunidade surda, intérpretes de
LIBRAS e profissionais de comunicação. Os programas foram realizados com o apoio da
TV Campus, onde a partir de do segundo semestre do ano de 2016 foram veiculados
semanalmente na TVcampus e posteriormente foram postados no canal intitulado "Curta
Libras" em circulação livre na internet. O projeto contou com bolsa do Prolicen e do Fiex
no período de vigência de março de 2016 à janeiro de 2017 e com colaboradores do
núcleo de acessibilidade responsáveis por todo o processo de tradução dos episódios e da
TV Campus (editores e cinegrafistas) responsáveis pelas imagens e edições dos
programas.
Sistemática editorial: produzindo significados e tecendo redes discursivas...
Para pensar nas possibilidades discursivas demandou um longo trajeto percorrido.
Mecanismos e estratégias para administrar os textos narrados foram pensados e
articulados com a comunidade surda. Nessa sessão descrita, transcorre essa trajetória
relatando os caminhos percorridos. A sistemática foi a seguinte para a produção de cada
um dos episódios: Contato com o profissional surdo vinculado ao tema abordado; Reserva
de um local adequado para a filmagem; Criação do roteiro (coordenação do projeto e
surdo protagonista); Gravação do programa em LIBRAS onde o protagonista surdo
ensina ao público o conteúdo relacionado a sua área de atuação; Filmagem de imagens
externas para inserir em cada um dos programas; Edição dos vídeos; Tradução para a
língua Portuguesa na modalidade oral e Inserção de créditos.
Figura 2: Exemplo da sistemática de edição do programa
Fonte: Print Screen do programa de edição das filmagens
Figura 3: Lista de episódios no Canal do Curta Libras
Fonte: Print Screnn dos episódios postados no Canal
Por se tratar de um programa que foi veiculado primeiramente na TV Campus da
UFSM e depois ter veiculação livre na internet e ter como público-alvo em sua grande
maioria pessoas surdas, foi necessário criar uma representação gráfica através de uma
logomarca para estar inserida em todos os episódios.
Figura 4: Logo marca criada por Helenne Sanderson
Fonte: Arquivo pessoal de Helenne Sanderson
Veiculação da produção dos vídeos em LIBRAS na mídia televisiva e redes sociais...
Para a veiculação na rede foi criado um perfil no facebook e instagram para a
divulgação e maior contato com a comunidade surda. Também uma conta no youtube,
para proporcionar um maior alcance. Após a transmissão da TV Campus semanalmente
os episódios eram postados nos referidos endereços eletrônicos.
Figura 5: Perfil no facebook Figura 6: Perfil no Instagram
Fonte: Fonte:
Print Screen do facebook do Curta Libras Print Screen do Instagram do Curta Libras
Fgura 7: Canal do Curta Libras no Youtube Figura 8: Criação do Canal
Fonte: Fonte:
Print Sreen do Canal do Youtube Arquivo pessoal da coordenadora do projeto
Do status linguístico: tradução e dublagem dos episódios...
Optou-se pela Língua Brasileira de Sinais ser a língua fonte de todos os episódios,
e uma vez atentando para as questões culturais e objetivando uma não poluição visual,
não foi incluída a legenda e sim a tradução para a Língua Portuguesa na modalidade Oral.
A tradução para a Língua Portuguesa na modalidade escrita foi previamente realizada
pelas intérpretes da UFSM para a posterior gravação dos áudios. Foram necessários mais
colaboradores para dublagem de personagens masculinos, uma vez que todas as
tradutoras eram mulheres. Para isso contou-se com a apoio de pessoas que trabalham na
TV Campus que liam os textos traduzidos pelas intérpretes quando a pessoa surda era
homem. Sendo assim todos os textos foram narrados de forma oral simultaneamente a
sinalização em LIBRAS.
Em poucos episódios quando se fez uso da Língua Portuguesa da modalidade
Oral, o processo foi inverso. Foram filmados vídeos em Libras para a inclusão da “janela
do intérprete”.
Figura 9: Janela do intérprete quando a lingua fonte era a Lingua Portuguesa na
modalidade oral
Fonte: Print Screen do Curta Libras
Figura 10: Tradução e dublagem de Carine Barcelos e Jussara Maitê Esmério
Fonte: Facebook do Curta Libras
Dos efeitos: ações micro nas fissuras do engessamento conceitual
Pensar e discutir as noções de sujeito, língua e produção de significado da pessoa
surda foi o que tencionou a realização desse trabalho. Mas justamente esse debate torna-
se imperativo nas universidades, uma vez que a LIBRAS e consequentemente a pessoa
surda tem adentrado esses espaços. Pensar o sujeito surdo para além da docência e sua
língua foi o caráter norteador desse processo. Não se objetivou ir na contramão do
discurso celebratório da diferença surda, mas “rachar” o engessamento e o purismo
cultural dele.
O engessamento da cultura, tanto pelos discursos inclusivos quanto pela
resistência surda, tende a enclausurá-la, a classificá-la e a conceituá-la, impossibilitando
os questionamentos, as problematizações, as inferências que são primordiais na produção
do sujeito surdo. Entender como são produzidos os discursos, para quem, como, quando
e com qual finalidade, é uma forma muito mais modesta, mais humilde, de caráter
investigativo que não busca uma verdade universal.
O real só acontece na medida em que escapa ao que já sabemos, ao que já
pensamos ou ao que queremos. Ainda segundo Larrosa (2008, p.186): “por isso o desejo
de realidade é também um desejo de alteridade. Mas de uma alteridade que não tenha sido
anteriormente capturada pelas regras da razão identificante e identificadora. Uma
alteridade que se mantenha como tal, sem identificar, em sua dimensão de surpresa”.
Nesse sentido, o povo surdo busca nomear sua cultura como algo fixo, estável. E
foi nas brechas e fissuras desse entendimento que promover a imagem da pessoa surda
vinculado a produção de conhecimento em diferentes áreas, divergindo da comum
narrativa monotemática sobre cultura é que o projeto se configura como uma ação micro
mas potente.
Sendo assim, essa discussão foi levada para diferentes âmbitos institucionais, uma
vez que contou com alunos e colaboradores de diferentes áreas e setores.
Figura 11: Apresentação das na 31ª Jornada Acadêmica Integrada da Universidade
Federal de Santa Maria (JAI-UFSM) nos módulos Pôster e Comunicação Oral
Fonte: Arquivo pessoal das bolsistas Bibianna Ferrão (à esquerda) e Amanda Santos
Silveira (á direita)
Os curtas apresentaram um alcance bastante significativo, em relação ao seu status
nas redes sociais. A repercussão do projeto pode ser demonstrada através dos comentários
como feedback e do levantamento de dados estatísticos do projeto.
Figura 12: Comentário aberto nas redes sociais do projeto
Fonte: Canal Curta Libras no youtube
Percebemos também a satisfação da comunidade surda em ter programas
elaborados em sua própria língua, bem como comentários de pessoas ouvintes que
puderam produzir conhecimento de diversas áreas a partir do programa tendo como língua
fonte a LIBRAS e como sinalizador uma pessoa surda. Esses elementos contribuem de
forma significativa para a produção de significado da pessoa surda.
:
Figura 13: Tabela com alcance de números das visualizações dos episódios até
2016.
EPISÓDIO CURTA LIBRAS TV CAMPUS
VISUALIZAÇÕES VISUALIZAÇÕES
Parto Natural 719 2.779
Ioga e pilates 409 366
Hambúrguer 417 548
Dança e literatura 351 206
Relacionamentos 256 396
Amamentação 787 323
Aeróbico 154 162
Nhoque 202 148
Teatro 342 189
Relacionamento 2 368 124
Fralda 1.732 143
Rotina Saudável 217 354
Pizza 337 154
Expressão facial 160 151
Mercado de Trabalho* 139 119
Chamada do curta Não tem vídeo 97
Tonicidade 69 96
Estimulação no Lar 441 155
Desenho 133 105
Cheesecake 150 121
Alimentação Saudável 204 147
Sling 1.777 126
Risoto Sem vídeo 59
Curta Libras: 280 inscritos – 9.677 visualizações -Fonte: Relatório GAP/CE 2017
Outra faceta foi a função didática de ensino LIBRAS dentro dos episódios. É
importante salientar que os vídeos do projeto Curta Libras não foram produzidos para
ensino de Libras, porém, entende-se que o público ouvinte procurará associar os sinais
que foram abordados durante a sinalização do episódio. Diante disso, ampliamos o curta
para que no final de cada episódio, os cinco sinais mais usados pelo protagonista sejam
reforçados por um professor de LIBRAS e com uma caixa escrita em português ao lado
da sinalização de cada um deles.
Figura 14: Professor Willian da Motta Brum no bloco: Ensino de LIBRAS
Fonte: Print Screen do Curta Libras
Enfim, a produção de vídeos como artefatos visuais foi além de fomentar elementos
de informação cultural às comunidades surdas. Promoveu a imagem da pessoa surda
como geradora de conhecimentos num contexto contemporâneo em que as profundas
transformações sociais, gestam os elementos que são atualmente possíveis de construir
novos significados.
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