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DA EDUCAÇÃO INFANTIL À EDUCAÇÃO ESPECIAL - UMA TRAJETÓRIA INCLUSIVA Leila Salgado de Paula 1 AV: Moacir Paletta, 1177, bl.3, apt.903, São Pedro, Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3225 6020 / 3225 4748 / 91231316 [email protected] A inclusão consiste em adequar os sistemas sociais gerais da sociedade, de tal modo que sejam eliminados os fatores que excluíam certas pessoas do seu seio e mantinham afastadas aquelas que foram excluídas (SASSAKl, 2005). Acredito que seja importante iniciar nossa conversa com a reflexão de como vim parar aqui entre alunos, professores de Educação Especial, psicólogos, dirigentes da Educação, enfim, “educadores” que sonham com um sistema educacional e social mais inclusivo. Dentro de mim tem um pouco de tudo. Um tanto de alegrias, outro tanto de angústias e de expectativas nesta minha trajetória como “professora-aluna” de Educação Infantil, psicóloga e coordenadora de um Centro de Atendimento Educacional Especializado, CRAEDI. Escrever minha trajetória profissional, minha vida relacionada à Educação, principalmente à Especial, é registrar um crescimento diário no contato direto com toda a diversidade que a escola comporta. A experiência como professora regente me apresentou todas as necessidades que o aluno com deficiência e seus educadores apresentam durante a caminhada educacional. Foi nesse tempo de mestre, um tempo de apreensões, solidão, aprendizagens e emoções, que nenhum livro é capaz de descrever. Aprendi com meus alunos o que passei a sonhar desde então: Que todas as pessoas precisam apenas de oportunidades para demonstrar quão longe podem chegar. 1 Secretaria Municipal de Educação de Governador Valadares / MG. Dirigente da Educação Especial/Inclusiva. Coordenadora do CRAEDI - Centro de Referência e Apoio à Educação Inclusiva.

DA EDUCAÇÃO INFANTIL À EDUCAÇÃO ESPECIAL - · PDF fileSocial, Terapeuta Ocupacional, Psicóloga e Professoras de Educação Especial. O Atendimento Educacional Especializado é

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DA EDUCAÇÃO INFANTIL À EDUCAÇÃO ESPECIAL - UMA

TRAJETÓRIA INCLUSIVA

Leila Salgado de Paula1

AV: Moacir Paletta, 1177, bl.3, apt.903, São Pedro, Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3225 6020 / 3225 4748 / 91231316

[email protected]

A inclusão consiste em adequar os sistemas sociais

gerais da sociedade, de tal modo que sejam eliminados os

fatores que excluíam certas pessoas do seu seio e mantinham

afastadas aquelas que foram excluídas (SASSAKl, 2005).

Acredito que seja importante iniciar nossa conversa com a reflexão de como vim parar

aqui entre alunos, professores de Educação Especial, psicólogos, dirigentes da Educação,

enfim, “educadores” que sonham com um sistema educacional e social mais inclusivo.

Dentro de mim tem um pouco de tudo. Um tanto de alegrias, outro tanto de angústias

e de expectativas nesta minha trajetória como “professora-aluna” de Educação Infantil,

psicóloga e coordenadora de um Centro de Atendimento Educacional Especializado,

CRAEDI.

Escrever minha trajetória profissional, minha vida relacionada à Educação,

principalmente à Especial, é registrar um crescimento diário no contato direto com toda a

diversidade que a escola comporta.

A experiência como professora regente me apresentou todas as necessidades que o

aluno com deficiência e seus educadores apresentam durante a caminhada educacional. Foi

nesse tempo de mestre, um tempo de apreensões, solidão, aprendizagens e emoções, que

nenhum livro é capaz de descrever. Aprendi com meus alunos o que passei a sonhar desde

então: Que todas as pessoas precisam apenas de oportunidades para demonstrar quão longe

podem chegar.

1 Secretaria Municipal de Educação de Governador Valadares / MG. Dirigente da Educação Especial/Inclusiva. Coordenadora do CRAEDI - Centro de Referência e Apoio à Educação Inclusiva.

Estar à frente do serviço de Atendimento Educacional Especializado da Secretaria

Municipal de Educação de Governador Valadares, me permite contribuir para a transformação

do nosso sistema em um sistema educacional verdadeiramente inclusivo. Isto me faz

acreditar que a inclusão pode, sim, ser uma realidade.

Memórias... Memórias... Como é bom tê-las! Elas me ajudaram a chegar até aqui e me

ajudarão muito, quando eu tiver que lembrar das minhas atuais lutas e conquistas. Que elas

sejam ferramentas para transformar minha prática educacional nos momentos em que eu

sentir que o que faço já não me satisfaz.

Escrevo e reescrevo há todo momento minha história de amor com o atendimento

educacional especializado. Caminhada que começou há 14 anos quando, aos 18, me formei

professora (dos anos iniciais) na cidade de Timóteo, coração do Vale do Aço, nas Minas

Gerais, onde lecionei por um ano.

No ano seguinte iniciei minha formação em Psicologia na cidade de Governador

Valadares e comecei a lecionar na escola pública para alunos da Educação Infantil.

A liberdade de organização do espaço, dos objetivos e das ações, própria da Educação

Infantil, contribuiu para que eu pudesse vivenciar junto aos meus pequenos grandes

aprendizes, momentos de recreação, construção de vínculos afetivos e aquisição de

conhecimentos sem qualquer tipo de discriminação.

A educação infantil me mostrou que as crianças, sejam elas deficientes ou não, têm as

mesmas necessidades básicas de brincar e receberem cuidados, afeto e proteção, e têm ainda,

os mesmos anseios de aprender e de se desenvolverem.

Foi recebendo na minha sala de aula alunos com deficiências, que aos poucos fui

reconhecendo que essas são apenas pessoas com possibilidades diferentes, com dificuldades

que se constituíam desafios para que eu, professora, pudesse rever minha função, meus

objetivos e, principalmente, minha prática enquanto educadora.

Na inexperiência dos meus poucos anos de magistério, com meus experientes alunos

fui aprendendo a brincar, brincando de aprender. Aprendi muito mais que ensinei. Aprendi

com eles e eles aprenderam entre si.

Muitos foram os momentos de angústia e de solidão. Muitas vezes nos foi cobrada a

escrita correta das palavras, a construção de textos, a alfabetização. Mas sem saber muito bem

o porquê, lá no fundo, meu desejo era de contar histórias pelo simples prazer de ver os

olhinhos deles brilhando, dentre eles, os de uma aluna com deficiência auditiva, que eu

colocava entre as pernas, para que pudesse me ouvir melhor.

Eu me realizava, brincando de ensinar as poucas expressões que eu dominava em

inglês para suprir a necessidade de mais atividades de um aluno superdotado, que já sabia ler

aos 4 anos.

Alegro-me ao lembrar de todas as manhãs, do ano em que eu deixei a minha mesa de

professora (transformada em biblioteca), para me sentar junto a uma aluna com deficiência

mental, que aos prantos se agarrava no meu braço e dizia: “Tia, eu só quero aprender!”.

Muitos foram os momentos de dramatização, jogos e brincadeiras onde todos

participavam e contribuíam com o que de melhor tinham a oferecer. Aos poucos eles foram

me ensinando o que é ser uma professora inclusiva, coisa que ainda estou tentando aprender a

ser.

Em 1999, me formei em Psicologia e comecei a utilizar meus conhecimentos no

trabalho com meus alunos, seus pais e os colegas professores. Naquele ano substituí por 30

dias a professora de uma sala “especial” de alunos repetentes, enturmados por nível de

aprendizagem de forma excludente e discriminatória.

Ficava profundamente incomodada,ao ouvir alunos de 8 anos me dizerem: “Nós

somos da sala ruim da escola”. Comecei a trabalhar com eles em grupos, incentivar a

organização do espaço e do pensamento, contar histórias, brincar, realizar cálculos mentais,

dramatizar, pensar, repensar, intuir, testar... Tudo o que eu tinha aprendido com meus

pequenos professores da Educação Infantil. Quando saí, a carinha deles havia mudado. Tive a

leve impressão de que eles ficaram mais felizes.

Alguns anos depois, um desses alunos já alfabetizado e cursando o Ciclo da Pré-

adolescência, veio ao meu encontro dizendo: “Eu conheço você... Você é aquela professora

que me fez passar de ano com aquelas contas de matemática!” Fiquei na sua memória como

alguém que apostou nele, e ele ficou na minha para que eu não me esquecesse jamais que este

é o meu papel.

No final daquele ano, levantei a discussão sobre a ineficiência desta forma de

enturmação naquela escola e, ainda hoje, lutamos para que elas inexistam.

1. DIRIGINDO OS PRIMEIROS ESFORÇOS EM PROL DA INCLUSÃO

Em 2003 fui efetivada no cargo de Psicóloga da Secretaria Municipal de Educação de

Governador Valadares, recebendo a missão de estruturar o setor de Educação Especial da rede

municipal de ensino.

Ao assumir o cargo fiquei a me perguntar o que eu tinha a ver com a Educação

Especial, pois eu nunca havia realizado nenhum trabalho com alunos com necessidades

especiais. Esquecendo-me completamente da minha trajetória, comecei minha apresentação

para a nova equipe dizendo: “Não tenho nenhuma experiência no trabalho com crianças

especiais...” Que me perdoem meus pequenos mestres pelo esquecimento, mas somente após

iniciar meus estudos em Educação Especial, numa perspectiva inclusiva, é que, aos poucos,

fui dando conta de que há alguns anos a inclusão vinha sendo uma suave realidade para mim e

que, por isso, não era nada difícil pensar em sua implementação na escola regular.

Como dirigente da Educação Especial/Inclusiva pude implantar programa de formação

continuada para os professores, iniciar atendimento aos alunos com surdez e com deficiência

visual, bem como construir uma legislação municipal que contemplasse todos os serviços

necessários para oferecer atendimento educacional especializado, aos alunos com

necessidades educacionais especiais na rede municipal de ensino.

Em 2003, nosso município se tornou pólo do Programa “Educação Inclusiva: Direito à

Diversidade” – MEC, realizando seminários de formação de dirigentes e educadores de

Governador Valadares e vários municípios de região. Esses seminários contribuíram para a

sensibilização e capacitação dos profissionais da educação da rede pública, que puderam

conhecer um pouco mais sobre a diversidade presente na sala de aula, repensar suas práticas

educacionais e redirecionar o caminho da escola comum, visando a atender com qualidade

todos os seus alunos.

Fazer parte deste Programa significou o posicionamento de Governador Valadares

entre os municípios brasileiros que abraçaram de fato a causa da Inclusão.

2. CRAEDI - DO SONHO À REALIDADE

Estar à frente do setor de Educação Especial/Inclusiva me proporcionou ser capacitada

pela Secretaria de Educação Especial SEESP/MEC, receber materiais e fazer cursos de

formação, que contribuíram e, ainda, contribuem para que eu possa estruturar o atendimento

educacional especializado da rede municipal de ensino do município.

Em 2005, apresentei projeto para a criação de um centro de atendimento educacional

especializado, numa perspectiva inclusiva, para atender alunos com necessidades

educacionais especiais incluídos nas escolas municipais de Governador Valadares.

O CRAEDI – Centro de Referência e Apoio à Educação Inclusiva, órgão da Secretaria

Municipal de Educação de Governador Valadares, foi inaugurado em 09/11/2005. Oferece

atendimento educacional especializado, numa perspectiva inclusiva, aos alunos com

necessidades educacionais especiais incluídos nas escolas municipais, dentre eles: deficiência

auditiva, visual, mental, física, síndrome de DOWN, transtornos globais do desenvolvimento

e altas habilidades/superdotação.

O CRAEDI, idealizado e hoje coordenado por mim, surgiu para atender às

determinações da LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação e demais documentos

orientadores do MEC em relação ao apoio à inclusão educacional de alunos com necessidades

educacionais especiais.

O Centro possui uma equipe multiprofissional para oferecer atendimento educacional

especializado e atendimento clínico: Professora de Português/LIBRAS, Professora de

BRAILLE, Instrutora de LIBRAS, Pedagoga, Fonoaudióloga, Fisioterapeuta, Assistente

Social, Terapeuta Ocupacional, Psicóloga e Professoras de Educação Especial.

O Atendimento Educacional Especializado é realizado através de oficinas pedagógicas

sendo elas: Oficinas de Artes, Psicomotricidade, Conhecimentos, Linguagem, Português para

aluno com surdez, BRAILLE, LIBRAS e Programa de atendimento para alunos com Altas

Habilidades/ Superdotação.

O trabalho nessas oficinas proporciona o desenvolvimento de habilidades e

competências necessárias para a aprendizagem dos conteúdos específicos e estimula o aluno a

organizar e gerir seu próprio processo de aprendizagem e desenvolvimento, tornando-se cada

vez mais emancipado.

O Centro se preocupa ainda com a formação continuada para os professores das

escolas municipais, com o acompanhamento da prática docente e sensibilização da

comunidade escolar, buscando assim a promoção de uma educação de fato democrática e

eficaz.

3. DEFICIÊNCIA FÍSICA

O aluno com deficiência física, encaminhado para o CRAEDI recebe atendimento

Educacional Especializado nas oficinas de Conhecimento, Linguagem, Psicomotricidade e

Artes, além do acompanhamento com Fonoaudióloga, Fisioterapeuta e Terapeuta

Ocupacional. Essas profissionais orientam os professores das escolas municipais nas

adaptações necessárias, para melhor atender às necessidades de cada caso.

O aluno é estimulado para que faça uso dos recursos de comunicação alternativa e ou

aumentativa, materiais e jogos adaptados, que são construídos pelos profissionais do

CENTRO e ou da escola.

Os professores da escola são capacitados e orientados quanto à construção, adaptação

e a melhor utilização dos recursos disponíveis, necessários para que o aluno possa ter sua

acessibilidade garantida.

Oficina de Artes

O uso de materiais pedagógicos e equipamentos adaptados, dos recursos de

Comunicação Alternativa e Aumentativa e a preocupação com a acessibilidade arquitetônica e

bem-estar físico do aluno permitem ao mesmo ter acesso tanto ao conteúdo trabalhado quanto

às relações sociais estabelecidas.

Os professores do atendimento educacional especializado – CRAEDI com os

professores da escola comum da rede municipal de ensino trabalham numa parceria que

proporciona maior qualidade de vida ao aluno com deficiência no espaço escolar,

independência na realização de suas tarefas, ampliação de sua mobilidade e comunicação e

habilidade de seu aprendizado, facilitando sua permanência, com sucesso, na escola regular.

4. DEFICIÊNCIA MENTAL

O trabalho com o aluno com deficiência mental realizado pelo CRAEDI busca, através

das atividades de livre expressão, organização do pensamento e estimulação da linguagem,

proporcionadas pelas oficinas de Conhecimentos, Linguagem, Artes, Psicomotricidade e Pré-

profissionalizantes, desenvolver habilidades necessárias para que esse, possa se posicionar

como agente gerenciador do próprio saber, apropriando-se do mesmo.

O objetivo do trabalho é a emancipação desse aluno, trabalhando em grupo,

construindo, participando, escolhendo, pensando e repensando, constantemente, seu fazer.

E, ainda, busca-se capacitar as escolas para que, em vez de adaptar e individualizar o

ensino para atender alguns alunos, possam realizar uma mudança em suas concepções,

revendo seus objetivos e suas práticas de ensino. Assim, possam oferecer uma educação de

qualidade que contemple a todos.

A escola passa a ser desta forma um espaço de construção coletiva do saber, respeitando,

valorizando as diferenças e reconhecendo-as como elemento enriquecedor do ambiente de

aprendizagem.

5. DEFICIÊNCIA VISUAL - PROJETO COM TATO

O CRAEDI estimula a alfabetização em BRAILLE e oferece apoio aos alunos cegos e

com baixa visão incluídos nas classes regulares.

São desenvolvidas ações de Orientação e Mobilidade, Estimulação Precoce e

Atividades de Vida Diária, contemplando:

- Alunos do Ensino Fundamental

- Alunos do EJA – Educação de Jovens e Adultos

- Alunos da Educação Infantil.

Os professores da escola comum têm sua prática pedagógica acompanhada pelos

profissionais do CRAEDI, que orientam os mesmos na confecção e utilização de materiais e

equipamentos adaptados.

6. PESSOA COM SURDEZ - PROJETO VENCENDO O SILÊNCIO

Os alunos com surdez, incluídos nas escolas regulares municipais, recebem

atendimento educacional nas oficinas de LIBRAS; Português como 2ª língua; Artes e

Estimulação da Oralidade.

Os professores e intérpretes das escolas municipais têm seu trabalho acompanhado e

orientado pelas professoras do CRAEDI.

Português para alunos com surdez

Procuramos trabalhar com o aluno de forma a atingir o máximo de seu potencial, uma

vez que todas as estratégias são planejadas e utilizadas, pensando no aluno com surdez e sua

forma de aprender.

O trabalho com o aluno com surdez vai além do simples aprendizado e utilização de

LIBRAS na escola regular; necessitando de uma modificação das práticas pedagógicas

desenvolvidas.

Uma vez vencida a barreira da linguagem, esses alunos podem se apropriar das

informações e conhecimentos a que todos os outros alunos têm acesso. O acesso à língua e

conseqüentemente à comunicação total traz o acesso ao “Saber”, apreendido e compartilhado

no cotidiano escolar.

Métodos, estratégias, recursos didáticos e pedagógicos que busquem garantir o acesso

do aluno com surdez à aprendizagem efetiva na escola comum, norteiam nosso trabalho de

apoio ao aluno e a seus professores.

7. ATENDIMENTO AO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE E DO TALENTO

Os alunos indicados pelas escolas municipais com altas habilidades/Superdotação,

iniciam a observação assistida no CRAEDI para confirmação da área de talento. Após os

resultados da observação, recebem atendimento especializado para o desenvolvimento de suas

potencialidades na área de talento que foi diagnosticado..

O trabalho com os alunos bem dotados visa ao desenvolvimento do potencial e do

talento, desde o 1º ano do Ciclo da Infância até o final do Ensino Fundamental.

O aluno é assistido por uma equipe de professoras do CRAEDI que organizam grupos

de interesses e projetos de pesquisa nas áreas de seu interesse e acompanham seu

desenvolvimento escolar através de visitas periódicas à escola.

Para se atingir o máximo do potencial, é necessário que o trabalho seja feito em

parceria com a comunidade. Somente um profissional de alto nível pode estimular o

desenvolvimento do potencial e do talento do aluno bem dotado, portanto os grupos de

interesse contam com profissionais da comunidade que voluntariamente trabalham com esses

alunos.

O papel do programa é o de suprir e complementar as necessidades educacionais

apresentadas, possibilitando o amplo desenvolvimento pessoal e criando oportunidades para

que os bem dotados encontrem desafios compatíveis com suas habilidades.

Grupo de Interesse – Alunos com altas habilidades

8. PROGRAMA DE OFICINAS PARA A FAMÍLIA

O Programa de Oficinas para as famílias surgiu da necessidade de criar oportunidade

de geração de renda para a família dos alunos atendidos pelo CRAEDI.

Consiste em oferecer às mães e aos pais a possibilidade de realizarem cursos de cabeleireiro, corte e costura, culinária, dentre outros, enquanto seus filhos são atendidos no Centro.

Para a oferta dos referidos cursos, o CRAEDI busca parceria com instituições que já realizam cursos para a comunidade.

A primeira parceria firmada atende 50 pais de alunos com necessidades especiais do CRAEDI.

Tais parcerias visam auxiliar as famílias com ações de geração de renda, ao mesmo tempo em que despertam nelas o desejo de buscar uma melhor qualidade de vida.

9. ESTRUTURAÇÃO DOS ATENDIMENTOS DO CRAEDI

9.1 Oficinas Pedagógicas

Objetiva atender às necessidades dos alunos em todas as áreas de conhecimento:

Oficinas Objetivos Nº Alunos

Artes Possibilitar a criação artística através da livre expressão. 40 ALUNOS

Pintura, decopagem, modelagem, desenho, dramatização,

dentre outros.

Conhecimentos

Permitir a exploração do trabalho com textos de vários

gêneros e ampliar conhecimentos do mundo através da

pesquisa e do compartilhar experiências.

40 ALUNOS

Linguagem

Explorar a linguagem oral e/ou escrita em situações diversas

de comunicação, construindo ou reconstruindo textos

criativamente, utilizando a poesia, a teatralização, dentre

outras formas de expressão.

23 ALUNOS

Movimento Trabalhar, através da expressão corporal, música, teatro,

trabalhos manuais, brincadeiras, todas as formas de expressão

através do corpo e seus movimentos.

25 ALUNOS

9.2 Projeto Vencendo o silêncio

Oferece atendimento educacional aos alunos surdos e deficientes auditivos.

9.3 Projeto Com Tato

Oferece atendimento especializado aos alunos cegos e com baixa visão

Classes Regulares Atendimento Educacional/CRAEDI Número de alunos

Modalidade Atendimento recebido Alunos

Classes

Regulares

Inclusão dos alunos nas classes regulares com intérpretes.

32 alunos

Atendimento

Educacional

Especializado/

CRAEDI

Durante toda a escolarização, o aluno recebe atendimento

especializado:

- LIBRAS

- Português/2ªLíngua;

- Oficina de Artes;

-Capacitação de professores, pais e intérpretes.

- Preparação para o trabalho

32 alunos

- Os alunos cegos e com

baixa visão são incluídos

desde a Educação Infantil

nas classes regulares das

escolas municipais.

- Estimulação precoce; -AVDs- Atividades de vida diária; - Ensino do BRAILLE; - Noções de orientação e mobilidade; - Oficina de Movimento; - Adaptação de recursos didáticos e materiais às necessidades do aluno; - Capacitação de professores.

06 alunos da

Educação Infantil

13 alunos do ensino

Fundamental

11 alunos do EJA

9.4 Programa de Capacitação por Adesão

Capacitação de Educadores das escolas regulares municipais

Alguns dos Cursos Oferecidos Ano Número de

participantes

- Curso de Formação de Gestores e Educadores do

Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade/40

horas – MEC

2004, 2005,

2006 e 2008

745 professores de

Valadares

160 educadores de

102 municípios da

região

- Saberes e Práticas da Inclusão/ 120 horas – MEC 2006 e 2007

167 educadores

- LIBRAS para Educadores e Intérpretes /52 horas 2005, 2006 e

2007

50 educadores

- Inclusão do Aluno com Baixa Visão /16 horas – MEC 2007 50 educadores

- Inclusão do Aluno com Deficiência Mental 2007 e 2008 30 professores

- Inclusão do Aluno com Autismo 2007 e 2008 30 professores

- Projeto Educar na Diversidade/ 40 horas – MEC 2007 54 professores

9.5 Outras ações

Serviço de Itinerância Professores e técnicos do CRAEDI fazem visitas periódicas às escolas regulares para orientação de professores/ educadores e apoio aos alunos incluídos.

“Parceiros da Inclusão”:

Encaminhamento para serviços

complementares

Parceria com profissionais liberais e instituições que

atendem gratuitamente alunos e pais:

- CVT – Centro Vocacional Tecnológico,

- UNIVALE /Universidade Vale do Rio Doce

(Informática, odontologia, fisioterapia, psicologia,

turismo)

-Secretaria Municipal de Assistência Social,

Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de

Cultura Esporte e Lazer

- Psiquiatras, Neurologistas,Psicólogos, Oftalmologistas

e outros.

Oficinas de

Preparação para o trabalho

O CRAEDI, em parceria com a APAE/GV, oferece

oficinas de preparação para o trabalho a alunos que

tenham recebido o benefício da Terminalidade

Específica.

O CRAEDI visa a acompanhar o processo de escolarização do aluno com necessidades

especiais desde a Educação Infantil até o seu ingresso no mercado de trabalho, contemplando

ações voltadas para o desenvolvimento do aluno, o trabalho com a família e a capacitação dos

educadores das escolas regulares, que são os agentes principais deste processo de inclusão.

Hoje, passados mais de dois anos desde a sua criação, é possível sinalizar que o

CRAEDI vem cumprindo, através de suas ações, com o propósito a que se destina: apoiar o

município em sua busca por se tornar um Sistema Educacional Inclusivo, firmando-se nos

pensamentos de ARMSTRONG (1999) “inclusão é um sistema de educação que reconhece o

direito a todas as crianças e jovens a compartilharem de um ambiente educativo em que todos

sejam valorizados por igual, com independência das diferenças percebidas quanto à

capacidade (...) ou estilo de aprendizagem”.

Através das ações desenvolvidas pelo Centro, a rede municipal de ensino de Governador

Valadares tem aumentado a cada ano o número de alunos com necessidades especiais incluídos

em suas escolas regulares.

Em 2005 eram 167 alunos incluídos. Hoje 280 alunos, de todas as escolas municipais,

recebem no contra-turno atendimento educacional especializado. Seus professores têm seu

trabalho orientado e acompanhado pela equipe especializada, além de receberem

sistematicamente formação continuada.

As Oficinas para Pais vem contemplando um número cada vez maior de famílias que,

com o apoio de parceiros, conseguem tornar-se economicamente ativas.

Através do Projeto “Parceiros da Inclusão” temos aberto portas para que nossos alunos

tenham acesso a espaços e serviços pouco ou nada acessíveis a eles. Estas parcerias significam a

inclusão desses alunos em cursos, serviços de saúde e até mesmo no tão almejado mercado de

trabalho.

Acreditamos que o CRAEDI tem se tornado, ao longo desses poucos anos, um espaço

de reconhecimento e valorização das potencialidades de cada um de seus envolvidos.

DADOS 2005 2006 2007 2008

Alunos Atendidos 75 168 186 280

Escolas Acompanhadas 08 33 38 43

Professores Capacitados 190 248 262 328

Famílias Assistidas 12 78 140 224

Alunos Encaminhados Para Serviços

Complementares

00 32 45 123

Dados referentes aos serviços oferecidos pelo CRAEDI

A conjugação do verbo incluir em todos os seus tempos e modos impulsionam hoje a

equipe deste Centro. Orgulha-nos perceber que através de nossas ações a escola, seus

professores, pais, alunos com e sem deficiência podem hoje se sentir menos solitários.

Nossas práticas e intenções inclusivas são como sementes delicadamente plantadas em

cada professor orientado, em cada diretor sensibilizado, em cada pai acolhido, em cada aluno

atendido.

Temos consciência de que ainda há muito a fazer. Poucas são as sementes e muitos são

os jardins. Estamos a trilhar devagar, cuidadosamente e de fato, o longo caminho da inclusão.

Tento a cada passo não me deixar esquecer o pedido emocionado feito por minha pequena

aluna: “Tia, eu só quero aprender!”

REFERÊNCIAS ARMSTRONG, F. Inclusion, curriculum and the struglle for space in school. Internacional Journal of Inclusive Education, v.3, n.1, p.75-87, 1999. BRASIL. Atendimento Educacional Especializado: Formação de professores para o atendimento educacional especializado. Ministério da Educação/ SEESP São Paulo: 2007.

BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Ministério da Educação / SEESP. Brasília: 2001. BRASIL. Declaração de Salamanca e Linha de ação sobre necessidades educacionais especiais. Ministério da Justiça / CORDE. Brasília: 1994. BRASIL. Educação Inclusiva – Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência Mental. Ministério da Educação / SEESP. Brasília: 2006. BRASIL. Lei n. 8.069/90, de 13 de julho de 1990; Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: 2003 CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GOVERNADOR VALADARES. Resolução nº02 de 13 de julho de 2005. Normatiza para o Sistema Municipal de Ensino de Governador Valadares as diretrizes da Educação Especial na Educação Básica. Governador Valadares: 13 jul. 2005. CRESS 6º R. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Coletânea de Leis. Belo Horizonte: 2004. CRESS 6º R. Declaração Universal dos Direitos Humanos – Coletânea de Leis. Belo Horizonte: 2004. SASSAKl, Romeu Kazumi. Inclusão: O paradigma do século 21. Inclusão: Revista da Educação Especial/Secretaria de Educação Especial, Brasília: v.1, n.1,p. 21, out. 2005.