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Ministério da Saúde – MS 

Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS  

Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST) 

Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental ‐ CGVAM 

Universidade Aberta do SUS (UnA‐SUS) 

 

Organização Pan‐Americana de Saúde (OPAS‐OMS) 

 

Universidade Federal do Rio de Janeiro ‐ UFRJ 

Instituto de Saúde Coletiva ‐ IESC 

 

Laboratório de Educação a Distância do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (LABEAD/IESC) 

Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus ‐ Coordenação Geral 

Maria Izabel de Freitas Filhote – Coordenação Adjunta 

Nolan Ribeiro Bezerra Teixeira – Coordenação Técnica 

Maria Imaculada Medina Lima – Supervisão de Produção 

Clayre Lopes – Supervisão de Produção 

Mariano Andrade da Silva – Técnico  

Gleice Borba Ferreira da Silva – Secretária 

Danielle Ribeiro – Revisão Ortográfica  

 

Laboratório de Tecnologias Cognitivas do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (LTC/NUTES) 

Miriam Struchiner – Coordenação Geral (Equipe pedagógica) 

Taís Giannella – Coordenação Executiva (Equipe pedagógica) 

Rodrigo Alcantara de Carvalho – Designer Instrucional 

Silvia Esteves Duarte – Designer Gráfico 

Márcia Quintella de Oliveira – Designer Gráfico 

Luciana Martins Vieira‐ Técnica em Assuntos Educacionais 

Letícia de Moraes‐ Apoio Administrativo 

Daniela de Melo Callegario – Estagiária de Programação Visual 

Vanessa Padilha – Estagiária de Programação Visual 

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APRESENTAÇÃO  

 

 

 

O Módulo I, intitulado Fundamentos Conceituais e Legais Relacionados com a Vigilância da 

Qualidade da Água para Consumo Humano do curso de Vigilância da Qualidade da Água 

para Consumo Humano, tem como objetivo compreender os aspectos conceituais, legais e 

técnicos aplicados à vigilância da qualidade da água para consumo humano. 

O Módulo I foi estruturado em duas unidades, a saber: 

Unidade 1: Fundamentos Conceituais e Legais  

Na Unidade 1 você terá a oportunidade de relembrar os princípios e diretrizes do SUS e sua 

relação com a Vigilância em Saúde, a importância da relação água e saúde, os aspectos 

conceituais, legais e técnicos da vigilância, qual o campo e a forma de atuação da Vigilância e 

quais as competências do setor saúde e prestadores de serviços relacionados à qualidade da 

água para consumo humano. 

Unidade 2: Fundamentos Técnicos  

Na Unidade 2 você vai compreender os conceitos envolvidos no abastecimento de água para 

consumo humano que são fundamentais para o aprimoramento do exercício das atividades 

relacionadas à Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano.  

 

 

 

 

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Módulo I Fundamentos Conceituais e Legais Relacionados com a Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano 

UNIDADE 2 Fundamentos Técnicos

 

 

 

 

 

Autores 

Valter Lúcio de Pádua  

Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre e doutor em 

Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São 

Paulo (EESC‐USP). Pós‐doutorado pelo Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água 

do Conselho Superior de Investigações Científicas de Barcelona, Espanha. Professor adjunto 

do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. 

Leonardo Augusto dos Santos  

Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestrando do 

Programa de Pós Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG. 

 

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Módulo I Fundamentos Conceituais e Legais Relacionados com a Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano 

UNIDADE 2 Fundamentos Técnicos

 

 

 

 

Objetivos específicos 

No fim desta unidade, você terá subsídios para:  

Definir  as  diversas  formas  de  abastecimento  de  água  para  consumo humano; 

Compreender  o  processo  de  remoção  de  contaminantes  químicos  e organismos patogênicos por meio do tratamento da água; 

Definir  os  parâmetros  de  qualidade  da  água  (físicos,  químicos  e microbiológicos)  e  os  seus  significados  sob  a  perspectiva  de  risco  à saúde; 

Avaliar o padrão de potabilidade da água para  consumo humano no contexto das práticas de atuação da vigilância; 

Identificar os tipos de doenças relacionadas com a água para consumo humano, suas vias de transmissão e medidas de controle. 

 

 

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PARA INÍCIO DE ESTUDO 

 

Na Unidade 1 você teve a oportunidade de relembrar os princípios e as diretrizes do Sistema 

Único de Saúde  (SUS) e  sua  relação  com a Vigilância em Saúde, a  importância da  relação 

água e  saúde, os aspectos  conceituais e  legais da Vigilância, quais o  campo e a  forma de 

atuação  da  Vigilância  e  as  competências  do  setor  saúde  e  prestadores  de  serviços  de 

abastecimento de água.  

Na Unidade  2,  você  vai  compreender  os  conceitos  envolvidos  no  abastecimento  de  água 

para  consumo  humano  que  são  fundamentais  para  o  aprimoramento  do  exercício  das 

atividades relacionadas com a Vigilância da Qualidade da Água para consumo humano. Você 

vai ter a oportunidade de entender:  

i) as  diversas  formas  de  abastecimento  de  água  para  consumo  humano,  desde  a 

captação até a distribuição; e  

ii) o processo de  remoção de  contaminantes químicos e organismos patogênicos por 

meio do tratamento da água. 

Outro  ponto  importante  que  você  estudará  nesta  unidade  se  refere  aos  parâmetros  de 

qualidade  da  água  (físicos,  químicos  e  microbiológicos)  e  os  seus  significados  sob  a 

perspectiva de risco à saúde, além dos aspectos relacionados com o padrão de potabilidade 

da água para  consumo humano no  contexto das práticas de atuação da Vigilância no  seu 

município.  

E, por  fim, você vai  ler sobre os  tipos de doenças  relacionadas com a água para consumo 

humano, suas vias de transmissão e medidas de controle. 

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SUMÁRIO 

1. Abastecimento de Água para consumo humano: da captação à distribuição      11 

1.1.  O caminho da Água: da captação à distribuição            15 

1.2. Os Mananciais e as Formas de Captação              17 

1.2.1. Captação de Água de Superfície              17 1.2.2. Captação de Água Subterrânea              24 1.2.3. Captação de Água de Chuva              27 1.2.4. Escolha e Proteção do Manancial de Captação          30 

1.3. O Transporte de Água (Adução)                30 

1.4. Tratamento da Água                  35 

1.4.1. Técnicas de Tratamento com o uso da Filtração Rápida em Meio Granular  39 1.4.2 Técnicas de Tratamento com o uso da Filtração Lenta em Meio Granular    44 1.4.3. Separação em Membranas              45 1.4.4. Etapas de Tratamento Comum a Todas as Tecnologias de Tratamento    45 1.4.5. Remoção de Contaminantes Químicos e Organismos Patogênicos por meio do  Tratamento de Água                  46 

1.5. Reservação e Distribuição                  48 

1.5.1. Reservatórios de Distribuição de Água            49 1.5.2. Rede de Distribuição de Água              51 1.5.3. Instalações Prediais                53 

1.6. Soluções Alternativas Coletivas                53 

2. Qualidade da Água para consumo humano e Plano de Amostragem        55 

2.1. Qualidade da água para consumo humano              55 

2.2.  Plano de Amostragem                  63 

3. Doenças de Transmissão Hídrica                  69 

Resumindo                        74 

Referências Bibliográficas                    76 

 FIQUE ATENTO! 

Existe  uma  grande  variedade  de  possíveis  arranjos  que  caracterizam  as  formas  de 

abastecimento  de  água  para  consumo  humano.  A  seguir,  vamos  aprender  e  relembrar 

conceitos  importantes envolvidos no abastecimento de água,  iniciando com um estudo de 

caso. 

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Introdução ao Estudo de Caso 

 

Caros  alunos,  para  vocês  compreenderem,  os  conceitos  aplicados  no  aprimoramento  das 

atividades  relacionadas  com  a  Vigilância  da  Qualidade  da  Água  para  consumo  humano, 

iniciaremos esta unidade com um estudo de caso que  tem como objetivo apresentar uma 

situação hipotética relacionada com o abastecimento de água, mas que permitirá que vocês 

façam  associação  com  situações  reais,  e  identifiquem  problemas  e  desafios  relativos  à 

Vigilância da Qualidade da Água para consumo humano. No fim da Unidade 2 voltaremos a 

este  estudo  de  caso,  para  que  você  possa  responder  a  algumas  perguntas  após  ler  as  3 

seções que compõem esta Unidade. 

 

Estudo de Caso 

Considere dois municípios  localizados em uma mesma bacia hidrográfica e que há mais de 

50  anos  captam  água  de  um mesmo  rio  para  abastecer  suas  áreas  urbanas. O município 

localizado  mais  próximo  da  nascente,  que  chamaremos  de  “Miguilim”,  possui  3.823 

habitantes  e  o município  situado mais  a  jusante,  que  denominaremos  por  “Manuelzão”, 

possui atualmente 1.253.452 habitantes. O ritmo de crescimento das duas cidades foi muito 

distinto nos últimos 50 anos. A cidade de Miguilim possuía 5.418 habitantes e as atividades 

econômicas  lá desenvolvidas causavam pouco  impacto na qualidade da água do rio, o que 

ainda hoje é observado. Contudo, o uso e ocupação do solo nos demais municípios da bacia 

hidrográfica  foram  feitos de modo desordenado nas últimas décadas,  sendo observado o 

lançamento de esgoto doméstico e efluente industrial não tratados no rio, intensa atividade 

agropecuária desenvolvida por pequenos produtores rurais e, mais recentemente, expansão 

urbana, com a  implantação paulatina de condomínios e  loteamentos e o aumento da área 

de solo impermeabilizada. A poluição difusa decorrente do uso de agrotóxicos também tem 

comprometido a qualidade da água, assim como a erosão causada pelo desmatamento das 

margens do rio.  

Considere que, há mais de 50 anos, no sistema de abastecimento de água que atende a área 

urbana da cidade de Miguilim a captação seja feita diretamente do rio e que na área rural a 

prefeitura local perfurou poços artesianos e instalou chafariz. De acordo com a Portaria MS 

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nO 2914/2011, essa modalidade de abastecimento é caracterizada como “solução alternativa 

coletiva”.  Em  ambos  os  casos,  o  tratamento  da  água  sempre  foi  feito  por  simples 

desinfecção.  Sabe‐se  também que alguns moradores da  zona  rural da  cidade de Miguilim 

optaram por fazer a captação de água de chuva, configurando o que se denomina “solução 

alternativa  individual” de abastecimento de água. Para a cidade de Manuelzão, há 50 anos 

foi construída uma barragem de  regularização de vazão para permitir o abastecimento do 

município e desde aquela época o  tratamento da água  tem  sido  feito por  filtração direta 

descendente. Mas, nos últimos anos,  têm‐se encontrado dificuldade em potabilizar a água 

por meio  desta  técnica  de  tratamento,  especialmente  por  conta  do  avançado  estado  de 

eutrofização da represa onde é feita a captação. A empresa responsável pelo abastecimento 

da cidade de Manuelzão faz o controle da qualidade da água por meio de coleta semanal de 

uma amostra na saída da estação de tratamento, para determinação da turbidez. 

O uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica onde se  localizam a cidade de Miguilim e a 

cidade de Manuelzão estão representados nas Figuras 1 e 2, sendo a Figura 1  ilustrativa da 

situação há 50 anos e a Figura 2 representando o estágio atual. 

 

Figura 1: representação do uso e ocupação da bacia hidrográfica há 50 anos. Fonte:  ReCESA, 2008. 

  

 

 

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10 

 

 

Figura 2: representação do uso e ocupação da bacia hidrográfica na época atual. Fonte:  ReCESA, 2008.  

 A partir do  cenário descrito anteriormente, procure  identificar os problemas  relacionados 

com  o  abastecimento  de  água  das  duas  cidades,  as  causas  dos  problemas  e  as  possíveis 

soluções. No fim da Unidade 2 serão apresentadas perguntas relacionadas com este estudo 

de caso. Esperamos que você esteja preparado para respondê‐las após estudar o texto que 

iniciaremos a seguir.  

Boa leitura!  

 

 

 

 

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11 

 

 1 – Abastecimento de Água para consumo humano: da 

captação à distribuição 

Caro aluno, você sabe quais são as etapas de um sistema de abastecimento de água? Qual 

a diferença entre  “sistema de abastecimento de água” e  “solução alternativa  coletiva”? 

Essas  expressões  apareceram  no  estudo  de  caso  que  foi  apresentado  no  início  desta 

unidade.  Existe  também  a  “solução  alternativa  individual”,  que  em  conjunto  com  as 

expressões  já  citadas  contemplam  as  formas  de  abastecimento  de  água  expressas  na 

Portaria nº 2.914 de 12/12/2011 do Ministério da Saúde, conforme quadro a seguir.  

Sistema de abastecimento de água  Instalação  composta  por  um  conjunto  de  obras  civis,  materiais  e equipamentos,  desde  a  zona  de  captação  até  as  ligações  prediais, destinada  à  produção  e  ao  fornecimento  coletivo  de  água  potável,  por meio de rede de distribuição. 

Solução alternativa coletiva Modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição. 

Solução alternativa individual  Modalidade de abastecimento de água para consumo humano que atenda domicílios  residenciais  com uma única  família,  incluindo  seus  agregados familiares. 

 

Como  você  sabe,  existe  uma  variedade  muito  grande  de  arranjos  de  instalações  de 

abastecimento  de  água  para  consumo  humano,  seja  na  zona  urbana  ou  na  zona  rural. 

Atualmente, no Brasil, a maioria da população é atendida por rede geral de abastecimento, 

mas ainda há muitas localidades onde a rede de abastecimento de água não foi implantada e 

a população se abastece por soluções coletivas, como, por exemplo, chafariz e caminhões‐

pipa. Há  também  famílias que  retiram água,  individualmente, de poço, de minas, e outras 

que constroem cisternas para captação água de chuva, dentre outras soluções alternativas 

individuais. A Figura 3 apresenta, apenas como exemplo, arranjos esquemáticos de algumas 

instalações de abastecimento de água.  

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12 

 

Figura 3a: Solução individual com poço raso.  

Figura 3b: solução individual com captação de água de chuva. 

 

 

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13 

 

Figura 3c: Chafariz sobre poço freático.  

Figura 3.d ‐ Chafariz alimentado por reservatório elevado.  

Figura 3e: Fornecimento de água por caminhão‐pipa.  

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14 

 

Figura 3f: Captação em nascente com adução por gravidade.  

Figura 3g: Captação em manancial superficial, adução por gravidade e filtros lentos.  

Figura 3h: bateria de poços, concentração em tanque de contato/reservatório, distribuição por gravidade (perfil). 

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Figura 3i: Captação em manancial de superfície e rede de distribuição com duas zonas de pressão. Fonte: Adaptado de Heller e Pádua (2010).  Figura 3 ‐ Instalações de abastecimento de água.  

Para  relembrar  ou  aprender  assuntos  relacionados  com  o  abastecimento  de  água  para 

consumo humano, vamos começar a  leitura sobre o caminho percorrido pela água desde a 

captação até a distribuição.  

1.1.  O caminho da água: da captação à distribuição 

Para  fornecer  água  a  uma  comunidade,  em  geral  são  necessárias  as  etapas  de  captação, 

adução,  tratamento,  reservação  e  distribuição,  conforme  ilustrado  na  Figura  4  para  um 

sistema de abastecimento de água. Todas as etapas são importantes e requerem atenção de 

quem trabalha na Vigilância da Qualidade da Água.   

Figura 4: unidades de um sistema de abastecimento de água. Fonte: Brasil, 2006, Adaptada Funasa, 2004.  

 

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16 

 

Você sabe de onde podemos captar água para  fornecer à população? Analise a Figura 5, 

que mostra como a água está distribuída no mundo.  

Figura 5: distribuição de água no mundo. Fonte: http://cadernoaguas.wwf.org.br 

 Por ser mais acessível, freqüentemente a água que abastece as comunidades é proveniente 

de mananciais  superficiais  (córregos,  rios,  açudes,  etc.)  ou  de  poços  subterrâneos.  Se  o 

manancial de onde é  feita a captação é protegido,  isso tornará mais simples o tratamento 

necessário  para  tornar  a  água  potável. Mas,  infelizmente, muitos  dos  nossos mananciais 

estão  degradados,  e  fatos  como  os  relatados  no  estudo  de  caso,  de  contaminação  dos 

mananciais com resíduos agrícola, industrial e doméstico, são comuns em muitas localidades 

brasileiras. 

As atividades agrícolas podem contaminar a água com agrotóxicos, as indústrias  podem  lançar  nos  mananciais  compostos  químicos prejudiciais à saúde humana e o esgoto doméstico pode conter uma grande quantidade de organismos patogênicos, além de nutrientes, especialmente  nitrogênio  e  fósforo,  que  favorecem  a  eutrofização dos  mananciais.  Por  conta  disso,  muitas  vezes  é  necessário abandonar  um  manancial  mais  próximo  da  localidade  a  ser abastecida e buscar água de uma fonte mais distante, mas que esteja menos contaminada, para evitar o emprego de técnicas sofisticadas e caras  de  tratamento  de  água  e  reduzir  o  risco  sanitário  da  água distribuída à população.  

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Voltaremos  a  esse  assunto mais  adiante.  Por  enquanto,  vamos  aprender  ou  relembrar 

aspectos técnicos relacionados com a captação de água. 

1.2. Os mananciais e as formas de captação 

Conforme  destacado  anteriormente,  as  fontes  de  água  que,  usualmente,  abastecem  as 

populações  são  os  mananciais  superficiais  e  subterrâneos,  os  quais  são  dotados  de 

instalações e equipamentos para tomada de água.  

O manancial é uma das partes mais  importantes do abastecimento de água, pois de sua escolha criteriosa depende o sucesso das demais unidades do sistema. Os especialistas não hesitam em reconhecer: “o tratamento da água começa na sua captação”.  

1.2.1. Captação de água de superfície 

Entende‐se  por  captação  de  água  de  superfície  o  conjunto  de  estruturas  e  dispositivos 

construídos ou instalados junto a um rio, ribeirão, córrego, lago ou represa, para a retirada 

de água destinada ao abastecimento de comunidades. Os tipos de captação mais usuais são: 

captação direta ou a fio de água; 

captação com barragem de regularização de nível de água; 

captação com reservatório de regularização de vazão destinado prioritariamente para o 

abastecimento de água; 

captação em reservatórios ou lagos de usos múltiplos. 

A captação direta ou a fio de água é aplicada em cursos de água superficial que possuam 

vazão outorgável  superior  à  vazão  de  captação  e  que  apresentem  nível  de  água mínimo 

suficiente  para  a  adequada  submergência  do  dispositivo  utilizado  para  retirar  água  do 

manancial. Na Figura 6 tem‐se um exemplo da captação direta em um rio de grande porte. 

Vazão outorgável: parte da vazão de um corpo hídrico que pode ser legalmente utilizada. A outorga é um  instrumento pelo qual o poder público  dá  ao  usuário  o  direito  de  uso  da  água,  mas  não  a  sua propriedade, pois a água é um bem público, cujo domínio é exercido pela União, Estados e Distrito Federal. O objetivo da outorga é o de garantir os controles quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso a ela. 

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Figura 6: captação direta no rio São Francisco em Canindé de São Francisco –SE. Fonte: http://www.panoramio.com  

 A captação com barragem de regularização de nível de água também se aplica a cursos de 

água de superfície com vazão outorgável superior à vazão de captação, porém cujo nível de 

água  mínimo  seja  insuficiente  para  a  necessária  submergência  ou  posicionamento  dos 

dispositivos usados para retirar a água. Nesse caso, o nível da água precisa ser elevado por 

meio  de  uma  barragem  de  pequena  altura,  também  conhecida  como  soleira,  cuja  única 

finalidade  é  dotar  o  manancial  do  nível  de  água  mínimo  necessário  à  instalação  dos 

dispositivos de captação. Na Figura 7, tem‐se a fotografia de uma barragem de regularização 

de nível. 

Figura 7: barragem de regularização de nível de água. Fonte: Funasa, 2007.  

 A  captação  com  reservatório  de  regularização  de  vazão  destinado  prioritariamente  ao 

abastecimento de água é empregada quando a vazão mínima outorgável não regularizada 

do manancial de superfície é  inferior à vazão de captação de projeto. Nesse caso, torna‐se 

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necessária  a  construção  de  barragem  com  altura  e  extensão  suficientes  para  permitir  o 

acúmulo do  volume de água que possibilite a  captação da  vazão de projeto em qualquer 

época  do  ano,  além  de  garantir  o  fluxo  residual  de  água  em  quantidade  adequada  à 

manutenção da vida aquática e a outros usos a jusante da barragem.  

Esse é o tipo de obra cujo projeto e construção são mais complexos do que os demais tipos 

de captação citados anteriormente. Na Figura 8, tem‐se um reservatório de acumulação que 

alimenta o maior sistema produtor de água do estado de São Paulo. 

Figura 8: reservatório de acumulação do sistema Cantareira – SABESP. Fonte: http://www.mananciais.org.br  

 Sistema  Cantareira:  O  Sistema  Produtor  de  Água  Cantareira  é considerado  um  dos  maiores  do  mundo.  Sua  área  total  tem aproximadamente  227.950  hectares  (2.279,5  km²),  e  abrange  12 municípios,  sendo  quatro  deles  no  estado  de  Minas  Gerais (Camanducaia,  Extrema,  Itapeva  e  Sapucaí‐Mirim)  e  oito  em  São Paulo  (Bragança  Paulista,  Caieiras,  Franco  da  Rocha,  Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem). É composto por cinco bacias  hidrográficas  e  seis  reservatórios  interligados  por  túneis, canais  e  bombas,  que  produzem  cerca  de  33  m3/s  para  o abastecimento  da  Região  Metropolitana  de  São  Paulo,  o  que corresponde  a  quase  metade  de  toda  a  água  consumida  pelos habitantes da Grande São Paulo. Fonte: Adaptação http://www.wikipedia.com.br 

A  captação  em  reservatórios  ou  lagos  de  usos  múltiplos  é  aquela  que  se  dá  em 

reservatórios artificiais ou em  lagos naturais cujas águas não  tenham o seu uso prioritário 

relacionado com o abastecimento de água, podendo ser utilizada também, por exemplo, na 

geração de energia elétrica, na navegação, lazer e irrigação. Na Figura 9 tem‐se um exemplo 

de lago de usos múltiplos. 

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Figura 9: barragem do lago Itaipu em Foz do Iguaçu –PR. Fonte: http://www.fozdoiguacu.pr.gov.br  

 Lago Itaipu: Formado em 1982, o reservatório de Itaipu tem área de 1.350 km2, sendo 770 no  lado brasileiro e 580 no  lado paraguaio. A profundidade  média  do  reservatório  é  de  22  metros,  podendo alcançar  170 metros  nas  proximidades  da  barragem.  A  represa  de Itaipu  é  utilizada  na  geração  de  energia  elétrica  e  também  como lazer,  havendo  no  seu  entorno  clubes,  praias  artificiais, ancoradouros,  marinas  e  parques.  As  concessões  para  esse  fim, sempre de caráter coletivo, atraem milhares de pessoas.  Fonte: Adaptação http://www.fozdoiguacu.pr.gov.br 

A  qualidade  da  água  de  mananciais  superficiais  depende  das características hidrogeológicas da região e é fortemente influenciada pelo  uso  e  pela  ocupação  do  solo,  sendo  mais  susceptível  às variações sazonais determinadas pelas condições climáticas (períodos de  chuva  e  estiagem)  do  que  a  água  de mananciais  subterrâneos. Tomando  como exemplo o estudo de  caso que  foi  apresentado no início desta unidade (Figuras 1 e 2), é fácil deduzir que a deterioração da  qualidade  da  água  do  rio  está  associada  ao  uso  e  ocupação inadequados do solo na bacia hidrográfica. 

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os tipos de captação de água, vamos tratar das 

partes que  compõem  a  captação, ou  seja, dos dispositivos de  captação. Alguns deles  são 

apresentados a seguir. 

Dispositivos para retenção de materiais 

São  dispositivos  retentores  de  materiais  estranhos,  como  areia,  folhas,  galhos,  peixes, 

répteis, moluscos e outros. Grades, crivos e telas de diversos tipos e  formatos, e caixas de 

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areia (também conhecidas como desarenadores), desempenham esta função. Na Figura 10 

tem‐se a vista em planta e em corte de uma situação em que se empregam tais dispositivos. 

Os dispositivos de captação podem ajudar na melhoria da qualidade da água que será tratada na Estação de Tratamento de Água (ETA) e, com  isso,  contribuir  para  reduzir  o  custo  do  tratamento  e  o  risco sanitário da água, mas é muito importante não descuidar da proteção dos mananciais contra a poluição. 

Figura 10: tomada de água com grade de proteção e caixa de areia. Fonte: Funasa, 2007.  

 No  caso  da  captação  de  água  em  represas  e  lagos  é  comum  serem  utilizadas  torres  de 

tomada, conforme  ilustrado nas Figuras 11 e 12. As torres de tomada possuem comportas 

(Figura 11) localizadas a diferentes alturas, o que dá flexibilidade de se fazer a captação pela 

comporta na qual se observa que a água possui melhor qualidade, visto que pode ser grande 

a variação da qualidade ao longo da coluna d’água devido a fatores como: 

florações de algas (inclusive cianobactérias), principalmente mais na superfície da água; 

teores excessivos de matéria orgânica em decomposição, principalmente no verão; 

revolvimento  de  substâncias  químicas  do  fundo,  como  o  ferro  e  o  manganês,  nos 

períodos de baixa temperatura, quando pode ocorrer o fenômeno da inversão térmica. 

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Cianobactérias: as cianobactérias são microrganismos presentes em ambientes aquáticos e vêm sendo cada vez mais pesquisadas devido a  sua  capacidade  de  produção  de  toxinas,  em  alguns  casos, altamente  prejudiciais  à  saúde  humana  e  animal.  Essas  toxinas, denominadas  cianotoxinas,  são  responsáveis  por  alterações  na qualidade  das  águas  e  têm  sido  causadoras  de  graves  intoxicações pela ingestão e pelo contato com corpos d’água contaminados. 

Por  esse  motivo,  é  importante  que  na  concepção  do  projeto  da  torre  de  tomada  seja 

prevista a possibilidade de captar água em diversas profundidades, para que se possa ter a 

opção de escolher, em diferentes períodos do ano, a profundidade que permite a captação 

da água de melhor qualidade. 

Figura 11: torre de tomada. Fonte: Funasa, 2007.  

A  instalação de uma descarga de  fundo próximo à  torre de  tomada em  lagos ou  represas 

também  pode  contribuir,  ainda  que  apenas  ao  seu  redor,  para  minimizar  problemas 

relacionados com os depósitos de sedimentos. Na Figura 12, tem‐se a indicação da descarga 

de fundo localizada à direita da barragem, sendo essa descarga instalada próxima à torre de 

tomada. 

Figura 12: reservatório de acumulação do sistema Rio Manso – COPASA. Fonte: http://www.copasa.com.br  

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Outra  solução muito  empregada,  especialmente  em mananciais  superficiais  com  grande 

oscilação de nível, é a captação flutuante. Essa opção tem sido mais utilizada em sistemas de 

pequenas  e  médias  comunidades,  como  alternativa  mais  econômica  às  captações 

convencionais  com  torre  de  tomada. Na  Figura  13,  tem‐se  uma  instalação  típica  de  uma 

balsa de captação flutuante. 

Figura 13: captação de água em balsa flutuante. Fonte: http://www.istria.com.br  

1.2.2. Captação de água subterrânea 

Em  muitas  localidades,  o  abastecimento  de  água  pode  ser  feito  pela  captação  em 

mananciais subterrâneos. 

Mananciais  subterrâneos:  toda  e  qualquer  porção  de  água  que ocorre  no  subsolo,  podendo  aflorar  à  superfície  (nascentes, minas etc.)  ou  ser  elevada  à  superfície  por  meio  de  obras  de  captação (poços rasos, poços profundos, galerias de infiltração). 

As principais vantagens da utilização de mananciais subterrâneos são: 

em geral, apresentam água de boa qualidade, mas  isso não dispensa a necessidade de 

realizar ensaios para verificar se ela atende ao padrão de potabilidade, pois muitas vezes 

é necessário fazer o tratamento da água, além da desinfecção, que é obrigatória, antes 

de  distribuí‐la  à  população.  Além  disso,  como  será  comentado  adiante,  a  água 

subterrânea proveniente de lençol freático é muito vulnerável à contaminação; 

possibilidade  de  localização  das  obras  de  captação  nas  proximidades  das  áreas  de 

consumo, o que  reduz o  custo  com  a  adução da  água. Contudo,  é  sempre necessário 

realizar  teste para verificar se o poço possui vazão suficiente para atender a demanda. 

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Deve‐se  lembrar  ainda  que,  dependendo  da  vazão  a  ser  explorada,  será  necessário 

solicitar outorga para perfuração e exploração da água do poço. 

Lenta agonia: P. B., 25 anos, descobriu há alguns meses que a doença que  ela  tinha  não  era  algo  raro  no  país.  Outros  cidadãos  eram consumidos  por  febres  altas  e  tinham  mãos  e  pés  deformados, enfermidade que os matará lentamente. Seu poço está contaminado, e  ela  sabe  disso.  Mas,  tanto  ela,  como  sua  família,  continuam bebendo  a  água. Mesmo  que  o  arsênio  já  tenha  desfigurado  suas mãos,  a  família  de  P.  B.  não  está  disposta  a  abrir mão  de  um  dos poucos  símbolos  de  sua  prosperidade:  o  poço.  P. B.  é  uma  das  18 milhões  de  pessoas  que  estão  bebendo  água  contaminada  em Bangladesh  e  Bengala  Ocidental  (a  nordeste  da  Índia).  A  água  é retirada  de  lençóis  freáticos  que  contêm  grande  quantidade  de arsênio. A  legislação bengalesa permite uma quantidade de arsênio cinco vezes maior que a Organização Mundial de Saúde  (OMS), mas seus  cidadãos  estão  bebendo  com  até  2  miligramas  por  litro  de arsênio, ou seja, 200 vezes mais que o  recomendado pela OMS. Os efeitos  do  lento  envenenamento  já  podem  ser  notados.  Peles  de bengaleses apodrecendo,  tumores epidérmicos que cobrem mãos e pés. Não existe  tratamento para  a doença. O que pode  ser  feito é impedir que os bengaleses continuem bebendo a água contaminada. Fonte: Folha de São Paulo (13/11/1998). 

As reservas de água subterrânea provêm de dois tipos de lençol d’água ou aquífero. Procure 

compreender as definições apresentadas a seguir com o auxílio da Figura 14. 

Aquífero Livre ou Freático:  É aquele em que a água se encontra livre, com sua superfície 

sobre a ação da pressão atmosférica. Em um poço perfurado nesse  tipo de aquífero, a 

água no seu interior terá o nível coincidente com o nível do lençol. A recarga do aquífero 

freático ocorre, geralmente, ao longo do próprio lençol. 

Aquífero  Confinado:  É  aquele  em  que  a  água  encontra‐se  confinada  por  camadas 

impermeáveis e sujeita a uma pressão maior que a atmosférica. Em um poço profundo, 

que atinge esse lençol, a água subirá acima do nível do mesmo. Poderá, às vezes, atingir 

a  boca  do  poço  e  produzir  uma  descarga  contínua,  jorrante.  A  recarga  do  aquífero 

confinado  verifica‐se  somente  no  contato  da  formação  geológica  com  a  superfície  do 

solo,  podendo  ocorrer  a  uma  distância  considerável  do  local  do  poço.  As  condições 

climáticas ou o regime de chuvas, observados na área de perfuração do poço, pouco ou 

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nada  afetam  as  características  do  aquífero.  Na  Figura  14,  tem‐se  a  representação 

esquemática dos tipos de aquíferos. 

Figura 14: tipos de lençol d´água ou aquífero. Fonte: BRASIL, 2006.  

    

Conforme já destacado, o lençol freático fica mais exposto à contaminação proveniente das 

atividades  antrópicas.  Portanto,  a  adoção  de  medidas  de  proteção  sanitária  é  fator 

preponderante para a garantia de fornecimento de água adequada à população. A área dos 

poços, seja  freático ou artesiano, deve ser dotada de perímetro de proteção sanitária com 

condições de segurança (cerca) e com aparência agradável (sempre que possível gramada e 

arborizada). Deve‐se também posicionar os dispositivos de captação em cota superior à da 

localização de  possíveis  fontes  de  poluição,  garantindo  também  afastamentos  horizontais 

mínimos com relação a essas mesmas possíveis fontes de poluição, como fossas secas, fossas 

negras,  depósito  de  lixo,  etc. Na  Figura  15  têm‐se  exemplos  de medidas  de  proteção  de 

poços. 

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Figura 15: poço tubular profundo com medidas de proteção sanitária. Fonte: http://www.perpozzi.com.br  

 1.2.3. Captação de água de chuva 

Em  algumas  localidades  brasileiras,  especialmente  na  região  semiárida,  tem  sido  feita 

captação  de  água  de  chuva  para  consumo  humano.  A  água  de  chuva  costuma  ser 

armazenada  em  cisternas,  que  são  pequenos  reservatórios  individuais  destinados  a 

acumular a água da época chuvosa, para que ela possa ser utilizada para beber e cozinhar. 

Embora  seja  uma  solução  alternativa  individual,  a  água  de  chuva  destinada  ao  consumo 

precisa apresentar todas as características que façam com que ela não ofereça riscos à saúde 

humana.  

Na Figura 16 tem‐se um sistema típico de captação de água de chuva que conta com uma 

bomba manual para retirada de água da cisterna. 

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Figura 16: sistema de captação de água de chuva. Fonte: http://www.icoenoticia.com  

 A cisterna é uma solução alternativa individual de abastecimento de água  e  o  morador  deve  adotar  algumas  medidas  de  proteção sanitária da água, tais como: 

manter os telhados e calhas sempre limpos antes de cada estação de chuva; 

desviar as águas das primeiras  chuvas, pois elas arrastam muita sujeira do telhado; 

cuidar para que a água não seja contaminada pela introdução de recipientes  sujos.  Recomenda‐se,  preferencialmente,  o  uso  de bombas manuais para a retirada da água ao invés do emprego de baldes; 

promover a desinfecção da água que será ingerida; 

cuidar  para  evitar  condições  propícias  ao  criadouro  de  vetores que procriem na água, a exemplo de mosquitos transmissores de dengue, mantendo o reservatório tampado. 

Na Figura 17, tem‐se uma instalação de captação de água de chuva dotada de dispositivo de 

desvio  das  primeiras  águas,  na  derivação  da  tubulação  de  descida  do  telhado.  Nessa 

instalação, a água das primeiras chuvas, que limpa o telhado, é acumulada em um pequeno 

reservatório, e somente após ele estar cheio com a água que limpou o telhado é que a água 

da chuva vai para a cisterna. 

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Figura 17: sistema de captação de água 

de chuva com dispositivo de descarte da 

primeira água. 

 

 Leia  sobre  o  Programa  um milhão  de  Cisternas  Rurais  (P1MC)  ou assista  ao  vídeo  http://www.youtube.com/watch?feature=player_ embedded&v=5rz51w3yjTg    Nesse  site,  é  mostrado  o  processo  de construção  da  cisterna  de  16 mil  litros  do  P1MC.  Por meio  dessa técnica,  milhares  de  pessoas  do  semiárido  brasileiro  passaram  a dispor de água de melhor qualidade, ao  lado da casa, para beber e cozinhar.  

1.2.4. Escolha e proteção do manancial de captação 

Da  escolha  criteriosa  do  manancial,  dependerá  o  sucesso  das  demais  unidades  do 

abastecimento de água, no que se refere tanto à quantidade como à qualidade da água a ser 

disponibilizada à população. 

Muitas vezes, o profissional, ao escolher o manancial, pensa apenas na  suficiência de  sua 

vazão e na facilidade de adução da água até a comunidade. Mas  isso não é suficiente, pois 

deve‐se considerar também a qualidade da água e as condições de proteção do manancial 

de captação, lembrando‐se que, via de regra, quanto maior a vazão do manancial maior é a 

área da  sua bacia hidrográfica. Por  isso, mais difícil  será garantir a proteção da  respectiva 

área  e,  como  vimos  anteriormente,  o  uso  e  ocupação  do  solo  na  bacia  hidrográfica  tem 

muita influência sobre a qualidade da água. 

Deve  ser  lembrado  também que,  se a água  captada estiver poluída por determinadas substâncias, pode não ser possível torná‐la potável pelos processos  tradicionais de  tratamento. O chamado  tratamento convencional  da  água  (composto  por  coagulação,  floculação, 

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decantação  e  filtração,  além  da  desinfecção  e  fluoretação),  por exemplo,  pode  não  remover  satisfatoriamente  substâncias  como cloreto,  fluoreto,  compostos  orgânicos  sintéticos,  agrotóxicos, cianotoxinas, entre outros. 

Após  ser captada, a água precisa  ser  transportada  (aduzida) até o  local onde  será  tratada 

e/ou distribuída. O transporte da água (adução) será o nosso próximo assunto. 

1.3. O Transporte de água (adução) 

O  transporte  da  água  é  feito  por meio  de  canais  ou  tubos,  que  constituem  as  adutoras, 

denominadas “adutoras de água bruta” ou “adutoras de água tratada” em função do tipo de 

água que está sendo transportada. Elas podem ser classificadas levando‐se em conta se é ou 

não  necessário  ter  bombas  para  fazer  a  adução  da  água.  Quando  há  necessidade  de 

bombeamento, têm‐se as “adutoras por recalque” e quando não há necessidade as adutoras 

são denominadas de “adutoras por gravidade”. 

Nas Figuras 18 e 19 tem‐se a ilustração de adutoras por gravidade em conduto forçado e em 

conduto livre. 

Conduto  forçado: aquele em que a água ocupa  totalmente a  seção de escoamento, com pressão interna superior à pressão atmosférica. Esses  condutos  funcionam  a  seção  plena  (totalmente  cheios),  e  o escoamento da água pode ocorrer pela ação da força da gravidade ou por recalque (quando se utiliza bomba). 

Conduto  livre:  aquele  em  que  a  água  escoa  sempre  em  sentido descendente, mantendo uma superfície livre sob o efeito da pressão atmosférica.  Os  condutos,  neste  caso,  não  funcionam  totalmente cheios, podendo ser abertos ou fechados. 

 

Figura 18: adutora por gravidade em conduto forçado. Fonte: Funasa, 2007.  

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Figura 19: adutora por gravidade em conduto livre. Fonte:(Funasa, 2007.  

 Na inspeção de um sistema de abastecimento de água, é muito importante verificar o estado 

de conservação e de manutenção das adutoras. Os principais acessórios associados a elas 

são:  registro  de  parada,  registro  de  descarga,  ventosa,  válvula  de  retenção,  dispositivo 

anti‐golpe de aríete. Alguns destes dispositivos estão ilustrados na Figura 18. 

Alguns acessórios de adutoras:  

‐  Registro  de  parada:  destinados  a  interromper  o  fluxo  de  água, sendo dispostos ao  longo da adutora em pontos convenientes para permitir o isolamento, por ocasião de reparos na linha de adução. 

‐ Registro de descarga: colocados nos pontos baixos da adutora para permitir o esvaziamento, quando necessário, por ocasião de reparos ou limpeza na adutora. 

‐ Ventosa:  colocadas nos pontos elevados da  tubulação de modo a expulsar, durante o enchimento da adutora, o ar que normalmente se acumula nesses pontos. Deixam também penetrar o ar, quando a tubulação está sendo esvaziada, de modo a se evitar a ocorrência de pressões  internas  negativas,  que  poderiam  provocar  o  colapso  das tubulações, bem como a possibilidade de entrada de líquido externo. 

‐ Válvula de retenção: objetivam  impedir o retorno da água para as bombas quando esta é paralisada. 

‐  Dispositivos  anti‐golpe  de  aríete:  permitem  reduzir  a  pressão interna,  atenuando  o  golpe  de  aríete  (também  denominado  de “transiente hidráulico”) que ocorrem quando há uma  súbita parada das bombas (devido à falta de energia, ou por outro motivo). 

Também deve ser dada muita atenção à escolha do tipo de material que  será  utilizado  na  adutora.  O  material  não  pode  deteriorar  a qualidade  da  água  e  deve  resistir  satisfatoriamente  às  pressões internas e externas a que a adutora pode estar sujeita. Os materiais 

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mais utilizados são PVC,  ferro  fundido, aço e concreto. Na Tabela 1 são  apresentados  alguns  fatores  que  devem  ser  considerados  na escolha da tubulação. 

Tabela 1: fatores a serem considerados na escolha da tubulação. 

Fator a considerar  ComentáriosQualidade da água a ser transportada 

O  projetista  não  deve  se  esquecer  de  que  o  transporte  de  água  bruta  e  de  água tratada requerem cuidados distintos. Há águas que são agressivas às tubulações, mas há  também  tubulações  que  podem  liberar  na  água  substâncias  potencialmente prejudiciais à saúde. 

Vazão a ser aduzida ‐ dimensionamento hidráulico 

Em função do tipo de material utilizado nas tubulações, estas apresentam diâmetros máximos e mínimos de fabricação. É imprescindível a realização de dimensionamento hidráulico adequado para escolher o diâmetro e o material mais apropriado. 

Condições de escoamento  Devem‐se estimar as variações de pressões da água dentro da tubulação, bem como a possibilidade de ocorrência de transientes hidráulicos  (golpes de aríete) e a possível intermitência do escoamento. 

Características do local  Devem‐se obter  informações como declividade do terreno, altura de aterro,  tipo de solo, localização do lençol freático, carga de tráfego. 

Prop

riedade

s dos m

ateriais dispon

íveis 

Resistência física às pressões internas e externas 

A  pressão  interna  exercida  pela  água  e  as  cargas  externas  podem  ser  fatores limitantes  na  escolha  da  tubulação.  Além  disso,  devem‐se  considerar  os  valores limites  de  resistência:  a  tração,  compressão,  flexão, deformação,  fadiga,  abrasão  e colapso. 

Resistência a agentes físicos e químicos 

As  condições  climáticas  locais  (temperatura,  umidade)  e  o  tipo  de  solo  onde  será instalada a tubulação podem ser muito desfavoráveis a alguns materiais. 

Durabilidade  Depende de fatores como características do solo, cargas externas e natureza da água transportada.  A  durabilidade  desejada  pode  variar  de  alguns  dias  a  décadas, dependendo da natureza da obra. 

Facilidade de assentamento e de manutenção 

Principalmente em situações de emergência, a rapidez de execução da obra torna‐se mais  importante do que seu custo final. Deve‐se considerar o tipo de montagem do tubo, a distância máxima entre apoios, a deflexão máxima permitida para o  tubo, a ovalização,  a  estanqueidade,  a  variedade  de  conexões,  os  diâmetros  disponíveis comercialmente, a intercambialidade e periodicidade das manutenções. 

Custos  Na avaliação dos custos, é  indispensável  levar em consideração não apenas o preço da tubulação e do assentamento, mas também o custo de operação do sistema e de manutenção durante a vida útil da obra. Além disso, deve‐se considerar o número de pessoas que podem ser afetadas com a falta de água e os   transtornos causados na infraestrutura local, por ocasião de possível manutenção do sistema. 

 

Problemas  relacionados  com  as  adutoras  podem  causar  sérios  problemas.  A  notícia 

apresentada a seguir mostra a “força” da água. 

 “A ‘explosão’ de uma tubulação de água (...) provocou o alagamento de  93  casas,  feriu  16  pessoas  e  deixou  outras  200  mil  com  as torneiras  secas.  Pelo  menos  cinco  pessoas  foram  arrastadas  pela correnteza,  incluindo uma criança de 3 anos e um homem de 76. As vítimas  sofreram  diversas  escoriações.  (...) Onde  antes  passava  um cano de ferro fundido, de 80 centímetros de diâmetro (...) formou‐se uma  cratera de 10 metros de  comprimento, por  cinco de  largura e quatro de profundidade.  ‘Parecia uma cachoeira saindo do chão, da altura do  fio do poste’, disse o advogado que mora a 30 metros da 

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cratera e teve o carro arrastado na rua por 50 metros. (...) Vazaram do cano por 40 minutos cerca de 40 milhões de  litros de água.  (...) Ainda de madrugada, a Defesa Civil interditou oito imóveis por causa de  desabamentos  e  rachaduras.  As  famílias  seriam  levadas  para  a casa de parentes ou hotéis pagos pela  companhia de  saneamento. (...) Os  prejuízos  dos moradores  do  bairro  seriam  ressarcidos  pelo seguro da própria companhia de saneamento (...)” 

Nas adutoras, os cuidados operacionais mínimos a serem tomados são: 

evitar  que  as  adutoras  de  água  tratada  se  esvaziem,  visto  que  essa  situação  pode 

favorecer a contaminação por água poluída;  

instalar e manter adequadamente, nas adutoras, todos os dispositivos acessórios, como 

válvulas de descarga e ventosas; 

dar a necessária manutenção às estruturas de sustentação das tubulações, à vegetação 

destinada a evitar erosões nos terrenos e às valetas de desvio de enxurradas; 

ter especial atenção às  travessias, que podem  se  constituir em  locais propícios para a 

retirada  clandestina  de  água,  com  consequente  contaminação  da  transportada  pela 

adutora, bem como acidentes; 

evitar o assentamento de ocupações humanas e de construções nas faixas de terreno sob 

as quais estejam implantadas as adutoras. 

Até o momento, discutimos  sobre os  tipos de mananciais utilizados na  captação de  água 

para abastecimento, destacando as  características principais dos mananciais  superficiais e 

subterrâneos  e  das  instalações  usadas  na  captação  da  água.  Você  também  teve 

oportunidade  de  ler  sobre  a  captação  de  água  de  chuva  e  dos  cuidados  que  devem  ser 

observados  ao adotarmos essa  solução  individual de abastecimento de água. Destacamos 

também a  importância da escolha e proteção do manancial de captação e finalizamos esta 

parte  do  texto  comentando  sobre  as  adutoras.  Depois  que  a  água  bruta  é  captada,  ela 

precisa  ser  transportada  pelas  adutoras  para  o  local  onde  será  tratada  para  tornar‐se 

potável. O “tratamento da água” é o tema que vamos começar a discutir a seguir. 

1.4. Tratamento da água 

O  objetivo  do  tratamento  da  água  é  melhorar  sua  qualidade,  retirando  impurezas  que 

podem causar danos à saúde humana, sejam elas de origem química, física ou biológica. O 

conhecimento das características da água bruta permite uma avaliação de sua tratabilidade, 

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ou seja, da escolha do processo de  tratamento mais adequado e viável, do ponto de vista 

técnico‐econômico,  para  torná‐la  potável.  Além  disso,  é  importante  considerar  também 

aspectos ambientais e socioculturais da comunidade ao se  fazer a escolha do processo de 

tratamento, mas sem  jamais esquecer que o objetivo principal é produzir e distribuir água 

potável à população.  

Na  concepção  das  estações  de  tratamento  de  águas,  considera‐se  a  combinação  das 

seguintes etapas: 

clarificação, com o objetivo de remover impurezas; 

desinfecção, para a inativação de organismos patogênicos; 

fluoretação, para a prevenção da cárie dentária; 

controle de corrosão e de incrustações. 

A  Portaria  do  Ministério  da  Saúde  n.º  2.914/2011,  que  dispõe  sobre  o  padrão  de 

potabilidade da água no Brasil, estabelece que: 

Toda água para consumo humano,  fornecida coletivamente, deverá passar por 

processo  de  desinfecção,  de  forma  a  garantir  o  padrão  microbiológico  e  o 

residual  mínimo  de  agente  desinfetante  em  toda  a  extensão  do  sistema 

(reservatório de distribuição e rede); 

As  águas  provenientes  de  manancial  superficial  devem  ser  submetidas  a 

processo de filtração. 

Para  águas  subterrâneas,  especialmente  as  de  aquífero  confinado,  frequentemente  é 

dispensada  a  etapa  de  clarificação,  pois  a  água  apresenta  pouco material  em  suspensão. 

Entretanto,  as  águas  subterrâneas  podem  conter  concentrações  mais  elevadas  de 

substâncias dissolvidas, em função das características geomorfológicas do solo. 

Pode‐se dizer que qualquer água, do ponto vista  técnico, pode  ser  tratada. No entanto, o 

risco sanitário e o custo do tratamento de águas muito poluídas podem ser tão elevados que 

tornam o  tratamento  inviável. Por  isso, o melhor mesmo é  cuidar dos nossos mananciais 

para evitar que o tratamento fique cada vez mais caro e complexo.  

Vamos ver agora as principais tipologias de tratamento de água usadas no Brasil.  

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De maneira geral, pode‐se dividir as  técnicas de  tratamento nos  três  seguintes grupos: os 

que  filtram a água  rapidamente em um meio granular  (areia ou areia e antracito), os que 

filtram a água  lentamente em um meio granular (em geral areia) e os que tratam as águas 

por  tecnologias  de  que  não  empregam  areia  como  meio  filtrante  (separação  em 

membranas). Esses grupos se subdividem em outros, conforme mostra a Tabela 2. 

Tabela 2: técnicas de tratamento de água e suas variantes. 

 

 

 

 

 

Tratamento de água 

 

 

 

 

 

 

 

Filtração rápida 

 

 

Tratamento convencional

Tratamento com flotação 

Filtração direta ascendente 

Filtração direta descendente 

Filtração direta descendente com floculação 

Dupla filtração 

Filtração lenta Filtração lenta

Filtração em múltiplas etapas 

Separação em 

membranas 

Microfiltração

Ultrafiltração 

Nanofiltração 

Osmose inversa 

Maquetes Eletrônicas do Prosab Visite  o  site  do  Programa  de  Pesquisas  em  Saneamento  Básico (PROSAB). http://www.finep.gov.br/prosab/prosab_edital5_agua/index.html No  link  inferior  da  página  tem‐se  acesso  às maquetes  virtuais  de diversas técnicas de tratamento de água.  

Nas  Tabelas  3  e  4  estão  sintetizadas  algumas  recomendações  gerais  para  a  seleção  de 

processos de tratamento em função da qualidade da água bruta. Para entender essas duas 

tabelas, vamos tomar como exemplo a  linha correspondente à “Turbidez”, da Tabela 3. Na 

coluna de “Filtração  lenta” aparecem os valores “95%≤10” e “100%≤25”,  isso significa que 

para usar a filtração  lenta, em 95% do tempo a turbidez da água bruta deve ser menor ou 

igual a 10 uT, e em 100% do tempo, ela precisa ser menor ou igual a 25 uT, pois do contrário, 

a filtração  lenta pode não ser capaz de reduzir a turbidez a valores aceitáveis do ponto de 

vista  do  padrão  de  potabilidade.  Na  mesma  tabela,  observa‐se,  por  exemplo,  que  ao 

considerar  a  turbidez  da  água  bruta,  a  FiME  é  mais  robusta  do  que  a  filtração  lenta, 

possibilitando o tratamento de água bruta com turbidez de até 200 uT, desde que em 95% 

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do  tempo ela  seja  inferior  a 100 uT. É  conveniente destacar que  a escolha da  técnica de 

tratamento de água está intimamente relacionada com a qualidade da água bruta e que não 

apenas a turbidez é  importante. Na Tabela 3, por exemplo, são citados outros parâmetros: 

cor verdadeira, sólidos em suspensão, coliformes totais e Escherichia coli. 

É  importante  ressaltar  que  as  Tabelas  3  e  4  servem  apenas  como referencial para a escolha de uma  técnica de  tratamento  tendo por base os valores‐limites de alguns parâmetros de qualidade da água bruta.  Deve  sempre  ser  lembrado  que  a  qualidade  da  água, especialmente  de  mananciais  superficiais,  pode  sofrer  grandes variações ao longo do ano. Por isso, recomenda‐se que a definição da técnica de tratamento da água de uma cidade seja sempre precedida de  estudos  de  tratabilidade  em  testes  de  bancada  (laboratório)  e instalações‐piloto. 

Tabela 3: parâmetros de qualidade da água bruta sugeridos para as técnicas de filtração lenta. 

 

Características da água bruta 

 

 

Tecnologias de tratamento 

Filtração lenta 

Pré‐filtração 

dinâmica+filtração lenta 

 

FiME

 

Turbidez (uT)  95% ≤ 10 95% ≤ 25 95% ≤ 100

100% ≤ 25 100% ≤ 50 100% ≤ 200

Cor verdadeira (uH)  15 25 25

Sólidos em suspensão (mg/L)  95% ≤ 10 95% ≤ 25 95% ≤ 100

100% ≤ 25 100% ≤ 50 100% ≤ 200

Coliformes totais (NMP/100mL)  1000 5000 20000

E. Coli (NMP/100mL)  500 1000 5000

Fonte: Adaptação de Di Bernardo(1993). 

 

   

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Tabela 4: parâmetros de qualidade da água bruta sugeridos para as técnicas de filtração rápida. 

 

Características  da 

água bruta 

 

 

Tecnologia de tratamento

Filtração direta 

descendente 

Filtração 

direta 

ascendente 

Dupla filtração 

(Pedregulho + 

areia) 

Dupla 

filtração 

(Areia grossa 

+ areia) 

Conven‐

cional 

Turbidez (uT)  90% ≤ 10  90% ≤ 10 90% ≤ 100 90% ≤ 50   

90% ≤ 1500 95% ≤ 25  95% ≤ 25 95% ≤ 150 95% ≤ 100 

100% ≤ 100  100% ≤ 100 100% ≤ 200 100% ≤ 150 

Cor verdadeira (uH)  90% ≤ 20  90% ≤ 20 90% ≤ 50 90% ≤ 50  90% ≤ 150

95% ≤ 25  95% ≤ 25 95% ≤ 75 95% ≤ 75 

100% ≤ 50  100% ≤ 50 100% ≤ 100 100% ≤ 100 

Sólidos em 

suspensão (mg/L) 

95% ≤ 25  95% ≤ 25 95% ≤ 150 95% ≤ 100  ‐

100% ≤ 100  100% ≤ 100 100% ≤ 200 100% ≤ 150 

Coliformes totais 

(NMP/100mL) 

1000(1)  1000(1) 5000(1) 5000(1)  ‐

E. Coli (NMP/100mL)  500(1)  500(1) 1000(1) 1000(1)  ‐

(1) Limites mais elevados podem ser praticados com a adoção de pré‐desinfecção. Fonte: Adaptado de Di Bernardo (2003).  

Turbidez:  a  turbidez  é  causada  pela  presença  de  sólidos  em suspensão que faz a água perder a transparência e ficar turva. Cor Verdadeira: define‐se como cor verdadeira aquela que não sofre interferência de partículas suspensas na água, diferentemente da cor aparente. Assim, na determinação da cor verdadeira, previamente é feita a remoção dos sólidos em suspensão da amostra de água. Escherichia Coli: principais organismos  indicadores de contaminação fecal, sendo um grande grupo de bactérias dentro do qual estão os coliformes  termotolerantes  (encontrados no  intestino humano e de outros animais). Do ponto de vista do monitoramento da qualidade da  água,  a  Escherichia  coli  é  a  principal  bactéria  do  grupo  de coliformes  termotolerantes,  pois  a  presença  dela  indica  que  houve contaminação fecal.  

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Percebe‐se na Tabela 4 que o tratamento convencional é o que admite como afluente água 

bruta com valores mais elevados de turbidez. Vamos conhecer um pouco mais das técnicas 

de tratamento de água? 

1.4.1. Técnicas de tratamento com o uso da filtração rápida em meio granular 

Nestes  tipos  de  tratamento,  há  necessidade  de  se  fazer  a  coagulação  química,  ou  seja, 

adiciona‐se um coagulante no início do tratamento. A água passa por filtros contendo meio 

filtrante  granular  (areia  ou  areia  +  antracito)  que  funcionam  com  uma  taxa  de  filtração 

elevada  (em  geral  na  faixa  de  120  a  360 m³/m².dia,  ou  seja,  cada metro  quadrado  do 

material granular filtra 120.000 a 360.000 litros por dia). 

Tratamento convencional ou ciclo completo 

As ETAs de  tratamento convencional,  também chamada de  tratamento de ciclo completo, 

são  compostas  pelas  seguintes  etapas:  coagulação,  floculação,  decantação  e  filtração, 

processos e operações unitárias de tratamento que serão abordadas mais adiante. Também 

serão discutidas a desinfecção e a fluoretação, que são etapas comuns a todas as tecnologias 

de tratamento. Na Figura 20 tem‐se a representação esquemática de uma ETA convencional, 

com  a  identificação  dos  locais  onde  ocorre  a  coagulação,  a  floculação,  a  decantação  e  a 

filtração. 

 

Figura 20: esquema de uma ETA com tratamento convencional. Fonte: http://www.cdcc.usp.br  

  

 

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Coagulação: é  a mistura de produtos químicos  (coagulante) na  água  a  ser  tratada, de 

forma  que  as  impurezas  são  “desestabilizadas”  para  começar  a  formar  partículas 

maiores. Essa mistura pode ser  realizada em um misturador hidráulico ou mecanizado. 

Existem vários tipos de coagulante para tratar a água, porém o mais utilizado é o sulfato 

de alumínio, e recomenda‐se que a escolha do coagulante seja feita por meio de ensaios. 

Floculação:  após  a  coagulação,  a  água  é  conduzida  para  floculadores,  onde  os  flocos 

serão  formados.  Os  floculadores  são  divididos  em  várias  câmaras.  Os  floculadores 

também podem ser mecanizados ou hidráulicos. 

Decantação: após a formação dos flocos, a água é conduzida para os decantadores, onde 

ocorre  a  sedimentação  dos  flocos  formados,  retirando,  assim,  parte  das  impurezas 

contidas na água. 

Filtração: constitui a última barreira para reter as partículas que não foram removidas no 

decantador. O filtro possui uma laje de fundo falso, abaixo da qual ficam as  tubulações 

para recolher a água filtrada. Já em cima da  laje há uma camada suporte, composta de 

pedregulhos.  Por  cima  da  camada  suporte  fica  o  meio  filtrante,  onde  as  impurezas 

ficarão retidas durante a filtração. O meio filtrante pode ser composto de uma camada 

de areia ou uma de areia e a outra de antracito. A areia utilizada como meio  filtrante 

possui características especiais. Não é qualquer areia que pode ser utilizada nos filtros.  

Tratamento com flotação 

Este sistema de tratamento é utilizado principalmente quando a água a ser tratada forma 

flocos com baixa velocidade de sedimentação. A sequência de tratamento é a mesma do 

tratamento convencional, só que a decantação é substituída pela  flotação. Na  flotação, 

os flocos são arrastados para a superfície da câmara de flotação (Figura 21), por meio da 

ação  de  microbolhas.  As  microbolhas  são  formadas  por  equipamentos  especiais, 

utilizando‐se compressor e câmara de saturação. Elas aderem aos flocos, provocando sua 

subida até a superfície do flotador, sendo retiradas. A água flotada é encaminhada para 

os filtros da ETA, que fazem a remoção de parte das  impurezas não retidas no flotador. 

Na Figura 21, tem‐se um esquema típico de uma estação de tratamento com flotação. 

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Figura 21: esquema do tratamento com flotação. Fonte: Prosab, DVD da Rede‐ tema Água, 2007.  

 

Tratamento com filtração direta ascendente e descendente 

O sistema de tratamento por filtração direta é recomendado para águas que contêm menos 

impurezas.  A  água  a  ser  tratada  passa  pelas  seguintes  etapas:  coagulação,  filtração, 

desinfecção,  fluoretação  e  correção  de  pH,  quando  necessário.  A  filtração  pode  ser 

ascendente  ou  descendente.  Nas  Figuras  22  e  23  tem‐se  um  exemplo  de  estações  de 

tratamento de água com filtração direta. 

Figura 22: esquema do tratamento com filtração direta ascendente. Fonte: Prosab, DVD da Rede‐ tema Água, 2007.  

  

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Figura 23: esquema do tratamento com filtração direta descendente. Fonte: Prosab, DVD da Rede‐ tema Água, 2007.  

 

Tratamento com filtração direta descente com floculação 

Nesta técnica de tratamento, a água a ser tratada passa pelas seguintes etapas: coagulação, 

floculação,  filtração  e  desinfecção,  fluoretação  e  correção  de  pH,  quando  necessário. Na 

Figura  24  tem‐se  o  esquema  típico  de  uma  ETA  de  filtração  direta  descendente  com 

floculação. 

 

Figura 24: esquema do tratamento com filtração direta descendente precedida por floculação mecanizada. Fonte: Prosab, DVD da Rede‐ tema Água, 2007.  

 Tratamento com dupla filtração 

Esta técnica de tratamento (indicada na Figura 25) vem sendo muito estudada ultimamente. 

Comparado  com  a  filtração  direta  ascendente  ou  descendente,  a  dupla  filtração  oferece 

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maior  segurança  quando  há maiores  variações  de  qualidade  da  água  bruta,  pois  há  dois 

filtros. A água a ser tratada passa pelas seguintes etapas: coagulação, filtração ascendente, 

filtração descendente, desinfecção, fluoretação e correção de pH, quando necessário. 

 

Figura 25: sistema de tratamento por dupla filtração. Fonte: Prosab, DVD da Rede‐ tema Água, 2007.  

  

1.4.2 Técnicas de tratamento com o uso da filtração lenta em meio granular 

No tratamento da água por filtração lenta, não se faz a coagulação química. A água é filtrada 

lentamente, utilizando‐se filtros de areia que  funcionam  com uma  taxa de filtração baixa, 

geralmente  inferiores  a  6 m³/m².dia.  Entre  os  tipos  de  tratamento  em  que  se  utiliza  a 

filtração  lenta,  pode‐se  citar,  além  da  filtração  lenta  propriamente  dita,  a  filtração  em 

múltiplas etapas. Nelas não se utiliza coagulante. 

Filtração lenta 

Neste  sistema de  tratamento, a água bruta vai diretamente para o  filtro  lento. Após a 

filtração, faz‐se a desinfecção, a correção de pH, quando necessário, e a fluoretação. 

Filtração em múltiplas etapas 

Nesta  técnica  de  tratamento,  a  água  bruta  passa  por  uma  pré‐filtração  dinâmica.  Em 

seguida,  passa  por  outra  filtração  em  pedregulho  e  areia  grossa  e  depois  passa  pela 

filtração  lenta.  Posteriormente,  faz‐se  a  desinfecção,  a  correção  de  pH,  quando 

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necessário, e a  fluoretação da água. Na  Figura 26,  tem‐se a  indicação do esquema da 

filtração em múltiplas etapas. 

Figura 26: filtração em múltiplas etapas – fime. Fonte: Prosab, DVD da Rede‐ tema Água, 2007.  

 

1.4.3. Separação em membranas 

As técnicas de separação em membranas normalmente possuem custos mais elevados, mas  

permitem a remoção de determinadas impurezas que não são removidas nos tratamentos já 

citados, como a remoção de sal. 

O uso de membranas como tecnologia de tratamento de águas para consumo humano ainda 

é  limitado no Brasil, principalmente devido aos custos, mas há tendência de essa forma de 

tratamento  ser cada vez mais utilizada no  futuro no  fornecimento de água para consumo 

humano. 

1.4.4. Etapas de tratamento comum a todas as tecnologias de tratamento 

Para todas as tipologias de tratamento, é necessário fazer a desinfecção e a fluoretação da 

água. A correção de pH deve ser realizada sempre que necessário, para evitar que a água 

seja corrosiva ou apresente incrustações indesejadas.  

Desinfecção:  a desinfecção  tem o objetivo de  inativar os organismos patogênicos que 

porventura não tenham sido retirados durante o tratamento da água. Existem diversos 

meios  e  produtos  para  se  fazer  a  desinfecção,  podendo‐se  citar  o  cloro  gasoso, 

hipoclorito  de  cálcio,  hipoclorito  de  sódio,  dióxido  de  cloro,  ozônio  e  radiação 

ultravioleta. O  cloro  e  seus  compostos  são  os  desinfetantes mais  utilizados  no  Brasil, 

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devido,  principalmente,  ao  seu  poder  de  desinfecção  e  ao  fato  de  seu  custo  ser 

relativamente baixo. A dose de cloro a ser aplicada durante o tratamento da água deve 

ser suficiente para garantir cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição 

de água, conforme recomendação da Portaria MS nº 2.914/2011. 

Correção de pH: sempre que necessário, deve‐se fazer a correção do pH da água antes 

de distribuí‐la. O pH elevado pode provocar incrustação indesejada na tubulação. Já o pH 

baixo poder provocar corrosão de  tubulações metálicas. A cal virgem ou hidratada é o 

produto mais  comum  para  elevar  o  pH.  Para  abaixá‐lo,  pode‐se  usar  ácido  ou  CO2. 

Existem  também produtos químicos específicos que podem ser utilizados na água para 

atenuar os efeitos da corrosão e da incrustação. 

Fluoretação: como comentado anteriormente, a fluoretação tem objetivo de proteger os 

dentes  contra  cárie. Os  compostos  de  flúor mais  utilizados  para  o  tratamento  são:  o 

fluorsilicato  de  sódio  e  o  ácido  fluorsilício.  O  uso  do  flúor  na  água  é  exigido  pelo 

Ministério da  Saúde nos  sistemas de  abastecimento. Contudo, deve‐se  atentar para o 

fato  de  que  há  águas,  especialmente  subterrâneas,  que  apresentam  concentração 

elevada de  flúor e, quando  isso ocorrer, deve‐se remover o excesso de  flúor antes que 

ela seja distribuída à população, pois o excesso de flúor é  prejudicial à saúde, podendo 

causar fluorose. 

1.4.5. Remoção de contaminantes químicos e organismos patogênicos por meio do 

tratamento de água 

Os  processos  descritos  anteriormente  são  concebidos  preponderantemente  para  a 

clarificação e posterior desinfecção da água, mas a  remoção de determinadas  substâncias 

dissolvidas muitas vezes,  requer processos específicos de  tratamento. Merece destaque o 

fato  de  que  a  maioria  das  substâncias  tóxicas,  como  metais  pesados  e  agrotóxicos, 

geralmente, não é efetivamente removida em tratamento convencional e requer processos 

complementares para sua remoção, a exemplo da adsorção em carvão ativado, da oxidação 

e  da  osmose  inversa.  Os  principais  processos  de  tratamento  de  água  são  apresentados, 

resumidamente, na Tabela 5. 

 

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Tabela 5: processos de tratamento de água e objetivos. 

Processos de Tratamento Objetivos Mais Frequentes  Menos Frequentes

 Clarificação   

 Remoção  de  turbidez,  de  microrganismos  e  de alguns metais. 

Desinfecção (obrigatório) 

  

Inativação de organismos patogênicos. 

Fluoretação    Proteção contra a cárie dentária infantil. Controle de corrosão 

e incrustação   Acondicionamento  da  água,  de  tal  maneira  que 

sejam  evitados  os  efeitos  corrosivos  ou incrustantes  no  sistema  de  abastecimento  e  nas instalações domiciliares. 

Oxidação (usualmente  pré‐oxidação). 

  Remoção  de  contaminantes  orgânicos  e  de substâncias inorgânicas, como o Fe e o Mn. Eliminação de gosto e sabor. Remoção de cor. 

  Adsorção (ex.: filtração em carvão ativado) 

Remoção  de  contaminantes  orgânicos  e inorgânicos, controle de sabor e odor. 

  Aeração Remoção  de  contaminantes  orgânicos  e  oxidação de substâncias inorgânicas, como o Fe e o Mn. 

  Abrandamento Redução  da  dureza e remoção  de  alguns contaminantes inorgânicos. 

  Membranas Remoção  de  contaminantes  orgânicos  e inorgânicos  e microrganismos patogênicos. 

Fonte: adaptação de (CGVAM/SVS/MS, 2006). 

Durante  o  tratamento  de  água  podem  ser  geradas  substâncias potencialmente  prejudiciais  à  saúde  humana,  como  os trihalometanos.  Tais  substâncias  precisam  ser  monitoradas  por quem faz o controle e pela vigilância da qualidade da água. 

Trihalometano:  subproduto  halogenado  potencialmente cancerígeno,  formado  quando  a  água  apresenta  matéria  orgânica natural que reage com cloro livre. Deve‐se avaliar com cuidado o uso da  pré‐oxidação  em  determinadas  ETAs  que  tratam  água  com concentração  elevada  de matéria  orgânica  para  evitar  a  formação excessiva de trialometano. 

Nesse  item,  você  teve oportunidade de estudar  sobre as  técnicas de  tratamento de água 

mais  utilizadas  no  Brasil  para  produzir  água  destinada  ao  consumo  humano.  Vimos  os 

processos  e  as  operações  unitárias  presentes  no  tratamento  convencional  (também 

chamado  de  “tratamento  por  ciclo  completo”),  na  filtração  direta  (ascendente  e 

descendente), na dupla filtração, na filtração lenta, na FiME e na separação em membranas,  

sempre  ressaltando  que  a  escolha  do  tipo  de  tratamento  deve  ser  baseada  nas 

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características da água que se pretende tratar. Mas, além da qualidade da água bruta, outros 

aspectos  devem  ser  considerados  na  escolha  da  técnica  de  tratamento,  como  o  impacto 

ambiental causado pela ETA e a capacidade da população local operá‐la após a implantação.  

1.5. Reservação e distribuição 

Após tratada, as adutoras transportam a água até os reservatórios e a rede de distribuição do  sistema de abastecimento. Essas  também  são etapas que  requerem muita atenção da Vigilância. 

De pouco adiantam os cuidados tomados nas unidades de captação, adução  e  tratamento  da  água  se  não  for  dada  atenção  aos reservatórios  e  à  rede  de  distribuição  para  que  eles  não  se constituam em pontos de  contaminação da água. Também  se deve estar  atento  às  instalações  intradomiciliares,  pois, muitas  vezes,  a água  chega  potável  até  o  hidrômetro  do  consumidor,  mas contamina‐se  após  esse  ponto,  especialmente  nos  reservatórios (caixas d’água) domiciliares. 

Na  sequência do  texto,  apresenta‐se uma breve  caracterização das unidades  de  reservação  e  distribuição  de  água  e  algumas recomendações  para  a  minimização  de  riscos  à  saúde.  

1.5.1. Reservatórios de distribuição de água 

Os reservatórios em um sistema de abastecimento de água têm como objetivos principais: i) 

garantir o suprimento adicional de água nos momentos de maior consumo; ii) regularizar as 

pressões máximas  e mínimas  de  projeto  da  rede  de  distribuição;  iii)  viabilizar  o  uso  de 

tubulações  com  menor  diâmetro  entre  a  ETA  e  o  início  da  rede  de  distribuição;  iv) 

possibilitar redução do gasto com energia elétrica, por permitir o desligamento de bombas 

nos períodos do dia em que a energia for mais cara. No Brasil, é usual adotar como critério 

de projeto o volume total de reservação  igual a 1/3 do volume consumido no dia de maior 

consumo no  sistema de  abastecimento de  água. Na  Figura 27, é  apresentado o esquema 

geral de um reservatório com seus principais dispositivos. 

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Figura 27: reservatório e seus dispositivos.Fonte: adaptação (Heller e Pádua, 2006).  

 A  localização topográfica dos reservatórios é definida para garantir as pressões na rede de 

distribuição. As normas técnicas brasileiras recomendam os seguintes valores de pressão na 

rede de distribuição: 

pressão estática máxima: 50 mca (metros de coluna d’água); 

pressão dinâmica mínima: 10 mca. 

A pressão dinâmica mínima de 10 mca visa assegurar que a água chegue até a caixa d’água 

de uma construção com dois ou três pavimentos, enquanto a  limitação da pressão estática 

máxima em 50 mca destina‐se a garantir a integridade dos tubos e acessórios utilizados nas 

instalações  prediais  e,  também,  reduzir  as  perdas  de  água  nas  tubulações  da  rede  de 

distribuição  e  nos  ramais  prediais.  Segundo  a  norma  da Associação  Brasileira  de Normas 

Técnicas (ABNT), os valores da pressão estática superiores à máxima e da pressão dinâmica 

inferiores à mínima podem ser aceitos, desde que justificados técnica e economicamente. 

Em  geral  recomendam‐se  as  seguintes  práticas  e  procedimentos  de  controle  dos 

reservatórios de distribuição: 

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garantir  que  os  reservatórios  possuam  todos  os  dispositivos  necessários  para  evitar 

perdas de água, possibilitar a extravasão de água em situações de emergência e o seu 

esvaziamento para limpeza e obras de manutenção; 

dotar  os  reservatórios  de  dispositivos  de  ventilação  adequadamente  concebidos  e 

mantidos para evitar a entrada de  insetos e  roedores e, ainda, ações de vândalos que 

possam  comprometer  a  qualidade  da  água.  Os  dutos  de  ventilação  colocados  na 

cobertura  dos  reservatórios  visam  expulsar  o  ar  no  momento  em  que  eles  são 

preenchidos  e  admitir  ar  quando  os  reservatórios  estiverem  sendo  esvaziados.  A 

inexistência de dispositivos de ventilação pode  levar ao colapso a  laje de cobertura dos 

reservatórios; 

lavar e desinfetar periodicamente os  reservatórios, principalmente após os  serviços de 

construção ou de reparos; 

manter  as  áreas  onde  se  situam  os  reservatórios  de  distribuição  adequadamente 

cercadas, limpas e com aparência agradável, sempre que possível, ajardinadas, cuidando‐

se também para evitar as erosões; 

manter os reservatórios sempre tampados; 

na concepção,  locar adequadamente os dispositivos de entrada e saída, a  fim de evitar 

longos tempos de detenção da água dentro do reservatório; 

no  caso  de  reservatórios  enterrados  ou  semienterrados,  deve‐se  garantir  o  adequado 

afastamento de possíveis fontes de poluição de água; 

dotar os  reservatórios de dispositivos que  impeçam a  invasão de pessoas e a ação de 

vândalos que possam colocar em risco, sobretudo, a qualidade da água. 

1.5.2. Rede de distribuição de água 

A  rede de distribuição é a unidade do  sistema de abastecimento de água  constituída por 

tubulações e órgãos acessórios instalados em logradouros públicos e que tem por finalidade 

fornecer, em regime contínuo (24 horas por dia), água potável em quantidade, qualidade e 

pressão adequadas nos pontos de consumo. Uma rede de distribuição mal projetada e/ou 

mal operada pode causar sérios problemas relacionados com a qualidade da água, a perdas 

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de água e as reclamações dos usuários. Em geral, as principais orientações relacionadas com 

a rede de distribuição são as seguintes: 

garantir,  no  interior  das  tubulações,  pressões  dentro  dos  limites  recomendados  pelas 

normas  brasileiras  ou  pelo  contratante,  lembrando  que,  pressões  elevadas  favorecem 

perdas  de  água  e  comprometem  a  estabilidade  estrutural  das  instalações,  enquanto 

pressões  baixas  dificultam  o  abastecimento  domiciliar  e  facilitam  a  contaminação  da 

água no interior das tubulações; 

evitar,  o  máximo  possível,  situações  em  que  as  tubulações  fiquem  vazias  ou 

despressurizadas,  para não  permitir  a  entrada  de  águas  poluídas  ou  contaminadas  no 

interior das tubulações da rede de distribuição; 

dotar a  rede de distribuição de  registros de descarga adequadamente  localizados para 

permitir as operações de  limpeza que se  façam necessárias para evitar deterioração da 

qualidade da água; 

evitar  velocidades  da  água muito  baixas  na  rede  de  distribuição,  para  que  não  haja 

acúmulo de resíduos que podem comprometer a qualidade da água;  

substituir  as  tubulações muito  antigas  que  podem  comprometer  a  qualidade  da  água 

distribuída à população; 

assentar as tubulações em valas afastadas de canalizações de esgoto; 

garantir que as tubulações estejam protegidas contra poluição ou contaminação durante 

serviços de reparos, substituições, remanejamentos ou prolongamentos; 

desinfetar as tubulações após serviços de construção ou de reparos; 

prever setores de manobra e de medição de vazão nas redes de distribuição de água. 

Na  Figura  28  tem‐se  uma  caixa  com  válvula  de manobra.  Para melhor  entendimento  da 

figura, observe os conceitos a seguir.  

Setor  de  manobra:  por  setor  de  manobra  entende‐se  a  menor subdivisão da  rede de distribuição que pode  ser  isolada quando da realização  de  obras  e  serviços  de  reparos  e  manutenção,  sem  a necessidade de interromper o abastecimento de água do restante da rede. 

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Setor  de medição  de  vazão:  é  definido  como  a  parte  da  rede  de distribuição,  adequadamente  delimitada  e  passível  de individualização, que tem por finalidade permitir, com base em dados obtidos  por  meio  de  medidores  de  pressão  e  de  macro  e micromedidores  de  vazão,  o  acompanhamento  da  evolução  do consumo de água e também a avaliação das perdas de carga e água na rede de distribuição a que o setor se refere. 

 

Figura 28: caixa típica utilizada em setor de manobra.  

 1.5.3. Instalações prediais 

Para  que  a  água  colocada  à  disposição  da  população  não  venha  a  ser  contaminada  nos 

domicílios, devem ser realizadas campanhas educativas e de conscientização da população 

para a adoção de práticas que garantam a qualidade da água nas  instalações domiciliares, 

sobretudo  no  que  concerne  à  proteção  e  à  limpeza  de  reservatórios  ou  de  outros 

dispositivos utilizados para o armazenamento e o tratamento de água nas residências. 

Como medida  importante para o uso racional e para a  justa cobrança da água utilizada, as 

ligações prediais devem ser dotadas de medidores invidualizados de vazão (hidrômetros). 

1.6. Soluções alternativas coletivas 

No  início deste  ítem, vimos que Solução Alternativa Coletiva  (SAC) é  toda modalidade de 

abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou 

superficial,  com  ou  sem  canalização  e  sem  rede  de  distribuição.    Vimos  também  que 

Sistema de Abastecimento de Água (SAA) é definido como uma instalação composta por um 

conjunto  de  obras  civis,  materiais  e  equipamentos,  desde  a  zona  de  captação  até  as 

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ligações prediais, destinada à produção e ao  fornecimento coletivo de água potável, por 

meio de rede de distribuição. 

Pelas definições, você consegue distinguir um SAA de uma SAC? 

A principal diferença é que o SAA possui rede de distribuição, já a SAC não possui rede de distribuição.  

Na  SAC  alguém  (ou  alguma  pessoa  jurídica)  é  responsável  em distribuir  a  água,  cobrando  ou  não  uma  taxa/tarifa,  e  essa  água distribuída  coletivamente  deve  estar  de  acordo  com  o  padrão  de potabilidade, segundo a legislação. 

Toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar por processo de desinfecção,  seja ela um chafariz, um poço, um  caminhão‐pipa  ou  qualquer  outra  forma  de  SAC.  A  SAC  está sujeita às mesmas práticas e procedimentos para a minimização de riscos à saúde recomendadas no sistema de abastecimento, como o cuidado  no manuseio  e  na  conservação  das  unidades.    É  sempre importante consultar a Portaria que define o padrão de potabilidade vigente no Brasil para  verificar orientações específicas  relacionadas com as SACs de abastecimento de água para consumo humano. No seu  dia  a  dia,  você  deve  cobrar  dos  responsáveis  pelas  SAC  o cumprimento da Portaria MS nº 2.914/2011. 

 

Pontos importantes 

Nesta  seção,  foram  discutidos  os  principais  aspectos  relacionados  com  captação,  adução, 

tratamento, reservação e distribuição de água destinada ao consumo humano, sempre sob a 

perspectiva de proteger a saúde da população por meio das boas práticas no abastecimento 

de  água,  com  vistas  a  assegurar que  a qualidade da  água  consumida pelos  cidadãos  seja 

adequada para  consumo humano. Por  falar em  “qualidade da água”, esse é o assunto da 

nossa próxima  seção, mas antes de passar a ela,  reflita  sobre as questões apresentadas a 

seguir.  

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 2  ‐ Qualidade da  água para  consumo humano  e plano de 

amostragem 

 

Os  sistemas  e  as  soluções  alternativas  de  abastecimento  de  água  para  consumo  humano 

devem ter como objetivo primordial disponibilizar, para toda a população, água potável em 

qualidade suficiente para os usos requeridos. Assim, o conceito de “água potável” é muito 

importante para  os  profissionais  que  atuam  na Vigilância.  Então,  vamos  iniciar  essa  nova 

seção perguntando: “O que é água potável?” Pense um pouco na resposta antes de iniciar a 

leitura do próximo parágrafo. 

2.1. Qualidade da água para consumo humano 

Na  Portaria MS  nº  2.914/2011,  novos  conceitos  foram  introduzidos  e  outros modificados 

com  relação  à Portaria  anterior. O  conceito de  água potável  foi  alterado para  “água que 

atende  ao  padrão  de  potabilidade  estabelecido  na  Portaria  e  que  não  oferece  riscos  à 

saúde.” Dentre os conceitos incluídos na Portaria MS nº 2.914/2011 pode‐se citar: água para 

consumo humano, água  tratada, padrão de potabilidade, padrão organoléptico, garantia 

da qualidade, intermitência, integridade do SAA, recoleta, dentre outros.  

Água  para  consumo  humano:  água  potável  destinada  à  ingestão, preparação  e  produção  de  alimentos  e  à  higiene  pessoal, independentemente da sua origem. 

Padrão  de  potabilidade:  conjunto  de  valores  permitidos  como parâmetro da qualidade da água para  consumo humano,  conforme definido na Portaria. 

Padrão  organoléptico:  conjunto  de  parâmetros  caracterizados  por provocar estímulos  sensoriais que afetam a aceitação da água para consumo  humano, mas  que  não  necessariamente  implicam  risco  à saúde. 

Água  tratada:  água  submetida  a  processos  físicos,  químicos  ou combinação destes, visando atender ao padrão de potabilidade. 

Integridade  do  sistema  de  distribuição:  condição  de  operação  e manutenção do sistema de distribuição (reservatório e rede) de água potável em que  a qualidade da  água produzida pelos processos de tratamento seja preservada até as ligações prediais. 

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Garantia da qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar a validade dos ensaios realizados. 

Recoleta:  ação  de  coletar  nova  amostra  de  água  para  consumo humano  no  ponto  de  coleta  que  apresentou  alteração  em  algum parâmetro analítico. 

Para entender melhor esses conceitos, é necessário discutir sobre o padrão de potabilidade 

vigente no Brasil. 

O padrão de potabilidade brasileiro é composto por:  

i) padrão microbiológico;  

ii) padrão de turbidez para a água pós‐filtração ou pré‐desinfecção;  

iii) padrão  para  substâncias  químicas  que  representam  riscos  à  saúde  (inorgânicas, 

orgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos secundários da desinfecção);  

iv) padrão de cianotoxinas;  

v) padrão de radioatividade;  

vi) padrão organoléptico.  

Veja  na  Tabela  6  os  parâmetros  que  precisam  ser  determinados  na  água  distribuída  à 

população para que  se possa afirmar  se ela atende ou não ao padrão de potabilidade da 

atual  Portaria  do Ministério  da  Saúde.  Na  Portaria,  também  é  definido  o  Valor Máximo 

Permitido  (VMP)  para  cada  um  dos  parâmetros  citados  na  Tabela  6.  Se  algum  deles  for 

superior ao VMP, considera‐se que a água não atende ao padrão de potabilidade. Você pode 

obter os VMP consultando a Portaria do Ministério da Saúde. Que tal dedicar parte do seu 

tempo  lendo  a  Portaria?  Ela  pode  ser  facilmente  obtida  na  internet,  pesquisando  por 

Portaria MS N.º 2.914/2011. 

Padrão  organoléptico:  conjunto  de  parâmetros  caracterizados  por provocar estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não necessariamente implicam risco à saúde. 

Independentemente  da  sua  origem,  toda  água  para  consumo humano  deve  atender  ao  padrão  de  potabilidade  e  não  oferecer riscos  à  saúde  da  população.  A  Vigilância  tem  um  papel  muito importante  para  permitir  que  todas  as  pessoas  consumam  água potável. 

 

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Mantenha‐se atualizado: o Ministério da Saúde prevê que a Portaria que estabelece os padrões de potabilidade seja revista a cada 5 anos ou a qualquer momento (mediante solicitação justificada dos órgãos de  saúde  ou  de  instituições  de  pesquisa  de  reconhecida confiabilidade).  Ao  ser  revista,  os  VMP  podem  ser  alterados,  e também  podem  ser  incluídos  ou  excluídos  alguns  parâmetros  que hoje constam no padrão de potabilidade brasileiro. Por isso, é muito importante você se manter atualizado!  

Na Tabela 6, são apresentados os principais parâmetros de caracterização da água destinada 

ao consumo humano listados na Portaria MS no 2.914/2011. 

Tabela 6: parâmetros de caracterização da água destinada ao consumo humano (baseado na portaria de potabilidade) 

Padrões definidos pela Portaria de Potabilidade 

Parâmetros que os constituem 

Padrão microbiológico  Escherichia coli e Coliformes Totais.*

Padrão de turbidez para a água pós‐filtração ou pré‐desinfecção 

Turbidez  

     Padrão para substâncias químicas que representam riscos à saúde 

Inorgânicas:  Antimônio,  Arsênio,  Bário,  Cádmio,  Chumbo,  Cianeto,  Cobre,  Cromo, Fluoreto, Mercúrio, Níquel, Nitrato, Nitrito, Selênio. Orgânicas: Acrilamida, Benzeno, Benzo[a]pireno, Cloreto de vinila, 1,2 Dicloroetano, 1,1  Dicloroeteno,  1,2  Dicloroeteno  (cis+trans),  Diclorometano,  Di(2‐etilhexil)ftalato, Estireno,  Pentaclorofenol,  Tetracloreto  de  carbono,  Tetracloroeteno, Triclorobenzenos, Tricloroeteno. Agrotóxicos:  2,4  D  +  2,4,5  T,  Alaclor,  Aldicarbe  +  aldicarbe  sulfona  +  aldicarbe sulfóxido,    Aldrin  e  Dieldrin,  Atrazina,  Carbendazim  e  benomil,  Carbofurano,  Clordano, Clorpirifós e clorpirifós‐oxon, DDT+DDD+DDE, Diuron, Endossulfan, Endrin, Glifosato+AMPA,  Lindano,  Mancobeze,  Metamidofós,  Metolacloro,  Molinato, Parationa Metílica, Pendimentalina, Permetrina, Profenofós,  Simazina, Tebuconazol, Terbufós eTrifuralina Desinfetantes e produtos secundários da desinfecção: Ácidos haloacéticos total, 2,4,6 Triclorofenol, Bromato, Clorito, Cloro livre, Monocloroamina, Total de Trialometanos 

Padrão de cianotoxinas  Microcistinas e saxitoxinas.Padrão de radioatividade  Rádio‐226 e Rádio‐228.Padrão organoléptico  Alumínio;  Amônia  (como  NH3);  Cloreto;  Cor  aparente;  1,2  diclorobenzeno;  1,4 

diclorobenzeno; Dureza; Etilbenzeno; Ferro; Manganês; Monoclorobenzeno; Gosto e Odor; Sódio; Sólidos Dissolvidos Totais; Sulfato; Sulfeto de Hidrogênio; Surfactantes; Tolueno; Turbidez; Zinco; Xilenos. 

*  Na  Portaria  também  é  feita  referência  às  bactérias  heterotróficas,  aos  protozoários  Giardia  e Cryptosporidium, às cianobactérias e a vírus entéricos. 

Nas Tabelas VII e X da Portaria MS no 2914/2011, constam o “CAS” dos parâmetros que constituem o padrão de potabilidade brasileiro. O  CAS  é  a  abreviatura  da  expressão  em  inglês  Chemical  Abstract Service. O CAS é um número único para  cada produto químico e é adotado no mundo inteiro. 

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Observe  que  há  dezenas  de  parâmetros  que  precisam  ser monitorados  para  podermos  afirmar  se  a  água  atende  ou  não  ao padrão  de  potabilidade.  Entretanto,  mesmo  atendendo  a  esses padrões,  não  há  garantia  de  que  a  água  seja  potável.  Isso  ocorre porque  há  milhares  de  substâncias  químicas  que  podem  estar presentes  na  água,  e  é  impossível  listar  todas  elas  no  padrão  de potabilidade. É por esse motivo que o Ministério da Saúde define que “água potável” é aquela que atende aos padrões de potabilidade e não  oferece  risco  à  saúde.  Vamos  tomar  como  exemplo  os agrotóxicos. No padrão de potabilidade, conforme pode ser visto na Tabela 6, estão listados os nomes de cerca de 40 princípios ativos de agrotóxicos, mas existem no comércio centenas de princípios ativos que, na prática, poderiam estar presentes na água. O Ministério da Saúde priorizou os ativos mais importantes para a realidade brasileira e  considerou  o  conhecimento  que  se  tem  no  momento  sobre  a toxicidade deles. Mas, se no local onde você trabalha há suspeita de uso  de  um  determinado  agrotóxico  (ou  outro  contaminante)  não listado na Portaria do Ministério da Saúde e que esse agrotóxico (ou outro contaminante) está colocando em risco à saúde da população, a água não pode ser considerada potável. Esse é um exemplo de que, mesmo  atendendo  aos  padrões  de  potabilidade,  a  autoridade sanitária pode classificar a água como não potável, pois ela não pode oferecer risco à saúde para ser considerada potável.  

O  emprego  de  desinfetantes  no  tratamento  da  água  pode  gerar produtos  secundários  potencialmente  tóxicos.  Talvez  você  esteja pensando:  “É  necessário  usar  desinfetante  na  água  para  inativar microrganismos  patogênicos.  Mas  se  o  desinfetante  pode  gerar produtos  tóxicos,  o  que  fazer?”  É  possível  conciliar  as  duas  coisas, fazendo  a  desinfecção  da  água  e monitorando  os  desinfetantes  e produtos  secundários  da  desinfecção  citados  na  Portaria  do Ministério da Saúde, reproduzidos na Tabela 6.  

Veja, na Tabela 7, alguns parâmetros complementares utilizados para auxiliar na avaliação da 

qualidade microbiológica da água. 

   

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Tabela 7: parâmetros adicionais para avaliação da qualidade microbiológica da água. 

Parâmetro  SignificadoBactérias heterotróficas 

A contagem de bactérias heterotróficas ajuda na avaliação da eficiência do  tratamento e, no sistema de distribuição, auxilia na verificação da integridade do sistema e/ou na existência de pontos de estagnação. Quando a contagem de bactérias heterotróficas na amostra é muito elevada, o crescimento das coliformes é inibido, dando resultados falso‐negativos da presença de coliformes. Assim, se a contagem das bactérias heterotróficas for realizada, poderá dar indícios do falso‐negativo. 

Turbidez  Na  água  filtrada,  a  turbidez  assume  a  função  de  indicador  sanitário, e  não meramente  um  parâmetro estético. A  remoção  de  turbidez,  por meio  da  filtração,  indica  a  remoção  de  partículas  em  suspensão, incluindo  enterovírus,  cistos  de Giardia  spp  e  oocistos  de  Cryptosporidium  sp. A  turbidez  da  água  pré‐desinfecção,  precedida  ou  não  de  filtração,  é  também  um  parâmetro  de  controle  da  eficiência  da desinfecção,  no  entendimento  de  que  partículas  em  suspensão  podem  proteger  os microrganismos  da ação do desinfetante. Desse modo, o padrão de  turbidez da água pré‐desinfecção ou pós‐filtração é um componente do padrão microbiológico de potabilidade da água, pois valores baixos de turbidez ao mesmo tempo  indicam  eficiência da  filtração na  remoção de microrganismos  e maior  garantia de  eficiência da desinfecção. 

Cloro residual  Um  dos  mais  importantes  atributos  de  um  desinfetante  é  sua  capacidade  de  manter  residuais minimamente  estáveis  após  sua  reação  com  a  água.  Na  saída  do  tanque  de  contato  da  estação  de tratamento, a medida do cloro residual cumpre o papel de indicador da eficiência da desinfecção, devendo ser observado um  residual mínimo de  cloro  livre, pois ele apresenta potencial desinfetante  superior ao cloro  combinado.  No  sistema  de  distribuição,  a  manutenção  de  residuais  de  cloro  tem  por  objetivo prevenir  a  contaminação  da  água  pós‐tratamento,  além  de  servir  de  indicador  da  segurança  da  água distribuída,  pois  a  redução  acentuada  do  cloro  residual  com  relação  à medida  na  saída  do  tanque  de contato pode indicar a existência de contaminação ao longo do sistema de distribuição de água. Assim, o cloro residual pode ser utilizado como um indicador de potabilidade microbiológica. 

Fonte: Elaborado a partir de (CGVAM/SVS/MS, 2006). 

O  padrão  organoléptico  é  estabelecido  com  base  em  critérios  de ordem estética da água e visa evitar que o consumidor rejeite a água por sua aparência, gosto ou odor, pois  isso poderia  levá‐lo a buscar outras  fontes  de  água,  eventualmente mais  límpida  e  sem  gosto  e odor, mas que pode  ser menos  segura do ponto de  vista  sanitário, pois uma água  “incolor,  inodora e  insípida” não é necessariamente uma  água  potável.  Por  outro  lado,  a  rejeição  de  água  com  padrão organoléptico alterado é um comportamento de defesa  intuitivo ao homem, pois, muitas vezes, a alteração organoléptica pode significar realmente uma alteração na qualidade da água.  

São apresentadas, a seguir, algumas novidades introduzidas na Portaria MS no 2914/2011: 

Emprego exclusivo da Escherichia coli como indicador de contaminação fecal 

Na  Portaria  anterior,  admitia‐se  também  a  determinação  de  coliformes  termotolerantes, 

mas  agora não, pois  a  Escherichia  coli é  reconhecidamente um  indicador mais preciso de 

contaminação fecal do que os coliformes termotolerantes. Sua detecção na água indica uma 

provável presença de microrganismos patogênicos.  

 

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A avaliação da contaminação fecal com o emprego da Escherichia coli deve ser  feita não só nos sistemas de abastecimento de água e nas soluções alternativas coletivas, mas  também nas  fontes alternativas individuais de abastecimento.  

Emprego dos coliformes totais como indicadores de integridade do sistema de distribuição 

A  presença  de  coliformes  totais  na  água  do  sistema  de  distribuição  não  guarda  relação 

conclusiva com contaminação de origem fecal, mas serve como indicador de integridade do 

sistema  de  distribuição,  pois  águas  insuficientemente  tratadas,  ou  águas  que  são 

contaminadas por  infiltração na  rede de distribuição podem promover o desenvolvimento 

de biofilmes, na tubulação ou nos reservatórios, e nesses biofilmes pode haver bactérias do 

grupo  coliforme  e mesmo  organismos  patogênicos  oportunistas.  Assim,  na  avaliação  da 

qualidade da água distribuída,  tolera‐se a detecção eventual de coliformes  totais, mas sua 

presença  frequente  e/ou  recorrente  indica  necessidade  de  alguma  providência  contra 

eventual contaminação, ou risco de contaminação, da água distribuída.  

A  detecção  de  Escherichia  coli  no  sistema  de  distribuição  deve  ser interpretado como sinal  inequívoco de contaminação fecal da água e, por isso, exige‐se sistematicamente a ausência dessa bactéria.  

Emprego da turbidez como indicador sanitário  

Pelo conhecimento de que a turbidez da água filtrada é um parâmetro indicador da remoção 

de  cistos  de Giardia  e  oocistos  de  Cryptosporidium,  devem‐se  almejar  efluentes  filtrados 

com valores de turbidez mais baixos possíveis, pois constitui excelente  indicativo de que a 

ETA está funcionando satisfatoriamente. 

O atendimento ao valor máximo permitido de turbidez de 0,5 uT na saída  dos  filtros  das  estações  que  empregam  a  filtração  rápida (tratamento  completo  ou  filtração  direta)  deverá  ser  cumprido mediante  etapas  escalonadas  em  4  anos,  conforme  anexo  III  da Portaria MS  no  2.914/2011.  As  autoridades  de  saúde  devem  ficar atentas  às  novas mudanças  e  acompanhar  o  cumprimento  dessas metas pelos prestadores de serviços.  

Adoção de monitoramento mensal de Escherichia coli no(s) ponto(s) de captação de água  

 Os  responsáveis  pelos  sistemas  e  soluções  alternativas  coletivas  de  abastecimento  que 

utilizam mananciais  superficiais devem  realizar monitoramento mensal de Escherichia  coli 

no(s) ponto(s) de captação de água para determinar a necessidade ou não de ser investigada 

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a presença de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium na água bruta. Embora não 

existam correlações numéricas entre a ocorrência de Escherichia coli e de cistos de Giardia e 

oocistos  de  Cryptosporidium  em  mananciais  superficiais,  definiu‐se,  na  Portaria  MS  no 

2.914/2011, que a pesquisa dos cistos e oocistos deverá ser feita, obrigatoriamente, quando 

a média de Escherichia coli no manancial for superior a 1000 organismos/100mL, assumindo‐

se que tais mananciais são fortemente impactados por contaminação de origem fecal e que, 

portanto, apresentam maior probabilidade de ocorrência de patógenos de origem intestinal. 

Introdução de novos parâmetros no controle do processo de desinfecção da água  

As exigências e  recomendações de controle da cloração da Portaria MS no 518/2004  tinha 

como referência recomendações genéricas de publicações da Organização Mundial da Saúde 

e, em  resumo, estabelecia que, após a desinfecção a água deveria  ter um  teor mínimo de 

cloro residual livre de 0,5 mg/L e que em qualquer ponto da rede de distribuição esse valor 

deveria  ser  de  pelo menos,  0,2 mg/L.  Também  era  recomendado  que  a  cloração  fosse 

realizada em pH inferior a 8,0 e tempo de contato mínimo de 30 minutos. Nessas condições, 

o valor do CT (concentração residual do desinfetante x tempo de contato) resulta igual a 15 

mg.min/L  (0,5  mg/L  x  30  min  =  15  mg.min/L).  Contudo,  sabe‐se  que  para  obter  uma 

determinada eficiência de  inativação de microrganismos por desinfecção há outros  fatores 

que influem no processo de desinfecção, como pH e temperatura da água. Em vista disso, na 

Portaria MS no 2914/2011, foram incluídas tabelas para controle da desinfecção em termos 

de CT em função dos valores de temperatura e de pH da água, conforme consta nos anexos 

IV, V e VI da referida Portaria, para a desinfecção com cloro, cloramina e dióxido de cloro. As 

condições  a  serem  observadas  quando  for  utilizado  ozônio  ou  radiação  ultravioleta  no 

processo de desinfecção são citadas nos artigos 32, 33 e 35 da Portaria MS no 2914/2011. 

No 4º parágrafo do artigo 32 da Portaria MS no 2914/2011 aparece a expressão  “0,5  log  de  inativação  de  cisto  de Giardia  spp.” Você  sabe como calcular o “log de  inativação”? Esse valor é calculado utilizando a seguinte equação: Log inativação = log (quantidade inicial / quantidade final) Para entender os cálculos você precisará se  lembrar do conceito de “logaritmo na base 10”, que é aprendido em aulas de matemática. Uma calculadora ajudará a resolvermos um pequeno exercício. Considere que existam 10 cistos de Giardia por  litro de água e que após a desinfecção esse valor foi reduzido para 3 cistos. Qual foi o log de  inativação?  Pela  equação  citada  anteriormente,  teremos:  Log 

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inativação =  log  (10/3). Usando uma calculadora, observamos que o log de 10/3 é igual a 0,52, ou seja, o Log inativação, neste caso, foi de 0,52.   

Para a utilização de outro agente desinfetante além dos citados na Portaria  MS  no  2.914/2011,  deve‐se  consultar  o  Ministério  da Saúde.  A  necessidade  dessa  consulta  se  justifica  como  forma  de prevenir  riscos  à  saúde  quando  da  utilização  de  agentes desinfetantes  que  podem  não  apresentar  comprovada  eficácia  de desinfecção  ou  que  possam  formar  subprodutos  tóxicos.  Nesses casos,  o Ministério  da  Saúde  deverá  realizar  estudos  ou  pesquisas que  atestem  a  viabilidade  do  uso  de  agentes  desinfetantes diferentes. 

Em muitas ETAs no Brasil, é feita a recirculação da água de  lavagem dos  filtros  e,  comprovadamente,  a  recirculação  pode  ser  uma importante  forma  de  aumento  da  quantidade  de  cistos  de Giardia spp.  e  oocistos  de  Cryptosporidium  sp.  no  afluente  da  ETA.  A autoridade  de  saúde  deve  autorizar  a  recirculação  da  água  de lavagem  de  filtro,  somente  quando  for  comprovado  que  não  há incremento de cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium sp. no sistema de tratamento. 

Inserção da análise de saxitoxina 

As  análises  de  saxitoxinas  e  cilindrospermopsina  eram  recomendadas  na  Portaria MS  no 

518/2004.  Contudo,  a  ocorrência  crescente  de  espécies  potencialmente  produtoras  de 

saxitoxinas  e  a  detecção  sistemática  dessas  neurotoxinas  em  diferentes  reservatórios  de 

abastecimento do país, e sua alta toxicidade, levaram o Ministério da Saúde a estabelecer na 

Portaria MS no 2914/2011 que as análises das saxitoxinas também devam ser obrigatórias.  

Quando  as  concentrações  de  cianotoxinas  no  manancial  forem menores  que  seus  respectivos  VMPs  para  água  tratada,  será dispensada a análise de cianotoxinas na saída do tratamento. 

Um aspecto muito  importante nas ações de controle e vigilância é definir a quantidade e a 

frequência de coleta das amostras para monitoramento da qualidade da água para consumo 

humano. Esse é o nosso próximo assunto. 

2.2.  Plano de Amostragem 

Na  Portaria  do  Ministério  da  Saúde  é  definido  o  plano  de  amostragem  para  o 

monitoramento da qualidade da água por parte da instituição responsável pelo SAA ou SAC. 

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O número mínimo de amostras e a frequência da amostragem são variáveis de acordo com o 

parâmetro  de  qualidade  da  água,  o  ponto  de  amostragem  (saída  do  tratamento  e 

reservatórios/rede), o porte da população abastecida e o tipo de manancial, conforme pode 

ser observado nas Tabelas 8 a 12. 

Cabe  destacar  que  não  ocorreram  alterações  significativas  no  Plano  de  Amostragem  da 

Portaria  MS  no  2914/2011  com  relação  à  Portaria  anterior.  Dentre  as  alterações  que 

merecem  maior  destaque,  pode‐se  citar  os  novos  parâmetros  que  necessitarão  ser 

monitorados,  a exemplo dos  ácidos haloacéticos e das  saxitoxinas e os  testes de  gosto e 

odor. 

Tabela 8: número mínimo de amostras para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento,  para  fins  de  análises  físicas,  químicas  e  de  radioatividade,  em  função  do ponto de amostragem, da população abastecida e do tipo de mancial (baseado na portaria MS nO 2.914/2011). 

Parâmetro  Tipo  de manancial 

Saída  do tratamento (número  de amostras  por unidade  de tratamento) 

Sistema de distribuição (reservatórios e rede) População abastecida<50.000 hab. 50.000 a 250.000 hab.  > 250.000 hab.

Cor   

 Superficial  

 1  

10  

1 para cada 5.000 hab. 

40 + (1 para cada25.000 hab.) 

 Subterrâneo  

1  5 1 para cada 10.000 hab. 

20 + (1 para cada50.000 hab.) 

Turbidez, CRL(1), Cloraminas(1), Dióxido de Cloro(1) 

Superficial 

1  Em todas as amostras coletadas para análise microbiológicas devem ser  efetuadas,  medição  de  turbidez  e  de  CRL,  caso  o  agente desinfetante utilizado não seja cloro. Subterrâneo 

 1 

pH e Fluoreto  

Superficial ou Subterrâneo 

1  

Dispensada a análise 

Gosto e Odor  Superficial 

1  Dispensada a análise 

Subterrâneo  

Cianotoxinas  Superficial 1  

Dispensada a análise  

Produtos secundários da desinfecção 

Superficial 

1  1(2) 4(2) 4(2)

Subterrâneo  

Dispensada a análise 

1(2) 1(2) 1(2)

Demais parâmetros(3)(4) 

Superficial ou Subterrâneo 

1  

1(5)

 1(5)

 1(5) 

 (1) Cloro  residual  livre e análise exigida de acordo com o desinfetante utilizado;  (2) As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de maior tempo de detenção da água no sistema de distribuição; (3) 

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A definição da periodicidade de amostragem para o quesito de radioatividade será definido após o inventário inicial, realizado semestralmente no período de 2 anos, respeitando a sazonalidade pluviométrica; (4) O plano de  amostragem  para  agrotóxicos  deverá  considerar  a  avaliação  dos  seus  usos  na  bacia  hidrográfica  do manancial  de  contribuição,  bem  como  a  sazonalidade  das  culturas  (5)  Dispensada  análise  na  rede  de distribuição, quando o parâmetro não for detectado na saída do tratamento e, ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição. 

Tabela  9:  frequência mínima  de  amostragem    para  o  controle  da  qualidade  da  água  de sistema  de  abastecimento,  para  fins  de  análises  físicas,  químicas  e  de  radioatividade,  em função do ponto de amostragem, da população abastecida e do tipo de mancial (baseado na portaria MS nO 2914/2011). 

Parâmetro  Tipo de manancial 

Saída do tratamento (frequência 

por unidade de tratamento) 

Sistema de distribuição (reservatórios e rede)População abastecida 

<50.000 hab. 50.000 a 250.000 hab.  > 250.000 hab.

Cor   

 Superficial 

 A cada 2h 

 Mensal 

 Subterrâneo  Semanal Mensal 

Turbidez, CRL(1), Cloraminas, Dióxido de Cloro 

Superficial  

A cada 2h Em todas as amostras coletadas para análise microbiológicas devem ser efetuadas, medição de turbidez e de CRL, caso o agente 

desinfetante utilizado não seja cloro. Subterrâneo  

2 vezes/sem.

pH e Fluoreto  

Superficial  A cada 2h Dispensada a análise Subterrâneo  2 vezes/sem.

Gosto e Odor  Superficial  Trimestral Dispensada a análise Subterrâneo  Semestral

Cianotoxinas  Superficial  Semanal quando o nº de cianobactérias

≥ 20.000 células/mL 

 

Dispensada a análise  

Produtos secundários da desinfecção 

Superficial  

Trimestral Trimestral 

Subterrâneo  

Dispensada a análise 

Anual Semestral Semestral

Demais parâmetros(2)(3) 

Superficial ou 

Subterrâneo 

Semestral 

Semestral 

1)  Cloro  residual  livre;  (2) Apenas  será  exigida  obrigatoriedade  de  investigação  dos  parâmetros  radioativos quando da evidência de causas de radiação natural ou artificial; (3) Dispensada análise na rede de distribuição, quando o parâmetro não for detectado na saída do tratamento e, ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição. 

   

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Tabela 10: número mínimo de amostras mensais   para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para  fins de análises microbiológicas, em  função da população abastecida (baseado na portaria MS nO 2914/2011). 

 Parâmetro 

 Saída do 

tratamento (nº amostras/unidade de tratamento) 

Sistema de distribuição (reservatórios e rede) 

    População abastecida     <  5.000 

hab. 5.000  a  20.000 hab. 

20.000 a 250.000 hab.  > 250.000 hab.

Coliformes totais 

 Duas amostras semanais (1) 

0  1 para cada 500 hab. 

30 + (1 para cada 2.000 hab.) 

105 + (1 para cada 5.000 hab.) 

Máximo de 1.000 Escherichia Coli 

 (1) Recomenda‐se a coleta de, no mínimo, quatro amostras semanais. 

Tabela  11:  número  mínimo  de  amostras  e  frequência  mínima  de  amostragem    para  o controle da qualidade da água de solução alternativa coletiva, para  fins de análises  físicas, químicas  e microbiológicas,  em  função  do  tipo  de manancial  e  do  ponto  de  amostragem (baseado na portaria MS nO 2914/2011). 

Parâmetro  Tipo de manancial 

Saída do tratamento (para água canalizada) 

Número de amostras retiradas no ponto de 

consumo (1) 

(para cada 500 hab.) 

Frequência de amostragem

Cor,  turbidez,  pH  e coliformes totais (1) e (2) 

Superficial  1 1 SemanalSubterrâneo  1 1 Mensal

Cloro residual livre (1)  Superficial  ou subterrâneo 

1 1 Diário

 (1) Para  veículos  transportadores de  água para  consumo humano, deve  ser  realizada uma  análise de  cloro residual livre em cada carga e uma análise, na fonte de fornecimento, de cor, turbidez, pH e coliformes totais com frequência mensal, ou outra amostragem determinada pela autoridade de saúde pública. (2) O número e a frequência de amostras coletadas no sistema de distribuição para pesquisa de Escherichia Coli devem seguir o determinado para coliformes totais. 

Tabela 12: frequência de monitoramento de cianobactérias no manancial de abastecimento de água. Quando a densidade de cianobactérias (células/mL) for: Frequência

≤ 10.000  Mensal 

> 10.000  Semanal 

 

   

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Vamos  fazer um pequeno exercício prático  considerando uma  cidade  com 320 

mil habitantes que possui 2 estações de tratamento de água que fazem captação 

em  um  manancial  superficial.  A  pergunta  é:  quantas  amostras  devem  ser 

coletadas pela empresa prestadora do  serviço de abastecimento de água para 

controle da turbidez na saída do tratamento? Vamos à resposta: 

Pela Tabela 8, observa‐se que o número mínimo de amostras na saída de cada 

unidade  de  tratamento  para  o  controle  da  turbidez  é  1  (uma).  Na  Tabela  9 

podemos obter a frequência mínima relativa à turbidez, que é a cada 2 horas na 

saída  do  tratamento. Ou  seja,  se  a  cidade  possui  duas  ETAs,  a  empresa  deve 

determinar  a  turbidez  na  saída  de  cada  estação  de  2  em  2  horas,  o  que 

corresponde  a  24  amostras  por  dia  (12  para  cada  ETA).  Além  disso,  é  bom 

lembrar  que  não  basta  monitorar  a  turbidez,  pois  uma  série  de  outros 

parâmetros, com número de amostras e frequência mínima específica para cada 

um  deles,  conforme  mostrado  nas  Tabelas  8  a  12,  também  precisam  ser 

determinados pela empresa prestadora do serviço de abastecimento de água. 

 

Realizar a coleta, preservação e análise  laboratorial corretamente é fundamental para a confiabilidade dos resultados de monitoramento da  qualidade  da  água  para  consumo  humano.  É  por  isso  que  na Portaria MS no 2914/2011, em  seu artigo 21, é especificado que os laboratórios  responsáveis  pelas  análises  precisam  comprovar  a existência  de  sistema  de  gestão  da  qualidade,  conforme  requisitos especificados em norma.  

A  maioria  das  cianobactérias  formadoras  de  florações  tóxicas  em reservatórios  de  abastecimento  é  dotada  de  vesículas  de  ar, denominadas “aerótopos”. Os aerótopos conferem às cianobactérias capacidade de flutuar e de regular sua posição na coluna d`água. Por esse  motivo,  recomenda‐se  que  a  coleta  de  amostras  para quantificação das cianobactérias no ponto de captação seja realizada a  cerca  de  20  cm  de  profundidade,  para  que  a  amostra  seja mais representativa  da  qualidade  da  água  em  termos  da  presença  de cianobactérias potencialmente tóxicas. 

Quando  se  faz  coletas  no  sistema  de  distribuição  de  água  tratada, deve‐se  atender  ao  critério  de  abrangência  espacial  e  considerar ainda a importância de se ter amostras em pontos estratégicos, como terminais rodoviários, edifícios que abrigam grupos populacionais de 

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risco  (hospitais,  creches,  asilos  etc.),  locais  com  sistemáticas notificações  de  agravos  à  saúde,  possivelmente  associados  aos agentes  de  veiculação  hídrica  (definição  esta  que  necessita  de participação da área de saúde pública) e trechos mais vulneráveis do sistema de distribuição,  como pontas de  rede, pontos de queda de pressão,  locais  sujeitos  à  intermitência  de  abastecimento, reservatórios e locais afetados por manobras realizadas na rede. 

 

PONTOS IMPORTANTES 

Nesta  seção  abordamos  a  qualidade  da  água  para  consumo  humano  e  o  plano  de 

amostragem que deve ser atendido pela instituição responsável pelo SAA ou SAC. Vimos que 

os parâmetros  físicos, químicos, biológicos e  radiológicos devem atender às exigências de 

Portaria  do Ministério  da  Saúde  e  que  o  critério  fundamental  que  rege  a  definição  de 

potabilidade da água é que ela não pode causar mal à saúde humana. Desse modo, se uma 

determinada  substância  potencialmente  prejudicial  à  saúde  estiver  presente  na  água,  ela 

precisará ser monitorada mesmo que não conste na referida Portaria. A água deve promover 

a  saúde da população e não  ser  responsável pela  transmissão de doenças. As doenças de 

veiculação hídrica é o assunto da nossa próxima seção. 

 

 

   

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3. Doenças de veiculação hídrica 

 

Todos  os  anos,  milhares  de  pessoas  adoecem  ou  morrem  por  causa  de  enfermidades 

relacionadas  com  a  água.  Além  da  perda  de  vidas  humanas,  contabilizam‐se  prejuízos 

decorrentes das internações hospitalares e da redução da produtividade dos trabalhadores, 

dentre outras ocorrências  indesejadas. Por tudo  isso, mas principalmente para salvar vidas, 

o trabalho da vigilância da qualidade da água para consumo humano é um serviço essencial 

para a sociedade. De modo geral, os grupos mais vulneráveis às doenças relacionadas com a 

água  são as crianças, os  idosos e as pessoas que  já apresentam debilidade na  saúde, mas 

todos nós estamos sujeitos às doenças pelo consumo de água não potável. A água também 

pode  ser  responsável  pela  transmissão  indireta  de  doenças,  por  exemplo,  ao  realizarmos 

atividade  de  lazer  em  um  ambiente  aquático  poluído  ou  ao  consumir  alimento  que  foi 

irrigado com água contaminada.  

Os  riscos  para  a  saúde  humana  associados  com  a  água  podem  ser  classificados  em  duas 

categorias: 

riscos  relacionados  com  a  ingestão de  água  contaminada por  agentes biológicos,  pelo 

contato  direto  ou  por meio  de  insetos  vetores  que  necessitam  da  água  em  seu  ciclo 

biológico;  

riscos derivados da presença de poluentes químicos e/ou  radioativos, geralmente  (mas 

nem sempre) decorrentes de esgotos industriais, ou causados por acidentes ambientais. 

De modo geral, os microrganismos que geram maior preocupação sanitária nos sistemas de 

abastecimento  de  água  são  aqueles  que  i)  apresentam  capacidade  de  sobrevivência 

prolongada na água,  ii) podem se  reproduzir na água, particularmente nos  reservatórios e 

rede de distribuição,  iii) possuem elevada  resistência aos processos usuais de desinfecção, 

iv) são capazes de causar doenças mesmo quando presentes em pequenas quantidades e v) 

apresentam múltiplas fontes de infecção, como, por exemplo, reservatórios animais. 

Na  Tabela  13,  apresenta‐se  a  relação  de  alguns  organismos  patogênicos  e  características 

associadas a eles, com o  intuito de facilitar a compreensão da  importância relativa de cada 

um na transmissão de doenças via abastecimento de água.  

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Tabela 13: organismos patogênicos veiculados pela água e de  transmissão  feco‐oral e  sua importância para o abastecimento. 

Agente patogênico  Importância para a saúde 

  

Persistência na águaa 

Resistência ao clorob 

Dose Infectante relativac 

Reservatório animal 

importante Bactérias:      Campylobacter jejuni  Considerável    Moderada Baixa Moderada  SimEscherichia coli – patogênica  Considerável    Moderada Baixa Alta  SimSalmonella typhi   Considerável    Moderada Baixa Alta  NãoOutras salmonelas  Considerável    Prolongada Baixa Alta  SimShigella spp.  Considerável    Breve Baixa Moderada  NãoVibrio cholerae  Considerável    Breve Baixa Alta  NãoYersinia enterocolitica  Considerável    Prolongada Baixa Alta (?)  SimPseudomonas aeruginosa d  Moderada    Podem 

multiplicar‐se Moderada Alta (?)  Não

Aeromonas spp  Moderada    Podem multiplicar‐se 

Baixa Alta (?)  Não

Vírus: Adenovirus  Considerável    ? Moderada Baixa  NãoEnterovirus  Considerável    Prolongada Moderada Baixa  NãoHepatite A  Considerável    ? Moderada Baixa  NãoHepatite E  Considerável    ? ? Baixa  NãoVírus de Norwalk  Considerável    ? ? Baixa  NãoRotavirus  Considerável    ? ? Moderada  Não (?)Protozoários: Entamoeba hystolitica  Considerável    Moderada Alta Baixa  NãoGiardia intestinalis  Considerável    Moderada Alta Baixa  SimCryptosporidium parvum  Considerável    Prolongada Alta Baixa  Sim

?: não conhecido ou não confirmado; a: período de detecção da fase infectante na água a 20º C: reduzida ‐ até 1 semana; moderada ‐  de 1 semana a 1 mês; elevada ‐  mais de 1 mês; b:  quando  a  fase  infectante  encontra‐se  na  água  tratada  em  doses  e  tempos  de  contato  tradicionais. Resistência  moderada  ‐  o  agente  pode  não  ser  completamente  destruído;  baixa  resistência  ‐  o  agente usualmente é destruído completamente; c: dose necessária para causar  infecção em 50% dos voluntários adultos sãos; no caso de alguns vírus, pode bastar uma unidade infecciosa; d: patogênico oportunista.  Fonte: (CGVAM/SVS/MS, 2006). 

 Deve‐se  ressaltar  que  a  listagem  apresentada  na  Tabela  14  não abrange  todos  os  organismos  patogênicos  que  podem  ser transmitidos pela água para consumo humano. Além disso, conforme citado  anteriormente,  é  importante  saber  que  a  identificação  dos microrganismos  patogênicos  na  água  é,  geralmente,  morosa, complexa  e  onerosa.  Por  essa  razão,  tradicionalmente  recorre‐se  à identificação  de  organismos  indicadores  de  contaminação, considerando‐se que sua presença indica a possibilidade da presença de  organismos  patogênicos. No  âmbito  do  padrão  de  potabilidade brasileiro,  a  verificação  da  qualidade  microbiológica  da  água 

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destinada  ao  consumo humano é  feita  indiretamente, por meio da bactéria Escherichia coli. 

De  modo  geral,  observa‐se  que  os  microrganismos  apresentam  a seguinte ordem de resistência à desinfecção: bactérias < vírus < cistos e oocistos de protozoários < ovos de helmintos. Ou seja, os ovos de helmintos  são  os  mais  resistentes  à  desinfecção,  enquanto  as bactérias  são  as  menos  resistentes.  Os  coliformes  totais  e  a Escherichia coli são as bactérias indicadoras utilizadas na avaliação da qualidade microbiológica da água no Brasil, mas a ausência delas na água não é uma garantia total de que a água é segura do ponto de vista microbiológico, pois a desinfecção pode inativar essas bactérias, mas  não  ser  suficiente  para  inativar  patógenos  mais  resistentes. Muitos microrganismos precisam ser removidos fisicamente na etapa de  clarificação da água, porque os processos usuais de desinfecção não  são  adequados  para  inativá‐los. O  profissional  da  vigilância  da qualidade  da  água  deve  dar  atenção  especial  aos  locais  com sistemáticas notificações de agravos à  saúde  (situações de  surto de doença  diarreica  aguda  ou  outro  agravo  de  transmissão  fecal‐oral) que têm como possíveis causas agentes de veiculação hídrica. Ainda que  as  análises  indiquem  a  inexistência  de  coliformes  totais  ou Escherichia  coli,  a  água  pode  estar  contaminada  com  patógenos.  É por esse motivo que o Ministério Saúde estabelece que nesses casos deve‐se adotar os seguintes procedimentos:    a) análise microbiológica completa, de modo a apoiar a  investigação epidemiológica e a  identificação, sempre que possível, do gênero ou espécie de microrganismos;  b) análise para pesquisa de vírus e protozoários, no que couber, ou encaminhamento  das  amostras  para  laboratórios  de  referência nacional, quando as amostras clínicas forem confirmadas para esses agentes e os dados epidemiológicos apontarem a água como via de transmissão; e  c) envio das cepas de Escherichia coli aos  laboratórios de referência nacional para identificação sorológica. Em resumo, pode‐se dizer que embora a E. coli e os coliformes totais sejam  indicadores úteis,  eles  têm  limitações, pois os  vírus,  cistos  e oocistos de protozoários e ovos de helmintos são mais resistentes à desinfecção do que as bactérias. 

Na Tabela 14, tem‐se uma compilação de informações de algumas doenças relacionadas com a 

água, com o nome do agente patogênico e com a  listagem de algumas medidas que podem 

ser adotadas para reduzir ou controlar as doenças. 

 

 

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Tabela 14  – doenças relacionadas com a água 

Transmissão  Doença  Agente patogênico Medida 

Pela água  

Cólera Febre tifoide Giardíase Amebíase Hepatite infecciosa Diarreia aguda   

Vibrio cholerae.Salmonella typhi. Giardia lamblia. Entamoeba histolystica. Hepatite vírus A e E. Balantidium coli, Cryptosporidium, Baccilus cereus, S. areus, Campylobacter, E. coli enterotoxogênica e enteropatogênica, enterohemolítica, Shigella, yersínia enterolitica, Astrovirus, calicivirus, Norwalk, rotavirus A e B. 

‐ Implantar sistema de abastecimento e tratamento de água, com fornecimento em quantidade e qualidade para consumo humano, uso doméstico e coletivo. ‐ Proteger de contaminação os mananciais e fontes de água.   

Pela falta de limpeza, higienização com água  

Escabiose Pediculose Tracoma Conjuntivite bacteriana aguda Salmonelose Tricuríase Enterobíase Ancilostomíase Ascadíase 

Sarcoptes scabiei.Pediculus humanus. Clamydia trachomatis. Haemophilus aegyptius.  Salmonella typhimurium, S. enteritides. Trichuris trichiura. Enterobius vermiculares. Ancylostoma duodenale. Ascaris lumbricóides. 

‐ Implantar sistema adequado de esgotamento sanitário. ‐ Instalar abastecimento de água preferencialmente com encanamento no domicílio. ‐ Instalar melhorias sanitárias domiciliares e coletivas. ‐ Instalar reservatório de água adequado com limpeza sistemática (a cada seis meses). 

Por vetores que se relacionam com a água 

Malária  Dengue Febre amarela Filariose 

Plasmodium vivax, P. malarie e P. falciparum. Grupo B dos arbovírus. RNA vírus. Wuchereria bancrofti. 

‐ Eliminar o aparecimento de criadouros de vetores com inspeção sistemática e medidas de controle (drenagem, aterro e outros). ‐ Dar destinação final adequada aos resíduos sólidos. 

Associada à água 

EsquistossomoseLeptospirose 

Schistosoma mansoni.Leptospira interrogans. 

‐ Controlar vetores e hospedeiros intermediários. 

Fonte: Funasa, 2007. 

PONTOS IMPORTANTES 

Nesta  seção, discutimos um pouco  sobre as doenças  relacionadas com a água,  tendo  sido 

dado maior destaque àquelas causadas por patógenos. Contudo, não se pode esquecer que 

os  contaminantes químicos presentes na  água  também podem  causar doenças e por  isso 

eles  precisam  ser  criteriosamente  monitorados.  Em  geral,  os  contaminantes  químicos 

causam danos à saúde em longo prazo, enquanto os patógenos têm ação mais imediata, mas 

ambos precisam ser monitorados. Para controlar e prevenir doenças na população de modo 

mais efetivo, é  importante  resgatar o  conceito de  saneamento  integrado,  com adoção de 

boas práticas no campo do abastecimento de água, do esgotamento sanitário, dos resíduos 

sólidos urbanos, da drenagem pluvial e do controle de vetores. 

   

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RESUMINDO 

Estamos chegando ao fim desta Unidade na qual foram apresentados fundamentos técnicos 

relacionados com o abastecimento de água para consumo humano, a qualidade da água e as 

doenças de veiculação hídrica. Os conceitos aqui apresentados serão importantes para você 

dar continuidade ao curso, aprendendo ou relembrando assuntos que serão abordados nos 

próximos Módulos. Volte a este  texto  sempre que  for necessário. Caso queira aprofundar 

seus  estudos  em  algum  dos  temas  tratados  aqui,  você  pode  consultar  a  bibliografia  que 

consta  no  item  “Saiba  Mais!”  e  nas  referências  listadas  no  fim  da  Unidade,  mas  você 

também  pode  realizar  pesquisas  próprias  e  conversar  com  seus  colegas  para  descobrir 

outros materiais que são do seu  interesse profissional. Se  identificar erros ou tiver alguma 

crítica ou sugestão relativa à Unidade 2, comente com o tutor e discuta o assunto com seus 

colegas no  fórum do curso para que possamos aperfeiçoar este material didático. Nós, os 

autores desta Unidade, desejamos muito sucesso a todos! 

 

Cianobactérias  Tóxicas  na  Água  para  Consumo  Humano  na  Saúde Pública  e  Processos  de  Remoção  em  água  para  consumo  humano. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2003. 56p. Doenças Infecciosas e Parasitárias – Guia de Bolso. Departamento de Vigilância  Epidemiológica/  Secretaria  de  Vigilância  em Saúde/Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 444 p. Inspeção  Sanitária  em  Abastecimento  de  Água.  CGVAM/SVS/MS  ‐ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental/ Secretaria de Vigilância  em  Saúde/Ministério  da  Saúde.  Brasília:  Ministério  da Saúde, 2006. 86 p. Manual  de  Procedimentos  de  Vigilância  em  Saúde  Ambiental Relacionada  à  Qualidade  da  Água  para  Consumo  Humano. CGVAM/SVS/MS  ‐  Coordenação  Geral  de  Vigilância  em  Saúde Ambiental/  Secretaria  de Vigilância  em  Saúde/Ministério  da  Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 286 p. Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde. Dispõe  sobre  os  procedimentos  de  controle  e  de  vigilância  da qualidade  da  água  para  consumo  humano  e  seu  padrão  de potabilidade.  Disponível em:   http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/ prt2914_12_12_2011.html 

   

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  

CGVAM/SVS/MS  ‐  COORDENAÇÃO  GERAL  DE  VIGILÂNCIA  EM  SAÚDE  AMBIENTAL/ 

SECRETARIA  DE  VIGILÂNCIA  EM  SAÚDE/MINISTÉRIO  DA  SAÚDE.  Boas  práticas  no 

abastecimento  de  água:  procedimentos  para  a  minimização  de  riscos  à  saúde.  Brasília: 

Ministério da Saúde, 2006. 252 p.  

DI  BERNARDO,  L.  (coordenador).  Tratamento  de  água  para  abastecimento  por  filtração 

direta. Rio de Janeiro: ABES / RiMa, 2003. 480p. 

DI  BERNARDO,  L. Métodos  e  técnicas  de  tratamento  de  água.  Volume  2.  ABES.  Rio  de 

Janeiro, 1993. 

FUNASA  ‐  FUNDAÇÃO NACIONAL DE  SAÚDE. Manual  de  saneamento.  3ª  ed.  rev. Brasília: 

Ministério da Saúde, 2007. 407 p. 

HELLER,  L.; PÁDUA, V.  L.  (organizadores). Abastecimento de água para  consumo humano. 

Belo Horizonte: UFMG, 2006. 859p. 

PROSAB – PROGRAMA DE PESQUISA EM SANEAMENTO BÁSICO. DVD da Rede Tema Água. 

2007. (DVD). 

ReCESA ‐ REDE NACIONAL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO 

AMBIENTAL.  Guia  do  profissional  em  treinamento.  Qualidade  da  Água  e  Padrões  de 

Potabilidade. Nucase/Secretaria Nacional de Saneamento/Ministério das Cidades, 2008. 55‐

p.