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S1C3T1 Fl. 2 1 1 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.721874/201355 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1301001.762 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de fevereiro de 2015 Matéria Amortização de ágio Recorrentes ROYAL FIC DISTRIBUIDORA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO S/A E ÉDIO NOGUEIRA (CPF 725.103.40859) FAZENDA NACIONAL ASSUNTO:IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 RECURSO DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135, INCISO III DO CTN. DESCABIMENTO. Inexistindo qualquer fundamento legal nas disposições do Art. 135, inciso III do CTN para delimitar a responsabilidade do agente apenas às multas qualificadas, da forma como pretendido pela r. decisão de primeira instância, inviável aqui se mostra a sua manutenção. Nos termos daquele dispositivo são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. RECURSO VOLUNTÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA INDICAÇÃO DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA AUTUAÇÃO. AFASTAMENTO. Tendo a contribuinte perfeitamente compreendido todas as circunstâncias fáticas que envolveram a fiscalização efetivada e, por força disso, regularmente apresentado a sua defesa, descabe qualquer consideração a respeito do acolhimento da preliminar de nulidade apontada (relativa a suposto erro na indicação dos fundamentos da autuação), estando, pois, aqui já perfeitamente superada. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO PREMISSAS. As premissas básicas para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7o., inciso III, e 8o. da Lei 9.532 de 1997, são: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; ii) a realização das operações originais entre partes não ligadas; iii) seja demonstrada a lisura na avaliação da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura. Nesse contexto ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 19515.721874/2013-55 Fl. 954 DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES

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    1S1C3T1 MINISTRIODAFAZENDA

    CONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISPRIMEIRASEODEJULGAMENTO

    Processon 19515.721874/201355

    Recurson DeOfcioeVoluntrio

    Acrdon 1301001.7623Cmara/1TurmaOrdinriaSessode 04defevereirode2015

    Matria Amortizaodegio

    Recorrentes ROYALFICDISTRIBUIDORADEDERIVADOSDEPETRLEOS/AEDIONOGUEIRA(CPF725.103.40859)

    FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO:IMPOSTOSOBREARENDADEPESSOAJURDICAIRPJAnocalendrio:2009RECURSODEOFCIO.RESPONSABILIDADETRIBUTRIA.ART.135,INCISOIIIDOCTN.DESCABIMENTO.InexistindoqualquerfundamentolegalnasdisposiesdoArt.135,incisoIIIdo CTN para delimitar a responsabilidade do agente apenas s multasqualificadas,daformacomopretendidopelar.decisodeprimeirainstncia,invivelaquisemostraasuamanuteno.Nostermosdaqueledispositivosopessoalmenteresponsveispeloscrditoscorrespondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados comexcesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos, osdiretores,gerentesourepresentantesdepessoasjurdicasdedireitoprivado.RECURSO VOLUNTRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NAINDICAO DOS FUNDAMENTOS JURDICOS DA AUTUAO.AFASTAMENTO.Tendo a contribuinte perfeitamente compreendido todas as circunstnciasfticas que envolveram a fiscalizao efetivada e, por fora disso,regularmente apresentado a sua defesa, descabe qualquer considerao arespeito do acolhimento da preliminar de nulidade apontada (relativa asupostoerronaindicaodosfundamentosdaautuao),estando,pois,aquijperfeitamentesuperada.AMORTIZAODOGIOPREMISSAS.Aspremissasbsicasparaamortizaodegio,comfulcronosart.7o.,incisoIII,e8o.daLei9.532de1997,so:i)oefetivopagamentodocustototaldeaquisio, inclusive o gio ii) a realizao das operaes originais entrepartes no ligadas iii) seja demonstrada a lisura na avaliao da empresaadquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura. Nesse contexto

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    19515.7

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    Fl. 954DF CARF MF

    Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

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    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES

    19515.721874/2013-55 1301-001.762 PRIMEIRA SEO DE JULGAMENTO De Ofcio e Voluntrio Acrdo 3 Cmara / 1 Turma Ordinria 04/02/2015 Amortizao de gio ROYAL FIC DISTRIBUIDORA DE DERIVADOS DE PETRLEO S/A E DIO NOGUEIRA (CPF 725.103.408-59) FAZENDA NACIONAL RO Negado e RV Negado Crdito Tributrio Mantido CARF Relator 2.0.4 1301001762 CARF1301ACC Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ Ano-calendrio: 2009 RECURSO DE OFCIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTRIA. ART. 135, INCISO III DO CTN. DESCABIMENTO. Inexistindo qualquer fundamento legal nas disposies do Art. 135, inciso III do CTN para delimitar a responsabilidade do agente apenas s multas qualificadas, da forma como pretendido pela r. deciso de primeira instncia, invivel aqui se mostra a sua manuteno. Nos termos daquele dispositivo so pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurdicas de direito privado. RECURSO VOLUNTRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA INDICAO DOS FUNDAMENTOS JURDICOS DA AUTUAO. AFASTAMENTO. Tendo a contribuinte perfeitamente compreendido todas as circunstncias fticas que envolveram a fiscalizao efetivada e, por fora disso, regularmente apresentado a sua defesa, descabe qualquer considerao a respeito do acolhimento da preliminar de nulidade apontada (relativa a suposto erro na indicao dos fundamentos da autuao), estando, pois, aqui j perfeitamente superada. AMORTIZAO DO GIO PREMISSAS. As premissas bsicas para amortizao de gio, com fulcro nos art. 7o., inciso III, e 8o. da Lei 9.532 de 1997, so: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisio, inclusive o gio; ii) a realizao das operaes originais entre partes no ligadas; iii) seja demonstrada a lisura na avaliao da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura. Nesse contexto no h espao para a dedutibilidade do chamado gio de si mesmo, cuja amortizao vedada para fins fiscais, sendo que no caso em questo essa prtica ocorreu. MULTA QUALIFICADA. GIO FICTCIO. FRAUDE. CARACTERIZAO. O registro contbil e a subsequente amortizao de gio fictcio caracteriza conduta fraudulenta dolosa, nos termos do Art. 72 da Lei 4.502/564, autorizando a aplicao de multa qualificada. DESPESA COM CONSULTORIA E ASSESSORIA. INDEDUTIBILIDADE. Os pagamentos feitos como contraprestao de servios de consultoria e assessoria s podem ser deduzidos da base de clculo do IRPJ e da CSLL quando ficar demonstrada a vinculao da despesa com a atividade econmica exercida pelo contribuinte. No caso presente, apesar de regularmente intimada, a contribuinte sequer demonstrou quais teriam sido os servios efetivamente prestads, no se podendo, assim, admitir a dedutibilidade pretendida. RECEITAS FINANCEIRAS. ESTORNO. A inobservncia, pela contribuinte, das regras prprias contidas nas disposies do Art. 9o da Lei 9.430/96, impe o oferecimento tributao dos montantes baixados a ttulo de proviso para devedores duvidosos. CSLL. DIPJ. DECLARAO DE DVIDA PELA CONTRIBUINTE. INEXISTNCIA. SMULA CARF N. 92 A DIPJ, desde a sua instituio, no constitui confisso de dvida, nem instrumento hbil e suficiente para a exigncia de crdito tributrio nela informado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso de ofcio. 2) Por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntrio. (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER- Relator. Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimares, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Levando em conta a regular apresentao da matria discutida nos autos pelo relatrio oferecido pela r. deciso de primeira instncia, dele destaco: Trata-se de impugnao apresentada contra lanamento que formalizou a exigncia de crdito tributrio relativo a IRPJ e CSLL, no montante de R$ 20.437.382,14, no qual, alm do prprio tributo, esto compreendidos a multa e os juros de mora, tendo como fundamento legal o art. 3 da Lei n 9.249/1995 e os demais dispositivos indicados nos autos de infrao de fls. 682 a 696.O lanamento foi motivado pelas seguintes infraes: deduo de despesas no necessrias ao exerccio da atividade econmica; amortizao de gio fictcio; e excluso indevida de receitas financeiras. Em relao CSLL, alm das trs infraes j mencionadas, constatou-se a falta de adio base de clculo de despesas no dedutveis no valor de R$ 56.108.513,87.Figuram no polo passivo Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo S/A e, como solidariamente responsvel, o scio dio Nogueira, conforme consta do Termo de Sujeio Passiva Solidria de fl. 698.As concluses a que chegou a auditoria fiscal esto relatadas no Termo de Verificao Fiscal e Responsabilidade Solidria de fls. 659 e 674, que podem ser assim resumidas:Na apurao do resultado do ano base 2009, a contribuinte apropriou despesas de amortizao de gio na aquisio de investimento avaliado pelo patrimnio lquido, no montante de R$ 40.094.872,08, conforme inserido na linha 46 da ficha 06A da DIPJ.O gio ingressara em sua contabilidade em decorrncia da incorporao (pela contribuinte) de sua controladora, ocorrida no ano de 2006. A operao, denominada incorporao s avessas (na qual a sociedade controlada incorpora a controladora), teve como nica finalidade o no pagamento de tributos, configurando operao simulada, pois destituda de qualquer motivao que no fosse a meramente tributria. No existiu, por conseguinte, propsito negocial.Os fatos se sucederam na seguinte ordem:A sociedade Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo Ltda. (depois Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo Ltda.), em maro de 1999, tinha por scios dio Nogueira e Osvaldo Zaguine. O capital social era de R$ 20.000,00.Em junho de 1999, o capital social foi alterado para R$ 1.000.000,00 e o scio Osvaldo Zaguine se retirou, ingressando em seu lugar Vilson Nogueira. Em outubro de 2005, procedeu-se a uma avaliao econmica da empresa, que apontava para um valor de R$ 401.751.980,00, com base na expectativa de rentabilidade em exerccios futuros.Ao mesmo tempo, procedeu-se na sociedade EN Administrao e Participaes S/A um aumento do capital social. dio Nogueira, um de seus scios, integralizou o capital social mediante a transferncia das quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic). A EN Administrao e Participaes S/A passou a possuir a quase totalidade das quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic). O capital social, poca, era de R$ 1.000.000,00, assim distribudo: EN Administrao e Participaes: R$ 998.000,00 (99,8%); dio Nogueira R$ 1.000,00 (0,1%) e Vilson Nogueira: R$ 1.000,00 (0,1%).Em novembro de 2005, foi constituda a sociedade Petrofic Participao e Investimentos Empresariais Ltda., com um capital social de R$ 400.950.000,00, tendo por scios dio Nogueira, cuja participao societria era de R$ 1.504,00, e EN Administrao e Participaes que detinha o restante do capital no valor de R$ 400.948.496,00.A EN Administrao e Participaes integralizou o capital mediante a transferncia das quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic) para a Petrofic Participaes por R$ 400.948.496,00. A transferncia das quotas se fez com um gio estratosfrico, superior a 40.000%. Em novembro de 2005, no balano patrimonial da Petrofic Participaes, existia uma conta do ativo permanente registrando um gio em investimento de R$ 400.948.496,00. A Petrofic Participaes passou a ser controladora da Fic Distribuidora (atual Royal Fic), com 99,8% do capital social.Em 2006, a Fic Distribuidora (atual Royal Fic), empresa controlada, incorporou a controladora Petrofic Participaes, o que rendeu ensejo transferncia do gio da contabilidade da empresa incorporada para a contabilidade da incorporadora. Da em diante, a Fic Distribuidora (atual Royal Fic) passou a amortizar o gio, que, na origem, foi constitudo a partir da expectativa de rentabilidade da prpria Fic Distribuidora (atual Royal Fic).A Fiscalizao entendeu ter havido simulao em toda essa engenharia societria. O contrato social de constituio da Petrofic Participao foi arquivado na Junta Comercial do Estado de So Paulo em 21 de maro de 2006. A incorporao da Petrofic Participao pela FIC Distribuidora (atual Royal FIC) se deu em 1 de outubro de 2006, ou seja, cinco meses e dez dias depois.O Protocolo e Justificao de Incorporao, que faz parte da primeira alterao contratual da Petrofic Participao, em 1 de outubro de 2006, deixa expresso:Atravs da incorporao total, objetivam os scios a otimizao dos recursos disponveis com reduo de estruturas administrativas aplicadas no desenvolvimento das atividades objeto das respectivas empresas. A reduo dessas estruturas dever proporcionar, em razo da reduo de custos, uma melhora na rentabilidade das operaes, ajuste necessrio em face da situao de concorrncia no mercado.A autoridade fiscal chama a ateno para o fato de que o balano patrimonial da Petrofic Participao evidencia que: a) no houve qualquer atividade operacional ao longo de sua existncia; b) no foi registrada uma nica movimentao contbil que no a relativa sua constituio; e c) a Petrofic Participaes jamais teve um nico funcionrio.Diante disso, a autoridade fiscal ps em dvida a veracidade da assertiva segundo a qual a incorporao visava a otimizao dos recursos disponveis com reduo de estruturas administrativas aplicadas no desenvolvimento das atividades objeto das respectivas empresas.Questiona a autoridade lanadora:Em que consistira a estrutura da Petrofic Participao?O que seria reduzir a estrutura de uma empresa que no realizava qualquer atividade operacional?Por no ter custos e despesas, o que h para otimizar em relao Petrofic?Qual a real finalidade com que foi constituda a Petrofic?A sucesso das operaes societrias, a proximidade temporal entre elas e o fato de as trs empresas envolvidas nas operaes terem como scio majoritrio a mesma pessoa fsica, dio Nogueira, pem em evidncia que nunca houve a real inteno de constituir uma sociedade empresria; mas, sim, a inteno de criar uma sociedade efmera, de passagem, que possibilitasse o registro de gio a ser amortizado posteriormente por empresa do mesmo grupo econmico.Quanto ao laudo de avaliao que serviu de suporte constituio do gio, se pode afirmar que suas concluses (ou previses) se frustraram, j que a expectativa de rentabilidade no se consumou na proporo esperada. Por isso, concluiu a Fiscalizao que o laudo imprestvel para o que se propunha, ou seja, legitimar a constituio do gio.A empresa foi avaliada em R$ 401.751.980,00, considerando uma rentabilidade futura que no se concretizou. O fluxo estimado de receitas, para os anos subsequentes, se manteve em patamares menores do que os que foram estimados.A Fiscalizao rejeitou o laudo de avaliao econmica, em vista dos indcios de que o documento uma pea no contexto de um arranjo societrio que traz a marca da simulao.Considerando, portanto, todas essas circunstncias, foi efetuada a glosa das despesas de amortizao de gio, contabilizadas no ano base 2009, exerccio 2010, da resultando o lanamento de crdito tributrio de IRPJ e CSLL.Fiel ao entendimento de que houve ato jurdico simulado, com o propsito de suprimir tributo, aplicou-se a multa qualificada, cujo percentual de 150% sobre o valor do crdito tributrio reduzido.Outra infrao colhida no procedimento fiscal foi a deduo de despesas no necessrias ao exerccio da atividade econmica. A contribuinte foi intimada a apresentar documentao hbil para comprovar as despesas contabilizadas na conta 3031020008 - Consultoria e Assessoria, no valor de R$ 2.467.607,84. Foram apresentados vrios documentos, dos quais muitos no possuam valor fiscal. Alm disso, constatou-se que as despesas no atendiam aos requisitos da necessidade, usualidade e normalidade que, em conjunto, conferem, para fins de apurao do IRPJ e da CSLL, dedutibilidade despesa.A contribuinte no conseguiu comprovar que tais despesas estivessem intrinsecamente relacionadas produo ou comercializao dos bens ou servios inerentes sua atividade empresarial.A terceira infrao consistiu na excluso indevida de receitas financeiras no valor de R$ 18.089.405,08, que se materializou pelo lanamento a dbito na conta de resultado 3038020010 Juros s/Contratos Usinas. Intimado a esclarecer o lanamento, a contribuinte apresentou documentos internos sem valor de prova. Quanto CSLL, disse a autoridade lanadora que, na apurao do lucro real, base de clculo do IRPJ (Ficha 09A da DIPJ do exerccio 2010, ano base 2009), a contribuinte efetuou a adio de despesas operacionais soma de parcelas no dedutveis, Linha 05, no valor de R$ 56.108.513,87 (Ficha 05A, Linha 33). Porm, no clculo da CSLL, declarado na Ficha 17, o mesmo no foi feito. O valor no foi adicionado (Linha 05) base de clculo da CSLL, conforme dispe o art. 13 da Lei n 9.249/1995.No resignada, Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo S/A apresentou impugnao alegando, preliminarmente, a nulidade do lanamento, porquanto no foram indicados os dispositivos legais pertinentes. Os dispositivos citados no so capazes de lastrear a glosa do gio; a tributao das receitas financeiras, que nenhum ganho ou acrscimo representa; nem os ajustes da base de clculo da CSLL.O lanamento ato administrativo previsto nas leis reguladoras do processo fiscal, que estabelecem requisitos de cuja observncia depende a validade do ato. No caso, esto arrolados diversos dispositivos legais que no se prestam a justificar a pretenso fiscal.A par desse vcio, o lanamento no contm a exata descrio dos fatos, nem a capitulao da tributao e das penalidades, impedindo o exerccio do direito de defesa.No mrito, afirmou que a autoridade lanadora incorreu em vrios equvocos e impropriedades jurdicas, representados por imputao de infraes e delitos tributrios mutuamente excludentes, como a simulao e a fraude, que so figuras delituosas que objetivam resultados distintos.O que a autoridade pretende impedir a deduo do gio por rentabilidade futura. A impugnante admitiu que a rentabilidade esperada no foi alcanada, mas atribuiu tal circunstncia a fatores de mercado que afetaram o setor.Ressaltou que o vcio apontado pela autoridade fiscal deve ser provado e declarado por sentena judicial para que seja possvel desclassificar ou desconsiderar um negcio privado. Ao Fisco falece competncia para declarar a anulabilidade ou a nulidade dos atos praticados pelo contribuinte, sob as regras do direito privado.A impugnante reiterou a legitimidade da deduo do gio. Disse que a Petrofic Participao era uma holding que registrava seus investimentos em controladas e coligadas pelo valor patrimonial de mercado, conforme laudo de avaliao. Lembrou que no existe legislao regulando as incorporaes. A Lei n 6.404/1976 no estabelece qualquer vedao a que uma sociedade controlada incorpore sua controladora.A legislao tributria permite o registro do gio em investimento, desde que, para tanto, haja justa motivao econmica, lastreada em laudo tcnico de avaliao. A impugnante atendeu a tais requisitos.No foi praticado nenhum ato vazio de contedo econmico ou com a nica finalidade de gerar uma parcela de gio de forma artificial e inexistente. O fato de a expectativa de rentabilidade ter sido frustrada se deve a fatores de conjuntura econmica fora do controle da impugnante. O gio registrado na operao de incorporao reversa decorre do registro do investimento pelo valor de mercado.Sustentou a validade jurdica do gio interno, afirmando que para fins fiscais no existe diferena entre o gio formado em operaes envolvendo empresas do mesmo grupo e empresas sem qualquer ligao.Quanto multa qualificada, a impugnante afirmou que a autoridade lanadora presumiu o intuito de fraude, sem comprov-lo. Negou ter ocorrido qualquer ato fraudulento. Disse que no estava presente nenhuma das circunstncias previstas nos arts. 71 a 73, da Lei n 4.502/1964. A aplicao da multa descabida e infundada por completa ausncia de suporte legal. Portanto, impe-se a reduo do percentual para 75%.Quanto glosa dos custos tidos pela autoridade lanadora como no dedutveis, ponderou que as despesas glosadas so relativas a servios de toda sorte, de auditoria a conservao, que foram prestados por pessoas fsicas e jurdicas. A lei no exige que a despesa seja habitual ou peridica. Pode ser excepcional ou espordica, desde que seja usual ou normal ao tipo de empreendimento, negcio, operao ou atividade. Nesse sentido, uma despesa necessria quando inerente atividade social ou a ela relacionada, sendo capaz de produzir rendimentos. Assim, considerando a atividade econmica da impugnante, pode-se concluir que todas as despesas glosadas so dedutveis.Relativamente s receitas financeiras, aduziu que no houve qualquer ganho ou acrscimo patrimonial que possa ensejar lanamento de tributo. Em 2008, registrou-se no ativo o valor de R$ 18.089.405,08, referente a juros sobre contratos firmados com usinas produtoras de acar e lcool. O lanamento no implica qualquer hiptese de ganho ou acrscimo patrimonial.Em 2009, aps a publicao do termo de aprovao do pronunciamento tcnico CPC n 25, de 26 de junho de 2009, a auditoria externa concluiu que os devedores se encontravam em estado pr-falimentar e que o crdito deveria ser integralmente estornado. Os advogados que cuidavam da cobrana judicial do crdito entenderam que era difcil a realizao financeira do ativo e, em face dessa avaliao, a impugnante reconheceu a perda.Foi ento lanado a crdito da conta do ativo o valor de R$ 5.318.584,70, em contrapartida de dbito em conta de resultado.Esse ativo no poderia ter influenciado o resultado, a teor do disposto no CPC n 25, itens 31 a 35. Entretanto, fiscalizando o ano de 2009, a autoridade lanadora no entendeu que se tratasse de um estorno de lanamento anterior. Apesar disso, no h qualquer receita financeira auferida.No que toca, especificamente, falta de adio de despesas indedutveis base de clculo da CSLL, no seria cabvel a imposio de multa de 75%, porque o dbito estava informado na ficha 17A da DIPJ de 2010 e, assim sendo, j era conhecido do Fisco. A multa no se aplica quando o dbito est informado em qualquer modalidade de declarao.Com base nessas alegaes, pugnou pela improcedncia do lanamento. O segundo impugnante, dio Nogueira, alm de reiterar os mesmos argumentos j articulados por Royal Fic Distribuidora, alegou falta de legitimidade para figurar no polo passivo.Disse que, no entendimento da autoridade lanadora, basta transcrever os arts. 121 e 135 do Cdigo Tributrio Nacional - CTN, para atribuir responsabilidade tributria ao impugnante.O procedimento seria arbitrrio e ilegal. Isso porque s pode ser atribuda responsabilidade tributria ao administrador nos casos em que a multa seja qualificada. O Superior Tribunal de Justia STJ j decidiu que no h responsabilidade pessoal no caso de falta ou insuficincia de recolhimento de tributos por parte da pessoa jurdica. Alm disso, s se admite responsabilizao do administrador quando sua atuao seja a causa do evento.Outrossim, no se pode imputar responsabilidade tributria a quem tenha agido de boa-f. No havendo indcios de que o impugnante tenha se beneficiado de forma indevida ou ilegal do fato, em prejuzo do Fisco, no lhe deve ser atribuda qualquer responsabilidade pessoal. A mera transcrio de dispositivos legais no autoriza o procedimento contra o impugnante.Com esses argumentos, pediu sua excluso do polo passivo da autuao.A partir da anlise dessas consideraes, entendeu a douta 2 Turma da DRJ/CGE pela PROCEDNCIA PARCIAL da impugnao, apontando, na ementa do acrdo, os seguintes e especfico fundamentos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA - IRPJAno-calendrio: 2009NULIDADE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. DESCRIO QUE PERMITE A COMPREENSO DOS FATOS. VALIDADE DO LANAMENTO. vlido o lanamento quando a descrio ftica nele contida permitir ao interessado saber o fato que lhe imputado, no havendo, nesse caso, prejuzo que possa ensejar a declarao de nulidade do ato administrativo.OPERAO ENTRE EMPRESAS DO MESMO GRUPO. GIO. FALTA DE FUNDAMENTO ECONMICO. INEFICCIA PARA FINS TRIBUTRIOS.O gio sem fundamento econmico e oriundo de operao realizada entre empresas do mesmo grupo, ou de alguma forma ligadas entre si, ineficaz perante o Fisco, no podendo a respectiva amortizao ser deduzida da base de clculo do IRPJ.MULTA QUALIFICADA. GIO FICTCIO. DOLO. CARACTERIZAO.O registro contbil e a subsequente amortizao de gio fictcio caracteriza conduta dolosa, autorizando a aplicao de multa qualificada.DESPESA COM CONSULTORIA E ASSESSORIA. DEDUTIBILIDADE. PROVA DA VINCULAO COM A ATIVIDADE ECONMICA. REQUISITO.Os pagamentos feitos como contraprestao de servios de consultoria e assessoria s podem ser deduzidos da base de clculo do IRPJ e da CSLL quando ficar demonstrada a vinculao da despesa com a atividade econmica exercida pelo contribuinte.PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRDITOS. DEDUTIBILIDADE. REQUISITOS. LEI N 9.430/1996.Para fins de apurao do lucro real, a deduo de perdas no recebimento de crditos deve observar os requisitos estabelecidos no art. 9 da Lei n 9.430/1996.RESPONSABILIDADE TRIBUTRIA. SCIO ADMINISTRADOR. ATOS DOLOSOS. INFRAO DE LEI.Responde pelos crditos tributrios devidos o scio administrador de pessoa jurdica de direito privado quando, na administrao da empresa, pratique atos dolosos com violao de lei.ASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO - CSLLAno-calendrio: 2009DBITO DECLARADO. CONSTITUIO DE CRDITO. DECLARAO INSTITUDA COM ESSE FIM.Produz efeito de constituio de crdito tributrio o reconhecimento do dbito pelo contribuinte mediante entrega de declarao instituda com esse propsito.CSLL E IRPJ. LANAMENTO. IDENTIDADE DE MATRIA FTICA. DECISO MESMOS FUNDAMENTOS.Aplicam-se ao lanamento da CSLL as mesmas razes de decidir aplicveis ao lanamento do IRPJ, quando ambos recarem sobre a mesma base ftica.Impugnao Procedente em ParteCrdito Tributrio MantidoAnalisando o julgamento efetivado, verifica-se a exonerao de parte do crdito lanado, esta especificamente relacionada limitao da responsabilidade pessoal do Sr. dio Nogueira s penalidades tidas por qualificadas, excluindo-a em relao s penalidades aplicadas de forma simples, o que, ento ensejara a interosio do competente Recurso de Ofcio cabvel. Regularmente intimada a Contribuinte e o respectivo Responsvel Tributrio, verifica-se que somente aquela se dignou a interpor o competente Recurso Voluntrio, mantendo-se inerte o agente responsabilizado. Das razes do recurso interposto, destacam-se as seguintes consideraes: PRELIMINARMENTEDa insubsistncia da matria tributvel apurada nos itens 002 e 003 do auto de infrao de IRPJ e itens 001, 002 e 004 :- A recorrente aponta a existncia de "nulidade" na autuao em decorrncia da verificao de erros na indicao da fundamentao jurdica do auto de infrao, especificamente porque o fundamento legal adotado para amparar a glosa do gio, a falta de tributao das "receitas financeiras" e os ajustes na Ficha 17 da CSLL na DIPJ/2010 foram literalmente os mesmos, representando, assim, invalidade prpria do lanamento. - A respeito dessas consideraes, destaca que a DRJ chega a admitir a sua existncia, porm, deixa de considerar a nulidade aventada especificamente porque "pequenas irregularidades ou imprecises na descrio dos fatos ou no enquadramento legal no induzem nulidade do lanamento, se, a despeito de tais vcios, ao contribuinte for possvel a compreenso do fato que lhe imputado, pois o autuado se defende dos fatos."- A partir dessa indicao, a recorrente aponta a existncia de vcio formal na autuao, invocando as disposies do art. 10 do Decreto 70.235/72, e, a partir da, o desrespeito ao contradittrio, ampla defesa e ao mandamento do devido processo legal, insculpido nas disposies do art. 5o da CF/88.- Diante dessa considerao, requer seja reconhecida a nulidade do lanamento.NO MRITODa legitimidade da deduo do gio- A partir das disposies da deciso recorrida, sustenta a recorrente que a concluso ali apresentadas encontra-se lastreada no apontamento de que no haveria razo plausvel para a criao de uma outra holding (Petrofic Participao), tendo em vista a pr-existncia da empresa EN Administrao. - A pretensa prova de que a criao da Petrofic perseguia finalidade puramente fiscal que a existncia dessa holding no teria ultrapassado o perodo efmero de seis meses. Que a sua existncia somente seria direcionada a atuar como meio de transporte para o gio no havendo nenhuma estrutura ou custo a serem reduzidos, j que a existncia da Petrofic era apenas formal, bem como que a rentabilidade futura foi superestimada pela Recorrente.- Entretanto, sustenta a recorrente que, na operao em exame, no foi praticado nenhum ato vazio de contedo econmico, ou com a nica finalidade de gerar uma parcela de gio de forma artificial ou inexistente de fato.- O gio registrado na operao de incorporao reversa decorre do fato da sociedade incorporada registrar seus investimentos pelo valor de mercado respaldado em laudo de avaliao minucioso.- Com efeito, a diferena entre o valor nominal das cotas, e o valor do ativo no momento da incorporao, constitui gio legtimo e que atende a todos os preceitos previstos no Decreto-lei n. 1.598/1977, artigo 20, e na Lei n. 9.532/1997, artigo 7.- Quanto ao gio incorrido na operao, entende que o esse foi produzido de forma legtima, sendo decorrente da avaliao do patrimnio da sociedade coligada pelo seu valor de mercado, atendendo ao disposto no Decreto-lei n. 1.598/1977, artigo 20.- Por outra via, o crescimento do setor de distribuio de combustveis est diretamente relacionado com o crescimento do PIB e da PETROBRAS, com a to propalada auto suficincia em petrleo que ainda no se realizou. - A partir dessas consideraes, sustenta que tendo sido o gio est corretamente apurado, com base em expectativa de rentabilidade futura, e estar devidamente amparado em documentos hbeis e idneos, a sua dedutibilidade na base de clculo do IRPJ e da CSLL est assegurada pelo disposto na Lei n. 9.532/1997, artigo 7.Da inexistncia de simulao- Sustenta que inexiste qualquer possibilidade de configurao de simulao na espcie. Em suas razes, destaca a recorrente que pretenso da autoridade lanadora - corroborada pela DRJ - apresenta-se muito simples: ao no concordar com a constituio do gio de rentabilidade futura, est-se tentando criminalizar operaes que ocorreram de forma licita e cristalina como forma de viabilizar uma glosa no respaldada pela Lei n. 9.532, de 19/12/1997, artigo 7, conforme aqui j demonstrado. - Da anlise dos fundamentos da autuao, destaca que, em relao ao Laudo apresentado, que se a expectativa de receita no se configurou, entende a Recorrente que no se pode saltar, como pretende a autoridade lanadora, para a concluso que o gio constitudo era ilegal e inexistente.- A respeito do no atingimento dos resultados esperados, sustenta a recorrente que a exemplo de quase todas as Companhias da rea de energia petrleo e gs ao redor do mundo vm amargando resultados nada animadores mundo afora. No Brasil a Petrobras acumula as maiores perdas patrimoniais de sua histria, e as companhias de petrleo multinacionais, inclusive aquelas dedicadas distribuio de derivados de petrleo, no escapam dos fatores macroeconmicos.- Nessas circunstncias, entende que falece ao Fisco a faculdade de simplesmente imaginar que tenha ocorrido simulao nos atos praticados por pessoas jurdicas de direito privado. H necessidade de o vcio apontado pela Autoridade Fiscal ser provado e declarado por sentena judicial para que seja possvel desclassificar, ou desconsiderar, a operao privada realizada.- Que jamais houve por parte da Recorrente qualquer declarao enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado, citando, a partir da, precedentes deste Conselho que afastam a configurao de simulao nas operaes societrias relacionadas. Da multa agravada de 150%- pacfico o entendimento de que a aplicao de multa agravada s cabvel quando inequivocamente demonstrado, e comprovado, pela autoridade lanadora o evidente intuito de fraude do contribuinte , por ser tratar de penalidade to gravosa no pode, e nem deve, ser utilizada levianamente, o que no o caso dos autos.- A fiscalizao limitou-se a aplicar a penalidade mxima, presumindo o evidente intuito de fraude, sem comprovar, ou mesmo apontar, qualquer evidncia que a justificasse. A incidncia da multa agravada sobre os tributos supostamente devidos foi arbitrariamente aplicada, sem qualquer respaldo em fatos que indicassem a conduta fraudulenta ou voltada para o intuito de fraudar a arrecadao tributria, impondo-se seu cancelamento.- Ainda que venha a ser mantida a exigncia decorrente da glosa do gio, mesmo assim injustificada e incabvel a aplicao da multa exasperada de 150%, eis que a autoridade lanadora no produziu um nico elemento de prova tendente a caracterizar o evidente intuito de fraude, que a nica condio prevista em Lei para autorizar a exacerbao da penalidade agravada.- No caso dos autos, a presuno de inexistncia da operao respaldou-se unicamente na cognio da autoridade lanadora que as operaes societrias foram realizadas no nico intuito de gerar parcela de gio para deduo da base de clculo do IRPJ e da CSLL.- No sendo objeto da lide qualquer dos ilcitos tipificados nos Artigos 71 a 73 da Lei n 4.502/64, supra transcritos, totalmente descabida e infundada a aplicao da multa exacerbada por completa ausncia de suporte legal, posto que, como visto, aquelas so as nicas hipteses previstas em Lei caracterizadoras do evidente intuito de fraude e, por conseguinte, justificadoras do agravamento da multa.Glosa de custos classificados como indedutveis- A respeito da glosa de despesas realizada (especificamente em relao decretao da indedutibilidade das despesas suportadas sob a rubrica de consultoria/assessoria. - No curso dos trabalhos fiscais foram verificadas todas as notas fiscais de prestao de servios uma a uma, sendo verificada a composio e a natureza de todo o montante contabilizado (R$ 2.467.607,84) e foram feitas indagaes (intimaes) pela autoridade lanadora no sentido que lhe fossem evidenciadas a prova da necessidade de tais servios, assim como, a sua efetiva prestao- O fundamento da glosa das despesas so os critrios de dedutibilidade estabelecidos pelo RIR/99, artigo 299, exclusivamente relacionadas ao quesito de "necessidade".- Tambm importante notar que o requisito legal no exige que a despesa seja habitual ou peridica. Pode ser uma despesa excepcional ou espordica realizada desde que seja usual ou normal ao seu tipo de empreendimento, negcio, operaes ou atividade social.- Com efeito, uma despesa necessria quando for inerente atividade social ou com ela relacionada e for capaz de produzir rendimentos. - No mesmo raciocnio, despesa pode ser considerada como no necessria, ou decorrente da liberalidade do contribuinte aquela que representa um favor alheio, sem identidade com a atividade social da pessoa jurdica e que no foi efetuada no sentido de produzir qualquer rendimento.- Diante do conceito de despesa necessria aduzido supra, bem como considerando a atividade social da Recorrente (industrial e comercial) e seu usual e principal modo de comercializao de mercadorias, de se considerar como dedutveis todas as despesas glosadas na autuao. Das receitas financeiras- No entendimento da autoridade lanadora houve falta de tributao do valor de R$ 18.089.405,08. Entretanto, os lanamento no denotam hiptese de ganho ou acrscimo patrimonial tributveis pelo IRPJ e CSLL. - A respeito desse item do lanamento, destaca a recorrente que No ano de 2008 houve a constituio do ativo, no montante acima no balano da Recorrente, tendo em vista que estes travavam de juros (nos contratos firmados com as Contrato de Usinas produtoras de Acar e lcool) com altssima chance de recebimento, segundo entendimento da Companhia e de seus assessores legais.- A hiptese em questo trata-se de perda ou decrscimo patrimonial e jamais de ganho ou acrscimo, os quais estariam dentro da hiptese de incidncia tributria prevista na Constituio Federal de 1988, artigo 153, inciso III, c/c CTN, artigo 43, incisos I e II. - Evidencia-se, portanto, a improcedncia da exigncia fiscal lanada a ttulo de "RECEITAS FINANCEIRAS DEDUO INDEVIDA", pois no h qualquer receita financeira auferida na hiptese, mas sim, a sua reverso em virtude da impossibilidade de realizao e por se tratar de ativo de natureza contingencial sem a expectativa de efetiva realizao.Da exigncia fiscal reflexa da CSLL- A recorrente sustenta que, sendo improcedentes as consideraes que fundamentam a exigncia do lanamento relativo ao IRPJ, como decorrncia, tambm so improcedentes as exigncias relativas CSLL.- Que pacfico o entendimento do atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministrio da Fazenda acerca da inaplicabilidade da multa de lanamento de ofcio aos casos em que o dbito est informado pelo contribuinte Secretaria da Receita Federal do Brasil, em qualquer modalidade de declarao.- Em sendo o dbito de conhecimento do Fisco pela sua DIPJ/2010 Ficha 17 A no h qualquer dvida acerca da inaplicabilidade da multa de lanamento de oficio de 75%.A partir desses especficos apontamentos, pretende a recorrente a reforma da deciso de primeira instncia e, nos mesmos termos, a integral desconstituio do lanamento efetivado.Esse o relatrio. Passo ao meu voto.

    Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. Sendo tempestivo o recurso voluntrio interposto, e regular o recurso de ofcio, conheo de ambos. Para fins de registros necessrios, relevante destacar que, em relao ao Recurso Voluntrio, este somente foi interposto pela empresa-contribuinte, no havendo nos autos qualquer Recurso do responsvel. Ademais, conforme o relatrio aqui apresentado, no recurso interposto tambm no se verifica qualquer considerao a respeito da (ir)regularidade da imputao da responsabilidade pessoal ao dirigente, nada havendo a ser aqui ento especificamente considerado a respeito desse tema. A par dessas consideraes iniciais, passemos anlise dos recursos interpostos.DO RECURSO DE OFCIOA respeito da parte relacionada ao respectivo Recurso de Ofcio, relevante aqui analisar os especficos termos contidos na deciso de primeira instncia que, ento, analisando a limitao da responsabilidade pessoal do Sr. dio Nogueira s penalidades tidas por qualificadas, excluindo-a em relao s penalidades aplicadas de forma simples, teriam determinado a exonerao parcial do crdito tributrio. Vejamos: No obstante, tem razo o autuado ao afirmar que a responsabilidade deve ficar restrita s infraes apenadas com multa qualificada. Isso porque, em relao s demais, sancionadas com multa simples, o elemento doloso, em tese, no est presente ou no foi comprovado.No caso em exame, ausentes os pressupostos fticos que autorizam dirigir o lanamento contra a figura do diretor, do gerente ou do representante de pessoa jurdica de direito privado, a responsabilizao solidria no prospera e, assim, deve ser excluda.Frise-se que a excluso da responsabilidade solidria restringe-se apenas s infraes apenadas com multa simples (75%), mantida a responsabilidade solidria quanto s infraes punidas com multa qualificada.Pelo que se verifica, o voto condutor do acrdo de primeira instncia promove interessante anlise a respeito da limitao da responsabilidade contida nas disposies do Art. 135, inciso III do CTN, destacando que, por exigir a efetiva "prtica" de atos contrrios lei, ao mandato e/ou aos estatutos da pessoa jurdica, tal responsabilizao exigiria a caracl terizao da atividade dolosa do agente, o que, por sua vez, atairia - segundo entende -, a identificao das condutas qualificadoras, reconhecendo, a partir da, uma necessria correo entre as disposies e, desta forma, somente admitindo a aplicao da responsabilidade nas hipteses prprias e especficas das multas qualificadas, excluindo-a, por conseguinte, nos casos de aplicao da penalidade simples. O argumento interessante, de fato. Entretanto, com a mais respeitosa venia, no condiz com o que especificamente apresentado pelas respectivas normas de regncia. Ora, conforme se verifica da leitura das disposies do mencionado Art. 135, inciso III do CTN, "So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurdicas de direito privado."O dispositivo apontado, com toda a certeza, exige a prtica de ato, com toda a certeza. Mas essa prtica, por outra via, no se limitam, exclusivamente, queles que se configurem como hipteses de incidncia das disposies dos art. 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502/64. Na verdade, a simples prtica de atos que representem, por si s, desvios do interesse prprio da atuao empresarial, j se mostram efetivamente suficientes para a imputao da responsabilidade pessoal do agente, no se exigindo, em momento algum, que tais atos sejam necessariamente configuradores de hipteses prprias de fraude e/ou sonegao tributria. Essas disposies demonstram que, de fato, a limitao da responsabilidade patrimonial do agente, definida a partir da aplicao das disposies do Art. 135, inciso III do CTN, no comporta, ipso facto, qualquer pr-definio a respeito de limite quantitativo a ser imposto. Na verdade, basta a configurao prpria e material da prtica de ato com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos, sendo, a partir da, perfeitamente imputvel ao gestor especificamente considerado. Em sntese: se do ato praticado com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos decorre qualquer fato que, eventualmente, importe a incidncia de penalidade na modalidade simples, tal considerao no se mostra suficiente para o afastamento da responsabilizao, sendo de lege ferenda a manuteno da responsabilidade pessoal, na forma como determinada pelo comando normativo analisado. Em face dessas consideraes, com a mais respeitosa venia, entendo que a hiptese aventada pela r. deciso de primeira instncia, pretendendo a limitao quantitativa da responsabilidade do dirigente a apenas as penalidades tidas por qualificadas (excluindo-a em relao s multas simples) no condiz com o especfico comando normativo, e, por essa razo, no pode aqui ser mantido.Diante disso, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofcio, determinando a excluso da limitao quantitativa quanto s penalidades aplicveis, destacando que, em respeto s expressas disposies do Art. 135, inciso III do CTN, a responsabilidade dos diretores, gerentes e/ou representantes de pessoas jurdicas imputvel, especificamente, em relao aos atos por eles praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos, sem qualquer pr-definio de limitao da responsabilidade sobre as multas aplicveis, da forma como pretendido na deciso de primeira instncia. DO RECURSO VOLUNTRIOUltrapassada a anlise dos termos do Recurso de Oficio interposto, passemos s consideraes prprias do Recurso Voluntrio.Conforme antes assentado, tendo em vista a inexistncia de recurso interposto pelo Responsvel Tributrio (Sr. DIO NOGUEIRA - CPF 725.103.408-59), e, nos termos do recurso oferecido pela empresa-contribuinte, inexiste qualquer considerao a respeito da configurao da responsabilidade aventada, destaco que aqui no ser promovida nenhuma anlise a esse respeito.Vejamos ento.Da preliminar de nulidade A primeira considerao apresentada no recurso interposto refere-se renovao da arguio de nulidade contida no Auto de Infrao, tendo em vista a indiscutvel existncia de erro formal na indicao dos fundamentos jurdicos da autuao, o que, segundo destaca a recorrente, representaria afronta s disposies do Art. 10 do Decreto 70.235/72.A respeito dessa especfica considerao, a r. deciso de primeira instncia especificamente se manifestou, destacando que, tratando-se, de fato, de mera incorreo formal, em razo da qual, inclusive, no se verificou qualquer prejuzo para o desenvolvimento da defesa da contribuinte, no se h de reconhecer a pretendida nulidade, da forma como pretendida. A recorrente, por sua vez, sustenta que mostra-se inadmissvel a considerao de que, para ver respeitados os ditames do devido processo legal administrativo, deveria ela deixar de se defender das acusaes apresentadas, o que, com toda a certeza, apresenta-se como verdadeiro assinte ao sagrado mandamento do contraditrio.Em que pese as consideraes apresentadas pela recorrente, importante destacar que, mesmo reconhecendo a relevantssima importncia da escorreita verificao da adequada e regular indicao dos fundamentos legais que orientam o agir administrativo, bem verdade que no mbito do processo administrativo fiscal brasileiro vige o mandamento da formalidade mitigada, e, nessa linha, a proeminncia da garantia do exerccio da defesa, conforme, inclusive, extrai-se da prpria dico das disposies do art. 59 do Decreto 70.235/72Art. 59. So nulos:I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;II - os despachos e decises proferidos por autoridade incompetente ou com preterio do direito de defesa. 1 A nulidade de qualquer ato s prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqncia. 2 Na declarao de nulidade, a autoridade dir os atos alcanados, e determinar as providncias necessrias ao prosseguimento ou soluo do processo. 3 Quando puder decidir do mrito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declarao de nulidade, a autoridade julgadora no a pronunciar nem mandar repetir o ato ou suprir-lhe a falta. (Redao dada pela Lei n 8.748, de 1993)Em que pese no nos limitarmos somente reconhecer nulidades se enquadradas nessa estreita via apontada, relevante ressaltar que serve ele como importante indicativo da interpretao possvel a respeito da pretendida formalidade mitigada, privilegiando, ao mximo possvel, a princpios como eficincia, informalidade e ampla defesa. Com essas consideraes, a par de reconhecermos a importncia da efetiva e vlida indicao dos fundamentos jurdicos que orientaram o agir da autoridade administrativa, entendemos tambm que a simples incorreo dessa referncia, sem que isso importe, por si s, em prejuzo para a defesa da contribuinte, no se mostra suficeinte para o acolhimento da preliminar de nulidade apontada. No caso, tendo a contribuinte perfeitamente compreendido todas as circunstncias fticas que envolveram a fiscalizao efetivada e apresentado a sua regular defesa, descabe qualquer considerao a respeito do acolhimento da preliminar de nulidade apontada, estando, pois, aqui j perfeitamente superada.Rejeito, ento, a preliminar de nulidade do lanamento renovada pela recorrente.NO MRITODa (i)legitimidade da deduo do gioSeguindo nas consideraes da contribuinte, analisa-se, ento, as circunstncais prprias e especficas a respeito da operao societria encetada, e, no caso, a discusso a respeito da (in)validade do gio e a (im)possibilidade de sua amortizao. Analisando, de forma geral, a operao societria perpetrada, verifica-se que, no caso, ao contrrio do que sustenta a recorrente, a acusao fiscal no se limita a simplesmente discutir a desnecessidade da criao de uma (outra) empresa holding, absolutamente.Na verdade, existe um emaranhado de circunstncias prprias levantadas pelos agentes da fiscalizao que, no caso, conduzem inadmisibilidade dos fatos praticados. Inicialmente, relevante destacar que ambas as empresas apontadas (Petrofic Participao e EN Administrao) tratavam-se de "empresas de papel, com capital social registrado em valor simblico, e, todas elas, submetidas ao comando de um nico agente, o Sr. dio Nogueira. Conforme aqui antes destacado, estes foram os fatos relacionados operao analisada: A sociedade Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo Ltda. (depois Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo Ltda.), em maro de 1999, tinha por scios dio Nogueira e Osvaldo Zaguine. O capital social era de R$ 20.000,00.Em junho de 1999, o capital social foi alterado para R$ 1.000.000,00 e o scio Osvaldo Zaguine se retirou, ingressando em seu lugar Vilson Nogueira. Em outubro de 2005, procedeu-se a uma avaliao econmica da empresa, que apontava para um valor de R$ 401.751.980,00, com base na expectativa de rentabilidade em exerccios futuros.Ao mesmo tempo, procedeu-se na sociedade EN Administrao e Participaes S/A um aumento do capital social. dio Nogueira, um de seus scios, integralizou o capital social mediante a transferncia das quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic). A EN Administrao e Participaes S/A passou a possuir a quase totalidade das quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic). O capital social, poca, era de R$ 1.000.000,00, assim distribudo: EN Administrao e Participaes: R$ 998.000,00 (99,8%); dio Nogueira R$ 1.000,00 (0,1%) e Vilson Nogueira: R$ 1.000,00 (0,1%).Em novembro de 2005, foi constituda a sociedade Petrofic Participao e Investimentos Empresariais Ltda., com um capital social de R$ 400.950.000,00, tendo por scios dio Nogueira, cuja participao societria era de R$ 1.504,00, e EN Administrao e Participaes que detinha o restante do capital no valor de R$ 400.948.496,00.A EN Administrao e Participaes integralizou o capital mediante a transferncia das quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic) para a Petrofic Participaes por R$ 400.948.496,00. A transferncia das quotas se fez com um gio estratosfrico, superior a 40.000%.Em novembro de 2005, no balano patrimonial da Petrofic Participaes, existia uma conta do ativo permanente registrando um gio em investimento de R$ 400.948.496,00. A Petrofic Participaes passou a ser controladora da Fic Distribuidora (atual Royal Fic), com 99,8% do capital social.Em 2006, a Fic Distribuidora (atual Royal Fic), empresa controlada, incorporou a controladora Petrofic Participaes, o que rendeu ensejo transferncia do gio da contabilidade da empresa incorporada para a contabilidade da incorporadora. Da em diante, a Fic Distribuidora (atual Royal Fic) passou a amortizar o gio, que, na origem, foi constitudo a partir da expectativa de rentabilidade da prpria Fic Distribuidora (atual Royal Fic). A partir desse contexto ftico, verifica-se que, no caso, trata-se de operao societria entabulada entre empresas que compem o mesmo grupo empresarial, o que, apesar de sozinho no ser ( poca), a meu sentir, suficiente para a invalidao do procedimento, para a sua efetiva validao exigiria uma srie de outras comprovaes, efetivamente no observadas no caso. Em primeiro lugar, chama a ateno a indicao do "gio estratosfrico", obtido a partir da simples eavaliao das quotas da empresa que, sob o suposto fundamento da expectativa de rentabilidade futura, promoveu um saldo superior a 40.000% (quarenta mil por cento), sem que, para tanto, houvesse qualquer registro de transferncia prpria de riquezas. Alis, todos os fundamentos da operaes apresentada decorrem desse "surgimento" de patrimnio, o que, com toda a certeza, mostrando-se absurdo, fragiliza a confiabilidade pretendida nas operaes encetadas. A engenharia apontada consubstancia-se, no caso, na expria prticada constituio do chamado "gio de si mesmo", que demonstra, at no mais caber, efetiva e prpria prtica de simulao, inadmissvel em nosso sistema normativo tributrio. Alis, a par de ainda muito discutidas as circunstncias prprias de configurao da invalidade das operaes de constituio de gio por meio dos chamados "atos simulados" ou ainda, em certas circunstncias, a existncia do chamado "planejamento tributrio irregular", conforme, inclusive, verifica-se no seguinte precedente colhido: Nmero do Processo 19515.006076/2009-13

    Contribuinte NET SAO PAULO LTDA

    Tipo do Recurso RECURSO DE OFCIOData da Sesso

    Relator(a) ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA

    N Acrdo 1402-001.229 Tributo / Matria

    Deciso Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofcio. Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntrio. Tudo nos termos do relatrio e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Carlos Pel, e Leonardo Henrique Magalhes de Oliveira, que davam provimento parcial ao recurso para acolher a dedutibilidade do gio pago na aquisio da Multicanal. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Antnio Jos Praga de Souza Relator Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Antnio Jos Praga de Souza, Carlos Pel, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moiss Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhes de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.

    Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ Ano-calendrio: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 FALTA DE MPF ESPECFICO. NULIDADE. Constituindo-se o MPF - e, por extenso, o Termo de Incio de Ao Fiscal nele fundamentado - em elemento de controle da administrao tributria, disciplinado por ato administrativo, eventual irregularidade formal nele detectada no enseja a nulidade do auto de infrao. NULIDADE DO AUTO DE INFRAO. No ocorre a nulidade do auto de infrao quando forem observadas as disposies do art. 142 do Cdigo Tributrio Nacional e do art. 10 do Decreto n 70.235, de 1972, e no ocorrerem as hipteses previstas no art. 59 do mesmo Decreto. DECISO DE PRIMEIRA INSTNCIA. NULIDADE. INOCORRNCIA. Diante das irregularidades ou infraes apontadas pela fiscalizao, que ensejaram o lanamento de oficio, os julgadores so livres para formar seu convencimento, externada nas razes de decidir. Fundamentos ou razes de decidir construdos nos limites da matria em litgio, perfeitamente identificada na pea fiscal, no se confunde com aperfeioamento ou inovao desta. AUDITORIA FISCAL. PERODO DE APURAO ATINGIDO PELA DECADNCIA PARA CONSTITUIO DE CRDITO TRIBUTRIO. VERIFICAO DE FATOS, OPERAES, REGISTROS E ELEMENTOS PATRIMONIAIS COM REPERCUSSO TRIBUTRIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAES. O fisco pode verificar fatos, operaes e documentos, passveis de registros contbeis e fiscais, devidamente escriturados ou no, em perodos de apurao atingidos pela decadncia, em face de comprovada repercusso no futuro, qual seja: na apurao de lucro liquido ou real de perodos no atingidos pela decadncia. Essa possibilidade delimita-se pelos seus prprios fins, pois, os ajustes decorrentes desse procedimento no podem implicar em alteraes nos resultados tributveis daqueles perodos decados, mas sim nos posteriores. Em relao a situaes jurdicas, definitivamente constitudas, o Cdigo Tributrio Nacional estabelece que a contagem do prazo decadencial para constituio das obrigaes tributrias, porventura delas inerentes, somente se inicia aps 5 anos, contados do perodo seguinte ao que o lanamento do correspondente crdito tributrio poderia ter sido efetuado (art. 173 do CTN). AMORTIZAO DO GIO PREMISSAS. As premissas bsicas para amortizao de gio, com fulcro nos art. 7o., inciso III, e 8o. da Lei 9.532 de 1997, so: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisio, inclusive o gio; ii) a realizao das operaes originais entre partes no ligadas; iii) seja demonstrada a lisura na avaliao da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura. Nesse contexto no h espao para a dedutibilidade do chamado gio de si mesmo, cuja amortizao vedada para fins fiscais, sendo que no caso em questo essa prtica ocorreu. A despesa de amortizao do gio gerado internamente deve ser avaliada como desnecessria, portanto indedutvel, luz do art. 299 do RIR/99. INCORPORAO DE EMPRESAS DO MESMO GRUPO. AMORTIZAO DE GIO. RENTABILIDADE FUTURA. NECESSIDADE DE PROPSITO NEGOCIAL. No aceita, para fins fiscais, a amortizao de gio obtido por meio de operaes ocorridas dentro de um mesmo grupo e decorrente de incorporao de pessoa jurdica em cujo patrimnio constava registro de gio com fundamento em expectativa de rentabilidade futura, sem qualquer finalidade negocial ou societria, faltando, inclusive, luz da Teoria da Contabilidade, a necessria independncia entre as partes envolvidas. SALDO DE PREJUZO FISCAL E BASE NEGATIVA DE CSLL ACUMULADOS. LIMITE DE 30 %. Existindo saldo de prejuzo fiscal e de base negativa de CSLL, possvel sua utilizao quando da apurao dos tributos devidos, observado o limite de 30 % imposto pela legislao. Preliminares Rejeitadas. Recurso de Oficio e Voluntrio Negados.

    Conforme se verifica, a jurisprudncia deste Conselho tem se desenhado no sentido de exigir, para a regularidade da constituio do gio, a presena dos seguintes e especficos requisitos: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisio, inclusive o gio; ii) a realizao das operaes originais entre partes no ligadas; iii) seja demonstrada a lisura na avaliao da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura.No caso presente, todas as trs consideraes apontadas apresentam-se ausentes, tendo em vista i) a inexistncia de prova de pagamento do montante do gio indicado; ii) a efetiva existncia de umbilical vinculao entre cada uma das empresas relacionadas; e iii) a total inadequao do laudo apontado que, como se verificou, indicava uma estratosfrica espectativa de rentabilidade futura. A operao, da forma como delineada, por se apresentar como efetiva e verdadeira hiptese de "gio de si mesmo", sobretudo porque o valor da expectativa considerada era, exatamente, da prpria empresa ulteriormente beneficiada na amortizao, o que, tambm por isso, impe a total e completa invalidade do gio constitudo, e, a partir da, a impossibilidade de sua utilizao na amortizao pretendida. Em face dessas consideraes, entendo, no presente caso, restar completa e efetivamente configurada a invalidade da operao societria pretendida, sobretudo por considerar-se como efetiva e prpria apurao de "gio de si mesmo", no havendo, assim, condies lcitas de admisso de sua amortizao, da forma como pretendido. Da aplicao da multa agravadaUltrapassada a questo a respeito da avaliao da invalidade da gerao do gio na presente vertente, relevante agora observar, especificamente, a regularidade da aplicao de qualificao da multa aplicada. Inicialmente, como se sabe, o fundamento bsico e prprio para a aplicao da qualificadora das multas de ofcio, encontram-se nas sendas prprias disposies do Art. 44 da Lei 9.430/96, que, em sua redao atual, assim, inclusive, especificamente se apresenta: Art. 44. Nos casos de lanamento de ofcio, sero aplicadas as seguintes multas:I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferena de imposto ou contribuio nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declarao e nos de declarao inexata; (Vide Lei n 10.892, de 2004) (Redao dada pela Lei n 11.488, de 2007) (...) 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo ser duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabveis. (Redao dada pela Lei n 11.488, de 2007)Para a adequada aplicao das disposies, deve-se observar as especificas disposies da Lei 4.502/64, que, definindo as condutas especficas em seus art. 71, 72 e 73, assim ento especificamente aponta:Art . 71. Sonegao tda ao ou omisso dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendria:I - da ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria principal, sua natureza ou circunstncias materiais;II - das condies pessoais de contribuinte, suscetveis de afetar a obrigao tributria principal ou o crdito tributrio correspondente.Art . 72. Fraude tda ao ou omisso dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria principal, ou a excluir ou modificar as suas caractersticas essenciais, de modo a reduzir o montante do impsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.Art . 73. Conluio o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurdicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Pela anlise dessas disposies, verifica-se que a conduta descrita da contribuiinte enquadra-se, sim, perfeitamente, nas disposies do art. 72 daquele diploma, sobretudo porque, conforme verificado, com as operaes aqui descritas intentava-se a prtica dolosa tendente a excluir ou modificar as suas caractersticas essenciais, de modo a reduzir o montante do impsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.Diante dessas consideraes, verificando-se a efetiva e prpria prtica de atuao fraudulenda pelos agentes da contribuinte, regular, verifica-se, a aplicao da qualificao da multa de ofcio aplicada, sendo mantida, assim, no patamar de 150% (cento e cinquenta por certo) nos termos e fundamentos ento especificamente apresentados. Glosa de custos classificados como indedutveisUltrapassadas as consideraes constantes no auto de infrao especificamente relacionadas s operaes de amortizao de gio, da forma como aqui referenciado, relevante ainda destacar o requerimento da recorrente em relao apontada considerao de indevida glosa de custos classificados como indedutveis.A respeito desse especfico apontamento, relevante observar que trata-se ali de apontamento promovido pelos agentes da fiscalizao a partir das despesas supostamente suportadas pela contribuinte a ttulo de consultoria/assessoria, que, contabilizado no valor de R$ 2.467.607,84, apesar de questionada, no fora devidamente esclarecida pela contribuinte. Em seu recurso a recorrente afirma que, tendo em vista da natureza prpria das atividades desenvolvidas pela empresa, a atuao de consultoria e/ou assessoria apresenta-se sim, de fato, como servios efetivamente necessrios e essenciais, podendo, por certo, no ser rotineiros, mas, com toda a certeza, representariam custos regulares para a manuteno da regularidade de suas atividades. A respeito dessas consideraes, importante ressaltar que, a autuao efetivada no impe, per se, o reconhecimento da "desnecessidade" das referidas despesas. Na verdade, a glosa fora decorrente, especificamente, da ausncia de comprovao, por parte da contribuinte, a respeito de que servios teriam sido esses praticados. Os montantes lanados, vale destacar, apresentam-se como de relevante monta, de forma que, com toda a certeza, no se tratariam de operaes "rotinerias". Na verdade, exatamente por se mostrarem como relevantes e necessrias, deveria a contribuinte especificamente informar quais teriam sido, ento, esses pretendidos servios prestados. Mas isso no aconteceu. A contribuinte, em suas razes, no enfrenta a questo da forma como deveria, no esclarecendo, objetivamente, quais teriam sido os efetivos trabalhos realizados pelas empresas de consultoria/assessoria por ela contratada, o que, por sua vez, imps a necessria glosa efetivada. Nas razes recursais, repisando os pontos antes destacados em sua impugnao, a recorrente simplesmente volta a considerar que a glosa fiscal teria sido direcionada, exclusivamente, ao critrio de necessidade das referidas despesas, quando, na verdade, a questo muito maior: a falta de comprovao, pela contribuinte, da prestao efetiva dos servios contratados. Alis, destaque-se que no caso no se trata da simples apresentao de notas fiscais, mas sim da necessidade do efetivo e verdadeiro esclarecimento a respeito de que servio, specificamente, teria sido ento praticado, o que, no restando apontado nos autos, impe a manuteno da glosa efetivada. Do estorno de receitas financeirasAdiante, destaca ainda a recorrente a invalidade da ao dos agentes fiscais especificamente em relao ao apontado estorno de receitas financeiras, valendo, a respeito deste ponto, o especfico apontamento apresentado pela r. deciso de primeira instncia: Em relao s receitas financeiras, disse a impugnante que a auditoria externa (Delloite, Touche e Tohmatsu) ...concluiu que as empresas devedoras estavam em processo de recuperao judicial, em estado falimentar, ou na eminncia de tentar as medidas preventivas da quebra dos negcios (sic), que o pretenso crdito deveria ser integralmente estornado. Disse ainda a impugnante que a auditoria externa baseou sua orientao no Pronunciamento Tcnico 25 do Comit de Pronunciamentos Contbeis CPC, que afirma que uma entidade no deve reconhecer um ativo contingente. Embora no tenha ficado claro, a impugnante deixou entrever que a causa do estorno da receita foi um iminente inadimplemento da obrigao (receita de juros), em face de possvel insolvncia dos devedores. Se essa foi a razo do estorno efetuado pela impugnante, ento se pode concluir que o procedimento fiscal est correto. Isso porque, para fins de IRPJ e CSLL, o reconhecimento de perdas de crdito por inadimplncia do devedor deve observar o disposto no art. 9 da Lei n 9.430/1996, abaixo transcrito:Art. 9 As perdas no recebimento de crditos decorrentes das atividades da pessoa jurdica podero ser deduzidas como despesas, para determinao do lucro real, observado o disposto neste artigo. 1 Podero ser registrados como perda os crditos: I - em relao aos quais tenha havido a declarao de insolvncia do devedor, em sentena emanada do Poder Judicirio;II - sem garantia, de valor: a) at R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operao, vencidos h mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) at R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operao, vencidos h mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porm, mantida a cobrana administrativa;c) superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), vencidos h mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;III - com garantia, vencidos h mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias;IV - contra devedor declarado falido ou pessoa jurdica declarada concordatria, relativamente parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, observado o disposto no 5.2 No caso de contrato de crdito em que o no pagamento de uma ou mais parcelas implique o vencimento automtico de todas as demais parcelas vincendas, os limites a que se referem as alneas a e b do inciso II do pargrafo anterior sero considerados em relao ao total dos crditos, por operao, com o mesmo devedor.3 Para os fins desta Lei, considera-se crdito garantido o proveniente de vendas com reserva de domnio, de alienao fiduciria em garantia ou de operaes com outras garantias reais.4 No caso de crdito com empresa em processo falimentar ou de concordata, a deduo da perda ser admitida a partir da data da decretao da falncia ou da concesso da concordata, desde que a credora tenha adotado os procedimentos judiciais necessrios para o recebimento do crdito.5 A parcela do crdito cujo compromisso de pagar no houver sido honrado pela empresa concordatria poder, tambm, ser deduzida como perda, observadas as condies previstas neste artigo.6 No ser admitida a deduo de perda no recebimento de crditos com pessoa jurdica que seja controladora, controlada, coligada ou interligada, bem como com pessoa fsica que seja acionista controlador, scio, titular ou administrador da pessoa jurdica credora, ou parente at o terceiro grau dessas pessoas fsicas.No caso dos autos, a impugnante, posto cogitasse de uma situao de insolvncia, no apresentou nenhum documento que provasse a existncia de algum procedimento judicial relativo cobrana do crdito ou a prova de existncia de processo falimentar.Portanto, correto o lanamento nesse ponto.Ora, no caso presente, no tendo a contribuinte observado as especficas e prprias disposies de regncia, perfeitamente regular se apresenta o lanamento efetivado, sendo pois, completamente infundadas as razes apresentadas.Nessa linha, tambm aqui rejeito as razes da recorrente. Da exigncia reflexa da CSLL e a inexistncia de declarao de dvida pela contribuinteComo ltimo ponto de anlise, sustenta ainda a recorrente que, em face da insubsistncia do lanamento realizado a ttulo de IRPJ, tais concluso, se fosse o caso, tambm deveriam ser aplicadas CSLL, desconstituindo, assim, integralmente, a autuao perpetrada. No fosse por isso, entretanto, sustenta ainda a recorrente de que teria ela decladado em sua DIPJ/2010 a respeito dos montantes apontados como por ela devidos a ttulo de CSLL no perodo, indevida seria ento a aplicao do multa de ofcio no patamar de 75% (setenta e cinco por cento), requerendo, ainda, a sua desconstituio. Em que pese todo o esforo da recorrente, relevante ressaltar que esse tema encontra-se hoje pacfico nesse Conselho, sobretudo ao somente admitir como suficiente a "declarao" do dbito, quando formalizado por meio da competente DCTF, no se atribuindo esse efeito, de forma alguma, aos registros constantes da DIPJ.A par de toda a construo jurisprudencial j construda a esse respeito, forosa se faz a aplicao do enunciado contido na Smula CARF n. 92, que, a esse respeito, assim, ento, especificamente destaca:Smula CARF n 92: A DIPJ, desde a sua instituio, no constitui confisso de dvida, nem instrumento hbil e suficiente para a exigncia de crdito tributrio nela informado.Em face dessas consideraes, tambm aqui no se mostra possvel o acolhimento da pretenso da recorrente. ConclusoEm face a todo o exposto, encaminho o meu voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofcio, afastando, assim, a limitao da responsabilidade tributria determinada pela r. deciso de primeira instncia, e, ainda, em relao ao Recurso Voluntrio, NEGAR PROVIMENTO a todos os seus termos, nos termos e fundamentos aqui, ento, especificamente apresentados. como voto.(Assinado digitalmente)CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator

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    noh espao para a dedutibilidade do chamado gio de simesmo, cujaamortizao vedada para fins fiscais, sendoqueno caso emquesto essaprticaocorreu.MULTA QUALIFICADA. GIO FICTCIO. FRAUDE.CARACTERIZAO.O registro contbil e a subsequente amortizao de gio fictcio caracterizaconduta fraudulenta dolosa, nos termos do Art. 72 da Lei 4.502/564,autorizandoaaplicaodemultaqualificada.DESPESA COM CONSULTORIA E ASSESSORIA.INDEDUTIBILIDADE.Os pagamentos feitos como contraprestao de servios de consultoria eassessoria s podem ser deduzidos da base de clculo do IRPJ e daCSLLquando ficar demonstrada a vinculao da despesa com a atividadeeconmicaexercidapelocontribuinte.No caso presente, apesar de regularmente intimada, a contribuinte sequerdemonstrou quais teriam sido os servios efetivamente prestads, no sepodendo,assim,admitiradedutibilidadepretendida.RECEITASFINANCEIRAS.ESTORNO.A inobservncia, pela contribuinte, das regras prprias contidas nasdisposies doArt. 9o daLei 9.430/96, impeo oferecimento tributaodosmontantesbaixadosattulodeprovisoparadevedoresduvidosos.CSLL. DIPJ. DECLARAO DE DVIDA PELA CONTRIBUINTE.INEXISTNCIA.SMULACARFN.92A DIPJ, desde a sua instituio, no constitui confisso de dvida, neminstrumento hbil e suficiente para a exigncia de crdito tributrio nelainformado.

    Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

    Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, DARPROVIMENTOaorecursodeofcio.2)Porunanimidadedevotos,NEGARPROVIMENTOaorecursovoluntrio.

    (Assinadodigitalmente)

    VALMARFONSECADEMENEZESPresidente.

    (Assinadodigitalmente)

    CARLOSAUGUSTODEANDRADEJENIERRelator.

    Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca deMenezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimares, Valmir Sandri, Paulo Jakson da SilvaLucas,EdwalCasonidePaulaFernandesJunioreCarlosAugustodeAndradeJenier.

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    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES

  • Processon19515.721874/201355Acrdon.1301001.762

    S1C3T1Fl.3

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    Relatrio

    Levandoemcontaaregularapresentaodamatriadiscutidanosautospelorelatriooferecidopelar.decisodeprimeirainstncia,deledestaco:

    TratasedeimpugnaoapresentadacontralanamentoqueformalizouaexignciadecrditotributriorelativoaIRPJeCSLL,nomontantedeR$20.437.382,14,noqual,almdoprpriotributo,estocompreendidosamultaeosjurosdemora,tendocomofundamentolegaloart.3daLein9.249/1995eosdemaisdispositivosindicadosnosautosdeinfraodefls.682a696.O lanamento foi motivado pelas seguintes infraes: deduo de despesas nonecessrias ao exerccio da atividade econmica amortizao de gio fictcio eexclusoindevidadereceitasfinanceiras.EmrelaoCSLL,almdastrsinfraesj mencionadas, constatouse a falta de adio base de clculo de despesas nodedutveisnovalordeR$56.108.513,87.Figuram no polo passivo Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo S/A e,comosolidariamenteresponsvel,osciodioNogueira,conformeconstadoTermodeSujeioPassivaSolidriadefl.698.AsconclusesaquechegouaauditoriafiscalestorelatadasnoTermodeVerificaoFiscaleResponsabilidadeSolidriadefls.659e674,quepodemserassimresumidas:Na apurao do resultado do ano base 2009, a contribuinte apropriou despesas deamortizaode giona aquisiode investimento avaliadopelopatrimnio lquido,nomontante deR$ 40.094.872,08, conforme inserido na linha 46 da ficha 06A daDIPJ.O gio ingressara em sua contabilidade em decorrncia da incorporao (pelacontribuinte)desuacontroladora,ocorridanoanode2006.Aoperao,denominadaincorporao s avessas (na qual a sociedade controlada incorpora a controladora),teve como nica finalidade o no pagamento de tributos, configurando operaosimulada,poisdestitudadequalquermotivaoquenofosseameramentetributria.Noexistiu,porconseguinte,propsitonegocial.Osfatossesucederamnaseguinteordem:A sociedade Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo Ltda. (depois Royal FicDistribuidora deDerivados dePetrleoLtda.), emmaro de 1999, tinha por sciosdioNogueiraeOsvaldoZaguine.OcapitalsocialeradeR$20.000,00.Em junho de 1999, o capital social foi alterado para R$ 1.000.000,00 e o scioOsvaldoZaguineseretirou,ingressandoemseulugarVilsonNogueira.Em outubro de 2005, procedeuse a uma avaliao econmica da empresa, queapontava para um valor de R$ 401.751.980,00, com base na expectativa derentabilidadeemexercciosfuturos.

    Fl. 956DF CARF MF

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    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES

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    Aomesmo tempo,procedeusena sociedadeENAdministraoeParticipaesS/Aum aumento do capital social. dio Nogueira, um de seus scios, integralizou ocapital social mediante a transferncia das quotas do capital da Fic Distribuidora(atualRoyalFic).AENAdministraoeParticipaesS/Apassouapossuiraquasetotalidade das quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic). O capitalsocial, poca, era de R$ 1.000.000,00, assim distribudo: EN Administrao eParticipaes:R$998.000,00 (99,8%)dioNogueiraR$1.000,00 (0,1%)eVilsonNogueira:R$1.000,00(0,1%).Em novembro de 2005, foi constituda a sociedade Petrofic Participao eInvestimentosEmpresariaisLtda.,comumcapitalsocialdeR$400.950.000,00,tendopor scios dio Nogueira, cuja participao societria era de R$ 1.504,00, e ENAdministrao e Participaes que detinha o restante do capital no valor de R$400.948.496,00.AENAdministrao eParticipaes integralizou o capitalmediante a transfernciadas quotas do capital da Fic Distribuidora (atual Royal Fic) para a PetroficParticipaesporR$400.948.496,00.Atransfernciadasquotassefezcomumgioestratosfrico,superiora40.000%.Emnovembrode2005,nobalanopatrimonialdaPetroficParticipaes,existiaumaconta do ativo permanente registrando um gio em investimento de R$400.948.496,00. A Petrofic Participaes passou a ser controladora da FicDistribuidora(atualRoyalFic),com99,8%docapitalsocial.Em 2006, a Fic Distribuidora (atual Royal Fic), empresa controlada, incorporou acontroladora Petrofic Participaes, o que rendeu ensejo transferncia do gio dacontabilidadedaempresaincorporadaparaacontabilidadedaincorporadora.Daemdiante, a Fic Distribuidora (atual Royal Fic) passou a amortizar o gio, que, naorigem, foi constitudo a partir da expectativa de rentabilidade da prpria FicDistribuidora(atualRoyalFic).AFiscalizaoentendeu terhavidosimulaoemtodaessaengenhariasocietria.Ocontrato social de constituio da Petrofic Participao foi arquivado na JuntaComercial do Estado de So Paulo em 21 de maro de 2006. A incorporao daPetrofic Participao pela FIC Distribuidora (atual Royal FIC) se deu em 1 deoutubrode2006,ouseja,cincomesesedezdiasdepois.O Protocolo e Justificao de Incorporao, que faz parte da primeira alteraocontratualdaPetroficParticipao,em1deoutubrode2006,deixaexpresso:Atravs da incorporao total, objetivam os scios a otimizao dos recursosdisponveiscomreduodeestruturasadministrativasaplicadasnodesenvolvimentodas atividades objeto das respectivas empresas. A reduo dessas estruturas deverproporcionar, em razo da reduo de custos, uma melhora na rentabilidade dasoperaes,ajustenecessrioemfacedasituaodeconcorrncianomercado.A autoridade fiscal chama a ateno para o fato de que o balano patrimonial daPetroficParticipaoevidenciaque: a)nohouvequalquer atividadeoperacional aolongodesuaexistnciab)nofoi registradaumanicamovimentaocontbilquenoa relativa suaconstituio ec)aPetroficParticipaes jamais teveumnicofuncionrio.Diantedisso,aautoridadefiscalpsemdvidaaveracidadedaassertivasegundoaqual a incorporao visava a otimizao dos recursos disponveis com reduo deestruturas administrativas aplicadas no desenvolvimento das atividades objeto dasrespectivasempresas.

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    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES

  • Processon19515.721874/201355Acrdon.1301001.762

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    Questionaaautoridadelanadora:EmqueconsistiraaestruturadaPetroficParticipao?Oqueseriareduziraestruturadeumaempresaquenorealizavaqualqueratividadeoperacional?Pornotercustosedespesas,oquehparaotimizaremrelaoPetrofic?QualarealfinalidadecomquefoiconstitudaaPetrofic?Asucessodasoperaessocietrias,aproximidadetemporalentreelaseofatodeastrsempresasenvolvidasnasoperaesteremcomosciomajoritrioamesmapessoafsica, dio Nogueira, pem em evidncia que nunca houve a real inteno deconstituir uma sociedade empresria mas, sim, a inteno de criar uma sociedadeefmera, de passagem, que possibilitasse o registro de gio a ser amortizadoposteriormenteporempresadomesmogrupoeconmico.Quantoao laudode avaliaoqueserviudesuporteconstituiodogio, sepodeafirmar que suas concluses (ou previses) se frustraram, j que a expectativa derentabilidade no se consumou na proporo esperada. Por isso, concluiu aFiscalizaoqueo laudo imprestvelparaoquesepropunha,ouseja, legitimar aconstituiodogio.AempresafoiavaliadaemR$401.751.980,00,considerandoumarentabilidadefuturaquenoseconcretizou.Ofluxoestimadodereceitas,paraosanossubsequentes,semanteveempatamaresmenoresdoqueosqueforamestimados.AFiscalizaorejeitouolaudodeavaliaoeconmica,emvistadosindciosdequeodocumento umapeano contextodeumarranjo societrioque traz amarcadasimulao.Considerando,portanto, todasessascircunstncias,foiefetuadaaglosadasdespesasde amortizao de gio, contabilizadas no ano base 2009, exerccio 2010, daresultandoolanamentodecrditotributriodeIRPJeCSLL.Fielaoentendimentodequehouveatojurdicosimulado,comopropsitodesuprimirtributo, aplicouse amulta qualificada, cujo percentual de150% sobre o valor docrditotributrioreduzido.Outra infrao colhida no procedimento fiscal foi a deduo de despesas nonecessrias ao exerccio da atividade econmica. A contribuinte foi intimada aapresentar documentao hbil para comprovar as despesas contabilizadas na conta3031020008 Consultoria e Assessoria, no valor de R$ 2.467.607,84. Foramapresentados vrios documentos, dos quaismuitos no possuam valor fiscal.Almdisso, constatouse que as despesas no atendiam aos requisitos da necessidade,usualidadeenormalidadeque,emconjunto,conferem,parafinsdeapuraodoIRPJedaCSLL,dedutibilidadedespesa.Acontribuintenoconseguiucomprovarquetaisdespesasestivessemintrinsecamenterelacionadas produo ou comercializao dos bens ou servios inerentes suaatividadeempresarial.AterceirainfraoconsistiunaexclusoindevidadereceitasfinanceirasnovalordeR$18.089.405,08,quesematerializoupelolanamentoadbitonacontaderesultado3038020010 Juros s/Contratos Usinas. Intimado a esclarecer o lanamento, acontribuinteapresentoudocumentosinternossemvalordeprova.

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    QuantoCSLL,disseaautoridadelanadoraque,naapuraodolucroreal,basedeclculodoIRPJ(Ficha09AdaDIPJdoexerccio2010,anobase2009),acontribuinteefetuouaadiodedespesasoperacionaissomadeparcelasnodedutveis,Linha05,novalordeR$56.108.513,87(Ficha05A,Linha33).Porm,noclculodaCSLL,declaradonaFicha17,omesmonofoifeito.Ovalornofoiadicionado(Linha05)basedeclculodaCSLL,conformedispeoart.13daLein9.249/1995.No resignada, Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petrleo S/A apresentouimpugnao alegando, preliminarmente, a nulidade do lanamento, porquanto noforam indicados os dispositivos legais pertinentes. Os dispositivos citados no socapazesdelastrearaglosadogioatributaodasreceitasfinanceiras,quenenhumganhoouacrscimorepresentanemosajustesdabasedeclculodaCSLL.O lanamento ato administrativo previsto nas leis reguladoras do processo fiscal,queestabelecemrequisitosdecujaobservnciadependeavalidadedoato.Nocaso,estoarroladosdiversosdispositivoslegaisquenoseprestamajustificarapretensofiscal.A par desse vcio, o lanamento no contm a exata descrio dos fatos, nem acapitulao da tributao e das penalidades, impedindo o exerccio do direito dedefesa.No mrito, afirmou que a autoridade lanadora incorreu em vrios equvocos eimpropriedades jurdicas, representados por imputao de infraes e delitostributrios mutuamente excludentes, como a simulao e a fraude, que so figurasdelituosasqueobjetivamresultadosdistintos.Oqueaautoridadepretendeimpediradeduodogioporrentabilidadefutura.Aimpugnanteadmitiuquearentabilidadeesperadanofoialcanada,masatribuiu talcircunstnciaafatoresdemercadoqueafetaramosetor.Ressaltouqueovcio apontadopela autoridade fiscal deve serprovado edeclaradopor sentena judicial para que seja possvel desclassificar ou desconsiderar umnegcio privado. Ao Fisco falece competncia para declarar a anulabilidade ou anulidadedosatospraticadospelocontribuinte,sobasregrasdodireitoprivado.A impugnante reiterou a legitimidade da deduo do gio. Disse que a PetroficParticipao era uma holding que registrava seus investimentos em controladas ecoligadaspelovalorpatrimonialdemercado,conformelaudodeavaliao.Lembrouque no existe legislao regulando as incorporaes. A Lei n 6.404/1976 noestabelece qualquer vedao a que uma sociedade controlada incorpore suacontroladora.A legislao tributria permite o registro do gio em investimento, desde que, paratanto, haja justa motivao econmica, lastreada em laudo tcnico de avaliao. Aimpugnanteatendeuataisrequisitos.Nofoipraticadonenhumatovaziodecontedoeconmicooucomanicafinalidadedegerarumaparceladegiodeformaartificialeinexistente.Ofatodeaexpectativaderentabilidadetersidofrustradasedeveafatoresdeconjunturaeconmicaforadocontrole da impugnante. O gio registrado na operao de incorporao reversadecorredoregistrodoinvestimentopelovalordemercado.Sustentou a validade jurdica do gio interno, afirmando que para fins fiscais noexistediferenaentreogioformadoemoperaesenvolvendoempresasdomesmogrupoeempresassemqualquerligao.Quanto multa qualificada, a impugnante afirmou que a autoridade lanadorapresumiu o intuito de fraude, sem comprovlo. Negou ter ocorrido qualquer ato

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  • Processon19515.721874/201355Acrdon.1301001.762

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    fraudulento.Dissequenoestavapresentenenhumadascircunstnciasprevistasnosarts.71a73,daLein4.502/1964.Aaplicaodamultadescabidaeinfundadaporcompletaausnciadesuporte legal.Portanto, impeseareduodopercentualpara75%.Quanto glosa dos custos tidos pela autoridade lanadora como no dedutveis,ponderouqueasdespesasglosadassorelativasaserviosdetodasorte,deauditoriaaconservao,queforamprestadosporpessoasfsicasejurdicas.Aleinoexigequeadespesasejahabitualouperidica.Podeserexcepcionalouespordica,desdequeseja usual ou normal ao tipo de empreendimento, negcio, operao ou atividade.Nessesentido,umadespesanecessriaquando inerenteatividadesocialouaelarelacionada, sendo capaz de produzir rendimentos.Assim, considerando a atividadeeconmica da impugnante, podese concluir que todas as despesas glosadas sodedutveis.Relativamente s receitas financeiras, aduziu que no houve qualquer ganho ouacrscimopatrimonialquepossaensejarlanamentodetributo.Em2008,registrousenoativoovalordeR$18.089.405,08,referenteajurossobrecontratosfirmadoscomusinasprodutorasdeacarelcool.Olanamentonoimplicaqualquerhiptesedeganhoouacrscimopatrimonial.Em2009,apsapublicaodotermodeaprovaodopronunciamentotcnicoCPCn 25, de 26 de junho de 2009, a auditoria externa concluiu que os devedores seencontravam em estado prfalimentar e que o crdito deveria ser integralmenteestornado.Os advogados que cuidavam da cobrana judicial do crdito entenderamque era difcil a realizao financeira do ativo e, em face dessa avaliao, aimpugnantereconheceuaperda.Foi ento lanado a crdito da conta do ativo o valor de R$ 5.318.584,70, emcontrapartidadedbitoemcontaderesultado.Esseativonopoderiaterinfluenciadooresultado,ateordodispostonoCPCn25,itens 31 a 35. Entretanto, fiscalizando o ano de 2009, a autoridade lanadora noentendeuquesetratassedeumestornodelanamentoanterior.Apesardisso,nohqualquerreceitafinanceiraauferida.No que toca, especificamente, falta de adio de despesas indedutveis base declculo daCSLL, no seria cabvel a imposio demulta de75%, porqueo dbitoestavainformadonaficha17AdaDIPJde2010e,assimsendo,jeraconhecidodoFisco.Amultanoseaplicaquandoodbitoestinformadoemqualquermodalidadededeclarao.Combasenessasalegaes,pugnoupelaimprocednciadolanamento.O segundo impugnante, dio Nogueira, alm de reiterar osmesmos argumentos jarticuladosporRoyalFicDistribuidora,alegou faltade legitimidadepara figurarnopolopassivo.Disseque,noentendimentodaautoridadelanadora,bastatranscreverosarts.121e135doCdigoTributrioNacionalCTN,paraatribuirresponsabilidadetributriaaoimpugnante.O procedimento seria arbitrrio e ilegal. Isso porque s pode ser atribudaresponsabilidade tributria ao administrador nos casos em que a multa sejaqualificada. O Superior Tribunal de Justia STJ j decidiu que no h

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    responsabilidadepessoalnocasodefaltaouinsuficinciaderecolhimentodetributospor parte da pessoa jurdica. Alm disso, s se admite responsabilizao doadministradorquandosuaatuaosejaacausadoevento.Outrossim, no se pode imputar responsabilidade tributria a quem tenha agido deboaf. No havendo indcios de que o impugnante tenha se beneficiado de formaindevidaouilegaldofato,emprejuzodoFisco,nolhedeveseratribudaqualquerresponsabilidade pessoal. A mera transcrio de dispositivos legais no autoriza oprocedimentocontraoimpugnante.Comessesargumentos,pediusuaexclusodopolopassivodaautuao.

    A partir da anlise dessas consideraes, entendeu a douta 2 Turma daDRJ/CGEpelaPROCEDNCIAPARCIALdaimpugnao,apontando,naementadoacrdo,osseguinteseespecficofundamentos:

    ASSUNTO:IMPOSTOSOBREARENDADEPESSOAJURDICAIRPJAnocalendrio:2009NULIDADE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. DESCRIO QUEPERMITEACOMPREENSODOSFATOS.VALIDADEDOLANAMENTO.vlidoolanamentoquandoadescriofticanelecontidapermitiraointeressadosaberofatoquelheimputado,nohavendo,nessecaso,prejuzoquepossaensejaradeclaraodenulidadedoatoadministrativo.OPERAO ENTRE EMPRESAS DO MESMO GRUPO. GIO. FALTA DEFUNDAMENTOECONMICO.INEFICCIAPARAFINSTRIBUTRIOS.Ogiosemfundamentoeconmicoeoriundodeoperaorealizadaentreempresasdomesmo grupo, ou de alguma forma ligadas entre si, ineficaz perante o Fisco, nopodendoarespectivaamortizaoserdeduzidadabasedeclculodoIRPJ.MULTAQUALIFICADA.GIOFICTCIO.DOLO.CARACTERIZAO.O registro contbil ea subsequenteamortizaodegio fictcio caracteriza condutadolosa,autorizandoaaplicaodemultaqualificada.DESPESA COMCONSULTORIA E ASSESSORIA. DEDUTIBILIDADE. PROVA DAVINCULAOCOMAATIVIDADEECONMICA.REQUISITO.OspagamentosfeitoscomocontraprestaodeserviosdeconsultoriaeassessoriaspodemserdeduzidosdabasedeclculodoIRPJedaCSLLquandoficardemonstradaavinculaodadespesacomaatividadeeconmicaexercidapelocontribuinte.PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRDITOS. DEDUTIBILIDADE. REQUISITOS.LEIN9.430/1996.Parafinsdeapuraodolucroreal,adeduodeperdasnorecebimentodecrditosdeveobservarosrequisitosestabelecidosnoart.9daLein9.430/1996.RESPONSABILIDADE TRIBUTRIA. SCIO ADMINISTRADOR. ATOS DOLOSOS.INFRAODELEI.Respondepeloscrditos tributriosdevidoso scioadministradordepessoa jurdicade direito privadoquando, na administraoda empresa, pratique atos dolosos comviolaodelei.ASSUNTO:CONTRIBUIOSOCIALSOBREOLUCROLQUIDOCSLLAnocalendrio:2009

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  • Processon19515.721874/201355Acrdon.1301001.762

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    DBITO DECLARADO. CONSTITUIO DE CRDITO. DECLARAOINSTITUDACOMESSEFIM.Produz efeito de constituio de crdito tributrio o reconhecimento do dbito pelocontribuintemedianteentregadedeclaraoinstitudacomessepropsito.CSLL E IRPJ. LANAMENTO. IDENTIDADE DE MATRIA FTICA. DECISOMESMOSFUNDAMENTOS.Aplicamse ao lanamento da CSLL as mesmas razes de decidir aplicveis aolanamentodoIRPJ,quandoambosrecaremsobreamesmabaseftica.ImpugnaoProcedenteem