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ICH Q8(R2) - Desenvolvimento Farmacêutico – Cópia Yugue _____________________________________________________________________________________ YUGUE ASSESSORES www.yugue.com.br USO INTERNO 1 CONFERÊNCIA INTERNACIONAL PARA HARMONIZAÇÃO DE REQUISITOS TÉCNICOS PARA REGISTRO DE MEDICAMENTOS PARA USO HUMANO GUIA ICH HARMONIZADO PELO TRIPARTIDO DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO Q8(R2) Versão atual Etapa 4 Datado de 04 de Agosto de 2009 O presente guia foi desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Peritos apropriado do ICH e tem sido objeto de consulta pelas partes reguladoras, de acordo com o Processo ICH. No Passo 4 do Processo de versão final é recomendado para adopção aos órgãos reguladores da União Europeia, Japão e EUA. ----------------------------------------- Notas do tradutor (Ricardo Yugue): 1. Este documento foi traduzido livremente por Ricardo Yugue para uso interno da YUGUE Assessores, não devendo ser reproduzido ou distribuído. 2. O original na língua inglesa deste documento deve ser sempre consultado. A Yugue Assessores não se responsabiliza pelas consequências de eventuais erros, equívocos e/ou incompletude da tradução deste documento.

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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL PARA HARMONIZAÇÃO DE REQUISITOS TÉCNICOS PARA REGISTRO DE MEDICAMENTOS PARA USO HUMANO

GUIA ICH HARMONIZADO PELO TRIPARTIDO

DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO

Q8(R2)

Versão atual Etapa 4

Datado de 04 de Agosto de 2009

O presente guia foi desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Peritos apropriado do

ICH e tem sido objeto de consulta pelas partes reguladoras, de acordo com o Processo

ICH. No Passo 4 do Processo de versão final é recomendado para adopção aos órgãos

reguladores da União Europeia, Japão e EUA.

-----------------------------------------

Notas do tradutor (Ricardo Yugue):

1. Este documento foi traduzido livremente por Ricardo Yugue para uso interno da

YUGUE Assessores, não devendo ser reproduzido ou distribuído.

2. O original na língua inglesa deste documento deve ser sempre consultado. A Yugue

Assessores não se responsabiliza pelas consequências de eventuais erros, equívocos

e/ou incompletude da tradução deste documento.

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Q8(R2) Histórico do Documento

Primeira

Codificação Histórico Data

Guia-mãe: Desenvolvimento Farmacêutico

Código Histórico Data Q8 Aprovação pelo Comitê Gestor sob Etapa 2 e liberação

para consulta pública. 18

Novembro 2004

Q8 Aprovação pelo Comitê Gestor sob Etapa 4 e recomendação para adoção para os três corpos

regulatórios do ICH

10 Novembro

2005

Anexo do guia-mãe: Desenvolvimento Farmacêutico Código Histórico Data

Anexo ao Q8

Aprovação pelo Comitê Gestor sob Etapa 2 e liberação para consulta pública.

1 Novembro 2007

Anexo ao Q8

Aprovação pelo Comitê Gestor sob Etapa 4 e recomendação para adoção para os três corpos

regulatórios do ICH

13 Novembro

2008

Adição ao anexo do guia-mãe Q8(R1) O guia-mãe "Desenvolvimento Farmacêutico" foi

recodificado como Q8(R1) após a adição do anexo ao guia-mãe.

Novembro 2008

Versão atual da Etapa 4 Código Histórico Data Q8(R2) Retificação dos títulos da "Figura 2a" e "Figura 2b" do

"Exemplo 2" na página 23. Agosto 2009

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DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO Guia ICH Tripartido Harmonizado

TABELA DE CONTEÚDO

PARTE I: ..................................................................................................................................... 1

DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO ........................................................................... 1

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

1.1 OBJETIVO DO GUIA ...................................................................................................................... 1 1.2 ESCOPO ........................................................................................................................................ 1

2 DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO ................................................................... 1

2.1 COMPONENTES DO MEDICAMENTO .............................................................................................. 3 2.1.1 Fármaco ................................................................................................................................. 3 2.1.2 Excipientes ............................................................................................................................. 3

2.2 MEDICAMENTO ............................................................................................................................ 4 2.2.1 Desenvolvimento da formulação ........................................................................................... 4 2.2.2 Excedentes ............................................................................................................................. 4 2.2.3 Propriedades físico-químicas e biológicas ............................................................................ 5

2.3 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO ...................................................................... 5 2.4 SISTEMA DE FECHAMENTO DO RECIPIENTE ................................................................................. 6 2.5 ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS ................................................................................................... 6 2.6 COMPATIBILIDADE ...................................................................................................................... 7

3 GLOSSÁRIO ....................................................................................................................... 7

PARTE II: .................................................................................................................................... 9

DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO - ANEXO ......................................................... 9

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9

2 ELEMENTOS DO DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO ................................ 10

2.1 PERFIL DE QUALIDADE DO PRODUTO-ALVO (QTPP) ................................................................. 10 2.2 ATRIBUTOS CRÍTICOS DE QUALIDADE (CQAS) ......................................................................... 11 2.3 AVALIAÇÃO DE RISCO: RELACIONANDO ATRIBUTOS DO MATERIAL E PARÂMETROS DE

PROCESSO COM OS CQAS DO MEDICAMENTO ........................................................................................ 11 2.4 ESPAÇO DE DELINEAMENTO ...................................................................................................... 12

2.4.1 Seleção das Variáveis .......................................................................................................... 12 2.4.2 Descrição do Espaço de Delineamento em uma Submissão .............................................. 12 2.4.3 Espaço(s) de Delineamento de Operação Unitária ............................................................. 12 2.4.4 Relação do Espaço de Delineamento para a Escala e o Equipamento .............................. 12 2.4.5 Espaço de Delineamento Versus Intervalos Aceitáveis Comprovados ............................... 13 2.4.6 Espaço de Delineamento e Limite de Falha ....................................................................... 13

2.5 ESTRATÉGIA DE CONTROLE ....................................................................................................... 13 2.6 GESTÃO DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO E MELHORIA CONTÍNUA .......................................... 14

3 SUBMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO E INFORMAÇÕES RELACIONADAS NO FORMATO DE DOCUMENTO TÉCNICO COMUM (CTD -

COMMON TECHNICAL DOCUMENTS) ............................................................................... 15

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3.1 GESTÃO DE RISCO DA QUALIDADE E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E PROCESSOS ............ 15 3.2 ESPAÇO DE DELINEAMENTO ...................................................................................................... 15 3.3 ESTRATÉGIA DE CONTROLE ....................................................................................................... 15 3.4 INFORMAÇÃO RELACIONADAS AO FÁRMACO ............................................................................ 15

4 GLOSSÁRIO ..................................................................................................................... 16

APÊNDICE 1. DIFERENTES ABORDAGENS PARA O DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO ................................................................................................................... 18

APÊNDICE 2. EXEMPLOS ILUSTRATIVOS ..................................................................... 19

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PARTE I:

DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO

Guia ICH Tripartido Harmonizado Tendo chegado a Etapa 4 do Processo ICH na reunião do Comitê de Direção do ICH em

10 de Novembro de 2005, este guia é recomendado para adoção pelas três partes regulatórias do ICH.

1 INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo do Guia

Este guia descreve os conteúdos sugeridos para a seção 3.2.P.2 (Desenvolvimento Farmacêutico) de uma submissão regulatória no formato Documento Técnico Comum (CTD - Common Technical Document) ICH M4.

A Seção de Desenvolvimento Farmacêutico fornece a oportunidade de apresentar os conhecimentos adquiridos através da aplicação de abordagens científicas e de gestão dos riscos de qualidade (por definição, veja ICH Q9) para o desenvolvimento de um produto e seu processo de produção. É produzido pela primeira vez para a aplicação de marketing original e pode ser atualizado para compreender novos conhecimentos adquiridos ao longo do ciclo de vida* de um produto. A Seção de Desenvolvimento Farmacêutico destina-se a fornecer um entendimento abrangente do produto e do processo de produção para os revisores e os inspetores. O guia também indica áreas onde a demonstração de um maior entendimento das ciências farmacêuticas e de produção podem criar uma base para abordagens regulatórias flexíveis. O grau de flexibilidade regulatória baseia-se no nível de conhecimentos científicos relevantes fornecidos.

1.2 Escopo

Este guia é destinado a fornecer orientação sobre o conteúdo da Seção 3.2.P.2 (Desenvolvimento Farmacêutico) para medicamentos†, tal como definido no âmbito do Módulo 3 do Documento Técnico Comum (Guia ICH M4). O guia não se aplica ao conteúdo das submissões para medicamentos durante as fases de pesquisa clínica do desenvolvimento do fármaco‡. No entanto, os princípios deste guia são importantes para serem considerados durante aqueles estágios da mesma forma. Este guia também pode ser adequado para outros tipos de produtos. Para determinar a aplicabilidade do presente guia para um determinado tipo de produto, os candidatos podem consultar as autoridades reguladoras apropriadas.

2 DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO

O objetivo do desenvolvimento farmacêutico é o delineamento de um produto de qualidade e seu processo de produção para entregar consistentemente o desempenho pretendido do produto. As informações e os conhecimentos adquiridos a partir de estudos de desenvolvimento farmacêutico e experiência na produção fornecem entendimento

* Veja definição no glossário

† NT1. Para fins deste documento, foi adotado “medicamento” como tradução para “drug product”.

‡ NT2. Para fins deste documento, foi adotado “fármaco” como tradução para “drug substance”.

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científico para apoiar a criação do “espaço de delineamento”*, especificações e controles de produção.

Informações de estudos de desenvolvimento farmacêutico podem ser uma base para a gestão dos riscos de qualidade. É importante reconhecer que a qualidade† não pode ser testada nos produtos; isto é, a qualidade deve ser construída pelo delineamento. Mudanças nos processos de formulação e de produção durante o desenvolvimento e gerenciamento do ciclo de vida devem ser encaradas como oportunidades para ganhar conhecimento adicional e estabelecimento de mais apoio do “espaço de delineamento”. Similarmente, a inclusão do conhecimento relevante obtido a partir de experiências que dão resultados inesperados também pode ser útil. O “espaço de delineamento” é proposto pelo requerente e está sujeito a avaliação regulatória e aprovação. O trabalho dentro do “espaço de delineamento” não é considerado como uma mudança. Movimentos para fora do “espaço de delineamento” são considerados mudanças e, normalmente, iniciam processos de mudança após aprovação regulatória.

A seção de Desenvolvimento Farmacêutico deve descrever o conhecimento que estabelece que o tipo de forma farmacêutica escolhido e a formulação proposta são adequados para o uso pretendido. Esta secção deve incluir informação suficiente em cada parte para fornecer um entendimento do desenvolvimento do medicamento e seu processo de produção. As tabelas de resumo e gráficos são encorajados onde eles acrescentam clareza e facilidade para o monitoramento.

No mínimo, estes aspectos de substâncias medicamentosas, excipientes, sistemas de fechamento do recipiente, e processos de produção que são críticos para a qualidade do produto devem ser determinados e as estratégias de controle justificadas. Atributos críticos de formulação e os parâmetros do processo são geralmente identificados por meio de uma avaliação da extensão em que a sua variação pode ter impacto sobre a qualidade do medicamento.

Além disso, o requerente pode optar por realizar estudos de desenvolvimento farmacêutico que podem levar a um melhor conhecimento do desempenho do produto por meio de uma ampla gama de atributos materiais, opções de processamento e parâmetros do processo. A inclusão desta informação adicional nesta seção fornece uma oportunidade para demonstrar um maior grau de entendimento dos atributos materiais, processos de produção e seus controles. Este entendimento científico facilita a criação de um “espaço de delineamento” expandido. Nestas situações, existem oportunidades para desenvolver abordagens regulatórias mais flexíveis, por exemplo, para facilitar:

decisões regulatórias baseadas no risco (monitoramentos e inspeções); melhorias no processo de produção, dentro do “espaço de delineamento” aprovado

descrito no processo, sem novo monitoramento regulatório; redução de submissões pós-aprovação; controle de qualidade em tempo real, levando a uma redução dos testes de

libertação do produto final.

Para realizar esta flexibilidade, o requerente deve demonstrar um conhecimento aprimorado do desempenho do produto através de uma gama de atributos dos materiais, opções de processo de produção e os parâmetros do processo. Esse entendimento pode ser

* NT3. Para fins deste documento, foi adotado “delineamento” como tradução para “design”. Na literatura é

encontrado o termo “Espaço de Concepção” (EC). † Veja definição no glossário

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adquirido por meio da aplicação de, por exemplo, delineamentos experimentais formais*, tecnologia analítica de processo (PAT – process analytical technology)*, e / ou conhecimento prévio. A utilização adequada dos princípios de gestão dos riscos de qualidade pode ser útil para priorizar os estudos de desenvolvimento farmacêutico adicionais para coletar tal conhecimento.

O delineamento e condução de estudos de desenvolvimento farmacêutico devem ser coerentes com o seu objetivo científico pretendido. Deve-se reconhecer que o nível de conhecimento adquirido, e não o volume de dados, fornece a base para submissões com base científica e sua avaliação regulatória.

2.1 Componentes do Medicamento

2.1.1 Fármaco

As propriedades físico-químicas e biológicas do fármaco que podem influenciar o desempenho do medicamento e a sua produtibilidade†, ou foram especificamente delineados para o fármaco (p. ex.‡, propriedades de estado sólido), devem ser identificadas e discutidas. Exemplos de propriedades físico-químicas e biológicas que podem precisar ser examinadas incluem: a solubilidade, o teor de água, o tamanho de partícula, as propriedades do cristal, a atividade biológica, e a permeabilidade. Estas propriedades podem ser inter-relacionadas e podem precisar ser consideradas em combinação.

Para avaliar o efeito potencial das propriedades físico-químicas de um fármaco sobre o desempenho do medicamento, os estudos sobre medicamento podem ser garantidos. Por exemplo, as Especificações ICH Q6A: Procedimentos de teste e critérios de aceitação das substâncias novos fármacos e novos medicamentos: substâncias químicas descrevem algumas das circunstâncias em que são recomendados os estudos de medicamentos (por exemplo, a árvore de decisão # 3 e # 4 (Parte 2)). Esta abordagem aplica-se igualmente para as especificações do ICH Q6B: Procedimentos de teste e critérios de aceitação para produtos de biotecnologia/biológicos. O conhecimento adquirido com os estudos que investigam o efeito potencial de propriedades do fármaco sobre o desempenho do medicamento pode ser usado, conforme o caso, para justificar elementos de especificação do fármaco (3.2.S.4.5).

A compatibilidade do fármaco com os excipientes listados na 3.2.P.1 deve ser avaliada. Para os produtos que contenham mais do que um fármaco, também deve ser avaliada a compatibilidade dos fármacos um com o outro.

2.1.2 Excipientes

Os excipientes escolhidos, suas concentrações, e as características que podem influenciar o desempenho do medicamento (p. ex., estabilidade, biodisponibilidade) ou produtibilidade devem ser discutidas em relação à respectiva função de cada excipiente. Isto deve incluir todas as substâncias utilizadas na produção do medicamento, se eles aparecem no produto acabado ou não (por exemplo, auxiliares de processamento). A compatibilidade dos excipientes com outros excipientes, quando relevantes (por exemplo, a combinação de conservantes em um sistema conservante duplo), deve ser estabelecida. A capacidade dos excipientes (p. ex., agentes antioxidantes, intensificadores de penetração, desintegrantes, de controle da libertação) para fornecer a funcionalidade esperada, e para atuar em toda a vida de prateleira pretendida para o medicamento, deve também ser demonstrada. As

* Veja definição no glossário † NT4 - Foi adotada “produtibilidade” como tradução para “manufacturability”.

‡ NT5 - p. ex. = por exemplo

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informações sobre o desempenho do excipiente podem ser utilizadas, quando apropriado, para justificar a escolha e os atributos de qualidade do excipiente, e para dar suporte à justificativa para a especificação do medicamento (3.2.P.5.6).

As informações para apoiar a segurança dos excipientes, quando apropriado, devem ter referências cruzadas (3.2.P.4.6).

2.2 Medicamento

2.2.1 Desenvolvimento da formulação

Um sumário deve ser fornecida descrevendo o desenvolvimento da formulação, incluindo a identificação dos atributos que são críticos para a qualidade do medicamento, considerando o uso pretendido e a via de administração. Informações dos modelos experimentais formais podem ser úteis na identificação de variáveis críticas ou interagentes que podem ser importantes para garantir a qualidade do medicamento.

O sumário deve destacar a evolução do delineamento da formulação do conceito inicial até o delineamento final. Este sumário deve também tomar em consideração a escolha dos componentes do medicamento (p. ex., as propriedades do fármaco, excipientes, o sistema de fechamento do recipiente, qualquer dispositivo de dosagem relevante), o processo de produção, e, se apropriado, os conhecimentos adquiridos com o desenvolvimento de medicamento(s) similar(es).

Quaisquer faixas de excipiente incluídos na fórmula do lote (3.2.P.3.2) devem ser justificadas nesta seção do pedido; esta justificativa pode ser muitas vezes baseada na experiência adquirida durante o desenvolvimento ou produção.

Um sumário das formulações utilizadas na segurança clínica e eficácia em quaisquer estudos de biodisponibilidade ou bioequivalência relevantes devem ser fornecidas. Quaisquer alterações entre a formulação comercial proposta e as formulações utilizadas em lotes clínicos obrigatórios e em lotes de estabilidade primária devem ser claramente descritos e as razões para as mudanças fornecidas.

As informações de estudos comparativos in vitro (p. ex., dissolução) ou estudos comparativos in vivo (p. ex., a bioequivalência) que ligam formulações clínicas às formulações propostas comerciais descritas no 3.2.P.1 devem ser consolidadas e um cruzamento das referências dos estudos (com números dos estudos) deve ser fornecido. Caso tenham sido feitas tentativas para estabelecer uma correlação in vitro/in vivo, os resultados desses estudos, e uma referência cruzada com os estudos (com números de estudo), devem ser fornecidas nesta seção. Uma correlação de sucesso pode auxiliar na seleção de critérios de aceitação de dissolução adequados, e pode, potencialmente, reduzir a necessidade de mais estudos de bioequivalência após alterações no produto ou em seu processo de produção.

Quaisquer características de delineamento especiais do medicamento (p. ex., linha de pontuação do comprimido, transbordo, medida anti-falsificação na medida em que afeta o medicamento) devem ser identificadas e uma lógica prevista para sua utilização.

2.2.2 Excedentes

Em geral, a utilização de um excesso de um fármaco para compensar a degradação durante a produção ou a vida de prateleira de um produto, ou para prolongar a vida de prateleira, é desencorajada.

Qualquer excedente na produção do medicamento, quer apareça no produto final formulado ou não, deve ser justificado considerando a segurança e a eficácia do produto.

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Informações devem ser fornecidas sobre 1) a quantidade do excedente, 2) razão para o excedente (p. ex., para compensar as perdas esperadas e documentadas durante a produção), e 3) a justificativa para a quantidade excedente. O excedente deve ser incluído na quantidade do fármaco listado na fórmula do lote (3.2.P.3.2).

2.2.3 Propriedades físico-químicas e biológicas

As propriedades físico-químicas e biológicas relevantes para a segurança, desempenho ou de produtibilidade do medicamento devem ser identificadas e discutidas. Isto inclui as implicações fisiológicas do fármaco e atributos da formulação. Os estudos podem incluir, por exemplo, o desenvolvimento de um teste para a fração respirável de um produto inalado. Da mesma forma, informações de apoio à seleção de testes de dissolução vs. de desintegração, ou outros meios para assegurar a libertação do fármaco, bem como o desenvolvimento e adequação do teste escolhido, poderiam ser fornecidos nesta seção. Veja também o ICH Q6A Especificações: Procedimentos de teste e critérios de aceitação para novos fármacos e novos medicamentos: Substâncias Químicas (ICH Q6A

Specifications: Test Procedures And Acceptance Criteria For New Drug Substances And

New Drug Products: Chemical Substances); Árvore de Decisão #4 (Parte 3) e Árvore de Decisão #7 (Parte 1) ou ICH Q6B Especificações: procedimentos de teste e critérios de aceitação para produtos biotecnológicos/biológicos (ICH Q6B Specifications: Test

Procedures and Acceptance Criteria for Biotechnology/Biological Products). A discussão deve fazer referência cruzada para quaisquer dados de estabilidade relevantes em 3.2.P.8.3.

2.3 Desenvolvimento do Processo de Produção

A seleção, o controle e qualquer melhoria no processo de produção descrito em 3.2.P.3.3 (isto é, destinado a lotes de produção comerciais) devem ser explicados. É importante considerar os atributos críticos da formulação, em conjunto com as opções para o processo de produção disponíveis, visando a seleção do processo de produção e confirmar a adequação dos componentes. A adequação do equipamento utilizado para os produtos pretendidos deve ser discutida. Os estudos de desenvolvimento do processo deve proporcionar a base para a melhoria dos processos, validação dos processos, verificação contínua de processos* (quando aplicável), e quaisquer requisitos de controle de processo. Quando apropriado, esses estudos devem abordar atributos microbiológicos, bem como físicos e químicos. O conhecimento adquirido a partir dos estudos de desenvolvimento de processo pode ser utilizado, conforme o caso, para justificar a especificação do medicamento (3.2.P.5.6).

O programa de desenvolvimento do processo de produção ou programa de melhoria do processo deve identificar quaisquer parâmetros críticos do processo que devem ser monitorados ou controlados (p. ex., o ponto final da granulação) para garantir que o produto tem a qualidade desejada.

Para aqueles produtos que se destinam a ser estéreis, um método adequado de esterilização para o medicamento e o material de embalagem primária deve ser escolhido e a escolha justificada.

Diferenças significativas entre os processos de produção utilizados na produção de lotes para ensaios clínicos essenciais (segurança, eficácia, biodisponibilidade, bioequivalência) ou estudos de estabilidade primária e o processo descrito no 3.2.P.3.3 devem ser discutidas. A discussão deve resumir a influência das diferenças no desempenho, produtibilidade e qualidade do produto. A informação deve ser apresentada de uma forma que facilite a

* Veja definição no glossário

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comparação dos processos e as informações das análises do lote correspondente (3.2.P.5.4). A informação deve incluir, por exemplo, (1) a identidade (p. ex., número de lote) e a utilização dos lotes produzidos (p. ex., número de lotes do estudo de bioequivalência), (2) a instalação* de produção, (3) o tamanho do lote, e (4) quaisquer diferenças significativas de equipamento (p. ex., diferente desenho†, princípio de funcionamento, tamanho).

A fim de proporcionar flexibilidade para a melhoria do processo no futuro, quando se descreve o desenvolvimento do processo de produção, é útil descrever os sistemas de medição que permitem a monitorização dos atributos essenciais ou pontos finais do processo. A coleta de dados de monitoramento do processo durante o desenvolvimento do processo de produção pode fornecer informações úteis para melhorar a compreensão do processo. As estratégias de controle de processo que fornecem capacidade de ajuste do processo para assegurar o controle de todos os atributos críticos devem ser descritas.

Uma avaliação da capacidade do processo para produzir de forma confiável um produto na qualidade pretendida (p. ex., o desempenho do processo de produção, sob diferentes condições de funcionamento, em escalas diferentes, ou com diferentes equipamentos) pode ser fornecida. A compreensão da robustez‡ do processo pode ser útil na avaliação de riscos e redução de riscos (para definição, veja o glossário do ICH Q9 Gestão do Risco de Qualidade (ICH Q9 Quality Risk Management) e no apoio a futuras melhorias na produção e em processos, especialmente em conjunto com o uso de ferramentas de gestão de riscos (veja ICH Q9 Gestão do Risco de Qualidade).

2.4 Sistema de Fechamento do Recipiente

A escolha e a justificativa para a seleção do sistema de fechamento do recipiente para o produto comercial (descrito em 3.2.P.7) deve ser discutido. Deve ser dada atenção ao uso pretendido ao medicamento e a adequação do sistema de fechamento do recipiente para o armazenamento e o transporte (frete), incluindo as embalagens de armazenamento e transporte de medicamentos a granel (“bulk”), se for o caso.

A escolha de materiais para embalagem primária deve ser justificada. A discussão deve descrever estudos realizados para demonstrar a integridade do recipiente e a tampa. Uma possível interação entre o produto e a embalagem ou o rótulo deve ser considerada.

A escolha de materiais de embalagem primários deve considerar, por exemplo, a escolha de materiais, a proteção contra humidade e luz, a compatibilidade dos materiais de construção com a forma farmacêutica (incluindo adsorção pelo recipiente e lixiviação), e a segurança dos materiais de construção. As justificativas para os materiais de embalagem secundária devem ser incluídas, quando relevantes.

Se um dispositivo de doseamento é utilizado (p. ex., pipeta conta-gotas, caneta injetora, inalador de pó seco), é importante demonstrar que uma dose reprodutível e precisa do produto é liberada sob condições de ensaio que, na medida do possível, simulam o uso do produto.

2.5 Atributos Microbiológicos

Quando apropriado, as propriedades microbiológicas do medicamento devem ser discutidas nesta seção (3.2.P.2.5). A discussão deve incluir, por exemplo:

* NT6 - Foi adotada “instalação” como tradução para “site”. † NT7 - Foi adotado “desenho” como tradução para “design”. ‡ Veja definição no glossário

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A justificativa racional para realizar ou não realizar testes de limites microbianos para medicamentos não estéreis (p. ex., Árvore de Decisão #8 em ICH Q6A Especificações: Procedimentos para testes e critérios de aceitação para novos fármacos e novos medicamentos: Substâncias Químicas e ICH Q6B Especificações: Procedimentos de teste e critérios de aceitação para produtos biotecnológicos/biológicos);

A seleção e eficácia dos sistemas de conservação em produtos contendo conservante antimicrobiano ou a eficácia antimicrobiana de produtos que são antimicrobianos por natureza;

Para produtos estéreis, a integridade do sistema de fechamento do recipiente, uma vez que refere-se à prevenção da contaminação microbiana.

Embora o teste químico para o conteúdo conservante seja um atributo normalmente incluído na especificação do medicamento, a eficácia do conservante antimicrobiano deve ser demonstrado durante o desenvolvimento. A menor concentração especificada do conservante antimicrobiano deve demonstrar ser eficaz no controle de microrganismos utilizando um teste de eficácia de conservação antimicrobiana. A concentração utilizada deve ser justificada em termos de eficácia e segurança, de modo que seja utilizada a concentração mínima de conservante que fornece o nível necessário de eficácia durante toda a vida de prateleira pretendida para o produto. Quando relevante, o teste de desafio microbiano sob as condições de ensaio que, na medida do possível, simulam o uso pelo paciente deve ser realizado durante o desenvolvimento e documentado nesta seção.

2.6 Compatibilidade

A compatibilidade do medicamento com os diluentes para reconstituição (p. ex., precipitação, estabilidade) deve ser abordada para fornecer informações de apoio adequadas para a rotulagem. Esta informação deve cobrir a vida de prateleira em uso recomendada, à temperatura de armazenagem recomendada e nos possíveis extremos de concentração. Da mesma forma, a mistura ou diluição dos produtos antes da administração (p. ex., produto adicionado a recipientes grandes volumes de infusão) deve ser abordada.

3 GLOSSÁRIO

Ciclo de vida (Lifecycle):

Todas as fases da vida de um produto desde o desenvolvimento inicial, passando pela comercialização, até a descontinuação do produto.

Espaço do Delineamento (Design Space):

A combinação e interação multidimensional de variáveis de entrada (p. ex., atributos do material) e parâmetros de processo que foram demonstrados para fornecer garantia de qualidade. O trabalho dentro do espaço de delineamento não é considerado como uma mudança. O movimento para fora do espaço de delineamento é considerado uma mudança e, normalmente, iniciará a um processo de mudança após a aprovação regulatória. O espaço de delineamento é proposto pelo requerente e está sujeito a avaliação e aprovação regulatórias.

Projeto Experimental Formal (Formal Experimental Design):

Um método organizado e estruturado para a determinação da relação entre os fatores que afetam um processo e a saída do referido processo. Também conhecido como “Delineamento de Experimentos” (Design of Experiments).

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Qualidade (Quality):

A adequação de ou fármaco ou medicamento ao seu uso pretendido. Este termo inclui atributos como a identidade, a potência e a pureza (do ICH Q6A Especificações: Procedimentos para testes e critérios de aceitação para novos fármacos e novos medicamentos: Substâncias Químicas).

Robustez do processo (Process Robustness):

Capacidade de um processo de tolerar a variabilidade dos materiais e as alterações do processo e equipamentos, sem impacto negativo sobre a qualidade.

Tecnologia Analítica de Processos (PAT - Process Analytical Technology PAT):

Um sistema para delinear, analisar e controlar a produção através de medições em tempo apropriado (ou seja, durante o processamento) de qualidade e desempenho de atributos críticos de materiais e processos de matérias-primas e materiais em processo com o objetivo de garantir a qualidade do produto final.

Verificação Contínua do Processo (Continuous Process Verification):

Uma abordagem alternativa para o processo de validação em que o desempenho do processo de produção é continuamente monitorado e avaliado.

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PARTE II:

DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO - ANEXO Guia ICH Tripartido Harmonizado

Tendo chegado a Etapa 4 do Processo ICH na reunião do Comitê de Direção do ICH em 13 de Novembro de 2008, este guia é recomendado para adoção pelas três partes

regulatórias do ICH.

1 INTRODUÇÃO

Este guia é um anexo ao ICH Q8 Desenvolvimento Farmacêutico e proporciona um melhor entendimento dos conceitos-chave descritos no guia central. Além disso, este anexo descreve os princípios da qualidade por meio do delineamento* (QbD – Quality by

Design†). O anexo não se destina a estabelecer novos padrões ou para introduzir novas

exigências regulatórias; no entanto, ele mostra como conceitos e ferramentas (p. ex., espaço de delineamento†) descritos no documento-mãe Q8 poderiam ser postos em prática pelo requerente para todas as formas farmacêuticas. Sempre que uma empresa opte por aplicar a qualidade por meio do delineamento e a gestão de riscos da qualidade (ICH Q9, Gestão de Riscos da Qualidade), ligado a um sistema de qualidade farmacêutica adequada, surgem oportunidades para melhorar as abordagens regulatórias baseadas na ciência e baseadas em riscos (veja ICH Q10, Sistema de Qualidade Farmacêutica).

Abordagens para o Desenvolvimento Farmacêutico

Em todos os casos, o produto deve ser projetado para atender às necessidades dos pacientes e o desempenho pretendido para o produto. Estratégias para o desenvolvimento de produtos pode variar de empresa para empresa e de produto para produto. A abordagem e a extensão do desenvolvimento também podem variar e devem ser descritas na submissão. Um candidato pode optar por uma abordagem empírica ou uma abordagem mais sistemática para o desenvolvimento do produto, ou uma combinação de ambas. Uma ilustração dos potenciais contrastes destas abordagens é mostrada no Apêndice 1. Uma abordagem mais sistemática para o desenvolvimento (também definida como qualidade por meio do delineamento) pode incluir, por exemplo, a incorporação de conhecimento prévio, resultados de estudos usando o delineamento de experimentos, o uso da gestão de riscos da qualidade e uso da gestão do conhecimento (veja ICH Q10) durante todo o ciclo de vida do produto†. Tal abordagem sistemática pode melhorar o alcance da qualidade desejada do produto e ajudar os reguladores a melhor compreender a estratégia da empresa. O entendimento do produto e do processo pode ser atualizado com o conhecimento adquirido ao longo do ciclo de vida do produto.

Um melhor conhecimento do produto e seu processo de fabricação pode criar uma base para abordagens regulatórias mais flexíveis. O grau de flexibilidade regulatória baseia-se no nível de conhecimentos científicos relevantes fornecidos no pedido de registo. É o conhecimento adquirido e submetido às autoridades, e não o volume de dados coletados, que forma a base para a submissão e avaliação regulatórias baseadas na ciência e no risco. No entanto, dados adequados demonstrando que esse conhecimento é baseado em princípios científicos sólidos devem ser apresentados com cada submissão.

O desenvolvimento farmacêutico deve incluir, no mínimo, os seguintes elementos:

* NT8 - Foi adotado “Qualidade Por meio do Delineamento” como tradução para “Quality by Design”. Na

literatura é encontrado o termo Qualidade por Concepção (QpC). † Veja definição no glossário.

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Definição do perfil de qualidade do produto-alvo* (QTPP - quality target product

profile) no que se refere à qualidade, segurança e eficácia, considerando por exemplo, a via de administração, forma farmacêutica, biodisponibilidade, potência e estabilidade;

Identificação de potenciais atributos críticos de qualidade* (CQAs - critical quality

attributes) do medicamento, de modo que as características do produto com impacto na qualidade do produto possam ser estudadas e controladas;

Determinação dos atributos críticos de qualidade do fármaco, excipientes, etc, e seleção do tipo e quantidade de excipientes para liberar o medicamento na qualidade desejada*;

Seleção de um processo de produção adequado; Definição de uma estratégia de controle*.

Uma abordagem avançada de qualidade por meio do delineamento para o desenvolvimento de produtos poderia, adicionalmente, incluir os seguintes elementos:

Avaliação, entendimento e aperfeiçoamento sistemáticos do processo de formulação e de produção, incluindo;

o Identificação por meio, por exemplo, do conhecimento prévio, experimentação e avaliação de riscos, dos atributos dos materiais e parâmetros de processo que podem ter efeito sobre os CQAs dos produtos;

o Determinação das relações funcionais que ligam atributos materiais e parâmetros de processo para os CQAs dos produtos;

Utilização do entendimento do produto e do processo melhorados em combinação com a gestão dos riscos da qualidade para estabelecer uma estratégia de controle adequada que pode, por exemplo, incluir uma proposta de espaço(s) de delineamento e/ou testes de liberação em tempo real*.

Como resultado, esta abordagem mais sistemática pode facilitar a melhoria contínua e a inovação ao longo do ciclo de vida do produto (Veja ICH Q10).

2 ELEMENTOS DO DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO

A seção que se segue se desenvolve sobre possíveis abordagens para a obtenção de mais sistemático e melhor entendimento do produto e do processo em desenvolvimento. Os exemplos fornecidos são meramente ilustrativos e não têm a intenção de criar novos requisitos regulatórios.

2.1 Perfil de Qualidade do Produto-Alvo (QTPP)

O perfil de qualidade do produto-alvo forma a base do delineamento para o desenvolvimento do produto. Considerações sobre o perfil de qualidade do produto-alvo podem incluir:

Utilização prevista em ambiente clínico, via de administração, forma farmacêutica, sistemas de liberação;

Potência(s) da dose; Sistema de fechamento do recipiente; Classe de liberação ou entrega terapêutica e atributos que afetam características

farmacocinéticas (p. ex., a dissolução, o desempenho aerodinâmico) apropriadas para a forma farmacêutica do medicamento a ser desenvolvida;

* Veja definição no glossário.

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Critérios de qualidade do medicamento (p. ex., a esterilidade, a pureza, a estabilidade e a libertação do fármaco) apropriados para o pretendido produto comercial.

2.2 Atributos Críticos de Qualidade (CQAs)

Um CQA é uma propriedade ou característica física, química, biológica ou microbiológica que deve estar dentro de um limite, intervalo ou distribuição apropriado para garantir a qualidade desejada do produto. Os CQAs são geralmente associados com o fármaco, excipientes, intermediários (materiais em processo) e o medicamento.

Os CQAs de formas farmacêuticas sólidas orais são tipicamente aqueles aspectos que afetam a pureza, a potência, a libertação do fármaco e a estabilidade do produto. Os CQAs para outros sistemas de liberação podem incluir adicionalmente aspectos específicos dos produtos, tais como propriedades aerodinâmicas para os produtos inalados, esterilidade para os parenterais e propriedades de adesão para sistemas transdérmicos. Para fármacos, matérias-primas e intermediários, os CQAs podem, adicionalmente, incluir propriedades (p. ex., distribuição do tamanho de partícula, densidade do lote) que afetam os CQAs dos medicamentos.

Os potenciais CQAs dos medicamentos derivados do perfil de qualidade do produto-alvo e/ou conhecimento prévio são utilizados para orientar o desenvolvimento de produtos e processos. A lista de potenciais CQAs pode ser modificada quando os processos de formulação e de produção forem selecionados e conforme houver aumento do conhecimento do produto e do entendimento do processo. A gestão de riscos da qualidade pode ser usada para priorizar a lista de CQAs potenciais para subsequente avaliação. Os CQAs relevantes podem ser identificados por um processo iterativo de gestão de risco da qualidade e de experimentação que avalie o grau em que as suas variações podem ter um impacto sobre a qualidade do medicamento.

2.3 Avaliação de Risco: Relacionando Atributos do Material e Parâmetros de Processo com os CQAs do Medicamento

A avaliação de risco é um processo valioso de base científica usado na gestão de riscos da qualidade (veja ICH Q9) que pode auxiliar na identificação de quais atributos dos materiais e parâmetros de processo que potencialmente podem ter efeito sobre os CQAs dos produtos. A avaliação de risco é tipicamente realizada no início do processo de desenvolvimento farmacêutico e é repetido quando houver mais informações disponíveis e quando mais conhecimento é obtido.

As ferramentas de avaliação de risco podem ser utilizadas para identificar e classificação os parâmetros (p. ex., processo, equipamentos, matérias-primas) com potencial de impacto sobre a qualidade do produto, com base no conhecimento prévio e dados experimentais iniciais. Para um exemplo ilustrativo, veja o Apêndice 2. A lista inicial de parâmetros potenciais podem ser bastante extensa, mas pode ser modificada e priorizada por futuros estudos (p. ex., por meio de uma combinação de delineamentos de experimentos, modelos mecanicistas). A lista pode ser ainda mais detalhada por meio da experimentação para determinar a significância das variáveis individuais e potenciais interações. Uma vez que os parâmetros significativos são identificados, eles podem ser melhor estudados (p. ex., por meio de uma combinação de delineamento de experimentos, modelos matemáticos, ou estudos que levem ao entendimento mecanicista) para alcançar o maior nível de entendimento do processo.

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2.4 Espaço de Delineamento

A relação entre as entradas do processo (atributos dos materiais e parâmetros do processo) e os atributos críticos de qualidade podem ser descritos no espaço de delineamento (veja exemplos no Apêndice 2).

2.4.1 Seleção das Variáveis

A avaliação de risco e os experimentos de desenvolvimento de processos descritos na Seção 2.3 podem levar a um entendimento da ligação e efeito dos parâmetros do processo e atributos dos materiais sobre os CQAs dos produtos, e também ajudar a identificar as variáveis e seus intervalos dentro dos quais uma qualidade consistente pode ser alcançada. Esses parâmetros do processo e atributos dos materiais podem dessa forma ser selecionados para inclusão no espaço de delineamento.

Uma descrição deve ser fornecida na aplicação dos parâmetros do processo e atributos dos materiais considerados para o espaço de delineamento, aqueles que foram incluídos, e o seu efeito sobre a qualidade do produto. A justificativa racional para inclusão no espaço de delineamento deve ser apresentada. Em alguns casos, é útil fornecer também a justificativa racional sobre o porquê foram excluídos alguns parâmetros. O conhecimento obtido a partir dos estudos deve ser descritos na submissão. Os parâmetros do processo e os atributos dos materiais que não variaram durante o desenvolvimento devem ser destacados.

2.4.2 Descrição do Espaço de Delineamento em uma Submissão

Um espaço de delineamento pode ser descrito em termos de intervalos de atributos de materiais e parâmetros de processo, ou por meio de relações matemáticas mais complexas. É possível descrever um espaço de delineamento como uma função dependente do tempo (p. ex., ciclo de temperatura e pressão de um ciclo de liofilização), ou como uma combinação de variáveis tais como os componentes de um modelo multivariado. Os fatores de escala também podem ser incluídos se o espaço de delineamento destina-se a abranger várias escalas operacionais. A análise de dados históricos pode contribuir para a criação de um espaço de delineamento. Independentemente de como um espaço de delineamento é desenvolvido, espera-se que a operação dentro do espaço de delineamento resulte em um produto que atenda à qualidade definida.

Exemplos de diferentes abordagens potenciais para representação de um espaço de delineamento são apresentados no Apêndice 2.

2.4.3 Espaço(s) de Delineamento de Operação Unitária

O candidato pode optar por estabelecer espaços de delineamento independentes para uma ou mais operações unitárias, ou estabelecer um único espaço de delineamento que abranja várias operações. Enquanto um espaço de delineamento separado para cada operação unitária é muitas vezes mais simples de desenvolver, um espaço de delineamento que se estende por todo o processo pode fornecer maior flexibilidade operacional. Por exemplo, no caso de um medicamento que sofre degradação na solução antes da liofilização, o espaço de delineamento para controlar a extensão da degradação (p. ex., concentração, tempo, temperatura) pode ser expresso para cada operação unitária ou como uma soma de todas as operações unitárias.

2.4.4 Relação do Espaço de Delineamento para a Escala e o Equipamento

Ao descrever um espaço de delineamento, o requerente deve considerar o tipo de flexibilidade operacional desejado. Um espaço de delineamento pode ser desenvolvido em qualquer escala. O requerente deve justificar a relevância de um espaço de delineamento

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desenvolvido em escala pequena ou piloto para o processo de fabricação proposto em escala de produção e discutir os riscos potenciais na operação de escalonamento (scale-up).

Se o requerente propõe o que espaço de delineamento seja aplicável a múltiplas escalas operacionais, o espaço de delineamento deve ser descrito em termos de parâmetros relevantes independentes da escala. Por exemplo, se um produto foi identificado como sendo sensível ao cisalhamento numa operação de mistura, o espaço de delineamento pode incluir a velocidade de cisalhamento, em vez da taxa de agitação. Números e/ou modelos não dimensionáveis para o escalonamento podem ser incluídos como parte da descrição do espaço de delineamento.

2.4.5 Espaço de Delineamento Versus Intervalos Aceitáveis Comprovados

Uma combinação de intervalos aceitáveis comprovados* não constitui um espaço de delineamento. No entanto, os limites aceitáveis comprovados com base na experimentação univariada podem fornecer conhecimentos úteis sobre o processo.

2.4.6 Espaço de Delineamento e Limite de Falha

Pode ser útil determinar o limite de falha para parâmetros de processo ou atributos de materiais, além do qual os atributos de qualidade relevantes não podem ser cumpridos. No entanto, a determinação do limite de falha ou a demonstração dos modos de falha não são partes essenciais do estabelecimento de um espaço de delineamento.

2.5 Estratégia de controle

Uma estratégia de controle destina-se a assegurar que um produto de qualidade exigida será produzido de forma consistente. Os elementos da estratégia de controle discutido na Seção P.2 do dossiê deve descrever e justificar como os controles em processo e os controles de insumos (fármacos e excipientes), de intermediários (materiais em processo), do sistema de fechamento do recipiente e do medicamento contribuem para a qualidade do produto final. Estes controles devem ser baseados no entendimento do produto, formulação e processo e devem incluir, no mínimo, o controle dos parâmetros críticos do processo* e atributos críticos dos materiais.

Uma abordagem abrangente do desenvolvimento farmacêutico irá gerar o entendimento do processo e do produto e identificar fontes de variabilidade. Fontes de variabilidade que podem afetar a qualidade do produto devem ser identificadas, adequadamente entendidas, e posteriormente controladas. O entendimento das fontes de variabilidade e seu impacto sobre os processos ou processamento a jusante, materiais em processo e qualidade do medicamento pode proporcionar uma oportunidade para mudar os controles a montante e minimizar a necessidade de testes no produto final. O entendimento do produto e do processo, em combinação com a gestão de riscos da qualidade (veja ICH Q9), irá apoiar o controle do processo de tal modo que a variabilidade (p. ex., de matérias-primas) pode ser compensada de forma adaptável para proporcionar uma consistente qualidade de produto.

Este entendimento do processo pode permitir um paradigma de produção alternativo, onde a variabilidade dos materiais de entrada poderia ser menos fortemente restringida. Em vez disso, pode ser possível delinear uma etapa do processo adaptativo (um passo que é sensível às matérias-primas) com controle de processo adequado para garantir a qualidade consistente do produto.

Uma melhor compreensão do desempenho do produto pode justificar o uso de métodos alternativos para determinar que o material esteja atingindo seus atributos de qualidade. A

* Veja definição no glossário.

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utilização de tais alternativas poderia apoiar os testes de libertação em tempo real. Por exemplo, a desintegração pode servir como um substituto para a dissolução de formas sólidas de desintegração rápida com fármacos altamente solúveis. A uniformidade de doses unitárias realizada em processo (por exemplo, usando a variação de peso juntamente com ensaio de infravermelho próximo (NIR)) pode permitir o teste de libertação em tempo real e proporcionar um aumento do nível de garantia de qualidade em comparação com o teste tradicional no produto final usando padrões de uniformidade de conteúdo compendiais. Testes de liberação em tempo real podem substituir os testes em produtos finais, mas não substituem as etapas de revisão e controle de qualidade definidas pelas BPFs (GMP) para liberar o lote.

Uma estratégia de controle pode incluir, mas não está limitado ao seguinte:

Controle dos atributos das matérias-primas (p. ex., fármaco, excipientes, materiais de embalagem primária) com base no entendimento do seu impacto na capacidade de processamento ou na qualidade do produto;

Especificação(ões) do produto; Os controles para as operações unitárias que têm impacto sobre o processamento a

jusante ou a qualidade do produto (p. ex., o impacto da secagem sobre a degradação, a distribuição do tamanho das partículas do granulado na dissolução);

Testes em processo ou na libertação em tempo real em vez de testes no produto final (p. ex., medição e controlo de CQAs durante o processamento);

Um programa de monitoramento (p. ex., testes completos de produtos em intervalos regulares) para verificar os modelos de previsão multivariados.

A estratégia de controle pode incluir elementos diferentes. Por exemplo, um elemento da estratégia de controle pode basear-se em teste no produto final, enquanto que outro pode basear-se em testes de libertação em tempo real. A justificativa para o uso dessas abordagens alternativas deve ser descrita na submissão.

A adopção dos princípios deste guia pode apoias a justificativa para as abordagens alternativas para a definição dos atributos das especificações e critérios de aceitação, conforme descrito em Q6A e Q6B.

2.6 Gestão do Ciclo de Vida do Produto e Melhoria Contínua

Ao longo do ciclo de vida do produto, as empresas têm oportunidades para avaliar abordagens inovadoras para melhorar a qualidade do produto (veja ICH Q10).

O desempenho do processo pode ser monitorado para garantir que está funcionando como o previsto para a entrega dos atributos de qualidade do produto, como previsto pelo espaço de delineamento. Esse monitoramento pode incluir análise de tendência do processo de fabricação como experiência adicional adquirida durante a produção de rotina. Para certos espaços de delineamento que usam modelos matemáticos, a manutenção periódica pode ser útil para garantir o desempenho do modelo. A manutenção do modelo é um exemplo de atividade que pode ser gerenciado dentro do próprio sistema interno de qualidade da empresa, desde que o espaço de delineamento mantenha-se inalterado.

A expansão, redução ou redefinição do espaço de delineamento podem ser desejadas após a aquisição de conhecimento adicional do processo. A mudança no espaço de delineamento está sujeita a requisitos regionais.

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3 SUBMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO E INFORMAÇÕES RELACIONADAS NO FORMATO DE DOCUMENTO TÉCNICO COMUM (CTD - COMMON TECHNICAL DOCUMENTS)

As informações do desenvolvimento farmacêutico são submetidas na Seção P.2 do CTD. Outras informações resultantes dos estudos de desenvolvimento farmacêutico podem ser acomodadas pelo formato CTD de diferentes maneiras e algumas sugestões específicas são fornecidas abaixo. No entanto, o requerente deve indicar claramente onde a informação diferenciada está localizada. Adicionalmente ao que é submetido no pedido, certos aspectos (p. ex., gerenciamento do ciclo de vida do produto, a melhoria contínua) deste guia são abordados no âmbito do sistema de qualidade farmacêutica do requerente (veja ICH Q10).

3.1 Gestão de Risco da Qualidade e Desenvolvimento de Produtos e Processos

A gestão de riscos da qualidade pode ser usada em diferentes estágios durante o desenvolvimento de produtos e processos e implementação da produção. As avaliações utilizadas para orientar e justificar as decisões de desenvolvimento podem ser incluídas nas seções relevantes de P.2. Por exemplo, as análises de risco e relações funcionais que ligam os atributos dos materiais e os parâmetros de processo aos CQAs dos produtos podem ser incluídos em P.2.1, P.2.2 e P.2.3. As análises de risco que ligam o delineamento do processo de produção à qualidade do produto podem ser incluídas em P.2.3.

3.2 Espaço de Delineamento

Como um elemento do processo de produção proposto, o(s) espaço(s) de delineamento pode(m) ser descrito(s) na seção de aplicação, que inclui a descrição do processo de produção e dos controles de processo (P.3.3). Se apropriado, informações adicionais podem ser fornecidas na seção do pedido que aborda os controles de etapas e intermediários críticos (P.3.4). As seções do pedido referentes aos desenvolvimentos do produto e do processo de produção (P.2.1, P.2.2 e P.2.3) são locais apropriados para sumarizar e descrever os estudos de desenvolvimento dos produtos e dos processos que fornecem a base para o(s) espaço(s) de delineamento. A relação do(s) espaço(s) de delineamento com a estratégia geral de controle pode ser discutida na seção do pedido que inclui a justificativa para a especificação do medicamento (P.5.6).

3.3 Estratégia de Controle

A seção do pedido que inclui a justificativa para a especificação do medicamento (P.5.6) é um bom lugar para sumarizar a estratégia geral de controle do medicamento. No entanto, informações detalhadas sobre os controles das matérias-primas e controles de processo ainda devem ser fornecidas nas seções de CTD adequadas (p. ex., seção de fármacos (S), de controle de excipientes (P.4), descrição do processo de produção e controles de processo (P. 3.3), controles de etapas críticas e de intermediários (P.3.4)).

3.4 Informação Relacionadas ao Fármaco

Se os CQAs do fármaco tem potencial para afetar os CQAs ou o processo de produção do medicamento, alguma discussão sobre os CQAs do fármaco pode ser apropriado na seção de desenvolvimento farmacêutico do pedido (p. ex., P.2.1).

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4 GLOSSÁRIO

Estratégia de Controle (Control Strategy):

Um conjunto planejado de controles, derivado do entendimento atual do produto e processo que garante o desempenho do processo e qualidade do produto. Os controles podem incluir parâmetros e atributos relacionados a materiais e componentes do fármaco e do medicamento, condições da instalação e equipamentos da operação, controles em processo, especificações de produtos acabados e os métodos associados e frequência de monitoramento e controle. (ICH Q10)

Parâmetro Crítico de Processo (CPP - Critical Process Parameter):

Um parâmetro de processo cuja variação tem impacto sobre um atributo crítico de qualidade e, portanto, deve ser monitorado ou controlado para garantir que o processo produza a qualidade desejada.

Atributo Crítico de Qualidade (CQA - Critical Quality Attribute):

Uma propriedade ou característica física, química, microbiológica ou biológica que deve estar dentro de um limite, intervalo ou distribuição apropriada para garantir a qualidade do produto desejado.

Espaço de Delineamento (Design Space):

A combinação e interação multidimensional de variáveis de entrada (p. ex., atributos do material) e parâmetros de processo que foram demonstrados para fornecer garantia de qualidade. O trabalho dentro do espaço de delineamento não é considerado como uma mudança. O movimento para fora do espaço de delineamento é considerado uma mudança e, normalmente, iniciará a um processo de mudança após a aprovação regulatória. O espaço de delineamento é proposto pelo requerente e está sujeito a avaliação e aprovação regulatórias (ICH Q8).

Ciclo de Vida (Lifecycle):

Todas as fases da vida de um produto desde o desenvolvimento inicial, passando pela comercialização, até a descontinuação do produto.

Intervalo Aceitável Comprovado (Proven Acceptable Range):

Um intervalo caracterizado de um parâmetro do processo para o qual a operação dentro deste intervalo, mantendo outros parâmetros constantes, irá resultar na produção de um material que satisfaça os critérios relevantes de qualidade.

Qualidade (Quality):

A adequação tanto do fármaco quanto do medicamento ao seu uso pretendido. Este termo inclui atributos como a identidade, a potência e a pureza (ICH Q6A).

Qualidade por Meio do Delineamento (QBD - Quality by Design):

Uma abordagem sistemática para o desenvolvimento que começa com objetivos previamente definidos e enfatiza o entendimento do produto e do processo de compreensão e o controle do processo, com base em sólidos dados científicos e na gestão de riscos da qualidade.

Perfil de Qualidade do Produto-Alvo (QTPP - Quality Target Product Profile):

Um sumário prospectivo das características de qualidade de um medicamento que, idealmente serão atingidas para garantir a qualidade desejada, tendo em conta a segurança e a eficácia do medicamento.

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Testes de Liberação em Tempo Real (Real Time Release Testing):

A capacidade de avaliar e assegurar a qualidade em processo e/ou do produto final com base em dados do processo, que normalmente incluem uma combinação válida de atributos materiais mensurados e os controles de processo.

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Apêndice 1. Diferentes Abordagens para o Desenvolvimento Farmacêutico

O quadro a seguir foi desenvolvida para ilustrar alguns potenciais contrastes entre o que poderia ser considerada uma abordagem mínima e uma abordagem aprimorada de qualidade por meio do delineamento, considerando diferentes aspectos do desenvolvimento farmacêutico e de gestão do ciclo de vida. As comparações são mostradas meramente para auxiliar no entendimento de uma variedade de potenciais abordagens para o desenvolvimento farmacêutico e não devem ser consideradas como abrangente. O quadro não se destina a definir especificamente uma única abordagem que uma empresa pode optar por seguir. Na abordagem aprimorada, o estabelecimento de um espaço de delineamento ou o uso de testes de liberação em tempo real não são necessariamente esperados. As práticas correntes da indústria farmacêutica variam e tipicamente situam-se entre as duas abordagens apresentadas no quadro.

Aspecto Abordagem Mínima Abordagens Aprimorada e de Qualidade por meio do Delineamento

Desenvolvimento Farmacêutico Geral

• Principalmente empírica • Pesquisa de

desenvolvimento, muitas vezes com condução de uma variável de cada vez

• Sistemática, relacionando o entendimento mecanicista dos atributos dos materiais e os parâmetros de processo com os CQAs dos medicamentos

• Experiências multivariadas para entender os produtos e os processos

• Estabelecimento de espaço de delineamento

• Utilização de ferramentas de PAT Processo de Produção • Fixo

• Validação baseada basicamente em lotes iniciais de grande escala

• Foco na otimização e reprodutibilidade

• Ajustável dentro do espaço de delineamento

• Abordagem de ciclo de vida para validação e, idealmente, a verificação contínua do processo

• Foco na estratégia de controle e robustez • Uso de métodos de controle estatístico de

processo Controles de Processo • Testes em processo

basicamente para decisões de “continuar/abandonar” (go/no go)

• Análise “fora de linha” (off-line)

• Ferramentas de PAT utilizadas com controles apropriados de orientações referentes a expectativas (feedforward) e avaliações das experiências (feedback)

• Operações de processos rastreadas e propensas a apoiar os esforços de melhoria contínua após a sua aprovação

Especificações do Produto

• Meio primário de controle • Baseadas em dados de lotes

disponíveis no momento do registro

• Parte da estratégia geral de controle de qualidade

• Baseadas no desempenho desejado do produto com dados de suporte relevantes

Estratégia de Controle • Qualidade do medicamento controlado principalmente por intermediários (materiais em processo) e testes no produto final

• Qualidade do medicamento assegurada pela estratégia de controle baseada no risco para produto e processo bem entendidos

• Controles de qualidade deslocados a montante, com a possibilidade de testes de liberação em tempo real ou redução de testes no produto final

Gestão do Ciclo de Vida

• Reativa (isto é, resolução de problemas e ação corretiva)

• Ação preventiva • Melhoria contínua facilitada

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Apêndice 2. Exemplos Ilustrativos

A. O uso de uma ferramenta de avaliação de risco.

Por exemplo, uma equipe multifuncional de especialistas poderia trabalhar junto para desenvolver um diagrama de Ishikawa (espinha de peixe) que identifica possíveis variáveis que podem ter impacto sobre o atributo de qualidade desejado. A equipe poderia, então, classificar as variáveis com base na probabilidade, severidade e detectabilidade usando análise de modos de falha e efeitos (FMEA) ou ferramentas similares baseadas no conhecimento prévio e em dados experimentais iniciais. O delineamento de experimentos ou outras abordagens experimentais poderiam, então, ser usados para avaliar o impacto das variáveis com classificações mais elevadas para ganhar maior entendimento do processo, e desenvolver uma estratégia de controle apropriada.

Diagrama de Ishikawa

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B. Ilustração das interações

A figura abaixo ilustra a presença ou ausência de interações entre os três parâmetros de processo sobre o nível de produtos de degradação Y. A figura apresenta uma série de diagramas bidimensionais que mostram o efeito das interações entre os três parâmetros do processo (conteúdo inicial de humidade, temperatura, tamanho médio de partícula) da operação de secagem de um granulado (produto intermediário) sobre o produto de degradação Y. As inclinações relativas das linhas ou curvas dentro de um quadro indicam se a interação está presente. Neste exemplo, o teor de umidade inicial e a temperatura estão interagindo; mas o conteúdo de umidade inicial e tamanho médio de partícula não estão, e também não estão a temperatura e o tamanho médio de partícula.

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C. Apresentações de espaço de delineamento

Exemplo 1: Os gráficos de resposta para dissolução são representados como um mapa de superfície (Figura 1a) e um mapa de contorno (Figura 1b). Os parâmetros 1 e 2 são fatores de uma operação de granulação que afeta a taxa de dissolução de um comprimido (p. ex., atributo do excipiente, quantidade de água, tamanho dos grânulos).

Figura 1a: Mapa de superfície da resposta de dissolução como função de dois parâmetros de uma operação de granulação. É desejável dissolução acima de 80%.

Figura 1b: Mapa de contorno da dissolução do exemplo 1a.

Figura 1c: Espaço de delineamento para os parâmetros de granulação, definido por uma combinação não linear de seus intervalos que resultam em dissolução satisfatória (isto é >80%).

Figura 1d: Espaço de delineamento para os parâmetros de granulação, definido por uma combinação linear de seus intervalos que resultam em dissolução satisfatória (isto é >80%).

São dados dois exemplos de possíveis espaços de delineamento. Na Figura 1C, o espaço de delineamento é definido por uma combinação não linear dos intervalos dos parâmetros que resultam no atributo crítico de qualidade de dissolução. Neste exemplo, o espaço de delineamento é expresso pela equação de superfície da resposta determinado pelo limite para a resposta satisfatória (isto é, 80% de dissolução). O intervalo aceitável de um parâmetro é dependente do valor do outro. Por exemplo:

- Se o parâmetro 1 tem um valor de 46, então o parâmetro 2 tem um intervalo de 0 a 1,5

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- Se o parâmetro 2 tem um valor de 0,8, então o parâmetro 1 tem um intervalo de 43 a 54

A abordagem na Figura 1c permite o intervalo máximo de operação para atingir a taxa de dissolução desejada. Na Figura 1d, o espaço de delineamento é definido como um intervalo menor, com base em uma combinação linear dos parâmetros.

- Parâmetro 1 tem um intervalo de 44 a 53

- Parâmetro 2 tem um intervalo de 0 a 1,1

Embora a abordagem na Figura 1d seja mais limitante, o requerente pode preferi-la pela simplicidade operacional.

Este exemplo discute apenas dois parâmetros e, portanto, pode ser facilmente representado graficamente. Quando vários parâmetros estão envolvidos, o espaço de delineamento pode ser apresentado por dois parâmetros, de um modo semelhante aos exemplos apresentados acima, para diferentes valores (p. ex., alto, médio, baixo) dentro do intervalo do terceiro parâmetro, do quarto parâmetro, e assim por diante. Alternativamente, o espaço de delineamento pode ser explicado matematicamente por meio de equações que descrevem as relações entre os parâmetros para uma operação bem-sucedida.

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Exemplo 2: O espaço de delineamento determinado a partir da região comum de intervalos de operação bem sucedida para vários CQAs. As relações de dois CQAs, isto é, a friabilidade e a dissolução do comprimido para dois parâmetros do processo de uma operação de granulação são mostradas nas Figuras 2a e 2b. Os parâmetros 1 e 2 são fatores de uma operação de granulação que afetam a velocidade de dissolução de um comprimido (p. ex., o atributo do excipiente, a quantidade de água, o tamanho dos grânulos). A Figura 2c mostra a sobreposição destas regiões e os intervalos máximos do espaço de delineamento proposto. O requerente pode optar pelo uso de toda a região do espaço de delineamento, ou algum subconjunto dele.

Figura 2a: Mapa de contorno da dissolução como função dos parâmetros 1 e 2.

Figura 2a: Mapa de contorno da friabilidade como função dos parâmetros 1 e 2.

Figura 2c: Proposta de espaço de delineamento, composto por região de sobreposição dos intervalos para friabilidade e/ou dissolução.

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Exemplo 3: O espaço de delineamento para uma operação de secagem, que é dependente da curva da temperatura e/ou da pressão ao longo do tempo. O ponto final do teor de humidade é de 1-2%. A operação acima do limite superior do espaço de delineamento pode causar a formação excessiva de impurezas, enquanto a operação abaixo do limite inferior do espaço de delineamento pode resultar em atrito excessivo das partículas.