DI AS M E L H O RE S CAP Í T UL O 07 M E G AP RO Dias … filedi as m e l h o re s cap Í t ul o 07 m e g ap ro cena 01/ carro de vivian/ dia/ int

DIAS MELHORES CAPÍTULO 07 MEGAPRO

Dias Melhores CAPÍTULO 07

NOVELA DE

VITOR ABOU

DIREÇÃO DE

LUCAS LUCIANO

WESLLEY VITORITTI

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

BELA JADER TATO

BETE LAURO TECA

CLEISON LEOCÁDIA TIAGO

DÉBORA LUMA TÚLIO

GIOVANE MEIRE VALTER

HENRY MIRNA VICENTE

IEDA SOL VITÓRIO

IRACI TAÍS VIVIAN

Esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromissos com a

realidade. Todos direitos reservados ao autor.

1


CENA 01/ CARRO DE VIVIAN/ DIA/ INT.

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. JADER DIRIGINDO, SÉRIO. VIVIAN NO BANCO DE TRÁS, FALANDO AO TELEFONE.

MEIRE (OFF) — (ofegante) Eu descobri… a dona/

VIVIAN — Fala direito. Não tô entendendo nada.

MEIRE (OFF) — (rápida) Eu descobri que a dona do caderninho trabalha aqui na livraria.

VIVIAN — (em choque) Como é que é?

MEIRE (OFF) — O caderninho que eu achei no ônibu. Do teu livro.

VIVIAN — Eu sei, besta. Me fala mais dela. Descobriu alguma coisa?

MEIRE (OFF) — Ela acabou de chegar aqui. Por isso, achei melhor já te ligar logo.

VIVIAN — Fez bem. Olha, Meire, presta atenção no que eu vou te falar: essa mulher não pode ficar conversando com o Vitório, porque ele não é burro. Se ela abrir um pouquinho a boca pra contar a vida dele, ele desconfia e aí eu tô lascada.

MEIRE (OFF) — Pode deixar, dona Vivian.

VIVIAN — Calma que tem mais. Você também tem que tentar uma amizade com ela.

MEIRE (OFF) — (sem entender) Como assim?

VIVIAN — Puxa papo com ela, pra gente saber mais coisa da vida dessa menina: onde ela mora, com quem, … Isso pode ser muito útil pra gente.

MEIRE (OFF) — Ah, entendi. Deixa comigo, dona Vivian.

VIVIAN — Toma cuidado, hein, mulher. Tenta ser discreta.

MEIRE (OFF) — Eu discreta? Vou tentar, mas não prometo conseguir.

VIVIAN — Olha aqui, se você falhar, eu vou pra rua e te arrasto junto,

2


desgraça.

MEIRE (OFF) — Deus me livre. Vou lá então, chefa. Beijo.

VIVIAN — Boa sorte.

VIVIAN DESLIGA. CLOSE NELA, TENSA. CORTA PARA/

CENA 02/ LIVRARIA LIVRONÁTICOS/ DIA/ INT.

ISADORA E VITÓRIO PRÓXIMOS AO BALCÃO. LEOCÁDIA E TAÍS DO OUTRO LADO.

ISADORA — Mas quando que você começou a trabalhar na editora?

VITÓRIO — Um pouco depois da morte do meu pai. Minha mãe chegou a ficar um tempo, aí depois eu assumi.

ISADORA — E é tão difícil?

VITÓRIO — Olha, bastante. São muitas coisas. Mesmo a gente tendo uma grande equipe, diretor tem muita responsabilidade.

ISADORA — Ah, é. E cê sempre quis trabalhar com isso ou foi uma necessidade?

VITÓRIO — Necessidade. Eu sempre quis ser cavaleiro.

ISADORA — (sem entender) Que? Cavalheiro?

VITÓRIO — Cavaleiro de cavalo. Que faz hipismo.

ISADORA — Ah, que máximo. Você treina?

VITÓRIO — Parei faz pouco tempo. Mas sempre gostei. E você? Cê trabalha aqui há muito tempo?

ISADORA — Tem uns dois anos. Eu comecei assim que tive minha filha.

VITÓRIO — Então você tem uma filha?

ISADORA — Tenho. Ela tem três anos. Bela o nome dela.

MEIRE APROXIMA-SE DE ISADORA E VITÓRIO, COM PRESSA.

3


MEIRE — Seu Vitório, tenho umas coisas pra resolver contigo.

VITÓRIO — Só um minuto, Meire. Não viu que eu tô falando com a Isadora?

ISADORA — (envergonhada) Não, não. Depois a gente conversa.

VITÓRIO — Já volto então.

VITÓRIO E MEIRE AFASTAM-SE, INDO EM DIREÇÃO AO CENTRO DO SALÃO. ISADORA OBSERVANDO OS DOIS. CORTA PARA/

CENA 03/ FLORICULTURA/ DIA/ INT.

ESPAÇO PEQUENO, COM DIVERSAS FLORES, DE VARIADAS CORES E ESPÉCIES. GIOVANE ENTRA. ELA CAMINHA, LENTAMENTE, OBSERVANDO AS FLORES. ELA PEGA ALGUMAS E VAI CHEIRANDO, TOCANDO. A FLORISTA (BAIXA, MAGRA, CABELO BRANCO, 70 ANOS, AVENTAL FLORIDO) APROXIMA-SE DELE, SIMPÁTICA.

FLORISTA — Oi, bom dia. Está procurando algo em especial?

GIOVANE — Uma flor.

FLORISTA — (ri/irônica) Poxa! Não de diga. (T) É pra que ocasião?

GIOVANE — Pra dar pra mulher da minha vida.

FLORISTA — Ah, um bom motivo, então. Olha, tenho uns arranjos lindos de tulipas. Você gosta?

GIOVANE — Nem sei o que é isso. Sei nada de flor. (ri)

FLORISTA — Venha cá então.

A FLORISTA ANDA. GIOVANE VAI ATRÁS. ELA PEGA UM ARRANJO DE TULIPAS DE VÁRIAS CORES.

FLORISTA — Que tal?

GIOVANE — Ela vai amar.

FLORISTA — Com certeza.

CAM VAI SE AFASTANDO. GIOVANE ABRE A CARTEIRA E PAGA. CORTA PARA/

4


CENA 04/ HOSPITAL/ QUARTO/ DIA/ INT.

LÍGIA AGITADA, CHORANDO E BATENDO COM OS BRAÇOS NA MACA. PÂMELA AO LADO DELA, EM PÉ.

PÂMELA — Lígia, você precisa se acalmar. Isso não vai te fazer bem.

LÍGIA — (revoltada) Vocês mentiram pra mim. Me enganaram. Ele morreu! Ele morreu! Ele não vai voltar NUNCA, NUNCA!

PÂMELA — A gente só quis te preservar.

LÍGIA — E iam me contar quando? Nunca?

PÂMELA — Quando você melhorasse.

LÍGIA — Eu tô ótima.

PÂMELA — Você ainda precisa se recuperar.

LÍGIA — Não! Eu só quero sair desse lugar e ver o meu Heitor.

PÂMELA — O corpo dele tá no IML ainda, passando por várias perícias.

LÍGIA — Eu quero estar no enterro dele.

PÂMELA — Eu vou tentar com o médico.

LÍGIA — Não existe de isso de tentar. Eu vou e ponto final.

PÂMELA — Tá bom, Lígia. Mas você agora tem que descansar e ficar mais calma.

LÍGIA — Então vaza daqui, Pâmela.

PÂMELA — Eu só quero o seu bem.

LÍGIA — VAZA DAQUI!

PÂMELA — Tá. Tô indo. Fica bem.

PÂMELA BEIJA A TESTA DE LÍGIA E SAI. LÍGIA CHORANDO MUITO, TRISTE. CORTA PARA/

5


CENA 05/ FEIRA/ DIA/ EXT.

FEIRA EXTREMAMENTE CHEIA. VÁRIAS BARRACAS, A MAIORIA NA COR AZUL. MUITAS PESSOAS CIRCULANDO, FAZENDO COMPRAS, E MUITOS FEIRANTES TRABALHANDO. BETE E TÚLIO EM UMA BANCA. SOL CAMINHANDO, COM UMA BOLSA DE PANO. ELA SE APROXIMA DA BANCA ONDE BETE E TÚLIO ESTÃO.

SOL — Bom dia. Cês são novos aqui?

BETE — Somos sim. A gente alugou essa banca por uns dias.

SOL — Prazer, Sol. Eu compro todo dia aqui na feira. Seu Henry, meu patrão, adora tudo fresquinho.

BETE — Pera. Seu Henry?! (p/ Túlio) Será, amor?

TÚLIO — (p/ Bete) É, Henry não é um nome muito comum.

SOL — O que tem seu Henry?

BETE — É que a nossa filha tem um namorado com esse nome.

SOL — Ah, não acredito. Cês são os pais da Gracimara?

BETE — Isso! Somos sim.

SOL — Ai, que legal. A gente lá na casa adora a Gracimara.

BETE — Poxa, que bom. Só que ela nunca nos apresentou a esse Henry.

SOL — Oxi. Como assim? Vou falar com seu Henry.

TÚLIO — Pois pode falar. A gente ia adorar conhecê-lo.

SOL — Ele é uma pessoa maravilhosa. Trabalho lá desde que Vivian nasceu.

BETE — Que coisa boa, hein.

SOL — Põe boa nisso. Mas cês alugaram de quem essa banca?

TÚLIO — Da dona Lindinha.

SOL — (surpresa) Que? Dona Lindinha?

6


BETE — É. Lindinalva, na verdade. (ri)

SOL — Oh, gente, cês não sabem que Lindinha é a maior 171 não?

BETE — Como é que é?

SOL — Ela é mó golpista. Toma cuidado, hein.

BETE — Ai, brigada por avisar. Vai querer algum docinho?

SOL — Ah, vou levar sim.

TÚLIO PREOCUPADO. BETE MOSTRANDO OS DOCES PARA SOL. CAM VAI SE AFASTANDO. CORTA PARA/


CONTINUAÇÃO DA CENA 02. MEIRE AO LADO DE VITÓRIO, NO CENTRO, AMBOS EM PÉ.

VITÓRIO — Beleza, Meire. Agora você poderia comprar um café pra mim na lanchonete ali do lado?

MEIRE — Sim, seu Vitório. Já volto.

VITÓRIO — Obrigado, Meire.

MEIRE SAI. VITÓRIO APROXIMA-SE DO BALCÃO, ONDE ESTÁ ISADORA.

ISADORA — Voltou né, seu Vitório? (ri)

VITÓRIO — Eu disse que ia voltar.

ISADORA — Tá nervoso pro seu segundo tempo?

VITÓRIO — Não tô não. Achei que ia ser mais difícil falar assim, em público.

ISADORA — Ai, eu não ia conseguir não. Morro de vergonha.

VITÓRIO — Eu prefiro escrever do que falar. Fico com vergonha também, mas dessa vez foi muito tranquilo.

ISADORA — Ah, falar do que a gente gosta é mais fácil, né.

7


VITÓRIO — Com certeza. E você? Gosta de escrever também?

ISADORA — Muito. Eu tenho um sonho, sei que é muito distante, mas quero um dia publicar um livro meu.

VITÓRIO — Você já escreve romance?

ISADORA — Romance romance não. Só alguns rabiscos. (ri)

VITÓRIO — Já é um começo.

ISADORA — Aliás, queria te mostrar uma coisa.

MEIRE CHEGA, CARREGANDO UM COPO DE CAFÉ. ISADORA TIRA DE SUA BOLSA UM CADERNO AZUL. MEIRE VÊ ISSO E APROXIMA-SE DE ISADORA E VITÓRIO, COM PRESSA.

MEIRE — Aqui o café, seu Vitório.

MEIRE ENTREGA O CAFÉ A VITÓRIO.

MEIRE — Já vai recomeçar o bate papo.

VITÓRIO — Tudo bem. Obrigado, Meire.

VITÓRIO AFASTA-SE DE ISADORA, BEBENDO O CAFÉ. CORTA PARA/

CENA 07/ TÁXI DE TECA/ DIA/ INT.

TECA DIRIGINDO. NO BANCO TRASEIRO, UMA MULHER (LOIRA, BAIXA, 35 ANOS, VESTIDO FLORIDO) COM UM BEBÊ NO COLO.

TECA — Pra onde que vamos mesmo, moça?

MULHER — Pra Copacabana. No Forte.

TECA — Certo. Obrigada.

O BEBÊ COMEÇA A SE MEXER NO COLO DA MULHER. ELE VOMITA NO CHÃO DO TÁXI. SUJA TODO O CHÃO. A MULHER DESESPERA-SE. TECA OLHA PARA TRÁS.

TECA — Ai, não acredito! Limpei o carro ontem.

MULHER — Eu não tenho culpa não, moça.

8


TECA — Tem sim. Você que é a mãe desse diacho.

MULHER — Diacho é tu, velha.

TECA — Velha é a senhora sua mãe.

MULHER — Pode parando aqui então.

TECA — Que seja!

TECA ESTACIONA RAPIDAMENTE.

TECA — Deu vinte reais.

A MULHER ABRE A PORTA E SAI, CORRENDO, LEVANDO A CRIANÇA.

TECA — (grita) Volta aqui, caloteira!

TECA SOLTA DO TÁXI. CORTA RÁPIDO PARA/

CENA 08/ PRAIA DE IPANEMA/ CALÇADÃO/ DIA/ EXT.

TECA CORRENDO ATRÁS DA MULHER, COM SEU BEBÊ.

TECA — (grita) Volta aqui!

TECA PEGA UM COCO EM CIMA DA LIXEIRA E ARREMESSA NA MULHER, QUE CAI NO CHÃO, COM O BEBÊ. TECA APROXIMA-SE DA MULHER E DÁ UM TAPA EM SEU ROSTO.

TECA — Isso é pra você não ser caloteira de novo. Agora paga meus vinte reais.

DOIS POLICIAIS CHEGAM, CORRENDO.

POLICIAL 1 — Que que é isso aqui?

MULHER — (chorando) Essa velha me agrediu.

POLICIAL 1 — Então vamos pra delegacia.

TECA — Ela saiu sem pagar/

POLICIAL 2 — Na delegacia, cês explicam isso.

OS POLICIAIS PEGAM AS DUAS MULHERES E ANDAM COM ELAS, EM DIREÇÃO

9


À VIATURA. CORTA PARA/


FEIRA CHEIA. MUITAS PESSOAS ANDANDO, COM SUAS SACOLAS. CHEGAM DOIS HOMENS ALTOS, FORTES, COM UNIFORMES DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA. CORRERIA. OS DOIS AGENTES APROXIMAM-SE DA BANCA ONDE ESTÃO BETE E TÚLIO.

AGENTE 1 — Bom dia, senhor, senhora.

BETE — Oi. Bom dia.

AGENTE 1 — Cês são novos aqui né?

BETE — Sim.

AGENTE — Quero ver a licença, por favor.

BETE — Só um minuto.

BETE ABRE A BOLSA E TIRA UM PAPEL. ELA O ENTREGA PARA O AGENTE 2, QUE LÊ.

AGENTE 2 — Moça, tá vencida essa licença.

BETE — (desesperada) Que? Como assim?

TÚLIO — Ferrou!

AGENTE 2 — Cês alugaram da dona Lindinalva, né?

TÚLIO — É, dona Lindinha.

AGENTE 2 — Ela tem esse costume. Tem que prestar atenção.

BETE — E agora, moço?

AGENTE 1 — Vocês estão presos!

TÚLIO — (desesperado) Como assim?

AGENTE 2 — Sem a licença, é prisão!

TÚLIO — Tem outra alternativa, na verdade.

10


AGENTE 1 — Não tem não, senhor.

TÚLIO — Tem sim. (T) Corre, Bete.

TÚLIO E BETE COMEÇAM A CORRER, MAS OS AGENTES ALCANÇAM-OS. CAM VAI SE AFASTANDO. CORTA PARA/

CENA 10/ VIATURA DA POLÍCIA/ DIA/ EXT.

POLICIAL DIRIGINDO. DO SEU LADO, OUTRO POLICIAL. ATRÁS, TECA, A SUA PASSAGEIRA E O BEBÊ.

TECA — Não acredito numa coisa dessas.

MULHER — Cala a boca, velha.

TECA — Ih, se enxerga, sua caloteira do inferno.

POLICIAL 2 — Vamos calar a boca as duas, vamos?

TECA — Que saco! Tô perdendo corridas com isso aqui.

MULHER — Na próxima vez, seja gentil com seus passageiros.

TECA — E você cuide desse bebê aí com cara de joelho.

MULHER — Olha aqui, maracujá de gaveta/

TECA — Ah, não.

TECA PUXA O CABELO DA MULHER. ELAS SE BATEM. POLICIAL 2 VIRA O PESCOÇO PARA TRÁS.

POLICIAL 2 — PAREM COM ISSO AGORA!

TECA E A MULHER PARAM. SILÊNCIO. CLIMA DE TENSÃO. CORTA PARA/


VITÓRIO NO CENTRO, SEGURANDO UM MICROFONE. VÁRIAS PESSOAS A SUA FRENTE, SENTADAS EM PUFFS E NO TAPETE, ATENTAS A VITÓRIO. ISADORA, LEOCÁDIA E TAÍS SENTADAS EM UM DOS CANTOS, OBSERVANDO. MEIRE ATRÁS DE VITÓRIO.

11


VITÓRIO — Vamos continuar nosso bate papo sobre mercado editorial e outros assuntos que vocês quiserem falar. Agora, vou abrir pras perguntas. Quem quer começar?

UM RAPAZ (MAGRO, NEGRO, ALTO, 25 ANOS), SENTADO EM UM PUFF, LEVANTA A MÃO.

VITÓRIO — Pode falar.

RAPAZ — É verdade esse boato que tá rolando que cê saiu da direção geral da Muniz?

VITÓRIO SURPRESO, TENSO. CORTA PARA/

ABERTURA


CONTINUAÇÃO DA CENA 11. VITÓRIO ESPANTADO COM A PERGUNTA.

VITÓRIO — Então… (T) A minha mãe, dona Ieda, está resolvendo algumas comigo na direção geral, mas eu continuo na direção sim.

RAPAZ — Isso tem a ver com a queda dos livros vendidos?

VITÓRIO — (surpreso) Olha… Vamos pra próxima pergunta.

CAM VAI SE AFASTANDO. VITÓRIO NITIDAMENTE TENSO, PREOCUPADO. CORTA PARA/

CENA 13/ MUNIZ EDITORIAL/ SALA DE VIVIAN/ DIA/ INT.

VIVIAN SENTADA, COM AS PERNAS ESTICADAS EM CIMA DA MESA, FOLHEANDO E LENDO O CADERNO ROXO DE ISADORA.

VIVIAN — 3 anos da filha. Bom isso! (T) Opa! Fim de namoro! Pera. A Meire me falou disso uma vez.

VIVIAN PEGA SEU CELULAR, RAPIDAMENTE, E FAZ UMA LIGAÇÃO. CORTA PARA/

12



MEIRE ATRÁS DE VITÓRIO, TENSO. ELA PEGA SEU CELULAR DO BOLSO E VÊ QUE ESTÁ RECEBENDO UMA LIGAÇÃO DE VIVIAN. ELA VAI PARA UM CANTO DA LIVRARIA, DISTANTE, E ATENDE.

MEIRE — Oi, dona Vivian. Tá no meio do troço aqui.

VIVIAN (OFF) — Foi mal, mas é uma coisa importante. Eu andei mexendo aqui no caderninho dessa garota e descobri umas coisas/

MEIRE — Pera, dona Vivian. Tenho que falar uma coisa antes.

VIVIAN (OFF) — Diga.

MEIRE — Ela arrumou outro caderno e acho que mostrou ele pro Vitório.

VIVIAN (OFF) — (irritada) Que? Como você deixou isso acontecer, peste bubônica?

MEIRE — Ele mandou eu comprar um café. Quando voltei, eu vi ela mostrando o maldito caderno, mas acho que ela não falou direito disso.

VIVIAN (OFF) — Não tô crendo numa coisa dessa.

MEIRE — Desculpa, dona Vivian. Mas eu separei eles duas vezes já.

VIVIAN (OFF) — Dá seu jeito, mulher, porque, se o Vitório descobrir isso, minha vida vai virar um inferno. E a tua também!

MEIRE — Tá certo. Desculpa. Mas o que eu faço agora?

VIVIAN (OFF) — Tenta pegar esse segundo caderno.

MEIRE — Mas ela vai desconfiar.

VIVIAN (OFF) — Pode desconfiar à vontade se não tiver provas.

MEIRE — Morta na farofa. E o plano B? Tem algum?

VIVIAN (OFF) — Tenho. Você puxa papo com essa menina. Fica amiguinha dela, pra depois dar o bote.

13


MEIRE — Credo, dona Vivian.

VIVIAN (OFF) — Credo nada! Qual o nome dessa desgraçada?

MEIRE — Isadora.

VIVIAN (OFF) — Nome de pobre mesmo. Enfim, Meire, vá fazer o que eu te mandei.

MEIRE — Pode deixar. Ao seu dispor, dona Vivian.

MEIRE DESLIGA O TELEFONE. CLOSE NELA, PARADA, SÉRIA, OLHANDO FIXAMENTE PARA ISADORA. CORTA PARA/

CENA 15/ DELEGACIA/ RECEPÇÃO/ DIA/ INT.

ESPAÇO PEQUENO, MAS MUITO CHEIO. MUITAS PESSOAS SENTADAS NOS BANCOS. POLICIAIS ANDANDO DE UM LADO PARA OUTRO. TECA E SUA PASSAGEIRA, COM O BEBÊ, CHEGAM, ACOMPANHADAS DE POLICIAIS (1 E 2).

POLICIAL 1 — (p/ policial 3) Agressão aqui! A vovó jogou a outra no calçadão, agrediu.

TECA — Eu só me defendi.

POLICIAL 1 — Mas ela nem te agrediu.

TECA — Ela não quis pagar o táxi e saiu correndo.

POLICIAL 3 — (rindo) Cê é taxista?

TECA — Sou. Algum problema?

POLICIAL 3 — Nada não. (p/ a passageira) Mas cê foi corajosa, hein, moça, porque eu não entrava num táxi com essa coroa nem morto.

TECA — Ih, me respeita.

POLICIAL 3 — Fica quieta aí e espera que a gente já chama pra cês irem falar com o delegado.

BETE E TÚLIO ENTRAM, ACOMPANHADOS DE UM AGENTE DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA E UM POLICIAL (4). TECA VÊ E VIRA DE COSTAS, TENTANDO SE ESCONDER.

14


POLICIAL 3 — Que que foi agora?

POLICIAL 4 — Documento vencido na feira. Tentaram fugir e tudo.

POLICIAL 3 — Hoje tá que tá, hein. Depois da velha taxista agressiva, agora esses dois.

BETE — (surpresa) Velha taxista?

POLICIAL 3 — É. Tá ali a meliante. (aponta p/ Teca)

BETE E TÚLIO OLHAM PARA TECA, QUE CONTINUA DE COSTAS, ESCONDENDO-SE.

TÚLIO — Mamãe!

TECA — (vira de frente) Surpresa!

TÚLIO — Que que cê tá fazendo aqui, mamãe?

TECA — (aponta p/ a passageira) Essa cachorra fugiu do meu táxi, fui pegar ela e me prenderam.

MULHER — Cê me agrediu, velhaca.

TECA — Velhaca não!

MULHER — Velhota, então.

TECA — (irritada) Eu só não te dou uns sopapos, porque já tô encrencada.

MULHER — Faz bem.

TECA — (p/ Túlio) Então, meu filho, foi por isso. E vocês?

BETE — A gente tava na feira, de boas, até que chegou esse povo da vigilância.

TÚLIO — A velha que alugou a banca, uma tal de Lindinha, é uma golpista, que tem uma documentação vencida, falsificada.

TECA — Credo. Velhinha do mal.

BETE — Muito! A gente até tentou sair correndo, mas fomos pegos.

TECA — Claro, né, gente. Vocês dois não tão mais na idade de fugir

15


não.

TÚLIO — E a senhora tá, mamãe?

TECA — Claro que não, por isso que não fujo. (olha p/ a passageira) Só corro atrás de caloteiras, né, querida/

POLICIAL 4 — Teca e Sheila, o delegado está esperando vocês duas na sala 3. Bete e Túlio, vocês podem ir pra sala 2 pra pagar a multa e assinar uns documentos.

TECA — Já vamos. (p/ Túlio) Mas, meu filho, cadê Peterson? Ele n ia com vocês pra feira.

TÚLIO — Ele tava no carro, mas se mandou.

TECA — Espertinho ele. (ri)

BETE, TECA, TÚLIO E SHEILA (PASSAGEIRA) SAEM. CORTA RÁPIDO PARA/

CENA 16/ CASA DE TECA/ SALA/ DIA/ INT.

PETERSON CHEGA E DEITA NO SOFÁ. GRACIMARA DESCENDO A ESCADA, CARREGANDO SUA BOLSA.

GRACIMARA — Oi, maninho. Tá na vida mole, né.

PETERSON — Ai, acabei de chegar. Não enche não.

GRACIMARA — Ué, mas cê não tava com papai e mamãe na feira.

PETERSON — Ferrou!

GRACIMARA — Que foi?

PETERSON — Eu deixei eles lá. Caramba!

GRACIMARA — (rindo) Memória de formiga, né?

PETERSON — Não enche o saco.

PETERSON LEVANTA-SE E SAI, CORRENDO. GRACIMARA RINDO. CORTA PARA/

16


CENA 17/ DELEGACIA/ SALA/ DIA/ INT.

BETE E TÚLIO SENTADOS EM FRENTE A UM POLICIAL (5).

POLICIAL 5 — Então, é só assinar aqui e pagar a multa até amanhã.

BETE — Quanto que é?

POLICIAL 5 — Novecentos e setenta reis.

TÚLIO — (surpreso) Como assim, seu polícia?

POLICIAL 5 — Ué, é a lei. Da próxima vez, tomem cuidado antes de alugar barraquinha na feira.

TÚLIO — E a velha que nos alugou, aquela Lindinha? Ela não vai ser multada não?

POLICIAL 5 — Estamos tentando encontrá-la, mas ela vive fugindo.

BETE — Velha pilantra.

BETE ASSINA O PAPEL. CLOSE EM TÚLIO, FRUSTRADO. CORTA PARA/

CENA 18/ DELEGACIA/ RECEPÇÃO/ DIA/ INT.

BETE E SHEILA, COM O BEBÊ, CHEGAM, SAINDO DE UMA DAS SALAS.

TECA — Agora vá lá rodar sua bolsinha, querida.

SHEILA — Ai, tchau, Peppa Pig da terceira idade.

TECA — Olha quem fala, a Giselle Bündchen.

SHEILA — Ai, brigada. Tchauzinho.

SHEILA SAI, COM SEU BEBÊ. BETE E TÚLIO CHEGAM, VINDO DE UMA DAS SALAS.

TECA — E aí, gente? Tiveram que pagar multa?

BETE — Sim. Novecentos e setenta reais.

TECA — (assustada) Jesus no poder! Tudo isso?

TÚLIO — Sim. Mas se eu encontrar aquela velha Lindinha, eu prometo

17


que mato essa cretina.

TECA — Credo, meu filho.

BETE — Agora vamos sair daqui, vamos?

TECA — Ai, por favor. Mas como a gente vai?

BETE — De ônibus. Meu celular tá sem sinal.

TECA — Então vamos pra Ipanema. Meu táxi tá lá.

BETE, TECA E TÚLIO SAEM. CORTA PARA/


MEIRE APROXIMA-SE DO BALCÃO, ONDE NÃO TEM NINGUÉM. ELA VÊ A BOLSA DE ISADORA ABAIXO DO BALCÃO. MEIRE OLHA PARA O TETO E AS PAREDES E VÊ DUAS CÂMERAS DE SEGURANÇA APONTADAS EM SUA DIREÇÃO.

MEIRE — Droga! Partiu plano B!

MEIRE VAI EM DIREÇÃO DE ISADORA, SENTADA EM UMA CADEIRA. ELA SENTA-SE NUMA CADEIRA AO LADO DE ISADORA, QUE PRESTA ATENÇÃO A VITÓRIO.

MEIRE — (baixo) Oi, querida. Tá gostando?

ISADORA — (baixo) Muito! Ele é demais.

MEIRE — Sim. Seu Vitório é maravilhoso. Mas me fala de você, Isadora. Cê mora lá na Vila da Penha, né, menina.

ISADORA — Moro. Eu acho que já te vi lá.

MEIRE — Sim. Eu lembro de você também. Foi lá no bar do Alcir.

ISADORA — Isso! Tenho uma péssima lembrança daquele lugar. Mas depois a gente conversa que agora eu quero prestar atenção.

MEIRE — Tá ótimo.

CLOSE EM MEIRE, REVIRANDO OS OLHOS. CORTA PARA/

18


CENA 20/ MUNIZ EDITORIAL/ SALA DE VIVIAN/ DIA/ INT.

VIVIAN SENTADA, MEXENDO NO CADERNO DE ISADORA. BATIDAS NA PORTA.

ERON (OFF) — Sou eu, Eron.

VIVIAN GUARDA O CADERNO NA GAVETA.

VIVIAN — Pode entrar!

ERON ENTRA E SENTA-SE NA FRENTE DE VIVIAN.

VIVIAN — Oi, Eron. Tudo bom contigo?

ERON — Tudo ótimo. Vim saber do teu livro, se quer alguma ajuda.

VIVIAN — Ai, eu quero sim.

ERON — O quê?

VIVIAN — Saber sua opinião de um capítulo.

ERON — Já tá pronto?

VIVIAN — Já sim.

ERON — Posso ler aí no seu computador?

VIVIAN — Pode.

VIVIAN E ERON TROCAM DE LUGAR. ELE MEXE NO COMPUTADOR DELA. CAM VAI SE AFASTANDO. CORTA PARA/

CENA 21/ CASA DOS SIQUEIRA/ COZINHA/ DIA/ INT.

SOL ENTRA, CARREGANDO UMA SACOLA. IRACI COZINHANDO.

IRACI — Demorou, hein, Sol.

SOL — Ô, muié, teve uma confusão lá na feira.

19


IRACI — Por quê?

SOL — Bateu lá a vigilância sanitária.

IRACI — Ah, que bom, né. Pelo menos tão fiscalizando as coisas.

SOL — Pois é. Mas sabe quem eu descobri que tá trabalhando lá?

IRACI — Quem?

SOL — Os pais de Gracimara.

IRACI — (enfática) Gracimara Gracimara?

SOL — Claro. Cê conhece outra?

IRACI — Não. Mas eu não sabia que a família dela é da feira.

SOL — Nem eu. Eles começaram hoje, parece. E sabia que ela tá fugindo de apresentar seu Henry pros pais?

IRACI — Já imaginava, Sol. Eles nunca vieram aqui nem nada.

SOL — Sim, muié. Seu Henry é bem mais velho que os sogros.

IRACI — Sério?

SOL — Com toda certeza. (ri)

SOL TIRA AS COMPRAS DE DENTRO DA SACOLA. CORTA PARA/


PETERSON CHEGA E ANDA, PROCURANDO PELOS PAIS. ELE VAI ATÉ A BANCA ONDE OS PAIS ESTAVAM. UMA MULHER (BAIXA, GORDINHA, 50 ANOS, VESTIDO BRANCO) PASSA POR ELE.

MULHER — Tá procurando o pessoal que tava vendendo doce aqui, né?

PETERSON — Isso. Cê viu eles?

MULHER — Olha, eles foram pra delegacia. A licença era falsa, parece. Foi uma coisa do tipo.

PETERSON — (incrédulo) Delegacia?!

20


MULHER — É. Mas geralmente eles liberam logo, nesses casos. Só que tem que pagar uma multa.

PETERSON — Ah, tá. Valeu, moça.

PETERSON SEM SABER O QUE FAZER. ELE SAI, CORRENDO. CORTA PARA/


VITÓRIO NO CENTRO. VÁRIAS PESSOAS PRESTANDO ATENÇÃO NELE.

VITÓRIO — E já chegou a nossa hora de terminar. Mais uma vez, eu agradeço todos que vieram aqui hoje e lembro que amanhã tem mais Muniz aqui na livraria Livronáticos, com Ieda Muniz, numa contação de histórias. Até mais.

TODOS APLAUDEM VITÓRIO.

VITÓRIO — Ah, quem quiser tirar foto ou falar alguma coisa comigo, rapidinho, vou estar aqui por mais alguns minutos.

VITÓRIO VAI EM DIREÇÃO A UMA MESA DO OUTRO LADO DA LIVRARIA. LEOCÁDIA E TAÍS O ACOMPANHAM. O PÚBLICO COMEÇA A SAIR. ALGUMAS PESSOAS DIRIGEM-SE EM DIREÇÃO A VITÓRIO. MEIRE CONTINUA SENTADA DO LADO DE ISADORA.

MEIRE — Mas continuando, querida, como tá seu relacionamento com aquele rapaz lá do bar?

ISADORA — A gente terminou. Eu terminei, na verdade. Cê não lembra?

MEIRE — Um pouco. Mas achei que tivessem voltado.

ISADORA — Ele tá até tentando, Meire. (T) É Meire mesmo, né?

MEIRE — (ri) É sim.

ISADORA — Então, ele tem me perseguido. Hoje mesmo apareceu na minha casa.

MEIRE — Ué, ele invadiu?

ISADORA — Ele ainda tem a chave. Vou ter que trocar.

21


MEIRE — Que doido! Mas cê não sente nada mais por ele não?

ISADORA — Sinceramente, nada! Eu amava o Giovane, mas essa traição e essas mentiras dele conseguiram tirar todo esse amor.

MEIRE — Sinto muito. E como tá sua vida agora?

ISADORA — Tá mais solitária, mesmo tendo a Bela, minha filha. E vai ser puxado ter que pagar o aluguel sozinha.

MEIRE — Imagino. Mas cê tem uma filha?

ISADORA — Tenho. Ela tem 3 anos.

MEIRE — Mas aí ele vai ter que pagar pensão, né?

ISADORA — Giovane não é pai dela. A gente ia registrar como filha dele e tudo. Só távamos esperando algumas burocracias aí.

MEIRE — Ah, que pena. Se você tiver precisando de alguma coisa, pode bater lá na minha casa, hein.

ISADORA — Ain, brigada. Onde cê mora?

CAM VAI SE AFASTANDO. CORTA PARA/

CENA 24/ PONTO DE ÔNIBUS/ RUA/ DIA/ EXT.

BETE, TECA E TÚLIO SENTADOS NO BANCO DE MADEIRA. UM CARRO APROXIMA-SE. PETERSON DENTRO DELE.

PETERSON — Aceitam uma caroninha?

TÚLIO — Apareceu, seu demente?

PETERSON — Entra aí, coroa.

TECA — Aleluia, Senhor!

BETE, TECA E TÚLIO ENTRAM NO CARRO. CORTA RÁPIDO PARA/

CENA 25/ CARRO DE PETERSON/ DIA/ INT.

22


PETERSON DIRIGINDO. TÚLIO DO SEU LADO. ATRÁS, BETE E TECA.

BETE — Ô, meu filho, onde cê tava?

PETERSON — Eu vi aquela correria toda e meti o pé.

BETE — E deixou a gente pra trás, sem vergonha?

PETERSON — (ri) Nem lembrei, minha mãe.

BETE — Que filho, hein, Túlio, que arrumamos pra nos ajudar.

TÚLIO — Esse garoto só sabe ficar deitado.

PETERSON — Ai, meu pai, assim parece que eu sou um vagabundo, né.

TÚLIO — E é.

TECA — Fala assim do meu neto não.

PETERSON — Valeu, vó. E por que a senhora tava na delegacia? Os dois eu fiquei sabendo que foram levados pela vigilância.

TÚLIO — Eu vou é matar aquela dona Lindinha.

TECA — Sossega, Túlio. (T) Então, meu neto, uma passageira sem vergonha não quis pagar, saiu correndo no calçadão de Ipanema, aí eu tive que correr atrás dela, dei-lhe uma bofetada. Mas aí os policiais me levaram.

TÚLIO — Cê não conta que discutiu com ela porque o bebê dela vomitou no seu carro não, dona Teca?

TECA — Ah, é, teve isso também.

PETERSON — Mas tá certa, vó. Que vomite pela janela.

TECA — Isso aí, Peterson!

TECA E PETERSON RINDO. CORTA PARA/


23


MEIRE ARRUMANDO OS PUFFS, JUNTO COM TAÍS. ISADORA NO BALCÃO, ARRUMANDO ALGUNS MARCADORES DE PÁGINA. VITÓRIO APROXIMA-SE DELA.

VITÓRIO — O que você tava querendo me mostrar aquela hora?

ISADORA — Ah, não é nada demais não.

VITÓRIO — Agora vai ter que mostrar.

ISADORA — Tá bom. Vou pegar aqui.

ISADORA PEGA SUA BOLSA E TIRA DE LÁ UM CADERNO AZUL, PEQUENO.

VITÓRIO — Ai, é um diário?

ISADORA — Quase isso. Eu sempre coloco tudo que eu faço, meus desejos, sonhos.

VITÓRIO — Que legal.

ISADORA — Só que esse é novo. Não tem muita coisa.

VITÓRIO — O outro encheu, foi?

ISADORA — Não. Eu deixei cair no ônibus esses dias.

VITÓRIO — Quando?

ISADORA — Ai, foi essa semana. Não lembro exatamente quando?

VITÓRIO — Foi vindo pra cá?

ISADORA — Foi. De manhã. Por quê?

VITÓRIO PENSATIVO, DESCONFIADO.

INSERIR FLASHBACK: CENA 14 DO CAPÍTULO 03.

VITÓRIO — É sobre o quê?

VIVIAN — Uma jovem que relata seus problemas numa espécie de diário.

VITÓRIO — É meio adolescente?

VIVIAN — Mais ou menos. Essa semana já consigo entregar alguma coisa.

24


VITÓRIO — Ótimo.

ERON — É uma história sua, Vivian?

VIVIAN — Óbvio, Eron. Cê acha que eu ia roubar a ideia de outra pessoa?

ERON — Não, não. Não foi isso que eu quis dizer. Queria saber se essa história é sua, real, ou se é ficção.

VIVIAN — Ah, tá. É ficção.

VOLTA AO TEMPO PRESENTE: ISADORA SEM ENTENDER NADA.

ISADORA — Por que essas perguntas?

VITÓRIO — Nada não. Curiosidade. (T) Deixa eu beber uma água. Já volto.

VITÓRIO AFASTA-SE. ELE PEGA UM COPO D’ÁGUA E BEBE, PENSATIVO.

VITÓRIO — (baixo/para ele) A Vivian… Foi ela que pegou!

CLOSE EM VITÓRIO, CONFIANTE, DETERMINADO.

EFEITO FINAL: Palavras escritas à mão invadem a tela.

FIM DO CAPÍTULO

Créditos sobem ao som de

DIAS MELHORES - JOTA QUEST, FLOW, KVSH (REMIX)

25

Documents

DI AS M E L H O RE S CAP Í T UL O 07 M E G AP RO Dias … filedi as m e l h o re s cap Í t ul o 07 m e g ap ro cena 01/ carro de vivian/ dia/ int