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ROSANGELA APARECIDA RIBEIRO GONDO DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS NO ENSINO MÉDIO NOTURNO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ Campus de Cornélio Procópio CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ, 2009

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS … · passa a pleitear a criação de maior número de ginásios mantidos pelo Estado, pois a ... com o intuito de preparar os alunos

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ROSANGELA APARECIDA RIBEIRO GONDO

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS NO ENSINO

MÉDIO NOTURNO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

Campus de Cornélio Procópio

CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ, 2009

II

ROSANGELA APARECIDA RIBEIRO GONDO

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS NO ENSINO

MÉDIO NOTURNO

Artigo científico apresentado à Universidade

Estadual do Norte do Paraná – UENP, para atender

requisito parcial do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, da Secretaria de Estado do

Paraná – SEED.

Orientadora: Profª. Me. Marília Bazan Blanco

CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ

2009

III

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS NO ENSINO

MÉDIO NOTURNO

Rosangela Aparecida Ribeiro Gondo1

Marília Bazan Blanco2

RESUMO

Este trabalho procura propiciar um canal de contribuição para a reflexão da

discussão e ação sobre a falta de interesse e motivação de grande parte dos alunos

no interior das escolas, a partir de uma perspectiva teórica que privilegia o olhar dos

sujeitos que nela atuam. Objetivando proporcionar uma visão sobre os problemas

que levam à desmotivação do aluno trabalhador em sala de aula, levando-o muitas

vezes a abandonar a instituição de ensino que tem como um dos seus objetivos

suprir a necessidade de escolarização desse discente e sugestionar medidas que

estimule a presença e a participação do aluno no processo ensino-aprendizagem. O

propósito do texto é divulgar resultados de pesquisa desenvolvida no Colégio

Estadual Cecília Meireles, acerca do ensino médio noturno. O material coletado para

o estudo, por meio de aproximadamente quarenta entrevistas com professores e

alunos, permitiu analisar ações que melhorem a atuação nessa escola, de políticas

educacionais para o ensino médio, contemplando especificidades do noturno.

Palavras-chave: Ensino médio. Ensino noturno. Política educacional. Cotidiano

escolar. Repetência. Evasão escolar.

1 Professora da Rede Pública Estadual – Colégio Estadual Cecília Meireles – Sertaneja – Paraná [email protected]² Professora Orientadora: Me. Marília Bazan Blanco – Universidade Estadual Norte do Paraná – UENP – Campus Cornélio Procópio [email protected]

IV

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS NO ENSINO

MÉDIO NOTURNO

Rosangela Aparecida Ribeiro Gondo1

Marília Bazan Blanco2

ABSTRACT

This paper attempts to provide a channel of contribution to the reflection of the

discussion and action about the lack of interest and motivation of most students

within schools, from a theoretical perspective that focuses on the subjects that look in

her act. Aiming to provide insight into the problems that lead to discouragement of

the student worker in the classroom, taking it many times to leave the institution

education that has as one of its goals to meet the need of education of students and

suggest measures to encourage the presence and participation of students in the

teaching-learning process. The purpose of this paper is to disseminate results of

research developed in the State College Cecilia Meireles, on school night. The

material collected for the study, by about forty interviews with teachers and students,

an opportunity to examine actions to improve performance in this school, educational

policy for secondary education with the specific characteristics of the night.

Keywords: High school. Night courses. Educational policy. School routine.

Repetition. Dropout.

1 Professora da Rede Pública Estadual – Colégio Estadual Cecília Meireles – Sertaneja – Paraná [email protected]² Professora Orientadora: Me. Marília Bazan Blanco – Universidade Estadual Norte do Paraná – UENP – Campus Cornélio Procópio [email protected]

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11 INTRODUÇÃO

Ainda hoje, enfrenta-se nas escolas, diferentes situações que levam a

repensar que tipo de instituição se quer para professores e alunos. O estudo dos

problemas educacionais, sobretudo com relação ao ensino médio noturno, faz-se

necessário a partir do pressuposto de que esse nível de ensino lida de forma

prioritária com jovens e adultos que já estão no mercado de trabalho ou predispostos

a pleitear uma colocação onde educador e educando são os principais agentes

nesse processo.

A partir da necessidade de se realizar essa análise, o presente estudo tem

por objetivo principal aprofundar o conhecimento científico junto à escola e a partir

daí propor fundamentos teóricos que venham contribuir para a superação da evasão

e repetência escolar junto aos professores que atuam no Ensino Médio Noturno.

Conseqüentemente, promover a melhoria de um ensino, uma vez que este assunto

era objeto de constantes discussões entre o corpo docente e equipe pedagógica da

escola investigada.

Propondo mudanças na prática docente, refletindo sobre a difícil tarefa do

professor noturno em lidar com os alunos trabalhadores, que muitas vezes, em

conseqüência de determinadas funções que exercem se obrigam a se ausentar das

aulas. Analisando esses fatores, pretende-se por meio de sugestões suscitada pelos

próprios alunos encontrar meios que possibilitem um melhor relacionamento

professor/aluno em prol de uma melhor qualidade de ensino.

11 REFERENCIAL TEÓRICO

Através da história percebe-se que a preocupação com o ensino médio

noturno no Brasil data dos tempos do Império, e como caracteriza Carvalho (1994,

pág. 27) “aos que a idade e necessidade de trabalhar e não podiam freqüentar os

cursos diurnos”.

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Continua Carvalho, “seus professores recebem apenas uma pequena

gratificação para se encarregar dessas aulas”. Estudar a noite era uma condição

apenas para pobres e sempre com o caráter de profissionalização como

aprendizado de um ofício.

Deste modo, a formação de trabalhadores e cidadãos no Brasil constituiu-se historicamente a partir da categoria de dualidade estrutural, uma vez que havia uma nítida demarcação da trajetória educacional dos que iriam desempenhar funções intelectuais ou instrumentais, em uma sociedade cujo desenvolvimento das forças produtivas delimitava claramente a divisão entre capital e trabalho traduzida no taylorismo-fordismo como ruptura entre as atividades de planejamento e supervisão por um lado e de execução por outro. (KUENZER apud KUENZER, 2005. p.27).

Datam do Império as primeiras classes noturnas para atender aqueles que

precisavam trabalhar e não podiam freqüentar o ensino médio diurno. Logo se

percebe que os resultados não foram os esperados e a freqüência diminuía

sensivelmente.

Acácia Kuenzer (2005) remete a 1909, quando a partir da criação de 19

escolas de artes e ofícios é que surge a idéia de escolas técnicas “e antes de

pretender atender às demandas de um desenvolvimento industrial praticamente

inexistente obedeciam a uma finalidade moral de repressão: educar pelo trabalho, os

órfãos, pobres e desvalidos de sorte, retirando – os da rua.”

Inicia-se a divisão “oficial” do ensino entre ricos e pobres, pois, segundo

Kuenzer (2005), para a elite a trajetória escolar partia do ensino primário seguido

pelo secundário propedêutico, que era completado pelo ensino superior, onde havia

a escolha dos ramos profissionais. A partir da década de 30, acentuam-se as

características dicotômicas entre profissional e formação acadêmica. A população

passa a pleitear a criação de maior número de ginásios mantidos pelo Estado, pois a

rede de ensino secundário era quase exclusivamente constituída por entidades

privadas, leigas ou confessionais.

Aumentou então, a procura pelas escolas de nível médio, como meio de

ascensão social; a industrialização crescente e o interesse de políticos foram alguns

dos fatores que aceleraram a multiplicação dos ginásios.

Havendo uma diversidade de ramos do ensino médio, o trabalhador-

estudante só poderia optar pelos cursos que oferecessem ocupações imediatas,

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como os cursos comerciais, que para a elite serviam como trampolim para o ensino

superior, e para a classe trabalhadora como ponto de parada.

Segundo Kuenzer (2005,) em 1942 tem-se a reforma Capanema, que faz o

ajuste entre as propostas pedagógicas para a formação de intelectuais e

trabalhadores e as mudanças que estavam ocorrendo no mundo do trabalho. São

criados para as elites os cursos médios de 2º Ciclo, científico e o clássico, com

duração de três anos, com o intuito de preparar os alunos para o ensino superior

A formação profissional destinada aos alunos trabalhadores passa também a

contar com alternativas em nível médio de 2º ciclo: o agro técnico, o comercial

técnico, o industrial técnico e o normal, que não davam acesso ao ensino superior.

É desse período de 1942, também, a criação das escolas técnicas, a partir da

transformação das escolas de artes e ofícios; ainda em 1942 o SENAI e em 1946 o

SENAC, para atender a demanda do crescente desenvolvimento industrial que

exigia mão-de-obra qualificada. Cria-se assim, uma dualidade estrutural na

constituição do Ensino Médio e profissional no Brasil com caminhos diferenciados

preparando uns para exercer funções de dirigentes; outros preparando para o

mundo do trabalho.

A partir de 1961, com a promulgação da lei das Diretrizes e Bases da

Educação Nacional - lei 4024/61, (20/12/61) essa realidade sofre uma significativa

mudança no mundo do trabalho. O desenvolvimento crescente dos vários ramos

profissionais dos setores secundário e terciário faz com que aconteça o

reconhecimento de outros saberes não só de cunho acadêmico. Pela primeira vez a

legislação educacional estabelece a equivalência entre os cursos profissionalizantes

e propedêuticos para fins de prosseguimento nos estudos.

Em 1971, com a Lei nº 5692/71, que une o antigo curso primário e o ginasial,

foram suprimidas do ensino de primeiro grau as diferenças curriculares

representadas pelos antigos ramos de ensino médio, mas continuou a persistir uma

segregação relacionada com a origem social, indicada pela distribuição nos cursos

públicos e particulares diurnos e noturnos.

A partir dos dados referentes ao início do funcionamento dos cursos noturnos

e do estudo da legislação escolar, nota – se que muito pouco foi feito no intuito de

adaptá–lo às condições específicas dessa população, tampouco para aproveitar a

experiência vivida desse aluno-trabalhador.

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O Ensino Médio Noturno historicamente tem sofrido muitas transformações,

tanto na sua concepção quanto na sua execução, seja através das práticas

pedagógicas ou das legislações. Tal transformação advém das dinâmicas da própria

sociedade, que tem na escola um reflexo. À medida que as demandas sociais vão

surgindo, novas exigências são postas à escola e em especial ao ensino noturno,

que tem um quadro de jovens estudantes inseridos no mercado de trabalho sem a

devida qualificação, e com jornada de oito ou mais horas diárias, que lá estão por

extrema necessidade de sobrevivência.

Esta condição de aluno-trabalhador talvez seja a característica mais forte dos

alunos do ensino médio noturno, condição esta de trabalhador desqualificado e

super explorado ao peso de um salário vil e de uma insuportável dupla jornada de

trabalho: a da fábrica, loja, escritório ou rural, e a da escola noturna (Pucci, 1995).

Tendo em vista as dinâmicas sociais especialmente no mundo do trabalho

pergunta-se constantemente, qual o papel da escola no atendimento ao aluno

trabalhador? A escola está preparada para atender adequadamente a esses alunos,

bem como aos seus anseios e expectativas? Que conhecimentos têm-se da

realidade social na qual os alunos estão inseridos?

Entendemos que a realidade é o que se vê. Contudo, faz-se necessário

aprender a vê-la, identificar suas características, e tentar encontrar meios para

trabalhá-la.

O aluno matriculado no período noturno, na sua grande maioria, já está engajado em trabalho assalariado durante o dia, quase sempre em turno de oito horas. O estudo à noite parece representar um prolongamento da jornada de trabalho, por mais quatro a cinco horas, tanto para o aluno, como, muitas vezes, para o professor. E o trabalho precoce desses alunos decorre da necessidade de sobrevivência das famílias das classes trabalhadoras no momento social que atravessamos (CARVALHO, 1994, pág.12)

Portanto não é apenas a descoberta de novas técnicas pedagógicas ou

legislação que possam melhorar ou reformar o ensino noturno, é algo muito mais

complexo, que exige aprofundamento do estudo e desafio de tentar superar a

concepção de trabalho produtivo nessa formação social.

Para Oliveira (2004) “não basta levantar a realidade social de uma escola, os

indicadores de matrícula, renda familiar, idade, sexo, moradia. Mapear esses

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elementos é extremamente importante para um contato inicial com essa realidade,

entretanto eles não dizem tudo."

É preciso, sobretudo, aprender a vê-la e reconhecê-la como historicamente

determinada, para tentar compreender o sentido que esta realidade social tem para

os professores e alunos do noturno: quais as condições difíceis que alunos e

professores enfrentam em seu cotidiano, assim como os mecanismos que recorrem

para superar essas dificuldades.

É certo que a educação passa por problemas extremamente graves. E esses

problemas têm a sua vertente exatamente nas escolas, mais precisamente, nas

salas de aula que é onde se dá, na prática, a relação entre aluno e professor, e onde

pretensamente, deve acontecer o processo de ensino-aprendizagem.

Pesquisa realizada em finais da década de 90 demonstrava que mais da metade dos jovens que cursavam o ensino médio não tinha expectativa de prosseguir seus estudos, tentando ingresso na universidade. Observando a rápida expansão da matrícula no ensino superior, paralelo ao crescimento do número de concluintes do ensino médio, não estaríamos diante de mudanças nas expectativas escolares destes alunos? (OLIVEIRA, 2004).

Todas estas transformações têm induzido mudanças nas concepções

relativas ao modo como se aprende tanto nas formas de interação entre quem

aprende e quem ensina, quanto ao modo como se reflete sobre a natureza do

conhecimento (Teodoro, 1992). Nesta permanente mudança o ensino tradicional

baseado na transmissão de um conjunto de conhecimento e na aprendizagem

passiva e individual, não dá resposta às solicitações do indivíduo.

s barreiras no processo de aquisição do conhecimento, cada vez mais, são

também atribuídas por educadores e pedagogos às causas externas, no âmbito da

escola e das condições socioeconômicas dos estudantes. Independente de

conceituações, o fracasso escolar é uma chaga pela forma que atinge os alunos e

pela exclusão social que projeta na vida adulta.

Os profissionais de educação, em particular os professores, não recebem por

parte da escola, muitas vezes, até por certo comodismo da instituição e deles

mesmos e também do decurso de sua formação, a base que lhes sirva de apoio

para lidar com uma série de diversidades que irão encontrar em uma sala de aula.

Por exemplo, alunos com diferentes culturas, histórias, famílias, expectativas,

experiências, pensamentos, etc. Com isso, surge o seguinte questionamento: de que

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maneira o professor poderá desempenhar um trabalho de qualidade em meio a um

universo tão diversificado, repleto de interesses tão diferentes?

Para Vasconcelos (2005, p.67) “é possível propor não uma nova relação de

idéias sobre a realidade, mas uma nova relação com idéias e com a realidade.” A

mudança de mentalidade se dá pela mudança de prática que se enraízam pela

tentativa de colocá-las em prática; estas mudanças devem ser feitas para a

construção de algo novo, colocando-se, assim, o desafio da transformação.

As questões sociais referentes à família, à instituição escolar, à política, à

religiosidade ou qualquer outro âmbito social, não são solucionadas buscando-se

apenas um culpado. Embora as justificativas estejam centradas, quase sempre, em

problemas na família, em influências da televisão, da sociedade, da mídia como um

todo, nas carências, as mais diversas, exclui-se o educador de qualquer

responsabilidade.

Em relação ao professor, qual é ou deve ser a postura a assumir? De

autoritarismo, de desânimo, de comprometimento, de desespero, de conscientização

da sua profissionalização no magistério? Qual a perspectiva que ele tem em relação

à sua ação pedagógica? Da liberdade ou da repressão? Ele vê o aluno como um

mal que é necessário e a liberdade como algo terrível que corrói e pretende destruir

a ordem política, social e econômica estabelecida ou, pelo contrário, tem medo de

represálias e age como “bonzinho”?

Ao permitir que as coisas aconteçam de qualquer jeito, sem responsabilidade,

termina sendo desmoralizado frente aos alunos tidos como indisciplinados. Tal

questionamento tende a refletir a insegurança e o descaso que muitos educadores

demonstram diante de fatos que acabam por transformar a educação em um

processo destrutivo.

As pesquisas sobre as causas da repetência e da evasão escolar nas escolas

públicas, nas últimas décadas, acumulam dados alarmantes. Segundo PATTO

(1990), “o entrave dessas pesquisas reside, principalmente, sobre o fato de não

conseguirem se livrar de pressupostos preconceituosos em relação aluno

trabalhador de condição sócio-econômica inferior.” Mesmo que, o despreparo de

educadores e a precariedade das condições funcionais e estruturais, entre outros,

sejam apontados como causa do fracasso escolar, a culpa é, em grande parte,

atribuída aos problemas individuais dos alunos.

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A tradição do pensamento educacional brasileiro foi calcada em moldes

europeus e americanos do século XIX, que enfatizam as aptidões naturais do

indivíduo por meio de uma forma particular de explicar as diferenças de rendimento

escolar entre as classes sociais superiores e inferiores. A baixa qualidade do ensino

básico brasileiro, traduzida pelos altos índices de repetência, reflete os defeitos

históricos da própria sociedade brasileira, que é excludente.

A escola perpetua a marginalização quando converte a cultura dos grupos

dominantes em saber escolar, legitimando e impondo esse saber aos grupos

dominados, reforçando a hegemonia dos grupos dominantes, Desta forma, a escola

pública é considerada impotente diante das desigualdades que ela ajuda a manter

associada a problemas psicológicos, cognitivos e familiares.

As barreiras no processo de aquisição do conhecimento, cada vez mais, são

também atribuídas por educadores e pedagogos às causas externas, no âmbito da

escola e das condições socioeconômicas dos estudantes. Independente de

conceituações, o fracasso escolar é uma chaga pela forma que atinge os alunos e

pela exclusão social que projeta na vida adulta.

O ensino noturno foi criado para atender os alunos que já são trabalhadores e

para aqueles que almejam ingressar no mercado de trabalho. Por que não atende?

Por que é a modalidade em que se concentram altos índices de evasão, de

reprovação, de defasagem idade/série? Como conciliar trabalho e educação de

qualidade? Por que se observa um descompasso entre o que é ensinado, como é

ensinado e as características de quem necessita freqüentar a escola noturna?

Responder a estas questões demanda, antes de tudo, considerar as

circunstâncias sociais e econômicas da maioria dos jovens brasileiros que muitas

vezes, são forçados a ingressar precocemente no mercado de trabalho, deixando a

escola em segundo plano.

Marcantes defasagens ou falta de base em conteúdos já estudados e

aparentemente aprendidos em séries anteriores são justificadas porque os alunos,

na maioria das vezes, sustentam-se a si próprios, são “arrimo de família, ou

reprovados ou desistentes, matriculam-se no ano seguinte, recomeçando o ciclo

novamente”.

Essa situação provoca dificuldades ainda maiores para o prosseguimento de

estudos universitários ou técnicos, ou ainda, para melhorar sua posição na empresa

em que trabalha. No entanto, se um dos motivos da opção por classes noturnas é

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que esses jovens precisam trabalhar em tempo integral, isso não quer dizer que

todos os alunos do ensino médio noturno sejam trabalhadores com empregos fixos.

Esta afirmação pode conduzir a erros, pois a escolha por estudar a noite pode ser

motivada por outros aspectos que não o trabalho. Entre esses motivos, podem-se

citar:

a) a idade, pois os alunos podem ter interrompido os estudos por

não apresentarem a idade própria para este nível de ensino, ou

por terem reprovações sucessivas;

b) a inexistência em muitos pequenos municípios do Brasil de

cursos de ensino médio diurno;

c) a procura de emprego para auxiliar na manutenção da família;

d) a necessidade de auxiliar em trabalhos domésticos;

e) a busca pela convivência com amigos;

f) a busca pelas possíveis “facilidades” oferecidas nos cursos

noturnos.

Pelos motivos citados, para eles está claro que conseguir concluir o ensino

médio “será um passo importante frente o mundo em que vivem, uma vez que,

grande parte deles, vindos de famílias com baixo nível de escolarização”. O ensino

médio, portanto, é um momento de muita importância no processo de escolarização,

para aqueles estudantes que conseguem chegar até esta etapa.

A dualidade se fez progressivamente presente na educação de adolescentes

e jovens pela inexistência de articulação entre o mundo da “educação”, que deve

desenvolver as capacidades intelectuais independentemente das necessidades do

sistema produtivo, e o mundo do trabalho, que exige o domínio de funções

operacionais que são ensinadas em cursos específicos, de formação profissional.

Essa desarticulação se explica pelo caráter de classe do sistema educativo, uma vez que a distribuição dos alunos pelos diferentes ramos e nove modalidades de formação se faz a partir de sua origem de classe (KUENZER, 1992, p. 8).

A maioria dos alunos do ensino médio noturno, formada por jovens

trabalhadores, quando vai para a escola já está na 3ª jornada, cansados, muitas

vezes com fome, sendo reféns de uma trama que os coloca na condição de

desfavorecidos, de carentes e por isso, tem um tratamento escolar mais flexível,

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menos rígido. A escola faz de conta que cuida da formação destes jovens,

trabalhando o mesmo currículo dos cursos diurnos, ajeitando-os de forma que essa

população passe pela escola certifique-se, e continue marginalizada, seja pela não

apropriação dos conhecimentos produzidos historicamente, seja por uma falsa idéia

de que estão preparados para o mundo do trabalho.

Vê-se, desta forma, a perpetuação da exclusão, já que na idade devida esses

alunos não tiveram a escolaridade a que tinham direito. Sendo assim, a escola em

nada contribui para modificar esse círculo vicioso já que as políticas educacionais

apenas expandiram o ensino noturno, em todos os níveis da educação, sem darem

conta de resolver e recuperar a possibilidade de uma formação integral a que todos

têm direito.

Repensar um currículo que seja adequado ao perfil e às necessidades dos

jovens trabalhadores é um desafio urgente para a educação brasileira, por se tratar

de uma parcela muito significativa de alunos que são trabalhadores e que só têm

possibilidade de formação escolar em cursos noturnos.

É consolidada a trajetória de grande parte dos estudantes dos cursos

noturnos: ou reprovam, ou evadem, ou então, permanecem numa escola que não

está estruturada para atender as especificidades desses alunos e que segue por

décadas com esse quadro de perpetuação do fracasso.

A escola destinada aos alunos trabalhadores não pode descuidar da

formação integral, nem tampouco desconsiderar que a maioria precisa ter acesso ao

conhecimento científico e tecnológico que lhes permita uma formação profissional

que garanta igualdade de oportunidades.

Para isso é fundamental que a escola assegure a compreensão do mundo do

trabalho, possibilitar-lhes através de seus projetos político-pedagógicos,

oportunidades de, ao longo da vida escolar, aprenderem permanentemente;

refletirem criticamente; agirem com responsabilidade individual e social; participarem

do trabalho e da vida coletiva; serem solidários; poderem acompanhar, vivenciando

as mudanças sociais; e enfrentarem problemas novos, construindo soluções

originais com agilidade e rapidez, a partir da utilização metodologicamente

adequada dos conhecimentos adquiridos, científicos ou tecnológicos.

Mas não parece que isso venha acontecendo; como já foi dito anteriormente,

as escolas, além de receberem alunos com características peculiares, se encasulam

dentro de medidas e padrões que nada dizem a esses alunos-trabalhadores.

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Quanto ao uso de novas tecnologias, é pouco provável que as escolas de

ensino médio da rede pública possam oferecer este recurso a seus alunos, uma vez

que:

a) os programas do governo federal que "dizem" oferecer

laboratórios de informática para as escolas, raramente "têm

dado certo", e as escolas que são contempladas com esses

projetos, raramente recebem a maquinaria prometida;

b) outras escolas que, por recursos próprios ou dos Conselhos

Escolares conseguem montar seus laboratórios, costumam

mantê-los muitas vezes trancados "à chave" por medo de

violência ou de roubo;

c) quando as escolas possuem laboratório de informática, são os

professores que têm dificuldades ou medo de utilizar estes

equipamentos.

Assim sendo, a inclusão digital ou o acesso às novas mídias, que poderia

também auxiliar os alunos no seu trabalho como "trabalhadores diurnos" fica

prejudicado. A mesma situação se aplica ao que se refere aos conhecimentos

científicos.

Em virtude dos currículos defasados, os alunos das escolas noturnas muitas

vezes deixam de construir conhecimentos que lhes abririam portas importantes na

seqüência dos estudos e na ascensão profissional.

Como alternativa tem se apresentado um modelo de aprendizagem mais

flexível, ativa e centrada no aluno, onde se aprende em colaboração com outros, por

meio da troca de idéias, dúvidas e ponto de vista.

Para oferecer um ensino adequado às necessidades dos alunos, a escola

precisa saber o que quer envolver a equipe pedagógica e a comunidade escolar na

definição de metas, com o estabelecimento de diretrizes básicas, linha de ensino e

uma atuação com compromisso assumido por todos envolvidos em torno do mesmo

projeto educacional.

O planejamento adequado irá determinar as ações para que a escola possa

atingir suas metas. O enfrentamento desse desafio exige envolvimento a partir da

compreensão mais profunda das circunstâncias em que estão estruturadas as

escolas que ofertam ensino noturno, do perfil dos alunos e das políticas que

orientam seus currículos.

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O professor que atua no ensino noturno precisa ter clareza das relações que

configuram o mundo do trabalho e como essas relações interferem na organização

do processo de ensino. Percebe-se que quando a escola facilita as condições de

ensino, com práticas de flexibilização do conhecimento, do que é ensinado, está

deixando de cumprir a tarefa educativa para reafirmar a exclusão social aos alunos.

Uma visão mais crítica do mundo e da sociedade se fortalece se a escola

cumprir sua tarefa específica de contribuir para a formação histórico-cultural dos

cidadãos-alunos, mediados então pelo esforço de todos no sentido de intensificar

espaços de relacionamento interpessoal, dos princípios da democracia e do viver

bem, colaborando para o desenvolvimento de comportamentos compatíveis com

uma vivência coletiva.

Todos profissionais que atuam na escola devem caminhar no sentido de: ao

mesmo tempo em que se desenvolvam os conteúdos de forma mais elaborada,

promovam-se condições para que todos compreendam, vivam e interfiram no mundo

de forma mais consistente para superar a alienação.

É necessário considerar que as alternativas acima apontadas precisam estar

alinhadas com políticas públicas que viabilizem melhores condições humanas e

materiais para as escolas que ofertam a modalidade de ensino noturno, incluindo

espaços pedagógicos que complementem o currículo e enriqueçam a qualidade do

trabalho educativo: bibliotecas, videotecas, laboratórios, equipamentos tecnológicos

etc.

Além disso, é fundamental promover a formação inicial e continuada dos

profissionais envolvidos, buscando na reflexão coletiva uma compreensão mais clara

do currículo e dos conhecimentos necessários para a melhoria da qualidade do

ensino noturno.

11 METODOLOGIA

A amostra foi composta por 40 participantes, sendo 11 professores e 29

alunos.

A intervenção pedagógica ocorreu distintamente com professores, alunos que

apresentaram baixo rendimento e que abandonaram o curso do Colégio Estadual

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Cecília Meireles- Ensino Médio e Normal ( 1ª a 3 ª séries ) no município de

Sertaneja, estado do Paraná

Como recursos humanos foram utilizados Professora PDE (turma 2008),

Equipe Pedagógica, Direção, e como recursos materiais: questionário impresso,

folhas de respostas e canetas.

Foram utilizados três questionários, contendo questões abertas, sendo um

para aplicação com os professores, um para aplicação com os alunos que

apresentaram baixo rendimento escolar e o terceiro para aplicação com os alunos

que apresentaram abandono do ensino. Foram aplicados quarenta questionários,

sendo distribuídos onze para os professores e vinte e nove para os alunos.

O procedimento consistiu na aplicação aleatória dos questionários, de

maneira individualizada visando à coleta das informações necessárias para posterior

análise. A dificuldade encontrada para a realização dos questionários foi com os

alunos evadidos devido ao horário de trabalho, a falta de interesse e a dificuldade

em localizá-los fez com que as respostas ficassem as mesmas fornecidas pelos

alunos com dificuldades de aprendizagem, pois na maioria são alunos que se

evadem e retornam a escola.

Com base nos resultados levantados, foram organizados grupos de apoio,

formado por professores, pedagogos e funcionários do Ensino Médio do Colégio

Estadual Cecília Meireles e pelos participantes do GTR – Grupo de Trabalho em

Rede, integrados pela modalidade de curso à distância.

Os grupos contaram com a participação de 11 professores, e foram realizados

no período de 25 de março a 10 de junho de 2009, com 8 encontros de 4 horas de

duração. Durantes os encontros, foram realizadas leituras e discussões de textos.

Os textos foram ordenados da seguinte forma:

a) a escola pública que queremos, o conselho de classe e a

construção do fracasso escolar, cujas referências foram: Paro

(2006); Carvalho (1994); Mattos (2005);

b) indisciplina, um desafio para todos os professores; referência:

Saviani (2005) e Ayres (2004);

c) a autonomia da escola como contribuição à redução do

fracasso escolar; referência: Azanha (1995); Sant’Anna (1995);

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d) critérios e instrumentos de avaliação. Em busca de algumas

alternativas foram utilizados os autores como referência:

Luckesi (2005);

e) métodos e técnicas de ensino, segundo Rangel (2005) e o

tema inclusão;

f) metodologia no ensino médio noturno. Em busca da mudança

de práticas segundo os autores – (Kuenzer (2005), Aires

(2004);

g) o filme na sala de aula: Moran (1995);

Ao final de cada um dos encontros, foram produzidos relatórios.

11 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os questionários apresentados tanto aos professores como aos alunos foram

de respostas, na sua maioria, objetivas, algumas solicitando explicações, que em

sua maioria não foram respondidas. Dessa forma houve grande dificuldade na coleta

e analise dos dados, devido à falta de interesse de alguns professores e alunos em

responder os mesmos.

Na primeira questão dirigida aos professores, investigou-se sobre qual seu

vínculo profissional com a escola.

Figura 1 - tipo de vínculo do professor com a escola.

18

Na figura 1 - questão dirigida aos professores, sobre o tipo de vinculo

profissional com a escola, 46 % (cinco professores) tem vínculo efetivo com a

escola; 27 % (três professores) são contratados e 27 % (três professores) têm aulas

extraordinárias.

Na segunda questão observa-se que a maioria dos professores está na faixa

entre os cinco e dez anos de serviço. Este fato mostra que a maioria dos

professores já possui experiência suficiente para analisar as questões que podem

melhorar a atuação pedagógica na escola e auxiliar aqueles que possam sentir

dificuldade em suas atividades.

Figura 2 - tempo de serviço na rede estadual

Através do gráfico da figura 2, observa-se que 46% (cinco professores) estão

com 5 a 10 anos de experiência pedagógica; 18% (dois professores) têm de 10 a 15

anos de experiência; 18% (dois professores) estão em início de carreira; 9% (um

professor) estão com 15 a 20 anos de atuação e 9% (um professor) de 20 a 25 anos

de experiência. Isso mostra que há condições suficientes para análise de questões,

atuações pedagógicas e auxílio àqueles que possam sentir dificuldade em suas

atividades profissionais.

Na terceira questão, quanto ao tempo de serviço na mesma escola, percebe-

se a dificuldade encontrada pelos professores que atuam em mais de um

estabelecimento, para se organizar na hora atividade, no tempo para preparar aulas

e pesquisas dificultando mais ainda quando existência de disciplinas diferentes.

19

Figura 3 - porcentagem de professores que trabalham numa única escola.

Conforme a figura 3 quando questionados se trabalham em mais de uma

escola, observa-se que 73% (8 professores) trabalham em mais de um

estabelecimento. Isso dificulta o trabalho do professor, pela questão de tempo e

locomoção. Mesmo com hora atividade, sempre surgem dificuldades no preparar

aulas, pesquisar, inovar em alguns momentos dentro da sala de aula. O mesmo já

não se pode dizer dos 27 % (3 professores) trabalham em uma única escola, pois

ficam mais inteirados do que ocorre na escola podendo assim procurar meios de

inovar seus métodos.

Na questão quatro, existência ou não da diferença de metodologia aplicada

aos alunos do curso diurno e noturno, encontramos opiniões claras na existência

dessa diferença, pois a realidade encontrada também é diferente.

Figura 4 - aplicação da metodologia igual ao curso diurno e noturno.

Conforme a figura 4, 64 % (7 professores) opinam que a metodologia deve

ser diferenciada entre o curso diurno e noturno, pois o aluno do curso da manhã tem

mais disponibilidade para pesquisa, estudo e a faixa etária é heterogênea. Na

20

utilização da TV, do pendrive, do vídeo, de aulas práticas e teóricas, a cobrança é

diferenciada das atividades para os alunos do curso noturno devido à falta de tempo,

participação e realização das tarefas; 36% (4 professores) aplicam a mesma

metodologia e acreditam que não deve haver diferenciação entre os períodos.

Na questão cinco – motivo do baixo índice de produtividade encontrado no

ensino médio noturno notou-se a indisciplina como maior fator de problemas

pedagógicos.

Figura 5 - motivos do baixo índice de produtividade.

De acordo com a figura 5, 32 % dos professores (dez professores) afirmaram

que o principal problema pedagógico que gera baixo índice de produtividade é a

indisciplina; 19% (seis professores) afirmaram ser a freqüência irregular às aulas

causados pelo trabalho, pelo desinteresse; 16% (cinco professores) relacionam a

dificuldade ao fato dos alunos serem originados do ensino de jovens e adultos, e que

encontram dificuldades em acompanhar a escrita e entender os conteúdos; 10%

(três professores) relacionam à ausência da família; 10% (três professores)

apontam políticas educacionais inoperantes; 10% ( três professores) falta de

21

recursos humanos na escola e 1% pelo despreparo e incompreensão de alguns

docentes.

Na questão seis, dificuldade em oferecer aulas inovadoras, encontrou-se um

grande índice de falta de expectativa profissional entre os profissionais da educação.

Figura 6 - dificuldades em oferecer aulas inovadoras.

Na figura 6, 37% (quinze professores) responderam que o grande número de

alunos em sala de aula é causa da dificuldade em oferecer aulas inovadoras; 24%

(dez professores) citam a insuficiência da hora atividade como causa para a falta de

planejamento; 20% (oito professores) o desinteresse dos alunos; 12% (seis

professores) o grande número de alunos em sala de aula, principalmente no início

do ano onde as classes são numerosas; 7% (três professores) acreditam que a falta

de material também é impedimento para uma aula inovadora. A culpa não é

somente do educador, mas sim do sistema, porque normalmente o Estado não

apresenta preocupação com a organização do trabalho didático nas escolas. Outro

fator que inibe o trabalho do professor é a falta de incentivo, como o baixo salário, o

número excessivo de alunos em sala de aula, como já foi citado, e a parte física da

escola que muitas vezes não condiz com o planejamento que o professor quer

aplicar para favorecer o aprendizado do educando.

Na questão sete, dificuldades encontradas pelo aluno-trabalhador no ensino

noturno opinam os professores que o ensino por blocos poderia solucionar os

problemas, principalmente porque teria um número menor e mais coesão entre as

disciplinas.

22

Figura 7 - reestruturação do ensino noturno.

Na figura 7, 43% (13 professores) opinam que a melhoria do ensino noturno

viria por meio do ensino por bloco, dando oportunidade também as escolas com

menor número de alunos em salas de aula, resolvendo a maioria das dificuldades

citadas que seriam eliminadas revertendo a evasão; 27% (oito professores) com um

número menor de disciplinas; 20% (seis professores ) com a diminuição no horário

das aulas; e 10% (três professores) acreditam que o ensino deva ser adequado a

realidade do aluno trabalhador .

Cada vez mais a sociedade acorda para a prioridade número um do país.

Todos os dados pesquisados até agora deveriam servir para apontar caminhos que

levem à reversão da atual realidade.

Através de depoimentos dos alunos questionados, pode-se verificar que a

preocupação desses alunos está na formação do professor que irá ensiná-los, mas

sentem-se gratificados por terem quem se dedique a educá-los.

A maioria concorda que é um desafio muito grande voltar aos bancos

escolares depois de certa idade, ou mesmo trabalhar o dia todo e depois ir à escola

estudar.

Na questão oito, localização da moradia dos alunos, dos vinte e nove alunos

pesquisados uma grande maioria mora nos sítios e distrito do município, o que

resulta no atraso, perda de ônibus, submeter-se a condução quando ofertada pelo

município, e nos dias de chuva não terem como se locomoverem até a escola.

23

Figura 8 - localização da moradia dos alunos.

Na figura 8 - dos 29 alunos pesquisados entre as idades de 16 a 30 anos,

todos, estudantes do Ensino médio noturno, quando questionados sobre a distância

que moram do Colégio,verificou-se que 51% (dezoito alunos) moram na cidade; 49%

(dezessete alunos) moram no campo, isto demonstra o interesse que esses alunos

têm em estudar, aprender e se aprimorar para o mercado de trabalho.

Na questão nove, o perfil ocupacional dos alunos reverte em trabalho

assalariado distribuídos entre o setor comercial bóias-fria, saqueiro, autônomo, casa

de família, além dos desempregados e os que nunca tiveram a oportunidade de

trabalhar.

Figura 9 - perfil ocupacional.

Quanto à questão do trabalho, 65% (dezenove alunos) responderam que são

trabalhadores assalariados; 21% (seis alunos) estão desempregados e 14% (quatro

alunos) nunca trabalharam.

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Na questão dez, quando questionados porque voltam à escola, a grande

maioria respondeu para um emprego e conseqüentemente um melhor salário e a

exigência do mercado de trabalho.

Figura 10 - motivo do retorno à escola.

Na figura 10 - quando questionados sobre por que retornam à escola, 69%

(vinte alunos) responderam que era por um emprego e melhor salário e 31 % (nove

alunos) por conhecimento e melhor oportunidade na vida.

Na questão onze – dificuldades de aprendizagem encontradas pelo aluno-

trabalhador, observou-se a falta de tempo para o estudo e o cansaço ao término das

aulas.

Figura 11 - causas da dificuldade de aprendizagem.

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De acordo com a figura 11, 34% (doze alunos) refere –se a falta de tempo

para os estudos devido ao trabalho, época da safra, cansaço , distância da escola;

26%(nove alunos) alegam cansaço após o longo período do término das aulas e o

retorno para casa; 20% (sete alunos) a incompreensão e falta de paciência de

alguns professores com o pouco tempo para realização dos trabalhos escolares;14%

(cinco alunos) muitas aulas teóricas que não traduzem a realidade de suas

aspirações; 6% (dois alunos) troca ou falta de professores.

A importância de ter esses alunos no Ensino Médio Noturno não se mede

pelo número de alunos adultos matriculados e sim, pelo alcance e significado que

essa aprendizagem terá na vida destas pessoas, sobretudo o resgate da divida

social, assumindo sua dignidade humana, promovendo a defesa dos direitos

humanos, despertando e integrando-os na comunidade.

Com base nos resultados levantados, foram organizados os grupos de apoio,

formado por professores, pedagogos e funcionários do Ensino Médio do Colégio

Estadual Cecília Meireles de Sertaneja e pelos participantes do GTR – Grupo de

Trabalho em Rede, integrados pela modalidade de curso à distância, organizado

pela equipe do PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação, da Secretaria de

Estado da Educação do Paraná, cuja participação foi postada no ambiente moodle

(fórum, diário, chat, blog,...) possibilitando interações entre os professores, que

trocaram experiências, enriquecendo o trabalho e potencializando ações. O

professor PDE, num trabalho de tutoria, disponibilizou na biblioteca virtual todo

material elaborado, estudado, pesquisado e implementado, como sugestões para

prática docente.

Os resumos dos encontros seguem descritos abaixo:

Primeiro encontro: A escola pública que queremos.

O assunto abordado foi sobre a escola pública que queremos e, como as

desigualdades educacionais refletem desigualdades sociais e se reforçam umas as

outras. Não é somente descobertas de novas técnicas pedagógicas ou leis que

possam melhorar ou reformar o ensino noturno deixam de afetar o aluno-trabalhador

que procura a escola no período noturno, na grande maioria, decorrente das

necessidades de sobrevivência da família; ou para encontrar seu grupo social; algo

melhor na vida; condições que as empresas impõem ao contratar jovens

trabalhadores; reprovação sucessiva; além da alimentação que necessita completá-

26

la na escola e que embora encontrando a falta de um refeitório para que possa fazer

sua refeição com mais dignidade, em lugar de se alimentar com o prato na mão.

Por outro lado encontra ainda o professor que também se ressente da falta de

tempo para leitura, de uma metodologia diferenciada, da discussão de documentos

que venham ao encontro das necessidades de reflexão da prática docente, o

desânimo e falta de incentivo; a falta de conhecimento da realidade social na qual

estão inseridos os alunos; desconhecimento vocacional; questionamento sobre os

fatores que geram a evasão e repetência escolar; autonomia da escola; a mudança

drástica na maneira com que são feitas as avaliações dos alunos nos Conselhos de

Classe, lugar para “malhar” o aluno onde se aprova sem critérios, com receio da

burocracia e do trabalho que teria em explicações; vários Conselhos e sempre o

mesmo pensamento.

Não encontrando o que procura, acaba por abandonar a escola não vendo

expectativas de prosseguimento de estudos para o ingresso na universidade.

Segundo encontro: Indisciplina: Um desafio para todos os professores.

A discussão versou em torno do texto Indisciplina: Um desafio para todos os

professores. Segundo os autores: Saviani (2005) e Ayres (2004).

A principal abordagem foi a violência no espaço escolar, o desconhecimento

de seus deveres e direitos, a dificuldade de se estabelecer regras de convivência, a

volta do antigo inspetor de alunos, a necessidade de parcerias com setores da

sociedade como: SENAC com a possibilidade de cursos e palestras

profissionalizantes; desenvolvimento de projetos junto às Universidades da região

utilizando alunos estagiários para desenvolverem esse papel de mediador; com o

Ministério Público para esclarecimento junto ao aluno-trabalhador.

Terceiro encontro: Autonomia da escola como contribuição à redução do

fracasso escolar.

O tema apresentado: “Autonomia da escola como contribuição à redução do

fracasso escolar.” Azanha (1995); pautada as seguintes questões: dimensionamento

do papel formativo da escola integradora das experiências como um meio de

instrução capaz de transmitir conhecimentos que sirvam de base para a aquisição

de uma cultura geral determinando o mínimo de conteúdos a serem alcançados no

ensino de cada matéria de modo a assegurar a sua efetiva contribuição à formação

27

geral do aluno trabalhador; ter uma definição da diretriz que se pretende atingir na

escola, com um projeto pedagógico claro, nos limites da ação educativa da escola,

se preocupando com o essencial e indispensável, pois, a escola deve ser um lugar

de atendimento ao aluno trabalhador, que pode e deve ser agradável, mas não de

lazer.

Quarto encontro: Critérios e instrumentos de avaliação e apresentação do

filme: Pro dia nascer feliz.

Iniciou – se com a apresentação do filme: Pro dia Nascer Feliz de João

Jardim e em seguida o texto que serviu de base para a discussão: “Critérios e

instrumentos de Avaliação”. Sant’ Anna (1995) Luckesi (2005).

Realizou-se um debate após a apresentação do filme que retrata, em forma

de documentário, a realidade das escolas de várias regiões brasileiras, de escolas

públicas e privadas, o comportamento das escolas, dos jovens, dos pais e dos

professores e a leitura do texto com o seguinte direcionamento: os professores não

conhecem a realidade do aluno, e por isso não acreditam na capacidade dos

mesmos; faltas dos professores desmotivam os alunos; falta de interesse e

paciência dos professores,

Tanto os jovens da escola pública como os da escola privada, demonstraram

comportamentos semelhantes, nas manifestações de sentimentos, de angústias

próprias da idade, mas diferenças marcantes encontram-se no uso da linguagem,

condição financeira, vestuário, moradia, disponibilidade para os estudos e relação

com a família.

Vive-se numa sociedade heterogênea onde a escola é produto dessa

sociedade capitalista com espaço, limitado e ocupado por poucos e educar é formar

cidadãos pensantes, livres, capazes de viver no mundo que lhes é dado,

reconhecendo-se igual ao outro e essa é a função da escola.

Quinto encontro: Inclusão com o documentário: Vista a minha pele.

A discussão versou sobre a importância da diversificação dos métodos e das

técnicas de ensino para a aprendizagem e a dinamização das aulas e o tema

inclusão com a apresentação do documentário “Vista a minha pele “onde o foco do

debate foram os vários motivos de enfrentamento que muitas vezes acontece em

sala de aula, mostrando que temos muito a avançar”“.

28

Hoje com a escola aberta a toda sociedade, é fundamental a formação

especial aos professores, para que consigam alcançar tais dimensões, com

condições e práticas docentes que atenda a toda essa demanda, pois o profissional

não está preparado para lidar com a diversidade como o racismo, opção sexual,

preconceitos, deficiência, intolerância, homofobia, xenofobia, etc.

A desistência do aluno surge muitas vezes de várias situações e entre elas a

falta de uma metodologia que pode esbarrar no enfrentamento da diversidade, do

aluno ideal, da ordem com carteiras emparelhadas, enfim será que a escola está

preparada para o caos criador, para o lúdico, para as diferenças?

Sexto encontro: Metodologia no ensino Médio Noturno em busca de mudança

de prática.

Com seqüência ao quinto encontro sobre a discussão do tema “Metodologia

no Ensino Médio Noturno” em busca de mudança de prática.

Pressupõe-se que o aluno-trabalhador deveria encontrar uma escola

comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, tendo o

professor como mediador da organização do conhecimento de forma prática e

prazerosa. O que temos é um professor com dificuldades, com conhecimento

insuficiente das novas tecnologias, com limites na construção do novo, na falta de

recursos materiais, ou no conhecimento precário de técnicas didático-pedagógicas

que possam auxiliá-lo no planejamento de uma aula agradável.

Sétimo encontro: O vídeo na sala de aula.

Apresentação do texto: O vídeo na sala de aula, Moran (1995). Sendo

complementado com recortes dos filmes: O Clube do Imperador, Sociedade dos

Poetas Mortos, Tempos Modernos e The Wall.

A discussão permeou a seriedade da utilização desses novos recursos

instrucionais como DVD, TV, data show, como também a utilização dos projetores

de slides, retro projetores, mapas, além do velho quadro negro.

Foi debatida também a importância de um plano de trabalho na utilização de

filmes, da análise, discussão, dramatização de situações e exploração de tópicos

que podem ser trabalhados através dos recortes e utilizados nas mais variadas

disciplinas, e, sua utilização enriquecedora em sala de aula, como recurso

instrucional de maneira correta.

29

Oitavo encontro: Avaliação do Projeto e Sistematização dos trabalhos.

Foi realizada uma avaliação do Projeto, sistematização dos trabalhos para o

segundo semestre, discussão e elaboração de estratégias para conquista de

espaços e tempos para a efetivação de novas práticas pedagógicas na Escola e

avaliação dos limites e das possibilidades.

• O Projeto veio de encontro às necessidades de se propiciar um canal

de reflexão, discussão e ação junto à comunidade escolar que atuam

no Ensino Médio Noturno, reflexão essa que conduz a alguns dados

como:

• O aluno que procura o ensino médio noturno pode ser o aluno-

trabalhador, como aquele que por ter interrompido os estudos não

apresentam a idade própria, por reprovas sucessivas, trabalho

doméstico, convivência com amigos, “facilidade” oferecida nos cursos

noturnos;

• O professor vem cansado também de uma jornada de 40 ou 60 horas

semanais, que chega muitas vezes no seu terceiro turno de trabalho

diário, cansado, enfrenta classe numerosa, heterogênea, com uma

metodologia e conteúdo que nada trás de diferenciado, provocando

desinteresse e o incentivo a conversa entre os alunos;

• O professor precisa enxergar seus alunos de forma diversificada e com

isso auxiliá-los na construção significativa de conhecimentos,

proporcionando, assim promoção, permanência e não evasão e

repetência;

• A escola deve ainda promover ao aluno-trabalhador o acesso e a

utilização das tecnologias de informação e comunicação da internet na

escola, a ocupação de forma estruturada e educativa do tempo livre e

do ”furo“ no horário dos alunos e desenvolver uma política de

aproximação à comunidade, no sentido de integração dos seus

recursos e capacidade;

Sendo assim a sistematização dos trabalhos para o próximo semestre ficou

definido da seguinte maneira:

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• Proposição para que na semana pedagógica um período seja para a

discussão de mudanças e de um novo olhar para o Ensino Médio

Noturno com temas que reflitam as necessidades internas da escola;

• Revisão da Proposta Política Pedagógica;

• Que a equipe pedagógica possa trabalhar junto aos professores com

um pré-conselho, conscientização sobre as mudanças, e metodologia

diferenciada para o próximo conselho e início do semestre;

• Estudo da organização do curso por módulo, mesmo com número

reduzido de alunos;

• Proposição à direção para repasse dos conteúdos realizados no grupo

de apoio, acenando a possibilidade da montagem de curso para

atualização dos professores do Estabelecimento;

• Palestras que instigue os alunos a retratarem a situação que os levam

a reprova/ desistência;

• Proposição aos professores que se imponha na maneira de agir, de

vestir, tendo uma postura que o caracterize como profissional da

educação;

• União das escolas para revezamento dos professores em reuniões,

oportunizando a todos, a participação em reunião, discussão e

conhecimento da realidade da escola;

• Melhor divulgação do Regimento Escolar para que não haja aluno sem

penalidade e professor de “mãos atadas”.

• Proposição ao Estado de avaliação do Professor PSS para que tenha

incentivo e participação em reuniões, etc.;

• Proposição ao Conselho Escolar e Direção para que se faça uma

solicitação de uma ampliação da rede física com a construção de uma

cozinha e um refeitório já que há espaço para isso;

• Que a Direção para que se faça uma solicitação junto as Universidades

e órgãos afins para o desenvolvimento de um trabalho de

esclarecimento junto ao aluno-trabalhador;

• Utilização do “FICA” para os alunos com faltas e com problemas

familiares;

31

• Reunião entre professores e alunos que não alcançaram a média para

debater os problemas e possíveis soluções para a evasão e

repetência;

• Revisão da metodologia, do Plano de Trabalho Docente, do Currículo

da Proposta Política Pedagógica para que sirvam de base para a

aquisição de uma cultura geral determinando o mínimo de conteúdos a

serem alcançados no ensino de cada disciplina, de modo a assegurar a

sua efetiva contribuição à formação geral do aluno trabalhador;

• Ter uma definição da diretriz que se pretende atingir na escola, com

um projeto pedagógico claro, nos limites da ação educativa da escola,

se preocupando com o essencial e indispensável, não utilizando a

avaliação como instrumento de ameaça ou manipulação de notas, mas

sim com uma prática docente voltada para a transformação dinâmica,

crítica e construtiva.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os seguimentos da escola pública necessitam ser revisto como um todo:

currículo, infra-estrutura, corpo docente, alunos e as necessidades de cada um

desse seguimento, pois não são ações isoladas ou grupos de pessoas (sejam

professores, pais ou autoridades) com boa vontade que conseguirão realizar todas

as modificações que esta escola necessita. É preciso, pois:

- Reestruturar a legislação que rege o ensino médio, separando as leis que

regem cursos diurnos daqueles que regem cursos noturnos.

- É urgente que as escolas conheçam melhor os profissionais que nelas

atuam, oferecendo-lhes melhores possibilidades de trabalho.

- A administração , seja de âmbito federal ou estadual, deve também fornecer

às escolas noturnas, além de legislação própria, equipamentos e infra-estrutura de

prédios e instalações

- Os órgãos administrativos devem repensar as situações de trabalho e

salário dos profissionais da educação.

32

- Os professores precisam melhores condições de trabalho, para que possam

também enxergar seus alunos de forma diversificada e com isso auxiliá-los na

construção significativa de conhecimentos, proporcionando, assim promoção,

permanência e não evasão e repetência.

Acreditamos, enfim, que é possível inserir o adulto num projeto educativo

novo, voltado para e com o povo, partindo do seu existir concreto, e no cumprimento

de seus direitos. É possível e necessário que os jovens e adultos ocupem os

espaços e conquistem outros na estrutura social vigente.

Paralelo ao estudo realizado ofertou-se um curso de 32 horas, coordenado

pela professora PDE, com a intenção de apoiar a implementação do projeto onde as

idéias apresentadas em linhas gerais neste trabalho nos levam a considerar alguns

pontos importantes como a necessidade de se discutir o tema repetência / evasão

escolar. Proposta de mudanças para o Ensino Médio Noturno, análise de uma grade

curricular, o tempo perdido do aluno evadido no seu retorno, sem que com isso se

torne precária as práticas pedagógicas e que atenda efetivamente as necessidades

da formação intelectual e tudo que se diz respeito ao atendimento adequado em

relação ao aluno do ensino médio noturno.

A realização deste estudo e das intervenções permitiu concluir que o trabalho

só está começando, e a muito por fazer. Dinamizar a aula, expandi-Ia em seu

potencial e em suas condições, em diversificação de métodos e motivações, em

alternativas e formas de ensinar para que haja aprendizagem são solicitações

legítimas dos professores e de seus alunos: solicitações que se renovam a cada dia

das séries ou dos ciclos escolares.

Construir uma aula mais interessante com propostas de conhecer os alunos

envolvê-los em desafios, conhecer suas idéias, implica cuidado e trabalho especial

com o planejamento. Nada vem pronto. É preciso estudar, testar, repetir várias

vezes, estar aberto a novas experiências e não entender a criatividade como coisa

feita às pressas, improvisada, sem ser planejada. Se os métodos e técnicas forem

utilizados de maneira correta, servirão como excelente ferramenta para o benefício

da aprendizagem.

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11 REFERÊNCIAS

____________ (1981) Plano escolar anual da Escola de Aplicação da USP. In: GORDO, N. Relatório das atividades da Escola de aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, revista da Faculdade de Educação da universidade de São Paulo, v.18.

AYRES, Antonio Tadeu. Prática pedagógica competente: ampliando os saberes do professor. Petrópolis: Vozes, 2004.

AZANHA. J.M.P. (1995) Educação: temas... polêmicos. São Paulo: Martins Fontes.

CARVALHO, Célia P. Ensino Noturno: realidade e ilusão -7 ed. – São Paulo, Cortez, 1994.

KUENZER, Acácia. (org.). Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez. 2005.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. – 17 ed. - São Paulo: Cortez, 2005.

MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação & Educação. São Paulo, ECA - Ed. Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995 -

PATTO, M.H.S. A produção do fracasso escolar: história da submissão e rebeldia. São Paulo: T.A.Queiroz, 1996.

RANGEL, Mary. Métodos de ensino para a aprendizagem e a dinamização das aulas - Campinas, SP. Papirus, 2007 - (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e instrumentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

SAVIANI, D. O trabalho como princípio educativo frente às novas tecnologias. In: FERRETI, Celso João [et al] – Tecnologias, trabalho e educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.