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1 IDENTIDADE FAMILIAR 24 de agosto.de 2014 Para a psicologia, todo filho é adotivo, mesmo quando criado pelos genitores. Em algum momento, os pais adotam aquela criança, sentindo-se responsáveis pelo seu bem estar e proteção. Por questões sociais diversas, nem sempre isso é possível, e muitas crianças e adolescentes estão sob tutela do Estado, destituídos do vínculo com a família biológica. A adoção passa a ser, então, uma possibilidade de resgatar o direito destas crianças de crescer em um ambiente familiar. É um encontro, de um casal ou de uma pessoa que deseja se tornar pai ou mãe, com uma criança que não pode crescer com sua família de origem. Adoção não é caridade nem filantropia, mas sim outra forma de se constituir uma fàmília. Mais do que laços de sangue e herança genética, uma família é determinada pelos vínculos afetivos. Pais adotivos também se vêem em seus filhos, não na semelhança física, mas pela construção de identidade da criança, pelo conhecimento transmitido e pelos vínculos de amor, que nos aproximam e nos unem. A percepção de quem somos se inicia através do outro, só nos constituímos como pessoas através dos cuidados e do olhar de alguém. A família é parte fundamental da construção da identidade de cada um, lugar onde buscamos nossas referências. Alguém faz parte de uma família por ter sido criado em um determinado sistema de valores, pela confiança que sente nos pais, pela certeza de poder contar com estas pessoas em diferentes momentos de sua vida. Optar pela adoção é construir uma parentalidade universal, e para adotar é preciso entender que o modelo biológico talvez não se repita.

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  • 1IDENTIDADE FAMILIAR

    24 de agosto.de 2014

    Para a psicologia, todo filho adotivo, mesmo quando criado pelosgenitores. Em algum momento, os pais adotam aquela criana, sentindo-seresponsveis pelo seu bem estar e proteo.

    Por questes sociais diversas, nem sempre isso possvel, e muitascrianas e adolescentes esto sob tutela do Estado, destitudos do vnculocom a famlia biolgica. A adoo passa a ser, ento, uma possibilidade deresgatar o direito destas crianas de crescer em um ambiente familiar. umencontro, de um casal ou de uma pessoa que deseja se tornar pai ou me,com uma criana que no pode crescer com sua famlia de origem.

    Adoo no caridade nem filantropia, mas sim outra forma de seconstituir uma fmlia. Mais do que laos de sangue e herana gentica,uma famlia determinada pelos vnculos afetivos. Pais adotivos tambm sevem em seus filhos, no na semelhana fsica, mas pela construo deidentidade da criana, pelo conhecimento transmitido e pelos vnculos deamor, que nos aproximam e nos unem. A percepo de quem somos seinicia atravs do outro, s nos constitumos como pessoas atravs doscuidados e do olhar de algum.

    A famlia parte fundamental da construo da identidade de cada um,lugar onde buscamos nossas referncias. Algum faz parte de uma famliapor ter sido criado em um determinado sistema de valores, pela confianaque sente nos pais, pela certeza de poder contar com estas pessoas emdiferentes momentos de sua vida. Optar pela adoo construir umaparentalidade universal, e para adotar preciso entender que o modelobiolgico talvez no se repita.

  • 2Seguindo o que j acontece em outros pases, a cultura da adoo est semodificando no Brasil. H alguns anos se repetia o formato biolgico,procurando 'uma criana para se adaptar e encaixar ao casal adotante.Atualmente busca-se uma famlia para a criana que est vivendo sob tutelado Estado. A mudana de conceito faz toda a diferena, pois a necessidadee vulnerabilidade maior so da criana, que precisa ser integrada e assistidapara se constituir como ser humano e cidado.

    Estima-se que oitenta mil crianas estejam vivendo em abrigos no nossopas, mas nem todas podem ser adotadas. Muitas se encontram em umaespcie de limbo jurdico, aguardando uma definio sobre suas vidas peloPoder Judicirio, outras passam da idade desejada pelos adotantes eacabam crescendo nos abrigos at atingirem a maioridade. Nossos abrigosesto cheios de grupos de irmos, de diversas idades, com problemas dedesenvolvimento, falta de estmulo nos primeiros anos de vida, e dificuldadeem confiar e em se vincular novamente.

    As crianas disponveis nem sempre possuem as mesmas caractersticasfsicas dos pretendentes a adoo, talvez no se encaixem no modelopensado inicialmente pelos pais adotivos, mas isso no um impedimento,e sim mais um fator para a reflexo sobre a adoo e sobre as motivaesinternas antes de optar por este caminho. necessrio trabalhar os prpriospreconceitos e desfazer medos e angstias para formar uma famlia em queas palavras de unio sejam aceitao e apoio. Os pais funcionam comoancoragem, so a sustentao da criana em formao. Quanto maisseguros estiverem sobre os laos que unem a famlia, mais trataro aadoo com transparncia, possibilitando o fortalecimento da confiana e aconstituio dos vnculos afetivos.

    importante falar com naturalidade sobre a adoo e sobre as origens dacriana, deixar um canal aberto de comunicao para que perguntas sejamfeitas, em diferentes momentos e idades. Quando os pais no falam sobre aadoo e no respondem s perguntas da criana, passam a impresso deque se envergonham das origens de seu filho, fazendo com que a crianatambm se sinta envergonhada por ter sido adotada. preciso sempreesclarecer e fortalecer o conceito de que filho filho, a adoo foi apenas aforma como ele chegou at os pais.

    Fonte: www.psicologiadaadocao.com.br

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