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Filosofia 1. Dimensões da acção humana e dos valores 3.1. A dimensão ético-política - Análise e compreensão da experiência convivencial A dimensão ética é o domínio da ação voluntária e intencional orientada por princípios, visando a dignificação e o aperfeiçoamento dos seres humanos e por valores ético-morais, como bem/mal, justo/injusto, correto/incorreto, propostos pela consciência moral: Capacidade interior de orientação e avaliação da ação com base em princípios e valores autoimpostos e racionalmente justificados. É a dimensão autónoma da determinação da ação (sem coação externa). Esta vivência guiada por valores e normas impostas pela consciência moral define o indivíduo como um ser ético- moral e caracteriza uma ação como ação moral. A decisão deve ser tomada em função do dever de respeitar o compromisso assumido. Podemos dizer que o ser humano pode agir segundo: Orientações resultantes de códigos de conduta exteriores (códigos jurídicos em vigor), dos padrões sociais adotados pelo seu grupo de pertença Orientações autoimpostas, isto é, interiorizadas pela sua própria consciência. Ação moral – As ações realizadas pelo agente que, livre e voluntariamente, aceita o apelo da própria consciência, respeitando as normas, por ela impostos para se dignificar e aperfeiçoar como ser humano e promover a sua humanidade e a de todos os outros, de modo a viver e conviver melhor. Moralidade – é o esforço para orientar a nossa conduta por princípios racionalmente justificados, tendo em conta tanto os nossos interesses como os interesses de todos os que serão afetados pelas nossas ações. Um ser ético-moral: Considera imparcialmente os seus interesses e os interesses de todos os que serão afetados pelas suas ações Reconhece princípios éticos de conduta Experiência Convivencial Página 1

Dimensões Da Acção Humana e Dos Valores

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Filosofia , Dimensão da ação humana e dos valores

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Filosofia

1. Dimenses da aco humana e dos valores

3.1. A dimenso tico-poltica - Anlise e compreenso da experincia convivencial

A dimenso tica o domnio da ao voluntria e intencional orientada por princpios, visando a dignificao e o aperfeioamento dos seres humanos e por valores tico-morais, como bem/mal, justo/injusto, correto/incorreto, propostos pela conscincia moral:

Capacidade interior de orientao e avaliao da ao com base em princpios e valores autoimpostos e racionalmente justificados. a dimenso autnoma da determinao da ao (sem coao externa).

Esta vivncia guiada por valores e normas impostas pela conscincia moral define o indivduo como um ser tico-moral e caracteriza uma ao como ao moral.

A deciso deve ser tomada em funo do dever de respeitar o compromisso assumido. Podemos dizer que o ser humano pode agir segundo:

Orientaes resultantes de cdigos de conduta exteriores (cdigos jurdicos em vigor), dos padres sociais adotados pelo seu grupo de pertena

Orientaes autoimpostas, isto , interiorizadas pela sua prpria conscincia.

Ao moral As aes realizadas pelo agente que, livre e voluntariamente, aceita o apelo da prpria conscincia, respeitando as normas, por ela impostos para se dignificar e aperfeioar como ser humano e promover a sua humanidade e a de todos os outros, de modo a viver e conviver melhor.

Moralidade o esforo para orientar a nossa conduta por princpios racionalmente justificados, tendo em conta tanto os nossos interesses como os interesses de todos os que sero afetados pelas nossas aes.

Um ser tico-moral:

Considera imparcialmente os seus interesses e os interesses de todos os que sero afetados pelas suas aes

Reconhece princpios ticos de conduta

No se deixa guiar por impulsos, mas escuta a razo mesmo que isso implique rever as suas convices

Age com base nos resultados da sua deliberao independentemente de presses exteriores, fazendo escolhas autnomas

Guia-se por valores e ideais que reconhece como certos bons para se tornar um melhor ser humano.

Boas aes todas as aes apropriadas nossa condio de seres racionais, isto , as que promovem a humanidade, a nossa e a de todos os outros, permitindo-nos viver e conviver melhor.

Ms aes todas as aes que no nos convm: as aes que nos diminuem por se revelarem contrrias quilo que somos, ou melhor, quilo que devemos ser.

1.1.1. Inteno tica e norma moral

Inteno e norma:

Para a moralidade de uma ao no basta o acordo externo com a norma, fundamental a inteno, pois, s toma uma deciso tica (faz uma ao moral) o indivduo que respeita o fim que definiu como bom (ser honesto), ainda que s ele saiba qual a verdadeira inteno da sua opo.

No domnio da moralidade cada indivduo:

S tem que prestar contas sua prpria conscincia, nica autoridade que o guia perante a qual tem de responder, ainda que haja presso social

responsvel pelos seus atos uma vez que tem possibilidade de fazer escolhas.

Norma (def.): um guia da ao; no absoluta (pode ser revista) e quando conduz a impasses prticos deve recorrer-se inteno tica para os aplicar e at reformular;

- institucionalizada, supra pessoal, exterior ao indivduo e interiorizada;

- Integra-se em cdigos, servindo de modelos de avaliao das aes;

- Tem subjacente a si um conjunto de valores socialmente legitimados;

- imperativa (obriga) porque expressam valores em que o indivduo e a sociedade acreditam;

- Do ponto de vista do sujeito, exprime a coincidncia dos cdigos morais exteriores interiorizados com a autodeterminao do sujeito moral.

regra socialmente estabelecida que serve de padro para a aco.

As normas morais so fruto da exigncia da sociedade para regular as aces e relaes entre os seus membros, da ter uma dimenso social. E a deciso de seguir as normas morais um acto de liberdade e cabe a cada um de ns agir ou no agir segundo uma norma moral, e o desrespeito pelas normas morais da nossa inteira responsabilidade, tendo cada um responder por isso. E ao furtar-se do cumprimento das normas, o individuo responde perante a sociedade se ela assim o exigir, ou perante si prprio. Porque cada acto moral exige o sujeito dotado de conscincia moral, da a moral ter um carcter pessoal, que tem a ver com o modo interiormente nos relacionamos com as normas da sociedade, e de as aceitar como boas ou ms mediante de um processo pessoal de deciso racional e livre designado por conscincia moral. Que uma espcie de tribunal que permite distinguir o bem do mal e que avalia os meus actos compensando ou castigando mediante de sentimentos agradveis e de satisfao ou de vergonha e remorsos.

Inteno (def.): uma inclinao conscientemente aceite e assumida pelo sujeito tico;

- Visa a realizao de algo; sempre ativa;

- Representa o lado pessoal e ntimo da ao;

- da responsabilidade do sujeito, remetendo para a autonomia;

o julgamento ntimo que cada um faz do que permitido e do que proibido.

Fim aquilo para que todas as aes tendem

Princpios de avaliao das aes segundo a inteno tica.

- 1 Princpio: se o motivo que leva a agir mau, nenhuma ao praticada moralmente boa, por melhor que se apresente externamente.

- 2 Princpio: se o motivo que leva a agir mau, uma m ao torna-se ainda pior.

- 3 Princpio: se uma inteno boa, isso no basta para conseguir que uma m ao se torne boa.

Caractersticas da ao moral:

Liberdade moral traduz a obrigao da pessoa, ou sujeito moral, de orientar-se pela prpria razo, isto , pelos valores e ideais que este reconhece como bons, a partir dos quais estabelece os fins ou as metas que do sentido sua existncia

Responsabilidade moral expressa o reconhecimento da autoria da ao e a obrigao de responder perante a prpria conscincia.

Carter pessoal da Moral.

- Cada sujeito moral livre de seguir ou no as normas morais tendo de suportar a responsabilidade da sua opo.

- Cada agente moral adota as normas morais gerais e abstratas aos casos particulares e concretos.

- Entre diferentes normas de atuao, cada sujeito moral escolhe a que melhor se adapta ao caso que experimenta.

- Se ocorrerem circunstncias em que no h normas que orientem a conduta, cada um tem de inventar como agir.

Moral e tica:

Enquanto ns decidimos e agimos, somos seres morais; quando pensamos nas nossas determinaes e aes, estamos no campo da tica.

O termo moral, de acordo com a etimologia, diz respeito ao conjunto de regras que exprimem os modos de ver, pensar e sentir normalizados de uma sociedade e que orientam os indivduos na prtica do que se considera ser bom ou desejvel.

Moral corpo de normas ou de regras que regem os comportamentos dos indivduos de modo a procederem de harmonia com o que numa sociedade tido como dever ou como bem.

- As normas e os princpios morais revestem-se de carter prescritivo/imperativo que, vigentes numa determinada sociedade, so interiorizados pelos seus membros, antes de qualquer reflexo sobre o seu significado ou importncia.

- objeto da tica ao nvel da sua fundamentao proporcionando tica um conjunto de cdigos e normas sobre as quais reflete.

O termo tico est tambm relacionado com os costumes. Remetendo igualmente para a ao apresenta um significado mais conotado com a inteno ou com a finalidade dos atos do homem. Centrando-se nas intenes de um sujeito moral, a tica procura a razo de ser das aes humanas e das normas.

tica reflexo sobre os atos humanos e sobre as regras morais que os norteiam para lhes determinar o fundamento que permite avali-los em termos de bem e de mal.

- uma reflexo sobre a esfera moral da conduta humana, tendo por finalidade encontrar o agir bem, a vida orientada pelo bem.

- Prope-se encontrar o sentido da vida com vista sua realizao.

- A tica fornece a justificao e a validao da moral, influenciando os comportamentos e as atitudes.

-Analisa a natureza, funo e valor dos juzos morais.

TICA

MORAL

Responde questo: que princpios devem orientar a vida humana?

Analisa os princpios que regem a constituio das normas orientadoras da ao e os respetivos fundamentos (razes justificadoras); reflete sobre os fins que do sentido vida humana:

Princpio: a vida humana tem um valor incalculvel

A tica pergunta:

Por que razo no permitido matar, ou seja, que valor ou princpio justifica a proibio?

Ou ainda:

O que o bem? Por que razo devemos agir moralmente?

Responde questo: que devo fazer ou como devo agir em tal circunstncia concreta?

Designa o conjunto das normas obrigatrias (imperativos e interditos) estabelecido no interior de um grupo, sociedade ou cultura para orientar a ao.

A norma moral responde: no se deve matar.

Analisa os problemas prticos e as dificuldades que a sua realizao coloca.

Importncia da tica para a vida.

- Promove avaliaes morais mais justas.

- Fundamenta racionalmente as nossas decises.

- Suscita o autoconhecimento e o auto-aperfeioamento otimizando o discernimento em matria de moral individual e no mbito da moral pblica.

- Atravs da reflexo revela-se um recurso importante em face de dilemas morais (conflitos de valores).

Disciplinas ticas:

-tica normativa:

A palavra deriva do grego ethos, que significa hbito ou costume. O termo usado em sentidos prximos, mas que se deve distinguir para evitar confuses:

tica normativa: a investigao racional ou teoria dos padres do correcto e do incorrecto, do mal e do bem, a respeito do carcter e da conduta, que uma classe de indivduos deve aceitar.

Essa classe pode ser a humanidade em geral, mas tambm podemos pensar na tica mdica, tica empresarial, etc., como um conjunto de padres que os profissionais em questo devem aceitar e observar.

Este tipo de investigao e a teoria que dele resulta (exemplos conhecidos so a tica kantiana e a tica utilitarista) no descrevem o modo como as pessoas pensam ou se comportam, mas prescreve como devem pensar ou comportar-se. Chama-se assim tica normativa, visto que o seu principal objectivo formular normas legtimas de conduta e para a avaliao do carcter. O estudo de como se deve aplicar as normas e os padres gerais a situaes problemticas reais chama-se tica aplicada.

Hoje em dia, a expresso teoria tica frequentemente usada neste sentido. Grande parte do que se chama filosofia moral tica normativa ou aplicada.

- tica aplicada:

A tica aplicada uma das reas onde a filosofia, praticada na sua melhor tradio argumentativa, demonstra a sua fecundidade como instrumento de abordagem a alguns dos grandes problemas da humanidade. A filosofia uma actividade viva, caracterizada pelo estudo minucioso dos problemas e pela tentativa de produzir respostas convincentes aliceradas em argumentos slidos.

A tica Aplicada/tica Prtica, procura enfrentar alguns dos grandes desafios ticos do nosso tempo. Trata-se dos desafios ticos impostos pela fome no mundo, pelo equilbrio ecolgico do planeta, pela exigncia de igualdade e pela moderna cincia mdica, entre outros. Que posies poderemos defender com respeito eutansia e ao aborto? E relativamente aos refugiados e ajuda internacional aos pases do Terceiro Mundo? E quanto aos animais? Teremos o direito de os fazer sofrer s para satisfazer o nosso prazer? Que desafios nos levanta uma sociedade verdadeiramente igualitria?

- Meta-tica:

Meta-tica: tipo de investigao ou teoria filosfica, distinto da tica normativa, tambm chamada anlise tica. Tem essa designao porque toma os conceitos ticos, proposies e sistema de crenas como objectos da investigao filosfica. Analisa os conceitos de correcto e incorrecto, de bem e mal, a respeito do carcter e da conduta, e conceitos relacionados como, por exemplo, a responsabilidade moral, a virtude, os direitos, etc. A meta-tica tambm inclui a epistemologia moral: o modo pelo qual as verdades ticas podem ser conhecidas (se que o podem), e a ontologia moral: saber se h uma realidade moral que corresponde s crenas morais, etc. As questes sobre se a moralidade subjectiva ou objectiva, relativa ou absoluta, e em que sentido o , inserem-se nesta rubrica.

O termo latino moralis foi usado por Ccero como um equivalente do grego ethicos e por este motivo que em muitos contextos moral/tico, moralidade/tica, filosofia moral/tica so pares de sinnimos. Mas o uso diversificado e o par tambm usado para marcar vrias distines. Por exemplo, alguns autores usam moral em relao conduta e tica em relao ao carcter.

O sujeito moral a pessoa.

Caractersticas:

- Singularidade;

- Dignidade;

- Liberdade;

- Abertura;

- Proximidade;

- Compromisso;

- Crtica.

Teorias ticas e a Ao.

- Os princpios ticos so critrios para caracterizar aes particulares como certas ou erradas, boas ou ms;

- Os princpios ticos so o critrio fundamental de correo moral das normas que regulam os nossos atos;

- Os princpios ticos so fundamentais para decidir situaes de conflito entre normas morais;

- Os princpios ticos definem como devemos viver para promover um determinado bem.

3.2. A dimenso pessoal e social

O ser humano um ser social, por isso, a sua existncia individual s se realiza e ganha sentido na vivncia partilhada com os outros e a realizao de cada um supe a realizao de todos os outros. Assim, a ao moral tem de adotar um posicionamento no apenas individual mas comunitrio, colocando-se na perspetiva da universalidade do agir.

Caractersticas da ao moral:

Est orientada para um fim, que um bem.

voluntria e intencional.

suscetvel de juzo, isto , pode ser avaliada em termos de bem ou de mal.

Adota um posicionamento no apenas individual, mas comunitrio, de tal modo que o agente, partindo do seu ponto de vista e colocando-se no ponto de vista do outro, chegue perspetiva da universalidade do agir.

O Desenvolvimento da Moral

- A teoria dos seis estdios de Lawrence Kohlberg:

- Cada estdio distinto, qualitativamente, dos restantes;

- Cada estdio corresponde a sistemas de pensamento que exprimam o modo como cada sujeito moral pensa sobre questes morais.

- O raciocnio sobre questes morais est intimamente associado idade do sujeito moral.

Juzos morais:

Os juzos morais tm que ter em conta tanto os nossos interesses como os interesses de todos os outros. A moral deve definir princpios universais reguladores da convivncia social que privilegiem o altrusmo, a solidariedade, a cooperao e o bem-estar coletivo, deve estabelecer direitos e deveres de cada um e propor fins para a realizao pessoal e social do individuo.

Juzos morais so proposies que expressam a avaliao das aes a partir da adoo de um determinado padro ou critrio valorativo.

- O problema do juzo moral o problema dos critrios da moralidade, do seu valor, do valor da sua universalidade.

- A ao moral decorre sempre debaixo de circunstncias - tempo e lugar (espao).

- A ao sempre situada espcio-temporalmente e cultural e axiologicamente condicionada.

- O problema do juzo moral resulta da aplicao da norma moral, universal e abstrata, ao caso concreto. (problema da validade da norma moral perante conflito de valores)

Emitir um juzo moral:

Exige compreenso dos factos: nem sempre fcil porque h o risco de nos deixarmos influenciar pelos nossos desejos ou preconceitos

Envolve um conjunto de princpios ticos: a vida humana sagrada, os seres humanos tm igual dignidade, no devemos descriminar nenhum ser humano

Exige imparcialidade: tratar todas as pessoas como iguais.

Se:

A existncia individual s se realiza e ganha sentido na vivncia partilhada com os outros

A realizao de cada indivduo supe a realizao de todos os outros.

Ento, para promover a vida social e a adoo de valores comuns a tica deve:

Definir princpios universais reguladores da convivncia social.

Estabelecer os direitos e os deveres de cada um.

Propor fins para a realizao pessoal e social do indivduo.

O problema da justificao dos juzos morais.

- 1 Teoria - O subjetivismo moral.

H razes que podem levar-nos a aceitar o subjetivismo moral:

1. O subjetivismo moral torna possvel a liberdade. O subjetivista pode alegar que, se as distines entre o certo e o errado forem fruto dos sentimentos de cada pessoa, ento sero imposies exteriores que limitam as possibilidades da ao de cada indivduo. Pressupe, portanto, que agimos livremente apenas quando damos voz aos nossos sentimentos e agimos de acordo com eles.

2. O subjetivismo promove a tolerncia entre pessoas com convices morais diferentes. Quando percebemos simultaneamente que as distines entre o certo e o errado dependem dos sentimentos de cada pessoa, e que os sentimentos de uma no so melhores nem piores que os de outra, tornamo-nos mais tolerantes para aceitar como legtimas as opinies e as aes que vo contra as nossas preferncias.

Aplica-se mais aos valores ticos. Estando em dvida sobre se temos razes slidas para acreditar numa das duas teorias, o relativismo tem vantagem de promover a tolerncia entre indivduos e comunidades.

- As crticas ao subjetivismo moral.

1. O subjetivismo permite que qualquer juzo moral seja verdadeiro.

Se uma pessoa pensa que devemos torturar inocentes, ento para essa pessoa verdade que devemos torturar inocentes. Se uma pessoa pensa que errado ajudar os outros, ento para essa pessoa verdade que errado ajudar os outros. Assim, o subjetivismo parece fazer da tica um domnio completamente arbitrrio. luz desta teoria, nenhum ponto de vista por muito monstruoso ou absurdo que seja, pode ser considerado realmente errado ou pelo menos pior do que pontos de vista alternativos.

Imaginemos que algum nos diz que maltratar pessoas de raas diferentes da nossa correto porque somos superiores. Discordamos e afirmamos que isso no correto. Se aceitarmos o subjetivismo moral, teremos de aceitar que a nossa opinio no melhor nem pior do que a da outra pessoa. Isto porque na tica no h verdades nem falsidades independentes daquilo que as pessoas pensam. S h opinies diferentes. Mas ser que estamos dispostos a aceitar isto? Imaginemos que uma pessoa acredita poder sacrificar outra pessoa apesar de estar ser uma pessoa saudvel e normal, para salvar o seu filho, que precisa de um transplante de corao. Ser que neste caso tambm estamos dispostos a pensar que tudo uma questo de opinio, ou, pelo contrrio, acreditamos que ela realmente no pode fazer isso? Quem pensa que ela realmente no pode matar para salvar o seu filho tem de rejeitar o subjetivismo. Isto porque est a supor que existem falsidades e verdades no domnio dos juzos morais que no dependem dos sentimentos de aprovao ou reprovao de quem faz o juzo.

2. O subjetivismo compromete-nos com uma educao moral que consiste apenas em ensinar que devemos agir de acordo com os nossos sentimentos.

Se educarmos as crianas de acordo com a perspetiva subjetivista, teremos de ensinar-lhes apenas a seguir os seus sentimentos, a orientar-se em funo daquilo de que gostam. Teremos de lhes dizer que qualquer comportamento que venham a ter aceitvel bastando para isso que estejam de acordo com os seus sentimentos. Se uma criana tiver um sentimento profundamente negativo em relao escola, provavelmente pensar que no h mal algum em faltar s aulas. E o subjetivista ter de aceitar que, para ela, verdade que no h mal algum em faltar s aulas.

3. O subjetivismo tira todo o sentido ao debate racional sobre questes morais.

Para o subjetivista, as noes do certo e errado, bem e mal, so criaes dos indivduos que resultam apenas das suas preferncias, desejos ou sentimentos. Assim, um subjetivista ter de acreditar que qualquer tentativa de debater racionalmente uma questo moral perfeitamente intil, uma vez que no h qualquer verdade independente dos sentimentos de cada indivduo que possa ser demonstrada atravs do debate. Cada indivduo limitar-se- a defender as posies que estiverem de acordo com os seus sentimentos. Se o Miguel seguir princpios racistas, de nada servir tentar mostrar-lhe que est errado, at porque, de acordo com o subjetivismo, nunca possvel que estejamos enganados em questes morais. Se o Miguel disser que devemos tratar os brancos como inferiores, sentindo intensamente que isso est certo, ento a afirmao Devemos tratar os brancos como inferiores est realmente correta para ele, verdadeira para ele. O Miguel no est nem mais nem menos enganado que algum que pense o contrrio. E, se o Miguel tem razo do seu ponto de vista, ento ficamos sem motivos para tentar mudar a sua opinio no temos motivos para argumentar racionalmente quando se trata de resolver questes morais. O subjetivismo torna absurdo qualquer esforo racional para encontrar os melhores princpios ticos e para os justificar perante os outros.

4. O subjetivismo no consegue explicar a existncia de desacordos morais.

Imaginemos que o Joo e a Maria esto a discutir o problema de saber se o aborto moralmente aceitvel. O Joo afirma: O aborto profundamente errado. E a Maria responde: O aborto no tem nada de errado. Estamos perante duas afirmaes inconsistentes, pois no podem sem ambas verdadeiras. Entre o Joo e a Maria existe um claro desacordo acerca da permissividade do aborto. S que, para o subjetivista, cada um dos seus juzos significa, respetivamente o seguinte:

- O Joo reprova o aborto.

- A Maria no reprova o aborto.

Ora, estas duas afirmaes no so inconsistentes. Por isso, parece que no traduzem corretamente as afirmaes iniciais do Joo e da Maria, que so inconsistentes. Aceitando a traduo, teramos de dizer que no existe qualquer desacordo entre eles. Afinal, o Joo e a Maria esto de acordo quando ao facto de o Joo reprovar o aborto e quando ao facto de a Maria no o reprovar. Mas no esto de acordo quando permissividade do aborto. Deste modo, quando o Joo diz: O aborto profundamente errado isso no significa O Joo reprova o aborto, pois nesse caso a sua afirmao no seria inconsistente com a da Maria.

Admitindo que existem desacordos morais, parece assim que o subjetivismo falso, ou seja, afinal no podemos entender os juzos morais como proposies sobre os sentimentos de aprovao ou reprovao de cada indivduo.

Funes e importncia da conscincia moral:

Conscincia moral - Capacidade interior de orientao e avaliao da ao com base em princpios e valores autoimpostos e racionalmente justificados. a dimenso autnoma da determinao da ao (sem coao externa).

esta vivncia social humana que permite a formao da conscincia moral que uma capacidade interior de orientao, de avaliao e de crtica do modo como vivemos. A conscincia moral desenvolve-se medida que o indivduo interioriza as regras e os padres do grupo (heteromonia), e vai amadurecendo medida que o indivduo se auto determina a agir por princpios racionalmente justificados (autonomia), assumindo-se como uma capacidade interior de orientao e de avaliao da conduta.

Heteromonia significa seguir uma norma proveniente do exterior.

Autonomia significa a capacidade de estabelecer e seguir normas do seu prprio agir.

O sentimento de tranquilidade que o de remorso ou inquietao so o resultado daquilo que dita a nossa conscincia moral, ou seja, a voz interior ou juiz que nos alerta, censura, reprime e diz sim ou no. Essa conscincia no inata, isto , no nasce connosco. Vai-se adquirindo e desenvolvendo medida que a criana vai interiorizando as noes de bem e de mal, as normas de comportamento, primeiro por medo de castigo e depois por livre vontade.

A conscincia moral desempenha simultaneamente as mais diversas funes: antes da aco (conscincia antecedente) legisladora e guia; durante a ao (conscincia concomitante), fora estimulante e moderadora; depois da ao (conscincia consequente) testemunha e juiz.

A formao da conscincia moral individual pressupe, assim, o contacto e a interao com o outro. No nascemos pessoas, tornamo-nos pessoas.

A moralidade requer que sejamos altrustas.

Egosmo psicolgico considera que todos os comportamentos humanos so motivados pelo egosmo, apoiando-se nos seguintes argumentos: fazemos sempre aquilo que mais desejamos fazer, fazemos o que nos faz sentir bem.

O egosmo psicolgico uma perspectiva descritiva, segundo a qual agimos sempre unicamente em funo daquilo que julgamos ser do nosso interesse.

So exemplos desse tipo de aces, por perfume (neste caso com o intuito de cheirar bem), e usar roupa que esteja na moda (agora com a finalidade de socializar).

Como j foi dito, este teoria diz-se descritiva; isso deve-se ao facto desta procurar caracterizar o que realmente motiva os seres humanos, no avaliando essas motivaes como certas ou erradas.

Argumentos

Dois argumentos a favor do egosmo psicolgico:

1-Quando agimos voluntariamente, fazemos sempre aquilo que mais desejamos. Por isso, somos todos egostas.

2-Sempre que fazemos bem aos outros, isso d-nos prazer. Por isso, s fazemos bem aos outros para sentirmos prazer. Ora, isso o mesmo que dizer que somos todos egostas.

Deste modo, aos olhos de um defensor do egosmo psicolgico, qualquer acto aparentemente altrusta esconde um motivo egosta.

Consideremos um exemplo:

Caso uma pessoa salve heroicamente uma criana de se afogar no mar, arriscando a sua prpria vida, segundo o egosmo psicolgico, essa aco foi resultado de uma motivao egosta, que neste caso era parecer corajoso aos olhos dos outros.

Crticas aos argumentos:

Porm, em ambos os argumentos, a premissa no sustenta a concluso. O que nos vai remeter para as crticas.

Face ao primeiro argumento, podemos levantar a seguinte questo, Ento e nas situaes em que fazemos coisas que no queremos porque so um meio necessrio para um fim que queremos atingir? exemplo destas situaes tomar xarope; alguns deles tm um sabor desagradvel, mas apesar disso, as pessoas tomam-no mesma porque sabem que lhes vai fazer bem.

Relativamente ao segundo argumento, emergem perguntas como, Ento e quando algum faz alguma coisa contra a sua vontade? Este tipo de situaes so comuns, e portanto, passveis de serem observadas no nosso quotidiano. Um exemplo possvel apostar dinheiro. Em caso de derrota, o perdedor sente-se obrigado em cumprir a aposta, apesar de isso ir contra a sua vontade.

Crticas Gerais ao Egosmo Psicolgico: por vezes fazemos coisas que no queremos fazer porque so um meio necessrio para um fim que queremos atingir; quase todas as aes ditas altrustas produzem um sentimento de auto-satisfao na pessoa que as realiza.

Egosmo tico considera que sim, defendendo que o nosso nico dever fazer o melhor para ns mesmos. Por vezes, pode acontecer que o melhor para ns coincida com o melhor para os outros, mas o objetivo sempre e unicamente a promoo do bem pessoal, da esfera privada.

O egosmo tico diz como devemos comportar-nos; nesse sentido, uma teoria normativa. Para esta vertente, o nosso nico dever primitivo fazer o melhor para ns mesmos. Assim, esta perspectiva considera o interesse prprio como um princpio moral fundamental.

Deste modo, aos olhos de um egosta tico, uma pessoa que ajuda os outros ou renuncia fazer o que realmente quer, no fundo a promoo do seu interesse prprio que o move.

Argumentos

O argumento mais forte a favor do egosmo tico que este aceita a moralidade de senso comum e retira a partir da a concluso surpreendente de que essa a melhor maneira de satisfazer o nosso interesse prprio.

Formulao do argumento:

1. Se no fizermos mal aos outros, as pessoas no vo querer prejudicar-nos e podero at fazermos favores quando precisarmos. Logo, no fazer mal aos outros serve para nosso interesse prprio.

2. Se dissermos a verdade aos outros, teremos uma boa reputao e as pessoas confiaro em ns quando precisarmos que elas sejam sinceras connosco. Logo, dizer a verdade aos outros serve o nosso interesse prprio.

3. Se cumprirmos as promessas que fazemos aos outros, podemos esperar que os outros cumpram as promessas que nos fazem em acordos que nos beneficiam. Logo, cumprir as promessas que fazemos aos outros, serve o nosso interesse prprio.

Regra de Ouro

Este argumento remete-nos para a regra de ouro. Esta diz-nos o seguinte: Faz aos outros aquilo que gostarias que eles te fizessem a ti.

Agora, a verso da mesma regra, maneira do egosta tico: Ajuda os outros para que eles te ajudem a prosseguir o teu interesse prprio.

Crticas Gerais ao Egosmo tico:

Segundo o egosmo tico, o princpio fundamental o interesse prprio. Isto pressupe que o egosta tico encontra diferenas relevantes entre ele prprio e todos os outros.

Deste modo, surgem perguntas como:

a) Qual afinal a diferena entre mim e todos os outros que justifica colocar-me a mim mesmo numa categoria especial?

b) Serei mais inteligente?

c) Em resumo, o que me torna especial?

Algumas diferenas, como as raciais, culturais ou sociais, so inquestionveis. Porm, a pergunta , sero essas diferenas relevantes ao ponto de justificarem, as diferentes formas de tratamento?

Se tentarmos dar uma resposta, ela ter de ser negativa porque no h diferenas factuais relevantes entre os seres humanos que justifiquem uma diferena de tratamento.

esta tomada de conscincia, de que estamos em plano de igualdade uns com os outros, que constitui a razo mais profunda pela qual a nossa moralidade deve incluir algum reconhecimento das necessidades dos outros, e a razo pela qual, portanto, o egosmo tico fracassa enquanto teoria moral

As situaes de conflitos demonstram que, apesar de precisarmos dos outros, eles, como ns, tm os seus pontos de vista e os seus prprios interesses, os quais podem colidir com os nossos.

no interior da prpria famlia que surgem as primeiras regras e as primeiras relaes de autoridade. Na sociedade em geral podem-se encontrar, quer os antagonismos, quer as regras, quer a autoridade. E pelas mesmas razes que se impem regras, normas e leis: para garantir o bem de todos. Para tal so definidos no apenas os direitos de cada um, como tambm os deveres, ou seja, aquilo que podemos receber e o que temos de dar sociedade.

O conceito de conscincia inclui um sentido:

Apelativo para valores e normas ideais, orientador da ao

Imperativo ordena uma ao compatvel como os valores defendidos pelo agente

Judicativo assume-se como juiz dos atos conforme a ao obedece ou no aos ideais e valores por ele assumidos.

3.1.2. A dimenso pessoal e social da tica - o si mesmo, o outro e as instituies

A existncia humana uma existncia partilhada, isto , vivida em coexistncia com os outros. E essa coexistncia que se define a construo do ser humano como pessoa, e lhe confere uma dimenso social, com base em instituies que impe regras ou normas que regulam as aces e relaes com os seus membros. E o modo como interiormente nos relacionamos com as normas morais socialmente estabelecidas vai definir a nossa ao, a inteno do sujeito moral agir de determinado modo. Assim, a ao sempre de algum, isso confere-lhe uma dimenso pessoal, que age em funo de normas sociais; portanto, a tica tem uma dimenso pessoal e social e estas duas so indissociveis.

Todavia, por vezes a interaco humana nem sempre pacfica, surgindo conflitos que so mediados pelas instituies que fornecem um conjunto de normas morais socialmente partilhadas e indicadoras do que bom do que mau. Porm ao agente que incube decidir e seleccionar e executar as normas e as suas intenes. Que o faz em funo do modo como se v a si mesmo numa dada situao e na sua existncia em sociedade. O si mesmo designa a imagem que o indivduo tem de si mesmo, a opinio que os outros tm de si e as expectativas criadas pelos outros em relao a si, e que condicionam no s a sua ao mas aquilo que ele tambm . Portanto, a formao do homem exige uma indissocivel relao consigo mesmo, com os outros e com as instituies.

O homem umaconstruo continuadae nesse processo que adquire conscincia moral, o que o tornapessoa, isto , umsujeito moral.

A formao do homem enquanto sujeito dotado de conscincia moral exige uma indissocivelrelao consigo mesmo, com o outro e com as instituies.

Neste processo evolutivo, oquerer individualdefronta-se com o querer do outro, isto , as necessidades, impulsos e desejos pessoais deparam com umdever-ser, construindo e ditado como ideal pela sociedade e estatuindo nos seus cdigos, Instala-se, assim, um conflito entre aquilo que cada um deseja e aquilo que lhe socialmente exigido. na resoluo destes conflitos que o ser humano vai interiorizando os padres e normas de conduta e experiencia os valores sociais reinantes.

Se a vivncia do conflito faz nascer osentido da sua liberdade, a sua resoluo, com a interiorizao de normas e valores, d-lhe a conscincia do seu eu social.

Com o estabelecimento da noo de dever, a conscincia de si adquire uma dimenso moral que lhe faculta a competncia para formular juzos de valor, segundo os quais os objectos, as situaes, as pessoas, as ocorrncias no so meros factos, antes realidades apreciadas como boas ou como ms. A construo do sujeito moral no uma tarefa que cada um possa efectuar sozinho. Os progressos conseguidos na auto-realizao devem-se presena dooutrocom o qual nos identificamos e no qual nos revemos. Ao motivar e condicionar muitas das nossas aces, o outro construi-se comoagente formador imprescindvel, como overdadeiro edificador do nosso eu.

O si-mesmo:

- Identidade pessoal e interao social;

- O sentido da tica Identidade pessoal, felicidade e experincia comunitria.

Do si-mesmo conscincia moral.

- A noo de conscincia;

- A conscincia moral;

- A origem da conscincia moral

- Caractersticas da conscincia moral: apelativa, judicativa, imperativa, sancionatria, nega.

- Funes da conscincia moral: antes da ao (conscincia antecedente) legisladora e guia; durante a ao (conscincia concomitante) fora estimulante e moderadora; depois da ao testemunha e juz (conscincia consequente).

O Outro

- o meu semelhante.

- meu concorrente: situao de conflito.

- Elemento de contrato: regula relaes jurdicas de trocas diversas.

- um tu como um eu reconhecimento do outro como um absoluto (fundamento da dignidade humana): amor/amizade.

O ser humano um ser social. A socializao comea com o nascimento e apenas acaba com a morte. atravs da socializao que o ser humano se desenvolve psicossocioculturalmente; a teia de relaes que proporcionada a cada indivduo pela sua sociedade que lhe garante um conjunto de meios que permitem no apenas sobreviver como ser biolgico, mas tambm, fundamentalmente, construir-se como ser integralmente humano.

So variadssimas as situaes do quotidiano em que evidenciada a necessidade que o ser humano tem dos outros.

Ex1: ao longo das nossas vidas, temos sempre o suporte da nossa famlia (sendo indispensvel nascena, e tornando-se cada vez mais dispensvel ao longo da vida do indivduo).

Ex2: quando estamos doente, vamos ao hospital.

Ex3: quando precisamos de falar com algum sobre algo que nos est a incomodar falamos com um amigo.

Ex4: quando somos confrontados com situaes de perigo, devemos contactar a polcia

Existem inmeros exemplos de situaes em que necessitamos dos outros. No entanto, as relaes com os outros nem sempre so pacficas. Vejamos com alguns dos exemplos anteriores; na nossa relao com a famlia, pode haver conflitos por diferentes motivos, tal como com amigos e mdicos. Isto demonstra que apesar de precisarmos dessas pessoas, eles, como ns, tm os seus prprios pontos de vista e os seus prprios interesses, os quais podem colidir com os nossos.

Nestas situaes, devido existncia de regras e/ou da autoridade de um do sujeito, os conflitos so resolvidos. Considerando o exemplo da relao aluno-professor; decerto j aconteceu um aluno discutir com um professor por achar que foi avaliado injustamente ou por outro motivo qualquer; no entanto, aqui prevalece a autoridade que o professor tem sobre o aluno, sendo este obrigado a obedecer ao professor.

Deste modo, a existncia de regras, normas e leis, tm a funo de garantir o bem de todos!

Levar uma vida saudvel sob o ponto de viste tico um questo pessoal, dizendo respeito ao eu, a cada um de ns, ao modo livre e consciente como agimos. Todavia, porque os nossos actos se repercutem nos outros, a tica tambm uma questo social.

Temos vindo a falar do outro e das relaes que com ele estabelecemos, referindo-nos sociedade, s pessoas em geral com que convivemos e com a ajuda das quais nos vamos constituindo como seres sociais e morais.

Que formas pode assumir a nossa relao com os outros?

Duas modalidades: Relao Directa e Relao Indirecta.

Relao directa:

O outro identifica-se, em primeiro lugar, com aquele com quem o eu convive presencialmente. Os nossos pais, irmos, outros familiares, amigos, colegas, professores, companheiros de trabalho e habitantes da aldeia ou bairro em que moramos so, assim, pessoas conhecidas que, numa relao face a face com o eu, funcionam como uma segunda pessoa, como um tu com quem o eu confronta sem a presena de intermedirios.

Relao indirecta:

O outro pode assumir uma outra forma em relao ao eu, que determina um relacionamento de ordem diversa. Trata-se de um outro entendido como um terceira pessoa, de um outro que desconheo, mas que eu sei que existe e com quem me relaciono de modo institucional.

O comportamento tico estende-se tambm a este outro com quem o eu, ultrapassando as relaes interpessoais, se relaciona institucionalmente.

As Instituies

- Famlia;

- Inst. Educativas;

- Inst. Polticas;

-Inst. Culturais;

- Inst. Econmicas;

- Outras.

Instituio: o que nos ajuda a viver de acordo com as normas sociais e a respeitar a tradio cultural.

Instituies: entidades, prticas sociais e formas de organizao ordenadas, que se mantm ao longo dos tempos com o objetivo de garantir e promover a existncia e a realizao dos indivduos num mundo estruturado.

- Na origem das instituies est a conscincia de uma necessidade coletiva.

-A sua criao visa realizar objetivos de natureza social/visa o bem coletivo e no o bem individual,

- O bem coletivo garantido pelo bom funcionamento das vrias instituies que cobrem as reas fundamentais da organizao social.

Existem pela necessidade colectiva de nos organizarmos em sociedade. Uma instituio , assim, uma organizao ou mecanismo social que controla o funcionamento da sociedade e dos indivduos. Estas instituies tm sempre objectos sociais, ou seja, satisfazer as necessidades da sociedade.

Exemplos: Escolas, universidades, partidos polticos, museus, empresas, etc.

Para viver numa sociedade organizada, o ser humana tem a necessidade de desenvolver a conscincia cvica, isto , ter noo de que as suas aces individuais interferem com a vida dos outros, pelo que deve orient-las em funo da melhoria da qualidade de vida da sociedade em geral.

Enquadrando a vida dos homens, as instituies dificilmente esto em desacordo com a vida moral. Elas so, por assim dizer, asguardis da moral e bons costumes, exercendo umaaco modeladora, especialmente nas geraes mais jovens.

Esta tendncia para o conservadorismo leva algumas pessoas a encarar as instituies como umasalutar salvaguarda das tradies e ensinamentos do passado, pelo que consideram que o seu papel se torna imprescindvel nas vrias etapas do desenvolvimento dos indivduos (na infncia, na adolescncia e no estado adulto h necessidade das instituies).

Outras pessoas evidenciam os inconvenientes das instituies, vendo nelas umaoposio liberdade individual e ao progresso dos povos. H riscos inerentes s instituies.

Estas deficincias sero inexistentes se as instituies permitirem s pessoasdesenvolver as suas potenciais capacidades. Isto verifica-se quando as instituies tm o condo deproteger e permitir que a pessoa cresa, em vez de a atrofiar. Verifica-se tambm quandoas pessoas sentem a necessidades das instituies, em vez de simplesmente as suportar.

Entre a vida moral e as instituies verifica-se um relacionamento recproco. que, por um lado,a vida moral garantida pela presena social das instituies, que despertam e desenvolvem aconscincia moral, por outro,a vida um comum que gera as instituies, que passam a fazer parte docontorno moral em que vivem as pessoas.

Experincia ConvivencialPgina 13