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7/30/2019 Dir. Constitucional_Regular_Vicente Paulo e Fred Dias_Aula 10 http://slidepdf.com/reader/full/dir-constitucionalregularvicente-paulo-e-fred-diasaula-10 1/50 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br  1 AULA 10: MODIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Olá! Estudaremos, na aula de hoje, o processo de modificação da Constituição Federal de 1988, clareando os dispositivos constitucionais pertinentes à luz da  jurisprudência e doutrina dominantes – especialmente em consonância com a  jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que é rica nesse assunto. 1) Noção Estudamos, em aula pretérita deste curso, que a nossa Constituição de 1988 é do tipo rígida, haja vista exigir para a modificação do seu texto um procedimento especial, solene, mais difícil do que aquele adotado para a elaboração das demais leis. Na aula de hoje, estudaremos que procedimento diferenciado, solene, é esse que confere rigidez à nossa Lei Maior. Como se dá a modificação do texto constitucional, quais os limites para essas modificações, o que pode (e o que não pode) ser abolido – e assim por diante. Esse processo – como também já estudamos anteriormente – é de competência do chamado poder constituinte derivado reformador, exercido pelo Congresso Nacional. Esse poder – vale repetir – é aquele criado pelo poder constituinte originário para modificar, atualizar a sua obra. Passemos, então, aos aspectos relevantes do procedimento de modificação da Constituição Federal de 1988. 2) Mutação e reforma A Constituição pode ser modificada por dois processos distintos: um processo formal e um processo informal. O processo informal de modificação da Constituição é conhecido por mutações constitucionais. Esse processo tem por característica a mudança do conteúdo da Constituição sem nenhuma alteração do seu texto, ou seja: muda-se a Constituição, mas sem qualquer alteração da literalidade do seu texto. Essas modificações informais do conteúdo da Constituição (mutações constitucionais) decorrem da evolução da própria sociedade, das pressões de grupos sociais e outros elementos fáticos que levam o Poder Judiciário a fazer nova leitura do texto constitucional, reconhecendo-lhe um novo alcance. No nosso país, temos mutação constitucional quando o Supremo Tribunal Federal, guardião da Lei Maior, confere nova interpretação a dispositivo da Constituição, alterando o seu alcance. Por exemplo: durante muitos anos, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o foro especial por prerrogativa de função assegurava ao seu titular o direito de ser julgado pelo foro competente mesmo após a cessação do exercício da função pública (por exemplo: um ex-congressista continuava com o direito de ser julgado pelo STF mesmo após a expiração do mandato); mais

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AULA 10: MODIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Olá!

Estudaremos, na aula de hoje, o processo de modificação da Constituição

Federal de 1988, clareando os dispositivos constitucionais pertinentes à luz da jurisprudência e doutrina dominantes – especialmente em consonância com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que é rica nesse assunto.

1) Noção

Estudamos, em aula pretérita deste curso, que a nossa Constituição de 1988 édo tipo rígida, haja vista exigir para a modificação do seu texto umprocedimento especial, solene, mais difícil do que aquele adotado para aelaboração das demais leis.

Na aula de hoje, estudaremos que procedimento diferenciado, solene, é esse

que confere rigidez à nossa Lei Maior. Como se dá a modificação do textoconstitucional, quais os limites para essas modificações, o que pode (e o quenão pode) ser abolido – e assim por diante.

Esse processo – como também já estudamos anteriormente – é decompetência do chamado poder constituinte derivado reformador, exercidopelo Congresso Nacional. Esse poder – vale repetir – é aquele criado pelopoder constituinte originário para modificar, atualizar a sua obra.

Passemos, então, aos aspectos relevantes do procedimento de modificação daConstituição Federal de 1988.

2) Mutação e reforma

A Constituição pode ser modificada por dois processos distintos: um processoformal e um processo informal.

O processo informal de modificação da Constituição é conhecido pormutações constitucionais. Esse processo tem por característica a mudançado conteúdo da Constituição sem nenhuma alteração do seu texto, ou seja:muda-se a Constituição, mas sem qualquer alteração da literalidade do seutexto.

Essas modificações informais do conteúdo da Constituição (mutaçõesconstitucionais) decorrem da evolução da própria sociedade, das pressões degrupos sociais e outros elementos fáticos que levam o Poder Judiciário a fazernova leitura do texto constitucional, reconhecendo-lhe um novo alcance. Nonosso país, temos mutação constitucional quando o Supremo Tribunal Federal,guardião da Lei Maior, confere nova interpretação a dispositivo daConstituição, alterando o seu alcance.

Por exemplo: durante muitos anos, o Supremo Tribunal Federal entendeu queo foro especial por prerrogativa de função assegurava ao seu titular o direito

de ser julgado pelo foro competente mesmo após a cessação do exercício dafunção pública (por exemplo: um ex-congressista continuava com o direito deser julgado pelo STF mesmo após a expiração do mandato); mais

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recentemente, porém, sem ter havido qualquer alteração no texto daConstituição, o Tribunal mudou de posição, e passou a entender que o foroespecial por prerrogativa de função expira-se com o término do exercício dafunção pública (ou seja: a autoridade só tem direito a ser julgada pelo foro

especial enquanto no exercício da função pública).Veja que, nesse caso, houve modificação no conteúdo da Constituição (o foroespecial por prerrogativa de função passou a ter novo alcance, mais restrito),sem ter havido qualquer modificação na literalidade do texto da Constituição. Éexatamente isso que constitui uma mutação constitucional: mudança doconteúdo da Constituição, sem nenhuma alteração do seu texto.

E não se esqueça: conforme vimos na primeira aula deste curso on-line, asmutações constitucionais materializam a manifestação do chamado poderconstituinte difuso.

O processo formal de modificação da Constituição é chamado de reformaconstitucional. Esse processo é aquele formalizado mediante alterações dotexto da Constituição, com a aprovação de emenda à Constituição. É chamadode processo formal porque, ao contrário das mutações constitucionais, nareforma há alteração do texto da Constituição, por emenda constitucional –acrescentando, revogando ou modificando dispositivos constitucionais. Areforma constitucional é obra do poder constituinte derivado reformador,que tem exatamente esta função: modificar o texto da Constituição.

Portanto, tenha bastante claro na sua cabeça que se trata de duas maneiras dese alterar a Constituição: um processo informal, em que não se altera o texto

da norma, mas sua interpretação (mutação constitucional); e outro processo,formal, denominado reforma constitucional, em que a Constituição é alteradasegundo um rito de modificação previsto em seu texto.

Vejamos esses dois enunciados do Cespe de 2009 (Defensor Público do Piauí):

“A mutação constitucional não se pode dar por via de interpretação, masapenas por via legislativa, quando, por ato normativo primário, procura-semodificar a interpretação que tenha sido dada a alguma normaconstitucional.” 

“Em constituições rígidas como a CF, a mutação constitucional se

manifesta por meio da reforma constitucional, procedimento previsto no próprio texto constitucional disciplinando o modo pelo qual se deve dar sua alteração.” 

Não há dificuldade em observar que as duas assertivas estão incorretas.

A primeira considera não haver mutação constitucional por meio deinterpretação. Como vimos, novas interpretações sobre o mesmo dispositivoconstitucional promovem alterações informais na Constituição.

A segunda mistura mutação constitucional (processo informal de modificaçãoda Constituição) e reforma constitucional (processo formal de modificação da

Constituição).

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Resolvidas essas questões falemos um pouco mais sobre a reformaconstitucional. A Constituição Federal de 1988 prevê dois procedimentosformais para a modificação do seu texto: revisão constitucional (ADCT, art.3º) e emenda constitucional (art. 60).

2.1) Revisão constitucional

O processo de revisão constitucional está previsto no art. 3º do ADCT, nestestermos:

“Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros doCongresso Nacional, em sessão unicameral.” 

A revisão constitucional foi um processo simplificado de modificação da nossa

Constituição Federal, instituído em razão da previsão da realização doplebiscito (ADCT, art. 2º), a realizar-se em 1993, para que os cidadãosbrasileiros decidissem sobre a forma de governo (monarquia ou república) e osistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo). O pensamento, àépoca, foi o seguinte: se os cidadãos brasileiros decidirem, no plebiscito, peloparlamentarismo e pela monarquia, será necessário promover grandealteração no texto da Constituição, para adaptá-lo às mudanças (haja vistaque o texto originário foi todo escrito com a adoção do presidencialismo e darepública); vamos, então, instituir um procedimento simplificado para essasadaptações ao texto constitucional, para uma data logo após a realização doplebiscito (isto é, vamos fazer uma “revisão constitucional” cinco anos após apromulgação da Constituição, logo depois do mencionado plebiscito).

Na realidade, porém, a votação plebiscitária confirmou a república e opresidencialismo, o que terminou por praticamente deixar sem objeto a revisãoconstitucional. Aliás, não é à toa que, conforme veremos a seguir, mesmo comtoda a facilidade para se modificar o texto da Constituição, no processo derevisão só foram aprovadas 6 (irrelevantes) emendas constitucionais derevisão (ECR).

Passemos, então, objetivamente, ao estudo das características do processo derevisão constitucional:

a) procedimento simplificado;

O processo de revisão constitucional foi um procedimento simplificado, em queas emendas eram aprovadas em um só turno de votação, por maioriaabsoluta. Quando afirmamos que esse procedimento foi “simplificado” éporque, nele, aprovar uma emenda à Constituição era muito mais fácil do queaprovar uma emenda pelo procedimento de emenda (dois turnos de votação,por maioria qualificada de três quintos).

b) procedimento unicameral;

No processo de revisão constitucional, a união do Congresso Nacional foi emsessão unicameral, isto é, não havia Câmara dos Deputados e Senado

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Federal, mas sim atuação do Congresso Nacional como uma só Casa (daí aterminologia unicameral).

Aqui, é importante destacarmos que a sessão unicameral não pode serconfundida com a sessão conjunta, também prevista na Constituição Federal

para certas deliberações (para apreciação do veto a projeto de lei, porexemplo, nos termos do art. 66, § 4º, da Constituição), conforme explicadonos parágrafos seguintes.

Na sessão unicameral, a discussão e a votação da proposição se dão entrecongressistas, indistintamente (isto é, apura-se o resultado em uma sóvotação, entre todos os congressistas, indistintamente).

Já na sessão conjunta, deputados e senadores discutem a matéria emconjunto, mas a votação é em separado (por exemplo: a maioria absoluta emsessão conjunta é apurada em duas votações, em separado: uma entre

deputados, outra entre senadores).c) procedimento único;

A Constituição Federal previu uma única revisão constitucional, a realizar-secinco anos após a data de sua promulgação (05/10/1988). Conformeafirmamos anteriormente, essa revisão já ocorreu, cinco anos após apromulgação da Constituição Federal (1993/1994).

Portanto, não é juridicamente possível realizar uma nova revisãoconstitucional com fundamento no art. 3º do ADCT. Certo? Tem que estartudo certo, pois já estudamos isto: que uma norma integrante do ADCT esgota

a sua eficácia quando ocorre a situação nela prevista; como já aconteceu arevisão constitucional, a eficácia do art. 3º do ADCT ali se esgotou.

Outra questão, não tão óbvia, é a seguinte: tudo bem, é evidente que não seafigura possível realizar nova revisão constitucional com fundamento naredação originária do art. 3º do ADCT; mas será que seria possível, nos diasatuais, o Congresso Nacional aprovar uma emenda à Constituição criando umnovo procedimento simplificado de revisão constitucional?

A resposta é negativa. Realizada a revisão constitucional prevista no art. 3ºdo ADCT, enquanto a nossa Constituição Federal de 1988 estiver em vigor elasó poderá ser modificada pelo procedimento rígido de emenda, previsto no art.60 do seu texto. Enfim, não é possível a criação de um novoprocedimento simplificado de revisão constitucional; qualquer tentativanesse sentido será flagrantemente inconstitucional (o porquê dessa vedaçãonós lhe explicaremos, mais adiante, ainda nesta aula, ao tratarmos daschamadas limitações materiais implícitas ao poder de reforma).

d) procedimento vedado aos estados-membros;

O procedimento simplificado de revisão constitucional não pode ser copiado(adotado) pelos estados-membros. Como vimos anteriormente, oprocedimento foi previsto circunstancialmente, em razão do tal plebiscito sobre

a forma e o sistema de governo - logo, não há motivos para a adoção dessemodelo simplificado pelos estados-membros.

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e) 6 ECR.

No procedimento simplificado de revisão constitucional, tivemos a aprovaçãode seis emendas constitucionais de revisão (ECR), todas promulgadaspela Mesa do Congresso Nacional (veja, a promulgação tinha mesmo que ser

pela Mesa do Congresso, já que a sessão era unicameral).

2.2) Emenda Constitucional

O procedimento de emenda à Constituição, previsto no art. 60, é o meio típicode modificação do texto constitucional, a qualquer tempo, desde querespeitadas as limitações nele previstas.

São as seguintes as características do processo de emenda à Constituição:

a) procedimento rígido;

O processo de emenda à Constituição é rígido, solene, pois exige votação emdois turnos em cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por, pelomenos, três quintos dos respectivos membros. Veja que é muito mais difícilaprovar uma emenda constitucional (EC) pelo rito do art. 60 do que umaemenda constitucional de revisão (ECR) pelo procedimento simplificado darevisão constitucional, indicado no art. 3º do ADCT.

b) reunião bicameral;

Na aprovação de uma emenda à Constituição, a atuação do CongressoNacional se dá em separado (bicameralmente), isto é, cada Casa Legislativa

aprecia a matéria em dois turnos de votação, em separado (primeiro aproposta de emenda é votada em uma Casa, em dois turnos, e depois éencaminhada à outra Casa, para nova votação em dois turnos).

c) procedimento permanente;

Enquanto vigente a Constituição Federal de 1988, poderá ela ser modificadapelo procedimento de emenda do art. 60, desde que respeitadas as limitaçõesali previstas.

d) procedimento de observância obrigatória pelos estados-membros;

O procedimento de emenda, previsto no art. 60 da Constituição Federal,é deobservância obrigatória pelos estados-membros (isto é, os estados-

membros deverão observar o regramento ali estabelecido para a modificaçãoda Constituição Estadual).

Então, uma coisa você já sabe: todas as Constituições Estaduais só podem sermodificadas mediante votação em dois turnos, com aprovação de, pelo menos,três quintos dos membros da Assembleia Legislativa! O quórum tem que serexatamente de três quintos; não pode ser menos (maioria absoluta), nem mais(quatro quintos). Igualmente, a matéria deverá ser votada pela AssembleiaLegislativa em dois turnos (não pode ser em um só turno, nem em três

turnos).e) 67 emendas à Constituição (EC).

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Até esta data (13/09/2011), já foram aprovadas 67 emendas à Constituição,todas promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do SenadoFederal (veja que, aqui, a promulgação teria mesmo que ser efetuada pelasMesas das duas Casas Legislativas, já que o procedimento é bicameral).

Cuidado! Na verdade, até esta data, a nossa Constituição Federal já passou por73 modificações de seu texto, sendo: 6 ECR, resultantes do procedimento derevisão constitucional + 67 EC, resultantes do rito do art. 60 da Constituição!

Revisão constitucional Emenda Constitucional

Procedimento simplificado Procedimento rígido

Procedimento único Procedimento permanente

Reunião unicameral Reunião bicameral

Não pode ser copiado pelos

estados

É de observância obrigatória

pelos estados6 ECR, promulgadas pela Mesado Congresso Nacional

67 EC, promulgadas pelas Mesasda Câmara e do Senado

Tente resolver este item do Cespe para a prova de agente administrativo daAGU, aplicada em 2010:

“As emendas constitucionais de revisão, aprovadas durante o processo derevisão constitucional, foram promulgadas pelas duas casas do CongressoNacional, em sessão bicameral, de acordo com o mesmo processodificultoso exigido para qualquer tipo de emenda constitucional.” 

Ora, o que diferencia a revisão constitucional é exatamente o procedimentosimplificado e unicameral. Item errado.

3) Limitações ao poder de reforma

Conforme vimos na primeira aula deste curso, o poder constituinte derivadoreformador é um poder limitado, haja vista que deve obediência aos limitesestabelecidos pela Constituição Federal. Essas limitações estão previstas noart. 60 da Constituição Federal e constituem, para o fim de concurso, a

essência do estudo desse assunto.As limitações ao poder constituinte derivado reformador são tradicionalmenteclassificadas em:

a) limitações temporais;

b) limitações circunstanciais;

c) limitações processuais ou formais;

d) limitações materiais.

Para resolver as questões sobre esse assunto você vai precisar não só

conhecer as limitações em si, consubstanciadas nas regras do art. 60 daCF/88, mas também saber enquadrar cada uma delas nas categorias delimitações indicadas acima. Portanto, fique atento.

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Passemos ao estudo de tais limitações, detalhe a detalhe.

3.1) Limitações temporais

Temos limitações temporais quando a Constituição estabelece um prazo, acontar de sua promulgação, durante o qual o seu texto não poderá sofrerqualquer modificação.

A Constituição Federal de 1988 não adota limitações temporais. A únicaConstituição brasileira que adotou limitação de ordem temporal foi a Imperial,de 1824 (ela previa que o seu texto só poderia ser modificado após quatroanos de sua promulgação).

Há quem defenda que os cinco anos para a realização da revisão constitucional(ADCT, art. 3º) seria uma limitação temporal. Esse entendimento, porém, é

minoritário e deverá ser desconsiderado em qualquer prova de concurso!Ora, tal prazo não constitui limitação temporal simplesmente porque nesseperíodo de cinco anos o texto da Constituição poderia ter sido (e, de fato, ofoi) modificado normalmente, desde que pelo procedimento rígido deaprovação de emenda à Constituição (EC), previsto no art. 60 (isto é, duranteos tais cinco anos só era vedada a aprovação de ECR, pelo procedimentosimplificado de revisão).

Então, no seu concurso, não tenha dúvida: a Constituição Federal de 1988 nãopossui limitações de ordem temporal.

3.2) Limitações circunstanciais

Temos limitações circunstanciais quando a Constituição estabelece períodoscircunstanciais, de anormalidade da vida do Estado, que impedem amodificação da Constituição.

A Constituição Federal possui limitações circunstanciais, pois proíbe amodificação do seu texto durante o estado de defesa, o estado de sítio e aintervenção federal (CF, art. 60, § 1º).

3.3) Limitações processuais ou formais

Temos limitações processuais (ou formais) quando são estabelecidas restriçõesao processo legislativo de aprovação de emenda à Constituição, tornando-omais solene, diferenciando-o do processo legislativo de elaboração das leis.

A Constituição Federal de 1988 possui diversas limitações processuais ouformais, quais sejam:

a) Art. 60, caput – Iniciativa restrita;

A Constituição Federal só poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou doSenado Federal;

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II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades daFederação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seusmembros.

Veja que essa legitimação é bem mais restrita do que a legitimação paraapresentação de um projeto de lei, amplamente estabelecida no art. 61 daConstituição Federal (basta lembrar que qualquer congressista pode,individualmente, apresentar um projeto de lei!).

Destacamos a seguir outros detalhes relevantes que podem te diferenciar docandidato comum, de conhecimento mediano. Portanto, fique atento a estasorientações...

 Ausência de participação dos municípios

Anote-se que os municípios não têm legitimidade – direta ou indireta – paraapresentar proposta de emenda à Constituição. Na verdade, os municípios nãoparticipam, em momento algum, do processo de modificação da Constituição, já que nem podem apresentar proposta de emenda à Constituição, nemparticiparão da deliberação - os municípios não têm representação noLegislativo federal (a Câmara dos Deputados representa o povo, e o SenadoFederal representa os estados e o Distrito Federal).

 Ausência de iniciativa popular 

Não há iniciativa popular no processo legislativo de emenda à Constituição, istoé, os cidadãos não podem apresentar uma proposta de emenda à Constituição

(a iniciativa popular prevista na Constituição Federal é para apresentação deprojeto de lei).

 Ausência de iniciativa privativa

Não há iniciativa reservada (exclusiva ou privativa) no processo legislativo deemenda à Constituição (isto é, nenhum dos legitimados pelos incisos I, II e IIIdo art. 60 tem iniciativa reservada para apresentar proposta de emenda sobredeterminada matéria).

As iniciativas reservadas previstas na Constituição Federal (para o Presidenteda República, para os tribunais do Judiciário, para o Ministério Público etc.) sãoexclusivamente para a apresentação de projeto de lei (e não de proposta deemenda à Constituição).

Na prática, significa dizer que a iniciativa em proposta de emenda àConstituição é sempre concorrente, ou seja, todos os legitimados concorrementre si na apresentação de proposta de emenda sobre qualquer matéria, semreserva.

b) Art. 60, § 2º - deliberação;

A proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do CongressoNacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,três quintos dos votos dos respectivos membros.

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Anote-se que esse rito é muito mais árduo do que aquele de aprovação de umalei (a lei é discutida e votada em um só turno, sendo aprovada por maioriasimples de votos).

 Ausência de Casa iniciadora

Ao estudar o processo legislativo, vimos que a Casa iniciadora é definida pelaautoridade que apresenta o projeto de lei. Por exemplo, se o Presidente daRepública apresenta um projeto de lei, sua discussão e votação têm início naCâmara dos Deputados (CF, art. 64). Por sua vez, um projeto de leiapresentado por senador terá o Senado Federal como Casa iniciadora. Você selembra disso, certo?

Pois bem, aqui o detalhe é que, no que se refere às emendas constitucionais,não há uma Casa iniciadora estabelecida pela autoridade que apresenta aproposta de emenda constitucional (PEC). Por exemplo, o presidente da

república pode apresentar uma PEC tanto no Senado Federal, quanto naCâmara dos Deputados. Afinal, diferentemente das leis em geral, a propostade emenda constitucional pode ter início em qualquer das Casas do CongressoNacional. Em simples palavras: não há Casa iniciadora obrigatória emPEC.

 Alteração substancial 

Vimos que a proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa doCongresso Nacional, em dois turnos, e só será considerada aprovada seobtiver, em ambos, três quintos dos respectivos membros.

Em decorrência dessa regra constitucional, se a segunda Casa Legislativaalterar o texto aprovado pela primeira Casa, o texto terá que voltar a esta,para nova votação, em dois turnos (afinal, o texto só será aprovado quando foraprovado, em dois turnos, nas duas Casas).

Pois bem, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que esseretorno da proposta somente é necessário se a alteração do texto forsubstancial (mera alteração de redação, que não interfira substancialmentena matéria tratada, dispensa o retorno do texto).

c) Art. 60, § 3º;

Estabelece a Constituição Federal que a emenda à Constituição serápromulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, como respectivo número de ordem.

Vamos direto ao Ponto! Desse dispositivo, extraímos três informaçõesimportantes:

(i) a emenda à Constituição é diretamente promulgada pelas Mesas da Câmarados Deputados e do Senado Federal (e não pelo Presidente da República, comoacontece com as leis);

(ii) a emenda à Constituição não se sujeita a veto ou à sanção do Presidente

da República; e(iii) a emenda à Constituição recebe numeração distinta daquela atribuída àsleis (EC 1; EC 2; EC 3 etc.).

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d) Art. 60, § 5º.

Determina a Constituição Federal que a matéria constante de proposta deemenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de novaproposta na mesma sessão legislativa.

Se a matéria constante de uma proposta de emenda à Constituição forrejeitada, ou havida por prejudicada, ela só poderá constituir nova proposta deemenda em sessão legislativa distinta. Não há exceção a essa regra, emnenhuma hipótese.

Cuidado! Não confunda essa situação – de matéria constante de proposta deemenda rejeitada – com a rejeição de matéria constante de projeto de lei. Comefeito, a matéria constante de projeto de lei rejeitado pode constituir novoprojeto na mesma sessão legislativa, desde que haja proposta de maioriaabsoluta de uma das Casas do Congresso Nacional, nos termos do art. 67 da

Constituição Federal.

3.4) Limitações materiais

Temos limitações materiais quando a Constituição estabelece certas matériasque não poderão ser abolidas, ou substancialmente prejudicadas, por emendaà Constituição.

Aqui, para complicar um pouco a sua vida, a doutrina resolveu dividir aslimitações materiais em dois grupos: expressas ou explícitas (quandoexplicitamente indicadas no texto da Constituição) e implícitas ou tácitas 

(quando não explicitamente indicadas no texto da Constituição).A Constituição Federal possui limitações materiais expressas e, também,implícitas ao poder de reforma.

As limitações materiais expressas são aquelas explicitamente indicadas no§ 4º da Constituição Federal. Com efeito, dispõe esse dispositivo que não seráobjeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais.

Fácil, não? Estão aí as chamadas cláusulas pétreas expressas,explicitamente indicadas pela Constituição Federal – e que você tem aobrigação, desde o chiqueirinho da mamãe, de memorizá-las, literalmente!

E as limitações materiais implícitas, onde estão indicadas no textoconstitucional? Ora, em nenhum dispositivo constitucional, senão elas nãoseriam implícitas! Pois é, as limitações materiais implícitas são resultadodo estudo dos constitucionalistas, que perceberam que, além daquelas

limitações explicitamente indicadas no texto da Constituição, há outraslimitações materiais impostas ao poder de reforma, por decorrência lógica dosistema jurídico.

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A doutrina aponta, especialmente, as seguintes limitações materiais implícitasou tácitas ao poder de reforma da Constituição Federal de 1988:

(i) titularidade do poder constituinte originário;

Vimos, na primeira aula deste curso on-line, que o poder constituinte originárioé o poder de elaborar uma nova Constituição. Vimos, também, que atitularidade do poder constituinte originário pertence ao povo. Nesse sentido,seria flagrantemente inconstitucional a aprovação de uma emenda àConstituição Federal outorgando a um órgão constituído qualquer (ao STF, porexemplo) a competência para elaborar uma nova Constituição, em substituiçãoà atual.

(ii) titularidade do poder constituinte derivado;

O poder constituinte derivado é o poder de modificar a Constituição Federal(poder constituinte derivado reformador) ou de elaborar a Constituição

Estadual (poder constituinte derivado decorrente). O exercício do primeiro foiatribuído ao Congresso Nacional (art. 60, § 2º); o exercício do segundo cabeàs Assembleias Legislativas (ADCT, art. 11). Qualquer emenda que intentealterar essa titularidade do poder constituinte derivado será, também,flagrantemente inconstitucional.

(iii) o próprio procedimento de modificação da Constituição Federal não podeser alterado.

Estudamos que o poder constituinte originário estabeleceu dois procedimentosformais para modificação do texto da Constituição Federal, quais sejam:

revisão constitucional (ADCT, art. 3º) e emenda à Constituição (CF, art. 60).Pois bem, esses dois procedimentos, em si, constituem duas “cláusulas pétreasimplícitas”, que não admitem alteração substancial do seu conteúdo. Enquantoa nossa Constituição Federal de 1988 estiver em vigor, ela só poderá sermodificada por esses dois procedimentos (de agora em diante, na verdade, sópelo procedimento do art. 60, haja vista que a revisão constitucional já seesgotou). Qualquer tentativa de alterar esses procedimentos, para se permitira modificação da Constituição por outros processos, será flagrantementeinconstitucional.

E, aqui, um aspecto importante: o art. 60 da Constituição Federal não admite

modificações ao seu texto, nem para fragilizar (tornar mais fácil), nem parareforçar (tornar mais difícil) o procedimento ali estabelecido.

Por exemplo: dispõe o art. 60, § 2º, que a modificação da Constituição Federalexige aprovação de três quintos dos membros das Casas do CongressoNacional, em dois turnos de votação; pois bem, assim como seriainconstitucional uma emenda alterando esse procedimento para um turno devotação e aprovação de maioria absoluta, seria também inconstitucional outraemenda que alterasse tal procedimento para três turnos de votação eaprovação de quatro quintos; no primeiro caso, nossa Constituição estariasendo transformada em uma Constituição flexível, e, no segundo, seriaestabelecida uma rigidez desmedida para o texto constitucional; nas duassituações, repita-se, haveria inconstitucionalidade.

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Podemos, então, afirmar que o art. 60 da Constituição Federal constitui um “núcleo imutável” da nossa Constituição? Sim, podemos, sem medo de errar.Afinal, tal dispositivo constitucional não admite alterações que venhamdificultar aquele procedimento ali estabelecido, tampouco que intente

enfraquecê-lo.Você entendeu, agora, por que afirmamos antes que não é possível criar umnovo procedimento simplificado de revisão constitucional? Ora, não é possívelporque o procedimento de modificação da Constituição Federal constitui, em si,uma limitação material implícita ao poder constituinte derivado reformador (ou, como preferem alguns, constitui uma cláusula pétreaimplícita ao poder constituinte derivado).

 A expressão “não será objeto de deliberação” 

Estabelece o art. 60, § 4º, que não será objeto de deliberação a proposta

de emenda tendente a abolir cláusula pétrea. Por força dessa proibição,entende o Supremo Tribunal Federal que uma proposta de emenda àConstituição que tenda a abolir cláusula pétrea não pode, sequer,tramitar pelas Casas do Congresso Nacional. Não pode porque, nessecaso, a própria tramitação da proposta, em si, já constituiria uma ofensa aodireito de que dispõem os congressistas à observância do devido processolegislativo constitucional.

Por isso, nessa situação, o Supremo Tribunal Federal admite o controle judicialpreventivo, incidente sobre o processo legislativo em si, já estudado por nósquando do exame, na aula pretérita, do processo legislativo das leis. E como

será mesmo esse controle judicial preventivo? Bem, conforme já vistoanteriormente, ele terá as seguintes características:

a) deverá ser iniciado por um congressista da Casa Legislativa em que aproposta estiver tramitando;

b) deverá ser realizado via mandado de segurança (controle incidental deconstitucionalidade, conforme estudaremos adiante);

c) o mandado de segurança deverá ser impetrado diretamente(originariamente) perante o Supremo Tribunal Federal.

Portanto, caso seja colocada em tramitação uma proposta de emenda àConstituição que tenda à abolição de cláusula pétrea, qualquer congressista darespectiva Casa poderá impetrar um mandado de segurança perante o STF,visando à sustação do procedimento legislativo – e a fazer valer o seu direitolíquido e certo à fiel observância do devido processo legislativo constitucional.

 A expressão “tendente a abolir” 

Estabelece a Constituição Federal que não será objeto de deliberação aproposta de emenda tendente a abolir as cláusulas pétreas. Essa expressão “tendente a abolir” é de fundamental importância para verificarmos sedeterminada emenda é válida (constitucional) ou inválida (inconstitucional).

Por quê? Ora, porque as matérias gravadas como cláusula pétrea expressapodem sim ser objeto de emenda à Constituição. Não há vedação alguma aque o direito ao voto, a separação dos poderes, a forma federativa de Estado e

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os direitos e garantias individuais venham a ser objeto de emenda. Não hámesmo. O que há é vedação a que essas matérias sejam objeto de emendasque tendam à sua abolição. Se não houver essa tendência à abolição,qualquer matéria gravada como cláusula pétrea expressa poderá ser objeto de

emenda!Dois exemplos, para não restar dúvida. Sabemos que os direitos e garantiasindividuais são cláusula pétrea expressa (CF, art. 60, § 4º, IV). Mesmo assim,a EC 45/2004 alterou essa matéria, acrescentando mais uma garantiaindividual ao art. 5º da Constituição (inciso LXXVIII, que prevê o princípio daceleridade processual). Houve alguma inconstitucionalidade nessa emenda poresse motivo? É claro que não, pois não houve nenhuma tendência à aboliçãodos direitos e garantias individuais (ao contrário, a emenda veio alargar ocatálogo desses institutos). Contrariamente, haveria flagranteinconstitucionalidade se a mesma EC houvesse abolido um direito ou uma

garantia individual ali presente (abolição do habeas corpus, por exemplo).Passemos ao segundo exemplo. Sabemos que o direito ao voto direto, secreto,universal e periódico constitui cláusula pétrea expressa (CF, art. 60, § 4º, III).Imagine uma emenda à Constituição abolindo a obrigatoriedade de votar. Seriatal emenda inconstitucional? De modo algum, pois a obrigação de votarconstitui um dever fundamental, cuja abolição não prejudicaria, em nada, odireito de votar (afinal, os cidadãos poderiam continuar a votar normalmente,simplesmente não estariam mais obrigados a votar!). Agora, suponha outraemenda, abolindo o direito de votar dos analfabetos. E esta, seria válida? Não,não, essa seria flagrantemente inconstitucional, pois tenderia a abolir a

universalidade do voto (eliminando um de seus titulares – os analfabetos).Moral da história: para você acertar na sua prova essas questões que indagamse determinada emenda à Constituição é válida, ou não, é fundamental quevocê: em primeiro lugar, lembre-se de quais são as cláusulas pétreas; emsegundo lugar, faça essa averiguação, se o conteúdo da emenda está, ou não,com alguma tendência à abolição de tais cláusulas pétreas.

O alcance da cláusula pétrea “direitos e garantias individuais” 

Estabelece a Constituição Federal que não será objeto de deliberação aproposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais 

(CF, art. 60, § 4º, IV).Na nossa Constituição Federal de 1988, sempre que nos referimos aos direitose às garantias fundamentais temos a mania de pensarmos, de pronto, no art.5º do texto constitucional. Entretanto, esse link não é, necessariamente,correto, pelas razões a seguir expostas.

Primeiro, porque nem todos os direitos e garantias individuais estãoenumerados no art. 5º da Constituição. Além daqueles indicados no art. 5º, háoutros direitos e garantias individuais dispersos, indicados em outrosdispositivos da Constituição. Logo, há direitos e garantias individuais

gravados como cláusula pétrea fora do art. 5º da Constituição. OSupremo Tribunal Federal já firmou entendimento de que o art. 16 (princípioda anterioridade eleitoral) e o art. 150, III, “b” (princípio da

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anterioridade tributária) constituem cláusulas pétreas, porrepresentarem garantias individuais.

Segundo, porque nem tudo o que está indicado no art. 5º constitui cláusulapétrea. Com efeito, reza a Constituição que o art. 5º enumera os direitos e

deveres individuais e coletivos. Por outro lado, só foram gravados comocláusula pétrea os direitos e garantias individuais. Logo, há, ali no art. 5º,conteúdos que não foram gravados como cláusula pétrea. É o caso dos deveresindividuais (pena de morte no caso de guerra declarada, por exemplo) e dosdireitos coletivos (mandado de segurança coletivo, por exemplo).

Você já havia pensado nisso? Ah, os deveres individuais (dever de nos sujeitaràs penas admitidas em lei; dever de sujeição à requisição administrativa, nocaso de iminente perigo público; dever de votar etc.), ainda que indicados noart. 5º da Constituição, não são cláusulas pétreas, e podem normalmente serabolidos por emenda à Constituição!

 A vedação à chamada “dupla revisão” 

Estudamos até aqui que as cláusulas pétreas não podem ser abolidas(superadas, burladas, afastadas) por obra do poder constituinte derivadoreformador. Mais ainda: que o nosso ordenamento constitucional não permite,sequer, emendas que tendam à abolição de cláusula pétrea. Certo? Certíssimo.

Há, entretanto, alguns doutrinadores que não admitem essa ideia, de quecertas matérias consagradas no texto de uma Constituição (as cláusulaspétreas) não possam, nunca, ser objeto de abolição. Defendem eles que taismatérias poderiam, sim, ser abolidas pelo poder constituinte derivadoreformador, desde que mediante o mecanismo da dupla revisão (aprovação de duas emendas à Constituição).

E como seria essa superação de cláusula pétrea mediante dupla revisão? Bem,em um primeiro momento, seria aprovada uma emenda à Constituiçãoabolindo (afastando) a proibição prevista na Constituição, consagrada nacláusula pétrea. Em um segundo momento, seria aprovada outra emenda àConstituição – agora já sem a presença da proibição antes existente nacláusula pétrea -, abolindo o direito não mais protegido (não mais previsto emcláusula pétrea).

Vamos a um exemplo, para facilitar o entendimento. Suponha que o CongressoNacional queira, hoje, abolir a garantia individual habeas corpus. Poderia oCongresso Nacional fazê-lo, nos dias atuais? Não, porque há uma proibição naConstituição Federal (cláusula pétrea), que veda a aprovação de emendatendente a abolir os direitos e garantias individuais (CF, art. 60, § 4º, IV). Ora,vamos, então, adotar a dupla revisão, e afastar essa cláusula pétrea! Primeiro,o Congresso Nacional aprova uma emenda à Constituição afastando a talproibição, isto é, revogando o art. 60, § 4º, IV (com isso, deixaria de existir aproibição à abolição de garantias individuais). Em seguida, o CongressoNacional aprova uma segunda emenda, agora abolindo diretamente o habeas

corpus (isto é, revogando o inciso LXVIII do art. 5º da Constituição).E, então, a dupla revisão é admitida como meio legítimo de superar umacláusula pétrea? A resposta é negativa. O mecanismo da dupla revisão não é

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adotado no Brasil, haja vista que a tal primeira emenda à Constituição, quealteraria o art. 60 da Constituição Federal, seria flagrantementeinconstitucional, por violar uma limitação material implícita.

Antes de continuarmos, vamos treinar o assunto visto resolvendo algumas

questões de provas bem recentes, que foram aplicadas neste ano de 2011.“(FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/PA/2011) As constituições imutáveissão aquelas que não comportam modificação de nenhuma espécie,enquanto as rígidas exigem um processo de alteração mais rigoroso doque aquele previsto para a legislação infraconstitucional. A Constituição de1988 é considerada super-rígida, isto é, ela possui uma parte imutável euma parte rígida. Para que se altere a CRFB de 1988 na sua parte rígida,é necessário que

a) haja proposta de emenda por, no mínimo, metade dos membros da

Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.b) a proposta de emenda seja discutida e votada em cada Casa doCongresso Nacional, em dois turnos.

c) a proposta de emenda seja aprovada se obtiver, em pelo menos umadas casas, três quintos dos votos.

d) a emenda seja promulgada pelo Senado Federal, que detémcompetência privativa para tanto.

e) a proposta de emenda tenha iniciativa do Presidente da República oudos Governadores dos Estados ou do Distrito Federal.” 

Esta é uma ótima questão para fixarmos os procedimentos formais deaprovação de emendas constitucionais.

A alternativa “a” está errada, pois Deputados Federais e Senadores têmlegitimidade para dar iniciativa a projetos de emendas à Constituição porproposta de, pelo menos, um terço dos membros (CF, art. 60, I).

A alternativa “b” está correta, pois, de fato, exigem-se dois turnos de votaçãopara a aprovação de emendas constitucionais (CF, art. 60, § 2°).

A alternativa “c” está errada, pois a aprovação de emendas constitucionais

exige três quintos dos votos em cada uma das Casas legislativas (CF, art. 60,§ 2°).

A alternativa “d” está errada, pois a emenda à Constituição será promulgadapelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivonúmero de ordem (CF, art. 60, § 3°).

A alternativa “e” está errada, pois governadores não são legitimados àproposição de emendas constitucionais (CF, art. 60, caput).

Logo, o gabarito é letra “b”.

“(FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ª

REGIÃO/2011) Pode ser objeto de deliberação a proposta de emendatendente a abolir a forma federativa de Estado.” 

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Não se admite nem mesmo a deliberação de uma proposta de emendaconstitucional tendente a abolir uma cláusula pétrea, como a forma federativade Estado (CF, art. 60, § 4°, I). Logo, a assertiva está errada.

“(CESPE/TECNICO DE NÍVEL MÉDIO/STM/2011) Proposta de emenda

constitucional deve ser discutida e votada nas duas Casas do CongressoNacional, em turno único, considerando-se aprovada se obtiver trêsquintos dos votos dos seus respectivos membros. Na fase constitutiva doseu processo legislativo, conta-se com a participação do presidente daRepública, e a promulgação deve realizar-se, conjuntamente, pelas Mesasdo Senado Federal e da Câmara dos Deputados.” 

A questão apresenta duas impropriedades. Em primeiro lugar, a aprovação deuma emenda constitucional exige votação em dois turnos em cada uma dasCasas Legislativas (CF, art. 60, § 2°). Em segundo lugar, a participação doPresidente se esgota na possibilidade de iniciativa – não há participaçãoposterior na fase constitutiva da PEC. Portanto, incorreta a assertiva.

4) Entrada em vigor de uma nova Constituição

Até aqui, nós falamos sobre alterações na Constituição em vigor. Deixamospara este tópico a explicação sobre o que acontece quando ocorre asubstituição de uma Constituição por outra, como aconteceu, em nosso país,pela última vez em 5 de outubro de 1988.

Portanto, imagine se, hoje, estivéssemos em meio a uma convulsão social e a

sociedade brasileira decidisse que a Constituição de 1988 não mais consegue “ditar as regras” para a conduta social. Em suma, imagine que o titular dopoder constituinte entendesse por bem editar uma nova Constituição.

O que aconteceria com a Constituição Federal de 1988 (que passaria a ser a “Constituição antiga”?). E o ordenamento jurídico existente, perderia suavalidade como um todo?

São essas e outras questões que vamos abordar agora.

4.1) Efeitos

A entrada em vigor de uma nova Constituição alcança todo o ordenamento jurídico, com efeitos sobre a Constituição antiga e a legislaçãoinfraconstitucional.

Um primeiro detalhe importante, pois às vezes cai em concursos: de acordocom a jurisprudência do STF, as novas normas constitucionais, salvodisposição em contrário, se aplicam de imediato, alcançando os efeitosfuturos de fatos passados. Essa eficácia especial denomina-se retroatividademínima.

Significa dizer que, salvo disposição constitucional em contrário (pois aConstituição pode estabelecer outra regra de aplicabilidade), a entrada emvigor de uma norma constitucional não alcança os fatos consumados nopassado (nesse caso, ocorreria a chamada retroatividade máxima). Não

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alcança também as prestações vencidas e não pagas (nessa hipótese, tratar-se-ia de retroatividade média).

Para clarear podemos citar o exemplo do art. 7°, IV, da CF/88. Esse dispositivoveda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim. Assim, em outubro de

1988, quando entrou em vigor a Constituição, os proventos de pensão queseriam recebidos após aquela data deixaram de estar vinculados ao saláriomínimo automaticamente (apesar de ter havido essa vinculação até então paraos proventos recebidos anteriormente).

E se o exemplo fosse um contrato de aluguel, a norma constitucional poderiaretroagir e alcançar esse ato jurídico perfeito? Sim, poderia sim. Salvodisposição constitucional em contrário, a entrada em vigor de uma novaConstituição alcançaria os efeitos futuros (novos aluguéis, vencidos após aentrada em vigor da nova Constituição) de fatos passados (um contrato dealuguel firmado sob a égide de outra Constituição).

É importante deixar claro que essa regra especial serve apenas para aConstituição Federal. No caso das constituições estaduais e legislaçãoinfraconstitucional, essa regra não se aplica. Elas não são dotadas deretroatividade mínima, por força do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal.

O Cespe andou cobrando esse assunto na prova de Procurador do Bacen,realizada em 2009.

“De acordo com entendimento do STF, as normas constitucionais provenientes da manifestação do poder constituinte originário têm, via deregra, retroatividade máxima.” 

Como vimos, o STF deixou assente que, salvo disposição expressa aocontrário, a nova Constituição aplica-se de imediato, alcançando efeitos futurosde negócios passados. Essa regra de eficácia é denominada retroatividademínima. Seria retroatividade máxima se a nova Constituição pudesse alcançarinclusive os fatos já consumados. Ela até pode, desde que o façaexpressamente, mas sim, por óbvio, é matéria excepcional (a regra, repita-se,é a retroatividade mínima).

Item errado.

4.2) Conflitos com o ordenamento jurídico anterior

Continuando a análise da problemática da força de um novo textoconstitucional em relação ao direito anterior ou o direito “pré-constitucional”,vamos verificar, de maneira objetiva, cada uma das possibilidades de conflitoque podem ocorrer.

Sendo assim, promulgada uma nova Constituição o que acontece com...

a) a Constituição pretérita – terá todos seus dispositivos integralmenterevogados pela nova Constituição, em bloco, ainda que haja alguma

compatibilidade; ou seja, não se aproveita nada da Constituição pretérita;b) o direito infraconstitucional materialmente compatível – será recepcionadopela nova Constituição, com o status (força) que esta der para aquele assunto;

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Deixe-nos explicar melhor. É que no confronto entre o direito pré-constitucional e Constituição futura só interessa a compatibilidade material (conteúdo da norma). Não interessa em nada a compatibilidade formal, ligadaao processo legislativo de elaboração das normas.

Entenda bem, a compatibilidade formal (ligada ao processo de elaboração dasleis) é importante para fins de controle de constitucionalidade, com vistas aanalisar se uma norma constitucional ofende a Constituição de sua época.Mas essa análise não tem relevância para se avaliar a compatibilidade de umanorma antiga, frente a uma nova Constituição futura (nesse caso, sóinteressa a compatibilidade material).

Em outras palavras, se a Constituição pretérita exigia lei ordinária para regulara matéria e a nova Constituição passa a exigir lei complementar para essemesmo fim, a norma poderá sim ser recepcionada pela nova Constituição. Eserá recepcionada com força (status) de lei complementar. Conclusão: apesarde ter sido aprovada anteriormente como lei ordinária, só poderá serrevogada por lei complementar ou norma hierarquicamente superior.

E se houver uma lei federal pretérita tratando de determinada matéria cujadisciplina passou para o âmbito de competência dos Estados (ou dosMunicípios), segundo a nova Constituição? O que acontece?

Nesse caso, o raciocínio é o mesmo: não interessam em nada os aspectosformais e tal legislação federal pretérita será recepcionada pela novaConstituição como se norma estadual (ou Municipal) fosse.

III) o direito infraconstitucional materialmente incompatível – será revogado pela nova Constituição;

Atenção! Não é que ele se torna inconstitucional. Não, não. O confronto entrea nova Constituição e o direito pré-existente materialmente incompatível seresolve pela revogação deste por aquela (e não pela inconstitucionalidade).

Sobre isso, guarde aquele famoso bordão: não há inconstitucionalidadesuperveniente no Brasil.

IV) o direito infraconstitucional não vigente no momento da promulgação danova Constituição – até poderá ter a sua vigência restaurada pela novaConstituição, desde que esta o faça expressamente (poderá ocorrerrepristinação expressa). Entretanto, não tem sua vigência tacitamente(automaticamente) restaurada.

Trata-se de outro bordão: não haverá repristinação tácita.

Quanto a esse último ponto tem um detalhe importante, relativo ao direitoinfraconstitucional que se encontrar no período da vacatio legis no momentoda promulgação da nova Constituição. Trata-se da chamada vacância da lei, operíodo entre a publicação da lei e o início de sua vigência (o legislador podeestabelecer esse prazo, mas o mais comum é estabelecer que “essa lei entraem vigor na data de sua publicação”).

Caso a lei esteja no período de vacatio legis no momento da promulgação danova Constituição, ela não entrará em vigor no novo ordenamento

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constitucional que se inicia; ou seja, não será aproveitada pela novaConstituição.

Bem, vamos então ao que interessa, um resumo dos aspectos mais relevantes.Objetivamente, você precisa guardar o seguinte.

Em primeiro lugar, o confronto entre a nova Constituição e o direitoinfraconstitucional anterior se resolve pela recepção ou revogação desteúltimo, tendo em vista que não há inconstitucionalidade superveniente.

Em segundo lugar, para a análise desse confronto, não interessa, em nada, osaspectos formais, procedimentais. Avalia-se exclusivamente acompatibilidade material da norma com a nova ordem constitucional.

Por fim, interessa observar que, para que norma infraconstitucional possa serrecepcionada pela nova Constituição, ela deve cumprir os seguintes requisitos:(i) estar em vigor no momento da promulgação da nova Constituição; (ii) ter

conteúdo compatível com a nova Constituição; e (iii) ter sido produzida demodo válido (de acordo com a Constituição de sua época).

Em suma, quanto a esse terceiro aspecto, você tem de pensar da seguinteforma.

Se em 1970 foi produzida uma lei inconstitucional (por exemplo, se ela tiverdesrespeitado o processo legislativo estabelecido pela Constituição da suaépoca), ela é inválida desde a sua origem. Ou seja, essa lei é nula, mesmo queainda não tenha sido formalmente declarada a sua inconstitucionalidade.Assim, essa lei não pode ser recepcionada pela nova Constituição. Pois para

ser recepcionada ela deve ter sido produzida de modo válido (de acordocom a Constituição de sua época).

Não há que se avaliar sua compatibilidade frente à nova Constituição, ela éinválida frente à Constituição anterior. Portanto, inválida desde a sua origem,não cabendo falar em sua recepção pelo novo ordenamento.

4.3) Desconstitucionalização

Antes de resolver novas questões, precisamos apresentar o conceito dedesconstitucionalização.

Alguns doutrinadores defendem que a entrada em vigor de uma novaConstituição não deveria acarretar a revogação de toda a Constituiçãopretérita. Para eles, cada dispositivo da Constituição antiga deveria serconfrontado com a nova Constituição. Como resultado desse confronto, osdispositivos da Constituição pretérita que fossem incompatíveis com a novaCarta seriam imediatamente revogados. Entretanto, os dispositivoscompatíveis seriam recepcionados com força de leis comuns, normasinfraconstitucionais.

Em suma, aquela parte compatível entre as duas Constituições não seriarevogada, tão somente perderia o status de norma constitucional, sendorecepcionada como norma infraconstitucional. Daí o nome dedesconstitucionalização.

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É importante que você saiba que essa tese (desconstitucionalização) não éadotada no nosso ordenamento.

Vamos ver se você entendeu resolvendo esta questão da Esaf (prova de 2006para o cargo de Juiz do TRT 7ª Região):

“Com o advento de uma nova Constituição, normas da Constituiçãoanterior que sejam compatíveis com o novo diploma continuam a vigorar,embora com força de lei.” 

Como vimos, promulgada uma nova Constituição, a Constituição pretérita serácompletamente revogada. É dizer, terá todos seus dispositivos integralmenterevogados pela nova Constituição, independentemente de havercompatibilidade ou não com esta última. A questão está relacionada aoconceito de desconstitucionalização, não admitido no nosso ordenamento jurídico. Logo, questão incorreta.

Agora, vamos resolver esta questão da Esaf, que abrange vários aspectosdeste assunto.

“(ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Suponha a existência de uma lei ordináriaregularmente aprovada com base no texto constitucional de 1969, a qual veicula matéria que, pela Constituição de 1988, deve ser disciplinada por lei complementar. Com base nesses elementos, pode-se dizer que tal lei 

a) foi revogada por incompatibilidade formal com a Constituição de 1988.

b) incorreu no vício de inconstitucionalidade superveniente em face danova Constituição.

c) pode ser revogada por outra lei ordinária.

d) foi recepcionada com força de lei ordinária, mas somente pode ser modificada por lei complementar.

e) pode ser revogada por emenda à Constituição Federal.” 

Primeira coisa: você entendeu a situação apresentada pela questão?

A Lei ordinária “A” foi aprovada antes de 1988 (por exemplo, em 1975),tratando de um assunto “X”, por exemplo. Veio a Constituição de 1988 eestabeleceu que “apenas as leis complementares podem dispor sobre o

assunto ‘X’”.Ela é inconstitucional frente à CF/88? Não, pois não háinconstitucionalidade superveniente. Letra “b” está errada.

Ela foi revogada por ser lei ordinária? Não, pois para se avaliar o fenômeno darecepção, não importam em nada os aspectos formais (por exemplo, se alei era ordinária, complementar, se era um decreto-lei etc.). Letra “a” errada.

Na verdade, a princípio, essa norma seria recepcionada (a questão não falouse ela é materialmente compatível) com força de lei complementar (afinal,essa é a espécie normativa que deve tratar do tema “X”, de acordo com a

Constituição de 1988).

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Diante disso, só pode ser revogada por lei complementar ou normahierarquicamente superior. Portanto, estão erradas as letras “c” e “d”. Ecorreta a letra “e”, uma vez que emenda constitucional, normahierarquicamente superior a todas as leis, poderá revogar a Lei “A”.

A mesma prova da Esaf cobrou a seguinte questão.“(ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A legislação federal anterior àConstituição de 1988 e regularmente aprovada com base na competênciada União definida no texto constitucional pretérito é considerada recebidacomo estadual ou municipal se a matéria por ela disciplinada passousegundo a nova Constituição para o âmbito de competência dos Estadosou dos Municípios, conforme o caso, não se podendo falar em revogaçãodaquela legislação em virtude dessa mudança de competência promovida pelo novo texto constitucional.” 

De fato, não importam os aspectos formais. Nesse caso, se a lei federal formaterialmente compatível, ela será recepcionada com status de lei estadual oumunicipal, conforme o caso.

Ou seja, uma lei federal aprovada validamente, passa a ter força de normalocal (estadual ou municipal), caso a nova Constituição destine aquela matériapara a competência estadual ou municipal. Portanto, o item está correto.

Super interessante isso, não? Muito, muito. Mas, para finalizar, uma questãodo Cespe que aprofunda um pouco este assunto.

“(CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) Uma lei 

estadual editada com base na sua competência prevista em Constituição pretérita é recepcionada como lei federal, quando a nova Constituiçãoatribui essa mesma competência à União.” 

Pois bem, vimos que não importam os aspectos formais para se analisar arecepção/revogação de uma norma infraconstitucional, certo? Certo.Entretanto, há um detalhe importante nisso.

Digamos que na vigência da Constituição anterior, a competência paradisciplinar determinada matéria era da União, tendo esse ente editado diplomalegal sobre o assunto. Pois bem, caso a nova Constituição atribua essacompetência aos estados, havendo compatibilidade material entre a lei e anova Constituição, a lei federal pretérita será recepcionada com status de leiestadual.

Tá tudo muito bom, tudo muito bem.

Todavia, a situação apresentada na questão é inversa: anteriormente, acompetência era estadual; a nova Constituição atribuiu aquela competência àUnião.

Nesse caso, não haverá a recepção das leis pré-constitucionais pela novaConstituição. E por um motivo lógico, senão vejamos! Ora, se a competênciaanterior era dos estados, cada um (dos 26 estados) havia disciplinado amatéria à sua maneira. Como saber qual norma dentre essas 26 existentesseria recepcionada com status de lei federal?

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Em suma, na mudança de competência entre os entes políticos, efetivada pelanova Constituição, é admitida a estadualização (de cima para baixo) dalegislação federal pretérita; mas não a federalização (de baixo para cima) dalegislação estadual ou municipal pretérita. Diante disso, a questão está errada.

O mesmo raciocínio vale para a mudança da competência envolvendo osmunicípios.

Pronto! Acabamos de abordar os aspectos relevantes sobre o nosso processode modificação da Constituição Federal – assunto interessantíssimo e poucoextenso, que você não pode se dar ao luxo de errar uma questão na prova!Para fixarmos os conceitos aqui estudados, passemos à resolução deexercícios...

(AUFC/TCU/2009) Considerando que um deputado federal, diante da pressãodos seus eleitores, pretende modificar a sistemática do recesso e da

convocação extraordinária no âmbito do Congresso Nacional, e sabendo que opoder constituinte derivado reformador manifesta-se por meio dasdenominadas emendas constitucionais, as quais estão regulamentadas no art.60 da CF, julgue o item a seguir.

1.  (CESPE/AUFC/TCU/2009) A CF estabelece algumas limitações de forma ede conteúdo ao poder de reforma. Assim, no caso narrado, para que amodificação pretendida seja votada pelo Congresso Nacional, a propostade emenda constitucional deverá ser apresentada por, no mínimo, umterço dos membros da Câmara dos Deputados.

De fato, o art. 60 da CF/88 estabelece que a iniciativa para proposta deemenda poderá ser apresentada exclusivamente:

I – por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputadosou do Senado Federal; 

II – pelo Presidente da República;

III – por mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades daFederação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seusmembros. Portanto, a questão está correta.

2.  (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) A CF admite emenda constitucional

por meio de iniciativa popular.A Constituição até permite iniciativa popular para projetos de lei federal (CF,art. 61, § 2°), e prevê essa possibilidade no âmbito estadual (CF, art. 27, §4º) e municipal (CF, art. 29, III). Entretanto, não há previsão parainiciativa popular no caso de emendas à Constituição (CF, art. 60,caput). Logo, a assertiva está incorreta.

3.  (CESPE/AUFC/TCU/2009) Uma vez preenchido o requisito da iniciativa einstaurado o processo legislativo, a proposta de emenda à CF serádiscutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votosdos respectivos membros.

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Segundo a Carta Maior, a proposta de emenda será discutida e votada emcada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovadase obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (CF,art. 60, § 2º).

O fato de o rito de deliberação das emendas constitucionais ser mais complexodo que o rito ordinário das leis federais em geral faz com que a nossaConstituição possa ser classificada como rígida. Portanto, a questão estácorreta.

4.  (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Tratando-sede mutação constitucional, o texto da constituição permanece inalterado,e alteram-se apenas o significado e o sentido interpretativo dedeterminada norma constitucional.

A mutação constitucional é um fenômeno de modificação silenciosa e contínua

da Constituição, sem a ocorrência de qualquer alteração formal em seu texto.Trata-se de um processo informal e espontâneo de alteração da interpretaçãoconstitucional, em que se muda o conteúdo de determinado dispositivo, semmudança no teor da norma.

Isso acontece no Brasil? É claro! Todos os dias a Constituição está sendo lida,utilizada e interpretada pelos aplicadores do direito (em especial, o SupremoTribunal Federal). E com o passar do tempo, a própria evolução de usos ecostumes da sociedade faz com que o sentido daqueles dispositivosconstitucionais mude, faz com que mude a forma de interpretá-los (mesmoque o texto permaneça o mesmo). Item certo.

5.  (CESPE/PROMOTOR/MPE-ES/2010) A CF consagrou, em seu texto, ainiciativa popular, sem restrição de matérias, para promover proposta deemenda constitucional.

Não há iniciativa popular para projetos de emenda constitucional (CF, art. 60,caput). Portanto, o item está incorreto.

6.  (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a qualquermomento, por intermédio do chamado poder constituinte derivadoreformador e também pelo derivado revisor.

Está errado afirmar que a CF/88 poderá ser alterada em qualquer momentopelo poder reformador e pelo poder revisor. Primeiro, porque há limitaçõescircunstanciais que impedem a alteração da Constituição na vigência deintervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (CF, art. 60, §1°). Ademais, a revisão constitucional foi restringida a um processo único, comdata pré-fixada (cinco anos contados da promulgação da Constituição Federal,nos termos do art. 3° do ADCT). Incorreta a assertiva.

7.  (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) A forma federativa de Estado poderáser alterada mediante emenda constitucional.

A forma federativa de Estado é uma das cláusulas pétreas expressas

estabelecidas pela nossa Constituição (CF, art. 60.§ 4°, I). Nesse sentido, nãose admite mudança na forma de Estado adotada (adoção da forma unitária de

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Estado, por exemplo) nem mesmo por meio de reforma constitucional. Logo, aassertiva está incorreta.

8.  (CESPE/IRBR/DIPLOMACIA/2009) Não é passível de deliberação aproposta de emenda constitucional que desvirtue a forma republicana de

governo, a qual está prevista como cláusula pétrea; no entanto, pode oCongresso Nacional, no exercício do poder constituinte derivadoreformador, promover modificação do modelo federal, de modo atransformar o Brasil em Estado unitário.

E aí, o que você acha? Poderia vir uma emenda à Constituição e transformar oBrasil numa monarquia parlamentarista? É o mesmo que perguntar: forma esistema de governo são cláusulas pétreas? E transformar o Brasil em umEstado unitário, pode?

A Constituição gravou com a chancela de cláusula pétrea expressa apenas a

forma de Estado (Federação). É dizer, nem a república nem o sistemapresidencialista são cláusulas pétreas expressas (CF, art. 60, § 4°). Logo,incorreta a assertiva.

Aliás, se você não for tão jovem se lembrará que, no ano de 1993, tivemos umplebiscito nacional para a escolha tanto da forma quanto do sistema degoverno. Isso significa que essas características poderiam ser alteradas,concorda? Tai uma boa dica para você memorizar essa informação!

Entretanto (isso não é pacífico!), há autores que consideram que não seriaválida uma emenda constitucional que instituísse a monarquia ou o sistemaparlamentarista. Isso porque ela estaria em colisão com a decisão direta doPoder Constituinte Originário, tomada em 1993, no plebiscito que decidiu aforma e o sistema de Governo.

Pode-se considerar ainda que haveria vedação à instituição da monarquia aose prever como cláusula pétrea o voto direto, secreto, universal e periódico.

Agora mais um detalhe. Se, por um lado, esse modelo não é petrificado naConstituição Federal, por outro lado, a forma e o sistema de governo sãolimitações à Constituição Estadual. Em outras palavras, é vedado ao estado-membro, município ou Distrito Federal estabelecerem a monarquia como formade governo ou o parlamentarismo como sistema de governo.

Em suma, o enunciado está errado, pois simplesmente inverteu os institutos:na vigente Constituição Federal de 1988, a forma federativa de Estado écláusula pétrea (CF, art. 60, § 4º, I), o mesmo não acontecendo com a formarepublicana de governo, matéria que não foi gravada expressamente comocláusula pétrea.

Vale lembrar que na vigência da Constituição Federal pretérita, de 1969, aforma republicana de governo era expressamente gravada como cláusulapétrea.

9.  (CESPE/ANALISTA/MINISTÉRIO DA SAÚDE/2010) A forma de governo

republicana é considerada cláusula pétrea.

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Como vimos, a forma republicana não está expressamente prevista comocláusula pétrea. Com base nisso, a questão foi considerada incorreta peloCespe no gabarito preliminar.

Todavia, logo em seguida, ela foi anulada, tendo o Cespe argumentado o

seguinte:“A forma de governo republicana não é considerada como cláusula pétrea, jáque pode ser modificada por plebiscito. No entanto, existem julgados noSupremo Tribunal Federal que sustentam a tese de ser uma cláusula pétreaimplícita, fato que prejudica o julgamento objetivo do item.” 

Bem, diante disso, em provas do Cespe vale ficar atento a essas duashipóteses: a questão pode perguntar “com base na Constituição” e aí, você jásabe: a República não foi expressamente prevista como cláusula pétrea.

Por outro lado, se o Cespe se aprofundar no assunto e pedir esse detalhe, você

também estará preparado: há autores que sustentam ser a República umacláusula pétrea implícita, tendo em vista a decisão tomada no plebiscito de1993 e a previsão do voto direto, secreto, universal e periódico como cláusulapétrea.

10.  (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) A revisãoconstitucional prevista no ADCT da CF, que foi realizada pelo voto damaioria simples dos membros do Congresso Nacional, gerou seis emendasconstitucionais de revisão que detêm o status de normas constitucionaisoriginárias.

A revisão constitucional foi realizada pelo voto da maioria absoluta dosmembros do Congresso Nacional (ADCT, art. 3°). Foram criadas seis emendasconstitucionais de revisão, com status de normas constitucionaisderivadas (e não originárias). Logo, a assertiva está incorreta.

11.  (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Pode ser objeto deemenda constitucional a proposta tendente a abolir o direito de petiçãoaos poderes públicos ou a obtenção de certidões em repartições públicas.

O direito de petição é um dos direitos individuais previstos na Constituição (CF,art. 5°, XXXIV). Logo, insuscetível de abolição por emenda constitucional, umavez que os direitos individuais constituem cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4°,IV). Incorreta a questão.

12.  (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) De acordo com a CF, aforma de governo republicana no Brasil é considerada cláusula pétrea enão pode ser modificada por emenda constitucional.

Observe que o Cespe perguntou “de acordo com a CF”. Bem, de acordo com aConstituição, a forma de governo republicana não é cláusula pétrea. Dequalquer forma, lembre-se: apesar da literalidade da constituição, há quemdefenda que a República seja uma cláusula pétrea implícita. Errada a questão.

13.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA I/TRE/MT/2010) A CFpoderá ser emendada mediante proposta de um terço das assembleias

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legislativas das unidades da Federação, mediante a maioria relativa deseus membros.

A Constituição admite proposta de emenda constitucional de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,

cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Logo, incorreta aquestão.

14.  (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/AGU/2010) As emendasconstitucionais de revisão, aprovadas durante o processo de revisãoconstitucional, foram promulgadas pelas duas casas do CongressoNacional, em sessão bicameral, de acordo com o mesmo processodificultoso exigido para qualquer tipo de emenda constitucional.

Vimos que o principal detalhe da revisão constitucional é que se trata deprocesso simplificado, diferente do previsto para as emendas

constitucionais. Sendo assim, incorreto o item.15.  (CESPE/ANALISTA EM C & T JÚNIOR/DIREITO/INCA/2010) O processo de

mutação constitucional consiste em proceder a um novo modo deinterpretar determinada norma constitucional, sem que haja alteração dopróprio texto constitucional.

É exatamente isso! A mutação constitucional consiste num processo demudança na interpretação da norma, sem alteração no texto literal. Correta aquestão.

16.  (CESPE/ANALISTA EM C & T JÚNIOR/DIREITO/INCA/2010) Nas Casas do

Congresso Nacional, as emendas constitucionais são aprovadas comquorum de três quintos dos componentes de cada uma, em dois turnos dediscussão e votação.

Correta a questão, pois está de acordo com art. 60, § 2°, da CF/88.

17.  (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) A matéria constante deproposta de emenda constitucional rejeitada ou havida por prejudicadanão pode ser objeto de nova proposta pelos parlamentares na mesmalegislatura.

Esta questão só acertou quem estava bastante atento!

Segundo o art. 60, § 5°, da CF/8, a matéria constante de proposta de emendarejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta namesma sessão legislativa.

Não confunda o conceito de sessão legislativa com o de legislatura! Chamamossua atenção para isso na aula sobre Poder Legislativo: cada legislatura abrangeo período de quatro anos, que corresponde ao período de renovação nacomposição das Casas Legislativas e compreende quatro sessões legislativasordinárias ou oito períodos legislativos.

Logo, incorreta a questão.

18.  (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) A proposta de emenda constitucionaldeve ser discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em doisturnos, e será considerada aprovada se obtiver, em ambos, três quintos

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dos votos dos respectivos membros e for promulgada após a respectivasanção presidencial.

Esse aspecto é importante. Chamamos sua atenção para isto: não há sançãopresidencial nos projetos de emenda constitucional. Após aprovação nas

duas Casas, a emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara dosDeputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (CF, art.60, § 3°). Logo, a assertiva está incorreta.

19.  (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/STF/2008) O inícioda tramitação de proposta de emenda constitucional cabe tanto ao SenadoFederal quanto à Câmara dos Deputados, pois a CF confere a ambas ascasas o poder de iniciativa legislativa.

Não há obrigatoriedade para a apresentação de proposta de emenda emdeterminada Casa do Congresso Nacional. Assim como afirma a questão, o

início da tramitação de PEC caberá tanto a uma quanto a outra casa – Câmarados Deputados ou Senado Federal. Portanto, a questão está correta.

20.  (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Uma proposta de emendaconstitucional que tenha sido rejeitada ou prejudicada somente pode serreapresentada na mesma sessão legislativa mediante a propositura damaioria absoluta dos membros de cada casa do Congresso Nacional.

A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida porprejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativaem nenhuma hipótese (CF, art. 60, § 5°).

A questão misturou o procedimento de emenda com o rito ordinário das leis.Com efeito, a Constituição admite que matéria constante de projeto de lei rejeitado seja objeto de novo projeto na mesma sessão legislativa, medianteproposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas doCongresso Nacional (CF, art. 67). Entretanto, essa possibilidade não se aplicaaos projetos de emenda constitucional (CF, art. 60, § 5º).

Outra hipótese de impossibilidade de reapreciação de matérias na mesmasessão legislativa diz respeito às medidas provisórias, que não poderão serreeditadas em caso de rejeição ou perda de eficácia por decurso de prazo (CF,art. 62, § 10). Item incorreto.

21.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/STF/2008) Todosos direitos e garantias fundamentais previstos na CF foram inseridos norol das cláusulas pétreas.

Não, não. Dentre os direitos e garantias fundamentais, o constituinte origináriosó gravou expressamente como cláusula pétrea os direitos e garantiasindividuais (art. 60, § 4º, IV).

Mas, observe que a cláusula pétrea “direitos e garantias individuais” protegetambém direitos e garantias individuais localizados fora desse catálogo, isto é,que se encontram em outros dispositivos da Constituição Federal. Com basenesse entendimento, o STF decidiu que o princípio da anterioridade tributária

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(CF, art. 150, III, “b”) constitui cláusula pétrea, por representar uma garantiaindividual do contribuinte. Logo, a assertiva está incorreta.

22.  (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA:CONTROLEEXTERNO/TCU/2008) A república e a forma federativa de Estado foram

arroladas expressamente como cláusulas pétreas pelo constituinteoriginário.

Já mencionamos que a forma republicana de governo e o sistemapresidencialista de governo não foram arrolados expressamente como cláusulapétrea. A forma federativa de Estado sim, foi expressamente arrolada comocláusula pétrea (art. 60, § 4º, I). Item errado.

23.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) A CF nãopoderá ser emendada na vigência de estado de sítio.

De fato, a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção

federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (CF, art. 60, § 1°). Corretaa assertiva.

24.  (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) Asmutações constitucionais decorrem da conjugação da peculiaridade dalinguagem constitucional, polissêmica e indeterminada, com fatoresexternos, de ordem econômica, social e cultural, que a CF intenta regular,produzindo leituras sempre renovadas das mensagens enviadas peloconstituinte.

Mutações constitucionais constituem o processo informal de alteração da

Constituição, quando se muda o conteúdo/alcance de certo dispositivoconstitucional sem nenhuma alteração da literalidade do seu texto.

Podemos considerar que essas “mudanças silenciosas” da Constituiçãodecorrem de novas leituras do texto constitucional, a partir de influênciasexternas advindas de fatores de ordem econômica, social e cultural.

Portanto, a questão está correta.

25.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) Opresidente da República tem poder de vetar emenda constitucionalcontrária ao interesse público.

A emenda constitucional não se submete a sanção/veto, sendo promulgadapelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivonúmero de ordem (CF, art. 60, § 3°).

Incorreto o item.

26.  (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ/SE/2008) Determinada lei ordinária,sancionada em 1973, disciplina uma dada matéria. Entretanto, a CF/88dispôs que a mesma matéria agora deverá ser disciplinada por leicomplementar. Diante dos fatos acima narrados, é correto afirmar que

a) há vício formal na lei de 1973 por incompatibilidade com a atual CF.

b) resolução do Senado Federal, promulgada em 2007, poderia revogar alei de 1973.

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c) a lei de 1973 foi recepcionada como lei complementar, mas pode seralterada por lei ordinária.

d) a lei de 1973 foi recepcionada como lei ordinária, mas só pode seralterada por lei complementar.

e) a lei de 1973 pode ser revogada por emenda constitucional.

Antes de começar a resolver, dê uma olhada na questão da Esaf de 2004 queresolvemos no final da parte teórica da aula (começava assim: “Suponha aexistência de uma lei ordinária regularmente aprovada com base no textoconstitucional de 1969...” ). É a mesma questão, adotada agora pelo Cespe,com pequenos ajustes de forma...

Se você entendeu lá, não vai ter dificuldades para entender aqui também.

A alternativa "a" está errada, pois no confronto entre a lei de 1973 e a atual CF

só importa o aspecto material.As alternativas "b" e "c" estão erradas, pois a lei foi recepcionada com força delei complementar, só podendo ser revogada por outra lei complementar ounorma que lhe seja hierarquicamente superior (EC, por exemplo).

A alternativa "d" está errada, pois a lei foi recepcionada com status de leicomplementar (já que a nova Constituição passou a exigir lei complementarpara disciplinar aquele assunto), e não de lei ordinária. E poderá ser revogadapor lei complementar ou norma que lhe seja hierarquicamente superior (EC,por exemplo).

A alternativa "e" está correta. De fato, lei complementar pode ser revogadapor norma hierarquicamente superior, como é o caso de uma emendaconstitucional.

27.  (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No fenômeno da recepção, sãoanalisadas as compatibilidades formais e materiais da lei em face da novaconstituição.

No caso da entrada em vigor de uma nova Constituição, o que importa éapenas a compatibilidade material para se avaliar a recepção ou arevogação da legislação infraconstitucional. Não é analisada a compatibilidadeformal.

Item errado.

28.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) De acordo com adoutrina constitucionalista, a Constituição Federal traz duas grandesespécies de limitações ao Poder de reformá-la, as limitações expressas eas implícitas.

De fato, a Constituição estabelece não só as limitações expressas ou explícitas(ao longo do art. 60 da CF/88), mas também as limitações implícitas (outácitas). Essas limitações implícitas são aquelas que impedem a alteração datitularidade do poder constituinte originário, a alteração da titularidade do poderconstituinte derivado e alterações ao procedimento estabelecido na Constituiçãopara a modificação do seu texto. Portanto, a questão está correta.

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29.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) Vários doutrinadorespublicistas salientam ser implicitamente irreformável a normaconstitucional que prevê as limitações expressas.

De fato, uma das limitações implícitas desenvolvidas pela doutrina e

 jurisprudência é exatamente aquela que impede alterações do procedimentoestabelecido na Constituição para a modificação do seu texto. E esseprocedimento é uma das limitações formais (expressas) ao Poder de reforma.Portanto, a questão está correta.

30.  (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de a Constituição Federal seremendada na vigência de estado de defesa se constitui em uma limitaçãomaterial explícita ao poder constituinte derivado.

Na verdade, trata-se de uma limitação circunstancial ao poder constituintederivado, prevista no art. 60, § 1º, da CF/88. Item incorreto.

31.  (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) O poder constituintederivado, no caso brasileiro, possui como uma das suas limitações aimpossibilidade de promoção de alteração da titularidade do poderconstituinte originário.

Como vimos, uma das limitações materiais implícitas ao poder constituintederivado é a impossibilidade de alteração da sua própria titularidade e, também,da titularidade do poder constituinte originário (que é do povo). Portanto, aquestão está correta.

32.  (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Firmou-se no Brasil o

entendimento de que o poder constituinte de reforma pode suprimir umdireito protegido como cláusula pétrea, desde que, num primeiromomento, esse direito seja subtraído da lista expressa das limitaçõesmateriais ao poder de emenda à Constituição.

A questão refere-se ao mecanismo da dupla revisão. Essa teoria não é aceitano Brasil devido à existência de limitação material implícita, que proíbe aopoder constituinte derivado introduzir modificações no processo de modificaçãoda Constituição Federal. Logo, a assertiva está incorreta.

33.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) É viável reformaconstitucional que aperfeiçoe o processo legislativo de emendaconstitucional, tornando-o formalmente mais rigoroso.

Por contrariar limitação material implícita, não é possível qualquer reformaconstitucional que venha a alterar o processo legislativo de emendaconstitucional. Não se admite nem alteração que o torne mais flexível, nemque o torne mais rigoroso. Item incorreto.

34.  (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Supremo TribunalFederal não tem competência para afirmar a inconstitucionalidade deemenda à Constituição votada segundo o procedimento estabelecido pelopoder constituinte originário.

As emendas constitucionais aprovadas estão sujeitas a controle deconstitucionalidade (incidental ou abstrato) pelo STF, tanto no que se refere a

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aspectos formais quanto no que concerne aos aspectos materiais. Afinal, trata-se de obra do poder constituinte derivado, que se caracteriza por sercondicionado e subordinado. Item incorreto.

Opa! Veja como o direito constitucional é todo interligado! Com um comentário

apenas nós passamos por três aulas do curso de direito constitucional (poderconstituinte, modificação da Constituição e controle de constitucionalidade).

35.  (ESAF/AFRF/2005) A forma republicana de governo, como princípiofundamental do Estado brasileiro, tem expressa proteção no textoconstitucional contra alterações por parte do poder constituinte derivado.

Fique atento. A Constituição gravou com a chancela de cláusula pétrea apenasa forma de Estado (Federação) e não a forma de governo (República) (CF, art.60, § 4°). Portanto, errada a questão.

36.  (ESAF/ACE/TCU/2006) Segundo a doutrina majoritária, no caso brasileiro,

não há vedação à alteração do processo legislativo das emendasconstitucionais, pelo poder constituinte derivado, uma vez que a matérianão se enquadra entre as hipóteses que constituem as cláusulas pétreasestabelecidas pelo constituinte originário.

O processo legislativo de modificação da Constituição não pode sofrermodificações substanciais mediante emenda à Constituição. Isso ocorre devido àexistência de limitação material implícita. Errada a questão.

37.  (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo o STF, é possível a declaração deinconstitucionalidade de normas constitucionais resultantes de aprovação

de propostas de emenda à constituição, desde que o constituinte derivadonão tenha obedecido às limitações materiais, circunstanciais ou formais,estabelecidas no texto da CF/88, pelo constituinte originário.

Se uma emenda constitucional desrespeitar uma das limitações a que estásujeita - circunstanciais (art. 60, § 1º), processuais ou formais (art. 60, I a IIIe §§ 2º, 3º e 5º) e materiais (art. 60, § 4º) – haverá desrespeito àConstituição. Nesse caso, poderá ser declarada sua inconstitucionalidade.Portanto, a questão está correta.

38.  (ESAF/AFC/CGU/2003) A distinção doutrinária, entre revisão e reformaconstitucional, materializou-se na CF/88, uma vez que o atual textoconstitucional brasileiro diferencia tais processos, ao estabelecer entreeles distinções quanto à forma de reunião do Congresso Nacional e quantoao quorum de deliberação.

De fato, entre o procedimento de reforma (emenda) e o de revisão hádiferenças na forma de reunião do Congresso (unicameral na revisão ebicameral no processo de emenda) e no que se refere ao quorum dedeliberação (maioria absoluta na revisão e três quintos no processo deemenda). Portanto, a questão está correta.

39.  (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A revisão

constitucional prevista por uma Assembléia Nacional Constituinte,possibilita ao poder constituinte derivado a alteração do texto

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constitucional, com menor rigor formal e sem as limitações expressas eimplícitas originalmente definidas no texto constitucional.

Há diversas diferenças entre os procedimentos de revisão e o de emenda.Todavia, você não pode esquecer que os dois procedimentos estão sujeitos às

limitações materiais expressas e implícitas impostas pelo ordenamentoconstitucional ao poder constituinte derivado. Item incorreto.

40.  (ESAF/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE/STN/2008) Não existetratamento jurídico diferenciado entre emenda, reforma e revisãoconstitucional.

Podemos considerar que reforma é gênero (poder constituinte reformador),que se subdivide em duas espécies de procedimentos: revisão constitucional(ADCT, art. 3º) e emenda constitucional (art. 60).

Ou, em outras palavras: na Constituição Federal de 1988, o poder constituinte

reformador (reforma constitucional) ora se materializa pelo procedimento derevisão (ADCT, art. 3º), ora pelo procedimento de emenda (art. 60). Logo, aassertiva está incorreta.

De qualquer forma, nem sempre as bancas fazem essa distinção, utilizando asexpressões “reforma” e “emenda” como sinônimas.

41.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) A emenda àConstituição Federal, enquanto proposta, é considerada um atoinfraconstitucional.

Segundo Alexandre de Moraes, a emenda à Constituição Federal, enquanto

proposta, é considerada um ato infraconstitucional sem qualquer normatividade,só ingressando no ordenamento jurídico após a sua aprovação, passando então aser preceito constitucional, de mesma hierarquia das normas constitucionaisoriginárias. Portanto, a questão está correta.

42.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) As limitaçõesexpressas circunstanciais formam um núcleo intangível da ConstituiçãoFederal, denominado tradicionalmente por “cláusulas pétreas”.

As limitações circunstanciais não são as cláusulas pétreas. Ocorrem quando aConstituição veda a sua modificação durante certas circunstâncias excepcionais,

em ocasiões extraordinárias (a CF/88 prevê limitações circunstanciais, ao proibira aprovação de emendas durante a vigência de estado de defesa, estado de sítioe intervenção federal – art. 60, § 1º). Logo, a assertiva está incorreta.

43.  (ESAF/PFN/2006) Embora nem todos os direitos enumerados no título dosDireitos Fundamentais sejam considerados cláusulas pétreas, nenhumoutro, fora desse mesmo título, constitui limitação material ao poderconstituinte de reforma.

Como vimos, a Constituição Federal somente gravou expressamente comocláusula pétrea os direitos e garantias individuais (CF, art. 60, § 4º, IV).Assim, em primeiro lugar, nem todos os direitos fundamentais enumerados no “Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais” são cláusulas pétreas.

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Entretanto, há direitos e garantias individuais fora desse catálogo. Segundo oSTF, a cláusula pétrea “direitos e garantias individuais” protege direitos egarantias situados fora do Título dos direitos e garantias fundamentais, como é ocaso do princípio da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, b), garantia

individual do contribuinte. Logo, a assertiva está incorreta.44.  (ESAF/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE/STN/2008) Não será objeto

de deliberação a proposta de emenda tendente a ampliar a aplicação dasnormas definidoras dos direitos e garantias fundamentais.

Observe o teor do art. 60, § 4º, IV, que apresenta as limitações materiaisexpressas ao poder de reforma:

“Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir :

(...)

IV - os direitos e garantiasindividuais

.” Ou seja, não há óbice a uma proposta de emenda que amplie o rol de direitosindividuais. Logo, a assertiva está incorreta.

45.  (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) A aprovação de EmendaConstitucional durante o estado de sítio só é possível se os membros doCongresso Nacional rejeitarem, por quorum qualificado, a suspensão dasimunidades dos Parlamentares durante a execução da medida.

Não é possível a aprovação de emenda constitucional durante a vigência deestado de sítio (CF, art. 60, § 1º). Trata-se de limitação circunstancial ao poder

de emenda. Errada a questão.46.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A emenda à Constituição, após aprovada

pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República, serápromulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,com o respectivo número de ordem.

De fato, as emendas serão promulgadas pelas Mesas da Câmara dosDeputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (CF, art.5°, § 3°). Entretanto, a questão está errada, pois não há sanção do Presidenteda República em emendas constitucionais. Logo, a assertiva está incorreta.

47.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda à Constituição serádiscutida e votada em sessão unicameral do Congresso Nacional, em doisturnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dosvotos dos respectivos membros.

De acordo com o art. 60, § 2°, a proposta de emenda será discutida e votadaem cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-seaprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivosmembros.

Ou seja, não se trata de sessão unicameral, daí o erro da questão. Aliás, asessão unicameral do Congresso Nacional ocorreu apenas na revisãoconstitucional prevista no art. 3° do ADCT.A assertiva está incorreta.

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48.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda à Constituiçãopode ser apresentada por mais da metade das Assembléias Legislativasdas unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pelamaioria relativa de seus membros.

O art. 60 apresenta os legitimados a propor emenda à Constituição Federal. Aassertiva está de acordo com o art. 60, III, da CF/88. Portanto, a questão estácorreta.

49.  (ESAF/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – CEARÁ/2007) Constituilimitação material implícita ao poder constituinte derivado, a proposiçãode emenda constitucional que vise à modificação de dispositivosreferentes aos direitos sociais, considerados cláusulas pétreas.

Bem, em primeiro lugar, não podemos considerar todos os direitos sociaiscomo cláusulas pétreas, afinal a Constituição veda emenda constitucional

tendente a abolir direitos e garantias individuais apenas (CF, art. 60, § 4°,IV). Ademais, as cláusulas pétreas são limitações materiais expressas.

As limitações materiais implícitas impedem emendas prejudicais (a) àtitularidade do poder constituinte originário, (b) à titularidade do poderconstituinte derivado e (c) ao procedimento de modificação da Constituição.Item incorreto.

50.  (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, o art. 3º do Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988(CF/88), que previa a revisão constitucional após cinco anos, contados desua promulgação, é uma limitação temporal ao poder constituintederivado.

Interessante esta questão, pois esse assunto confunde muita gente. Hálimitação temporal quando a Constituição estabelece um período durante oqual o seu texto não poderá ser modificado. Não foi o caso do art. 3° do ADCTque previa processo simplificado de revisão cinco anos após a promulgação daConstituição Federal. Isso porque nesse intervalo de tempo (5 anos) não houverestrições quanto à alteração da Constituição por emenda constitucional. Elapodia ser modificada (e foi!) por meio de emendas aprovadas de acordo com oart. 60.

Em suma: a Constituição Federal de 1988 não apresenta limitações deordem temporal.

Uma informação histórica: a única Constituição brasileira que apresentoulimitação de ordem temporal foi a Constituição Imperial de 1824 (só admitiamodificações no seu texto após quatro anos do início de sua vigência). Logo, aassertiva está incorreta.

51.  (ESAF/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – CEARÁ/2007) Aemenda à Constituição Federal só ingressa no ordenamento jurídico apósa sua promulgação pelo Presidente da República, e apresenta a mesma

hierarquia das normas constitucionais originárias.

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A emenda à Constituição é promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputadose do Senado Federal, e não pelo Presidente da República (art. 60, § 3º). Logo,a assertiva está incorreta.

Uma vez promulgada pelas Mesas da Câmara e do Senado, a emenda ingressa

no ordenamento jurídico na mesma situação hierárquica das normasconstitucionais originárias.

52.  (ESAF/AFC/2000) Todo deputado ou senador pode, individualmente,apresentar proposta de emenda à Constituição.

Uma proposta de emenda à Constituição exige a manifestação de um terço, nomínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (CF,art. 60, I). Logo, a assertiva está incorreta.

53.  (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Emenda Constitucional não está sujeita asanção ou a veto do Presidente da República, mas deve ser por ele

promulgada.As emendas constitucionais são promulgadas pelas Mesas da Câmara dosDeputados e do Senado Federal (CF, art. 60, § 3º).

Guarde a seguinte informação (para não errar nunca mais): no processo deemenda constitucional, só há participação do Presidente da República nainiciativa. Não há sanção e a promulgação é feita pelas Mesas da Câmara dosDeputados e do Senado Federal. Logo, a assertiva está incorreta.

54.  (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Insere-se no âmbito da auto-organização dos Estados-membros a decisão de permitir revisões

periódicas da Constituição Estadual, com quorum de maioria simples.O procedimento de revisão (ADCT, art. 3º) não pode ser adotado pelos estados-membros para modificação da Constituição Estadual. Esse procedimentosimplificado de revisão foi adotado exclusivamente para a modificação daConstituição Federal, naquela única ocasião. Item incorreto.

55.  (ESAF/AFRE/RN/2005) O poder constituinte derivado pode modificarlivremente as normas relativas ao processo legislativo das emendasconstitucionais, uma vez que essa matéria não se inclui entre as cláusulaspétreas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988.

Como vimos, não seria admitida a alteração das normas relativas ao processolegislativo das emendas constitucionais, por afronta à limitação materialimplícita. Errada a questão.

56.  (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) As cláusulas pétreas não inibem toda equalquer alteração da sua respectiva disciplina constante das normasconstitucionais originárias, não representando assim a intangibilidadeliteral destas, mas compreendem a garantia do núcleo essencial dosprincípios e institutos cuja preservação nelas se protege.

De fato, as cláusulas pétreas não inibem qualquer alteração literal da sua

respectiva disciplina. O que não se admite é que uma emenda venha a desfiguraro núcleo essencial das respectivas matérias. Por isso, é inconstitucional uma

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emenda tendente a sua abolição (CF, art. 60, § 4º). Portanto, a questão estácorreta.

57.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Não será objeto de deliberação a propostade emenda tendente a alterar os direitos e garantias individuais.

Por favor, não erre essa questão tão batida. Deixe para errar as difíceis... Nãoserá objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitose garantias individuais (CF, art. 60, § 4º, IV). Portanto, a assertiva estáincorreta.

58.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A Constituição não poderá ser emendadana vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado desítio, salvo se a emenda for aprovada pela maioria absoluta de seusmembros.

Durante a vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado

de sítio a Constituição não poderá ser alterada em nenhuma hipótese (CF, art.60, § 1º). Item errado.

59.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal convergem para afirmar quenormas da Constituição anterior ao novo diploma constitucional, que comeste não sejam materialmente incompatíveis, são recebidas como normasinfraconstitucionais.

Promulgada uma nova Constituição, a Constituição pretérita serácompletamente revogada. É dizer, terá todos seus dispositivos

integralmente revogados pela nova Constituição, independentemente de havercompatibilidade ou não com esta última.

A questão está relacionada ao conceito de desconstitucionalização, defendidopor uma corrente minoritária. Como vimos, nosso ordenamento jurídico nãoadmite o entendimento de que normas da Constituição anterior que sejammaterialmente compatíveis com a nova Carta sejam recebidas como normasinfraconstitucionais.

Logo, incorreta a questão.

60.  (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Normas de lei ordinária

anteriores à nova Constituição que sejam com essa materialmentecompatíveis são tidas como recebidas, mesmo que se revistam de formalegislativa que já não mais é prevista na nova Carta.

Promulgada uma nova Constituição, o direito infraconstitucionalmaterialmente compatível será recepcionado pela nova ordemconstitucional. Não importa se aquela “forma legislativa” não existe mais.Afinal, ela será recepcionada com o status que a nova Constituição reservarpara aquela matéria.

Você conhece o “decreto-lei”? Trata-se de espécie normativa extinta pelanossa Constituição de 1988. Entretanto, quando ela foi promulgada, haviadiversos decretos-lei plenamente válidos que continuaram sendo aplicáveis.

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Assim, imagine que, em 1970, determinada matéria era regulada por decreto-lei. Agora, suponha que o advento da nova Constituição (de 1988) tenhaexigido lei complementar para o trato daquele assunto. Nessa hipótese, sematerialmente compatível, o decreto-lei seria recepcionado com força de lei

complementar.Isso porque no confronto entre o direito pré-constitucional e Constituiçãofutura só interessa a compatibilidade material (conteúdo da norma). Nãointeressa compatibilidade formal, ligada ao processo legislativo deelaboração das normas.

Item certo.

61.  (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assentou-se a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que as normasanteriores à Constituição com essa materialmente incompatíveis são

consideradas inconstitucionais e, não, meramente revogadas.Não há inconstitucionalidade superveniente no Brasil. O direitoinfraconstitucional materialmente incompatível é revogado pela novaConstituição. Ele não se torna inconstitucional. Lembre-se que a análise deconstitucionalidade da norma deve se dar entre a norma e a Constituição desua época. Logo, incorreta a questão.

62.  (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Reconhece-se, hoje,no Brasil, como típico das normas do poder constituinte originário seremelas dotadas de eficácia retroativa mínima, já que se entende comopróprio dessas normas atingir efeitos futuros de fatos passados.

Como vimos, o STF deixou assente que, salvo disposição expressa aocontrário, a nova Constituição aplica-se de imediato, alcançando efeitosfuturos de negócios passados. Essa regra de eficácia é denominadaretroatividade mínima. Correta a questão.

63.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Uma lei que fere oprocesso legislativo previsto na Constituição sob cuja regência foi editada,mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora objeto decontrole de constitucionalidade, não é considerada recebida por esta,mesmo que com ela guarde plena compatibilidade material e esteja de

acordo com o novo processo legislativo.Para que uma norma seja recepcionada, deverá ser válida frente à Constituiçãode sua época. Pois se ela era inconstitucional (mesmo que não tenha sidodeclarada formalmente a sua inconstitucionalidade ainda) ela nem podeproduzir efeitos.

Assim, não interessa sua compatibilidade com a Constituição atual. Se elanasceu inconstitucional frente à Constituição antiga, não poderá serrecepcionada pela nova. Item certo.

64.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Para que a lei anterior à

Constituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister que sejacompatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa como doconteúdo dos seus preceitos.

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No confronto entre a lei antiga e o novo Texto Magno só interessa acompatibilidade material (conteúdo da norma). Não interessacompatibilidade formal, ligada ao processo legislativo de elaboração dasnormas. Incorreto o item.

65.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Normas não recebidaspela nova Constituição são consideradas, ordinariamente, como sofrendode inconstitucionalidade superveniente.

É como já disemos: não há inconstitucionalidade superveniente. Ofenômeno da inconstitucionalidade só ocorre em uma lei que desrespeite aConstituição de sua época.

A incompatibilidade entre uma norma antiga e a nova Constituição se resolvepela revogação da primeira e não pela declaração de suainconstitucionalidade. Logo, errado o item.

66.  (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Para que a lei anterior àConstituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister que sejacompatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa como doconteúdo dos seus preceitos.

Não interessam os aspectos formais para a análise da recepção da norma pelonovo texto constitucional. Item errado.

67.  (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Lei ordinária anterior àConstituição de 1988, com ela materialmente compatível, é tida comorecebida pela nova ordem constitucional, mesmo que esta exija lei

complementar para regular o assunto.De fato, a lei ordinária materialmente compatível será recepcionada. Nessecaso, caso a nova ordem constitucional exija lei complementar para o tratodaquele assunto, a referida lei ordinária assumirá, na nova ordemconstitucional, status de lei complementar. Correto o item.

68.  (ESAF/AFRF/2000) A lei ordinária anterior à nova Constituição, que comesta é materialmente incompatível, continua em vigor até que sejarevogada por outra lei do mesmo status hierárquico.

Nesse caso, a revogação ocorre na data da entrada em vigor do novo texto

constitucional. Observe isto: a revogação do direito pré-constitucionalmaterialmente incompatível com a nova Constituição ocorre sempre numamesma data: na data da entrada em vigor do novo texto constitucional emsentido contrário. Portanto, incorreta a questão.

69.  (FGV/PROCURADOR/TCM/RJ/2008) Mutação constitucional é o processoformal de alteração do texto constitucional.

Como vimos, a mutação constitucional consiste na mudança da Constituição deforma silenciosa e sem alteração textual. Nesse sentido, trata-se de processoinformal, em que se muda o conteúdo de determinado dispositivo, semmudança no teor literal da norma.

Assim, a assertiva está incorreta, pois a mutação constitucional não consisteem mudança formal no texto constitucional.

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70.  (FGV/FISCAL DE RENDAS/MS/2006) A respeito da "mutaçãoconstitucional", é correto afirmar que:

(a) é a alteração da Constituição por meio de emendas.

(b) é o mesmo que revisão constitucional.(c) são as alterações informais feitas na substância da Constituição,especialmente por meio da interpretação judicial.

(d) não tem lugar em nosso sistema jurídico, em razão de a Carta Políticaser escrita e rígida.

(e) só ocorre por meio do poder constituinte originário.

As alternativas “a” e “b” estão erradas, pois a mutação constitucional não seconfunde com a alteração da Constituição por meio de emendas ou com oprocesso de revisão. Estas últimas configuram processos de alteração formal

da Constituição, ao contrário da mutação (que é informal).A alternativa “c” está correta. De fato, na mutação constitucional a mudançana interpretação de determinado dispositivo gera alterações informais noconteúdo da norma sem que haja mudança formal no texto constitucional.

A alternativa “d” está errada, pois a todo momento a nossa Constituição éalterada por meio de mutação constitucional a partir das interpretações quesão dadas aos seus dispositivos. Especialmente por meio de atuação doSupremo Tribunal Federal (STF). É o que ocorre quando, por exemplo, o STFmuda seu entendimento sobre determinado assunto de conteúdo

constitucional.A alternativa “e” está errada, uma vez que não é necessária a atuação dopoder constituinte originário para a ocorrência do fenômeno da mutaçãoconstitucional (na verdade, vimos que as mutações constitucionais constituema materialização do chamado “poder constituinte difuso”). Afinal, asmanifestações do poder constituinte originário ocorrem na criação de um novoEstado (histórico) ou na mudança de Constituição em um Estado existente(revolucionário), como ocorreu em 1988 no Brasil.

Diante disso, o gabarito é letra "c".

71.  (FGV/OFICIAL DE CARTÓRIO/SSP/RJ/2008) A aprovação de uma emendaconstitucional depende dos votos favoráveis de 3/5 dos membros de cadaCasa do Congresso Nacional, obtidos em dois turnos de votação em cadauma delas.

Nos termos do art. 60, § 2°, da CF/88, a proposta de emenda constitucionalserá discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dosrespectivos membros. Portanto, a questão está correta.

72.  (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-AP/2010) Podem propor emenda àConstituição: (i) o Presidente da República; (ii) um terço, no mínimo, dosmembros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; (iii) oPresidente do Supremo Tribunal Federal; e (iv) mais da metade das

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Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

O art. 60 da CF/88 estabelece quem pode propor emenda constitucional. Podese observar que o presidente do STF não é competente para propor emenda

constitucional. Logo, a assertiva está incorreta.73.  (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-AP/2010) A Constituição não poderá ser

emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou deestado de sítio.

De fato, a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervençãofederal, de estado de defesa ou de estado de sítio (CF, art. 60, § 1°). Trata-sedas chamadas limitações circunstanciais ao poder de reforma. Portanto, aquestão está correta.

74.  (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-AP/2010) Determinados temas previstos

na própria Constituição não podem ser objeto de proposta de emendaconstitucional que os pretenda abolir.

De fato, a Constituição estabelece temas que não podem sofrer emendasconstitucionais tendentes a aboli-los. Nos termos do § 4º do art. 60 da CF/88,não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.Trata-se das chamadas limitações materiais expressas ao poder de reforma.Portanto, a questão está correta.

75.  (FUNIVERSA/CONSULTOR JURÍDICO/APEX/2006) Configura-se umalimitação circunstancial ao poder derivado não ser possível a emenda àConstituição Federal durante o Estado de Sítio.

De fato, a vedação de emenda constitucional no período de estado de sítioconfigura limitação circunstancial ao poder constituinte derivado. Portanto, aquestão está correta.

76.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ªREGIÃO/2011) A Constituição Federal, em situação excepcional, poderáser emendada na vigência de intervenção federal.

Devido à excepcionalidade da situação, não se admite emenda constitucionaldurante a vigência de intervenção federal (CF, art. 60, § 1°). Item errado.

77.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRE/TO/2011) AConstituição Federal poderá ser emendada mediante proposta de umterço, no mínimo, dos membros

a) do Senado Federal, apenas.b) da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

c) da Câmara dos Deputados, apenas.

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d) das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

e) das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,manifestando-se, cada uma delas, pela maioria absoluta de seus

membros.Nos termos do art. 60, I, da CF/88, a Constituição poderá ser emendadamediante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dosDeputados ou do Senado Federal. Logo, correta a letra “b”.

As letras “d” e “e” estão incorretas, pois a Constituição exige proposta de maisda metade das Assembléias Legislativas manifestando-se, cada uma delas,pela maioria relativa de seus membros (CF, art. 60, III). Ou seja, não bastaproposta de um terço.

78.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ª

REGIÃO/2011) A matéria constante de proposta de emenda havida porprejudicada poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessãolegislativa.

A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida porprejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa(CF, art. 60, § 5°). Logo, incorreta a questão.

79.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ªREGIÃO/2011) A proposta de emenda será discutida e votada em cadaCasa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada

se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.A questão está certa. De fato, nos termos do art. 60, § 2°, da CF/88, aproposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, emdois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dosvotos dos respectivos membros.

80.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ªREGIÃO/2011) A Constituição poderá ser emendada mediante proposta deum quarto, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou doSenado Federal.

Nos termos do art. 60, I, da CF/88, a Constituição poderá ser emendadamediante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dosDeputados ou do Senado Federal. Errada a assertiva.

Esperamos que você tenha apreciado a aula e esses detalhes possam fazer adiferença na sua aprovação.

Um abraço,

Vicente Paulo e Frederico Dias

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LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS

(AUFC/TCU/2009) Considerando que um deputado federal, diante dapressão dos seus eleitores, pretende modificar a sistemática do recesso e

da convocação extraordinária no âmbito do Congresso Nacional, esabendo que o poder constituinte derivado reformador manifesta-se pormeio das denominadas emendas constitucionais, as quais estãoregulamentadas no art. 60 da CF, julgue o item a seguir.

1.  (CESPE/AUFC/TCU/2009) A CF estabelece algumas limitações de forma ede conteúdo ao poder de reforma. Assim, no caso narrado, para que amodificação pretendida seja votada pelo Congresso Nacional, a propostade emenda constitucional deverá ser apresentada por, no mínimo, umterço dos membros da Câmara dos Deputados.

2.  (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) A CF admite emenda constitucional

por meio de iniciativa popular.3.  (CESPE/AUFC/TCU/2009) Uma vez preenchido o requisito da iniciativa e

instaurado o processo legislativo, a proposta de emenda à CF serádiscutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votosdos respectivos membros.

4.  (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Tratando-sede mutação constitucional, o texto da constituição permanece inalterado,e alteram-se apenas o significado e o sentido interpretativo de

determinada norma constitucional.5.  (CESPE/PROMOTOR/MPE-ES/2010) A CF consagrou, em seu texto, a

iniciativa popular, sem restrição de matérias, para promover proposta deemenda constitucional.

6.  (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a qualquermomento, por intermédio do chamado poder constituinte derivadoreformador e também pelo derivado revisor.

7.  (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) A forma federativa de Estado poderáser alterada mediante emenda constitucional.

8.  (CESPE/IRBR/DIPLOMACIA/2009) Não é passível de deliberação aproposta de emenda constitucional que desvirtue a forma republicana degoverno, a qual está prevista como cláusula pétrea; no entanto, pode oCongresso Nacional, no exercício do poder constituinte derivadoreformador, promover modificação do modelo federal, de modo atransformar o Brasil em Estado unitário.

9.  (CESPE/ANALISTA/MINISTÉRIO DA SAÚDE/2010) A forma de governorepublicana é considerada cláusula pétrea.

10.  (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) A revisão

constitucional prevista no ADCT da CF, que foi realizada pelo voto damaioria simples dos membros do Congresso Nacional, gerou seis emendas

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constitucionais de revisão que detêm o status de normas constitucionaisoriginárias.

11.  (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Pode ser objeto deemenda constitucional a proposta tendente a abolir o direito de petição

aos poderes públicos ou a obtenção de certidões em repartições públicas.12.  (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) De acordo com a CF, a

forma de governo republicana no Brasil é considerada cláusula pétrea enão pode ser modificada por emenda constitucional.

13.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA I/TRE/MT/2010) A CFpoderá ser emendada mediante proposta de um terço das assembleiaslegislativas das unidades da Federação, mediante a maioria relativa deseus membros.

14.  (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/AGU/2010) As emendas

constitucionais de revisão, aprovadas durante o processo de revisãoconstitucional, foram promulgadas pelas duas casas do CongressoNacional, em sessão bicameral, de acordo com o mesmo processodificultoso exigido para qualquer tipo de emenda constitucional.

15.  (CESPE/ANALISTA EM C & T JÚNIOR/DIREITO/INCA/2010) O processo demutação constitucional consiste em proceder a um novo modo deinterpretar determinada norma constitucional, sem que haja alteração dopróprio texto constitucional.

16.  (CESPE/ANALISTA EM C & T JÚNIOR/DIREITO/INCA/2010) Nas Casas do

Congresso Nacional, as emendas constitucionais são aprovadas comquorum de três quintos dos componentes de cada uma, em dois turnos dediscussão e votação.

17.  (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) A matéria constante deproposta de emenda constitucional rejeitada ou havida por prejudicadanão pode ser objeto de nova proposta pelos parlamentares na mesmalegislatura.

18.  (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) A proposta de emenda constitucionaldeve ser discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em doisturnos, e será considerada aprovada se obtiver, em ambos, três quintosdos votos dos respectivos membros e for promulgada após a respectivasanção presidencial.

19.  (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/STF/2008) O inícioda tramitação de proposta de emenda constitucional cabe tanto ao SenadoFederal quanto à Câmara dos Deputados, pois a CF confere a ambas ascasas o poder de iniciativa legislativa.

20.  (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Uma proposta de emendaconstitucional que tenha sido rejeitada ou prejudicada somente pode serreapresentada na mesma sessão legislativa mediante a propositura da

maioria absoluta dos membros de cada casa do Congresso Nacional.

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21.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/STF/2008) Todosos direitos e garantias fundamentais previstos na CF foram inseridos norol das cláusulas pétreas.

22.  (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA:CONTROLE

EXTERNO/TCU/2008) A república e a forma federativa de Estado foramarroladas expressamente como cláusulas pétreas pelo constituinteoriginário.

23.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) A CF nãopoderá ser emendada na vigência de estado de sítio.

24.  (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) Asmutações constitucionais decorrem da conjugação da peculiaridade dalinguagem constitucional, polissêmica e indeterminada, com fatoresexternos, de ordem econômica, social e cultural, que a CF intenta regular,

produzindo leituras sempre renovadas das mensagens enviadas peloconstituinte.

25.  (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) Opresidente da República tem poder de vetar emenda constitucionalcontrária ao interesse público.

26.  (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ/SE/2008) Determinada lei ordinária,sancionada em 1973, disciplina uma dada matéria. Entretanto, a CF/88dispôs que a mesma matéria agora deverá ser disciplinada por leicomplementar. Diante dos fatos acima narrados, é correto afirmar que

a) há vício formal na lei de 1973 por incompatibilidade com a atual CF.b) resolução do Senado Federal, promulgada em 2007, poderia revogar alei de 1973.

c) a lei de 1973 foi recepcionada como lei complementar, mas pode seralterada por lei ordinária.

d) a lei de 1973 foi recepcionada como lei ordinária, mas só pode seralterada por lei complementar.

e) a lei de 1973 pode ser revogada por emenda constitucional.

27.  (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No fenômeno da recepção, sãoanalisadas as compatibilidades formais e materiais da lei em face da novaconstituição.

28.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) De acordo com adoutrina constitucionalista, a Constituição Federal traz duas grandesespécies de limitações ao Poder de reformá-la, as limitações expressas eas implícitas.

29.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) Vários doutrinadorespublicistas salientam ser implicitamente irreformável a normaconstitucional que prevê as limitações expressas.

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30.  (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de a Constituição Federal seremendada na vigência de estado de defesa se constitui em uma limitaçãomaterial explícita ao poder constituinte derivado.

31.  (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) O poder constituinte

derivado, no caso brasileiro, possui como uma das suas limitações aimpossibilidade de promoção de alteração da titularidade do poderconstituinte originário.

32.  (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Firmou-se no Brasil oentendimento de que o poder constituinte de reforma pode suprimir umdireito protegido como cláusula pétrea, desde que, num primeiromomento, esse direito seja subtraído da lista expressa das limitaçõesmateriais ao poder de emenda à Constituição.

33.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) É viável reforma

constitucional que aperfeiçoe o processo legislativo de emendaconstitucional, tornando-o formalmente mais rigoroso.

34.  (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Supremo TribunalFederal não tem competência para afirmar a inconstitucionalidade deemenda à Constituição votada segundo o procedimento estabelecido pelopoder constituinte originário.

35.  (ESAF/AFRF/2005) A forma republicana de governo, como princípiofundamental do Estado brasileiro, tem expressa proteção no textoconstitucional contra alterações por parte do poder constituinte derivado.

36.  (ESAF/ACE/TCU/2006) Segundo a doutrina majoritária, no caso brasileiro,não há vedação à alteração do processo legislativo das emendasconstitucionais, pelo poder constituinte derivado, uma vez que a matérianão se enquadra entre as hipóteses que constituem as cláusulas pétreasestabelecidas pelo constituinte originário.

37.  (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo o STF, é possível a declaração deinconstitucionalidade de normas constitucionais resultantes de aprovaçãode propostas de emenda à constituição, desde que o constituinte derivadonão tenha obedecido às limitações materiais, circunstanciais ou formais,estabelecidas no texto da CF/88, pelo constituinte originário.

38.  (ESAF/AFC/CGU/2003) A distinção doutrinária, entre revisão e reformaconstitucional, materializou-se na CF/88, uma vez que o atual textoconstitucional brasileiro diferencia tais processos, ao estabelecer entreeles distinções quanto à forma de reunião do Congresso Nacional e quantoao quorum de deliberação.

39.  (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A revisãoconstitucional prevista por uma Assembléia Nacional Constituinte,possibilita ao poder constituinte derivado a alteração do textoconstitucional, com menor rigor formal e sem as limitações expressas e

implícitas originalmente definidas no texto constitucional.

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40.  (ESAF/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE/STN/2008) Não existetratamento jurídico diferenciado entre emenda, reforma e revisãoconstitucional.

41.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) A emenda à

Constituição Federal, enquanto proposta, é considerada um atoinfraconstitucional.

42.  (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) As limitaçõesexpressas circunstanciais formam um núcleo intangível da ConstituiçãoFederal, denominado tradicionalmente por “cláusulas pétreas”.

43.  (ESAF/PFN/2006) Embora nem todos os direitos enumerados no título dosDireitos Fundamentais sejam considerados cláusulas pétreas, nenhumoutro, fora desse mesmo título, constitui limitação material ao poderconstituinte de reforma.

44.  (ESAF/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE/STN/2008) Não será objetode deliberação a proposta de emenda tendente a ampliar a aplicação dasnormas definidoras dos direitos e garantias fundamentais.

45.  (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) A aprovação de EmendaConstitucional durante o estado de sítio só é possível se os membros doCongresso Nacional rejeitarem, por quorum qualificado, a suspensão dasimunidades dos Parlamentares durante a execução da medida.

46.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A emenda à Constituição, após aprovadapelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República, será

promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,com o respectivo número de ordem.

47.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda à Constituição serádiscutida e votada em sessão unicameral do Congresso Nacional, em doisturnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dosvotos dos respectivos membros.

48.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda à Constituiçãopode ser apresentada por mais da metade das Assembléias Legislativasdas unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pelamaioria relativa de seus membros.

49.  (ESAF/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – CEARÁ/2007) Constituilimitação material implícita ao poder constituinte derivado, a proposiçãode emenda constitucional que vise à modificação de dispositivosreferentes aos direitos sociais, considerados cláusulas pétreas.

50.  (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, o art. 3º do Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988(CF/88), que previa a revisão constitucional após cinco anos, contados desua promulgação, é uma limitação temporal ao poder constituintederivado.

51.  (ESAF/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – CEARÁ/2007) Aemenda à Constituição Federal só ingressa no ordenamento jurídico após

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a sua promulgação pelo Presidente da República, e apresenta a mesmahierarquia das normas constitucionais originárias.

52.  (ESAF/AFC/2000) Todo deputado ou senador pode, individualmente,apresentar proposta de emenda à Constituição.

53.  (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Emenda Constitucional não está sujeita asanção ou a veto do Presidente da República, mas deve ser por elepromulgada.

54.  (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Insere-se no âmbito da auto-organização dos Estados-membros a decisão de permitir revisõesperiódicas da Constituição Estadual, com quorum de maioria simples.

55.  (ESAF/AFRE/RN/2005) O poder constituinte derivado pode modificarlivremente as normas relativas ao processo legislativo das emendasconstitucionais, uma vez que essa matéria não se inclui entre as cláusulas

pétreas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988.56.  (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) As cláusulas pétreas não inibem toda e

qualquer alteração da sua respectiva disciplina constante das normasconstitucionais originárias, não representando assim a intangibilidadeliteral destas, mas compreendem a garantia do núcleo essencial dosprincípios e institutos cuja preservação nelas se protege.

57.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Não será objeto de deliberação a propostade emenda tendente a alterar os direitos e garantias individuais.

58.  (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A Constituição não poderá ser emendada

na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado desítio, salvo se a emenda for aprovada pela maioria absoluta de seusmembros.

59.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal convergem para afirmar quenormas da Constituição anterior ao novo diploma constitucional, que comeste não sejam materialmente incompatíveis, são recebidas como normasinfraconstitucionais.

60.  (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Normas de lei ordinária

anteriores à nova Constituição que sejam com essa materialmentecompatíveis são tidas como recebidas, mesmo que se revistam de formalegislativa que já não mais é prevista na nova Carta.

61.  (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assentou-se a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que as normasanteriores à Constituição com essa materialmente incompatíveis sãoconsideradas inconstitucionais e, não, meramente revogadas.

62.  (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Reconhece-se, hoje,no Brasil, como típico das normas do poder constituinte originário seremelas dotadas de eficácia retroativa mínima, já que se entende comopróprio dessas normas atingir efeitos futuros de fatos passados.

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63.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Uma lei que fere oprocesso legislativo previsto na Constituição sob cuja regência foi editada,mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora objeto decontrole de constitucionalidade, não é considerada recebida por esta,

mesmo que com ela guarde plena compatibilidade material e esteja deacordo com o novo processo legislativo.

64.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Para que a lei anterior àConstituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister que sejacompatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa como doconteúdo dos seus preceitos.

65.  (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Normas não recebidaspela nova Constituição são consideradas, ordinariamente, como sofrendode inconstitucionalidade superveniente.

66.  (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Para que a lei anterior àConstituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister que sejacompatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa como doconteúdo dos seus preceitos.

67.  (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Lei ordinária anterior àConstituição de 1988, com ela materialmente compatível, é tida comorecebida pela nova ordem constitucional, mesmo que esta exija leicomplementar para regular o assunto.

68.  (ESAF/AFRF/2000) A lei ordinária anterior à nova Constituição, que comesta é materialmente incompatível, continua em vigor até que sejarevogada por outra lei do mesmo status hierárquico.

69.  (FGV/PROCURADOR/TCM/RJ/2008) Mutação constitucional é o processoformal de alteração do texto constitucional.

70.  (FGV/FISCAL DE RENDAS/MS/2006) A respeito da "mutaçãoconstitucional", é correto afirmar que:

(a) é a alteração da Constituição por meio de emendas.

(b) é o mesmo que revisão constitucional.

(c) são as alterações informais feitas na substância da Constituição,especialmente por meio da interpretação judicial.(d) não tem lugar em nosso sistema jurídico, em razão de a Carta Políticaser escrita e rígida.

(e) só ocorre por meio do poder constituinte originário.

71.  (FGV/OFICIAL DE CARTÓRIO/SSP/RJ/2008) A aprovação de uma emendaconstitucional depende dos votos favoráveis de 3/5 dos membros de cadaCasa do Congresso Nacional, obtidos em dois turnos de votação em cadauma delas.

72.  (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-AP/2010) Podem propor emenda àConstituição: (i) o Presidente da República; (ii) um terço, no mínimo, dosmembros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; (iii) o

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Presidente do Supremo Tribunal Federal; e (iv) mais da metade dasAssembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

73.  (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-AP/2010) A Constituição não poderá ser

emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou deestado de sítio.

74.  (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-AP/2010) Determinados temas previstosna própria Constituição não podem ser objeto de proposta de emendaconstitucional que os pretenda abolir.

75.  (FUNIVERSA/CONSULTOR JURÍDICO/APEX/2006) Configura-se umalimitação circunstancial ao poder derivado não ser possível a emenda àConstituição Federal durante o Estado de Sítio.

76.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ª

REGIÃO/2011) A Constituição Federal, em situação excepcional, poderáser emendada na vigência de intervenção federal.

77.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRE/TO/2011) AConstituição Federal poderá ser emendada mediante proposta de umterço, no mínimo, dos membros

a) do Senado Federal, apenas.

b) da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

c) da Câmara dos Deputados, apenas.

d) das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

e) das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,manifestando-se, cada uma delas, pela maioria absoluta de seusmembros.

78.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ªREGIÃO/2011) A matéria constante de proposta de emenda havida porprejudicada poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessãolegislativa.

79.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ªREGIÃO/2011) A proposta de emenda será discutida e votada em cadaCasa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovadase obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

80.  (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF/1ªREGIÃO/2011) A Constituição poderá ser emendada mediante proposta deum quarto, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou doSenado Federal.

GABARITOS OFICIAIS

1.  C2.  E

3.  C4.  C

5.  E6.  E

7.  E8.  E

9.  X10.  E

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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONALPROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS

11.  E

12.  E

13.  E

14.  E15.  C

16.  C

17.  E

18.  E

19.  C

20.  E

21. 

E22.  E

23.  C

24.  C

25.  E

26.  E

27.  E

28.  C

29.  C

30.  E

31.  C

32.  E

33.  E

34.  E

35.  E

36.  E

37.  C

38.  C

39.  E

40.  E

41.  C

45.  E

46.  E

47.  E

48.  C49.  E

50.  E

51.  E

52.  E

53.  E

54.  E

55. 

E56.  C

57.  E

58.  E

59.  E

60.  C

61.  E

62.  C

63.  C

64.  E

65.  E

66.  E

67.  C

68.  E

69.  E

70.  C

71.  C

72.  E

73.  C

74.  C

75.  C

79.  C

80.  E