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Documentos IAC, 99 Encontro Sobre Produção Agropecuária Sustentável 29 de abril de 2011 Polo Regional do Noroeste Paulista/APTA Votuporanga (SP) Anais Wander Luis Barbosa Borges Rogério Soares de Freitas Giane Serafim da Silva Adelina Azevedo Botelho Wilson Luis Strada Isabella Clerici De Maria Instituto Agronômico (IAC) Campinas (SP)

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Documentos IAC, 99

Encontro Sobre ProduçãoAgropecuária Sustentável

29 de abril de 2011Polo Regional do Noroeste Paulista/APTA

Votuporanga (SP)

Anais

Wander Luis Barbosa BorgesRogério Soares de Freitas

Giane Serafim da SilvaAdelina Azevedo Botelho

Wilson Luis StradaIsabella Clerici De Maria

Instituto Agronômico (IAC) Campinas (SP)

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Governo do Estado de São PauloSecretaria de Agricultura e Abastecimento

Agência Paulista de Tecnologia dos AgronegóciosInstituto Agronômico

Governador do Estado de São PauloGeraldo Alckmin

Secretário de Agricultura e Abastecimento João de Almeida Sampaio Filho

Secretário-AdjuntoAntônio Júlio Junqueira de Queiroz

Chefe de GabineteOmar Cassim Neto

Coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos AgronegóciosOrlando Melo de Castro

Diretor Técnico de Departamento do Instituto Agronômico Hamilton Humberto Ramos

Diretor do Departamento de Descentralização do Desenvolvimento Alceu de Arruda Veiga Filho

Diretor Técnico de Divisão do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista

Rogério Soares de Freitas

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Documentos IAC, Campinas, n.o 99, 2011

ISSN 1809-7693

Encontro Sobre ProduçãoAgropecuária Sustentável

29 de abril de 2011Polo Regional do Noroeste Paulista/APTA

Votuporanga (SP)

Anais

Wander Luis Barbosa BorgesRogério Soares de Freitas

Giane Serafim da SilvaAdelina Azevedo Botelho

Wilson Luis StradaIsabella Clerici De Maria

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Comitê Editorial do IACRafael Vasconcelos Ribeiro - Editor-Chefe

Dirceu de Mattos Júnior - Editor-Assistente

Editoração Eletrônica e Criação da CapaQuebra-Cabeça - Editoração Eletrônica

(19) 3243-3754 / (19) [email protected]

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Tel: (19) 2137-0600Fax: (19) 2137-0706www.iac.sp.gov.br

Tiragem: 150 exemplares (abril de 2011)

Ficha elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico

E56 Encontro Sobre Produção Agropecuária Sustentável (2011:Votuporanga, SP)Anais [do] Encontro Sobre Produção Agropecuária Sustentável / WanderLuis Barbosa Borges, Rogério Soares de Freitas, Giane Serafim da Silva; etal. Campinas: Instituto Agronômico, 2011.44 p.; (Documentos IAC, 99)

ISSN: 1809-7693Versão on-line

1. Agropecuária Sustentável – encontro I. Borges, Wander Luis Barbosa II.Freitas, Rogério Soares de III. Silva, Giane Serafim da IV. Botelho, AdelinaAzevedo V. Strada, Wilson Luis Strada VI. De Maria, Isabella Clerici

CDD 630

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PrefácioO desenvolvimento sustentável, entendido como aquele que atende às

necessidades do presente sem comprometer as demandas das gerações futuras,tem sido o rumo apontado como ideal para orientar ações nas mais diversas áreas,no planejamento governamental e no setor produtivo. No setor agropecuário, ossistemas de manejo que vêm ao encontro desse ideal são aqueles economicamenteviáveis, socialmente justos e que buscam preservação e qualidade ambiental.

Os sistemas integração lavoura-pecuária (ILP) e integração agrossilvipastoril (ILPS)são sistemas que integram agricultura, pecuária e exploração de produtos florestaispossibilitando exploração econômica intensiva e, ao mesmo tempo, diversificando asfontes de renda, melhorando o aproveitamento da mão-de-obra na propriedade agrícola,promovendo a conservação do solo, reduzindo utilização de insumos, aumentando aprodutividade. Diante da atual pressão de conversão de áreas de produção de alimentospara produção de bioenergia e da importância da manutenção das áreas cobertas comvegetação natural, ILP e ILPS são opções apropriadas para a recuperação de pastagense áreas degradadas e também para a exploração econômica de solos e declives maissuscetíveis à degradação.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meiode suas instituições de pesquisa e extensão, vem desenvolvendo ações para odesenvolvimento tecnológico e a difusão de sistemas agropecuários sustentáveispara as diferentes realidades da agricultura paulista. A realização de dias de campo,palestras, seminários e treinamentos contribui para a difusão de informações juntoao setor produtivo e o levantamento de demandas, como vem fazendo o grupo depesquisa multidisciplinar da APTA, denominado SPDireto, demonstrando asvantagens e divulgando informações básicas dos manejos conservacionistas paraas diversas regiões. Assim, o Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico doNoroeste Paulista-APTA, localizado em Votuporanga, SP, realizou, em 29 de abrilde 2011, um Encontro Sobre Produção Agropecuária Sustentável com palestras sobreSistemas Agrossilvipastoris e uma visita técnica em seu campo experimental ondesistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura foram implantados. Estapublicação reúne as informações apresentadas nesse evento.

Wander Luis Barbosa Borges

Isabella Clerici De Maria

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Sumário

Página

Prefácio.......................................................................................................... iii

Integração Agricultura e Pecuária como Alternativa de Recuperação dePastagens no Oeste do Estado de São PauloRoberto Molinari Peres; José Luiz Viana Coutinho Filho; Célio Luiz Justo ; Edmar EduardoBassan Mendes e Aildson Pereira Duarte ............................................................................ 1

Arborização de Pastagens - Diversificação e Aumento da ProdutividadeMaria Luiza Franceschi Nicodemo e Carlos Eduardo Silva Santos ................................ 15

Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura (ILPS) no Noroeste do Estado deSão PauloWander Luis Barbosa Borges; Rogério Soares de Freitas; Giane Serafim da Silva; AdelinaAzevedo Botelho; Wilson Luis Strada; Solidete de Fátima Paziani; Maria Luiza FranceschiNicodemo; Carlos Eduardo da Silva Santos e Antonio Aparecido Carpanezzi ........... 23

Custo Operacional do Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura(ILPS) na Região Noroeste do Estado de São PauloAdelina Azevedo Botelho; Wander Luis Barbosa Borges; Rogério Soares de Freitas; GianeSerafim da Silva; Wilson Luis Strada; Solidete de Fátima Paziani; Maria Luiza FranceschiNicodemo; Carlos Eduardo da Silva Santos e Antonio Aparecido Carpanezzi ........... 33

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Integração Agricultura e Pecuária comoAlternativa de Recuperação de Pastagens no

Oeste do Estado de São Paulo

Roberto Molinari PERES (1);José Luiz Viana COUTINHO FILHO (1);

Célio Luiz JUSTO (1);Edmar Eduardo Bassan MENDES (1),

Aildson Pereira DUARTE (2)

Resumo

A pecuária é uma das principais atividades agropecuárias do Estado de São Paulo,com as pastagens ocupando 39 % do total da área agrícola e estando presente em 72% dasUnidades de Produção Agropecuárias. A produção de carne e leite de bovinos no Estado érealizada quase exclusivamente a pasto, com a utilização de sistemas extensivos que, emrazão de diversos fatores, entre eles ao manejo inadequado e pouco investimento, apresentambaixa produtividade. A integração agricultura e pecuária é uma interessante alternativapara a recuperação de pastagens degradadas, se usada com eficiência poderá melhorarsubstancialmente a rentabilidade do setor pecuário paulista e concomitantemente diminuiro déficit na demanda de grãos do Estado. Em trabalho inédito desenvolvido na região Oestedo Estado de São Paulo, pelo Grupo SP Direto, da Apta, verificou-se que a ILP diminui osefeitos da estacionalidade de produção e melhora a qualidade da pastagem, nitidamenteno primeiro ano após a colheita do milho.

(1) Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de São José do Rio Preto / Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológicodos Agronegócios do Centro Norte, CP. 1013, São José do Rio Preto, SP, CEP 15025-970. Emails: [email protected],[email protected], [email protected], [email protected]

(2) Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Grãos e Fibras / Instituto Agronômico, CP. 28, Campinas, SP, CEP13012-970. Email: [email protected]

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Atividade Pecuária no Estado de São Paulo

Apesar do avanço da agricultura em áreas de pastagens, a pecuária ainda é uma dasprincipais atividades agropecuárias do Estado de São Paulo. No ano de 2009 a produção decarne bovina foi de 60,6 milhões de arrobas, com valor de produção de R$ 4,7 bilhões, quecorrespondeu a 10,8% do Valor Total da Produção Agropecuária e Florestal do Estado(VPAF) (TSUNECHIRO et al., 2010). Somando-se estes resultados com produção leiteira domesmo ano, a pecuária bovina participou com 13,9% do VPAF paulista.

Além de gerar o segundo maior Valor de Produção Agropecuário, a atividade pecuáriaestá presente em todas as regiões do Estado, ocupando a maior fração de sua área agrícola.No último levantamento censitário realizado pelo projeto LUPA a área total com pastagensera de 8,1 milhões de hectares, distribuídas em 234 mil Unidades de Produção Agropecuária(UPAs), o que representa 72,1% do total de UPAs (SÃO PAULO, 2008).

Para melhor entendimento, uma UPA é definida como: um conjunto de propriedadesagrícolas contíguas e pertencentes ao (s) mesmo(s) proprietário(s), localizado inteiramentedentro de um mesmo município, com área igual ou superior a 0,1 ha e não destinadoexclusivamente para lazer (SÃO PAULO, 2008).

Em relação ao desempenho da pecuária, PINATTI (2007) avaliou a produtividade dabovinocultura de corte paulista no ano de 2005 e observou que o maior gargalo da produçãode carne no Estado de São Paulo era a baixa taxa de lotação, que foi estimada em 0,93 UA/ha. Assim, concluiu que as áreas utilizadas para esta atividade estavam sendosubaproveitadas. Neste mesmo estudo foi observado que naquele ano apenas 6,1% da áreatotal de pastagens foram reformadas.

A taxa de lotação apresentada neste trabalho pode ser um indicativo de que aqualidade das pastagens também era baixa, refletindo na produtividade da atividade,principalmente no que se refere ao peso médio da desmama e aos 18 meses,consequentemente na idade de terminação e ao 1º parto, além da taxa de natalidade.

De acordo com PINATTI (2007), o Estado de São Paulo tem grande potencial deaumentar sua produção de carne, no entanto, este crescimento deve ser obtido pela melhoriada produtividade e não apenas pelo crescimento do rebanho e da área de pastagens. Nestesentido, CAMARGO FILHO (2008) alerta sobre a necessidade de reforma de pastagens emterritório paulista, para acomodar o rebanho atual em menores áreas e para promover asustentabilidade da atividade pecuária.

Outro aspecto que deve ser considerado quando se analisa a situação da pecuáriapaulista é a expansão da agricultura em áreas de pastagens. CAMARGO et al. (2008)observaram que no período de 2001 a 2006 a expansão da cana-de-açúcar no Estado de SãoPaulo incorporou 725 mil hectares antes ocupados por pastagem, outras culturasincorporaram mais 351 mil hectares, totalizando uma diminuição de 1,1 milhões de hectaresde pastagem apenas neste período.

OLIVETTE et al. (2010) compararam a safra agrícola 1995/96 com a de 2007/08 eidentificaram grupos de municípios paulista em relação à dinâmica do cultivo de cana-de-açúcar, onde constataram que os localizados na região oeste foram incluídos no Grupo 1 doestudo, ou seja, ocorreu expressivo aumento da área de cana-de-açúcar em detrimento,principalmente, das áreas de grãos e pastagens.

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Apesar desta dinâmica, IGREJA et al. (2008) observaram que mesmo com a pressãodecorrente da expansão da cana-de-açúcar, a pecuária mantém sua posição de destaque tantona formação da renda bruta da agropecuária paulista, quanto na participação estadual nasexportações, graças ao Fator Tecnológico, que captou ganhos de produtividade acentuados.

Confirmando estas afirmações, GONÇALVES & SOUZA (2009) observaram que asegunda atividade relevante na pauta das exportações da agricultura paulista consiste nosprodutos da pecuária - envolvendo carne, leite e couro de bovídeos -, que geraram R$1,4bilhão em 1997, correspondentes a 10% das vendas externas setoriais, e R$6,2 bilhões em2007 (+333,1%), que dobraram a participação no valor total exportado pela agricultura (20,4%).

Mesmo assim, no estudo realizado por IGREJA et al. (2010) foi detectada, no Estadode São Paulo, uma grande contradição, pois ele possui um mercado consumidor de porteconsiderável, excelentes condições de infra-estrutura (sobretudo viária), e grande capacidadeinstalada de frigoríficos modernos com setor exportador, e ao mesmo tempo apresentarestrição à capacidade produtiva devido à forte concorrência pelo uso da terra por outraslavouras, especialmente cana-de-açúcar e citricultura, e, também, mantém sistemasprodutivos ainda relativamente atrasados na pecuária.

SOUZA FILHO et al. (2010) observaram que a redução da importância paulista nocontexto nacional de carne bovina tem sido atribuída à perda de competitividade de suapecuária de corte. Assim, comentam que o aumento da competitividade da cadeia produtivada carne bovina depende de um conjunto de ações e estratégias: fundamentalmente énecessário, por um lado, desenvolver e difundir tecnologias de produção pecuária quereduzam os custos da produção animal e, por outro, agregar valor ao produto final quereduza a participação do custo com produção animal no custo total dos produtos finais.

A produção de carne e leite de bovinos no Estado de São Paulo é realizada quaseexclusivamente a pasto, com utilização de sistemas extensivos em uma parcela significativade propriedades rurais. Assim, os resultados da atividade pecuária são diretamentedependentes das condições das pastagens, que são a principal fonte de alimento dos animais.

Degradação de Pastagens

Estima-se que a área ocupada por pastagens para suportar apenas o rebanho leiteiroe misto no Estado de São Paulo seja da ordem de 3.690.000 ha, segmentada em três porções:uma primeira de aproximadamente 20%, constituída de pastagens já degradadas, comcobertura vegetal extremamente deficiente e ocorrência de sulcos profundos e voçorocas;outra com 60% de pastagens já sofrendo algum nível de degradação, como erosão laminarem profusão e ocorrência de sulcos rasos e/ou trilheiros, em função de manejo inadequado,entretanto ainda inseridas no sistema produtivo; e uma terceira com 20% de áreas sob manejocorreto, com perdas mínimas por erosão e máxima expressão de produtividade(DRUGOWICH et al., 2009).

Dentre os fatores mais importantes relacionados com a degradação das pastagensdestacam-se o manejo inadequado e a falta de reposição de nutrientes. A lotação excessiva,sem os ajustes para uma adequada capacidade de suporte, e a ausência de adubação demanutenção tem sido os aceleradores do processo de degradação.

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A reversão desse quadro pode ser conseguida por meio de tecnologias como o sistemade plantio direto, que contempla não só o preparo mínimo, mas também a prática de rotaçãode culturas, e os sistemas de integração lavoura-pecuária (MACEDO, 2009).

Integração Lavoura Pecuária

ALVARENGA et al. (2006) definem a integração lavoura e pecuária como adiversificação, rotação, consorciação e/ou sucessão das atividades agrícolas e pecuáriasdentro da propriedade rural, de forma harmônica, constituindo um mesmo sistema, de talmaneira que há benefícios para ambas. Dentre estas alternativas, a rotação de culturas anuaiscom pastagens é um sistema mais intensivo de exploração, em que as áreas de culturasanuais e de pastagem perene se alternam a cada dois ou três anos visando obter os benefíciosproporcionados tanto pelas lavouras quanto pelas pastagens.

KLUTHCOUSKI & YOKOYAMA (2003) classificam a utilização da integração lavourae pecuária em três situações: áreas com pastagem e solo degradados, tendo como principalobjetivo a recuperação de solos e pastagens degradadas, utilizando a produção de grãospara o ressarcimento parcial ou total dos dispêndios realizados com insumos e serviços;áreas de pastagem degradada e solo corrigido, tendo como principal objetivo orestabelecimento de índices mais elevados de produtividade da pastagem; e áreas de lavourae solo corrigido, visando principalmente a produção forrageira na entressafra. A propostadeste artigo se refere às duas primeiras situações apresentadas por estes autores.

ZIMMER et al. (2007) observam que na integração lavoura-pecuária, o manejo deculturas de grãos segue basicamente as mesmas práticas agrícolas dos sistemas tradicionais,ou seja, o cultivo pode ser convencional, com preparo de solo, ou em plantio direto. Osautores relatam que o preparo de solo convencional é mais utilizado na fase inicial deestabelecimento, na recuperação da pastagem degradada ou em áreas novas, objetivando aincorporação de corretivos e fertilizantes e uma melhor sistematização da superfície dosolo. O sistema de plantio direto passa a ser mais eficiente após a correção da fertilidade eda adoção de praticas de conservação do solo.

Neste sistema, a correção química do solo e a adubação para cultivo de lavourasrecuperam a fertilidade do solo, aumentando a oferta de nutrientes para o pasto e, porconseguinte, o seu potencial de produção (ALVARENGA, 2004). Observa-se, também, quea correção do perfil de solo proporciona melhor desenvolvimento do sistema radicular daforrageira que, assim, aprofunda-se no perfil e absorve água a maiores profundidades,conferindo ao solo maior persistência durante a estação seca.

Neste sentido, VILELA et al. (2006) observam que a integração lavoura-pecuária temse apresentado como uma das melhores alternativas para reduzir os custos com adubaçãoem pastagem, sendo um dos caminhos para aumentar a rentabilidade dos sistemas deprodução de gado de corte.

De acordo com CRUSCIOL et al. (2009), uma das modalidades de integraçãolavoura-pecuária que tem aumentado significativamente nos últimos anos, é o cultivoconsorciado de plantas produtoras de grãos com forrageiras tropicais em Sistema dePlantio Direto.

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Para a recuperação de áreas com pastagens degradadas, CAMPOS (2004) recomendouo plantio do milho como uma das alternativas que pode favorecer o retorno das mesmas aoprocesso produtivo, como fonte de alimentos e fornecedora de palhada e nutrientes paraculturas sucessoras, iniciando-se, assim, a adoção do sistema plantio direto na integraçãolavoura e pecuária.

Além de ser uma alternativa para a recuperação de pastagens, sistemas de produçãoque integram agricultura e pecuária podem diminuir o déficit estimado na produção demilho do Estado de São Paulo, que de acordo com TSUNECHIRO & MIURA (2010) é de 4,4milhões de tonelada.

O ponto chave da sustentabilidade dos sistemas de integração lavoura-pecuária dizrespeito à intensidade de pastejo empregada. A produtividade final do sistema de integraçãolavoura-pecuária resulta do rendimento de grãos obtido na cultura de verão somado aodesempenho animal obtido durante o inverno, ambos influenciados pela intensidade depastejo empregada no manejo do pasto que, por sua vez, refletirá nas condições físicas equímicas do solo sobre as quais a produção é dependente (CARVALHO et al.,2007).

O desafio, portanto, em sistemas integrados, é definir o nível intermediário de pressãode pastejo que beneficie tanto a cultura de verão instalada no sistema plantio direto, quantoà produção animal na fase da pastagem, de forma a garantir alta produtividade esustentabilidade ao sistema (CARVALHO et al., 2007).

ALVARENGA et al. (2006) observaram que durante as etapas de conversão dapropriedade, ou parte dela, para integração lavoura-pecuária o proprietário deverá ir sequalificando, pois o gerenciamento torna-se mais complexo. Acordos de parcerias earrendamentos de terra tem sido uma saída para aqueles que não dispõem de capital parafazer os investimentos necessários ou não estão dispostos a utilizar linhas convencionais ouespeciais de crédito para ILP.

MACEDO & ZIMMER (2007) alertam que, embora a integração lavoura-pecuária possaser uma alternativa extremamente importante do ponto de vista da sustentabilidade daprodução agrícola nos Cerrados, tendo os produtores que já a praticam vantagensconsideráveis sobre os demais, a mesma exige vários pré-requisitos para ser utilizada. Éprovável, que dada às limitações de infra-estrutura, créditos e recursos financeiros,conhecimentos tecnológicos, aptidões pessoais e barreiras sociais à sua adoção, esse sistemavenha a ser implementado, em curto prazo, por uma proporção menor de produtores emrelação a sua área potencial de utilização.

Assim, de acordo com os autores, é indispensável o aprofundamento do conhecimentopela pesquisa dos processos e dos métodos agronômicos possíveis de utilização nos SistemasIntegração Lavoura-Pecuária (SILPs), assim como uma ampla divulgação de suascaracterísticas, vantagens e estratégias de adoção em programas de transferência de tecnologia,pois SILPs são passíveis de uso pelas mais variadas categorias de agricultores e pecuaristas.

Produção de Milho no Oeste Paulista

Na região Oeste do Estado de São Paulo, as culturas anuais ocupam área relativamentepequena em relação às pastagens para bovinocultura.

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O milho é a principal cultura anual nesta região, ocupando mais de 100 mil hectarese, mesmo com o avanço da cultura da cana-de-açúcar, tem relevante importância sócio-econômica, gerando renda e viabilizando a exploração agrícola de muitas propriedades(FREITAS et al., 2009)

Em levantamento realizado pelo IEA/CATI em 2009 e 2010, os Escritórios deDesenvolvimento Rural da CATI (EDRs) com maior área cultivada com milho foram SãoJosé do Rio Preto, Andradina, Votuporanga e Araçatuba, totalizando 66 mil hectares eprodutividade média de 5,4 toneladas por hectare. Em seguida, destacaram-se os EDR’s deLins e General Salgado, com área total de 20 mil hectares e produtividade média de 5,0toneladas por hectare. Já em Presidente Prudente, Fernandópolis, Marília, Jales, PresidenteVenceslau, Tupã e Dracena, que compreendem sete EDR’s, foram cultivados 42 mil hectares(cerca de 6 mil hectares por município) com produtividade média de apenas 3,9 toneladaspor hectare.

Trata-se de uma região de baixa altitude (inferior as 600 m) com temperaturasrelativamente elevadas durante a noite, o que limita o potencial produtivo da maioria dascultivares. Acrescenta-se que o inverno é seco e as chuvas tem se estabilizado tardiamente,a partir de meados de novembro, consequentemente, o período de semeadura do milho seestende até dezembro (FREITAS et al., 2009). Nas regiões paulistas do Alto e MédioParanapanema, na divisa do Paraná, a semeadura sob sequeiro é realizada a partir do iníciode outubro, favorecendo o potencial produtivo pelo desenvolvimento inicial das plantasem período com temperaturas amenas.

Na maioria dos EDR’s do oeste paulista, verifica-se diferença expressiva entre aprodutividade média levantada pelo IEA/CATI e a obtida nos experimentos de “AvaliaçãoRegional de Cultivares de Milho IAC/APTA/CATI/Empresas” (Figura 1). Considerandoque, geralmente, os experimentos têm produtividade um pouco superior a das lavourasadjacentes, devido ao bom manejo e à falta de competição entre as plantas nas extremidadesdas parcelas (corredores), a produtividade transformada para lavouras dos últimos cincoanos (com desconto de 10%) foi 7,2 toneladas por hectare. Esta produtividade é superiortambém à das demais regiões de baixa altitude (Regiões Médio Paranapanema e Norte),onde a produtividade média dos dois últimos períodos analisados se estabilizou.

Provavelmente, a principal diferença entre as médias dos experimentos e a levantadanos municípios é o manejo da cultura. Os EDR’s com menor produtividade e menor área demilho são praticamente os mesmos, provavelmente, porque existem poucos agricultoresprofissionais que se dedicam ao cultivo de culturas anuais. Ressalte-se que a produtividadede 5,4 t ha-1, obtida nos EDR’s com maior área cultivada, deve ter incluído valores extremospróximos aos obtidos nos experimentos (7,2 t ha-1). Coincidentemente, a maioria dosmunicípios destes EDR’s se destaca também pela topografia suave e boa fertilidade naturaldos solos, especialmente os Latossolos que margeiam os rios Grande e Tietê. É comum ouso exclusivo de áreas para agricultura e o arrendamento de terras por período contínuo detrês a quatro anos para o cultivo de milho, o requer a obtenção de boas produtividades pararemunerar também o uso da terra.

No oeste paulista são freqüentes Argissolos e Nitossolos (antigos Podizolicos Lins eMarília) com topografia ondulada e degradação pelo uso extrativista (cafeicultura seguidade pecuária). Nestes solos a agricultura é praticada para subsistência familiar ou para reformade pastagens e, geralmente, pelos próprios pecuaristas.

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Avaliação de Modelosde Integração Lavoura Pecuária

A Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de São José do Rio Preto, do Polo AptaRegional Centro Norte, está desenvolvendo um trabalho de pesquisa que tem como finalidadeavaliar quatro modelos de integração lavoura pecuária na recria de fêmeas bovinas da raçaNelore, comparando-os com a recria realizada em pastagens permanentes.

Neste trabalho participam pesquisadores com diferentes áreas de atuação, dos PólosRegionais e dos Institutos de Pesquisa da APTA, que integram o Grupo SPDireto, com apoioda Fundação Agrisus, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Bellman NutriçãoAnimal Ltda. Em ambiente representativo da pecuária de corte do Oeste do Estado de SãoPaulo, implantou-se a integração lavoura-pecuária com o objetivo de gerar informaçõespara a recuperação de áreas de pastagens e a produção de grãos, viabilizando processosprodutivos sustentáveis.

O sistema foi implantando em unidade de pesquisa que retrata uma propriedadetípica de pecuária de corte com as limitações de máquinas e equipamentos específicos parao desenvolvimento da agricultura. Além disso, o Argissolo Vermelho Amarelo texturaarenosa-média com aproximadamente 45% areia fina e 15 % argila na camada 0-20 cm,representa parte significativa das áreas com pastagens depauperadas no oeste paulista.

Figura 1. Produtividade média do milho verão em experimentos de avaliação de cultivaresIAC/CATI/Empresas em diferentes regiões do Estado de São Paulo em três grupos de anos

agrícolas no período 1995/96 a 2009/10 (Fonte: Relatórios Instituto Agronômico).

6.000

6.500

7.000

7.500

8.000

8.500

MédioParanapanema

Norte Oeste Centro Sul

95/96 a 99/00 00/01 a 04/05 05/06 a 09/10

Pro

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a-1

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O projeto ocupa uma área de 26 ha divididos em 24 piquetes, que são distribuídosde acordo com o delineamento experimental Blocos Casualizados, com 6 tratamentos e 4repetições. Além da área experimental este experimento ocupa uma área reserva com 12 ha.As pastagens são formadas com Brachiaria decumbens, e quando integradas à lavoura sãoconsorciadas à cultura de milho plantada no sistema de plantio direto na palha.

Desde o ano agrícola 2007/2008 bezerras da raça Nelore, criadas no Pólo Regional daAlta Mogiana (Colina – SP), estão sendo recriadas, em São José do Rio Preto, nos quatromodelos de ILP e nas pastagens permanentes, que recebem dois manejos distintos. Estesanimais permanecem um ano no experimento, portanto, a cada ano chega um novo lote deanimais.

As diferenças entre os quatro modelos de ILP estão relacionadas às combinações daocupação das áreas no período das águas, ou seja, um ou dois anos consecutivos de lavourade milho consorciada com Brachiaria, seguidos de um ou dois anos de pastagem. No períodoseco do ano todas as áreas são utilizadas como pastagem.

A diferença entre os dois tratamentos com pastagens permanentes está na correçãoda acidez do solo e no nível da adubação nitrogenada. No manejo moderado são aplicados45 kg de N/ha/ano e 40 kg de P2O5/ha/ano; no manejo mais intensivo a calagem é utilizada,quando necessário, e são aplicados 90 kg de N/ha/ano e 40 kg de P2O5/ha/ano.

No plantio da lavoura não houve preparo de solo no primeiro ano e nos anossubseqüentes, portanto a semeadura do milho é realizada diretamente no pasto pelo sistemade plantio direto na palha. Inicialmente a área total do experimento era ocupada compastagem de Brachiaria decumbens formada a mais de 20 anos.

Os piquetes, quando utilizados como pastagem, são ocupados, ininterruptamente,por três animais testes. Para a manutenção da massa de forragem desejada são utilizadosanimais reguladores, que entram e saem dos piquetes quando necessário.

A adubação de manutenção das áreas de ILP é a mesma realizada para a pastagemcom manejo mais intensivo. O objetivo, neste caso, é o de avaliar a utilização da ILP emsistemas mais intensivos de pecuária de corte.

Os animais permaneceram no pasto até início do período das águas, que ocorreu nofinal de outubro ou em novembro. Depois, esperou-se o pasto rebrotar para fazer a dessecaçãoquímica e aguardaram-se pelo menos mais duas semanas para semear o milho. Empregou-se 6 L ha-1 de produto comercial contendo glifosato ou 2,0 L ha-1 de ingrediente ativo.

A implantação do milho foi realizada com máquina de plantio direto, com mecanismode disco desencontrado para sementes e fertilizantes. Regulou-se para obter estande inicialde aproximadamente 55 mil plantas por hectare. A falta de uniformidade do terreno fezcom que muitas sementes ficassem mais profundas ou sem enterrar, principalmente noprimeiro ano, comprometendo o estande em parte da lavoura.

O milho foi convencional com tratamento de sementes com inseticidas mais 1 a 2aplicações foliares de inseticidas. Realizaram-se calagens com 1,0 a 1,4 t/ha de calcáriodolomítico por ano, menos no tratamento 1. Adubou-se na semeadura com 300 kg/ha de 8-28-16 + Zn e, em cobertura, 90 a 100 kg/ha de N na forma de uréia enterrada.

O milho foi consorciado com duas linhas de capim B. decumbens na entrelinha,distribuindo-se as sementes enterradas misturada com a uréia. Utilizaram-se 8 a 9 kg/ha desementes com valor cultural 50. A mistura de uréia e sementes e o fechamento desuniforme

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do sulco deixado pelo disco podem ter proporcionado baixa emergência das sementes. Noprimeiro ano, o banco de sementes contribuiu para a formação do pasto.

De acordo com Jakelaitis et al. (2005) a semeadura de duas linhas de Brachiaria brizantha,na entrelinha do milho, em comparação a uma, proporciona maior ocupação do solo pelaforrageira, maior produção de forragem e, conseqüentemente maior quantidade de nutrientesincorporada a essa biomassa, sem afetar significativamente a produção da cultura.

Nos sistemas tradicionais de consórcio de milho e plantas forrageiras, na safra deverão, a semeadura da Brachiaria é feita em linhas intercalares ou na própria linha desemeadura do milho, misturando as sementes das forrageiras com fertilizantes. Atualmente,existem semeadoras-adubadoras de milho e soja com sistema de distribuição específicopara capins sem misturar com o fertilizante.

O controle do mato no milho foi feito com atrazina (3 a 4 L ha-1) e nicosulforon (0,7 Lha-1) antes da semeadura da Brachiaria. Como o capim foi semeado quando o milho estavacom 6 a 8 folhas, não foi feita a supressão do seu desenvolvimento com o herbicidanicosulfuron.

Neste trabalho estão sendo avaliadas as produções das lavouras, das pastagens edos animais; os atributos físicos e químicos do solo; as pragas de solo; o consumo desuplemento mineral e/ou protéico e a rentabilidade econômica.

Os primeiros resultados indicam que a ILP diminui os efeitos da estacionalidade deprodução e qualidade da pastagem, nitidamente no primeiro ano após a colheita do milho,principalmente pela quantidade de massa verde disponível no período seco do ano. Osresultados médios no período inverno-primavera da porcentagem de lâmina verde naspastagens recém formadas pela ILP e dos demais piquetes foram, respectivamente, de 13,6e 6,3 no primeiro ano, 34,6 e 13,6 no segundo ano e 42,1 e 22,9 no terceiro ano de avaliação.

Nos três primeiros anos, considerando os períodos experimentais e a média dostratamentos com ILP, os resultados médios para lotação foram de 1,77; 2,33 e 2,42 UA/harespectivamente para pasto com manejo moderado, pasto com manejo mais intensivo epasto formado com a integração lavoura pecuária. Na mesma ordem os resultados paraganho vivo médio diário por área foram, respectivamente, de 1,60; 2,14 e 2,20 kg/ha. Nesteperíodo foi observado que a partir do manejo mais adequado das pastagens permanentesos ganhos em produtividade foram significativos. Para se ter uma idéia, no terceiro ano deavaliação os ganhos vivos médios diários por área foram de 1,58; 2,28 e 2,07 kg/ha,respectivamente para o pasto com manejo moderado, pasto com manejo mais intensivo epasto formado com a integração lavoura pecuária (Figuras 2 e 3).

Em relação à lavoura, os resultados médios dos tratamentos com ILP foram de 4,6;6,2 e 6,5 t/ha de milho em grão, para uma população de 40,8; 46,5 e 52,0 mil plantas/ha,respectivamente no primeiro, segundo e terceiro ano de avaliação. Estes valores são inferioresao potencial da cultura na região, apresentado no item anterior, devido, entre outros fatores,à baixa população de plantas pelo desempenho insatisfatório da semeadora em terrenoirregular. O preparo inicial do solo no primeiro ano de implantação é imprescindível parase implantar uma boa lavoura de milho, e consequentemente o sistema ILP com boaprodutividade de milho. Outro requerimento é o emprego de semeadora-adubadora deplantio direto com mecanismo específico de distribuição de sementes, o que pode serviabilizado nas máquinas existentes com a adaptação de um kit para este fim.

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Figura 2. Ganho de Peso Médio Diário de Novilhas Nelore recriadas em pastagem permanentecom manejo moderado e intensivo, ou formada com integração lavoura e pecuária.

Figura 3. Lotação Média de Novilhas Nelore recriadas em pastagem permanente com manejomoderado e intensivo, ou formada com integração lavoura e pecuária.

0

0,5

1

1,5

2

2,5k

g/

ha

1º ano 2º ano 3º ano Média

Ganho de Peso Médio Diário por Área de Novilhas

Nelore em Pasto de Brachiaria decumbens

Moderado

Intensivo

ILP

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

UA

/h

a

1º ano 2º ano 3º ano Média

Lotação Média de Novilhas Nelore em Pasto de

Brachiaria decumbens

Moderado

Intensivo

ILP

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Considerações Finais

Sistemas que integram agricultura e pecuária são alternativas interessantes para arecuperação de pastagens, considerando os benefícios que esta tecnologia pode incorporarao setor pecuário como: redução de custos na reforma de pastagens, redução daestacionalidade da produção pecuária, aumento dos índices zootécnicos pela melhoria dascondições das pastagens, dentre outros. Acrescenta-se que, ao praticar o ILP no sistemaplantio direto, recupera-se o solo depauperado. Outra vantagem considerável é apossibilidade de aumentar a produção de grãos a partir de áreas com pastagens, sem causaro efeito de substituição entre culturas. No entanto, por envolver o ciclo completo da lavoura,no ambiente da pecuária sua aplicação é complexa.

As baixas produtividades de milho obtidas no nosso sistema ILP, muito inferiores aopotencial da região, demonstram que existem dificuldades na condução da agricultura coma estrutura disponível para pecuária e que é necessário revolver o solo para sistematizá-lo,o que aumenta o custo de implantação da cultura. Um das opções é o arrendamento departe das pastagens para cultivar milho em consórcio com o capim. Porém, se a propriedadeé muito pequena fica difícil o pecuarista remanejar o rebanho para novas áreas e pode nãoser interessante para o agricultor deslocar sua estrutura para implantar uma lavoura pequena.

Outro aspecto que se deve considerar no Estado de São Paulo são as significativasvariações regionais em relação às características edafoclimáticas. Assim, a simplestransferência de resultados e experiências de regiões diferentes deve ser questionada. Emboraeste trabalho esteja contribuindo para a geração de informações técnicas e científicas para arealidade do Estado, são necessários mais investimentos em pesquisa científica e transferênciade conhecimento em programas que contemplam a integração agricultura e pecuária noEstado de São Paulo.

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Arborização de Pastagens - Diversificaçãoe Aumento da Produtividade

Maria Luiza Franceschi NICODEMO (1);Carlos Eduardo Silva SANTOS (2)

Resumo

Sistemas silvipastoris compreendem formas de uso da terra que combinamintencionalmente árvores, pastagens e gado. Dentre os benefícios da adoção destes sistemaspodem ser destacados o aumento da eficiência de uso da terra, o favorecimento do ciclo derenovação de nutrientes no solo, os efeitos benéficos no bem-estar animal, a flexibilidade nouso e o aumento da biodiversidade. As árvores podem ser introduzidas em sistemaspecuários com objetivos diferentes: para a produção de madeira, como forragem para ogado ou como condicionadoras de solo, como barreiras quebra-ventos ou cercas vivas;fruteiras podem ser associadas aos rebanhos bovinos ou ovinos. É possível e desejáveldesenhar sistemas em que as árvores atendam a múltiplas finalidades. Sistemas silvipastorissão sistemas de produção mais complexos que os sistemas convencionais. É necessárioenfatizar que o produtor que adota sistemas silvipastoris deve manejar as árvores, o gado ea pastagem. O desenho criterioso, a utilização de mudas de árvores de boa qualidade e omanejo correto dos componentes são fundamentais para que o produtor obtenha êxito. Esseé um sistema dinâmico, em que deve haver interferência humana para maximizar osbenefícios alcançados pelo sistema. O uso da agricultura para o estabelecimento das árvorespode reduzir significativamente os custos de implantação. A adoção de sistemas silvipastorisé crescente no Brasil, mostrando que os cuidados podem ser muito bem recompensados.

(1) Pesquisadora Embrapa Pecuária Sudeste, Rod. Washington Luiz, km 234, CP. 339, São Carlos, SP, CEP 13560-970. E-mail: [email protected].

(2) Analista Embrapa Pecuária Sudeste, Rod. Washington Luiz, km 234, CP. 339, São Carlos, SP, CEP 13560-970. E-mail: [email protected].

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Sistemas Silvipastoris

Sistemas silvipastoris compreendem formas de uso da terra que combinamintencionalmente árvores, pastagens e gado. Dentre os benefícios da adoção destessistemas, podem ser destacados: aumento da eficiência de uso da terra; diversificação eaumento da renda por hectare; controle da erosão; aumento da fertilidade do solo peloaumento das atividades biológicas e da ciclagem de nutrientes do solo e pela melhoriadas características físicas; maior oferta de forragem com boa qualidade para os animaisem função da melhoria da fertilidade do solo; flexibilidade no uso (corte precoce de árvorespara escoras, lascas e lenha; corte mais tardio de áarvores para produção de postes e demadeira para laminação; produtos florestais para uso na propriedade ou paracomercialização; produtos florestais madeireiros e não madeireiros, como mel; aumentoda biodiversidade (Carvalho et al., 2007).

Condições climáticas adequadas proporcionam aumento da produção de leite e decarne, melhoria na eficiência reprodutiva e na sanidade. Menos energia é gasta pelo animalpara controle da temperatura corporal, podendo ser utilizada para a produção. Existemestimativas de que o estresse por calor causa prejuízos em vacas leiteiras da ordem deR$1.000,00 a R$1.300,00/vaca/ano. Deste valor, 80% se devem a perdas na quantidade e naqualidade do leite produzido. Os 20% restantes são devidos a problemas sanitários, como oaumento de doenças e queda na fertilidade (Antunes et al., 2009). Acredita-se que bovinosde raças européias estejam na zona de conforto térmico (onde a temperatura corporal e oapetite são normais e a produção é otimizada) entre 1 e 16ºC, enquanto para bovinos zebuínosesta faixa estende-se de 10 a 27ºC. Quando a temperatura ultrapassa 26,5ºC (para raçaseuropéias) ou 35,0ºC (para raças indianas) ocorre queda no consumo de alimentos, o quecontribui para reduzir o ganho de peso e a produção de leite (Medeiros & Vieira, 1997). Omunicípio de Votuporanga tem temperatura média anual de 24,3° C, temperatura máximamédia anual de 30,4°C e temperatura mínima média anual de 18,2ºC (Miranda et al., s/d),de modo que os bovinos estão em estresse calórico durante a maior parte do tempo,desviando energia para manter a temperatura corporal.

As árvores estabilizam o clima, mantendo temperatura e umidades maisconstantes. As raízes das árvores podem ter acesso à água armazenada em maioresprofundidades do solo, mantendo a transpiração e com isso aumentando a umidade doar em períodos de restrição de chuvas. A temperatura do ar pode ser diminuída pelainterceptação da radiação incidente pela copa das árvores e pela evapotranspiração,que utiliza o calor do ar como fonte de energia para que a água passe do estado líquidopara o estado gasoso (Primavesi et al., 2007). A sombra das árvores pode reduzir atemperatura do ar em até 8°C (Porfirio-da-Silva, 1998), contribuindo para o confortotérmico e maior produtividade da pecuária. O uso de sombreamento artificial, como osombrite, pode reduzir o estresse calórico, sem, contudo, estar associado aos demaisbenefícios já mencionados da arborização de pastagens.

Existem diversas maneiras de introduzir árvores nos sistemas pecuários. As árvorespodem ser plantadas em pastos já estabelecidos ou por ocasião da reforma/renovação dapastagem ou precedidas por uma cultura agrícola, desde que sejam protegidas dos animaisna fase inicial de desenvolvimento.

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Os objetivos da arborização podem ser diversos: produção de madeira, aumento oumanutenção da fertilidade do solo, produção de alimento para o gado, produção de frutas,quebra-ventos. Em Minas Gerais e no Rio de Janeiro foram estudadas espécies florestaisfixadoras de nitrogênio para melhorar o aporte de nutrientes para as pastagens, comresultados positivos (Paciullo et al., 2007). Espécies lenhosas como leucena (Leucaenaleucocephala), cratília (Cratilia argentea) e gliricídia (Gliricidia sepium) têm sido utilizadas naalimentação de bovinos, elevando o teor de proteína da dieta. Fruteiras como mangueiras,pessegueiros e coqueiros têm sido cultivados em associação com ovinos ou com bovinosem diversas regiões do país, agregando renda e reduzindo a necessidade de capinas nospomares. É possível e desejável desenhar sistemas em que as árvores atendam a múltiplasfinalidades.

É necessário enfatizar que o produtor que adota sistemas silvipastoris deve manejaras árvores, o gado e a pastagem. Esse é um sistema dinâmico, em que deve haver interferênciahumana para maximizar os benefícios alcançados pelo sistema.

Arborização de Pastagens

Para que o sistema possa ser implementado, a fase de planejamento é crítica. Devemser consideradas as características do local e qual a forma de distribuição das árvores que seencaixa melhor nos objetivos do produtor.

A escolha das espécies de árvores reflete esses objetivos. A escolha de espéciesinadequadas é uma das principais causas de insucesso nos empreendimentos que envolvemárvores. É muito importante utilizar espécies adequadas às condições ecológicas do lugar:deve-se considerar a precipitação, a temperatura, possibilidade de alagamento, a fertilidade etipo de solo, a tolerância à seca e à geada, a salinidade, a velocidade de crescimento e a formade utilização (dependendo do produto desejado, são escolhidas espécies diferentes). O cedroaustraliano (Toona ciliata), por exemplo, é uma espécie exótica de crescimento rápido, procuradopela indústria moveleira, cujo plantio tem se expandido no Brasil. As condições de plantiodessa espécie incluem temperatura média anual de 20 a 28°C, precipitação anual de 800 a3.800 mm e déficit hídrico anual de 0 a 400 mm (Paiva et al., 2007). Não tolera longos períodosde encharcamento, nem tolera geadas e é pouco adaptado a solos ácidos (Souza et al., 2010).Essas condições precisam ser respeitadas para garantir o bom desempenho das plantas. Aescolha das árvores depende também da existência de mercado para seus produtos.

Devem-se buscar árvores compatíveis com outros componentes do sistema,evitando, por exemplo, árvores que produzam frutos tóxicos aos animais. Uma espécieflorestal bastante comum, às vezes recomendada para compor sistemas silvipastoris,é a ximbuva ou tamboril da mata (Enterolobium contortisiliquum), que produz frutosque amadurecem e caem no período seco e tem boa palatabilidade para os bovinos.As favas dessa planta causam lesões ao tubo digestivo e podem provocar a morte ouabortos (Afonso & Pott, 2001). As espécies precisam se adequar à prática agroflorestalque se quer implantar: por exemplo, raízes profundas para as espécies de barreirasquebra-vento, leguminosas quando se deseja aumentar a fertilidade do solo, tolerânciaao corte para forrageiras, entre outros.

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Figura 1. Sistemas integrados implantados na Embrapa Pecuária Sudeste: três linhasde árvores plantadas em faixas distanciadas de 15 m (A), associadas a pastagem (B)

ou a cultivos agrícolas anuais (C).

Dentre as espécies florestais comumente encontradas em sistemas silvipastorismadeireiros podemos citar eucaliptos (Eucalyptus sp.), pinus (Pinus sp.) e grevílea (Grevillearobusta), todas espécies exóticas. Espécies florestais nativas que têm sido avaliadas incluema canafístula (Peltophorum dubium) e o louro-pardo (Cordia trichotoma) nas regiões Sul e Sudestee o paricá (Shizolobium amazonicum) na região Norte.

Os arranjos espaciais das árvores dependem de critérios como os objetivos daprodução; a declividade e face de exposição ao sol; a proteção do rebanho e das pastagens;e a conservação de solo e de água. Plantios menos adensados aumentam o crescimento emdiâmetro das árvores e favorecem a passagem de luz para os cultivos associados. O plantiodas árvores em linhas ou faixas distanciadas de 15 a 30 metros tem sido adotado por facilitaro manejo dos animais e dos plantios agrícolas (Figura 1). As árvores plantadas dessa maneiraatuam como quebra-vento, o que também contribui para a alteração favorável do microclima(Porfírio-da-Silva, 1998).

B

A

C

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Árvores isoladas atraem raios, mas não se espera que isso aconteça nos sistemassilvipastoris. A descarga elétrica segue o caminho mais fácil entre a nuvem e o solo, de modoque procura a estrutura mais alta. Ao plantarmos árvores sistematicamente em uma determinadaárea, provocamos algo semelhante a uma elevação do piso, onde nada se destaca, minimizandoeste problema.

As forrageiras utilizadas devem ser tolerantes ao sombreamento moderado.De modo geral, espécies como Panicum e Brachiaria se adaptam bem a esses sistemas(Carvalho et al., 2007). Procuramos manter o sombreamento até no máximos 30-35%de interceptação de luz, para evitar perdas de produção de capim. Para tanto, deve-se prever o manejo das árvores.

No caso das leguminosas, Arachis pintoi e a Clitoria ternatea são consideradastolerantes ao sombreamento; a Pueraria phaseolodes tolera sombra leve: sãoconsideradas espécies não-tolerantes: o Dolichos lablab , a Centrosema sp. e oStylosanthes sp. (FAO, s/d; Cook et al., 2005). Entretanto, os resultados da avaliaçãomostram a adaptação a um conjunto de fatores (Stür, 1990), que incluem aluminosidade no sub-bosque, as condições climáticas (precipitação pluvial,temperatura, comprimento do dia), características do solo (pH, fertilidade, textura,drenagem) e o manejo adotado (regime de pastejo ou de corte, fertilização), demodo que dependendo da situação o desempenho pode se alterar. Em estudorealizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, a Centrosema pubescens se destacou dasdemais espécies avaliadas sob sombra severa (84% de interceptação da radiaçãoincidente). Ao final do período experimental de 23 meses, sete das nove espéciesintroduzidas prat icamente desapareceram na sombra, mas a centrosemaproporcionou cobertura de 86% do solo nessas condições.

Ao se adotar a densidade de árvores adequada, evita-se o sombreamentoexcessivo. A densidade pode variar em função das espécies utilizadas e dascondições locais (cl ima, solo, etc .) . Práticas como a desrama aumentam aincidência de luz e proporcionam madeira de maior valor comercial (Porfirio-da-Silva et al., 2009).

O uso da agricultura para o estabelecimento das árvores pode reduzirsignificativamente os custos de implantação. Dados pioneiros da Embrapa Gado deLeite (Carvalho et al., 2003) mostraram que o custo de implantação de um sistemasilvipastoril se reduziu em 25% quando o plantio das árvores foi aliado ao cultivoagrícola (integração lavoura-pecuária-floresta), comparado ao plantio das árvoresdiretamente na pastagem com a proteção de cercas. Vinholis et al. (2010) tambémrelataram custos de implantação menores e melhores resultados em termos de receitacom a integração. O investimento para a implantação do sistema se dilui no tempo, oque também favorece o produtor rural.

Sistemas silvipastoris são sistemas de produção mais complexos que os sistemasconvencionais. O desenho criterioso, a utilização de mudas de árvores de boa qualidadee o manejo correto dos componentes são fundamentais para que o produtor obtenha êxito.A adoção desses sistemas é crescente no Brasil, mostrando que os cuidados podem sermuito bem recompensados.

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Considerações Finais

Sistemas silvipastoris têm manejo mais complexo que sistemas de produçãoconvencionais. O planejamento cuidadoso do sistema envolve a escolha das espécies vegetaisadequadas, a distribuição das árvores em desenho favorável aos objetivos e manejo dasárvores (elevação de copa, podas, controle de formigas, etc), do rebanho e da pastagem.

O produtor pode obter maior lucratividade por área, além de ganhos na conservaçãode solos e no bem estar animal, ao adotar e manejar corretamente este tipo de sistema.

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Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura(ILPS) no Noroeste do Estado de São Paulo

Wander Luis Barbosa BORGES (1);Rogério Soares de FREITAS (1);

Giane Serafim da SILVA (1);Adelina Azevedo BOTELHO (1);

Wilson Luis STRADA (2);Solidete de Fátima PAZIANI (3);

Maria Luiza Franceschi NICODEMO (4);Carlos Eduardo da Silva SANTOS (5);Antonio Aparecido CARPANEZZI (6)

Resumo

O Noroeste do Estado de São Paulo apresenta atividade agropecuária diversificada,entretanto, os índices de produtividade são baixos e limitados devido, entre outros motivos,aos altos níveis de degradação dos ambientes produtivos. Para reverter esse quadro, sãoindicados sistemas de produção com foco na conservação dos recursos ambientais esustentabilidade da produção. Neste sentido, foi instalado um campo experimental deIntegração Lavoura-Pecuária-Silvicultura (ILPS) no Polo Regional de DesenvolvimentoTecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista – APTA/SAA, localizado no municípiode Votuporanga, SP, que tem como objetivos principais avaliar o desempenho de sistemas

(1) Pesquisador Científico do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista,APTA, Rod. Péricles Belini, km 121, C.P. 61, Votuporanga, SP, CEP: 15500-970. E-mail: [email protected]

(2) Técnico de apoio do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista, APTA,Rod. Péricles Belini, km 121, C.P. 61, Votuporanga, SP, CEP: 15500-970.

(3) Pesquisador Científico do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Norte, APTA,Rod. Washington Luiz, km 372, C.P. 24, Pindorama, SP, CEP: 15830-000.

(4) Pesquisador Científico da Embrapa Pecuária Sudeste, EMBRAPA, Rod. Washington Luiz, km 234, CP. 339, SãoCarlos, SP, CEP: 13560-970.

(5) Analista da Embrapa Pecuária Sudeste, EMBRAPA, Rod. Washington Luiz, km 234, CP. 339, São Carlos, SP,CEP: 13560-970.

(6) Pesquisador Científico da Embrapa Florestas, EMBRAPA, Estrada da Ribeira, km 111, CP. 319, Colombo, PR,CEP: 83411-000.

Apoio financeiro: Fundação AGRISUS – Agricultura Sustentável

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ILPS nas condições climáticas e de solo da região Noroeste do Estado de São Paulo. Asavaliações constaram do desenvolvimento de dois híbridos de eucalipto: Grancam 1277(Eucalyptus grandis x Eucalyptus camaldulensis) e Urograndis H-13 (Eucalyptus urophila xEucalyptus grandis), da produtividade da cultura da soja e da cultura do milho em consórciocom a forrageira braquiária brizanta (Brachiaria brizantha (Hochst ex A. Rich.) Stapf. cv.Marandu). Este trabalho apresenta as atividades realizadas e os resultados preliminares dapesquisa com sistemas ILPS, que se têm mostrado como ótima alternativa para produçãode grãos, madeira e forragem na mesma área. O híbrido de eucalipto Grancam 1277, devidoao seu melhor desempenho em altura e diâmetro, permitiria antecipar a entrada do gado nosistema.

Implantação de Campos Experimentais

O campo experimental foi instalado no Polo Regional de DesenvolvimentoTecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista – APTA/SAA, localizado no municípiode Votuporanga, SP, com coordenadas geográficas 20º 28’ de Latitude Sul e 50º 04’ deLongitude Oeste, apresentando relevo suave e altitude de 410 a 490 m, em uma área compastagem degradada, com dez anos de implantação, de aproximadamente 10 ha.

A área foi dividida em quatro blocos de aproximadamente 2,5 ha cada, em esquemade parcelas subdivididas com quatro repetições. No dia 25/05/2009 foi realizada aamostragem de solo da área nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, e os resultados encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1. Resultados de análise de solo, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, 2009.

Profundidade P (Resina) MO pH (CaCl2) K Ca Mg H+Al Vmg dm-3 g dm-3 mmolc dm-3 (%)

0 - 20 7 17 5,2 2,8 18 8 16 6420 - 40 3 15 5,0 1,7 16 6 16 59

A área foi preparada de forma convencional, por meio de gradagem pesada no dia25/05/09, gradagem niveladora no dia 27/05/09, outra gradagem pesada no dia 22/06/09,aração no dia 29/06/09 e duas gradagens niveladoras, nos dias 02/09/09 e 18/09/09.

Após o preparo, foi realizada no dia 18/09/09 a semeadura do milheto (Pennisetumglaucum) entre os terraços, utilizando-se uma semeadora de cereais de grãos miúdos, comum gasto de sementes de 15 kg/ha. Após a semeadura passou-se um rolo de pneus, paramelhoraria da germinação do milheto.

No dia 05/10/09 foi realizada uma fosfatagem a lanço nos terraços, utilizando-se 200kg/ha de Fostato de Gafsa, com incorporação através de grade niveladora. Após a fosfatagemfoi realizado o sulcamento dos terraços, para o plantio do eucalipto.

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O plantio do eucalipto foi realizado no dia 06/10/09, em sistema de linha simples,sobre os terraços, no espaçamento de 2 m entre plantas, dividindo-se a parcela em duassub-parcelas adjacentes. Adjacente as parcelas com eucalipto, para minimizar as interaçõescom eucaliptos nas proximidades, há quatro parcelas onde não foi realizado o plantio doeucalipto, e que será utilizada como controle (ILP). Utilizou-se um “chucho” para aberturadas covas na espessura dos tubetes, para o plantio do eucalipto. Foi realizada adubaçãocom boro no eucalipto em 23/10/09, diluindo-se 3525 g de ácido bórico (H3BO3) em 1500 Lde água e se aplicando um 1 L da calda por planta.

No dia 30/11/09 foi dessecado o milheto, utilizando-se glifosato 360 (equivalenteácido) na dosagem de 3 L/ha do produto comercial (p.c.) e óleo mineral a 0,5%. Após adessecação, foi realizada a semeadura da soja entre os terraços, com um gasto de sementesde 65 kg/ha. A colheita da soja foi realizada no dia 08/04/10.

O eucalipto foi adubado novamente no dia 03/12/09, utilizando-se 40 g/planta desulfato de amônio.

A primeira desrama do eucalipto foi efetuada no dia 22/04/10, retirando-se osgalhos até a altura de um terço da planta. Os galhos, ainda não lignificados (maduros),foram serrados rente ao tronco para evitar perdas na qualidade da madeira, e deixadossobre o solo próximo ao caule.

Para não deixar a área em pousio, tendo em vista que não foi possível asemeadura da cultura do sorgo após a soja, devido a atraso na semeadura da soja econsequentemente atraso na colheita, foi realizada a semeadura de crotalária juncea(Crotalaria juncea L.) no dia 07/06/10 entre os terraços, no espaçamento de 0,45 m,gastando-se 43 kg/ha de sementes.

Realizou-se a segunda desrama do eucalipto no dia 16/08/10.Em 08/11/2010 foi realizada aplicação de glifosato 360 sob a copa do eucalipto,

na dosagem de 4,0 L/ha do p.c., para controle de plantas daninhas. Na calda depulverização foi adicionado Boro, realizando simultaneamente a segunda adubaçãocom Boro, na dosagem de 3 kg/ha.

O controle de formigas foi realizado diretamente nos “olheiros” dos formigueiros,com pulverizador costal, utilizando-se 1 mL/L do p.c. de fipronil (Klap), três vezes antese cinco vezes após o plantio do eucalipto. Também foi realizada uma pulverização naplanta toda.

No dia 22/11/2010 foi realizada roçagem da área com Triton, para facilitar adessecação da crotalária juncea. A área foi dessecada no dia 29/11/2010, utilizando-seglifosato 360, na dosagem de 4,0 L/ha do p.c. + carfentrazone na dosagem de 0,08 L/hado p.c. + o adjuvante Spray Ação, na dosagem de 0,1 L/ha do p.c. e o inseticidacipermetrina, na dosagem de 0,1 L/ha do p.c., visando a redução de população de lagartase percevejos.

A semeadura do milho foi realizada nos dias 14 e 15/12/2010, utilizando-se240 kg/ha do adubo formulado 08-28-16 + micronutrientes, na população de 60.000plantas/ha, no espaçamento de 0,8 m, no sistema de semeadura direta. Em seguidarealizou-se nova dessecação, utilizando-se paraquat, na dosagem de 1,5 L/ha dop.c., nos dias 16 e 17/12/2010.

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A semeadura da Brachiaria brizanta cv. Marandu foi realizada nos dias 16 e 17/12/2010, utilizando-se 10 kg/ha de sementes, com VC de 36%, juntamente com o aduboformulado 03-17-00 + 16 % de Ca e 11 % de S (Super Fosfato Simples Amoniado), sendosemeadas duas linhas na entrelinha do milho.

A primeira adubação de cobertura foi realizada nos dias 29 e 30/12/2010, utilizando-se o adubo formulado 20-00-20, na dosagem de 240 kg/ha.

No dia 06/01/2011 foi realizada a aplicação dos herbicidas atrazina, na dosagem de3,0 L/ha do p.c. e nicosulfuron, na sub-dosagem de 0,1 L/ha do p.c., visando atrasar odesenvolvimento da braquiária, para evitar a competição com a cultura do milho, maisespalhante adesivo, na dosagem de 0,01 L do p.c /100 L de água.

A segunda adubação de cobertura foi realizada nos dias 12 e 13/01/2011, utilizando-se o adubo Sulfato de Amônio, na dosagem de 225 kg/ha. As adubações foram baseadasnas recomendações do Boletim Técnico 100 (Raij et al., 1997).

A terceira desrama do eucalipto foi realizada em 08/02/2011.Foram realizadas quatro avaliações de altura de plantas e diâmetro do caule das

plantas de eucalipto, em 05/12/2009, 19/03/2010; 06/08/2010 e 24/11/2010. O diâmetrofoi avaliado na parte inferior do caule, antes da primeira ramificação.

Após a colheita do milho a área ficará em pousio por sessenta dias, para melhorformação da pastagem, e em seguida os bovinos de corte entrarão na área. Futuramenteserão avaliados o desempenho e sanidade dos bovinos.

Resultados Preliminares

Os dados climáticos de dias de chuva, chuva total, temperatura média diária,temperatura média diária máxima e temperatura média diária mínima, emVotuporanga, no período estudado, entre maio de 2009 a fevereiro de 2010, estãoapresentados nas Tabelas 2, 3 e 4.

A produção de grãos de soja ficou prejudicada pelas condições climáticasdesfavoráveis (déficit hídrico) no período de enchimento de grãos, conforme dados climáticosapresentados na Tabela 3, apresentando uma produção média de 1800 kg/ha, sendo que aprodutividade média da região é de 3000 kg/ha.

Até o presente momento o híbrido de eucalipto Grancam 1277 tem se destacado em alturade plantas e diâmetro, em relação ao híbrido Urograndis H-13. O Grancam 1277 apresentou, emmédia, na última avaliação realizada em 24/11/2010, 6,57 m de altura e 81,01 mm de diâmetro,enquanto o Urograndis H-13 apresentou, em média, 4,57 m de altura e 64,25 mm de diâmetro,conforme Figuras 1 e 2. No entanto, ambos têm apresentado um bom desenvolvimento no sistemade ILPS para as condições climáticas e de solo para a região em estudo.

A resistência mecânica do solo à penetração foi avaliada em 24/11/2010, logo após omanejo da crotalária, mediante o uso do penetrômetro de impacto - modelo IAA/Planalsucar.Os resultados da penetrometria encontram-se na Figura 3. A umidade do solo no perfilanalisado (0,00-0,40 m) foi avaliada no momento da avaliação da resistência e apresentouumidade homogênea de 11% em todo o perfil, em todo o campo experimental.

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Tabela 3. Dados de dias de chuva (DC), precipitação pluvial (PP), temperatura média diária(T), temperatura média diária máxima (TMax) e temperatura média diária mínima (TMin),em Votuporanga, SP, janeiro de 2010 a dezembro de 2010.

Mês DC PP* T** TMax** TMin**

janeiro 24 234,9 26,0 28,3 22,4fevereiro 14 134,1 26,8 29,9 24,9março 15 81,5 26,6 29,1 22,3abril 5 66,3 24,3 28,2 18,4maio 7 10,6 20,9 26,3 13,2junho 3 26,8 20,6 24,5 15,0julho 1 1,0 22,6 26,1 16,3agosto 0 0,0 22,6 27,5 16,6setembro 11 90,6 25,3 29,9 18,9outubro 11 123,3 24,7 30,2 19,9novembro 8 95,4 25,1 28,5 21,1dezembro 15 133,5 26,6 30,4 20,2

Fonte: CIIAGRO, 2011; * (mm): ** (°C)

Tabela 2. Dados de dias de chuva (DC), precipitação pluvial (PP), temperatura média diária(T), temperatura média diária máxima (TMax) e temperatura média diária mínima (TMin),em Votuporanga, SP, maio de 2009 a dezembro de 2009.

Mês DC PP* T** TMax** TMin**

maio 5 46,3 22,9 25,6 15,2junho 10 21,4 19,1 23,3 11,7julho 4 21,1 21,6 25,5 13,8agosto 7 73,4 22,1 26,9 12,9setembro 15 179,8 24,8 28,2 19,7outubro 15 112,6 25,2 27,9 21,6novembro 17 162,1 27,4 29,9 24,6dezembro 26 310,8 25,9 27,8 23,9

Fonte: CIIAGRO, 2011; * (mm): ** (°C)

Foi realizada também coleta de amostras indeformadas do solo para determinaçãoda macroporosidade, microporosidade, porosidade total e densidade do solo, em trêsprofundidades: 0-5, 5-15 e 20-40 cm, em 24/11/2010, retirando-se três amostras por parcela.Os resultados são apresentados na tabela 5.

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Figura 1. Altura das plantas de eucalipto em diferentes épocas.

Altura de plantas

y = 1,9334x- 0,9151

R2= 0,9886

y = 1,3384x- 0,436

R2= 0,9572

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

5/12/2009 19/3/2010 6/8/2010 24/11/2010

m

____

_ . _ .

Grancam 1277

Urograndis H -13

Tabela 4. Dados de dias de chuva (DC), precipitação pluvial (PP), temperatura média diária(T), temperatura média diária máxima (TMax) e temperatura média diária mínima (TMin),em Votuporanga, SP, janeiro de 2011 a fevereiro de 2011.

Mês DC PP* T** TMax** TMin**

janeiro 22 216,9 26,5 28,0 25,4fevereiro 15 257,5 26,6 27,9 25,1

Fonte: CIIAGRO, 2011; * (mm): ** (°C)

Com relação à resistência do solo a penetração, em média, todo o campoexperimental apresentou valores, a partir de 8 cm de profundidade, acima de 2MPa (Figura 3) e valores de macroporosidade abaixo de 10 % (Tabela 5). SegundoImhoff et al. (2000) valores entre 2 e 3 MPa são considerados limitantes aodesenvolvimento radical de trigo, milho e pastagem, e de acordo com Vomocil &Flocker (1961) citados por Teixeira et al (2006), valores de macroporos inferioresa 10 % constituem limitação ao crescimento radicular. No entanto, os dois híbridosde eucalipto e a cultura do milho têm apresentado um bom desenvolvimentovegetativo até o presente momento.

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29Documentos, IAC, Campinas, 99, 2011

Figura 2. Diâmetro do caule das plantas de eucalipto em diferentes épocas.

Diâmetro do caule

y = 24,016x- 12,84

R2 = 0,9913

y = 18,84x- 6,7333

R2 = 0,9592

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

5/12/2009 19/3/2010 6/8/2010 24/11/2010

mm

____ Grancam 1277

_ . _ . Urograndis H -13

Figura 3. Resistência a penetração em função da profundidade.

Resistência (MPa)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

Pro

fun

did

ad

e(c

m)

Grancam 1277

Urograndis H -13

ILP

Para fins de fertilidade realizou-se a amostragem na profundidade de 0-20 cm, em24/11/2010, na área entre terraços, a dois metros da linha de eucaliptos e na projeção dascopas de eucalipto. Os resultados são apresentados nas tabelas 6, 7 e 8.

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Documentos, IAC, Campinas, 99, 201130

Tabela 5. Teores médios de macroporosidade (M), microporosidade (µ), porosidade total(PT) e densidade aparente (DA).

Profundidade Tratamento M µ PT DA% g/cm³

Urograndis H-13 3,33 31,28 34,39 1,600-5 Grancam 1277 2,67 37,57 40,24 1,76

ILP 6,01 31,59 37,61 1,57

Urograndis H-13 2,60 31,57 34,16 1,635-15 Grancam 1277 2,84 31,07 33,91 1,65

ILP 3,68 30,32 34,00 1,58

Urograndis H-13 5,63 31,03 36,66 1,6320-40 Grancam 1277 2,02 33,20 35,22 1,64

ILP 6,11 30,38 36,49 1,60

Tabela 7. Resultados de análise de solo a dois metros da linha de eucalipto, na profundidadede 0-20 cm, 2009.

Tratamento P (Resina) MO pH (CaCl2) K Ca Mg H+Al Al Vmg dm-3 g dm-3 mmolc dm-3 %

Urograndis H-13 12 12 4,4 2,5 9 5 26 3 36Grancam 1277 6 13 4,6 1,8 8 5 25 3 37

Tabela 6. Resultados de análise de solo, na profundidade de 0-20 cm, 2009.

Tratamento P (Resina) MO pH (CaCl2) K Ca Mg H+Al Al Vmg dm-3 g dm-3 mmolc dm-3 %

Urograndis H-13 7 12 4,8 2,1 9 5 21 1 43Grancam 1277 6 12 4,7 2,0 8 5 22 2 41ILP 6 13 4,7 1,5 9 6 23 2 42

Tabela 8. Resultados de análise de solo sob a copa do eucalipto, na profundidade de 0-20cm, 2009.

Tratamento P (Resina) MO pH (CaCl2) K Ca Mg H+Al Al Vmg dm-3 g dm-3 mmolc dm-3 %

Urograndis H-13 5 13 4,6 1,0 9 6 21 3 41Grancam 1277 4 12 4,7 1,6 9 6 17 3 48

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31Documentos, IAC, Campinas, 99, 2011

A interpretação dos resultados das análises de solo do campo experimental, deacordo com Raij et al. (1997), para espécies florestais e anuais, entre os terraços, (Tabela6), e para florestais, com uma avaliação intermediária a dois metros da linha deeucalipto, (Tabelas 7) e outra sob a copa do eucalipto (Tabela 8) revelou os seguintesresultados: teores médios de fósforo (P) na área com eucalipto para o cultivo de espéciesflorestais e teores muito baixo para o cultivo de espécies anuais na área de ILP, altaacidez, teores médios de potássio (K) na área com eucalipto para o cultivo de espéciesflorestais e baixo para o cultivo de espécies anuais na área de ILP, teores altos decálcio (Ca), teores médios de magnésio (Mg) e baixa saturação por bases (V), conformeTabela 6; teor alto de P na área com Urograndis H-13 e médio na área com Grancam1277, alta acidez, teores médios de K e Mg e altos de Ca e baixa V, conforme Tabela 7;teores baixos de P, altos de Ca e médios de Mg, alta acidez, teor baixo de K na áreacom Urograndis H-13 e médio na área com Grancam 1277 e baixa V, conforme Tabela8. Apesar da acidez elevada e baixos teores de alguns nutrientes, os dois híbridos deeucalipto e a cultura do milho têm apresentando bom desenvolvimento vegetativo.

Considerações Finais

O sistema de ILPS na região Noroeste do Estado de São Paulo tem-se mostrado comoalternativa para produção de grãos, madeira e forragem na mesma área, sendo que o híbridode eucalipto Grancam 1277, devido ao seu melhor desempenho em altura e diâmetro, permiteantecipar a entrada do gado no sistema.

Agradecimentos

Agradecemos a Fundação AGRISUS – Agricultura Sustentável pelo apoio financeiropara a realização do evento e para a condução da pesquisa científica.

Agradecemos também a todos os funcionários do Polo Regional de DesenvolvimentoTecnológico do Noroeste Paulista - APTA, pelo apoio na instalação e condução do campoexperimental.

Referências

CIIAGRO. Dados climáticos de Votuporanga, SP, de maio de 2009 a fevereiro de2011. Disponível em: <http://www.ciiagro.sp.gov.br/ciiagroonline>. Acesso em: 28/02/2011.

IMHOFF, S.; SILVA, A.P.; TORMENA, C.A. Aplicações da curva de resistência nocontrole da qualidade física de um solo sob pastagem. Pesquisa AgropecuáriaBrasileira, Brasília, v.35, p.1493-1500, 2000.

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Documentos, IAC, Campinas, 99, 201132

RAIJ, B. van.; CANTARELA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. (Eds.).Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas:IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico, 100)

TEIXEIRA, C.F.A.; MORSELLI, T.B.G.A.; KROLOW, I.R.C.; SIMONETE, M.A. Atributos físico-hídricos de um solo cultivado com pastagem de azevém sob diferentes combinações depreparo e tratamento. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v.37, n.2, p.117-123, 2006.

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Custo Operacional do Sistema IntegraçãoLavoura-Pecuária-Silvicultura (ILPS) naRegião Noroeste do Estado de São Paulo

Adelina Azevedo BOTELHO (1);Wander Luis Barbosa BORGES (1);

Rogério Soares de FREITAS (1);Giane Serafim da SILVA (1);

Wilson Luis STRADA (2);Solidete de Fátima PAZIANI (3);

Maria Luiza Franceschi NICODEMO (4);Carlos Eduardo da Silva SANTOS (5);Antonio Aparecido CARPANEZZI (6)

Resumo

A adoção de sistemas de Integração-Lavoura-Pecuária-Silvicultura (ILPS) temaumentado nos últimos anos. A busca por maior produtividade e recuperação de pastagensdegradadas, aliada à pressão por redução da abertura de novas áreas para produção têmsido os fatores estimulantes para tal aumento. Os custos referentes à implantação emanutenção, durante um ano e oito meses, do sistema de ILPS implantado em 2009 no PoloRegional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista - APTA/SAA foram determinados e acompanhados. Para tanto, foi utilizada a metodologia de custooperacional de produção, que considera despesas diretas como insumos (sementes,

(1) Pesquisador Científico do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista,APTA, Rod. Péricles Belini, km 121, C.P. 61, Votuporanga, SP, CEP: 15500-970. E-mail: [email protected].

(2) Técnico de apoio do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Noroeste Paulista, APTA,Rod. Péricles Belini, km 121, C.P. 61, Votuporanga, SP, CEP: 15500-970.

(3) Pesquisador Científico do Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Norte, Rod.Washington Luiz, km 372, C.P. 24, Pindorama, SP, CEP: 15830-000.

(4) Pesquisador Científico da Embrapa Pecuária Sudeste, EMBRAPA, Rod. Washington Luiz, km 234, CP. 339, SãoCarlos, SP, CEP: 13560-970.

(5) Analista da Embrapa Pecuária Sudeste, EMBRAPA, Rod. Washington Luiz, km 234, CP. 339, São Carlos, SP,CEP: 13560-970.

(6) Pesquisador Científico da Embrapa Florestas, EMBRAPA, Estrada da Ribeira, km 111, CP. 319, Colombo, PR,CEP: 83411-000.

Apoio financeiro: Fundação AGRISUS – Agricultura Sustentável

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Documentos, IAC, Campinas, 99, 201134

fertilizantes, defensivos, etc.) e serviços de mecanização (mão de obra e operações commáquinas) e de despesas indiretas, como depreciação de máquinas, encargos sociais, encargosfinanceiros etc. A partir do custo operacional de produção do sistema foram calculados oscomponentes da avaliação econômica, tendo como indicadores da análise de resultados areceita bruta, a margem bruta e o ponto de nivelamento da cultura de soja. Os custos deprodução (COE), ou seja, apenas os gastos diretos, por hectare foram de R$ 1.254,08 para asoja, incluindo despesas de comercialização, R$ 1.793,99 para o milho, sem despesas decolheita, transporte e comercialização, R$ 238,02 para a braquiária e de R$ 1.087,60 para ocultivo de eucalipto. A avaliação dos reais benefícios econômicos ou da rentabilidade daILPS exigirá a obtenção de mais informações e análises, em função da complexidade dasatividades de um sistema integrado.

Custo Operacional dos Componentesdo Sistema ILPS

A adoção de sistemas integrados de produção tem aumentado muito nos últimosanos. A busca de produtividade com a recuperação dos serviços ambientais, aliados apressão por redução da abertura de novas áreas para a produção e pela recuperação daspastagens degradadas tem sido fatores importantes para este crescimento. Em funçãodisso, aumentaram as publicações sobre aspectos biofísicos e técnicos, mas aindarelativamente poucos dados sobre o desempenho econômico foram publicados (Dias-Filho & Ferreira, 2007).

Os custos operacionais apresentados neste trabalho referem-se as obtidos no campoexperimental de ILPS, instalado no Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dosAgronegócios do Noroeste Paulista – APTA/SAA localizado no município de Votuporanga,SP, apresentado no capítulo anterior “Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura (ILPS) noNoroeste do Estado de São Paulo”.

Neste trabalho foi utilizada a metodologia de custo operacional de produção,que considera despesas diretas como insumos (sementes, fertilizantes, defensivos,etc.), serviços de mecanização (mão de obra e operações com máquinas) e de despesasindiretas, como depreciação de máquinas, encargos sociais, encargos financeiros,etc. (Matsunaga et al., 1976). A soma das despesas diretas denomina-se custooperacional efetivo (COE) e quando se soma as despesas indiretas o resultadodenomina-se custo operacional total (COT).

Os custos variáveis, ou seja, aqueles insumos que variam de acordo com o nívelde produção da empresa (sementes, fertilizantes, defensivos), portanto custooperacional efetivo (COE).

Fazendo uma revisão na estrutura utilizada desde os anos 1970 proposto porMatsunaga et al. (1976) e considerando as condições atuais das legislações que envolvem asrelações trabalhistas na agricultura, os encargos sociais até então contabilizados comodespesa indireta (COT) foram incorporados no (COE) por ser considerado um desembolsodireto do produtor (Oliveira & Nachiluk, 2011).

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35Documentos, IAC, Campinas, 99, 2011

Com relação a máquinas foram usados preços reais de máquinas da patrulha agrícola,portanto subsidiada, com todas as despesas de mão de obra de operador, de manutenção,combustível e reparos. O preço utilizado para a mecanização foi baseado no valor da patrulhaagrícola do município de Votuporanga.

Além do custo hora/máquina (R$ 39,02), tem uma taxa de protocolo (R$ 13,86), válidapor 06 meses. Portanto esse tipo de serviço é acessível por meio das prefeituras da região. Amaioria das propriedades é de pequenos produtores que muitas vezes não tem maquináriopara executar os serviços demandados.

As despesas referentes à mão de obra foram calculadas, considerando-se R$ 40,00por dia/homem e acrescentando 77,32 % sobre o valor do dia trabalhado referente aosencargos sociais de mão de obra, praticados pela FUNDAG, que é uma das fundações comas quais a APTA/SAA trabalha no financiamento de projetos, portanto sendo consideradocusto direto.

Os preços dos insumos, mão de obra e maquinário empregados foram obtidos noperíodo de 05/2009 a 01/2011, junto a fornecedores e a Prefeitura Municipal de Votuporanga(Secretaria de Desenvolvimento Econômico).

Os dados coletados para o custo de produção, foram anotados pelo técnico queacompanha todas as operações feitas no sistema integração lavoura-pecuária-silvicultura.Esses dados devem ser anotados logo que acorrem as operações, para que não hajaesquecimento e dados informados de maneira errada. Os resultados são apresentados noanexo.

Avaliação dos Custos Obtidos

Os indicadores de análise de resultados utilizados, conforme definido em Martin etal. (1998), foram:

A) Receita bruta (RB): é a receita esperada para determinada atividade e tecnologia erespectivo rendimento por hectare, para um preço de venda pré-definido, ou efetivamenterecebido, ou seja:

RB = R x PuOnde:R = rendimento da atividade por unidade de área.Pu = preço unitário do produto da atividade.B) Margem bruta (COE): é a margem em relação ao custo operacional efetivo (COE),

isto é, o resultado que sobra após o produtor pagar o custo operacional efetivo e em relaçãoa esse mesmo custo (em percentagem), considerando determinado preço unitário de vendae o rendimento do sistema de produção para a atividade. Essa margem indica adisponibilidade para cobrir o risco e a capacidade empresarial do proprietário.

COE = ( (RB – COE) / (COE) ) x 100Onde:RB = Receita Bruta.

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Documentos, IAC, Campinas, 99, 201136

COE = Custo Operacional Efetivo.C) Além desses conceitos, utilizaram-se também indicadores de custo em relação às

unidades de produto, denominados de ponto de nivelamento (ou ponto de equilíbrio). Eledetermina qual a produção mínima necessária para cobrir os custos, dado o preço unitáriode venda do produto.

Ponto de nivelamento (PE) = COE / PuOnde:Pu = preço unitário de venda do produto da atividade agropecuária.Os resultados para a cultura da soja foram os seguintes:

Receita Bruta SojaRB = R x PuRB = R$ 31,00 x 30 = R$ 930,00/ha.

Margem Bruta Soja[ (RB – COE) / (COE) ] x 100[ (R$ 930,00 – R$ 1.254,08) / R$ 1.254,08] x 100[R$ -324,08 / R$ 1.254,08] x 100-0,2584 x 100 = -25,84%

Ponto de Nivelamento SojaCOE / PuR$ 8.778,56 / R$ 31,00 = 283,18Seria necessária a produção de 283,18 sacas, ou 40,45 sacas/ha, para cobrir todos os

custos. Através desse ponto de nivelamento o produtor pode definir seus lucros.Algumas simulações na atividade SOJA, com um custo operacional de R$ 1.254,08

por hectare, foram realizadas. A Tabela 1 mostra os resultados para produtividades baixa,média e alta a preços de mercado baixo, médio e alto. Essas simulações têm como objetivomostrar ao produtor que se houver um planejamento e o uso adequado da tecnologia,com o uso de sementes de qualidade e todos os insumos necessários, pode-se obter umaboa produtividade. E que, mesmo com a menor produtividade e menor preço, o produtorconsegue cobrir os gastos diretos, ou seja, o COE.

Considerações Sobre os Custos do Sistema ILPS

Nesta avaliação dos custos dos componentes do sistema ILPS, a aquisição de insumoscorrespondeu a 67,72 %, 83,63 % e 81,92 % do custo operacional efetivo (COE) para a soja,milho e braquiária, respectivamente. Os gastos com fertilizante representaram 38,57 % doCOE da soja, 63,92 % do COE do milho e 42,01 % do COE da pastagem de braquiária, sendo,portanto esses insumos os custos mais expressivos no custo operacional efetivo de cada

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atividade. Todos os fertilizantes usados foram através de análise de solos. As adubaçõesforam baseadas nas recomendações do Boletim Técnico 100 (Raij et al., 1997).

Tabela 1. Simulações de lucratividade com diferentes produtividades e preços da soja.

Produtividade Preço de Venda Total Lucro

40 sacas/ha. R$ 35,00 R$ 1.400,00 R$ 145,9250 sacas/ha. R$ 35,00 R$ 1.750,00 R$ 495,9260 sacas/ha. R$ 35,00 R$ 2.100,00 R$ 845,92

Produtividade Preço de Venda Total Lucro

40 sacas/ha. R$ 40,00 R$ 1.600,00 R$ 345,9250 sacas/ha. R$ 40,00 R$ 2.000,00 R$ 745,9260 sacas/ha. R$ 40,00 R$ 2.400,00 R$ 1.145,92

Produtividade Preço de Venda Total Lucro

40 sacas/ha. R$ 45,00 R$ 1.800,00 R$ 545,9250 sacas/ha. R$ 45,00 R$ 2.250,00 R$ 995,9260 sacas/ha. R$ 45,00 R$ 2.700,00 R$ 1.445,92

Produtividade Preço de Venda Total Lucro

40 sacas/ha. R$ 50,00 R$ 2.000,00 R$ 745,9250 sacas/ha. R$ 50,00 R$ 2.500,00 R$ 1.245,9260 sacas/ha. R$ 50,00 R$ 3.000,00 R$ 1.745,92

Devido as condições climáticas inadequadas ao desenvolvimento da soja, no momentode enchimento de grãos, a soja apresentou baixa produtividade (1800 kg/ha) em relação amédia da região (3000kg/ha), apresentando um déficit de 25,84 % na margem bruta.

Os custos de produção (COE), ou seja, apenas os gastos diretos, por hectare foram deR$ 1.254,08 para a soja, incluindo despesas de comercialização, R$ 1.793,99 para o milho,sem despesas de colheita, transporte e comercialização, R$ 238,02 para a braquiária e de R$1.087,60 para o cultivo de eucalipto.

Estes resultados dos componentes do sistema ILPS apresentados devem serconsiderados, no entanto, como uma fase preliminar do estudo econômico do sistema. Parase avaliar os reais benefícios econômicos da ILPS outros dados e análises são necessários,uma vez que o que foi obtido até o momento não permite analisar completamente arentabilidade do empreendimento. Destaca-se que seria importante avaliar os benefícios da“sinergia” gerada pelo sistema ILPS, seja pelo aumento de produtividade das atividadesparticipantes do sistema ou pela redução de custos de produção (por dispensar, p.ex.,controle de pragas e doenças, plantas daninhas). A análise deve também medir as vantagensdo sistema integrado em relação às atividades isoladas (lavouras de soja e de milho, emrotação ou sucessão; engorda de bovinos ou outros animais, produção da silvicultura).

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Agradecimentos

Os autores agradecem à Fundação AGRISUS – Agricultura Sustentável pelo apoiofinanceiro para a realização do evento e para a condução da pesquisa científica.

Agradecemos também aos funcionários do Polo Regional de DesenvolvimentoTecnológico do Noroeste Paulista - APTA, pelo apoio na instalação e condução do campoexperimental.

Referências

DIAS FILHO, M.B.; FERREIRA, J.N. Barreiras para adoção de sistemas silvipastoris. In:SIMPÓSIO DE FORRAGICULTURA E PASTAGEM, 6, 2007, Lavras. Forragicultura epastagem: temas em evidência: relação custo benefício. Lavras: UFLA, 2007, p.347-365.

MARTIN, N. B. et al. Sistema integrado de custos agropecuários “CUSTRAGRI”.INFORMAÇÕES ECONÔMICAS, São Paulo, v.28 n.4 p.7-28, abr.1998.

MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo utilizada pelo IEA. AGRICULTURA EMSÃO PAULO, São Paulo, v.23, t.1, p.123-139, 1976.

OLIVEIRA, M; NACHILUK, K. Custo de produção de cana-de-açúcar nos diferentes sistemasde produção nas regiões do estado de São Paulo. INFORMAÇÕES ECONÔMICAS, SãoPaulo, v.41 n.1 p. 5-33, jan. 2011.

RAIJ, B. van; CANTARELA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. (Eds.).RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA O ESTADO DE SÃO PAULO.2. ed. Campinas: IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico, 100)

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39Documentos, IAC, Campinas, 99, 2011

Anexo

Custo operacional de produção do Sistema de Integração-Lavoura-Pecuária-Silvicultura, Votuporanga, SP, 2011.

Início: 2009

Limpeza da Area

A - Mecanização Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

1 - Mão de Obra (mdo)

Terraços com Gps D/h 0,5 R$ 40,00 R$ 20,00

Coleta de Solo para Análise D/h 0,5 R$ 40,00 R$ 20,00

Poda de Árvores D/h 11 R$ 40,00 R$ 440,00

Arranquio de Cerca D/h 8,5 R$ 40,00 R$ 340,00

Mão de Obra 21 R$ 40,00 R$ 820,00

Encargos de Mdo. 77,32% R$ 634,02

Total Geral de Mão de Obra R$ 1.454,02

2 - Maquinário Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Grade Home H/m 26,3 R$ 39,02 R$ 1.026,23

Grade Niveladora H/m 17,9 R$ 39,02 R$ 698,46

Corte de Galhos das Árvores H/m 40 R$ 39,02 R$ 1.560,80

Arranquio de Cercas H/m 4 R$ 39,02 R$ 156,08

Arranquio de Árvores Exóticas H/m 5 R$ 39,02 R$ 195,10

Total de Horas /máquina 93,2 R$ 3.636,66

Total Mecanização A (1 + 2) R$ 5.090,69

B - Insumos Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Analise de Solo Unidade 2 R$ 30,00 R$ 60,00 2

Total de Insumo R$ 60,00

Total (a+b) R$ 5.150,69 R$ 503,98

Cultivo de Eucaliptos

A - Mecanização Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

1 - Mão De Obra (mdo)

Controle de Formigas D/h 8,62 R$ 40,00 R$ 344,80

Plantio das Mudas D/h 9 R$ 40,00 R$ 360,00

Replantio das Mudas D/h 8 R$ 40,00 R$ 320,00

Capina Linha Eucalipto D/h 26 R$ 40,00 R$ 1.040,00

Aplicaçao de Boro D/h 1,5 R$ 40,00 R$ 60,00

Adubaçao Cobertura Eucalipto D/h 3 R$ 40,00 R$ 120,00

Aplic. Inseticida na Linha D/h 5 R$ 40,00 R$ 200,00

do Eucalipto

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Documentos, IAC, Campinas, 99, 201140

1ª Desrama no Eucalipto D/h 2,6 R$ 40,00 R$ 104,00

2ª Desrama do Eucalipto D/h 9 R$ 40,00 R$ 360,00

Mão de Obra 72,72 R$ 2.908,80

Encargos de Mdo 77,32% R$ 2.249,08

Total Geral de Mão de Obra R$ 5.157,88

2 - Maquinário Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Aração/encabeçar H/m 50 R$ 39,02 R$ 1.951,00Curvas/escarificar

Aplicação Herbicida H/m 4,5 R$ 39,02 R$ 175,59

Aplic. Herbicida na Linha H/m 8,2 R$ 39,02 R$ 319,96Do Eucalipto

Plantio do Eucalipto/fosfatagem H/m 2 R$ 39,02 R$ 78,04

Serviço de Grade H/m 2 R$ 39,02 R$ 78,04

Sulcamento H/m 1,5 R$ 39,02 R$ 58,53

Irrigação H/m 25 R$ 39,02 R$ 975,50Aplicaçao Herbicida H/m 4,6 R$ 39,02 R$ 179,49

Aplic. Herbicida Perto H/m 3,5 R$ 39,02 R$ 136,57Linha EucaliptoAplicação Inseticida. H/m 8,5 R$ 39,02 R$ 331,67Serviço de Roçadeira H/m 10 R$ 39,02 R$ 390,20Linha Euca,lipto

Aplicação Herbicida H/m 4 R$ 39,02 R$ 156,08Linha Eucalipto

Total de Horas Máquina 123,8 R$ 4.830,68

Total Mecanização A (1 + 2) R$ 9.988,56

B - Insumos Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ HectareFipronil (klap) Ml 365 R$ 89,00 R$ 162,43 200 MlMudas de Eucalipto Unidade 2.400 R$ 0,38 R$ 912,00 Unidade

Glifosato Lt 5,8 R$ 6,00 R$ 34,80 LtÁcido Bórico Kg 7,89 R$ 2,22 R$ 17,52 25 Kg

Total de Insumos R$ 1.126,74

Total de Insumos (b) R$ 1.126,74

Total (a+b) R$ 11.115,30 R$ 1.087,60

Cultivo Milheto

A - Mecanização Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

1 - Maquinário

Grade Niveladora H/m 8,3 R$ 39,02 R$ 323,87

Semeadura do Milheto H/m 5,5 R$ 39,02 R$ 214,61

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41Documentos, IAC, Campinas, 99, 2011

Rolo de Pneu H/m 5,3 R$ 39,02 R$ 206,81

Total de Horas Máquina 19,1 R$ 745,28

Total Mecanização (a) R$ 745,28

B - Insumos Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Semente de Milheto Kg 150 R$ 45,00 R$ 168,75 40 Kg

Fosfato Natural Reativo Kg 200 R$ 38,60 R$ 193,00 40 Kg

Total de Insumos R$ 361,75

Total de Insumos (b) R$ 361,75

Total (a + B) R$ 1.107,03 R$ 158,15

Cultivo da Soja

A - Mecanização Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

1. Maquinário Soja

Semeadura Soja H/m 17 R$ 39,02 R$ 663,34

Aplic. Herbicida (dessec. + Pós - Em) H/m 10,5 R$ 39,02 R$ 409,71

Aplicação Inseticida H/m 6 R$ 39,02 R$ 234,12

Aplicação de Adubo Via Foliar H/m 3 R$ 39,02 R$ 117,06

Aplicação Inseticida e Fungicida H/m 2,5 R$ 39,02 R$ 97,55

Aplicação Fungicida H/m 2,14 R$ 39,02 R$ 83,50

Colheita Soja H/m 8 R$ 39,02 R$ 312,16

Total de Horas Máquina 49,1 R$ 1.917,44

2. Mão de Obra (mdo)

Tratamento de Sementes D/h 0,5 R$ 40,00 R$ 20,00

Capina Soja D/h 2 R$ 40,00 R$ 80,00

Mão de Obra D/h 2,5 R$ 40,00 R$ 100,00

Encargos Mdo 77,32% R$ 77,32

Total de Mão de Obra R$ 177,32

Total (1+2) R$ 2.094,76

B - Insumos Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Sementes Kg 460 R$ 2,40 R$ 1.104,00 40 Kg

Carbendazim + Thiram Ml 700 R$ 36,50 R$ 25,55 1 Lt

Fipronil (standak) Ml 700 R$ 363,00 R$ 254,10 1 Lt

Como Ml 600 R$ 68,00 R$ 40,80 1 Lt

Grafite Kg 1,27 R$ 18,00 R$ 4,57 5 Kg

Inoculante Kg 1,5 R$ 13,50 R$ 40,50 500g

Diflubenzurom Kg 1,44 R$ 39,00 R$ 112,32 500 Gr

Cipermetrina Lt 3,5 R$ 26,00 R$ 91,00 1 Lt

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Documentos, IAC, Campinas, 99, 201142

Metamidofós Ml 2,5 R$ 17,90 R$ 44,75 1 LtEpoxiconazole + Piraclostrobina Lt 5 R$ 80,00 R$ 400,00 1 LtTebuconazole Lt 5 R$ 127,50 R$ 127,50 5 LtGlifosato Lt 48 R$ 289,00 R$ 693,60 20 LtParaquat Lt 21,5 R$ 116,00 R$ 498,80 5 LtCarfentrazona Ml 240 R$ 350,00 R$ 84,00 1 LtHaloxifope - P -metílico Lt 3,5 R$ 235,00 R$ 164,50 5 LtClorimuron Gr 375 R$ 30,00 R$ 37,50 300 GrLactofen Ml 750 R$ 46,00 R$ 34,50 1 LtAdjuvante Ml 200 R$ 56,00 R$ 11,20 1 LtEspalhante Adesivo Ml 570 R$ 6,18 R$ 3,52 1 LtÓleo Mineral Lt 12,9 R$ 25,00 R$ 64,50 5 LtAdubo 04-20-20 Kg 2.550 R$ 39,75 R$ 2.027,25 50 KgSulfato de Amonio Kg 100 R$ 25,30 R$ 50,60 50 Kg

Ureia Kg 39 R$ 38,20 R$ 29,80 50 Kg

Total Dos Insumos R$ 5.944,86

(B)

C - Transporte

02 Viagens até o Silo

Óleo Diesel Lt 2 Km/l R$ 2,00 R$ 44,00 44 Km

Total Transporte R$ 44,00

Total (c) R$ 44,00

D - Despesas

Recepção (8% ) R$ 520,80

Comercialização (2%) R$ 130,20

Armazenamento (0,675%) R$ 43,94

Total Das Despesas R$ 694,94

Total (d) R$ 694,94

Total Custo Soja (a + B +c + D) R$ 8.778,56 R$ 1.254,08

Produtividade Soja (210 Sacas – 30 Sacas/ha)

Preço Venda R$ 31,00 a Saca

Total Venda Soja R$ 31,00 R$ 6.510,00

Cultivo da Crotalária

A - Mecanização Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

1. Maquinário

Aplicação Herbicida H/t 4,5 R$ 39,02 R$ 175,59

Semeadura Trator Mf 291 H/t 8,2 R$ 39,02 R$ 319,96

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43Documentos, IAC, Campinas, 99, 2011

Triton na Crotalária H/t 15,4 R$ 39,02 R$ 600,91

Total de Horas Máquina 28,1 R$ 1.096,46

2. Mão de Obra (mdo) Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Coleta de Solo D/h 1 R$ 40,00 R$ 40,00

Mão de Obra R$ 40,00

Encargos Mdo 77,32% R$ 30,93

Total Mão de Obra R$ 70,93

Total (a) (1+ 2) R$ 1.167,39

B - Insumos Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Análise de Solo Unidade 1 R$ 20,00 R$ 20,00 Unidade

Glifosato Lt 33 R$ 6,00 R$ 198,00 Lt

Óleo Mineral Lt 4,5 R$ 29,00 R$ 26,10 5 Lt

Sementes Kg 301 R$ 7,00 R$ 2.107,00 Kg

Total de Insumos R$ 2.351,10

Total (b) R$ 2.351,10

Total (a + B) R$ 3.518,49 R$ 502,64

Cultivo Milho Plantio Direto

A. Mecanização Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

1. Maquinário

Aplicação Herbicida H/m 4 R$ 39,02 R$ 156,08

Semeadura Milho

Semeadura do Milho H/m 8 R$ 39,02 R$ 312,16

Aplicação Herbicida H/m 5 R$ 39,02 R$ 195,10

Pós-plantio Milho

Aplicação Inseticida Milho H/m 9 R$ 39,02 R$ 351,18

1ª Cobertura no Milho H/m 9 R$ 39,02 R$ 351,18

Aplicação Herbicida no Milho H/m 4,5 R$ 39,02 R$ 175,59

Aplicação Inseticida Milho H/m 5,8 R$ 39,02 R$ 226,32

2ª Cobertura no Milho H/m 7,4 R$ 39,02 R$ 288,75

Total de Horas Máquina 52,7 R$ 2.056,35

Total ( A ) R$ 2.056,35

B. Insumos Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Sementes de Milho Sc 10 R$ 200,00 R$ 2.000,00 20 Kg

Glifosato Lt 42 R$ 6,00 R$ 249,00 Lt

Paraquat Lt 14 R$ 16,20 R$ 226,80 Lt

Carfentrazona Lt 0,8 R$ 149,00 R$ 119,20 Lt

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Documentos, IAC, Campinas, 99, 201144

Atrazina Lt 35 R$ 6,00 R$ 210,00 Lt

Nicossulfuron Lt 0,98 R$ 57,00 R$ 55,86 Lt

Cipermetrina Ml 1.795 R$ 0,03 R$ 50,26 Lt

Metamidofos Lt 4,25 R$ 18,20 R$ 77,35 Lt

Diflubenzurom Gr 945 R$ 0,07 R$ 64,26 500 Gr

Spinosad Lt 1,2 R$ 571,20 R$ 685,44 Lt

Adjuvante Lt 1 R$ 48,90 R$ 48,90 Lt

Espalhante Adesivo Ml 210 R$ 0,01 R$ 1,58 Lt

Adubo 08-28-16 Sc 38 R$ 63,50 R$ 2.413,00 50 Kg

Adubo 20-00-20 Sc 46 R$ 51,90 R$ 2.387,40 50 Kg

Sulfato De Amônio Sc 45 R$ 42,50 R$ 1.912,50 50 Kg

Total de Insumos R$ 10.501,55

Total (b) R$ 10.501,55

Total (a + B) R$ 12.557,90 R$ 1.793,99

Cultivo Braquiária

A. Mecanização Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

1. Maquinário

Semeadura Braquiária H/m 6 R$ 50,19 R$ 301,14

Total de Horas Máquina R$ 301,14

Total ( A ) R$ 301,14

B. Insumos Unid. Qtde $ Unitário $ Total Volume $ Hectare

Sementes Kg 70 R$ 9,50 R$ 665,00 20 Kg

Adubo Super Fosfato Simples Sc 20 R$ 35,00 R$ 700,00 50 Kg

Total de Insumos R$ 1.365,00

Total (b) R$ 1.365,00

Total (a + B) R$ 1.666,14 R$ 238,02

Custo do Sistema R$ 43.894,11

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