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ANDREIA CRISTINA SILVA ANTONIO AUGUSTO VILELA BRUNO NOGUEIRA MARCOS GAMA NEUZA ALVES DO AMARAL PEDRO ANTONIO VIERA RODRIGO VALADARES PEDRO HENRIQUE GONÇALVES BERNARDES DIREITO COMO INSTRUMENTO DE ACESSO ÀS GARANTIAS SOCIAIS: UMA EXPLANAÇÂO SOBRE A APAE “ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS” Trabalho Interdisciplinar apresentado à Faculdade de Ciências Sociais, Humanas da Fucamp Fundação Carmelitana “Mário Palmério, para fins de avaliação nas disciplinas

Dossie Apae Romaria Mg

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ANDREIA CRISTINA SILVAANTONIO AUGUSTO VILELA

BRUNO NOGUEIRAMARCOS GAMA

NEUZA ALVES DO AMARALPEDRO ANTONIO VIERARODRIGO VALADARES

PEDRO HENRIQUE GONÇALVES BERNARDES

DIREITO COMO INSTRUMENTO DE ACESSO ÀSGARANTIAS SOCIAIS: UMA EXPLANAÇÂO SOBRE A

APAE “ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS”

Trabalho Interdisciplinar apresentado à Faculdade de Ciências Sociais, Humanas da Fucamp – Fundação Carmelitana “Mário Palmério, para fins de avaliação nas disciplinas do 5º Período do Curso de Bacharelado em Direito”.

MONTE CARMELO – MG

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MARÇO DE 2013

DIREITO COMO INSTRUMENTO DE ACESSO ÀSGARANTIAS SOCIAIS: UMA EXPLANAÇÂO SOBRE A

APAE “ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS”

SILVA, Andreia Cristina VILELA, Antonio Augusto

NOGUEIRA, BrunoGAMA, Marcos

AMARAL, Neuza Alves doBERNARDES, Pedro Henrique Gonçalves

VEIRA, Pedro AntonioVALADARES, RODRIGO

Trabalho corrigido em _____/_____/2013, tendo recebido a nota ______ (______).

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MONTE CARMELO – MGMARÇO DE 2013

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 – Fachada da Sede da APAE de Romaria – MG..................................10

FIGURA 02 – Vista parcial do banheiro.....................................................................10

FIGURA 03 – Vista parcial de equipamentos.............................................................10

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 05

1. O TERCEIRO SETOR ....................................................................................... 06

1.1 CRITICA AO TERCEIRO SETOR ................................................................ 07

1.2 AS ENTIDADES FILANTRÓPICAS .............................................................. 08

2. ENTIDADE A SER PESQUISADA: ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS DE ROMARIA-MG – APAE ......................................... 09

3. ESTRUTURA FÍSICA ........................................................................................ 10

4. HISTÓRICO ........................................................................................................ 11

5. ESTRUTURA JURÍDICA .................................................................................. 12

5.1 CIVIL .................................................................................................................. 12

5.2 TRIBUTÁRIA .................................................................................................... 12

5.3 TRABALHISTA ................................................................................................ 13

6. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA ................................................................ 13

7. RECURSOS FINANCEIROS ............................................................................. 13

8. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 14

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 16

ANEXOS ................................................................................................................... 18

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INTRODUÇÃO

A partir do chamado contrato social, que foi proposto pelos conhecidos filósofos

contratualistas, especificamente Thomas Hobbes, o Estado passou a ser legitimado pelo

povo, que deixava sua condição de liberdade natural, pois segundo o citado filósofo o

homem no seu estado de natureza é mau, o que criaria um caos social, sendo necessário

agir de acordo com as leis delimitadas pelo Estado institucionalizado, ou seja a

institucionalização de um “contrato social”.

Com isso, o Estado passa a ter a responsabilidade de bem gerir sua população,

atendendo às suas necessidades e principalmente suprindo aos direitos e garantias

fundamentais, presentes no art.5º da nossa Carta Magna, e nas demais constituições

modernas. Assim temos a atuação do Estado, e o surgimento do chamado primeiro

setor.

No primeiro setor temos a atuação do Estado, onde o mesmo utiliza o dinheiro

público em questões de interesse social, em prol da coletividade. Podemos citar como

exemplo as prefeituras dos municípios e os Estados-membros, onde eles utilizam sua

verba para a promoção dos interesses sociais.

O primeiro setor, na concepção dos teóricos do desenvolvimento social privado, é o conjunto das atividades do Estado, consideradas essenciais ao interesse publico e de sua exclusiva responsabilidade, como administração da justiça, elaboração e aprovação das leis e o poder de policia. Corresponde, com algumas diferenças e exceções, aos entes da administração publica direta. (Simões, 2007, p.403)

Já com o advento da sociedade capitalista, e consequentemente com o fenômeno

da sociedade consumista, tem-se um importante papel desempenhado na sociedade

pelas empresas privadas, seja na geração de empregos, seja nas modificações sociais

que suas ações implicam, sendo este o denominado segundo setor.

No segundo setor tem-se a presença das empresas privadas, onde as mesmas

aplicam suas verbas em prol de seus próprios interesses, um viés mercadológico, não

tendo, necessariamente essa defesa de um interesse puramente social, o que não implica

dizer que essa empresa não cumpre sua função social.

O segundo setor e do da sociedade civil, concebido pelo conjunto das atividades privadas, com finalidade estritamente

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particulares, da industria, comercio, bancos, agronegócios, clubes, escolas, sindicatos, cooperativas, associações e uma infinidade de serviços em geral; cujo núcleo central são as empresas e os trabalhadores e inúmeras atividades, inclusive sem fins lucrativos, mas cuja a natureza não afeta, necessariamente, ao interesse publico. (Simões, 2007, PP. 404, 405)

Contudo, diante da insuficiência estatal em poder prestar todo o auxílio

necessário à população, tem-se visivelmente a necessidade de um auxílio para amparar a

sociedade. Assim, dá-se o surgimento do terceiro setor, o qual poderíamos chamar até

de uma “divisão de responsabilidade” entre o Estado e as entidades filantrópicas que

atuam nessa área, no que tange casos de interesse social.

1. O TERCEIRO SETOR

O terceiro setor, que o objeto de estudo deste trabalho, é composto por pessoas

jurídicas que tentam suprir as falhas do Estado no que tange ao atendimento das

necessidades sociais, ou seja, é uma mistura entre o setor privado e o setor público.

Assim, tem-se a instituição de pessoa de jurídica privada que irá desempenhar

atividades de interesse da coletividade, como a cultural, a esportiva, a educacional, a

assistencial sem o intuito de auferir lucros provenientes de sua atuação.

Para ratificar o argumento sobre o tipo de serviços os quais a determinada pessoa

jurídica terá que desempenhar, basta conferir a redação do art.1° da Lei 9637/98, sobre

as Organizações Sociais, que assim erige:

O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

Posto isso, não há como negar que há certa “delegação” do Estado para as

pessoas jurídicas de direito privado, basta conferir também a nossa Constituição Federal

em alguns artigos, tais como o art.204, I; e no art.227, §1°, onde essa aceitação do

Estado com relação à colaboração das entidades privadas que são criadas com ou sem o

seu crivo, para a realização dos serviços elencados como de interesse social, conforme

já citado está expressa.

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Outro fator relevante é o que tange à isenção de impostos, o que corrobora a tese

de que além de aceitar essa atuação das entidades privadas, o Estado faz mais,

incentivando a atuação das mesmas a partir isenções fiscais e tributárias, conforme pode

ser verificado em nossa Carta Magna no seu art.150, §2°.

Destarte, constata-se que esse posicionamento do Estado é conseqüência dos

problemas gerados por um “boom” no crescimento demográfico e na expansão urbana

desordenada, o que gerou um congestionamento da função de garantidor de uma

sociedade que possua um padrão de habitabilidade bom, fazendo com que a atuação das

entidades privadas sobre os interesses coletivos, já citados, se tornasse imprescindível.

1.1 CRÍTICA AO TERCEIRO SETOR

Há por parte do Estudo burguês capitalista o interesse em dar maior subsídios ao

chamado Terceiro Setor, tendo em vista que este a grosso modo supre as debilidades e

negligências cometidas pelo Estado no âmbito social, característica marcante no

processo de produção capitalista baseado no individualismo liberal.

Há por parte da questão do Terceiro Setor um processo histórico de criação e

afirmação, como sendo uma usurpação do capital, lembrando que ele teve sua origem

nos Estados Unidos, maior expoente do liberalismo e potência imperialista do modo de

produção capitalista.

“No entanto, não tem apenas nacionalidade, mas também, é fundamentalmente, procedência e funcionalidade do interesse de classe. Surge como conceito cunhado, nos Estados Unidos, em 1978, chegando ao Brasil por intermédio da fundação Roberto Marinho, isso sinaliza clara ligação com o interesse de classe, nas transformação da alta burguesia”. (Montaño, p.53)

Podemos observar esta ligação burguesia/Terceiro Setor quando percebemos

causas como do Movimento dos Sem Terras não tem respaldo frente ao Estado

capitalista. Por se tratar de uma luta contra o grande latifundiário, dando a perceber que

o apoio dos representantes da super-estrutura social não a tratam como uma questão

social, “na verdade a questão social, que expressa a contradição capital – trabalho, a

desigualdade na distribuição da riqueza social continua inalterada, o que há, são novas

manifestação da velha questão social” (Montaño apud Iamamoto e Neto, p. 91).

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O que está ocorrendo com o alavanco do Terceiro Setor não é mais do que uma

forma de concentrar funções básicas e obrigatórias do poder estatal, dessa forma existe

uma privatização dos serviços básicos estatais com o ultragrante nome de questão

social. “É importante salientar como a contensão do investimento público em serviços

básicos, esgoto, suprimento de água, coleta de lixo, saúde e educação estatais afetam

negativamente a população carente, dado o peso destes itens na complementação na

renda dos pobres”. (Montano apud Soares, p. 95).

Finalmente, podemos concluir que há no Terceiro Setor uma enorme carência de

grande valia e de um enorme valor representativo para a sociedade; contudo, o não fazer

do Estado atendendo aos anseios sociais tem sido refletido de tal maneira que a

população pobre tem limitado e restrito as suas necessidades que tanto carecem.

1.2 AS ENTIDADES FILANTRÓPICAS

Ao falarmos nessas entidades ou instituições precisamos entender que há

necessidade de se classificá-las, pois se trata de uma pessoa jurídica dotada de

personalidade possuidora de direitos e deveres. Nosso objeto de estudo situa-se no

campo de pessoas jurídicas de direito privado.

O artigo 44 do Código Civil brasileiro dispõe sobre as subdivisões das pessoas

jurídicas de direito privado, são elas: associações, sociedades; fundações, organizações

religiosas, partidos políticos. Dentre todas enunciadas anteriormente apenas as

sociedades (seja ela empresária ou simples) tem uma finalidade lucrativa, e a divisão de

seus resultados, ou seja, essas não podem situar-se no terceiro setor – estão

evidentemente no segundo setor.

Nosso trabalho – como já foi dito – tem o escopo de estudar uma instituição do

terceiro setor, excluindo assim as sociedades, e pessoas jurídicas de direito publico (seja

interno ou externo). Ao direcionar ao nosso objeto, afunilamos ainda mais essas

classificações, restando-nos apenas as associações.

Uma simples definição de associação apresentada por GONÇALVES (2010)

seria: “As associações são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas

que reúnem os seus esforços para realização de fins não lucrativos”1, tal definição não

tem um caráter bastante singular, o próprio Código Civil de 2002 conceitua associação: 1 In Direito Civil Brasileiro, vol.1, p.233

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art. 53 CC/02 “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem

para fins não econômicos”; não há duvida que a principal característica seja a finalidade

não lucrativa, diferindo das sociedades – principalmente - nesse ponto. Na obra de

ROSENVALD e FARIAS (2010)2 enuncia-se um conceito com maior complexidade

colocando a como uma corporação:

[...] a associação se consubstancia na união de pessoas naturais, organizada para atender a fins não econômicos, que podem ser literários, pios esportivos, acadêmicos etc., encontrando limites no disposto art. 5º, XVII, da Constituição Federal que afirma ser plena a liberdade associativa para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.

Com o aprofundamento do estudo de associações, percebe-se que não há

impedimento do ordenamento jurídico brasileiro e relação à associação alcançar lucros,

deste que esse não seja divido entre os associados, mas sim investido na própria

associação.

A Constituição Federal dispõe sobre as associações em seu artigo 5º, elencando

como um direito fundamental. No inciso XVII garante-se a liberdade de associação, no

XVIII veda a interferência estatal no funcionamento de tais associações, isso acaba

enfatizando o fato de ser não governamental consequentemente do terceiro setor. Nos

incisos posteriores (XIX, XX, XXI) há mais disposições sobre as associações.

2. ENTIDADE A SER PESQUISADA: ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS

EXCEPCIONAIS DE ROMARIA-MG - APAE

A APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais nasceu em 11 de

dezembro de 1954, no Rio de Janeiro, impulsionada pela proclamação da Declaração

dos Direitos Humanos pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de

1948. Caracteriza-se por ser uma organização social, cujo objetivo principal é promover

a atenção integral à pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência

intelectual e múltipla, que hoje conta com cerca de 250 mil pessoas com estes tipos de

deficiência. A Rede APAE destaca-se por seu pioneirismo e capilaridade, estando

presente, atualmente, em mais de dois mil municípios em todo o território nacional.

Dentre eles o município de Romaria, Minas Gerais.

2 Direito Civil Teoria Geral, p.331

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A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Romaria é uma

entidade filantrópica e de caráter assistencial, de saúde, educacional, cultural,

desportivo, de saúde e de pesquisa, entre outros, sem fins lucrativos e com duração

indeterminada.

Figura 01 – Fachada da Sede da APAE de Romaria - MG

3. ESTRUTURA FÍSICA

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais- APAE de Romaria funciona

desde sua fundação no Recanto dos Romeiros na Praça da Matriz, nº 330 A, local este

cedido pela Paróquia Nossa Senhora da Abadia. As instalações necessitam de

ligeiramente de maior acessibilidade para aqueles que possuem limitações e restrições

de mobilidade. A estrutura necessária para o atendimento contém várias falhas, que não

foram sanadas com as reformas da sede própria.

Figura 02 – Vista parcial do banheiro Figura 03 – Vista parcial de equipamentos

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4. HISTÓRICO

A APAE de Romaria foi fundada em Assembleia realizada 18 de maio de 2000.

A Associação tem como prioridade a melhoria da qualidade de vida do

educando, cada etapa de ensino, cada avanço na aprendizagem tem a capacidade de

potencializar e agregar capacidades adicionais para que o educando adquira novas

competências para progredir nas etapas de sua vida facilitando a inclusão nas demais

áreas tais como; saúde, esporte, lazer, cultura, trabalho e assistência social.

Outra importante missão é habilitar e reabilitar as pessoas com deficiência e

incluí-las no mercado de trabalho. Essa associação existe para promover e articular

ações de defesa de direito, prevenção, orientação, prestação de apoio e serviço às

famílias, direcionada a melhoria de qualidade de vida da pessoa com deficiência e à

construção de uma sociedade mais justa e solidária o que encontra guarida na

Constituição Federal de  1988, referindo-se às funções do Estado no que refere à

criança, adolescentes e jovens:

Criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. 3

E ainda em consonância com as propostas da conferência Mundial sobre

Necessidades Educacionais Especiais em Salamanca (Espanha, 1994). As propostas

foram denominadas DECLARAÇÃO DE SALAMANCA e tiveram a participação de

delegados de 88 governos, inclusive do governo brasileiro, e 25 organizações

internacionais com o objetivo de estabelecer princípios, políticas e práticas na área das

necessidades educativas especiais..

A APAE de Romaria atua nas seguintes áreas: Área Educacional, Área Clínica e

Área de Assistência Social. Na primeira a associação conta com a Escola Braz José

Martins, que atende crianças de 0 a 3 anos na Educação Precoce, 4 a 6 anos na

Educação Infantil e 7 a 14 anos no Ensino fundamental, conta também com o Centro

3 Artigo 227, § 1º, inc. II

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Profissionalizante Monsenhor Geraldo Magela de Faria que atende jovens e adultos de

15 anos acima e também a APAE tem as salas de reforço que atende educandos da

escola comum com atividades diversificadas e apoio clínico quando necessário.

Na área Clínica tem o centro de Reabilitação Irmão Wendelino Rooder que faz

tratamentos de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e neurologia a toda comunidade.

Atualmente a Associação atende 65 educandos na área educacional oferecendo

aos mesmos: merenda escolar, tratamento clínico e amparo social. Na área clínica com o

tratamento de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e neurologia, atendem cerca de

200 pessoas mês, oferecendo o mesmo tratamento totalmente gratuito.

5. ESTRUTURA JURÍDICA

5.1 CIVIL

O ato de constitucionais da pessoa jurídica rege-se pelas normas do Código Civil brasileiro. O artigo 45 dispõe:

Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

A APAE de Romaria apresenta tais especificações exigidas, e ainda o art. 46 elenca mais um rol de características que devem estar no registro. Isso está perfeitamente disposto no estatuto da instituição.

5.2 TRIBUTÁRIA

A Carta Magna de 1988 dispõe sobre a possibilidade da União, os Estados o

Distrito Federal e os Municípios instituir tributos (art. 145 CF/88), mas existe uma

limitação – pela própria Constituição – prevista no art. 150.

A limitação que nos interessa está prevista no art. 150, VI, c (CF/88), sendo ela

uma imunidade tributária englobando a associação de nosso objeto de estudo APAE de

Romaria: “patrimônios, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas

fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de

assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;”. Trata-se aqui de

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uma imunidade – uma proibição constitucional de instituir tributos a certas entidades –

diferente da isenção – concessão lega que dispensa o pagamento do imposto.

O Art. 9º do CTN é uma reprodução dessa imunidade prevista por nosso texto

normativo, mas o artigo 14(CTN) dispõe que há necessidade de preencher certos

requisitos para alcançar tal imunidade: (a) proibição da distribuição de seu patrimônio e

de suas rendas a qualquer título; (b) obrigatoriedade da aplicação integral das rendas no

país; (c) obrigatoriedade da manutenção da escrituração das receitas e despesas.

5.3 TRABALHISTA

No caso da associação estudada não há vinculo trabalhista entre funcionários,

professores e supervisor, são cedidos pelo Governo de Minas Gerais e a Prefeitura de

Romaria para a APAE de Romaria, ou seja, são funcionários públicos estaduais e

municipais que prestam serviço na instituição, remunerados por tais entes federativos

(pessoas jurídicas de direito público interno).

6. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

Para funcionamento de uma pessoa jurídica para exercício de sua função exige-

se a necessidade da expedição de alvarás de funcionamento pelos órgãos competentes.

No caso da APAE de Romaria tais papeis estão expedidos e atuais sendo datados no

primeiro semestre do ano de 2011.

Cabe ressaltar que o local em que se desenvolvem as atividades da associação, é

da Paróquia Nossa Senhora da Abadia, ou seja, é cedido para que haja funcionamento

da APAE.

7. RECURSOS FINANCEIROS

O Governo Federal apresenta dois programas de cunho financeiro que são

primordiais na manutenção e execução da associação estudada (APAE Romaria):

a) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) criado em 1999, busca o

assistencialismo financeiro suplementar para escolas publicas de educação básica seja

em nos entes estaduais municipais ou no DF e para escolas privadas de educação

especial, mantidas presente em entidades filantrópicas, ou seja, o caso da APAE

Romaria há a necessidade de ser registrado no CNAS (Conselho Nacional de

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Assistência Social) como beneficente. Ao longo do nosso trabalho não foi possível o

contato com tal registro, mas a instituição estudada recebe tal beneficio podemos

concluir que tal registro é efetivo. Tais recursos são disponibilizados de acordo como o

numero de alunos computados pelo censo escolar do ano anterior ao repasse.

b) Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às

Pessoas Portadoras de Deficiência (PAED), tal recurso é a efetivação do inciso III do

artigo 208 da Constituição Federal que impõe o dever do Estado para a educação

mediante a garantia: “atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;” a Lei 10.845 de 05/03/2004.

Os outros recursos são de doação da própria sociedade ou de parcerias com o

Fórum de Monte Carmelo (através de multas pecuniárias), e algumas empresas da

cidade de Romaria ou até mesmo de outros municípios.

8. CONCLUSÃO

Diante da fundamentação e dos resultados expostos no decorrer deste trabalho,

foi possível concluir que a APAE de Romaria necessita de assessoria jurídica para

buscar mais recursos junto aos órgãos competentes.

A entidade em foco durante nossa exposição teórica foi a APAE de Romaria,

Minas Gerais, uma instituição idônea, a qual possui uma condução exemplar, realizando

seu objetivo de amparar os usuários que necessitam de algum cuidado especial, mesmo

tendo dificuldade em angariar fundos para a realização de suas atividades, conforme já

exposto.

A atuação da entidade revela-se mais voltada para a filantropia, demonstrando

que não conseguiu acompanhar a evolução da Política Pública da Assistência Social,

prevista pela Lei nº 8.742 de 7 de dezembro de 1993.

A entidade atua no campo do atendimento na área da saúde, educação e

assistência social, sendo a última preponderante. A entidade prevê ações de defesa de

direitos, mas não consegue efetivá-las.

Contudo, mesmo diante de uma visível escassez de recursos, o grupo, durante

visita in loco pôde constatar que a APAE se esforça para funcionar regularmente.

Visto que estamos em um curso de Ciências Sociais Aplicadas, ainda

mais em um curso o qual seja de Direito, no qual é necessário o desenvolvimento de

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uma capacidade crítica sobre as situações que se desenvolvem dentro da nossa

sociedade para uma maior eficácia do sentido de justiça, alguns fatos durante a parte de

pesquisa do trabalho não podem passar despercebidos.

É de notável realce o fato de que algumas pessoas instituem entidades

filantrópicas apenas como “fachada”, ou seja, com o intuito de conseguir os benefícios

que o Governo estabelece para essas entidades, sem desempenhar, contudo, suas

atividades em prol da sociedade. Exemplo disso foi diversas instituições que possuíam

páginas na web, mas que quando verificado o endereço informado não se encontrava

nada, além de mato.

Cabe ressaltar também a relutância de algumas entidades em atender aos

inúmeros pedidos em marcar reuniões, sempre colocando dificuldades, e em negar a

prestar os documentos pedidos, como o Estatuto, que são imprescindíveis para a

realização deste trabalho em especial. São atos como esses descritos que maculam a

imagem das entidades filantrópicas em nosso país, e que acabam dificultando, por isso,

a atuação de quem age de modo exemplar.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Código Civil Brasileiro – Lei 10.406 de 10/01/2002

BRASIL. Código Tributário Nacional – Lei 5.172 de 25/10/1966

BRASIL. Lei 10.845 de 5 de março de 2004. Institui o Programa de Complementação

ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência, e dá

outras providências.

BRASIL. Lei 9.637 de 15/05/1998. Dispõe sobre a qualificação de entidades como

organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos

órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações

sociais, e dá outras providências.

BRASIL. Constituição de 1988.

FARIAS C. C. / ROSENVALD, N. Direito Civil teoria geral, Rio de Janeiro, Lumens

Juris, 8ª Ed., 2010.

GAGLIANO, P. S. / PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de direito civil, vol. 1, São

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GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro: parte geral, vol. 1, São Paulo, Ed.

Saraiva, 8ª Ed., 2010.

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MONTAÑO, Carlos. Terceiro Setor e questão social : critica ao padrão emergente

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ANEXOS