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"DUC IN ALTUM" II/15 - como ser, hoje, os teatinos que fomos ontem 1 O PREPÓSITO GERAL DOS CLÉRIGOS REGULARES AOS CONSULTORES GERAIS, AOS PREPÓSITOS PROVINCIAIS E SEUS CONSELHOS, ÀS COMUNIDADES LOCAIS, ÀS RELIGIOSAS FILHAS DA VEN. ÚRSULA BENINCASA, AOS DEVOTOS DE SÃO CAETANO, AOS FAMILIARES, AMIGOS E BEMFEITORES, Á FAMÍLIA SECULAR TEATINA. COMO SER HOJE OS TEATINOS QUE FOMOS ONTEM “DUC IN ALTUM” II ÉPOCA – Nº. 15 ROMA, AGOSTO DE 2012 7 DE AGOSTO, SÃO CAETANO Mui estimados no Senhor: Neste Ano Vocacional Teatino quero com todo meu maior afeto felicitar a toda nossa Família Religiosa por ocasião das próximas Festas de São Caetano. Em cada uma das Províncias foram multiplicadas muitas iniciativas a esse respeito. A convocação, na verdade, ocorreu dando

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COMO SER HOJE OS TEATINOS QUE FOMOS ONTEM

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"DUC IN ALTUM" II/15 - como ser, hoje, os teatinos que fomos ontem

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O PREPÓSITO GERAL DOS CLÉRIGOS REGULARES

AOS CONSULTORES GERAIS,

AOS PREPÓSITOS PROVINCIAIS E SEUS CONSELHOS,

ÀS COMUNIDADES LOCAIS,

ÀS RELIGIOSAS FILHAS DA VEN. ÚRSULA BENINCASA,

AOS DEVOTOS DE SÃO CAETANO,

AOS FAMILIARES, AMIGOS E BEMFEITORES,

Á FAMÍLIA SECULAR TEATINA.

COMO SER HOJE OS TEATINOS QUE FOMOS ONTEM

“DUC IN ALTUM” II ÉPOCA – Nº. 15 ROMA, AGOSTO DE 2012 7 DE AGOSTO, SÃO CAETANO Mui estimados no Senhor: Neste Ano Vocacional Teatino quero com todo meu maior afeto felicitar a toda nossa Família Religiosa por ocasião das próximas Festas de São Caetano. Em cada uma das Províncias foram multiplicadas muitas iniciativas a esse respeito. A convocação, na verdade, ocorreu dando

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lugar a diferentes encontros de oração, assembleias, exposições sobre a história – passado, presente e futuro – da Ordem, publicação de folhetos e estampas, difusão da “Oração pela Família Teatina”, etc. em nome da Ordem, dou graças aos postulantes, noviços e juniores principalmente, aos Provinciais, Superiores e párocos, como igualmente aos “Amigos de São Caetano” e a “Família Secular Teatina”, por dar a conhecer nossa espiritualidade e rogar a São Caetano pela promoção vocacional. 1. Proponho que durante a celebração , neste Ano Vocacional, da festa do nosso Santo fundador façamos uma releitura da “Exortação apostólica Vita Consecrata” com a finalidade de redescobrir à luz do testemunho de vida de São Caetano “como podemos ser hoje teatinos que nossos fundadores foram ontem...” Trata-se de reatualizar em nossas comunidades e pessoas a “identidade” que nos caracteriza na Santa Comunhão da Igreja. Convido, pois a reler de novo “Vita Consecrata”. Um documento tão profundo do Magistério sobre a vida religiosa. Está cheio de sugestões. Mas, ainda de “Gritos de urgência” que não podemos deixar de ouvir. Brindo-lhes alguns pontos de meditação com que se prepara a festa do grande “reformador” religioso da Igreja cujo carisma há de continuar vivo em nós. 2. Primeira urgência: Segundo “Vita Consecrata” a urgência principal e primeira, hoje por hoje, de todo instituto de vida religiosa é aquela que faz referência a sua própria identidade. Refazer hoje a própria identidade é a mais peremptória de todas as tarefas e de todas as preocupações de qualquer família religiosa. E o perigo número um está em nos esquivar, da progressiva identificação com aquele carisma concreto que a define e configura; e, por consequência, a enfermidade que mais devemos temer nós religiosos é a enfermidade que aparece quando vai deslocando-se

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ou perdendo-se o carisma que um dia, em circunstâncias singulares e ante uns fortes desafios inadiáveis, pôs em circulação este Instituto. Aqui está em síntese a mensagem da Exortação Apostólica, um grito de urgência e aviso geral. Não vamos ficar de alerta também nós? Devemos fazê-lo, pondo em jogo, custe-nos o que custar, a maior sobredose possível de ilusão, criatividade, imaginação, tenacidade, renúncias e, sobretudo, esperança. Trata-se, efetivamente, de colocar em jogo, uma atitude feita de profundo olhar de fé e confiança. Devemos estar convencidos de que nosso carisma não pode passar. Recordemos aquela frase de São Paulo Apóstolo aos Filipenses (1,6): “Deus que começou em vocês esse bom trabalho, vai continuá-lo até que seja concluído no dia de Jesus Cristo”.Não podemos nos permitir dúvidas nem desânimo neste ponto. Mais ainda, temos de ter paciência, que significa resisitir e aguentar, posto que a fé confiada se apóia não em nós mesmos nem em nosso voluntarismo, senão no Espírito. No Espírito e desde o Espírito obteremos, se nos colocamos por conta do Espírito, a força juvenil da esperança, ainda que avancemos em idade e batam em nossas portas poucas vocações. O que precisamos é enraizar nosso carisma no ser. O nº 18 da Exortação sublinha que “a identidade da consagração religiosa abarca a totalidade da pessoa e toca as raízes do ser”. Devemos ter em conta que não estamos isentos de um perigo muito característico do homem atual: A falta de identificação. O mal maior que hoje nos ameaça é a des-identificação, o qual dá origem a pessoas desorientadas, repetidoras e rotineiras. O documento “Vita Consecrata” nos diz que, ainda que estejamos levando a cabo uma infinidade de atividades, caso ocorra que no âmbito do ser não tenhamos “ajuste” careceremos da harmonia interior que vem do possuir clara a identidade. A questão da identidade é a questão primordial.

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3. Como afrontar a questão: Disto nos fala o nº 44 da Exortação ao mesmo tempo que assinala o caminho a percorrer. Não deve impedir-nos de levar a cabo este “itinerário” o fato de que vejamos incerto o presente e se vislumbre negro o porvir. Por quê? Simplesmente porque os Fundadores não tinham diante de si circunstâncias melhores que as nossas, e, ainda assim, abriram caminho. Quanto eles fizeram temos que fazer nós também com a mesma fidelidade criativa aqui e agora. Passos a serem dados: Primeiro passo: Partir da certeza de que a identidade vem marcada pela “consagração religiosa”. Isto significa algo muito claro: Na base de todo nosso ser e existir tem, que estar permanentemente recordado o acontecimento de nossa consagração a Deus por meio da Profissão religiosa. A Profissão religiosa começa infundindo-nos a graça, de ser “memória vivente do modo de existir e atuar de Jesus”, nos recorda o nº 44 da Exortação. Adquirir a “forma de vida de Cristo” pertence à “fundamentalidade” teatina. O primeiro parágrafo das Constituições insiste nisso e emprega um verbo latino bem eloquente, “Cupere”, que fala de sentir uma atração irresistível, um desconcerto e uma fascinação, que enfeitiçam e seduzem, de “servir a Deus com o maior sossego espiritual”. Segundo passo: Ir refazendo a virtude teologal da fé. A virtude da fé, vivenciada de forma explícita na profissão religiosa, se converte – como assinala o nº 85 do Documento─ em “audaz testemunho profético... da afirmação da primazia de Deus e dos bens

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futuros”. Precisamos para não des-identificarmos o carisma esforçar-nos para que este se nutra permanentemente da graça de Deus, situarmos dia a dia em sua presença providente, buscar, acima das demais coisas, o Reino de Deus. Com as provas e os anos a fé é suscetível de deixar de dar vigor à nossa vocação religiosa. Devemos prestar atenção às marcas de Deus que se costumam ir apagando em nossa vida de religiosos. O Documento assinala a necessidade de fazer exame contínuo de nossa vida à luz da Palavra de Deus. Com o tempo se desvaloriza em nós a audácia do testemunho profético. Caso não se esteja alerta a rotina se instala. A “consagração” religiosa é para interpelar. Quando deixa de fazê-lo temos de nos perguntar o que está ocorrendo em nós, em que refúgios de comodidades egoístas nos estamos confinando. Terceiro passo: Viver o abandono fiel nos braços providentes de Deus Pai. O nº 90 da Exortação recorda que “se pede às pessoas consagradas um decidido testemunho evangélico de abnegação e sobriedade”. Suprimamos de nossas vidas teatinas o arrimo à pobreza, tal como entendeu e encarnou em si mesmo São Caetano, e nos desviaremos de seu carisma. Só se nos abandonamos filialmente na confiança e a “alegria espiritual” que procedem de experimentar que Deus é Pai, frente a toda tentação de “oppidismo”1 seguiremos sendo hoje em dia os teatinos que nossos Fundadores foram ontem. Devemos volver a ser radicais neste ponto. A abnegação e a sobriedade de vida pertencem ao tecido constituinte da identidade teatina. A pobreza evangélica é nossa carta credencial. Outras formas de proceder

1 Talvez se refira ao episódio anedótico do Conde de Oppido (NdT).

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não serão senão um rondar para fora do ter. A medula da espiritualidade teatina radica em uma espiritualidade de Providência. Quarto passo: Estar dispostos a continuar restaurando de novo a “Vida apostólica”. O nº 41 do Documento assinala: “Depois da Ascensão, graças ao dom do Espírito, constituiu-se em torno dos Apóstolos uma comunidade fraterna, unida no louvor a Deus e numa concreta experiência de comunhão”. Consta-nos que São Caetano volveu seu olhar a esta comunidade primeira congregada ao redor dos Apóstolos – “nossos verdadeiros Padres e Mestres”- para tratar de restaurá-la nas novas fraternidades de sacerdotes reformados que ele queria para si e seus seguidores. Se pretendemos, pois, continuar sendo teatinos temos de prestar uma decidida atenção a esta “denominação de origem” nossa. Antes que as programações e os trabalhos a fazer frente temos que ter em conta, a graça de uma vida comum em fraternidade. Todo o capítulo primeiro de nossas “Constituições” o repete ativa e passivamente. O projeto fundacional tem neste regresso às fontes sua partida de nascimento e deve ser hoje e sempre, o esforço primordial de todos e cada um de nós. 4. Um decidido compromisso de vida espiritual. “Vita Consecrata”, por último, nos assegura que para crescer em identificação religiosa e ser sinais de interpelação hoje nós como nossos Fundadores o foram ontem, necessitamos “um decidido compromisso de vida, espiritual”. É, diz a Exortação em seu nº 93, “uma exigência prioritária”. É o nosso “primum”, esse “quaerite primum Regnum Dei” da “mostra” de Família! A vida consagrada tem que nutrir-se “nas fontes de uma sólida e profunda espiritualidade”. Somos “religiosos” e, se na

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prática deixamos de sê-lo, a identidade se perde convertendo-nos em “ativistas” pastorais. “Aspirar à santidade”, segue dizendo a Exortação, é “o programa de toda vida consagrada” e a senda que conduz à imitação e restauração da “apostólica vivendi forma”. Disto depende o “atrativo vocacional” que “pode comover às pessoas” do mundo de hoje. Necessitamos, portanto, fortalecer e cuidar esmeradamente a “vida religiosa”. Atenção, pois, a quanto dificulta este “ato diferencial”. O nosso não é a tarefa e a atividade senão o mostrar e demonstrar pessoal e comunitariamente o supremo e absoluto do Reino. Coloquemo-nos sob a providência e intercessão de São Caetano. Durante os primeiros dias de agosto, especialmente ao longo de todo o dia 7, dia de sua festa, seus fiéis devotos se congregam ante seu altar e lhe pedem confiadamente sua ajuda: “São Caetano isto”, “São Caetano, aquilo”... É ele o advogado e protetor dos necessitados. O povo devoto insiste: “Padre de Providência”, faça que nunca nos falte tua assistência”. É mais que natural que nós, que fomos postos pelo Espírito de Deus a seguir na Igreja seu carisma e suas pegadas, ao chegar o 7 de agosto nos aproximemos também de São Caetano e lhe roguemos pela Ordem fundada por ele, por nossas comunidades e paróquias, pela promoção vocacional, pela formação de nossos estudantes, pela observância leal e fiel de nossa regra de vida. Incrementemos neste Ano Vocacional Teatino o esforço por vivificar a identidade que nos é própria. Ponhamos diante dos altares dedicados a São Caetano nossos “propósitos de emenda” cada vez mais fiel de frente a um chamamento que um dia nos fez o Senhor. Concluo com a oração pelas vocações:

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Pai, suscita em tua Igreja

O espírito de piedade e de fortaleza para que Tenhamos dignos ministros da Eucaristia E dedicados pregadores da tua Palavra.

Envia à tua parcela, a Ordem Teatina, Fundada por São Caetano,

Jovens: Que queiram renunciar a si mesmos

Para seguir-te mais de perto, Que amem profundamente aos demais,

Que acreditem apaixonadamente na Vida, Que sejam sempre compreensivos,

Que escutem e perdoem, Que sejam puros, como o orvalho da manhã,

Obedientes, como Maria, Pobres, como o operário.

Pai: Sabemos que é difícil encontrá-los,

Porém teu Filho Jesus nos abriu uma porta à esperança Quando nos disse: “Pedi ao Dono da messe

Que mande operários à sua messe”. Nós te pedimos isto, através de Maria

- Mãe dos Apóstolos- Pelo mesmo Senhor Jesus Cristo,

Que vive e reina contigo pelos séculos dos séculos. Amém.

A todos meu abraço mais fraterno.

Vosso servidor em Cristo,

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P. Valentín Arteaga, C.R. Preposito General

Em Sant'Andrea della Valle, 29 de julio de 2012,

XVII Domingo del Tiempo Ordinario.

Curia Generalizia dei Chierici Regolari - Teatini Piazza Vidoni 6 00186 Roma

Italia