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8/16/2019 Economia Politica Cap 26
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CONSUMO
26 1 CONSUMO CONCEITO
o
consumo constitui a fase final da atividade econômica. Pela produção
foram criadas as utilidades consumiveis. Agora as necessidades serão sa-
tisfeitas, mediata ou imedfátamente.
N
ão devemos entender o consumo como sinônimo de destruição. As utilidades ou
riquezas são produzidas para o consumo, que pode ser imediato, como ocorre com
os alimentos destinados a nossa nutrição, ou mediato, como acontece com as riquezas
poupadas ou reservadas para produção posterior. Melhor seria como sensatamente lem-
bra Aquino Rocha, empregar o termo utilização visto que pelo consumo efetuamos um
aproveitamento das riquezas e não uma destruição delas. E. de fato, na natureza nada se
cria e nada se perde - conforme afirmou Lavoisier - -mas tudo se transforma . Assim,
o consumo constitui o objetivo social da produção, pela utilização e aproveitamento dos
produtos e serviços, para o bem-estar social e satisfação do gozos humanos; ou, como o
afirma Gide, promovendo melhor emprego P ível da riqueza disponível. Em última
análise, o consumo representa o princípio e o fim da produção. Produzimos para consu-
mir e, se consumimos, é porque produzimos.
O fenômeno do consumo deixou de ser encarado como de menor importância para
a vida econômica, mas passou a ser considerado como o fim de toda a atividade produti-
va. Para Keynes, por exemplo, a propensão a consumir representa um dos fatores básicos
da vida econômica. Dentro da dinâmica econômica moderna, o consumo vincula-se ao
funcionamento da economia no seu aspecto global, quer como efeito, quer como causa.
Modernamente, de maneira diferente do pensamento liberal ou clássico, a afirmar
que uma diminuição do consumo significava mais rápida acumulação de capitais, ou que
o maior consumo representava diminuição do ritmo do progresso econômico, entende-se
que a diminuição do consumo implicará a limitação do investimento, do emprego, da
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o consumo, na dinâmica econômica moderna, assumiu características
próprias, totalmente diferentes daquelas das economias primitivas. E o
consumidor passa a ser peça importante para a análise da distribuição da
Elementos de Econom ia Po lío ca
6 2 ESPECIESDE CONSUMO
o consumo das riquezas poderá ser improdutivo, reprodutivo, material
ou imaterial, público ou privado, previsto ou não previsto, mediato, ime-
diato ou de previdência.
O
consumo reprodutívo,
também conhecido por consumo industrial, refere-se às
despesas necessárias para a substituição dos valores destruídos na fase produtiva ou
transformativa. Sabemos que as matérias-primas, uma vez lança das na fase da transforma-
ção industrial, desaparecem, substituídas pelo produto maquinofaturado; as ferramentas.
máquinas e utensílios sofrem um natural desgaste; outros produtos auxiliares (carvão.
óleo etc.) desaparecem, uma vez utilizados para movimentar os fornos e o maquinário.
Deparamo-nos, desse modo, com uma quase total destruição de valores; mas, dessa apa-
rente destruição, novos produtos surgiram. Portanto não ocorreu, em verdade, um gasto
inútil, visto que, dessa transformação de valores, novos produtos foram criados, equiva-
lendo o consumo dessas riquezas a um consumo dito reprodutivo.
Já o mesmo não ocorre com o denominado consumo improdutivo que não acres-
ce a dinâmica econômica de nenhum novo valor. Em geral representa um consumo des-
tinado a puro gozo pessoal, como nos dá idéia o exemplo, bastante conhecido, do indiví-
duo a queimar carvão na sua lareira, para seu deleite pessoal. É também classificado por
muitos economistas como consumo destrutivo.
Existe, ainda, conforme observação de Kleinwachter, uma outra categoria de consu-
mo, que não será nem o reprodutivo nem o improdutivo, por ele qualificado de não
produtivo referente ao consumo necessário para a vida (vestir, comer etc.), necessidade
que implicam consumo necessário, mas não produtivo.
Consumo de previdência seria o conjunto de atos não meramente consuntivos.
mas de preservação de utilidades para um consumo mediato ou diferido. Representa uma
espécie de provisão, para atender necessidades futuras, diferenciando-se do consumo
imediato objetivando necessidades presentes.
Consumo privado ou particular é a utilização dos bens pelos cidadãos, e consumo
público a sua utilização pelo Estado (objeto das Finanças).
26 3 MEIOS DE DEFESADO CONSUMIDOR
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Elementos de Econom ia Po li -
partir da década de 1950, criaram corpo no mundo as associações civis e instituições
públicas voltadas para a defesa do consumidor. Tais organismos estão hoje agrupa-
do na International Organization of Consumers Union (Iocu) , com sede em Haia. o
continente latino-americano, conta com escritório de representação em Montevidéu.
A lei a dispor sobre os direitos do consumidor era antiga aspiração da sociedade
brasileira. Promulgada, em 1990, foi rapidamente assimilada pela população, e em meno
de uma década de aplicação recebeu sensível aprimoramento, calcado na prática dos uso
comerciais. O
Código do Consumidor
vem recebendo constante aprimoramento, propi-
ciando a sedimentação de uma consciência ética e moral a reger as transações comerciais
privadas e garantindo permanente fiscalização do mercado de consumo.
O Procon Proteção ao Consumidor - é o órgão incumbido de receber as recla-
mações e aplicar as penalidades a manobras ou atos lesivos e a fraudes porventura prati-
cadas no mercado de consumo de bens e serviços. Possui jurisdição plena no território
nacional e está plenamente incorporado aos nossos usos e costumes, tornando-se credor
da confiança popular.
No biênio 1997-1999, novas cláusulas se incorporaram aos 110 artigos originais do
estatuto legal, representadas pela jurisprudência dos conselhos regionais do Procon, ampliando
os direitos e garantias dos consumidores. Vejamos algumas dessas garantias ampliadas:
a) o adquirente de um automóvel, por exemplo, não completando no período contratual
a quilometragem mínima estabelecida para garantia de reparos, terá ampliado o direito da
revisão gratuita, com a prorrogação do direito até completada a quilometragem
convencionada;
b) os direitos do consumidor devem ser integralmente restabelecidos a contar da purga-
ção da mora com o pagamento da multa;
c) mesmo ocorrendo impontualidade no pagamento convencionado, os direitos do con-
sumidor não podem ser suspensos sem aviso-prévio (atraso no pagamento de tarifas de
luz, água etc.);
d) ficam vedadas cláusulas que estabeleçam, cumulativamente, cobrança de comissão de
permanência e correção monetária;
e) o consumidor não será obrigado ao pagamento de honorários de advogados sem que
haja ajuizamento da ação;
t são proibidas as cláusulas que restrinjam a aplicação das normas do Código nos confli-
tos resultantes de contratos de transporte aéreo;
g) a devolução das prestações pagas, em caso de desistência ou rescisão do contrato, deve
ser procedida com seus valores corrigidos monetariamente;
h) fica proibida a perda total ou desproporcional das prestações pagas pelo consumidor
em caso de resolução do contrato, salvo se o credor pleitear a cobrança judicial de perdas
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Consumo
j se o produto objeto de contrato apresenrar defeito que comprometa sua qualidade ou
característica, não sendo possível a troca por similar, poderá haver substituição por
outro de marca, espécie ou modelo diverso. devolução de possível diferença de preço.
Os exemplos acima evidenciam a ntal importância do Código do Consu-
midor e dos Procons nas transações de e venda de bens e de serviços. A reclama-
ção ou queixa ao vendedor deve ser escrito. ão havendo acordo, o prejudi-
cado deve procurar o órgão de defesa. - a Justiça a última instância. Para as ações
cujo valor não ultrapassar 40 salário mínimos. é facultado usar os juizados Especiais
Cíveis, conhecidos como Tribunais de Pequenas Causas, de rito sumário.
Desde os primórdios da era industrial e do moderno capitalismo, evidenciava-se
uma reação aos abusos contra os direitos do consumidores, como dão notícia as tentati-
vas de arregimentação deles em organizações de defesa. Tais tentativas, porém, como
observa Gide, restaram puramente teóricas, em face da indiscutível prevalência dos prin-
cípios da economia clássica do liberalismo, a proclamar que a formação do preço e a ação
do mercado estavam sujeitas à livre concorrência e à intervenção do Estado, pois o justo
preço seria estabelecido de modo automático e sempre estabeleceria a melhor conveniên-
cia aos ofertantes e adquirentes.
Gradativamente, no entanto, tais reações foram se acumulando na forma de boicotes e
mesmo de atos de violência, ou mesmo de maneira pacífica, nas cooperativas de consumo.
O texto precursor, a estabelecer as diretrizes legais modernas em defesa do consumi-
dor, está contido na Resolução n. 38/248, de abril de 1985, da Assembléia Geral das
Nações Unidas, que abriu caminho às normas específicas que passaram a ser implantadas
pelas legislações de todos os países.
26 5 O LUXO
O luxo,torrespondê à satisfação de uma necessidade supérflua.
C
onsoante Leão XIII, imortal papa, o que importa é o uso que fazemos das riquezas.
Podemos nadar na abundância sem que nos deixemos levar ao gozo transitório do
luxo .O luxo, como mal social, consiste num gasto inútil de riquezas. para satisfação de
necessidades artificiais ou supérfluas, e que seriam mais bem aproveitadas se destinadas a
satisfazer necessidades reais.
No entanto, a exata conceituação de luxo nos leva a outras questões, de tempo, de
espaço e de moral, ou mesmo de problemas de natureza ética. de vez que muitas coisas,
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E lem ento s de Econom ia Polí -
~:sir:un in trumentos de luxo apenas possíveis para os mais abastados, mas hoje
egrados às necessidades comuns, como bens definitivamente incorporados à civi-
ção. Como disse alguém, com propriedade, o luxo de ontem é o necessário de hoje e
o pérfluo de hoje será o necessário de amanhã. E assim ocorreu com quase todos o
objetos de uso comum e de início representando propriedade dos mais abastados. O
conceito de necessidade necessária é, portanto, variável conforme circunstâncias de
lugar e de tempo e os costumes dominantes em certas sociedades, ou de acordo com
eventual posição, nestas, de certas pessoas ou categorias sociais. Mas gastar desnecessaria-
mente, para um consumo improdutivo, evidentemente será ato reprovável e contrário
ã
mais elementares normas da solidariedade social.
ào só o luxo como também a avareza ou o esbanjamento constituem perversões o
anormalidades da maneira de exercitar-se, com exatidão, as funções econômicas do con-
sumo. Destroem o capital produtivo, afugentando-o da produção. O avarento impede o
emprego de capitais, entesourando-os para si; o gastador ou o dissipador os esbanja.
improdutivamente.
Devemos, ainda, distinguir o luxo, sinônimo de refinamento de gosto e que pode
constituir um impulsionador de necessidades. O luxo, para uns, é causa de desigualdade,
econômicas, para outros, uma conseqüência destas, proliferando nas épocas de crise
quando mais desigual é a repartição, ensejando a acumulação de fortunas em mãos de
poucos diante das massas sem capacidade econômica ou poder aquisitivo.
26 6 PAUPERISMO E DíVIDA SOCIAL
Pauperismo significa situação de miséria coletiva. Dívida social representa
o custo monetário para equacionar as desigualdades de renda entre as
categorias sociais e corrigir as deficiências estruturais de um país.
A
miséria coletiva de uma sociedade, refletindo-se no pauperismo, embora tendo ori-
gem em série infinda de desequilíbrios estruturais, possui sua principal matriz
concentração da renda social ou nacional em grupos minoritários.
Para aferir o crescimento ou o desenvolvimento econômico de um país e a formação
de seu PIB, lança-se mão de medidas de ordem macroeconômica. Para avaliar-se a renda
individual em sua relação com a pobreza, a indigência ou a miséria coletiva, indispensáve
se torna considerar as causas das desigualdades na distribuição da renda, de modo a
obter-se uma medida de consumo de subsistência por meio de instrumentos de ordem
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Consumo
4
ro. Em cursos promovidos há trê décadas no Rio, pela Fundação Lowndes, reconhecia-se
ue não é possível paz social onde o de nível econômico for de tal ordem que a escala
os menos favorecidos se situe abaixo das necessidades primárias de sobrevivência. Daí a
ssertíva
de Schumpeter, em ua
Análise econômica
de que o conceito do desenvolvi-
ento não pode dissociar- e do
fato social
ou do
fato político
de modo a atingir-se o
mprego ótimo dos resultados do processo transformativo, como o entendia também o
conomista Maurice Byé (O papel do capital no desenvolvimento econômico p. 133), sem
squecer que o êxito no combate à pobreza e aos desníveis na repartição da renda depen-
e menos da excelência dos planos e mais da capacidade dos homens que os executam.
A má distribuição de renda, tanto quanto o desemprego estrutural, representa um
os predicados próprios das economias ainda em fase de maturação, mesmo deixando de
ado os fatores dimensionais também relevantes ao processo analítico (de ordem geográ-
ica e de ordem demográfica, mais os respeitantes à qualificação técnica e profissional e
lastro tecnológico do país).
Daí insistirmos que deve ser equacionada nova política salarial, com base em filoso-
ia revestida de maior cunho de justiça social. O próprio FMI, em 1967, em estudo sobre
processo de estabilização, por seu Departamento de Pesquisas, doutrinava: Um aumen-
o de salários e ordenados em todos os setores (inclusive o governo) deslocaria parte dos
ros inflacionários para os rendimentos do trabalho. Ao ser despendido esse aumento,
levar-se-ào,
por sua vez, as receitas no setor das mercadorias de consumo essencial,
rticularmente naquelas indústrias cuja produção tenha uma demanda muito elástica em
rmos de renda do trabalho.
É
necessário o crescimento dessas receitas para que os
amos de atividades, que vinham sendo prejudicadas pela inflação, possam não só conce-
r aumentos de salários como ter lucros acrescidos e promover deslocamento de força
e trabalho e de matérias-primas dos setores beneficiados pela inflação. Os ajustamentos
preços e de salários são de fato duas facetas do mesmo processo de redistribuição de
enda real e de recursos produtivos (tradução de Eduardo Sobral,
in Revista do Conselho
acional de Economia ano V, n. 39, p. 58).
Sem dúvida, o insuficiente poder de compra de ponderável parcela dos brasileiros
migrando para a economia informal ou submetidos, em 30 dapopulação economica-
ente ativa (PEA), a até dois salários mínimos ao mês de remuneração - atua como
oderoso freio ao nosso processo de desenvolvimento. A prevalecer e a política de
ontenção de salários e de vencimentos, a perdurar desde a implantação do Plano Real,
omo consumir o que produzimos? Houvesse maior poder aquisitivo. de nece ário seria
recurso a novos tributos ou aumento nas alíquotas dos existente. poi um maior poder
e compra serviria de impulso às atividades produtivas, afastando o fama ma da recessão
do subemprego, com inevitável aumento das arrecadaçõe e do lucros. Tal procedi-
mento jamais poderá ser qualificado de recessivo ou inflacionário. Limitar o crédito, elevar
os juros, gastar além do resultado das receitas, persi rir em privilégio fiscais e em favores
corporativos, permitir lucros abusivos, conter salário e elevar as alíquotas tributárias para
compensar a estagnação das transações representam medidas aceleradoras de pauperismo,
de sonegação e de incentivo à concentração da renda. fomentadora da insatisfação e
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E lem ento s de Economia f o j
nrillXies
ganham até um salário mínimo, que, ao câmbio médio em meados de
1
- -alía a 80 dólares mensais, enquanto no Paraguai o mínimo equivalia a 215 dólares
Argentina a 336 dólares. Outros 14 milhões ganham de um a dois mínimos e ou
9 milhões de dois a três mínimos, perfazendo as faixas de um a três mínimos mensais
total de
37
milhões de trabalhadores com carteira profissional assinada. A remuneração
um salário mínimo mensal é o quanto recebem cerca de
15
milhões de aposentados pe
INSSe mais 14 milhões de trabalhadores contra uma renda diária de cerca de 40 dólares
do trabalhador nos países industrializados.
No mercado informal do trabalho no Brasil, mais o da subcontratação da mão-de-
obra, diante do crescente ritmo do desemprego e do subemprego, no período de 1996
1998
o índice subiu de
41,5
para
50,2 ,
representando cerca de sete milhões de tra
lhadores sem nenhuma proteção legal e elevando o déficit previdenciário e os fundos
proteção ao trabalhador, o que fez com que o professor Cláudio Dedecca, da Unicam
registrasse que nem mesmo a economia informal consegue mais absorver a mão-de-ob _
a ingressar anualmente no mercado de trabalho. Na década de 1990, como conseqüênc
da política neoliberal no mundo, quando nosso mercado de trabalho acusou uma estagna-
ção e aproximou-se da recessão, com aproximadamente
27
milhões de empregos forma
no mesmo período o número de trabalhadores informais cresceu de 15 para mais de _
milhões e o de subcontratados passou de 3,4 milhões para cerca de cinco milhões.
Roberto Borges Martins, presidente do Ipea, em lúcida análise, declara que o cre
mento econômico, por si só, não é nem necessário nem suficiente para eliminar a pobre-
za, pois já tivemos períodos de intenso crescimento econômico sem diminuição da desi-
gualdade. Enfatiza que a bandeira do desenvolvimentismo deve vir acompanhada
defesa da melhor distribuição, exatamente a recomendação do Banco Mundial, ao suge
que sem redistribuição de renda não há crescimento. Essa é a tese vitoriosa, a contraria:
aquela vigente nas décadas de 1970 e 1980, quando se declarava, como dogma inconteste
que a concentração da renda favorecia a poupança interna e o investimento, mes
ocorrendo que pessoas mais pobres gastam porcentagem maior de seus rendimentos de
que as mais ricas. Hoje não mais se deve temer que o processo de transferência de ren
prejudique a poupança e a capacidade de investir, desde que se leve em conta o cre
mento da demanda.
Em matéria de distribuição mundial de renda, cerca de 78 da população do mund
vive em países com renda per capita inferior à brasileira, como reconhece o economi
Paes de Barros, diretor de estudos políticos e sociais do Ipea. O Brasil, diz o mestre, é urr:
dos países mais injustos no mundo, mesmo com o ínfimo rendimento acima apontado
pois com sua renda per capita deveria ter 10 de pobres em sua população, mas na
realidade tem
30 .
Basta lembrar que numa economia global mundial a aproximar-se dos
3 trilhões de dólares, a proporção entre os mais ricos e os mais pobres passou de 30 po
1 em 1960 para 70 por 1 em 1994, com sinais progressivos de concentração de renda
quando apenas dez multimilionários do mundo detêm
135
bilhões de dólares, equivalente
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Con sum o
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o
custo da dívida social, para atenuar essa ituação deprimente de poder aquisitivo
e dos males decorrentes da miséria e da indigência a se tornarem endêmicas, atinge níveis
incalculáveis, tanto nas origens como nas conseqüências ou nos efeitos. A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) estima que o custo corresponde a 21 dos PIBs somados
dos países latino-americanos, e no Brasil atinge um custo equivalente a 32 do seu Produ-
to interno bruto, para atenuar as seqüelas do pauperismo, traduzidas em raquitismo, falta de
visão, anomalias cerebrais, avitamino es e outro males, cuja gravidade levou o constituinte
de 1988 a incluir na Carta Magna: Combate às causas da pobreza e fatores da marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavoráveis (art. 23, inc. XI).
A economia capitalista, a partir do final do século XX,passou a enfrentar as conseqüências
do desemprego, devido à modernização tecnológica, à automação do setor produtivo, à
abertura dos mercados de forma pouco criteriosa e inúmeras outras causas a acentuarem as
distorções conjunturais das economias, notadamente dos países emergentes. A taxa de
desemprego resulta da relação entre o número de pessoas desempregadas e a população
economicamente ativa. No ano de 2002 a taxa de desemprego no Brasil, medida pelo IBGE,
apresentou o índice de 7,2 da população economicamente ativa, enquanto na região
metropolitana de São Paulo (pesquisa do
SEADE /D IE ESE
o índice registrado foi de 19,9 .
Acrescente-se nas pesquisas de desemprego no Brasil, que a cada ano cerca de 1,5 milhões
de brasileiros chegam ao mercado de trabalho, ao atingirem a idade média de
15/18
anos.
Para erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento, a meta prioritária deverá
ser o investimento em capital humano, restabelecendo-se o equilíbrio entre este e o capital
físico. Nesse particular, merece realce a desumana condição de vida dos menores e
adolescentes, situados à margem do mercado de consumo pelo reduzido ou até inexistente
poder aquisitivo de suas famílias. Cerca de 60 dos menores e adolescentes, representam
um contingente de aproximadamente 30 milhões de indivíduos, que em condições de
subconsumo, estão mais sujeitos às doenças e aos vícios. Outros milhões vegetam em
situação de pobreza absoluta, incentivo à mendicância, à violência e à criminalidade,
induzidos ao consumo de tóxicos e à prostituição infantil. Nesse abjeto setor, ocupamos o
primeiro lugar na América Latina e o segundo no mundo, superados apenas pela Tailândia.
No mercado de trabalho, temos a presença de 20 das crianças até 14 anos, em verdadeira
situação de servidão, sem remuneração e com habitação verdadeiramente deploráveis.
Esse nivelamento na miséria e não nos frutos da abastança, a repre entar a divida
social, se não contido mediante políticas estruturais e compensatórias, de curto prazo,
colocara a sociedade diante do perigo de uma convulsão social, de imprevisíveis
conseqüências às liberdades democráticas e com possível retorno a soluções autoritárias.
26 7 INDICADORES SOCIAIS E ECO COS
Para a análise da conjuntura soooeconõmíca
indicadores coletado por ó -
lança-se mão de
uisa e estatísticas,
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E lem en tos de Econom ia Po /.-
A
tividade econômica, financeira e cultural de cada povo representa um conjunto de
dados diuturnamente levantados por órgãos públicos e privados de cada paí .
representando sua atividade total e utilizados para estabelecer as metas anuais para o se
desenvolvimento. Esse aferimento das atividades tem por base a coleta de dados fornecido
por órgãos públicos particulares. Nesse particular o Brasil encontra suficientes suporte
estatísticos fornecidos pelo IBGE, entidades sindicais e universitárias.
Os levantamentos demográficos culturais, econômicos e financeiro teve origem n
escola histórica alemã no século XIX com realce aos questionários do economista Le Plav
na França, os inquéritos e pesquisas, de modo a proceder-se a análise, a comparação e
classificação dos fatos sociais, nasciam como técnicas auxiliares da economia. Le
P lav
realizou dezenas de pesquisas sobre a vida operaria, traduzindo-as em monografias, pel
observação dos fatos sociais despontou a técnica dos inquéritos, a permitir a constataçã
dos indicadores sociais e econômicos, dando origem a uma nomenclatura social, verdadeirc
padrão de inquéritos, classificando os fenômenos sociais e econômicos em
25
divisôe
fundamentais e
326
subdivisões, possibilitando os inquéritos coletivos de grande amplitude
quando o objetivo é proceder-se a mediação das estruturas e das condições dos fenômeno
sociais e econômicos, ou seja, a técnica conhecida como
social suruey
adotada por autore
norte-americanos, a significa mensuração social, ampliada a todas as demais manifestaçõe-
humanas, econômicas e culturais.
Dessa evolução metodológica nasceu a técnica moderna das arnostragens e modelo .
que possibilita as analises
macroeconômícas
e macrossociais, delas se extraindo o
indicadores ao progresso e desenvolvimento das nações. Exatamente o mesmo
métod.
adotado pelo IBGE em seus levantamentos estatísticos relativos aos índices de escolaridade
e alfabetização, produto interno bruto, comércio exterior, índices de emprego e economi
informal, habitação e todo um elenco de analises periódicas sobre a evolução ou
involuçã
dos fatos econômicos, financeiros, científicos e culturais da nação em todos os seus setor
a permitir uma analise conjuntural do panorama social, econômico e financeiro do
paí .
O P DU (Programa das ações Unidas para o desenvolvimento), fornece os dado
coletados por
173
países classificados em três categorias:
A -
de baixo desenvolvimento, com índice menor que
0,5.
B - de médio desenvolvimento, com índice de
0,5
a
0,8.
C - de elevado desenvolvimento, aqueles países com média de
0,8
a
1,0.
O Brasil figura nesse elenco com índice de
0,737,
inferior ao índice de Peru e
Paraguai.
Os países mais desenvolvidos são Noruega e Suécia, respectivamente, com
índices de
0,942
e
0,9·- l,
sendo que os Estados Unidos figuram na
6
a
posição com índice
de
0,939.
O IDH (índice de desenvolvimento humano), compreende três aspectos de relevância
para o bem-estar de um individuo, quais sejam: vida longa e saudável, acesso a
conhecimento e padrão de vida digna. Cada um desses pontos é representado por um
variável
especifica e mensurável: expectativa de vida ao nascer (longevidade), nível de
in trução (nível educacional) e nível de renda (nível de vida). O Brasil, considerado com
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Consumo
a atingir dez mil reais. Em síntese, o referido programa das Nações Unidas, estabelece os
índices para medir a pobreza, desemprego, desigualdade de renda, saúde, nutrição,
educação e moradia.
26 8 POUPANÇA E INVESTIMENTO
A poupança significa renda não consumida, resultado de uma abstinência
ou de um consumo diferido. A soma das poupanças de um país, voluntá-
rias ou induzidas, representará o seu potencial de investimentos.
A
taxa de desenvolvimento de qualquer economia resulta da razão direta do seu lastro
de poupança. Pode ser resultado de atos de abstinência individual, quando o consu-
mo é exercido de modo mais racional, colocando-se de lado parte da renda auferida,
traduzida em salários, vencimentos ou honorários, ou por lucros empresariais ou dividen-
dos e juros do capital empregado na produção econômica.
A poupança, assim, resulta de uma parcimônia, arte de satisfazer as necessidades
de maneira mais racional, transformando-se em aforamento, quando os atos de abstinên-
cia ou de parcimônia, somados, formam lastros de rendimento ou fundos de poupança,
componente essencial aos investimentos reprodutivos. A formação e o fortalecimento da
poupança destinada a investimentos devem representar medida prioritária em qualquer
economia, a ser estimulada por campanhas educativas ou na formulação de projetos a
estimular uma poupança induzida. Ou uma nação será capaz de formar lastros próprios
de poupança interna ou deverá apelar
à
poupança externa, suportando o seu elevado
ônus ou custo, no caso brasileiro representado pelo pagamento anual médio de 15 bi-
lhões de dólares em juros aos investidores internacionais.
Tanto mais subdesenvolvida uma economia, tanto mais difícil será a formação de
fundos de poupança própria. Os estoques de bens de capital, resultantes da orna das
poupanças individuais, dificilmente atingirão níveis razoáveis em economia a evidenciar
desigualdades na repartição da renda nacional e sinais ostensivos de ua concentra -o.
A formação de lastros de poupança no Brasil, por força dos desequilib s regíonai e
fragilidade estrutural da sua economia, tem preocupado a atenção de d C3 economis-
tas pátrios e estrangeiros e de grupos mistos como o constituído pelo B. ;DE-Cepal e outros.
Os estudos do Grupo Misto acima referido reconhecem que o coe iciente do investi-
mento necessário ao impulso de uma economia e tá na pro o do coeficiente de
poupança apresentado por ela. Muitas vezes, acentuava a - • do muitos os obstácu-
los que se opõem à formação e ampliação da poupança economias ainda
não estruturadas, a poupança espontânea é
lreqüêncía
por métodos de
financiamentos inflacionários, o quais. no geral, r e urna diminuição da renda real
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Elementos d e E co no mia
Po
dúvida, um aumento da poupança com apelo a processos inflacionários, te
o social bastante alto e enseja perigosas situações de instabilidade. O próp
po no estudo referido, reconhece que em período curto a inflação pode aumen ~
poupança real da economia, agindo como uma tributação privada do empresário sobre
o consumidor. Na medida em que a inflação seja uma inflação de rendimentos e que -
alários não acompanhem os preços, é possível uma transferência de rendimentos
classe assalariada para a classe empresarial. Isto é, na coincidência das demais condições
significaria um aumento da poupança real, se não fossem os fatores negativos que ced
entorpecem esse processo .
A festejada economista Barbara Ward denominava essa etapa da formação de Ias
de poupança como a fase de pré-investimento , quando quase todos os investiment
necessários à grande arrancada ainda faltam. Não existem , dizia, homens educados.
instrução é rudimentar, os dispêndios gerais de capital ínfra-estrutura I - energia, trans-
porte, portos, habitações - ainda têm de ser feitos. Nessa fase, o país ainda tem
esperar para 'arrancar' e obter auxílio para a educação e treinamento, investimentos infra-
estruturais, levantamento de recursos e um certo planejamento preliminar .
A necessidade sempre mais premente da formação de sólida poupança nacíona,
enfrenta sérios obstáculos, com início nas falhas estruturais da nossa economia e um;
conjuntura social altamente pressionada - extrema desigualdade nas rendas individuais
as disparidades regionais, a propensão ao consumo imediato da maior parte dos ganh
econômicos e as dificuldades crescentes de economizar. Como diz
john
S. Gambs, em se
livro Iniciação simples economia p. 48, deixamos de adquirir máquinas e arados me-
lhores e outras coisas mais duráveis que são necessárias para sair da pobreza direta e
enveredar pelo caminho do verdadeiro progresso .
A formação da poupança reclamada pelo nosso desenvolvimento depende de sóli
arcabouço científico, por sua complexidade diante da conjuntura socioeconômica nacio-
nal. Como preliminar cautela , lembra Delfim etto, não basta, pura e simplesmente
adotar o processo de acumulação de capital para promover o desenvolvimento, pois e
fenômeno tem mais aspectos qualitativos do que geralmente se admite, não podendo
e
limitado ou reduzido a um simples aumento da quantidade de capital por unidade
mão-de-obra. Não mais será possível dissociar a melhoria da tecnologia do aumento de
capital . E completa: Não basta a capacidade de criar excedentes para acelerar o desen-
volvimento, pois este se realiza apenas quando o excedente é reintegrado no proce
produtivo na forma de novas combinações tecnológicas, isto é, na forma de capital essen-
cialmente diverso daquele que predomina no sistema econômico .
A educação, na economia moderna, representa o investimento mais necessário para
acelerar o crescimento econômico. Sempre mais necessário e indispensável se torna o
preparo profissional, técnico e científico, sem o qual será impossível assimilar a tecnologia
existente e criar aquela mais ajustada à disponibilidade dos fatores produtivos.
Os estoques de bens de capital, resultantes da soma das poupanças traduzidas nas
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onsum o
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créscimo do capital existente. Depara- e, então. com o conceito da
depreciação
quan-
o o investimento líquido será igual ao investimento bruto menos o índice de deprecia-
ão, que afeta simultaneamente o capital variável. representado pelos insumos e matérias-
rimas e o capital fixo das unidade produtiva _ repre entado pelas máquinas, equipa-
ntos e instalações.
Apesar de todas as dificuldade e obstáculos à formação da poupança necessária à
inamização econômica do país, o investimentos reclamados pelo nosso desenvolvimen-
o poderão ser estimulados por inúmeras modalidades de poupança induzida por legisla-
ão capaz de possibilitar a formação dos lastros necessários ao nosso progresso e inde-
ndência social, econômica e política.
ugestões para leitura
OROSO LIMA, Alceu.
Introdução ã economia moderna.
Rio de Janeiro: Civilização
rasileira, 1933.
, Raymond.
Manual de economia política.
3. ed. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura,
1971.
NELLA, Guido.
Bases de uma ordem social.
São Paulo: Vozes, 1947.
uestionário para recapitulação
1.
Consumo econômico é sinônimo de destruição?
2. Quais as principais espécies de consumo?
3 O consumidor possui meios de defesa?
4
O luxo é prejudicial ao consumo das riquezas?
5
Que se entende por pauperismo?
6 Que é poupança e quais suas vantagens?
7.
Quais os três grandes problemas que preocupam, atualmente, a humanidade?
8.
Qual o significado de investimento?
9 Que se entende por dívida social?
10.
Qual a importância do IDH, das Nações Unidas, para o desenvolvimento do país?