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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE LARISSE LIVRAMENTO DOS SANTOS EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRÍCULO DO CURSO DE LICENCIATURA INTERCULTURAL INDÍGENA DO INSTITUTO INSIKIRAN/UFRR MANAUS AM 2017

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRÍCULO DO CURSO DE …ppgcma.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/Dissertação Homologada... · 2019-10-08 · serviÇo pÚblico federal universidade federal do parÁ

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

LARISSE LIVRAMENTO DOS SANTOS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRÍCULO DO CURSO DE

LICENCIATURA INTERCULTURAL INDÍGENA DO

INSTITUTO INSIKIRAN/UFRR

MANAUS – AM

2017

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LARISSE LIVRAMENTO DOS SANTOS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRÍCULO DO CURSO DE

LICENCIATURA INTERCULTURALINDÍGENA DO

INSTITUTO INSIKIRAN/UFRR

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Pará (UFPA), Instituto de Ciências Exatas e

Naturais- Programa de Pós Graduação em Ciências

e Meio Ambiente- como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Claúdio Nahum Alves

Coorientação: Prof. Dr. Jonildo Viana dos Santos

MANAUS – AM

2017

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Dados Internacionais de Catalogação - na - Publicação (CIP)

Biblioteca de Pós-Graduação do ICEN/UFPA

_____________________________________________________________________________

Santos, Larisse Livramento dos

Educação ambiental no currículo do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena

do Instituto Insikiran/UFRR/Larisse Livramento dos Santos; orientador, Cláudio

Nahum Alves.-2017.

85 f. :il. 29 cm

Inclui bibliografias

Dissertação(Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências

Exatas e Naturais, Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente,

Belém, 2017.

1. Educação ambiental. 2. Política ambiental. 3. Índios-Educação(superior).

4. Abordagem interdisciplinar do conhecimento na educação. 5. Professores

Indígenas-Formação. I. Alves, Cláudio Nahum, orient. II Título.

CDD – 22 ed. 363.7

_____________________________________________________________________________

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Dedico este trabalho ao meu marido Lee

Marcos, à minha filha Laís, à minha mãe Célia

Regina, minha irmã Luísa, meu irmão Lucas

Matheus, à minha querida avó materna Regina

Celes e ao meu Tio Carlyle que abrilhantaram a

minha caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Gratidão a Deus, por me conceder o dom da vida e a escolha de vivê-la com integridade.

Pela chance de me presentear com uma linda família; e por me proporcionar encontros com

pessoas especiais na caminhada da vida.

Aos meus antepassados, pelas lutas e pelo legado; sem esses sacrifícios, eu não estaria

aqui.

À minha avó materna Regina Celes, que representa a sabedoria em minha vida.

À minha mãe Célia Regina, pela luta constante nos ensinamentos de que o amor e o caráter

serão sempre as melhores escolhas; pelo apoio incondicional de mãe; pela luta constante no meu

incentivo e pelo amor sobrenatural aos filhos.

Aos meus pais, pela vida e por valores éticos implantados e cultivados no seio familiar.

Ao meu Marido Lee Marcos, por acreditar nesta trajetória e sempre oferecer o ombro nos

momentos mais difíceis dessa caminhada.

À minha filha Laís, cujo sorriso é a mola pulsante de minha vida.

À minha irmã Luísa (Lu), pelo apoio e por sempre estar de braços abertos para ajudar.

Ao meu irmão Lucas Matheus, que sempre, do seu jeito, esteve próximo nestes momentos

de lutas.

Ao meu tio torcedor Carlyle Gomes, que sempre foi o incentivador nato do conhecimento;

e por acreditar nessa menina da casa amarela.

À família Farias, por sempre me proporcionar os melhores sorrisos no almoço de domingo,

a alegria da vida e as constantes gargalhadas que só uma família unida pode doar.

Ao Prof. Dr. Jandecy Cabral Leite, diretor de Projetos e Desenvolvimento de Negócios do

Instituto de Tecnologia e Educação Galileo da Amazonia-ITEGAM, que proporcionou ao

Amazonas e a Roraima a possibilidade de qualificação em nível de pós graduação stricto sensu

na busca constante da qualificação dos povos do Amazonas.

Aos funcionários do ITEGAM, pelo enorme carinho, atenção e dedicação com todos os

alunos.

Ao Prof. Dr.Cláudio Nahum, orientador e coordenador do Programa de Pós Graduação em

Ciências e Meio Ambiente do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal

do Pará, que sempre demonstrou dedicação ao curso, apontando os caminhos e possibilidades

nos momentos mais difíceis da escrita deste trabalho.

Ao meu coorientador Prof. Dr. Jonildo, por abrir a porta do Instituto Insikiran, por acreditar

que a pesquisa é um processo de construção institucional; e por possibilitar a efetivação dessa

parceria.

Aos meus amigos Clarice a Alexandre, por sempre me apoiarem em todos os meus

questionamentos e pela escolha de fazer parte de minha vida.

Ao meu amigo Paulo Marreiro, que sempre me acolheu em minhas escolhas, que sempre

acreditou no meu trabalho; e por ser um amigo incondicional.

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A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão deste trabalho.

Muito obrigada!

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A vida tem suas etapas. Em que épocas as flores

surgem? Muitos pensam que surgem na primavera. Mas

estão errados. Surgem na escassez hídrica e no drama

do gélido inverno. Ali, secreta e lentamente, são

elaboradas para desabrochar na primavera. Muitos

querem a brisa das alturas e vista deslumbrante das

paisagens, mas não querem escalar as montanhas.

Augusto Cury

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RESUMO

A pesquisa teve o propósito de analisar como a Educação Ambiental (EA) ocorre no

currículo do curso de licenciatura intercultural indígena do Instituto Insikiran da UFRR.

De caráter qualitativo, examinou as produções de Trabalhos de Conclusão de Curso –

TCC de alunos de licenciatura, que, tendo em vista a especificidade dada ao curso de

Licenciatura Intercultural Indígena, bem como o fato de esses alunos, por serem

docentes em suas comunidades indígenas, são elementos importantes no contexto do

desenvolvimento dentro e fora da Universidade para o olhar da Educação Ambiental.

Utilizou-se como procedimentos de pesquisa a análise do plano de disciplina e do

projeto pedagógico do curso. A Educação Ambiental está presente como elemento

intercultural das comunidades indígenas, e sendo o currículo do curso de licenciatura

uma especificidade voltada ao publico indígena, este currículo torna-se transdisciplinar

e intercultural, possibilitando um desenvolvimento holístico voltado à cultura indígena

com o pleno desenvolvimento científico. Vários fatores têm influenciado a inserção da

Educação Ambiental; dentre eles: a legislação vigente, políticas públicas e gestão

universitária. Os estudos indicaram que a forma de inserção da Educação Ambiental no

contexto do curso em análise apresenta fatores que podem ser favoráveis ou

desafiadores. Demonstram os avanços no desenvolvimento da Educação Ambiental

dentro do currículo da licenciatura. A interculturalidade dos alunos possibilita conhecer

a diversidade de saberes de cada um, indicando que a troca de experiência é elemento

importante dentro do desenvolvimento indígena na busca da transformação do

conhecimento empírico em científico. As análises das produções de TCC no período de

2008 - 2014 representam o resultado de um currículo; e com isso a pesquisa demonstra

a falta de produção na temática da sustentabilidade e tecnologia para gerar

conhecimento que possibilite mudanças de concepção/produção/metodologia/processos

de uma Educação Ambiental voltada para a preservação de suas comunidades indígenas,

alicerçando, dessa maneira, o compromisso da gestão e da política pública para o pleno

desenvolvimento da Educação Ambiental.

.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Currículo. Formação Indígena.

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ABSTRACT

The research had the purpose of analyzing how Environmental Education (EA) occurs

in the curriculum of the indigenous intercultural licentiate course of Insikiran Institute

of UFRR. In a qualitative way, he examined the productions of Completion Works -

TCC of undergraduate students, which, given the specificity given to the Indigenous

Intercultural Licentiate course, as well as the fact that these students, because they are

teachers in their indigenous communities , Are important elements in the context of the

development inside and outside the university for the look of Environmental Education.

The analysis of the discipline plan and the pedagogical project of the course were used

as research procedures. Environmental Education is present as an intercultural element

of the indigenous communities, and the curriculum of the licenciatura course is a

specificity aimed at the indigenous public, this curriculum becomes transdisciplinary

and intercultural, enabling a holistic development aimed at the indigenous culture with

full scientific development. Several factors have influenced the insertion of

Environmental Education; Among them: the current legislation, public policies and

university management. The studies indicated that the way of insertion of

Environmental Education in the context of the course under analysis presents factors

that can be favorable or challenging. Demonstrate advances in the development of

Environmental Education within the undergraduate curriculum. The interculturality of

the students allows to know the diversity of knowledge of each one, indicating that the

exchange of experience is an important element within the indigenous development in

the search of the transformation of empirical knowledge in scientific. The analyzes of

the productions of CBT in the period 2008 - 2014 represent the result of a curriculum;

And with that the research demonstrates the lack of production in the sustainability

theme and technology to generate knowledge that allows changes in the conception /

production / methodology / processes of an Environmental Education aimed at the

preservation of its indigenous communities, thus establishing the commitment

Management and public policy for the full development of Environmental Education.

Keywords: Environmental Education. Curriculum. Indigenous formation

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Registro de Pessoas Indígenas por Estado .................................................................... 38

Figura 2 Mapa das etnias indígenas registradas na FUNAI ......................................................... 39

Figura 3 Foto do Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran .......................................... 41

Figura 4 Área de convivência no Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran ................. 45

Figura 5 Momento de confraternização indígena do Instituto de Educação Superior Insikiran 46

Figura 6 Apresentações temáticas no Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran ......... 46

Figura 7 Área administrativa do Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran .................. 47

Figura 8 A representatividade indígena na Universidade Federal de Roraima ........................... 48

Figura 9 Demonstrativo das linhas de convergência de várias fontes de evidência ................... 50

Figura 10 Demonstrativo de fontes de convergência de sub estudos separados ...................... 51

Figura 11- Estrutura de análise do Trabalho ............................................................................... 52

Figura 12 Representa a estrutura do curso ................................................................................. 53

Figura 13 Representa o objetivo geral do curso ......................................................................... 54

Figura 14 representa os objetivos específicos do curso ............................................................. 54

Figura 15 continuação da apresentação dos objetivos específicos ............................................ 55

Figura 16 Perfil do formando do curso ....................................................................................... 56

Figura 17 Perfil do formador do curso no PPC ............................................................................ 57

Figura 18 Perfil do curso no PPC ................................................................................................. 57

Figura 19 representa os Temas Contextuais da Matriz Conceitual: Formação Pedagógica

Específica (FPE) ............................................................................................................................ 58

Figura 20 representa a matriz comum da área de ciências da natureza .................................... 59

Figura 21 Matriz Conceitual ........................................................................................................ 61

Figura 22 Matriz curricular tema contextual conceitos em ciências II/CN2 ............................... 61

Figura 23 Tema contextual de ciências e diversidade/CN3 ........................................................ 62

Figura 24 Tema contextual de conceitos básicos nas ciências II/cn4 ......................................... 63

Figura 25 Tema contextual de fenômenos naturais /CN5 .......................................................... 63

Figura 26 Tema contextual de uso do meio e qualidade de vida/CN6 ....................................... 63

Figura 27 Tema contextual de saúde e qualidade de vida/CN7 .................................................. 64

Figura 28 Tema contextual de ciências e tecnologia/CN8 .......................................................... 65

Figura 29 Tema contextual do material didático /CN9 ............................................................... 65

Figura 30 Linhas de pesquisas do TCC ......................................................................................... 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Situação fundiária de terras indígenas no Estado de Roraima .......................36

Tabela 2-Descrição das produções de Tcc’s referentes à habilitação na área de ciências

da natureza de 2008-2014 ............................................................................................... 67

Tabela 3-Produções dos Trabalhos de Conclusão de Curso de 2008 a 2014 ................. 68

Tabela 4- Análise dos DCNAE e o PPP ......................................................................... 70

Tabela 5-Análise dos DCNAE e os Tcc’s ...................................................................... 71

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14

2. OBJETIVO ............................................................................................................ 17

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 17

2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 17

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 19

3.1 Educação Ambiental na Educação Superior .................................................... 20

3.2 A legitimação da Educação Ambiental no Brasil ............................................ 22

3.3 A atuação da Educação Ambiental nas Instituições de Ensino Superior ......... 25

3.4 Educação Ambiental e o Currículo dos Cursos de Licenciaturas .................... 29

3.5 A presença dos currículos ambientais nos cursos de Licenciatura .................. 30

3.6 A formação de professores indígenas .............................................................. 34

3.7 O curso de Licenciatura Intercultural do Instituto INSIKIRAN/UFRR .......... 37

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 43

4.1 Local da coleta de dados .................................................................................. 44

4.2 Método de análise ............................................................................................ 48

4.3 Análise de dados .............................................................................................. 50

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 71

5.1 Análise da Educação Ambiental no currículo .................................................. 71

5.2 Análise dos Tcc’s na perspectiva ambiental .................................................... 71

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 75

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................ 77

ANEXOS ....................................................................................................................... 80

ANEXO 01: PUBLICAÇÃO DE ARTIGO ............................................................... 82

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1. INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental foi estabelecida, desde 1980, como uma tarefa do

Estado firmado legitimamente como elemento constituinte da educação nacional. A Lei

nº 9795/1999 determina que a Educação Ambiental seja item exigido na construção de

um currículo na educação brasileira.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, conjunto de documentos com orientações

pedagógicas elaborado pelo Ministério da Educação, que servem de apoio a ações

pedagógicas na educação básica, orientam que a educação ambiental deve ser

desenvolvida de modo interdisciplinar e transversal. A Política Nacional de Educação

Ambiental ampara-se na Lei 9.795/99, e em seu artigo 2º reafirma que “A educação

ambiental é um componente permanente da educação nacional, devendo estar presente,

de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em

caráter formal e não formal” (BRASIL, 1999, p.01). Nesses pilares, com base na

legalidade vigente, é possível construir um parâmetro de efetivação de uma política

educacional voltada à educação ambiental.

A Educação Ambiental é um processo de formação social cuja finalidade é a

constituição de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental (GUIMARÃES

E VASCONCELLOS, 2006). Segundo Reigota (1995), a educação ambiental deve ser

aproximada da realidade concreta dos sujeitos, buscando, assim, a relação entre os

processos históricos, políticos, sociais e econômicos que constituem o vínculo entre o

ambiente natural e o construído; ou seja, deve-se pensar na educação ambiental na

formação de professores, tendo em vista que esses futuros profissionais serão sujeitos de

liderança amanhã na efetivação da prática educacional em sala de aula.

A Educação Ambiental está presente nas propostas pedagógicas do curso e da

licenciatura como parte de uma disciplina, pela transversalidade e pela

interdisciplinaridade. Vários fatores têm influenciado a inserção da EA nos currículos;

dentre eles estão: a legislação vigente, as políticas públicas e a gestão universitária na

tentativa de contribuir para práticas pedagógicas relacionadas à formação continuada de

professores, promovendo, através da graduação, a compreensão sociopolítica das

questões ambientais a partir dos pressupostos da Educação Ambiental Crítica. Neste

contexto, o foco de estudo será a formação de professores indígenas, baseado na

realidade indígena do estado de Roraima. Partindo deste pressuposto, a análise

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curricular basear-se-á no curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto

Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima.

A Licenciatura Intercultural é um curso regular da UFRR, que tem duração de quatro

anos e meio e uma carga horária total de 3.952 horas. Trata-se de um curso específico

para a formação de professores indígenas em nível de educação superior, pertencentes a

oito povos: Macuxi, Wapichana, Taurepang, Ingaricó, Ye’Kuana, Yanomami, Sapará e

Waiwai. Em 2015 o curso de Licenciatura Intercultural contava com um total de 397

alunos devidamente matriculados. Ao longo desses 12 anos de criação, o curso já

formou 200 professores indígenas nas três habilitações: Comunicação e Artes, Ciências

da Natureza e Ciências Sociais, chegando ao total de 600 alunos entre ingressos e

egressos (FREITAS, 2005).

Conforme o Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura Intercultural

(UFRR, 2008), o curso visa: a) propiciar a busca de alternativas para a montagem dos

currículos das escolas indígenas e para a melhoria de suas práticas pedagógicas; b) criar

na UFRR um espaço de criação cultural e de produção de conhecimentos interculturais

e transdisciplinares; c) construir junto com os professores indígenas ferramentas para

que estes possam ser agentes ativos na defesa do direito de seus territórios e de seu

conhecimento; d) fortalecer a manifestação de práticas sociais, políticas e culturais; e)

desenvolver a compreensão da importância do domínio das línguas indígenas e

portuguesa e do ensino bilíngue. A Licenciatura Intercultural visa, por fim, propiciar

uma formação na qual os professores indígenas possam investigar e refletir sobre a

situação e as condições históricas de suas comunidades e de seus povos; e que, a partir

disso, possam contribuir, de forma mais consciente, com o desenvolvimento de suas

comunidades.

Partindo destes pressupostos, compreendemos que a formação pela pesquisa é o pilar

de sustentação da Interculturalidade, uma vez que valorizando os conhecimentos locais

e tradicionais, os povos indígenas poderão desenvolver os seus projetos de

sustentabilidade. Pensando dessa forma, a prática de pesquisa como componente

curricular corresponde à atividade de formação regular do Curso, que tem como

princípio a “Formação pela Pesquisa”, uma vez que são atividades realizadas quando da

permanência dos cursistas da Licenciatura Intercultural em suas comunidades, onde a

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maioria atua como professor, e onde vários exercem cargos de gestores de suas escolas

como diretores ou coordenadores pedagógicos (FREITAS, 2005).

A legislação brasileira defende que os povos indígenas têm direito a

uma educação escolar específica, diferenciada, intelectual e comunitária. De acordo

com dados da Divisão de Educação Indígena integrada da Secretaria de Educação do

Estado de Roraima (SEED), 65% das escolas públicas da esfera estadual são voltadas

para a educação do índio. Atualmente, existem 253 escolas em comunidades, espalhadas

por 11 municípios, direcionadas para o ensino básico do índio roraimense.

Diante dessa necessidade, a Universidade Federal de Roraima – UFRR implementou

a oferta do ensino superior nos cursos específicos de graduação para a formação de

indígenas. Em 2001, a Universidade criou o Núcleo Insikiran, hoje transformado em

Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, conforme Resolução nº 009/2009-

CUni. O objetivo principal é desenvolver e articular com professores, comunidades e

organizações de Roraima e a sociedade em geral a formação profissional dos indígenas

da região, de modo específico, diferenciado e intercultural.

Tendo em vista o contexto indígena do Estado de Roraima, é indiscutível a

necessidade de uma ampla discussão e preservação ambiental para a política indígena

educacional. Para este fim o trabalho foi pensado: contribuir para a formação de

professores atuantes nessas diversas realidades indígenas no estado, através da

Educação Ambiental dentro do currículo da formação de professores do curso de

Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Insikiran da UFRR.

Segundo FREITAS, 2005, os cursos destinados especificamente aos indígenas

funcionam no Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, que inclui alguns

projetos inovadores e, dentre eles, a formação intercultural para professores indígenas

(Licenciatura Intercultural), de gestores indígenas (Bacharel em Gestão Territorial

Indígena), e o novo curso de Gestão em saúde coletiva Indígena. A UFRR foi pioneira

entre as universidades federais em ministrar um curso de graduação específico para os

indígenas, bem como, a primeira no país a garantir no ensino superior a formação de

profissionais indígenas para gerir seus territórios.

Segundo a Divisão de Educação Indígena da Secretaria de Estado de Roraima, a

oferta de educação básica é composta por 204 (duzentas e quatro) escolas de ensino

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fundamental e 36 (trinta e seis) de educação básica. Esses dados colocam o Estado de

Roraima como a unidade da Federação com o maior número de escolas indígenas.

As escolas indígenas de Roraima enfrentam muitas dificuldades para desenvolver

ações efetivas de uma escola específica e diferenciada por ainda não dispor de um corpo

de gestores maior e mais qualificado. A discussão sobre o Projeto Político Pedagógico

dessas escolas, em sua maioria, ainda está iniciando. A proposta do PPP do curso de

Licenciatura Intercultural é fazer com que as escolas indígenas de Roraima reflitam

sobre os seus métodos, objetivos e sobre o material pedagógico e educativo utilizado

por elas. A partir dessas discussões, visualiza-se a possibilidade de

construção/reconstrução de currículos em uma perspectiva intercultural e de definição

de propostas pedagógicas a partir do contexto das escolas indígenas de Roraima

(FREITAS, 2005).

2. OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Analisar como a Educação Ambiental (EA) se efetiva no currículo do curso de

Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Insikiran a partir de análise curricular e

análise da produção científica - TCC dos discentes no período de 2008 a 2014.

2.2 Objetivos Específicos

Investigar a presença da Educação Ambiental no projeto pedagógico do curso de

licenciatura intercultural indígena do Instituto Insikiran;

Analisar as produções de TCC do curso e as suas implicações sobre os estudos

voltados ao meio ambiente;

Descrever as possibilidades que poderiam ser inseridas dentro do currículo como

resposta das análises realizadas.

Dessa forma, a dissertação foi organizada em sete capítulos. O primeiro é a

Introdução, que realiza um panorama das discussões a que a pesquisa se propõe. O

segundo refere-se aos objetivos específicos da pesquisa. O terceiro apresenta a

Fundamentação Teórica que constrói o caminho com a Educação Ambiental na

Educação Superior, elucidando os percursos históricos percorridos da Educação

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18

Ambiental até a inserção da EA nas Instituições de Ensino Superior no Brasil. Os textos

que compõem este capítulo retratam os processos epistemológicos da EA como uma

possibilidade da abrangência contextual da temática. O processo de legitimação da EA

traz um panorama sobre a atuação da EA nas IES do Brasil. Trata também da Educação

Indígena com a Licenciatura Intercultural Indígena.

O quarto capítulo trata dos Materiais e Métodos utilizados dentro da pesquisa,

bem como do local da coleta de dados, os métodos de análise e a Análise de Dados com

os recursos utilizados na pesquisa. O quinto capítulo abrange os Resultados e

Discussões no qual a pesquisa realiza as análises. O sexto é a Conclusão da pesquisa,

onde faz-se inferências ao currículo na tentativa de suprir as necessidades do

desenvolvimento da Educação Ambiental. O sétimo capítulo traz o Referencial

Bibliográfico, que descreve as fontes de toda a pesquisa.

Este trabalho não limita o fazer da Educação Ambiental nos cursos de licenciatura

intercultural indígena. Todavia, busca contribuir para o enriquecimento do debate em

prol de um alicerce ambiental por meio da educação.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Educação Ambiental tem como elemento essencial a busca pela preservação

consciente do meio ambiente. A Educação Superior é entendida pela sociedade como

um ambiente voltado para a formação e transformação da sociedade. A ligação entre o

Estado, a sociedade e as instituições de educação superior são determinadas pelos

diferentes interesses sociais de cada entidade. Isso também está ligado às políticas

econômicas que determinam as discussões em torno da política educacional em

conformidade com a necessidade econômica.

Neste capítulo, sistematizei os argumentos a partir de alguns pontos importantes

para a discussão que tem como foco a Educação Ambiental dentro do contexto da

Educação Superior. Para isso, faz-se necessário um olhar amplo sobre a área do objeto

de estudo; logo, tomei como base de análise reflexiva o sistema pensamento complexo

(MORIN, 2000) que se estabelece na análise de diversos elementos diferentes, porém

suas ações estão interligadas, determinando a evolução dependente de cada sistema que

constitui um todo.

Para explorar a temática proposta neste capítulo, iniciaremos através da retomada

do entendimento do processo histórico da Educação Ambiental, as discussões acerca do

processo econômico que geraram uma política global voltada para a preservação e

conscientização do meio ambiente que só aconteceu devido à evolução econômica

global. Por isso, a primeira discussão deste capítulo será na perspectiva histórica da

Educação Ambiental.

Posteriormente, iniciaremos a discussão acerca do processo de legitimação da

Educação Ambiental no Brasil, com um foco nas políticas públicas macro que iniciaram

essa ponte entre a necessidade de um currículo que possa melhorar o futuro do meio

ambiente através da legitimação, fazendo com que as IES se adéquem à nova realidade.

E para finalizar este capítulo, discutiremos a atuação da Educação Ambiental nas

IES, a formação de professores indígenas e a especificidade da oferta do curso de

licenciatura intercultural do Instituto Insikiran.

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3.1 Educação Ambiental na Educação Superior

Em 1962 foi publicado o livro “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, que

sinalizava a respeito dos impactos negativos incontáveis ao meio ambiente. Esta

publicação abalou a comunidade científica e gerou uma série de discussões acerca do

assunto do meio ambiente e da sobrevivência do planeta. Mas o primeiro documento

sobre a aplicação do vocábulo Educação Ambiental nasceu em 1948, em Paris, na

conferência da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Os trilhos que determinaram a trajetória da Educação Ambiental foram marcados

de forma definitiva a partir de 1972, na Conferência de Estocolmo, na qual se imputa a

responsabilidade da temática da Educação Ambiental dentro dos compromissos

internacionais. Mais tarde, em Belgrado, foi apresentado ao mundo o Programa

Internacional de Educação Ambiental, que tem como finalidade determinar políticas de

orientações para o meio ambiente no futuro.

Em Tbilisi (EUA), em 1977 foi realizada a Conferência Intergovernamental sobre

a Educação Ambiental, organizada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura). Esta conferência possibilitou uma discussão em

âmbito global, buscando a criação de condições para formar uma nova consciência do

uso da natureza consciente através do conhecimento, com base nos métodos da

interdisciplinaridade. O entendimento era que

Mediante a utilização dos conhecimentos da ciência e da

tecnologia, a educação deve desempenhar uma função capital com

vistas a despertar a consciência e o melhor entendimento dos

problemas que afetam o meio ambiente. Essa educação deverá

fomentar a formação de comportamentos positivos em relação ao

meio ambiente, bem como a utilização dos recursos existentes

pelas nações (UNESCO, 1977, p.1u).

Em 1972, a ONU realizou a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, que contou com a participação de 113 países,

19 órgãos intergovernamentais e mais de 400 organizações não governamentais. Com

este evento foi possível discutir sobre o meio ambiente e as necessidades de

desenvolvimento, o que mais tarde gerou a produção de um documento que mostrava ao

mundo a necessidade de um projeto com vista à gestão planetária dos problemas

ambientais. Mais tarde, a ONU criou o Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA), fruto de toda a discussão inicial em Estocolmo.

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O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global foi feito pelo corpo civil na Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Este registro indica concepções

políticas essenciais para a educação de uma sociedade sustentável, evidenciando a

necessidade da construção da liberdade do pensamento crítico, interdisciplinar e

solidário. Este documento ainda determina o vínculo entre as ações das políticas

públicas de educação ambiental e o conceito de sustentabilidade, sugestionando um

esboço da intervenção necessária a ser realizada pelos educadores ambientais. O

documento também objetiva os procedimentos participativos, com foco na qualidade de

vida, recuperação e melhoria do meio ambiente.

Este tratado é muito importante para a sociedade civil. Foi o momento histórico

em que a sociedade civil reconheceu a necessidade da problemática da educação

ambiental para a sobrevivência do planeta. Posteriormente, constitui-se o documento da

Agenda 21, que foi construído e aprovado durante o evento da Rio 92, que propõe um

plano de ação para ser realizado em âmbito global, nacional e regional para que todos da

sociedade civil tenham o compromisso com as propostas de intervenção ambiental

planetária.

Em 1997, em Tessalaniki, aconteceu a Conferência Internacional sobre o Meio

Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade; e as

definições do evento Rio 92 foram fortificadas. Esta conferência também reforça a

necessidade da ligação entre as ações da educação ambiental voltadas para os conceitos

de ética e sustentabilidade, identidade, participação e práticas interdisciplinares.

No contexto internacional, ainda aconteceu a implementação do Programa

"Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável" (2005-2014) feito pelas

Nações Unidas, que demonstra a conquista do espaço de discussão que a educação

ambiental ganhou no cenário global, e que ao mesmo tempo objetiva que a problemática

socioambiental deve ser tratada a partir da conscientização educacional. Portanto, a

"Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável" fortificou as políticas,

ações educacionais e programas realizados; e incentivou as viabilidades de novas

práticas voltadas às políticas ambientais.

A participação do Brasil nestes eventos internacionais exigiu da política brasileira

um fomento quanto à inserção da pesquisa ambiental em prol de um progresso com

menor dano ao meio ambiente. Isso ocorreu devido à influência do processo industrial

vivido no mundo nos anos 70, uma vez que com a chegada da indústria a economia

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brasileira possibilitou a entrada de agências econômicas estrangeiras, que, por sua vez,

necessitavam de mão de obra qualificada, o que influenciou e/ou determinou um projeto

de educação no país diretamente ligado aos interesses econômicos internacionais.

3.2 A legitimação da Educação Ambiental no Brasil

Com as referências da Conferência realizada em Estocolmo, as políticas

brasileiras começaram a articulação para a implementação dos documentos

internacionais como política educacional nacional. Em 1980 surge a primeira legislação

a referir-se à educação ambiental como princípio para a conservação do meio ambiente.

Assim se estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente – Lei nº 6938, de 31 de

agosto de 1981, que determina e define as políticas de conservação do meio ambiente, e

não determina nenhuma ação do ponto de vista educacional, tratando a problemática

ambiental como causa ligada à área do ambiente. O propósito da Lei de Política

Nacional do Meio Ambiente predita no seu 2º artigo é a preservação, melhoria e

recuperação da qualidade ambiental:

Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a

preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia

à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento

sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da

dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,

considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser

necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso

coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas

representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente

poluidoras;

VI - incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o

uso racional e à proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a

educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação

ativa na defesa do meio ambiente (Lei nº 6938/81, Art. 2º, BRASIL).

A referida Lei considera o meio ambiente como um patrimônio público a ser

assegurado e protegido para o uso coletivo. Destaca conceitos básicos de racionalização

do uso do solo, o planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais, a

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proteção dos ecossistemas e o controle e zoneamento das atividades poluidoras.

Também prenuncia incentivos à pesquisa e ao estudo para a proteção dos recursos

ambientais, o acompanhamento da qualidade ambiental, a recuperação de áreas

degradadas, a proteção de áreas ameaçadas de degradação e a educação ambiental.

A Constituição Federal de 1988 regulamenta a obrigatoriedade da Educação

Ambiental nos incisos VI e VII do artigo 23; e no artigo 225 da Carta afirma que “todos

têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo

e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (CF/88,

BRASIL).

Em 1973 foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA). Em 1989

foi instituída a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (IBAMA), e em 1992 foi criado o Ministério do Meio Ambiente.

Essas iniciativas aconteceram mediante a pressão global sobre a preocupação na

preservação do meio ambiente voltado para uma política de desenvolvimento

sustentável.

Mas somente com o parecer nº 226/1987 do Conselho Federal de Educação foi

que se iniciou um real processo de inclusão da educação ambiental nos currículos nas

instituições de ensino através do processo da interdisciplinaridade. Esta discussão será

explorada ainda neste capítulo.

A Lei nº 9795/1999 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental

(PNEA), nos artigos 205 e 225 da Constituição Federal determina políticas públicas que

adentrem a percepção ambiental. Ou seja, propõe uma visão educacional, incentivando a

inclusão da educação ambiental em todos os níveis de ensino, e convidando o corpo

civil para participar da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio

ambiente.

A Lei nº 9394/1996 que trata das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)

também inclui a educação ambiental como parte integrante de todo o processo

educacional nacional, e exige a sua inclusão dentro dos currículos de todas as

modalidades de ensino.

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) instituídas em 1997 pelo MEC

estabelecem a abrangência da inclusão em diversas atividades e modalidades de ensino

com a perspectiva ambiental para o fomento das políticas nacionais de educação

ambiental:

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As diretrizes gerais para a Educação Ambiental ora sugeridas devem

ser observadas: (i) nas propostas pedagógicas curriculares de todos os

níveis e modalidades de ensino, conforme suas particularidades; (ii)

nos sistemas de avaliação; (iii) nos processos de credenciamento das

instituições formadoras e na certificação das instituições de ensino;

(iv) na produção e avaliação de materiais pedagógicos; (v) nos

sistemas de avaliação de desempenho escolar em todos os níveis; (vi)

nos concursos de provas e títulos para provimento dos cargos dos

profissionais de educação; e, ainda, (vii) na gestão e administração

educacionais (DCN/1997).

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DNC) compõem um agrupado de conceitos,

noções e metodologias vistos como básicos para a efetivação e progresso das ações

educativas e reflexões curriculares para a educação superior. O Conselho Nacional de

Educação é o instrumento normativo que legitima as práticas curriculares através de

Resoluções e Pareceres que definem os currículos em âmbito nacional.

O parecer CNE/CP nº009/2001 determina a harmonização do processo

educacional com o processo econômico, com foco no desenvolvimento sustentável.

Quanto mais o Brasil consolida as instituições políticas democráticas,

fortalece os direitos da cidadania e participa da economia mundial, mais

se amplia o reconhecimento da importância da educação para a promoção

do desenvolvimento sustentável e para a superação das desigualdades

sociais (BRASIL/CNE, 2001c, p.4).

Observa-se que o julgamento do parecer sobre a educação ambiental está ligado

ao conceito de desenvolvimento e sustentabilidade, que é outro ponto de discussão, uma

vez que se trata de uma das vertentes da concepção da educação ambiental. É nesse

passo que esta discussão começa a se integrar na formação do ensino superior.

Segundo Loureiro (2004ab, 2008) e Jacobi (2004), existem dois eixos para

enunciação do conceito de educação ambiental: o emancipatório e o conservador. A

educação Ambiental Crítica, emancipatória ou transformadora é conhecida como

“aquela que traz a público a questão da inserção humana na natureza, sob diferentes

abordagens, como uma problemática vital e determinante na construção de outros estilos

de vida, culturas e modelos societários” (LOUREIRO, 2003, apud LOUREIRO 2008, p.

119). A concepção conservadora dispõe de sentenças de compreensão de que o meio

ambiente é sinônimo de natureza, ligada aos movimentos ambientais que tutoram na

preservação e resguardo da natureza. Logo, essas ações de conservação estão ligadas em

ações pontuais, sem interrogar o conceito de civilização, mas somente realizar uma

política simples voltada à preservação da natureza por si.

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3.3 A atuação da Educação Ambiental nas Instituições de Ensino Superior

O encontro da Educação Superior com a Educação Ambiental é fruto de ações

públicas e das entidades civis organizadas na procura do desenvolvimento sustentável

por meio do progresso educacional. Isto se deu pelas influências dos movimentos

internacionais, conforme já explorado neste trabalho, oriundos do crescimento de

diversos movimentos em prol da educação ambiental dentro do país, na pretensão de

uma concepção de uma sociedade igualitária. Os ensaios e trabalhos científicos, os

instrumentos legais e os compromissos internacionais firmados pelo Brasil que orientam

as ações da entrada da educação ambiental na educação superior foram o marco que

levaram a sociedade a pensar numa EA dentro do contexto da ES.

Freitas e Souza (2012) identificam que pelo processo epistemológico a chegada

da Educação Ambiental na Educação Superior aconteceu devido aos frutos das lutas dos

movimentos ecológicos e ambientalistas e, mais tarde, pelo ingresso desses

profissionais na educação. As convicções dessas lutas ecológicas influíram as questões

ambientais na educação sob um olhar voltado à preservação natural, e mais tarde

desenvolveram a perspectiva socioambiental.

Esse movimento de inserção da educação ambiental no ensino superior veio

através da incorporação da disciplina Ecologia nos currículos acadêmicos no contexto

econômico no qual havia uma preocupação com o crescimento econômico e a

preservação da natureza. Nessa época não havia sincronia entre as lutas ecológicas e os

movimentos sociais, pois a procura pelo conceito de sustentabilidade era entendida sem

levar em consideração os questionamentos políticos e sociais, o que limita a discussão

apenas para a elite, justamente o grupo que não vivenciava os reais problemas

ambientais e socioeconômicos do país.

Ao dicotomizar a degradação social e degradação ambiental limitou as

disciplinas das ciências sociais ao estudo da sociedade e das ciências

naturais e da terra à ecologia e ao meio ambiente (TRISTAO;

JACOBI, 2004, p.17).

Essa maneira de enxergar a educação ambiental ainda persiste na atualidade. Isto

fez com que as graduações de formação inicial de professores não tivessem em seus

currículos os debates ambientais. Outrossim, a concepção do pensamento racional no

gerenciamento da condução curricular das instituições de educação superior e na

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formação de docentes eram restritas a desenvolver o saber fazer e o saber preparar os

discentes para o exercício do mercado de trabalho.

Isto fez com que a Educação Ambiental não tivesse espaço para ser desenvolvida

no ensino superior, distanciando assim a prática docente das discussões acadêmicas,

dissociando os problemas ambientais das atividades sociais e a sua relação humana com

o todo.

A chegada de interesses estrangeiros no desenvolvimento do país, em 1970,

possibilitou a construção de um currículo voltado para as discussões planetárias

predominantes daquela época. Discussões essas sobre a preocupação da intervenção do

homem sobre a natureza e sua finitude, o que gerou a inclusão de um currículo

interdisciplinar para os cursos de formação de professores, com a construção de um

aparato educativo e propostas de intervenção regionais.

Com essa possibilidade, foi orientada a inclusão da educação ambiental em todos

os processos de ensino, viabilizando a formação de conhecimentos, valores básicos para

o entendimento dos problemas ambientais, com o empenho e atuação na melhoria de

vida e proteção ao meio ambiente. No âmbito específico da educação superior, a

UNESCO propõe “aumentar os cursos de ensino superior relativo ao meio ambiente”

(UNESCO, 1977, 4e) e também repassou às universidades a missão de desenvolver

pesquisas sobre a educação ambiental, bem como formar profissionais habilitados a

trabalhar com o meio ambiente.

Essa recomendação fez com que fossem revisadas as capacidades de evolução em

pesquisas e interpelação interdisciplinar dessas instituições de ensino superior; e como

consequência, repensar a maneira como as pessoas e a natureza se correlacionam, e no

aperfeiçoamento da produção de material didático voltado para os questionamentos

ambientais. Isto foi um fator muito construtivo na luta ambiental por um

aperfeiçoamento social realizado pelos educadores, pois fez com que essas instituições

reconhecessem a necessidade de se trabalhar a educação ambiental dentro de seus

currículos e em seus espaços de aprendizagem institucionais.

Mesmo com o apoio dos eventos e de documentos internacionais, a concepção de

educação ambiental ainda se limitava muito na perspectiva biológica, sendo

desenvolvida a temática apenas nas áreas de ciências naturais. Neste momento incluíram

a disciplina de ecologia e meio ambiente na concepção pedagógica dos cursos

superiores, o que já foi um grande avanço; porém, limitava-se a desenvolver essa

temática somente nas áreas de ciências naturais e da terra (TRISTÃO, 2010).

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Segundo Layrargues (2002), o conceito de Educação Ecológica e Educação

Conservacionista fez com que os questionamentos em torno da crise ambiental

admitissem que a ação do homem sobre a natureza gera danos a todos os envolvidos no

ecossistema, inclusive o homem.

[...] foi a iniciativa da biologia ao enfrentar a crise ambiental fora do

seu domínio especifico; não satisfeita com a ação exclusivamente no

âmbito das ciências naturais, entendeu que seria urgente e necessário

um amplo esforço de divulgação e convencimento público a respeito

da crise ambiental, a fim de gerar e disseminar a consciência

ecológica no tecido social[...] (LAYRARGUES, 2002, p. 24).

Segundo Dias (1992), o olhar sobre o processo epistemológico da Educação

Ambiental no Brasil ocorreu devido a este momento em que o curso de biologia faz essa

abertura nos questionamento na área de conflito e execução de questões ambientais.

1976 – Resultado do convênio entre a Secretaria Especial do Meio

Ambiente (SEMA), Fundação Educacional do Distrito Federal

(FEDF) e Fundação Universidade de Brasília (FUB), realizou-se o

Curso de Extensão para Profissionais de Ensino do 1º grau –

Ecologia, baseado na reformulação da proposta curricular de

ciências físicas e biológicas, programa de saúde e o ambiente [...]

com uma proposta interdisciplinar voltada aos problemas da

comunidade; 1977 - A disciplina Ciências Ambientais passa a ser

obrigatória nos cursos de Engenharia das universidades brasileiras

(DIAS, 1992, p. 40).

Mais tarde, em 1980, vieram as questões políticas e econômicas, que ajudaram na

criação de Leis de defesa ambiental nacional, como por exemplo, o Plano Nacional de

Meio Ambiente – Lei nº 6.938/81. Isto surge também por meio das lutas educacionais,

como de Paulo Freire, que buscava a autonomia crítica e a concepção da pedagogia

histórico-crítica. Segundo Loureiro (2008), o ingresso de estudantes e profissionais nas

Instituições de Educação Superior, vinculados a essas perspectivas pedagógicas e aos

movimentos ambientalistas, favoreceram a abertura de articulação das questões

ecológicas e sociais nas discussões e práticas de Educação Ambiental.

As teorias educacionais fortificaram a entrada da Educação Ambiental durante o

processo de produção capitalista dentro do currículo, mas as convicções surgiram

também pelos movimentos intelectuais predominantes da época, como o de Paulo Freire

(1985), Bourdieu e Passeron (1982), grandes apoiadores em suas teorias na união da

área educacional com o campo do meio ambiente. Com isso, nasce um diálogo nas áreas

de ciências humanas e sociais sobre os questionamentos ambientais apoiados sobre uma

perspectiva socioambiental dentro da comunidade acadêmica.

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A partir daí, o Brasil virou palco de diversos eventos que discutiram a educação

ambiental em seu aspecto social, e “para a efetivação da Educação Ambiental na

Educação Superior foram estabelecidas como ações prioritárias o desenvolvimento de

sensibilização para as autoridades acadêmicas; desenvolvimento de programas de

estudos; treinamento de professores; e cooperação institucional” (DIAS, 1992).

Os estudos Carvalho e Steil (2009) identificaram que a porta de entrada da

educação ambiental na educação superior ocorreu por meio da pós-graduação, com o

status de gênero acadêmico de grande importância por se tratar de uma temática da

época, dando assim um mérito ao docente no desenvolvimento de suas atividades de

extensão e pesquisa.

O progresso, nesse sentido, trouxe à educação ambiental uma zona de debate e

discussão no contexto educacional do ensino superior, com eventos dentro dos espaços

das instituições de ES. Segundo Silva (2001): i) o Encontro de Pesquisa em Educação

Ambiental (EPEA), iniciado em 2001, a partir da articulação entre três universidades

públicas de São Paulo – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade

Estadual Paulista (UNESP) e a Universidade de São Paulo (USP), que acontece a cada

dois anos, estando na sua 8ª edição; ii) a Associação Nacional de Pós- Graduação e

Pesquisas em Ambiente e Sociedade (ANPPAS), criada em 2002, por iniciativa de

programas de pós-graduação interdisciplinares; e a criação, em 2003, do Grupo de

Estudo e, dois anos após, um Grupo de Trabalho de Educação Ambiental na Associação

Nacional de Pós graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), possibilitaram, em suas

reuniões anuais, dentre outros, a apresentação e discussão de trabalhos científicos

(SILVA, 2015, p. 71).

Dentro do contexto da Educação Superior, o espaço de conquista da educação

ambiental foi crescendo pelo país cada vez mais através do empreendimento dos debates

dos professores e de discentes no ensino superior, com a criação de diversas redes de

programas de ação dentro das universidades, como a Rede Brasileira de Educação

Ambiental (REBEA), a Rede Universitária de Programas de Educação Ambiental para

Sociedades Sustentáveis (RUPEA), entre outras.

Em 2004 foi realizada uma pesquisa pelo Ministério da Educação em parceria

com o Ministério do Meio Ambiente que teve a intenção de verificar os espaços já

conquistados e aqueles que seriam necessários para a implementação do PNEA no

âmbito educacional.

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Mapeamento da Educação Ambiental em Instituições Brasileiras de

Educação Superior: elementos para políticas públicas revelou que os

desafios e as possibilidades são externos e internos às IES, indicando

que a implantação da EA na Educação Superior envolve, entre outros

desafios, a incorporação da EA pelas instituições destinadas ao

financiamento, à avaliação e à regulamentação da Educação Superior;

à formação dos docentes universitários; o reconhecimento da EA

como área interdisciplinar de produção de conhecimento científico

(BRASIL, 2007ª, p. 26-27).

Esse mapeamento demonstrou que os cursos de graduação que desenvolvem a

EA realizam essa inclusão por meio de disciplinas específicas, e as atividades de

extensão são realizadas conforme os interesses institucionais, como por exemplo, a

inclusão no Plano de Desenvolvimento Institucional das IES, marcando presença na

cultura institucional.

O entendimento da necessidade de incluir cada vez mais a EA no

desenvolvimento complexo da Educação Superior ganha espaço na concepção de

formadores sustentáveis dentro dos tripés das IES currículo/espaço-físico/gestão como o

de ensino-pesquisa-extensão. Com isso, algumas redes de pesquisas (ProNEA) em

conjunto com alguns órgãos gestores como MEC e MMA marcam as vertentes de ação

no aspecto da formação docente na Educação Superior.

3.4 Educação Ambiental e o Currículo dos Cursos de Licenciaturas

Para Nascimento (2014), no Brasil, existe aproximadamente um licenciado para

cada dezoito crianças e adolescente em idade escolar, o que nos torna o país que forma

mais docentes no mundo e que coloca o foco nos cursos de licenciatura. Para Gatti

(2010), com esse dado, a formação docente é uma das temáticas com o maior número de

pesquisas científicas na área educacional.

As múltiplas inclinações sobre os conceitos, os conhecimentos e a práxis docente,

assim como também as doutrinas que determinam a composição e as suas reações na

Educação Básica, são notavelmente questionadas, pois delas partem os debates mais

importantes na concepção curricular dos cursos de licenciatura.

Para Arroyo (2012), os professores, assim como os estudantes, vivem tensões

semelhantes, resultantes de uma formação que se diz crítica, autônoma e emancipatória,

mas que, na realidade, contribui pouco para alcançar tal proposta.

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Existe a falsa ideia de que o aperfeiçoamento na formação docente

automaticamente melhorará a qualidade da educação básica no país; porém, isto

esconde outros grandes problemas que também envolvem a educação básica, como as

condições de trabalho, a baixa remuneração docente, a desvalorização de profissionais

da educação, e também os sérios problemas que envolvem as estruturas físicas e

curriculares do sistema educacional.

Estes fatores não desmerecem a necessidade de proporcionar uma formação

docente com qualidade, e muito menos desqualifica a entrada de professores no ensino

superior, mas demonstra a real necessidade de se pensar na perspectiva em que a

formação docente com qualidade interfere no processo educacional e merece ser

estudado.

Neste capítulo, o objetivo é explorar a temática da educação ambiental dentro da

estrutura curricular da formação docente. Buscaremos demonstrar como os conceitos

educacionais geram a maneira como é concebida a prática dentro dos cursos de

formação de professores.

3.5 A presença dos currículos ambientais nos cursos de Licenciatura

O conjunto de concepções, noções e métodos tidos como básicos para a

composição e progresso das recomendações pedagógicas e curriculares das instituições

de ensino superior do Brasil é denominado: Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).

Este documento é de suma importância para a construção curricular do país; o órgão

gestor dessa política deliberativa é o Conselho Nacional de Educação, a partir de atos

administrativos normativos, como Resoluções e Pareceres. São

As orientações para a elaboração dos currículos que devem ser

necessariamente respeitadas por todas as instituições de ensino

superior. Visando assegurar a flexibilidade e a qualidade da formação

oferecida aos estudantes [...] (BRASIL/CNE, 1999, p. 3).

Conforme documento editado pelo Conselho Nacional de Educação, as DCN são

atos normativos e sentenciosos, o que faz com que o seu cumprimento seja obrigatório

como parte integrante da composição dos IES no país. Portanto, tem papel definidor e

fundamental no perfil dos futuros docentes do país.

Com a legitimação da Lei de Diretrizes de Bases da Educação Brasileira, Lei nº

9394/96, as DCN foram normatizando diversos atos regulamentares para atender os

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cursos de licenciatura, conforme as determinações da LDB. A normatização dos

pareceres e resoluções foi realizada por um conjunto de profissionais especialistas nas

mais diversas áreas de ensino, com o objetivo de contribuir na construção da sociedade

e do mundo acadêmico.

Segundo Silva (2015), estas comissões foram formadas a partir do Edital nº 4, de

4 de dezembro de 1997, da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação.

As resoluções e pareceres orientam as IES quanto ao perfil dos formandos;

competências e habilidades; organização e duração mínima do curso; conteúdos

curriculares; estágio e atividades complementares; acompanhamento e avaliação

(SILVA, 2015, p. 87).

Diagnosticar a ausência ou a presença da Educação Ambiental, assim como

também realizar a análise dos conceitos de algumas licenciaturas na política curricular

referentes à Educação Ambiental através das Diretrizes Curriculares Nacionais, uma vez

que este é o documento oficial que direciona a construção das licenciaturas no país são

fatores que legitimam o currículo da EA em todo o Brasil.

“O Brasil possui atualmente 23 DCN que tratam especificamente a respeito de

cursos de licenciatura” (SILVA, 2015, p.87). Nesses documentos existe uma mescla de

posicionamentos políticos referentes ao conceito do que seja de fato a Educação

Ambiental. E isto influencia diretamente a construção curricular dos cursos de

licenciatura.

A maior parte das DCN’s orientam a estrutura curricular docente dos cursos de

licenciatura a não inclusão imediata e de forma clara da educação ambiental, mesmo

com a aprovação da PNAE.

Mais tarde, com a possibilidade da formação docente pela segunda licenciatura, o

Conselho Nacional de Educação, em seu parecer CNE/CP nº 009/2001, preconiza a

necessidade do envolvimento do futuro docente na Educação Ambiental.

“[...] quanto mais o Brasil consolida as instituições políticas democráticas,

fortalece os direitos da cidadania e participa da economia mundial, mais se amplia o

reconhecimento da importância da educação para a promoção do desenvolvimento

sustentável e para a superação das desigualdades sociais” (BRASIL/CNE, 2001c, p.4).

Portanto, a construção conceitual da Educação Ambiental dentro da política

educacional documental do país está na vertente da sustentabilidade. Segundo Loureiro

(2008), os processos formativos para a sustentabilidade não devem comprometer o

avanço econômico do país. As indicações sobre a inclusão da Educação Ambiental na

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formação do docente poderiam incluir de fato a temática na concepção curricular se não

houvesse as restrições de concepção como citado anteriormente.

A ausência também da Educação Ambiental na Resolução nº01/2009, que

determina as Diretrizes Operacionais para o exercício da segunda licenciatura poderia

ser uma segunda oportunidade de inclusão da PNAE para uma atuação ampla do

magistério.

Apesar das duas principais DCN referentes à formação inicial

de professores não recomendarem a inclusão da Educação

Ambiental, outras elaboradas no mesmo período recomendam

explicitamente a formação ambiental. São elas: Biomedicina,

Ciências Biológicas, Design, Educação Física, Enfermagem,

Geografia, Nutrição, Pedagogia e Química (SILVA, 2015,

p.89).

Conforme alguns estudos, a conceitualização da Educação Ambiental nos cursos

de licenciatura ainda se diferenciam, limitando os questionamentos, a sobrevivência da

natureza e o reconhecimento da relação do homem com o meio ambiente, o que torna

mais difícil a implementação de uma formação de professores aptos ao desenvolvimento

da temática ambiental em sala de aula.

Tendo em vista a necessidade de levantamento dos estudos dos documentos

referentes às DCN das principais licenciaturas do país, iniciaremos com a Resolução

CNE/CCP nº 01/2006 referente ao curso de pedagogia, onde a expressão “ambiental-

ecológico” é o conceito predominante em boa parte do documento que trata sobre o

meio ambiente. O uso do conceito ecológico nesta DCN se justifica pelo fato histórico

de que o processo de introdução da temática de Educação Ambiental trata apenas das

áreas das ciências naturais, desenvolvendo um conceito biológico e de caráter de

conservação da natureza.

O curso de Química, orientado pelo Parecer CNE/CES nº 1.302/2001, define que

na construção curricular do curso é fundamental a inclusão da problemática ambiental

para “compreender e avaliar criticamente os aspectos sociais, tecnológicos, ambientais,

políticos e éticos relacionados às aplicações da química na sociedade” (BRASIL,

MEC/CNE, 2001, p.7).

Mesmo que as DCN venham com uma proposta de Educação Ambiental voltada

ao conservadorismo, e ignorando as relações interpessoais do homem e o meio no qual

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vive, ainda assim a presença da educação ambiental nestes documentos é de sua

importância para a inclusão da temática na formação de professores.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA),

aprovada em 15 de junho de 2012 na Resolução CNE/CP nº 02 foi um marco de grande

relevância para a criação dos currículos das licenciaturas, uma vez que o documento

trata da construção curricular no campo da EA, e determina a presença da educação

ambiental como instrumento essencial para a formação de professores e de futuras

pesquisas para a área educacional, tendo como um dos pilares “[...]adotar uma

abordagem que considere a interface entre a natureza e a sociedade, a cultura, a

produção, o trabalho, o consumo, superando a visão despolarizada, acrítica, ingênua e

naturalista ainda muito presente na prática pedagógica das instituições de ensino”

(BRASIL, 2012, Art. 06).

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Ambiental (DCNEA) sinalizam

na direção da relação socioambiental na qual as propostas curriculares são instruídas

para uma formação crítica e construtivista da relação do homem como elemento da

sociedade e com o meio ambiente, visando “(...) à construção de conhecimento, o

desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores sociais ao cuidado com a

comunidade de vida, a justiça e a equidade socioambiental e a proteção do meio

ambiente natural e constituído” (op. cit. Art. nº03).

Existe dentro desta análise das DCNEA o direcionamento para o desenvolvimento

da temática ambiental pelo viés da interdisciplinaridade: “(...) o desenvolvimento

didático-pedagógico da dimensão da educação ambiental na sua atuação escolar

acadêmica” (op. cit. Art. nº09). Dessa forma se estabelece uma política educacional na

construção da consciência coletiva de preservação dos conceitos éticos, culturais e

ambientais para a formação da cidadania.

Segundo Silva (2015), “(...) ao tratar a EA, as questões referentes a saberes e

conhecimentos, oriundos de diferentes grupos étnico-raciais e culturais são

reconhecidos como legítimos, impulsionando assim a integração entre as diferentes

disciplinas e os diferentes saberes para o entendimento da realidade complexa” (SILVA,

2015, p.92). Essa necessidade de uma política que possa enxergar a diversidade

ambiental em que vive nosso país possibilita a diversidade curricular que cada

licenciatura vivencia em suas comunidades.

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Para o ensino superior, as DCNEA possibilitam um olhar mais amplo para o

desenvolvimento da EA, citando outros espaços educacionais que envolvem as IES, o

que fomenta o desenvolvimento do conceito básico da EA: ensino, pesquisa e extensão.

“(...)as instituições de educação superior devem promover sua gestão e suas ações de

ensino, pesquisa e extensão orientadas pelos princípios e objetivos da Educação

Ambiental” (op. cit. Art. nº 10).

No desenvolvimento da análise das DCNEA no âmbito da educação superior,

temos a vertente documental que relata a necessidade da formação do professor

pesquisador:

III - aprofundamento do pensamento crítico-reflexivo mediante

estudos científicos, socioeconômicos, políticos e históricos a partir

da dimensão socioambiental, valorizando a participação, a

cooperação, o senso de justiça e a responsabilidade da comunidade

educacional em contraposição às relações de dominação e

exploração presentes na realidade atual; IV - incentivo à pesquisa e à

apropriação de instrumentos pedagógicos e metodológicos que

aprimorem a prática discente e docente e a cidadania ambiental (op.

cit., Art. 14).

Para a efetivação deste conceito de pesquisa no âmbito do ensino superior, é

fundamental articular em conjunto com o tripé ensino-pesquisa-extensão a gestão

democrática no ensino, bem como também buscar a inserção dentro da discussão dos

espaços físicos das IES.

A análise da presença dos currículos ambientais nas licenciaturas através das

Diretrizes Curriculares Nacionais demonstra a diversidade de conceitos predominantes

dentro de um único país, e reflete as conquistas de pesquisadores ambientais para a

inclusão de uma política educacional que vele pela formação de professores conscientes

e atuantes na prática ambiental.

3.6 A formação de professores indígenas

Cercada de inúmeras provocações frente à busca pela titulação progressiva, a

escola indígena busca a efetivação de uma política educacional que ofereça a formação

de uma licenciatura intercultural. Com esse intuito, o Ministério da Educação oferece

novos programas de formação para professores indígenas que visam oportunizar aos

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docentes atuantes em suas comunidades ou até mesmo aos futuros professores, a devida

formação na licenciatura intercultural, na busca de um ideal de formação docente que

vise à formação na atuação da educação básica e superior, para a execução de sua

prática, com vista às especificidades de sua comunidade e cultura. Com isso, os órgãos

gestores educacionais têm a devida responsabilidade de oferta dessa modalidade de

qualificação.

O documento de Referenciais de Formação de Professores Indígenas, publicado

em 2002 pelo Ministério da Educação, relata a importância da efetivação de uma

política de formação de professores indígenas:

[...] a proposta de uma escola indígena de qualidade não específica,

diferenciada, bilíngue, intercultural não será viável se os próprios índios, por

meio de suas respectivas comunidades, estiverem à frente do processo como

professores e gestores da prática escolar. E para que essa escola seja

autônoma e contribua para o processo de autodeterminação dos povos

indígenas, afinada com os seus projetos de futuro, é fundamental a criação de

novas práticas de formação. Estas devem permitir aos professores indígenas

atuar, de forma crítica, consciente e responsável, nos diferentes contextos nos

quais as escolas indígenas estão inseridas (Referencial de Formação Indígena,

2002, p. 10).

Para tanto, é notório que a necessidade de uma política específica para a formação de

professores indígenas aconteça, primeiramente, por uma reivindicação dessas próprias

comunidades que buscavam uma formação que contemplasse as necessidades dos povos

indígenas na busca de uma autonomia política, cultural e afirmativa frente aos desafios

da sociedade. Através do relato de um docente indígena, esse anseio se torna palpável:

Então surgiu questionamento: que tipo de escola temos e que escola queremos?

Porque, na verdade, a escola formal estava ou ainda está afastando o índio de sua

própria realidade, fazendo-o esquecer e deixando a sua cultura de lado. Isso fez

com que os professores, juntamente com as lideranças de cada povo, viessem a

refletir melhor a questão da educação. Depois de muitas discussões, os professores

e lideranças afirmaram que era preciso uma educação diferenciada para as

comunidades indígenas. Hoje, não em todas as escolas, mas na maioria, temos

professores indígenas trabalhando na sua própria comunidade, onde ele é

responsável pela formação do aluno-índio (Professor Orlando Oliveira Justino,

Macuxi/Roraima) (Referencial de Formação de Professores Indígenas, 2002, p.11).

Até pouco tempo, as escolas indígenas tinham tratamento curricular como escola

rural, sendo uma extensão de um calendário curricular voltado para a modalidade de

escola do campo. Para tanto, a maioria dos professores atuantes nestas escolas indígenas

eram membros da comunidade que não tinham recebido a formação adequada para

atuarem como docentes; porém, tinham o domínio da língua materna e a formação

básica. Partindo desta premissa, este domínio da língua materna era considerado um

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pressuposto para tornar-se professor índio. A partir das reivindicações das lideranças

indígenas dentro da política nacional, houve a especificação da escola indígena para

responder às demandas da sociedade.

Atualmente existe o amparo legal que determina a especificidade do trato da

escola indígena. A Constituição de 1988, em seu artigo 20, determina que o ensino

fundamental regular deve ser ministrado em língua portuguesa, sendo assegurado às

comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas (Art. 20,

Constituição 88). Dessa forma, a legislação identifica e reconhece os direitos dos povos

indígenas a um ensino diferencial. Posteriormente, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação, de 1996, determina a possibilidade do ensino ser bilíngue, bem como o

respeito à interculturalidade dos povos indígenas, de modo a proporcionar a preservação

e afirmação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades étnicas, a

valorização de suas línguas e ciências, e o acesso às informações e aos conhecimentos

científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não indígenas (LDB

1996, Art. 78 e 79).

Posteriormente, o Conselho Nacional de Educação, em sua Resolução nº03/99,

determinou as Diretrizes Nacionais para o funcionamento das Escolas Indígenas no país.

“Nela estão explicitados os princípios e equacionadas as interpretações sobre as esferas

de competência do setor público quanto à responsabilidade pela oferta da educação

escolar diferenciada das sociedades indígenas” (RCEI, 2002, p. 15). Com esta

normativa do Ministério da Educação, foi possível o entendimento da estrutura e do

funcionamento das escolas indígenas na Educação Básica, com as regras e legislação

próprias, oportunizando a autonomia escolar e curricular específicas de cada

comunidade:

Tal organização deve levar em conta a participação das comunidades

indígenas na definição do modelo de organização e gestão, consideradas as

estruturas sociais das comunidades, suas práticas socioculturais e religiosas,

suas formas de produção de conhecimento, seus processos próprios e

métodos de ensino-aprendizagem, suas atividades econômicas e o uso de

materiais didático-pedagógicos produzidos de acordo com o seu contexto

sociocultural. Para que tais preceitos legais sejam respeitados, a Resolução nº

3/99 prevê que as escolas indígenas organizem suas atividades escolares,

independentemente do ano civil, com duração diversificada dos períodos

escolares, ajustando-se as condições e especificidades próprias de cada

comunidade (CNE, nº03/99, Artigos 1º a 4º).

O reconhecimento de que a escola indígena é uma escola diferente, para a sua

realização no contexto da sociedade indígena faz-se necessária a participação da

comunidade com lideranças de professores indígenas falantes de suas línguas maternas

e de origem na mesma etnia, conforme aponta a Resolução nº03/99, que possibilita que

os docentes obtenham uma formação específica voltada para a educação intercultural e

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bilíngue. Esta formação deve acontecer de acordo com a necessidade, preferencialmente

de forma concomitante com a formação básica, o que obriga o desenvolvimento de

competências e habilidades dos profissionais docentes indígenas com o reconhecimento

de valores, atitudes e habilidades essenciais para a comunidade na qual está inserido,

proporcionando também a formação de uma capacitação que busque o desenvolvimento

de um currículo que abarque as reais necessidades das escolas indígenas, ofertando

também a produção de materiais didáticos na língua materna e as metodologias que

desenvolvam o ensino e a pesquisa em sua atuação docente.

Em razão da enorme diversidade de situações de escolarização e de condições

para a atuação profissional dos professores, cada sistema estadual deve

organizar o processo de formação, respondendo às necessidades particulares

de cada situação. Se em vários dos estados da federação os professores

indígenas não completaram ainda sua educação básica, em outros, um

significativo número de professores cursou magistério regular, embora sem

nenhum enfoque particular para o exercício da docência em terras indígenas e

em contexto intercultural. Esse quadro heterogêneo exige esforços amplos e

urgentes na elaboração de propostas de formação inicial, mas também para a

formação continuada e para a licenciatura plena em nível superior, na

especialidade da educação intercultural e bilíngue, cuja demanda é crescente

no país (RCF 2002, p.17).

Diante de diversos questionamentos frente à necessidade de aperfeiçoamento e

titulação dos docentes indígenas, surge a possibilidade de conclusão da educação básica

e a oferta da formação plena pela licenciatura intercultural, de maneira que possam ser

elementos multiplicadores e fomentadores de ciência em suas comunidades,

possibilitando o surgimento de novas práticas de ensino e a conservação da cultura

indígena para as novas e futuras gerações.

3.7 O curso de Licenciatura Intercultural do Instituto INSIKIRAN/UFRR

O curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Insikiran aconteceu

devido ao contexto sociocultural do Estado de Roraima, no qual estão inseridos o

Instituto e a Universidade Federal de Roraima. O Instituto Insikiran de Educação

Superior Indígena foi criado em 2001 dentro da Universidade Federal de Roraima,

conforme a resolução nº009/2009-CUNI. Inicialmente, a instituição foi criada como

núcleo Insikiran; porém, com a abrangência das modalidades e a liberdade institucional,

mais tarde transformou-se em Instituto Insikiran de Educação Superior Indígena. O

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nome Insikiran é originário da mitologia dos povos indígenas que habitam o Monte

Roraima. Segundo os índios Macuxi, é um dos filhos guerreiros de Makunaimî, irmão

de Anikê, integrando toda a cosmologia de criação dos indígenas dessa região,

conforme a tradição e cultura desses índios (FREITAS, 2005, p.02).

O Instituto Insikiran foi criado com o objetivo de desenvolver e articular com

lideranças, professores, comunidades e organizações indígenas de Roraima e a

sociedade em geral a formação profissional dos indígenas, de modo específico,

diferenciado e intercultural (FREITAS, 2005). Essa necessidade parte da realidade

sociocultural em que o Estado vive. Roraima tem 32 terras indígenas em diferentes

estágios de regulamentação fundiária, conforme tabela abaixo:

Tabela 1 – Situação Fundiária de Terras Indígenas no Estado de Roraima

Situação Fundiária Nº de Terras Indígenas

Demarcada e homologada 1

Demarcadas, homologadas e registradas 31

Total 32

Fonte: Funai- Coordenação Regional em Boa Vista (2011)

Conforme o IBGE, o Censo Demográfico de 2010 registrou que a população

indígena de Roraima equivale a 16% da população total do estado, conforme a figura

abaixo.

Figura 1 Registro de Pessoas Indígenas por Estado

Fonte: http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rr&tema=censodemog2010_indig_univer

Esses dados representam a importância da temática indígena dentro da realidade

sociocultural de Roraima, e, por consequência, o papel educacional é um dos vetores

essenciais para o bom desenvolvimento e para a especificidade desse público. É

essencial destacar a diversidade dos povos indígenas no estado de Roraima, conforme a

figura 2.

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Figura 2 Mapa das etnias indígenas registradas na FUNAI

Fonte: Autora

O povo Macuxi vive atualmente nas áreas de lavrado de serras, na região do Rio

Branco, e constitui a maior população indígena do Estado de Roraima, possuindo

também várias aldeias na República Cooperativista da Guiana.

O povo Taurepang ocupa no Brasil uma pequena região no Alto Rio Surumu, na

fronteira com a República Bolivariana da Venezuela, onde vive a maior parte de sua

população.

Os povos Ingaricó e Patamona estão localizados no extremo norte do Estado, na

região atravessada pelo rio Cotingo, sendo a maior parte de sua população residente na

República Cooperativista da Guiana.

O povo Wapichana localiza-se na região sudeste do lavrado, possuindo também

muitas aldeias na República Cooperativista da Guiana.

O povo Wai-wai ocupa a região de florestas ao sul do Estado, em território que se

localiza na interseção dos Estados de Roraima, do Pará e do Amazonas. Existem ainda

comunidades na República Cooperativista da Guiana. É visível a diversidade de povos

indígenas, o que comprova a diversidade étnico-cultural dessas populações do estado,

por meio das diversas famílias linguísticas e línguas, e até mesmo de determinados

grupos em outros estados do Brasil, como Pará e Amazonas, e países fronteiriços, como

a República Bolivariana da Venezuela e a República Cooperativista da Guiana

(FREITAS, 2005, p.06).

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O processo de colonização histórico vivido por esses povos indígenas perpassou

por um longo período de colonização, onde fazendeiros e jesuítas travaram luta pela

dominação sobre esses povos indígenas, o que gerou muita indiferença, discriminação e

preconceito. No processo histórico do Estado, esses povos sempre foram

marginalizados e não tiveram o devido reconhecimento da diversidade social e cultural.

Os dados do Estado de Roraima demonstram que 65% das escolas públicas da

esfera estadual são voltadas para a educação do índio (SEED). A maior parte desses

profissionais que atuam nessas escolas são professores indígenas; isso justifica a

preocupação com a prática da especificidade do currículo indígena.

Os professores indígenas vêm ao longo de sua história em busca de um

currículo mais condizente com a realidade de suas comunidades. Eles reivindicam a

construção de novas propostas curriculares para as suas escolas, com o objetivo/desejo

de ver substituído esse modelo que há anos vem sendo imposto pela maioria dominante.

Esses profissionais da educação buscam uma participação atuante sobre a sociedade, na

tentativa de gerar possibilidades reais em suas comunidades, uma vez que tais modelos

nunca corresponderam aos seus interesses políticos e às pedagogias de suas culturas

(Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, 2012).

Segundo Freitas (2005, p.09), atendendo à demanda por implementação de

políticas públicas de educação escolar indígena em Roraima, foi criado em 2001, dentro

da UFRR, o núcleo Insikiran. Dessa forma, no Brasil, a Licenciatura Intercultural torna-

se uma referência para receber os egressos do magistério indígena (nível médio) e todos

os que estão atuando nas escolas indígenas, no sentido de dar continuidade aos seus

estudos e assegurar a devida formação acadêmica. Com isso, a UFRR é a primeira

instituição federal de ensino superior a implantar um curso específico de graduação para

a formação de indígena.

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Figura 3 Foto do Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran

Fonte:https://www.google.com.br/maps/place/Universidade+Federal+de+Roraima,+Campus+Paricarana/

@2.8329476,60.6975907,788m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x8d9305cc12d6cc7f:0x8a0b423949c9a6ee!

8m2!3d2.8329476!4d-60.695402

Hoje, o Instituto Insikiran oferece 3 cursos de graduação: Gestão Territorial

Indígena - curso específico voltado para a gestão de terras indígenas e seus

gerenciamentos sustentáveis; Saúde Coletiva - curso na área de saúde coletiva indígena,

com foco na gestão da saúde indígena; e o curso de Licenciatura Intercultural Indígena -

que surge a partir das reivindicações de professores indígenas de Roraima para atender

às demandas e necessidades educacionais. O instituto abriu um leque de discussões,

como o ingresso dos povos indígenas em outros cursos de graduação dentro da UFRR, o

que possibilitou um processo seletivo específico para indígenas (Psei).

O Projeto Político Pedagógico (PPP) da Licenciatura Intercultural tem como

princípios norteadores: a transdisciplinaridade, a interculturalidade e a dialogia social. O

curso abrange três áreas de habilitação: Comunicação e Artes, Ciências da Natureza e

Ciências Sociais (UFRR, CEPE, 2008).

A Licenciatura Intercultural é um curso regular da UFRR, que tem duração de

quatro anos e meio e uma carga horária total de 3.952 horas. Trata-se de um curso

específico para a formação de professores indígenas na educação superior, pertencentes

a oito povos: Macuxi, Wapichana, Taurepang, Ingaricó, Ye’kuana, Yanomami, Sapará e

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Waiwai (FREITAS, 2005). Em 2016, o curso de licenciatura Intercultural contava com

um total de 603 alunos devidamente matriculados.

Conforme o Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura Intercultural,

o curso visa: a) propiciar a busca de alternativas para a montagem dos currículos das

escolas indígenas e para a melhoria de suas práticas pedagógicas; b) criar na UFRR um

espaço de criação cultural e de produção de conhecimentos interculturais e

transdisciplinares; c) construir junto com os professores indígenas ferramentas para que

possam ser agentes ativos na defesa do direito de seus territórios e de seus

conhecimentos; d) fortalecer a manifestação de práticas sociais, políticas e culturais; e)

desenvolver a compreensão da importância do domínio das línguas indígenas e

portuguesa e o ensino bilíngue. A licenciatura Intercultural visa, por fim, propiciar uma

formação para que os professores indígenas possam investigar e refletir sobre a situação

e as condições históricas de suas comunidades e de seus povos e, a partir disso, possam

contribuir, de forma mais consciente, com o desenvolvimento de suas comunidades

(PPP, 2008, p.12).

Freitas (2016, p.14) acentua que a formação pela pesquisa é o pilar de

sustentação da Interculturalidade, uma vez que valorizando os conhecimentos locais e

tradicionais, os povos indígenas poderão desenvolver os seus projetos de

sustentabilidade aliados às práticas pedagógicas. Partindo deste princípio, a prática de

pesquisa como componente curricular corresponde a atividades de formação regular do

curso, que tem como princípio a “Formação pela Pesquisa”, uma vez que são atividades

realizadas quando da permanência dos cursistas da Licenciatura Intercultural em suas

comunidades, onde a maioria atua como professor e que exercem cargos de gestores de

suas escolas, como diretores ou coordenadores pedagógicos (FREITAS, 2005).

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada no ano de 2016, por meio da análise curricular e dos

dados dos Trabalhos de Conclusão do Curso dos alunos concluintes do curso de

Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran, localizado dentro da Universidade

Federal de Roraima no seguinte endereço: Campus Paricarana, Av. Cap. Ene Garcez, nº

2413. Bairro: Aeroporto. CEP: 69304-000. Boa Vista / RR.

Realizando uma busca através das ações de inquirições sobre a temática da

Educação Ambiental realizadas no contexto da concepção pedagógica do Currículo da

Educação Superior, escolhi a metodologia que alcançou um estudo de caso, que em

conformidade com GIL (1999) é o “estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos

objetos, de maneira a permitir conhecimento amplo e detalhado do mesmo” (GIL, 1999,

p. 78). Validando a necessidade da pesquisa, Yin (2001) “Determina que as múltiplas

abordagens, sejam elas de caráter qualitativo, quantitativo, ou até mesmo uma

combinação de ambos”; e ratifica a sua importância ao acrescentar que “um estudo de

caso é uma investigação empírica que estuda um fenômeno contemporâneo, dentro de

um contexto de vida real, onde os limites entre os fenômenos e o contexto não estão

claramente evidenciados” (YIN, 2001, p. 23).

Foram realizados alguns questionamentos sobre a presença da Educação

Ambiental dentro do currículo do curso de Licenciatura Intercultural do Instituto

Insikiran, e a necessidade de uma formação docente indígena que contemplasse as

Diretrizes Curriculares da Educação Ambiental preconizadas na Legislação e nos

documentos pertinentes a esta formação. O currículo do curso de Licenciatura

Intercultural do Instituto Insikiran existe desde 2008; e há, hoje, dentro da instituição, a

discussão de uma reformulação deste documento por meio de uma reflexão coletiva da

necessidade de atualização. Esta pesquisa também será fruto reflexivo para que a

comunidade dessa instituição possa levar em conta no futuro o ato de reformulação

curricular.

Posteriormente, em parceria com a instituição, foi realizado um levantamento

sobre as produções de Trabalho de Conclusão de Curso dos alunos que se formaram no

período de 2008 a 2014. Lembrando que o Trabalho de Conclusão de Curso é parte

integrante do currículo do curso de Licenciatura em análise. Isso aconteceu pela

amplitude da análise do currículo, que não deve limitar-se apenas à análise do Projeto

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Político Pedagógico, mas também ao fruto dessa formação, que é, neste caso, o aluno,

que poderá ser representado por seu Trabalho de Conclusão de Curso.

A Metodologia é o tópico do projeto de pesquisa que engloba questionamentos

referentes à pesquisa e seus questionamentos (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 221).

A etapa da pesquisa de levantamento bibliográfico dá-se mediante o referencial que,

Segundo Cervo, Bervian e da Silva (2002, p.61) “constitui o procedimento básico para

os estudos monográficos pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre

determinado tema” (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2002, p.61).

4.1 Local da coleta de dados

O local de coleta de dados foi a biblioteca do Instituto Insikiran, para onde é

direcionada a grande parte do acervo das produções científicas dos alunos, englobando

as modalidades de oferta de cursos de Instituto de Educação Superior Indígena

Insikiran. A figura abaixo apresenta o Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran

dentro da Universidade Federal de Roraima.

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45

Figura 4 Área de convivência no Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran

Fonte:https://www.ufrr.br/search?q=biblioteca+do+INSIKIRAN&source=lnms&tbm=isch&

sa=X&ved=0ahUKEwilqIyw1NvTAhWMlZAKHQS9DlcQ_AUICygC&biw=1094&bih=4

36#imgrc=aCHDn1Ewlt5tUM:

Esta figura n.04 representa o momento de encontro entre os estudantes, em uma

área denominada Malocão, na qual acontecem as trocas de experiências e as

apresentações temáticas referentes a todos os cursos ofertados dentro do Instituto de

Educação Superior Indígena Insikiran. É uma grande área de convivência entre os

alunos e os envolvidos no Instituto.

A figura n. 05 representa este momento de apresentações temáticas das diversas

etnias envolvidas.

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46

Figura 5 Momento de confraternização indígena do Instituto de Educação Superior Insikiran

Fonte:https://www.ufrr.br/search?q=biblioteca+do+INSIKIRAN&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0

ahUKEwilqIyw1NvTAhWMlZAKHQS9DlcQ_AUICygC&biw=1094&bih=436#imgrc=aCHDn1Ewlt5t

UM

Figura 6 Apresentações temáticas no Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran

Fonte:https://www.ufrr.br/search?q=biblioteca+do+INSIKIRAN&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0

ahUKEwilqIyw1NvTAhWMlZAKHQS9DlcQ_AUICygC&biw=1094&bih=436#imgrc=aCHDn1Ewlt5t

UM

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47

Tendo a grande diversidade indígena como público principal do Instituto

Insikiran, existem momentos de eixos temáticos, onde são apresentados para toda a

comunidade da Universidade Federal de Roraima os resultados dos trabalhos, em forma

de apresentações.

A figura n. 07 mostra a área administrativa do Instituto Insikiran, do qual

fazem parte as salas de aulas, bibliotecas e a sala de informática.

Figura 7 Área administrativa do Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran

Fonte:https://www.ufrr.br/search?q=biblioteca+do+INSIKIRAN&source=lnms&tbm=isch&

sa=X&ved=0ahUKEwilqIyw1NvTAhWMlZAKHQS9DlcQ_AUICygC&biw=1094&bih=4

36#imgrc=aCHDn1Ewlt5tUM:

A figura n.07 remonta a necessidade de lembrar que o processo de conquista do

Instituto de Educação Superior Indígena aconteceu em 2008. Até então, o Instituto

Insikiran era reconhecido dento da Universidade Federal de Roraima como um núcleo

de políticas indígenas Insikiran, e pela amplitude de sua atuação, mais tarde se

transformou no Instituto de Educação Superior Indígena Insikiran.

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Figura 8 A representatividade indígena na Universidade Federal de Roraima

A figura n.08 representa o aluno indígena envolvido dentro do contexto da

Universidade Federal de Roraima na busca de sua integração social e na troca de

realidades e experiências para a efetivação da construção do conhecimento.

4.2 Método de análise

O método de análise deste trabalho foi a pesquisa quali-quantitativa, que foi

desenvolvida seguindo os procedimentos descritos por Creswell (2007b). Segundo

Creswell (2003), a metodologia que aborda os dados qualitativos e quantitativos são

coletados e analisados para definir ou entender um fenômeno em um único trabalho

(SEURING et al., 2005).

Para tanto, temos, de início, a pesquisa bibliográfica, que segundo Lakatos e

Marconi (2001, p.183):

[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema

estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,

pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua

finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi

escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...] (LAKATOS &

MARCONI, 2001, p.183).

Sendo assim, o trabalho de cunho científico ou de pesquisa, em sua estrutura, deve

ser constituído pela base da pesquisa bibliográfica, “[...] para que não se desperdice

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tempo com um problema que já foi solucionado e se possa chegar a conclusões

inovadoras” (LAKATOS & MARCONI, 2001, p.47).

A princípio, foi realizado o levantamento bibliográfico sobre a temática da

Educação Ambiental, em conjunto com os grupos de debates, acerca da formação

docente indígena que perpassa pelo fazer histórico, a realização da legitimidade da

educação indígena. Com isso, houve um investimento teórico no campo do

levantamento de leis de amparo à educação e às normas de constituição curricular

acerca da temática, conforme explicitado a seguir:

(a) a Lei Federal nº 9.795, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação

Ambiental (PNEA), regulamentada pelo Decreto nº 4.281, de 25/06/2002;

(b) as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a construção de um currículo

para as licenciaturas;

(c) as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNAE) para

a construção de um currículo para as licenciaturas que possibilite o desenvolvimento da

Educação Ambiental na formação docente;

(d) o Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do

Instituto Insikiran (PPPC), entendendo que constitui o eixo norteador do

desenvolvimento da formação docente que se pretende dentro do currículo. Lembrando

que este é o resultado de uma construção coletiva;

(e) o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos no período de 2008 a

2014, que são resultado de um currículo que possibilite às três áreas de formação do

curso de Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran.

A pesquisa bibliográfica foi o elemento norteador para o início da coleta de dados.

Posteriormente, será necessária a busca do traço que faça a união entre os dados acerca

da problemática da pesquisa; para isso, buscar-se-á uma triangulação da coleta de dados.

Para Yin (2001), qualquer uma das técnicas de coleta de dados pode e tem sido a

única base para estudos inteiros. Isso ocorre devido a uma visão de que o pesquisador

deveria escolher somente aquela técnica mais adequada ao seu caso, ou com a qual

estivesse mais familiarizado. Segundo Yin (2001, p. 120), a triangulação fundamenta-se

na lógica de se utilizar várias fontes de evidências. A utilização de várias fontes na

coleta de dados é uma necessidade e, ao mesmo tempo, um ponto forte muito

importante para estudos de caso.

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Em uma iniciativa para demonstrar esta forma de triangulação da pesquisa,

tomamos como base os estudos de Yin (2001), que demonstra a linha de convergência

de um estudo por meio de metodologias de análises diferentes. A figura n.09 retirada de

Cosmos Corporation, apud Yin (2001, p.122) demonstra as linhas de convergência:

Figura 9 Demonstrativo das linhas de convergência de várias fontes de evidência

Fonte: https://adm.catalao.ufg.br/up/567/o/Manual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwell.pdf

Dessa forma, vários métodos de análise corroboram para a análise macro de um

problema. O mesmo também pode ocorrer para o exame de não convergentes, como

demonstra a figura n. 10:

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Figura 10 Demonstrativo de fontes de convergência de sub estudos separados

Fonte: https://adm.catalao.ufg.br/up/567/o/Manual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwell.pdf

De acordo com a figura n.10, a não convergência de várias fontes de evidências

também proporciona estudos separados sob a mesma ótica problemática.

O uso de várias fontes de evidências [...] permite que o pesquisador dedique-

se a uma ampla diversidade de questões históricas, comportamentais e de

atitudes. A vantagem mais importante, no entanto, é o desenvolvimento de

linhas convergentes de investigação [...] (YIN, 2001, p. 121).

Sendo assim, o método de análise ora aferido neste trabalho dá-se por meio da

verificação de linhas não convergentes de atuação, que possibilitarão uma análise mais

aproximada com a realidade. Partindo desta premissa, foi analisado o Projeto Político

Pedagógico do Curso (PPPC) em busca da presença da Educação Ambiental; o outro

elemento resultante do currículo, por ora, será o Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC), que é o resultado de um olhar sobre a Educação Ambiental. Em busca de

singularizar a pesquisa, a figura abaixo demonstra a convergência desta análise.

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Figura 11- Estrutura de análise do Trabalho

Fonte: Autora

4.3 Análise De Dados

A análise de dados é um conjunto de ações que busca o sentido dos elementos

em seu processo de consolidação, conforme define Gil (1999):

A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que

possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para

investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais

amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros

conhecimentos anteriormente obtidos (GIL, 1999, p. 168).

Partindo deste pressuposto da análise de dados do Projeto Político Pedagógico do

Curso de Licenciatura Intercultural, o levantamento feito mostra que o PPC do curso é

um documento que visa os objetivos e finalidades da Licenciatura Intercultural ofertado

no Instituto Insikiran; e que os mesmos podem ser elementos norteadores.

- Análise da Estrutura do Curso no PPPC

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53

Figura 12 Representa a estrutura do curso

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

Conforme a figura n. 11, o curso de Licenciatura Intercultural tem em sua

concepção estrutural três eixos de formação; e entre eles está o das Ciências da

Natureza, o que possibilita o entendimento de que existe uma preocupação ambiental

amparada na formação desses futuros docentes. O conhecimento da estrutura do curso

será transdisciplinar, uma vez que, em conformidade com a figura n.11, os 3 eixos se

entrelaçam na perspectiva transdisciplinar na busca de uma formação plena.

- Análise do Objetivo do Curso no PPPC

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Figura 13 Representa o objetivo geral do curso

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A Licenciatura tem o enfoque na Interculturalidade, tendo em vista a necessidade

de inclusão de uma diversidade indígena predominante na região. Para tanto, existem 3

grandes áreas de atuação do docente, e uma delas é a área de Ciência da Natureza,

sinalizando a perspectiva do engajamento ambiental, sendo uma das vertentes de

atuação do licenciado.

- Análise dos Objetivos Específicos do Curso no PPPC

Figura 14 representa os objetivos específicos do curso

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55

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

Na figura n.14 não há nenhum princípio norteador que contemple a necessidade

da educação ambiental; os objetivos específicos estão voltados para um prática de

política destinada a justificar a existência do curso.

Figura 15 continuação da apresentação dos objetivos específicos

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Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.15 é a continuidade dos objetivos específicos do PPC do curso de

Licenciatura Intercultural. Entre os objetivos (g), (i) e (l) estão as possibilidades de

atuação, pois o objetivo (g) descreve a construção saberes que resultarão em agentes

públicos de transformação, de acordo com as atividades preponderantes, possibilitando

que o docente que tiver a prática da atuação ambiental possa desenvolver uma política

em prol da temática em sua comunidade. O objetivo (i) demonstra a preocupação com

uma atuação docente voltada para a melhoria de vida na comunidade, fazendo com que

haja uma reflexão do docente em sua atuação e o intermédio dele na realidade. E o

ambiente de vida é um ambiente natural; portanto, é uma reflexão também da educação

ambiental. E no objetivo específico (l), a proposta da transdisciplinaridade é um

processo de formação global que inclui, de certa forma, os três eixos, formando

docentes com conhecimento para discutir as três áreas, e não segmentando o ensino.

- Análise do Perfil do Formando do Curso no PPPC

Figura 16 Perfil do formando do curso

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Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.16 demonstra o perfil do professor indígena a ser formado; entre os itens,

o I e IV. O item I, por sua vez, descreve a necessidade de o professor indígena ter a

habilidade de buscar o seio político em suas lutas na valorização e na defesa da cultura

indígena. Estes dois termos referem-se ao olhar que este professor deve ter sobre o meio

em que vive; ou seja, sobre a sua comunidade, oportunizando a defesa de seu ambiente,

configurando uma política da educação ambiental.

- Análise do Perfil do Formador do Curso no PPPC

Figura 17 Perfil do formador do curso no PPC

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

Na figura n.17, que demonstra o perfil dos profissionais que irão formar estes

professores Licenciados na Interculturalidade Indígena, faz-se necessária a

sensibilização quanto aos reais problemas indígenas vividos nas comunidades; ou seja,

uma percepção do meio em que está inserido, possibilitando assim tornar-se

investigador no meio.

- Análise do Perfil do Curso no PPPC

Figura 18 Perfil do curso no PPC

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Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.18 possibilita a exploração da temática da Educação Ambiental no

aspecto investigativo por meio de projetos indutores à intermediação da realidade/meio

das comunidades indígenas, disponibilizando conhecimentos que visem à teoria e

prática de suas ações, assim como a valorização/preservação do meio.

- Análise das Matrizes Conceituais do Curso no PPPC

Figura 19 representa os Temas Contextuais da Matriz Conceitual: Formação Pedagógica Específica

(FPE)

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59

A figura n. 19 demonstra a matriz curricular do eixo de todo o curso, com base

na formação de habilitação pedagógica, primeiramente, para, posteriormente a

efetivação da escolha do eixo de formação pelo docente.

Figura 20 representa a matriz comum da área de ciências da natureza

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60

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

Esta figura n.20 descreve a Matriz comum da área de ciências da natureza, que

engloba diversas temática de Educação Ambiental, possibilitando uma panorâmica do

desenvolvimento da temática.

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61

Figura 21 Matriz Conceitual

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

Na figura n.21 é possível identificar as habilidades que serão desenvolvidas no

âmbito do curso para o fomento de uma formação ampla e que possa refletir sobre o

meio.

Figura 22 Matriz curricular tema contextual conceitos em ciências II/CN2

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.22 é o demonstrativo da primeira disciplina específica da formação

de ciências da natureza; está em destaque o aferimento da temática da Educação

Ambiental, demonstrando a presença dessa vertente.

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62

Figura 23 Tema contextual de ciências e diversidade/CN3

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.23 representa a busca pela identificação do homem com o meio

ambiente e a necessidade de olhar para as atuais transformações e interferências do

homem na natureza.

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63

Figura 24 Tema contextual de conceitos básicos nas ciências II/cn4

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.24 representa o tema contextual de Ciências II, na qual desenvolve o

conhecimento da ciência voltado para a aplicabilidade na matemática.

Figura 25 Tema contextual de fenômenos naturais /CN5

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.25 representa a teorização dos principais fenômenos naturais, em

parceria com as políticas de desenvolvimento internacionais, para demonstrar aos

alunos que os fenômenos naturais têm ligações diretas com as políticas públicas.

Figura 26 Tema contextual de uso do meio e qualidade de vida/CN6

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Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.26 demonstra a Aplicabilidade do desenvolvimento e do uso dos

recursos naturais.

Figura 27 Tema contextual de saúde e qualidade de vida/CN7

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

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A figura n.27 demonstra a percepção na formação do docente no eixo das ciências da

natureza.

Figura 28 Tema contextual de ciências e tecnologia/CN8

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

Na figura n.28 existe a ausência do desenvolvimento da temática da educação

ambiental.

Figura 29 Tema contextual do material didático /CN9

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66

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.29 demonstra a consolidação do conhecimento de ciências da natureza

para fomentar o material didático. O material didático é visto como uma especificidade

das escolas indígenas, buscando dessa forma uma identidade escolar durante o processo

de ensino e aprendizagem. Para tanto, é preciso oportunizar aos alunos a confecção do

material didático da área de ciências da natureza, levando em consideração as

especificidades de cada comunidade indígena.

Figura 30 Linhas de pesquisas do TCC

Fonte: Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto de Educação

Superior Indígena Insikiran

A figura n.30 é o demonstrativo de como o aluno poderá realizar a escolha

quanto à linha de pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso, que será o próximo item

a ser analisado.

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- Análise das Produções de Trabalho de Conclusão de Curso de 2008 – 2014

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68

PRODUÇÃO TCC – HABILITAÇÃO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA

Ano Tema Aluno

2008

Ciências da Natureza e Prática Pedagógica na escola Ye’kuana Raul Luiz Yacashi

Rocha

Conhecendo a minha realidade: Comunidade São Miguel da Cachoeira Ulisses Monteiro da

Silva

Educação, Cidadania e Interculturalidade, uma parceria que pode mudar realidades. Geisel Bento Julião

Ime’kutädö: a matemática Ye’kuana Felipe Albertino

Gimenes

O papel do ancião na disseminação de conhecimento da medicina tradicional

indígena

Antônio da Silva

A grande árvore Inácio Pereira

Gutierez

2010

Proposta Pedagógica Baseada na Dieta Alimentar da comunidade Indígena enseada

terra indígena Raposa do Sol \ Município de Uiramutã

Damázio e Souza

Gomes

O problema do Lixo na comunidade Barata: A escola e a discussão dos problemas

socioambientais

Clenilde Teixeira da

Silva

Alimentação e saúde na comunidade Indígena UBARU em Roraima Tarcilio de Lima

Silva

Meio Ambiente e Educação Ambiental na comunidade campo Alegre Moisés da Silva

Raposo

A evasão escolar na escola Estadual Indígena José Viriato Maria José Januária

Uma reflexão sobre a comunidade indígena Maturuca\RR: relações sociais, transição

alimentar, lixo e meio ambiente

Ivan Lima de Souza

Projetos Econômicos implantados na comunidade Roça Carlos Pereira

Os saberes e os avanços tecnológicos na comunidade indígena Malacacheta Sérgio Cruz

Ambrósio

Medicina Tradicional Natural Maria Zenaide

Martins de Campos

Economia e Qualidade de Vida: a situação socioeconômica da comunidade indígena

Napoleão

Héliton Epitácio

Proposta pedagógica em Educação Ambiental e Educação em saúde na comunidade

Laje

Alcinéia Angelo

Duarte

O meio ambiente da comunidade indígena Jacamim Clodoaldo Manduca

Uchôa

Medicina Tradicional na comunidade indígena Barata: relato de experiência Maria Zenaide de

Campus

Aspectos Socioambientais da comunidade indígena Boqueirão: a escola como

espaço de mediação

Wellington

Leocádio da Silva

2011

Kawi Enênen Pemonkon Moro Man (Tem gente que toma álcool) Lupedoro Abel

Moraes

Uma proposta Pedagógica em Educação Ambiental na comunidade Boca da Mata

\RR

Ismael Tenente

Fernandes

2012

O Canaimé: mito do povo Makuxi em Roraima. A organização social e cultural da

comunidade Camará

Fidelis Raposo da

Silva

O impacto do fogo na comunidade Maruwai, região de São Marcos em Roraima Jean da Silva

Lixo na comunidade indígena Canauanim: problema que afeta a saúde e o bem estar

dos moradores

Elisabeth da Silva

Ribeiro

História da Educação escolar Indígena em Roraima Enilton André da

Silva

Recursos Naturais: Exploração ilegal das árvores de Lei na terra indígena Barata

Livramento\RR

Altamir de Melo

Cavalcante

Desenvolvimento Sustentável na comunidade indígena do Morro: uma discussão da

escola e da comunidade

Vanildo Silva

Identificação e Catalogação das plantas medicinais para fortalecimento da cultura e

do ensino aprendizado na escola municipal indígena Joaquim Thomé – Comunidade

Moskow

Edilce Pereira de

Oliveira

Plantas medicinais \ Plantas que curam Elizete Damasceno

Pereira

Histórico da região Surumu na terra indígena Raposa Serra do Sol: A vida, as Jerônimo de

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69

Tabela 2 Descrição das produções de Tcc’s referentes à habilitação na área de ciências da natureza

de 2008-2014

Gráfico 1 Representa as publicações de Tcc’s de 2008 a 2014

invasões, as lutas e as conquistas Oliveira

Reflorestamento a partir de espécies nativas como prática pedagógica na

comunidade Mutamba\RR

Edilson Dias dos

Santos

Levantamento sobre o uso e manejo de árvores frutíferas e não frutíferas cultvadas

em quintais agroflorestais na comunidade indígena São Pedro\ Roraima

Clodoaldo Paulino

Alfabetização e Ludicidade: Teoria e prática na educação escolar indígena Jacivânia Bento

Julião

O lúdico e a Educação: Novas experiências na escola estadual indígena Riachuelo

\RR

Elisângela Silva de

Araújo

Educação se faz brincando: um reflexão sobre a utilização de jogos como

ferramentas pedagógicas na escola estadual indígena Senador Felintro Müller na

comunidade Lago Grande

Sandra Lopes Lima

Saúde, Alimentação e Nutrição na educação indígena Infantil na comunidade

Boqueirão\RR

Tânia Andrade da

Silva

Cultura, Alimentação e Saúde na comunidade Prainha Marinete da Silva

Lima

Produção e Alimentação no contexto social na comunidade indígena Manalai\RR Bernilda Edwin

Ingaricó

Guia de consulta e utilização de plantas Medicinais

Calendário cultural do povo Ingarikó Laranjeira Maurício

Sales Ingarikó

2013

Animais utilizados como medicina tradicional na comunidade indígena Campo

Alegre em Roraima

José Francisco

Sarmento

Nutrição e Saúde: um tema importante para ser tratado na escola Indígena Mateus Raposo

2014

Calendário Cultural: Proposta Pedagógica de valorização cultural do ensino médio

para a valorização cultural a partir das atividades sociais da caça e da pesca.

Gracilene da Silva

Processo de Material Didático: uma prática educativa apoiada na atividade social da

produção de farinha para escola estadual indígena Tuxaua Otávio Manduca na

comunidade Jacamin

Simão de Oliveira

Diagnóstico sobre o ensino de matemática na escola estadual indígena José Aleixo

Angelo \ Comunidade Indígena Serra do Truaru

Edinar Luiz da Silva

Angelo

Uso das plantas Medicinais pelos Wapichana na comunidade indígena Canauanim:

ensino de ciências e educação intercultural

Rejane Aleixo

Castro

Nutrição e Cultura Macuuxi: proposta pedagógica para o ensino médio na escola

estadual indígena Taxaua Lauro Melquior \ Comunidade Ticoça

Denilda Martins

Level

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Fonte: Autora

Tabela 3 Produções do Trabalho de Conclusão de Curso de 2008 a 2014

Habilitação Ano 2008

Ano 2009

Ano 2010

Ano 2011

Ano 2012

Ano 2013

Ano 2014

Ciências da Natureza

08 06 04 15 19 02 09

Comunicação e Artes

08 11 09 20 22 14 11

Comunicação Social

12 20 14 05 17 09 13

Fonte: Autora

De acordo com a tabela n.02, é possível averiguar as diversidades de

publicações nos três eixos, e verificar que não existe uma predominância de uma área

sobre a outra.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo iremos discutir os resultados das análises de dados, com a

perspectiva da Política de Educação Ambiental e no olhar sobre a Lei Federal nº 9.795,

que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), regulamentada

pelo Decreto nº 4.281, de 25/06/2002; As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para

a construção de um currículo para as licenciaturas; As Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Ambiental (DCNAE) para a construção de um currículo para as

licenciaturas que possibilite o desenvolvimento da Educação Ambiental na formação

docente.

5.1 Análise da Educação Ambiental no currículo

Em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Ambiental, que

definem o conceito de Educação Ambiental pertinente à presença no currículo, para a análise

levantamos as determinações do DCNAE, do qual deve fazer parte a Educação Superior.

(DCNAE, p.22)

1. Promoção do enfoque da sustentabilidade em seus múltiplos aspectos, por meio

de atividade curricular/disciplina/projetos interdisciplinares obrigatórios que

promovam o estudo da legislação ambiental e conhecimentos sobre gestão

ambiental, de acordo com o perfil profissional dos diversos cursos de bacharelado,

licenciatura, graduação tecnológica e seus respectivos cursos de pós-graduação.

2. Fomento a pesquisas voltadas à construção de instrumentos, metodologias e

processos para a abordagem da dimensão ambiental que possam ser aplicados aos

currículos integrados dos diferentes níveis e modalidades de ensino.

3. Acompanhamento avaliativo da incorporação da dimensão ambiental na

Educação Superior de modo a subsidiar o aprimoramento dos projetos

pedagógicos e a elaboração de diretrizes específicas para cada um de seus

âmbitos.

4. Fomento e estímulo à pesquisa e extensão nas temáticas relacionadas à

Educação Ambiental.

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5. Incentivo à promoção de materiais educacionais que sirvam de referência para a

educação ambiental nos diversos níveis de ensino e modalidades de ensino e

aprendizagem.

Com base nestes precedentes essenciais na concepção curricular da Educação

Superior, analisaremos os requisitos que norteiam a prática pedagógica. Partindo

desse enfoque, os preceitos que tratam da ação pedagógica do currículo são os

itens 1, 2, 4 e 5. A tabela n. 3 a seguir propõe-se a fazer essa análise.

Tabela 4 Análise dos DCNAE e o PPP

Conceitos da DCNAE

Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura

Intercultural do Instituto Insikiran

1. Promoção do enfoque da sustentabilidade em

seus múltiplos aspectos, por meio de atividade

curricular/disciplina/projetos interdisciplinares

obrigatórios que promovam o estudo da legislação

ambiental e conhecimentos sobre gestão ambiental,

de acordo com o perfil profissional dos diversos

cursos de bacharelado, licenciatura, graduação

tecnológica e seus respectivos cursos de pós-

graduação.

O enfoque quanto à sustentabilidade: o currículo não

contempla essa temática fixa; porém, em outro aspecto o

currículo contempla a Transversalidade dos temas

contextuais; dessa forma, proporciona aos discentes os

diversos aspectos por meio de projetos interdisciplinares das

disciplinas por temáticas.

2. Fomento a pesquisas voltadas à construção de

instrumentos, metodologias e processos para a

abordagem da dimensão ambiental que possam ser

aplicados aos currículos integrados dos diferentes

níveis e modalidades de ensino.

O currículo contempla a pesquisa, partindo da necessidade da

comunidade e do ato investigativo do discente. A construção

de um currículo que é aberto por tema Contextual possibilita

o diálogo com a problemática da comunidade do aluno e o

desperta pela necessidade da pesquisa.

4. Fomento e estímulo à pesquisa e extensão nas

temáticas relacionadas à Educação Ambiental.

A pesquisa é desenvolvida a partir das temáticas, porém não

estímulos para a pesquisa em torno da temática da Educação

Ambiental.

5. Incentivo à promoção de materiais educacionais

que sirvam de referência para a educação

ambiental nos diversos níveis de ensino e

modalidades de ensino e aprendizagem.

No tema contextual - desenvolve a temática de construção

de matérias educativos, porém nada específico e direcionado

à educação ambiental.

Fonte: Autora

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5.2 Análise Dos Tcc’s na perspectiva ambiental

6. Tabela 5 Análise dos DCNAE e os Tcc’s

Conceitos da DCNAE

Trabalho de Conclusão de Curso –

Habilitação de Ciências da Natureza

(2008 – 2014)

1. Promoção do enfoque da sustentabilidade em

seus múltiplos aspectos, por meio de atividade

curricular/disciplina/projetos interdisciplinares

obrigatórios que promovam o estudo da legislação

ambiental e conhecimentos sobre gestão ambiental,

de acordo com o perfil profissional dos diversos

cursos de bacharelado, licenciatura, graduação

tecnológica e seus respectivos cursos de pós-

graduação.

- Desenvolvimento Sustentável na comunidade indígena do

Morro: uma discussão da escola e da comunidade /2012–

Neste trabalho, o aluno desenvolveu a temática de

sustentabilidade por meio de debates na comunidade, e como

resultado propõe soluções para diversos problemas ambientais

que possibilitaram o desenvolvimento sustentável da

comunidade indígena do Morro.

- Reflorestamento a partir de espécies nativas como prática

pedagógica na comunidade Mutamba\RR/2012- Neste

trabalho, o aluno desenvolveu uma prática de sustentabilidade

a partir de um projeto pedagógico da escola da comunidade

que incentivou os alunos a realizarem o manejo florestal nas

espécies nativas na comunidade de Mutamba.

2. Fomento a pesquisas voltadas à construção de

instrumentos, metodologias e processos para a

abordagem da dimensão ambiental que possam ser

aplicados aos currículos integrados dos diferentes

níveis e modalidades de ensino.

- Ciências da Natureza e Prática Pedagógica na escola

Ye’kuana/2008 – A pesquisa propõe um direcionamento

metodológico sobre a aplicabilidade do eixo Ciências da

Natureza no contexto da comunidade da escola Ye’Kuana.

- Proposta pedagógica em Educação Ambiental e Educação

em saúde na comunidade Laje/2010 – O trabalho se propõe a

justificar que o método de pesquisa exploratório é a

metodologia ideal para realizar intervenções acerca da

Educação Ambiental e Saúde.

- Uma proposta Pedagógica em Educação Ambiental na

comunidade Boca da Mata \RR/2011 - O aluno apresenta uma

proposta metodológica de abordagem da educação ambiental

na comunidade, buscando uma conscientização da

necessidade de intervir na realidade local por meio de

metodologias re-significativas.

- Calendário Cultural: Proposta Pedagógica de valorização

cultural do ensino médio para a valorização cultural a partir

das atividades sociais da caça e da pesca/2014 – propõe um

método de exposição do calendário cultural com base nas

atividades de caça e pesca da comunidade na busca pela

valorização da cultura da população do Barata em Roraima.

4. Fomento e estímulo à pesquisa e extensão nas

temáticas relacionadas à Educação Ambiental.

- O problema do Lixo na comunidade Barata: A escola e a

discussão dos problemas socioambientais /2010 – O

levantamento da problemática do lixo dentro da comunidade

oportuniza o ingresso no universo da pesquisa, porém, o

trabalho não se propõe a apresentar uma solução para os

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problemas, colocando-se como uma discussão reflexiva da

problemática.

- Meio Ambiente e Educação Ambiental na comunidade

campo Alegre\2010 – O estudo realiza uma reflexão sobre a

necessidade de desenvolver dentro da comunidade uma

proposta de engajamento social na efetivação de uma política

de ações voltadas para o meio ambiente dentro da escola da

comunidade.

- Uma reflexão sobre a comunidade indígena Maturuca\RR:

relações sociais, transição alimentar, lixo e meio

ambiente/2010 – este trabalho realizou uma reflexão na escola

sobre as relações sociais dentro da comunidade e o impacto

dessas relações no meio ambiente.

- Economia e Qualidade de Vida: a situação socioeconômica

da comunidade indígena Napoleão/2010 – O trabalho se

propõe solucionar o problema da qualidade de vida na

comunidade; porém, estabelece metas que visam o interesse

no processo de produção econômica.

- O meio ambiente da comunidade indígena Jacamim/2010 –

O trabalho se propõe refletir sobre os danos causados ao meio

ambiente dentro da comunidade.

- Aspectos Socioambientais da comunidade indígena

Boqueirão: a escola como espaço de mediação/2010 – O

trabalho tem cunho pedagógico, o que torna a escola da

comunidade o ambiente de discussão da temática por meio de

grupos de alunos.

5. Incentivo à promoção de materiais educacionais

que sirvam de referência para a educação

ambiental nos diversos níveis de ensino e

modalidades de ensino e aprendizagem.

- Processo de Material Didático: uma prática educativa

apoiada na atividade social da produção de farinha para

escola estadual indígena Tuxaua Otávio Manduca na

comunidade Jacamin/2014 – Este trabalho teve o objetivo de

produzir um material didático de cunho pedagógico que

incentivasse a produção de farinha e preservasse a cultura e o

meio ambiente da comunidade.

Fonte: Autora

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6. CONCLUSÃO

Em conformidade com as principais Diretrizes Curriculares Nacionais da

Educação Ambiental, no que tange ao tratamento da Educação Superior, configura-se

que o curso de Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran, por ter em seu Projeto

Político Pedagógico uma transdisciplinaridade entre os três eixos de atuação: Arte e

Comunicação, Ciências Sociais e Ciências da Natureza, é possível verificar o

desenvolvimento da Educação Ambiental no que tange aos critérios apresentados; para

isso, vamos às análises dos dois parâmetros de abrangência, ou seja, do Projeto Politico

Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran e das

Produções de Trabalho de Conclusão do Curso.

No 1º critério descrito pelo DCNAE – Promoção do enfoque da sustentabilidade

em seus múltiplos aspectos, por meio de atividade curricular/disciplina/projetos

interdisciplinares obrigatórios que promovam o estudo da legislação ambiental e

conhecimentos sobre gestão ambiental, de acordo com o perfil profissional dos

diversos cursos de bacharelado, licenciatura, graduação tecnológica e seus

respectivos cursos de pós-graduação. – O PPPC não faz enfoque objetivo da temática

sustentabilidade; o que ele se propõe é uma série de reflexões voltadas à educação

ambiental, descritas em sua matriz, mas sem a obrigatoriedade da temática nos projetos

interdisciplinares. Nos Tcc’s, a reflexão dessa temática só aconteceu uma única vez. No

universo de 248 produções, somente um trabalho de conclusão de curso desenvolveu

essa temática, o que representa apenas 3%, demonstrando que a ausência da discussão

dentro do currículo sobre a sustentabilidade gera como resultado final da formação, Tcc,

a ausência de produções voltadas para o conceito de sustentabilidade.

No 2º critério descrito pelo DCNAE - Fomento a pesquisas voltadas à construção

de instrumentos, metodologias e processos para a abordagem da dimensão

ambiental que possam ser aplicados aos currículos integrados dos diferentes níveis

e modalidades de ensino. – Dentro do PPPC, a pesquisa é a mola propulsora do

currículo transdisciplinar, pois a partir daí é possível o desenvolvimento dos temas

contextuais; e a estrutura do curso possibilita uma avaliação por meio de projetos que

são fomentados pela reflexões no tempo da escola. Nos TCC’s houve 4 produções, ou

seja, apenas o alcance de 10% que se propuseram ao fazer metodológico; porém,

limitaram-se a fazer apenas como proposta pedagógica, por intermédio da escola, sem a

exploração de construção de processos ou instrumentos que pudessem ser

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solucionadores da problemática identificada nas comunidades. Este quadro demonstra a

necessidade do desenvolvimento tecnológico cientifico dentro do currículo para dar o

suporte para novas soluções.

No 3º critério descrito pelo DCNAE – Acompanhamento avaliativo da

incorporação da dimensão ambiental na Educação Superior de modo a subsidiar o

aprimoramento dos projetos pedagógicos e a elaboração de diretrizes específicas

para cada um de seus âmbitos – Por se tratar da gestão administrativa na Educação

Superior, este foi retirado de nossa análise, pois nos detivemos sobre a concepção

pedagógica e as produções dos alunos.

No 4º critério descrito pelo DCNAE – Fomento e estímulo à pesquisa e extensão

nas temáticas relacionadas à Educação Ambiental – Neste critério o PPPC estimula

os diversos projetos de pesquisas, que acontecem por meio de trabalhos de intervenção

nas comunidades dos alunos e vai até o processo de avaliação, que se intensifica por

meio de projetos de pesquisas. Só houve 6 TCC’s com essa proposta, o que representa

apenas 15% no universo de trabalhos produzidos dentro do curso. Isto demonstra a

necessidade do curso em incentivar e fomentar essa temática em seu currículo.

No 5º critério descrito pelo DCNAE – Incentivo à promoção de materiais

educacionais que sirvam de referência para a educação ambiental nos diversos

níveis de ensino e modalidades de ensino e aprendizagem – O currículo tem em sua

estrutura curricular um tema contextual que desenvolve essa temática, demonstrando

um alicerce para a preparação para o desenvolvimento da temática. Nos Tcc’s houve

apenas uma produção que se propôs à confecção de material didático, representando 3%

no universo de produção total do curso, demonstrando a necessidade do incentivo do

curso para a produção de materiais didáticos.

Portanto, a pesquisa conclui que existe a necessidade de uma reformulação do

Projeto Político Pedagógico do Curso, que tenha como foco a sustentabilidade, que

estimule o desenvolvimento de tecnologias para que possa haver produções voltadas

para a produção de mecanismos que solucionem as problemáticas ambientais.

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ANEXOS

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ANEXO 01: PUBLICAÇÃO DE ARTIGO

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