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O COLECIONADOR DE VIDAS uma história de amor entre a película e o dom feminino EFÉMERA Fascículo nº1

Efémera 1

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Trabalho realizado na cadeira de Design de Comuincação

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O COLECIONADOR DE VIDASuma história de amor entre a película e o dom feminino

E F É M E R A

Fascículo nº1

Efémera Maio de 2012

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T Í T U L O

1 º E D I Ç Ã O F A S C Í C U L O

D I R E C Ç Ã O D E A R T E

D E S I G N

F O T O G R A F I A

I L U S T R A Ç Ã O

T E X T O

M O D E L O S

O colecionador de vidas - uma história de amor entre a película e o dom feminino

Maio de 2012

N º 1

Mariana Dias

Mariana Dias

Adriano Sodré e Mariana Dias

Mariana Dias

Mariana Dias e excertos de Pedro Paixão

Adriano Sodré e Neuza Rodrigues

Projecto Cápsula do Tempo

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E F É M E R A

1. Que dura só um dia .2 . [Figurado] De curta duração. BREVE, PASSAGEIRO, TEMPORÁRIO, TRAN-SITÓRIO.

3 . O c o n t r á r i o d e d u r a d o u r o o u p e r m a n e n t e .

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Projecto Cápsula do Tempo

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A Efémera nasceu de um instinto de so-brevivência. Consubstanciada num

projecto intemporal intitulado como Cáp-sula do Tempo, a colectânea permite relem-brar fascículo a fascículo os mais vari-ados costumes e processos que escasseiam com o desenrolar dos anos. Feita a pulso, a revista não é mais que uma crónica sem prazo de validade. Reúne tudo aquilo que os nossos antepassados nos deixaram, sob a forma de um pequeno grito de socorro. A efémera, é um último suspiro de vida. E uma oportunidade de começar de novo.

Neste fasciculo aquilo que se pretende levar para a Cápsula do Tempo é

a o p o r t u n i d a d e d e r e c o r d a r .

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Baseado no romance de Gabriel Garcia Marquéz

“Memória das minhas putas tristes”

__O COLECCIONADOR DE VIDAS__

uma história de amor entre a película e o dom feminino

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E s t o u c a n s a d a d a t u a m e l a n c o l i a

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E s t o u c a n s a d a d a t u a m e l a n c o l i a

Podes ir, se quiseres.

Mas não voltes.

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_RECORDAR

Recordar vidas. Pensar que existe um colecionador de vidas não é mais que espelhar a vida quo-tidiana de um fotógrafo, cuja alma há muito se encontra condenada pela melancolia dos seus próprios fragmentos. É um alguém obces-sivo, que retrata de modo frenético um número exaustivo de mulheres anónimas. Como fascículo, esta é a história da fotografia analógica, a película que capta o sensível, o naif, as cores jamais encontradas no mundo digi-tal. Ainda que seja insensato con-siderar a fotografia como um acto de sobrevivência, ela não deixa de ser sem dúvida o único meio físico que conserva o passado. Retém sor-risos, memórias, pessoas.

Na verdade, a vida não é o que cada um viveu, mas o que recorda e como recorda para contá-la.

vidas_

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Só morremos duas vezes na vida: no dia em que morremos fisicamente, e no momento em que al-guém pega numa fotogra-fia nossa, e ninguém sabe dizer quem lá está.Este é o medo comum. O medo de ser esquecido. Não se deixa o mundo sem nada para trás, sem um testemunho de que aqui estivemos, e fizemos parte. Neste editorial, aquilo que vivemos vai para lá de uma simples sessão fotográfica. É a história de uma aus-ência de amor, a procura constante pelo fixar do tempo. Eles são distantes um do outro. Impessoais. Ela sonha com o abraço dele. Ele prefere fotografá-la a abraçar o vazio. Ela não o conhece, mas a ele, isso chega-lhe.

a n t e s d a f o t o g r a f i a s ó s e m o r r i a u m a v e z

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E l a n ã o o c o n h e c e , m a s a e l e , i s s o c h e g a - l h e .

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Dormi pouco. Julguei ver-te várias vezes no caminho. Por duas vezes pensei na tua boca em estado de pura provação.

Eras quase tu e nunca dizias nada

O c a n s a ç o d e i x a - n o s t ã o v u l n e r á v e i s

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Todas as fotografias ante-riores, todos os momen-tos guardados naquele instante de vida, estão pat-entes na revista apartir da página 33. Trata-se de um jogo visual, que convida o leitor a recordar aquilo que

viu anteriormente.

É um espaço de intro-specção e alegoria. O ín-timo passa para este lado e aquela que é a parte mais bonita de fotografar em película é mostrada. A sur-presa, a desilusão, as cores que não existiam, a luz que parecia fraca mas que queimou os pequenos sais de prata. Não são pixeis, não há tratamento de cor. É tudo uma questão de luz.

De luz.

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Q u e t r i s t e z a a t u a .

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A de não saber o que fazer com o tempo.

Qual?

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REVELAÇÃO

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ÀS ESCURAS

Abre-se a maquina.Tira-se o rolo.

Abre-se o invólucro do rolo.

E enrola-se em peças apro-priadas que permitem que o rolo fique enrolado com uma distância suficiente para o revelador penetrar

na película.

Coloca-se as peças num tambor.

No tambor são colocados os vários químicos com as percentagens certas em função da marca do rolo,

do ISO, e da cor.

Agita-se.Agita-se.

Deixa-se repousar.Retira-se o rolo e pendura-se. Tal qual um estendal de

memórias.

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Após a revelação, as foto-grafias podem ser escolhi-das apartir do próprio neg-

ativo ou pela _prova de contacto_ que consiste numa reprodução de todas as fotografias numa única folha. As provas de con-tacto possibilitam definir os tempos de exposição de luz do projector para cada fotografia isolada. Existe ainda a possibilidade de

aplicar _máscaras_ que escondem manchas gráficas indesejadas.

É uma escolha meticulosa e uma desilusão iminente. O rolo pode ter incravado, queimado, subexposto. As cortinas podem nao ter respondido ao dono e o foque pode não ter sido fiél à objectiva.

M i n h a s h i s t ó r i a s à s f a t i a s

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R e s t a o g r ã o , o r u í d o v i s u a l q u e a s t o r n a m a i s b o n i t a s .

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_AMPLIAÇÃO_Das escolhas, faz-se a ampliação. Mergulha-se as fotografias no revelador, banho de paragem e fixador. O processo, ainda sob luz vermelha é mágico.

Do branco surge a vida conservada, imutável, para sempre.

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A t u a a l m a e s t á m a i s v a z i a q u e e s t e q u a r t o .

Podes ir. Já disse que pode ir.

E e l a f o i .

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Levou a vida toda a esquecer a manhã em que partiu.

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