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PROJETO PEDAGÓGICO Este projeto pedagógico refere-se à obra Irmãos de guerra, da Editora Ática. Não pode ser comercializado. Elaboração: Shirley Souza.

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LEITURA DA OBRA A narrativa de uma história em quadrinhos possibilita a leitura em diversos ní-veis. As características desse gênero textual podem ser exploradas a partir da obra lida a fim de aproximar os alunos dessa forma de contar histórias.

A estrutura de uma HQ: os recursos narrativos de uma história em quadrinhos merecem ser ana-lisados para garantir uma leitura mais rica da obra. É interessante, por exemplo, identificar na disposi-ção regular das cenas e no uso de cores suaves (vide p. 19) a intenção de transmitir um momento de sere-nidade; de modo diverso, podemos encontrar em co-res fortes e imagens entrecortadas tensão ou drama-ticidade (p. 16). A estrutura também varia conforme a necessidade narrativa: ela não precisa ser rígida com quadrinhos de mesmo formato ou tamanho (p. 74-75). Algumas cenas podem ocupar uma página inteira de-vido a sua importância (p. 98).

Analise com a turma ainda alguns recursos textuais e comente suas variações: onomatopeias (p. 135), ba-

lões de fala (p. 25), legendas ou recordatórios (p. 46); balões de grito ou de emoção inten-sa (p. 50). Note também que a intensidade das letras (negrito) indica a entonação da fala. Todas essas características somam-se para criar uma forma diferenciada de narrar.

Como um filme de ação: algumas passagens da história são constituídas apenas de imagens. Como cenas de um filme, a ação é totalmente estruturada sobre a narrativa visual.

Observe com os alunos as p. 11 e 12, compostas majoritariamente por ilustrações, sem palavras:

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A partir das páginas indicadas, em uma roda de conversa, leve os alunos a relatarem oralmente o que veem. Peça que descrevam as cenas em detalhes. Eles devem perceber como as imagens sintetizam todo esse conteúdo, além do dinamismo, da sensação de perigo e tensão, sem o uso de descrições verbais ou de falas.

Promova uma comparação com filmes, traçando um paralelo com cenas de ação onde pra-ticamente não há falas, apenas sons (aqui representados pelas onomatopeias) e trilha sonora.

Também é interessante observar o formato dos quadros: estruturados e com as bordas retas na p. 11 e com as bordas irregulares, sobrepostos, na p.12. Mostre que esse recurso ajuda a ampliar o clima de tensão que culmina no último quadro, quando é dado o co-mando para atacar.

Sons em onomatopeias: em diversas pas-sagens, as onomatopeias constituem o único ele-mento textual nas cenas. Retome as p. 11, 39, 79, 115-118 e 125. Destaque que a forma das letras, as cores, os tamanhos e as distorções podem in-dicar a intensidade do som: letras pequenas equi-valem a um volume baixo (p. 79, 118 e 125); letras maiúsculas, grandes e distorcidas indicam um vo-lume forte e um som ritmado (p. 11 e 39); letras que vão aumentando indicam a intensidade do volume aumentando ou o som em aproximação (p. 115-117). Após essa orientação, é interessante promover uma leitura das onomatopeias discu-tindo o que representam e como produzem os efeitos esperados.

Criando emoção: ao longo da história, di-versos recursos indicam a emoção do momento retratado. Retome com seus alunos as p. 91-99 e avalie os elementos usados para elaborar uma cena tensa: o formato dos quadros que se torna cada vez mais irregular; cores que vão ficando mais intensas e contrastantes; uso de closes nos personagens, revelando suas emoções por meio de expressões ou posturas corporais; falas grita-das, com formato irregular dos balões; desumani-zação criada pela representação dos personagens como sombras, sem feições. É interessante iden-tificar essas características em outros momentos da narrativa, avaliando qual a emoção retratada por meio da análise coletiva das sequências das p. 55, 57, 61-62, 69 (atentar para a dramaticidade conferida pelas cores) e p. 74-75, entre outras.

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O que nos conta a imagem: algumas imagens da história ganham uma página inteira e podem render uma leitura atenta. É o caso da p. 9, onde o céu carregado indica um cenário que não é tão tranquilo como pode parecer em um primeiro momento. A forma como a transição para o passado foi feita também merece ser analisada: a p. 18, por exemplo, é preenchida apenas por um dégradé de cor e textura, como se algo des-vanecesse. A escuridão da p. 42 também é passível de questionamento: envolve a todos, ou apenas a Jacob, que recobra a consciência aos poucos, após a pancada na cabeça? A imagem da p. 46 separa os garotos sequestrados dos soldados, identificando-os por cores (é interessante ainda discutir se essa separação é real ou não, se uma fotografia dessa cena seria diferente e por qual motivo a ilustração realiza essa polarização). Já na p. 47 há o contraste entre a esperança de Jacob e a imensidão e a densidade da mata. Esse tipo de leitura atenta pode ser feita ao longo de todo o livro.

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IDEIAS PARA A SALA DE AULA

1. O que as imagens contam — leitura de imagens e aproximação do texto: Antes de os alunos iniciarem a leitura, é interessante aproximá-los do cenário e da temática. Para isso, proponha a análise coletiva de algumas páginas do livro. Peça que observem as páginas 11, 17, 38, 61, 107. A cada imagem analisada pela turma, questione:

• O que vocês estão vendo e o que acontece nessas cenas?• Essas páginas precisam de balões de fala?• Qual história parece ser contada?• Qual a relação do que vocês estão vendo com o título do livro?Terminada a análise, peça para a turma fazer a leitura. Depois, retome essas impres-

sões iniciais e avalie o que se confirmou ou não.

2. A tribo acholi — análise de conceitos, pesquisa e jornal mural: Na página 24, lê-se: “Esse Kony é da tribo acholi, assim como nós, mas ele nos ataca”. Quando seus alunos chegarem a essa página, peça que reflitam sobre a fala e o que veem: homens sentados em cadeiras, sob uma árvore, vestidos da forma ocidental (a maioria usando terno e gravata) e conversando. Questione os estudantes sobre a ideia de tribo africana que eles possuem.

Na sequência, peça uma breve pesquisa sobre o povo acholi e a região de Uganda, que pode ser feita na internet, com informações e imagens.

Reúna dados em sala de aula e promova uma reflexão sobre o que descobriram a respeito da realidade tribal e da urbana, destacando as dificuldades enfrentadas por eles e o papel do LRA na desestruturação dessa sociedade.

Concluída a análise, a turma pode organizar o que descobriram em um jornal mu-ral (ou virtual), que divulgará para toda a comunidade escolar a realidade vivida pelos acholis.

3. Uganda, ficção x realidade — análise, pesquisa e debate: Ao longo da história, o leitor vai unindo as informações e descobrindo o que acontece em Uganda: as ações agressivas do LRA; o governo que usa os rebeldes como desculpa para conferir mais poder ao Exército; os armamentos dos rebeldes; o apoio ao LRA pelos países vizinhos (Sudão). Discuta com os alunos quais informações da história consideram verdadeiras e quais são ficcionais. Leve-os a perceber que todo o contexto é real, que todos os fatos acontecem de fato, mas não com os personagens da narrativa — que foram criados pela autora. Ao final da leitura discuta com a turma:

• O que acontece em Uganda? • Contra o que o LRA luta?• Quem é Joseph Kony?• Quem foi Idi Amin Dada?• Onde os rebeldes conseguem o armamento?• Por que os rebeldes recebem o apoio do Sudão?

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Após a discussão, peça aos alunos que, em grupos, pesquisem esses assuntos. Depois, em sala, eles devem compartilhar as informações encontradas e voltar a de-bater a situação de Uganda e do LRA, avaliando a proporção das ações de Kony, que já sequestrou mais de 66 mil crianças e forçou o deslocamento de mais de dois milhões de pessoas desde 1986.

4. O que gera a violência? — reflexão e criação: O personagem Lagarto protagoniza diversas cenas de violência intensa. Antes de o livro revelar quem de fato é o garoto, pode ser interessante trabalhar com os alunos a reflexão sobre o assunto. Sugerimos que isso seja feito quando os jovens atingirem a leitura da p. 44, ou mais adiante, no momento de sua morte, na p. 124. Questione os jovens sobre qual seria a história de Lagarto e o que o levou a ganhar as cicatrizes e a se tornar violento.

Ao final da leitura, quando é revelado que Lagarto era Miguel, o neto de Musa Henry Torac, bom aluno, que gostava de matemática e era muito dócil, retome a discussão e debata sobre o que transformou Miguel em Lagarto e se qualquer um está sujeito a essa transformação. Estimule os alunos a escreverem uma dissertação sobre o assunto.

Também é interessante, para enriquecer o debate, rever a fala de Hannah (p. 129) sobre como os rebeldes decidem quem será soldado. Retome ainda a conversa que acontece entre Jacob e Oteka, no início da p. 163, e veja se os personagens pensam de forma semelhante a seus alunos.

5. A volta para casa — reflexão e análise: Jacob sonhava em voltar para a sua vida. Quando isso enfim aconteceu, contudo, a realidade mostrou-se diferente do que ele idealizava. Precisou enfrentar o preconceito de quem o julgava um criminoso, o interro-gatório do Exército interessado apenas em descobrir mais sobre Kony, os conselhos que recebeu para que pudesse perdoar a si próprio (e não considerando que garotos como ele eram vítimas também). Retome essas situações com a turma e as debata, levando os alunos a exporem o que pensam sobre o assunto. Para incentivar a reflexão proponha a releitura da carta final. Onde acaba a vítima e começa o criminoso? Quem deve ser punido? Quem deve ser responsabilizado? O que acontece quando a criança continua no caminho da destruição depois de adulta?

6. Em nome de Deus — debate, pesquisa e conscientização: O LRA agia em nome de Deus e seus membros consideravam-se os escolhidos por Ele. Leve a turma a pesqui-sar outras ações bélicas que acontecem no mundo atual justificadas pela motivação religiosa. Analise a distorção feita da religião ao pregar o respeito aos dez mandamen-tos e usar um trecho da Bíblia para justificar o que Deus quer dos soldados. Leve-os a analisar, neste e em outros movimentos armados ao redor do mundo, o papel do fun-damentalismo e a interpretação da religião subordinada a interesses em oposição à fé. O resultado da análise pode ser transformado em uma campanha de conscientização on-line ou divulgada no colégio.

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ATIVIDADE ESPECIALInvestigação, tribunais internacionais e o papel individual

Kony atua em Uganda desde 1986. Apenas em 2005 ele foi acusado de crimes de guerra na Corte de Haia (momento retratado na p. 85). Seus atos ainda não são co-nhecidos em todo o mundo, mas ele é um dos dez criminosos mais procurados do planeta. Por que demorou tanto para as atrocidades que cometeu serem reconheci-das e julgadas? Seus alunos podem investigar essa situação e refletir sobre ela.

PRIMEIRO PASSO: Em 2012, um filme produzido pelo grupo Invisible Children (http://invisiblechildren.com), Kony 2012, tornou o rebelde conhecido em boa parte do mundo. A proposta do filme era envolver o mundo na luta por sua captura e pedir apoio de in-divíduos e governos. O filme pode ser encontrado na íntegra na internet, legendado em português. Peça que os alunos assistam a ele.

SEGUNDO PASSO: Desenvolva um debate em sala sobre a demora para que os atos de Kony se tornassem conhecidos e ele fosse procurado pela justiça mundial. Por que não vemos notí-cias sobre essas atrocidades nos jornais, nas revistas ou na TV?

TERCEIRO PASSO: Peça aos estudantes que comparem a situação de Uganda ao ocorri-do em outros países onde os Estados Unidos interviram para resolver conflitos internos. Promova uma análise crítica sobre a motivação dos governos das grandes potências mun-diais: o que os leva a agir?

QUARTO PASSO: Leve os jovens a pesquisar informações sobre o vídeo e a julgar se ele pode ser considerado instrumento de combate aos crimes de Kony ou se é uma ferramenta de marketing. Algumas reportagens nacionais criticam o vídeo e podem ser encontradas on-line. Discuta a responsabilidade de cada cidadão e a viabilidade de a ação individual mudar situações como a vivida em Uganda.

QUINTO PASSO: Discuta com seus alunos se é possível mudar a realidade de Uganda e de outros países que vivem realidades parecidas. Retome a informação do final do livro, de que mais de 35 países possuem meninos-soldados. Estimule os estudantes a pesquisarem algumas dessas realidades e refletirem sobre como podemos nos tornar cidadãos ativos e de que forma a internet pode ajudar a mudar realidades como essa.

SEXTO PASSO: Peça que os alunos pesquisem e descubram qual é a situação de Kony na atua-lidade. Mesmo com o envolvimento dos Estados Unidos, ele ainda não havia sido preso em 2013. E, ainda que tivesse perdido força, continuava agindo, sequestrando crianças e transformando-as em seus soldados.

SÉTIMO PASSO: Peça à turma que elabore uma campanha de conscientização no colégio sobre a situação estudada. Ela pode ser feita com cartazes, folhetos, debates, palestras, etc. Solicite uma proposta de ação, real ou virtual, envolvendo a comunidade escolar.