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ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA EMPRESA DO SETOR DE ÓLEO E GÁS Diego Cesar Marques Miguel Henrique Nogueira Calheiros Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientadora: Maria Alice Ferruccio Cosenza, D.Sc. Rio de Janeiro Fvereiro de 2015

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ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIOS DE

UMA EMPRESA DO SETOR DE ÓLEO E GÁS

Diego Cesar Marques Miguel

Henrique Nogueira Calheiros

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Produção.

Orientadora: Maria Alice Ferruccio Cosenza, D.Sc.

Rio de Janeiro

Fvereiro de 2015

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA EMPRESA DO SETOR

DE ÓLEO E GÁS

Diego Cesar Marques Miguel

Henrique Nogueira Calheiros

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

DE PRODUÇÃO.

Examinada por:

_____________________________________

Profª. Maria Alice Ferruccio Cosenza, D. Sc.

______________________________________

Prof. Samuel Jurkiewicz

______________________________________

Prof. Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO de 2015

Miguel, Diego Cesar Marques

Calheiros, Henrique Nogueira

Elaboração de um plano de negócios de uma empresa do setor de

óleo e gás / Diego Cesar Marques Miguel e Henrique Nogueira

Calheiros. - Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2015

IX, 98 P: il. ; 29,7 cm.

Orientadora: Maria Alice Ferruccio Cosenza, D. Sc.

Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/Curso de

Engenharia de Produção, 2014

Referências Bibliográficas: p. 97 - 98

1. Plano de Negócios 2. Pré-sal 3. Tubos Flexíveis

I. Cosenza, Maria Alice Ferruccio. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III.

Elaboração de um Plano de Negócios de uma empresa do setor de óleo e

gás.

"A jornada de mil milhas começa com um passo".

LaoTzu

Agradecimentos

Agradecemos aos nossos pais, sobretudo, pois eles são os responsáveis pelo

início de nossa jornada. O apoio moral e sustentável deles foi a motivação mais

intensa para a continuidade na graduação.

Aos irmãos, amigos, colegas de classe e primos que foram essenciais, e são

presentes que a vida nos deu que contribuíram de forma importantíssima nos

momentos difíceis de desabafos e indecisões.

A nossa ilustre professora, Maria Alice Ferruccio Cosenza, que sempre esteve

disposta a contribuir para o nosso desenvolvimento durante a graduação e para a

elaboração desse projeto final.

Ao corpo docente do curso, que teve papel importantíssimo na nossa formação

pessoal e profissional, especialmente os professores Eduardo Jardim, Vinícius

Cardoso, José Miguel Saldanha e Luiz Antônio Meirelles, além dos professores

Roberto Ivo da Rocha Lima Filho e Samuel Jurkiewicz, integrantes da banca.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, seus servidores e gestores, que nos

proporcionaram uma boa estrutura para a conclusão de nossa graduação.

A todas as pessoas que fizeram parte das nossas vidas durante nossa jornada

no curso. Sabemos que não é fácil concluir um curso de Engenharia e sem o apoio

recebido, essa seria uma tarefa ainda mais árdua.

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Elaboração de um Plano de Negócios de uma Empresa do Setor de Óleo e Gás

Diego Cesar Marques Miguel

Henrique Nogueira Calheiros

Fevereiro/2015

Orientadora: Maria Alice Ferruccio Cosenza, D. Sc

Curso: Engenharia de Produção

Em meio a um cenário inconstante, interna e externamente, a indústria de óleo

e gás tem enfrentado desafios que vão muito além dos simples avanços da tecnologia

de exploração do petróleo. Nesse contexto, a empresa aqui analisada tem o desafio

de saber como se situar diante desse quadro, enfrentando possíveis crises

econômicas, queda de demanda, queda do preço do petróleo, entre outros. O

presente Plano de Negócios tem a finalidade de obter um planejamento para a

empresa de acordo com as suas características e necessidades, gerando Planos de

Gestão, Marketing, Operacional e Financeiro.

Palavras-chave: Plano de Negócios, Pré-sal, Tubos Flexíveis, Subsea.

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Industrial Engineer.

Development of a Business Plan for a Company in the Oil and Gas Sector

Diego Cesar Marques Miguel

Henrique Nogueira Calheiros

February/2015

Advisor: Maria Alice Ferruccio Cosenza, D.Sc

Course: Industrial Engineering

In a volatile scenario, internally and externally, the oil and gas industry has

faced challenges that go far beyond simple advances in oil exploration technology. In

this context, the company analyzed here has the challenge of how to be located on that

scenario, facing possible economic crisis, demand fall, oil price fall, among others. This

Business Plan is intended to get a plan for the company according to their

characteristics and needs, generating Management, Marketing, Operational and

Financial Plans.

Keywords: Business Plan, Pre-salt, Flexible Pipe, Subsea.

Sumário

Introdução ................................................................................................................................... 14

Sumário Executivo ....................................................................................................................... 17

1. O Conceito do Negócio ............................................................................................................ 19

1.1. O Negócio ......................................................................................................................... 19

1.1.1.Camadas Pré-sal ......................................................................................................... 20

1.2 O Produto .......................................................................................................................... 24

2. Plano de Gestão do Negócio ................................................................................................... 26

2.1. Análise de Contexto (CAMGPEST) ................................................................................... 26

2.1.1. Cultural ...................................................................................................................... 27

2.1.2. Ambiental .................................................................................................................. 28

2.1.3. Mercadológica ........................................................................................................... 28

2.1.4. Geográfica ................................................................................................................. 29

2.1.5. Política ....................................................................................................................... 30

2.1.6. Econômica ................................................................................................................. 31

2.1.7. Social ......................................................................................................................... 32

2.1.8. Tecnológica ................................................................................................................ 32

2.1.9. Análise CAMGPEST Consolidada ............................................................................... 34

2.2. Análise do Setor ............................................................................................................... 35

2.2.1. Análise Externa .......................................................................................................... 35

2.2.2. Análise Interna .......................................................................................................... 42

2.2.3. Resumo ...................................................................................................................... 43

2.3. Forças de Porter .............................................................................................................. 44

2.3.1. Ameaça de Novos Entrantes ..................................................................................... 45

2.3.2. Poder de Barganha dos Fornecedores ...................................................................... 46

2.3.3. Ameaça de Produtos Substitutos .............................................................................. 47

2.3.4. Poder de Barganha dos Clientes ............................................................................... 47

2.3.5. Rivalidade entre Concorrentes .................................................................................. 48

2.3.6. Resumo das forças .................................................................................................... 49

2.4. SWOT ................................................................................................................................ 50

2.4.1. Strengths ou Forças ................................................................................................... 51

2.4.2. Weaknesses ou Fraquezas ......................................................................................... 52

2.4.3. Opportunities ou Oportunidades .............................................................................. 52

2.4.4. Threats ou Ameaças .................................................................................................. 53

2.5. Business Canvas ................................................................................................................ 54

2.5.1. Segmentos de Clientes .............................................................................................. 55

2.5.2. Proposta de Valor ...................................................................................................... 56

2.5.3. Canais de Comunicação ............................................................................................. 57

2.5.4. Relacionamento com o Cliente ................................................................................. 58

2.5.5. Fluxo de Receita ........................................................................................................ 59

2.5.6. Recursos Chave ......................................................................................................... 60

Fonte: Os autores ............................................................................................................. 61

2.5.7. Atividades Chave ....................................................................................................... 61

2.5.8. Parceiros Chave ......................................................................................................... 62

2.5.9. Estrutura de Custos ................................................................................................... 63

2.5.9 Canvas Consolidado ................................................................................................... 64

2.6. Segmentação de Mercado ............................................................................................... 64

2.7. Fatores Críticos de Sucesso .............................................................................................. 65

2.7.1. FCS Comparativo ....................................................................................................... 66

3. Plano de Marketing ................................................................................................................. 67

3.1. Produto - FlexiblePipe (Tubos Flexíveis) .......................................................................... 68

3.2. Praça ................................................................................................................................. 71

3.3. Preço................................................................................................................................. 72

3.4. Promoção ......................................................................................................................... 74

3.5. Pessoas ............................................................................................................................. 74

3.6. Processos .......................................................................................................................... 77

3.6.1. Cadeia de Valor ......................................................................................................... 77

4. Plano Operacional ................................................................................................................... 78

4.1 Organograma Funcional .................................................................................................... 78

4.2. Operações do Negócio ..................................................................................................... 81

4.2.1. Operação de Venda ................................................................................................... 81

4.2.2. Operação de Engenharia .......................................................................................... 81

4.2.3. Operação de Aquisição de Matéria-Prima ................................................................ 82

4.2.4. Operação de Manufatura .......................................................................................... 83

4.2.5. Operação de Pós-Venda ............................................................................................ 84

5. Plano Financeiro ...................................................................................................................... 85

5.1. Investimento Inicial .......................................................................................................... 85

5.2. Receita de Vendas ............................................................................................................ 87

5.3. Custos de Operação e Manutenção (O&M) ..................................................................... 88

5.4. Impostos ........................................................................................................................... 90

5.5. Depreciação ...................................................................................................................... 91

5.6. Fluxo de Caixa ................................................................................................................... 92

5.7. Análise de Sensibilidade ................................................................................................... 94

6. Conclusão ................................................................................................................................ 95

7. Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 96

Índice de Figuras

Figura 1 - Feixe de Camadas ........................................................................................................ 21

Figura 2 - Histórico de Eventos do pré-sal................................................................................... 22

Figura 3 - Tubo Flexível Aderente ............................................................................................... 25

Figura 4 - Tubo Flexível Não-Aderente ........................................................................................ 25

Figura 5 - Fatores CAMGPEST ...................................................................................................... 27

Figura 6 - Consumo e Produção Mundial de Petróleo ................................................................ 28

Figura 7 - Produção e Consumo de Petróleo no Brasil ................................................................ 29

Figura 8 - Evolução Investimento E&P ........................................................................................ 32

Figura 9 - CAMGPEST Consolidada .............................................................................................. 34

Figura 10 - Impacto da OPEP ....................................................................................................... 36

Figura 11 - Histórico de Preços do Petróleo ................................................................................ 39

Figura 12 - Resultados Análise Externa ....................................................................................... 41

Figura 13 - Esquema das Forças de Porter .................................................................................. 45

Figura 14 - Resumo das Forças de Porter .................................................................................... 49

Figura 15 - Esquema SWOT ......................................................................................................... 51

Figura 16 - Esquema Canvas ....................................................................................................... 54

Figura 17 - Tipos de Canais de Comunicação .............................................................................. 57

Figura 18 - Recursos Chave ......................................................................................................... 61

Figura 19 - Atividades Chave ....................................................................................................... 62

Figura 20 - Canvas Consolidado .................................................................................................. 64

Figura 21 - Segmentação de Clientes .......................................................................................... 65

Figura 22 - Os 6 P's ...................................................................................................................... 68

Figura 23 - Estrutura Típica de Tubo Flexível .............................................................................. 69

Figura 24 - Diferenças nos Tubos Flexíveis .................................................................................. 70

Figura 25 - Fluxo de Local do Produto ......................................................................................... 71

Figura 26 - Fluxo 1 do Processo ................................................................................................... 72

Figura 27 - Fluxo 2 do Processo ................................................................................................... 73

Figura 28 - Composição do Preço Final ....................................................................................... 73

Figura 29 - Macroprocessos do Negócio ..................................................................................... 78

Figura 30 - Organograma Diretoria Flexíveis ............................................................................... 79

Figura 31 - Organograma Diretoria Manufatura ......................................................................... 80

Figura 32 - Vendas ....................................................................................................................... 81

Figura 33 - Engenharia do Produto ............................................................................................. 81

Figura 34 - Aquisição de Matéria - Prima .................................................................................... 82

Figura 35 - Manufatura ............................................................................................................... 83

Figura 36 - Pós-venda .................................................................................................................. 84

Figura 37 - Gráfico do Fluxo de Caixa .......................................................................................... 93

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Histórico de Investimento Real .................................................................................. 31

Tabela 5 - FCS Comparativo ........................................................................................................ 66

Tabela 6 - Pessoas ....................................................................................................................... 75

Tabela 7 - Investimento Inicial .................................................................................................... 86

Tabela 8 - Resumo Investimento ................................................................................................ 87

Tabela 9 - Receita ........................................................................................................................ 88

Tabela 10 - Custo Fixo ................................................................................................................. 89

Tabela 11 - Custo Variável ........................................................................................................... 90

Tabela 12 - Custos O&M Total .................................................................................................... 90

Tabela 13 - Impostos ................................................................................................................... 91

Tabela 14 - Depreciação .............................................................................................................. 91

Tabela 15 - DRE ........................................................................................................................... 92

Tabela 16 - Fluxo de Caixa ........................................................................................................... 93

Tabela 17 - Resultados do Fluxo de Caixa ................................................................................... 94

¹ O Plano Decenal de Energia foi retirado do site da Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas

e Energia. O site está disponível em www.epe.gov.br.

² Subsea é a exploração de óleo em camadas ultraprofundas

Introdução

De acordo com o mais recente Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE)¹

2022, aprovado em 24 de janeiro de 2014, estão previstos investimentos globais em

energia da ordem de R$ 1,2 trilhão até 2022, sendo R$ 870 milhões correspondentes

ao setor de petróleo e gás natural,correspondendo a um percentual de 72,5% do total.

O plano também prevê um crescimento na produção de petróleo de 2,1 para 5,5

milhões de barris/dia e na produção de gás natural de 70,6 para 189,1 milhões de

m³/dia até 2022.

Como fabricante de tubos flexíveis para exploração Subsea²- bem intermediário

- a empresa analisada depende estritamente do crescimento da demanda do setor

para que os investimentos das grandes corporações dominantes sejam efetivamente

realizados. À medida que a previsão da produção de petróleo e gás natural para o

futuro é boa, significa que essas corporações terão que investir bastante em bens

intermediários tais como os tubos flexíveis, e exatamente nesse mercado é que serão

realizadas as principais análises desse projeto.

O Plano de Negócios é uma ferramenta estratégica derivada do interesse de

uma empresa em se planejar diante de um novo cenário ou da abertura de uma

empresa em qualquer mercado. A ideia básica dessa metodologia é identificar quais

devem ser as ações da empresa a fim de alcançar seus objetivos, levando em

consideração toda variabilidade do mercado - riscos e incertezas.

No caso, a empresa aqui analisada advém de um mercado com uma

perspectiva de crescimento razoável para os próximos anos. Nesse novo cenário,

ocorre a necessidade de se planejar as atividades para as quais a companhia deverá

se atentar na busca por resultados satisfatórios mesmo com certas perspectivas ruins

no ambiente interno e externo brasileiro.

O objetivo do estudo é analisar de uma forma ampla todos os fatores que

interferem no alcance das metas para o futuro da companhia estudada. Através de

uma série de ferramentas consagradas na literatura acadêmica, haverá a capacidade

de indicar o que a empresa deve fazer para se manter sustentável a curto e a longo

prazo.

As hipóteses iniciais do projeto aqui proposto são:

1. A empresa analisada tem dependência crucial no sucesso da Petrobras;

2. O cenário macroeconômico atual indica uma instabilidade na indústria de óleo

e gás;

3. A demanda por tubos flexíveis deve crescer nos próximos anos;

4. A indústria de petróleo e gás é insustentável a longo prazo.

No que tange a limitação do estudo, pode-se dizer que alguns dados

operacionais, como custos e investimentos, tiveram que ser estimados seguindo

ferramentas aprendidas ao longo do curso, para a análise de investimento do projeto.

Adicionalmente, o plano não utiliza algumas ferramentas que poderiam ser relevantes

para uma análise quantitativa. O Plano Jurídico também não é tratado nesse projeto.

Entretanto, o estudo realizado contribui para o mapeamento da situação atual

nos ambientes interno e externo à empresa, considerando todas as características

políticas, econômicas e sociais. Além disso, o plano também determina a viabilidade

econômica do negócio por meio da análise de investimento realizada no Plano

Financeiro. Finalmente, o plano indica quais os possíveis caminhos a serem tomados

pela empresa, apresentando os pós e os contras de cada passo.

A fim de organizar o estudo de forma consciente, o projeto foi dividido em

algumas partes que estão relatadas no sumário executivo logo abaixo.

Sumário Executivo

O estudo realizado foi dividido em sete seções das quais fazem parte o

Conceito do Negócio, os Planos de Gestão do Negócio, de Marketing, Operacional e

Financeiro, além da Conclusão e Referências Bibliográficas.

A primeira seção constitui o negócio propriamente dito. Nesse momento, são

apresentadas informações a cerca do funcionamento do mercado, a dinâmica entre

oferta e demanda e do mapeamento geral do negócio. Ainda nessa etapa, são

transpassadas as características gerais do produto e de sua produção, bem como

seus atributos especificamente requeridos.

Na segunda seção, começa a abordagem estratégica do negócio. Esse ponto é

o primeiro passo para uma análise mais dinâmica do mercado tendo como base

algumas ferramentas importantes tais quais as Forças de Porter, Análise Cultural,

Ambiental, Mercadológica, Geográfica, Política, Econômica, Social e Tecnológica

(CAMGPEST), Análise das Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças (FOFA ou

SWOT), Business Canvas, Segmentação de Mercado e Fatores Críticos de Sucesso.

Tais conceitos são explicados minuciosamente e são utilizados de maneira a aglutinar

informações para uma melhor visão da empresa sobre o mercado.

A terceira seção diz respeito ao Plano de Marketing que é composto pelos 6P's

- Produto, Praça, Preço, Promoção, Pessoas e Processos. Tal análise permite uma

avaliação e reavaliação das suas atividades de negócios.

Na quarta, é apresentado o Plano Operacional do Negócio no qual é possível

ter uma visão funcional da empresa através do Organograma representado nessa

etapa.

¹ Stakeholders são todas as partes interessadas no negócio como investidores, clientes, colaboradores etc.

A quinta seção reflete a visão contábil do negócio por meio de um Plano

Financeiro. Nesse tópico, são analisados e interpretados dados sobre a evolução

econômica do setor e da empresa, sendo então cruzados de forma a explicar o

provável sucesso financeiro da empresa no mercado.

Por fim, a conclusão tem a função de resumir quais devem ser as ações tomadas

pela empresa a fim de obter o melhor resultado esperado para ela e a todos os

stakeholders¹.

1. O Conceito do Negócio

1.1 O Negócio

A exploração de toda a camada brasileira do pré-sal requer uma tecnologia mais

avançada do que aquelas utilizadas nas camadas simples de sal visto que existem

poços com profundidades de até 7.000 metros em águas profundas com até 2.000

metros entre a superfície e o fundo do mar. Adicionalmente, os tubos utilizados nessa

extração do pré-sal estão sujeitos ao contato com elementos acidamente corrosivos,

tais como o sulfeto de hidrogênio (H2S) e o gás carbônico (CO2), e às condições de

alta pressão e temperatura em algumas áreas.

Todo esse espectro de novas condições revela uma necessidade de construção de

novos modelos de exploração e de outros requisitos para o material dos produtos

tubulares petrolíferos, os quais devem ser resistentes à essas restrições mecânicas,

corrosivas e térmicas. Além disso, segundo especialistas, o petróleo extraído do pré-

sal de Santos deverá ter propriedades químicas únicas importantes para o sucesso da

exploração petrolífera nesse local.

De acordo com engenheiros da empresa estudada, os tubos flexíveis com fibra de

carbono possuem menor densidade e não sofrem corrosão. Além dessas

propriedades, eles também podem ser alocados em menores embarcações, o que

reduz o custo total da operação. Outro produto importante são os tubos flexíveis com

camada Teta que possuem uma resistência maior à pressão interna e à fadiga.

As empresas fornecedoras de produtos tubulares estão investindo pesado em

tecnologia para dar suporte às afrontas que o pré-sal trará consigo. Por exemplo, uma

empresa do setor investiu mais de US$ 100 milhões na instalação de novas prensas

em sua planta brasileira que são capazes de produzir tubos de maiores espessuras

(1,5" entre os dimensionais de 12 3/4" a 48"), com graus de aço mais

elevados,apoiando a exploração subsea. Adicionalmente, essas novas prensas

traduzem uma redução no consumo energético em relação aos equipamentos

passados, por conta dos motores e bombas hidráulicas de alta eficiência e dos

transformadores de última geração que alimentam esses equipamentos.

1.1.1. Camadas Pré-sal

A camada pré-sal é uma composição rochosa que está situada a mais de 5 km

abaixo do nível do mar. Nessa região,é extraído o óleo de pedra tão importante para a

indústria de óleo e gás brasileira. Geologicamente, essas camadas tem uma origem

semelhante à camada pós-sal, porém, os abalos sísmicos oriundos da movimentação

das placas tectônicas ao longo dos anos foram responsáveis pela dissociação entre as

camadas pré e pós-sal. Tal fato aconteceu devido a esse choque de placas ter

provocado um deslocamento não só de continentes, mas também de camadas

profundas. Dessa forma, houve a ocupação da camada de sal entre essas regiões, o

que intuitivamente gerou as denominações pré e pós-sal. Na figura 1, segue a

ilustração das camadas abaixo do nível do mar.

Figura 1 - Feixe de Camadas

Fonte: https://diariodopresal.wordpress.com/o-que-e-o-pre-sal/, acessado em

20/02/2015.

Aliadas à alta profundidade da camada, as características corrosivas do

ambiente são um dos principais problemas enfrentados ao longo da exploração

dessas camadas. Além disso, os materiais utilizados nesse processo devem

apresentar grande resistência à alta pressão externa típica de águas profundas. Outro

ponto de destaque é a variação de temperatura entre as camadas ultra-profunda (pré-

sal) e a profunda (pós-sal) e lâmina d'água. Essa variação pode gerar o resfriamento

de parte do óleo que passa pelos tubos, provocando crostas na superfície interna

desses tubos e a obstrução da passagem de óleo em consequência. A figura 2 mostra

a evolução dos eventos do pré-sal.

Figura 2 - Histórico de Eventos do pré-sal

Fonte: Os Autores

O histórico resumido de acontecimentos relacionados ao pré-sal começa em

2005 com a descoberta do primeiro indício da existência de petróleo em camadas pré-

sal, que ocorreu na Bacia de Santos numa região próxima a Parati. No entanto, a

quantidade de petróleo encontrado ainda era inviável para suprir os investimentos

necessários à exploração, pois existiam muitos gases na composição do óleo extraído

dessa região. No ano seguinte, com a continuidade dos eventos de perfuração, foi

descoberta a existência de petróleo leve - qualidade alta - na região de Tupi ainda na

Bacia de Campos. Esse evento foi um marco na história do pré-sal, pois determinou o

início do processo de estudos avançados de tecnologia, logística, segurança, política e

finanças.

A partir desse momento, diversas jazidas foram sendo encontradas e o

governo passou a intervir fortemente para a criação de um novo marco regulatório

para o setor principalmente devido à segurança na exploração do petróleo. Além

disso, em 2009, começa a operação do Teste de Longa Duração (TLD) na região de

Tupi na Bacia de Campos. Depois disso, em 2010, entrou em operação o primeiro

sistema definitivo de produção do pré-sal que ocorreu exatamente nessa região. Ao

mesmo tempo, novas áreas com petróleo pré-sal eram descobertas e novos TLDS

foram surgindo para algumas regiões. Por exemplo, em 2010, o reservatório de

Tracajá da Bacia de Campos recebeu um novo TLD a ser aplicado. Em 2013,

acontece o polêmico leilão para exploração de petróleo do campo Libra na Bacia de

Santos no qual o governo vende seu direito de exploração do petróleo a empresas

privadas e à Petrobras.

Levando em conta os investimentos realizados para garantir a exploração de

petróleo pré-sal, espera-se que essa extração continue a todo vapor e que o produto

ainda seja de alto valor no mercado para os próximos 20 a 30 anos. Apesar disso,

fontes de energia renováveis estão sendo estudadas para substituir o petróleo nesse

ramo e, a fim de não se tornar uma empresa obsoleta, a Petrobras deve incentivar

também essas pesquisas para se sustentar no futuro. A empresa aqui estudada

também deve atentar para o período em que o seu produto continuará sendo útil para

a grande petrolífera brasileira, pois essa extração e, consequentemente os

investimentos em equipamentos,são insustentáveis em longo prazo.

1.2 O Produto

Inicialmente proposto pelo "Institut Francais du Petrole - IFP", o tubo flexível é

um produto bastante utilizado na indústria do petróleo para o transporte de fluidos em

ambientes com condições de pressão extremamente altas. Na exploração subsea,

esse produto é essencial para o bom funcionamento da extração do óleo que se

encontra em camadas bem profundas. No entanto, esse produto também pode ser

utilizado na produção onshore, ainda que seja mais comum a utilização dos tubos

rígidos devido ao seu menor custo de matéria-prima e menor complexidade de

fabricação.

Com a função de resistir a condições extremas de pressão, corrosão e

temperatura, os tubos flexíveis são comumente compostos por três camadas

principais. A primeira camada utiliza material polimérico em sua composição para

evitar o vazamento do fluido que passa internamente ao tubo, mantendo o

escoamento na direção requerida. Logo após, existe uma camada de aço helicoidal

que permite ao tubo uma resistência mecânica de alto nível, evitando problemas com

colapso, explosão e tração. Já a camada externa é composta de um material

anticorrosivo e também permite a proteção contra abrasão e eventos mecânicos.

Embora o custo de material para a sua fabricação seja maior, os tubos flexíveis

tem vantagens de custo na pré-fabricação, instalação, transporte e armazenamento já

que podem ser alocados em grandes bobinas devido a sua flexibilidade.

Quanto à classificação, eles podem ser considerados aderentes (bonded) ou

não aderentes (unbonded). O primeiro tipo indica que existe uma conexão entre as

camadas derivadas de um processo de vulcanização e essas camadas são

dependentes entre si naquilo que são designadas a fazer. Esses tubos são utilizados

somente em pequenas seções tais como Jumpers. Por outro lado, os tubos não

aderentes possuem camadas independentes entre si, isto é, não estão fixas uma na

outra. Dessa forma, eles podem ser utilizados em longos comprimentos satisfazendo o

interesse em explorar óleo em águas profundas.Na figura 3 e 4, são mostrados os dois

tipos de tubos mencionados anteriormente.

Figura 3 - Tubo Flexível Aderente

Fonte: http://fps.nov.com/subsea/flexibles/dynamic-flexible-risers, acessado em

21/03/2015.

Figura 4 - Tubo Flexível Não-Aderente

Fonte: http://fps.nov.com/subsea/flexibles/dynamic-flexible-risers, acessado em

21/03/2015.

2. Plano de Gestão do Negócio

O plano de gestão é a etapa inicial na formulação de um Plano de Negócios.

Nesse plano, devem ser realizados alguns estudos como a Análise de Contexto

(CAMGPEST), as Cinco Forças de Porter, a Análise SWOT, o Business Canvas, a

Segmentação de Mercado e os Fatores Críticos de Sucesso.Esse plano também visa

o entendimento estratégico do negócio.

2.1. Análise de Contexto (CAMGPEST)

A análise cultural, ambiental, mercadológica, geográfica,política, econômica,

social e tecnológica (CAMGPEST) foi uma ferramenta elaborada pela Profª. Maria

Alice Ferruccio Cosenza, D.Sc., tendo como base a análise PEST que é um acrônimo

de análise "Política, Econômica, Social e Tecnológica". Nesse sentido, a análise desse

tópico será baseada nesses parâmetros a fim de obter uma visão da influência dos

fatores macroambientais na decisão estratégica do negócio. A figura 5 explica o que é

considerado em cada análise.

Figura 5 - Fatores CAMGPEST

Fonte: Os autores

2.1.1. Cultural

Culturalmente, a população mundial vem voltando esforços ao

desenvolvimento de produção de energia através de fontes mais sustentáveis ao

planeta Terra. Com números catastróficos sobre o aquecimento global e os

desequilíbrios meteorológicos ocorridos nos últimos anos, estudiosos tendem a

valorizar a dedicação à exploração de novas fontes energéticas menos poluentes.

No entanto, o mundo ainda necessita muito de petróleo, haja vista sua

utilização como commodity em outras indústrias como a fabricação de plásticos por

exemplo. Além dessa necessidade, muitos países ainda dependem do petróleo para

•Envolve a análise do conhecimento /instrução das pessoas a cerca do produtoCultural

•Considera os efeitos do produto ao meio-ambienteAmbiental

•Analisa as condiçoes de vendas e produção do produto no mercadoMercadológica

•Engloba o conjunto de características demográficas importantes para o negócioGeográfica

•Analisa os fatores políticos e legaisPolítica

•Analisa os fatores econômicos do mercadoEconômica

•Envolve a análise do comportamento das pessoas frente ao produtoSocial

•Foca nos aspectos tecnológicos do negócioTecnológica

alavancarem o seus crescimentos econômicos, pois tal produto é uma matéria-prima

rica e importante nesse desenvolvimento. Por esse fator, ainda pode-se considerar o

petróleo como mister para a sociedade, tendo em vista que outras fontes sustentáveis

ainda estão incipientes ao redor do mundo.

2.1.2. Ambiental

Do ponto de vista ambiental, o petróleo por si só é uma fonte de energia não

renovável e poluente ao mesmo tempo. Dessa maneira, sua agressividade ao meio

ambiente pode ser um fator crítico para o insucesso dessa commodity no futuro, assim

que forem descobertas, testadas e utilizadas novas fontes mais sustentáveis ambiental

e economicamente. Apesar de nocivo ao meio ambiente, o petróleo é ainda uma fonte

mais economicamente viável em muitos países, tornando mister sua exploração.

2.1.3. Mercadológica

Mercadologicamente, o consumo de petróleo vem crescendo desde o início dos

anos 80, período pós-crises do petróleo, porém, esse crescimento tem sido menor do

que aqueles registrados até o início dos anos 70. Na figura 5, segue o gráfico que

ilustra os dados de consumo (laranja) e produção (cinza) mundiais de petróleo até 2013.

Figura 6 - Consumo e Produção Mundial de Petróleo

Fonte: http://labs.timogrossenbacher.ch/worldoil/ , acessado em 28/02/2015.

No Brasil, os dados sobre consumo e produção de petróleo estão defasados e

eles são mostrados na figura 7. Verifica-se que a importação de petróleo ainda é

necessária, haja vista que há um déficit entre produção e consumo no país. Portanto,

há uma oportunidade mercadológica para a exploração dos recursos petrolíferos das

camadas do pré-sal que acarretariam um aumento na produção do produto e poderiam

ajudar na redução desse déficit.

Figura 7 - Produção e Consumo de Petróleo no Brasil

Fonte: http://labs.timogrossenbacher.ch/worldoil/ , acessado em 28/02/2015.

2.1.4. Geográfica

Geograficamente, as camadas de pré-sal com potencial de exploração

localizadas no Brasil, sobretudo no porto de Santos, são extremamente ricas em

petróleo com propriedades químicas únicas conforme visto na seção 1.1. Grandes

investimentos estão sendo realizados no porto de Santos e seu entorno, haja vista a

localização privilegiada para diminuir custos logísticos das empresas.

Para a fabricação de tubos flexíveis, essa proximidade com os locais onde

serão explorados é extremamente estratégica, podendo ter esse fator como uma

vantagem competitiva entre os concorrentes do setor. Por isso, empresas buscam

criar acordos e contratos para a fabricação de seus tubos o mais próximo possível

desses locais de exploração offshore/subsea.

2.1.5. Política

Para a exploração do petróleo na Bacia de Santos, o governo leiloou parte do

direito de extração do bem das camadas do pré-sal dessa região. O Consórcio de

Libra, como ficou conhecido o grupo de empresas formado pelas empresas que

compraram os direitos no leilão e pela Petrobras, tem a missão de gerir toda a cadeia

de produção do petróleo que será extraído dessa região.

Houve muitas críticas em relação ao leilão realizado pelo governo, pois o

mesmo reflete uma dificuldade da grande petrolífera brasileira de investir em grandes

projetos, tendo que apelar para essa venda da exploração. Muito dessa dificuldade se

deve aos resultados financeiros catastróficos que a Petrobras tem enfrentado nos

últimos anos oriundos de má gestão administrativa anteriores e atuais. Entretanto, a

Petrobras ainda é a operadora desse consórcio e conta com 40% dos direitos de

exploração do campo. Assim, o cliente essencial das empresas fabricantes de tubos

flexíveis será a Petrobras - operadora do pré-sal.

Além dessas questões, ainda existem escândalos de corrupção envolvendo ex-

diretores da Petrobras e políticos brasileiros. Tais escândalos, somados aos últimos

resultados financeiros da companhia, têm levado a uma desvalorização da empresa

no mercado financeiro por conta da desconfiança de investidores quanto ao seu

sucesso futuro. Em termos práticos, essa falta de investimento pode acarretar uma

queda na produção e uma alta dos preços no mercado interno no futuro.

¹ Considera-se monopólio todo mercado no qual há apenas uma empresa dominante. No caso, a Petrobras é

responsável pela grande maioria de compras do setor, podendo ser considerada como uma empresa monopolística.

2.1.6. Econômica

O mercado de óleo e gás é caracterizado por ser uma indústria monopolística,

e no Brasil esse monopólio¹ é claramente identificado na Petrobras. Tal fato ocorre

devido aos altos investimentos necessários para entrar e se manter nessa indústria.

Por terem poucos atuantes, o retorno é alto, levando grande parte da mão de obra

qualificada. Entretanto, os preços vêm caindo, causando uma preocupação no

mercado.

Dentro da esfera econômica, o cenário atual é favorável à produção de tubos

flexíveis para exploração de óleo e gás, embora esse quadro tenha uma certa

instabilidade característica das presentes ações dos países da Organização dos

Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como será visto mais a frente. De 2009 a

2012, os investimentos da Petrobras em Exploração e Produção (E&P) cresceram

30,5% com uma média de crescimento anual de 9,3% durante esse período. Em

números absolutos, a empresa atingiu um total de U$ 21.9 bilhões investidos em E&P.

A seguir, são mostrados a tabela contendo o histórico de investimento real da

Petrobras e o gráfico com a evolução dos investimentos em E&P.

Tabela 1 - Histórico de Investimento Real

Fonte: investidorpetrobras.com.br, acessado em 28/02/2015.

.

Figura 8 - Evolução Investimento E&P

Fonte: investidorpetrobras.com.br , acessado em 28/02/2015.

Tendo em vista a importância desses investimentos em E&P para a receita da

empresa estudada, pode-se dizer que há uma perspectiva financeira boa para esse

mercado no curto prazo, mesmo que essa análise por si só não seja suficiente para

uma definição da qualidade desse setor a médio e longo prazo. Adiante , será

analisada uma dinâmica do mercado de petróleo com as condições econômicas atuais

interna e externamente.

2.1.7. Social

Tendo em vista que a análise social do produto considera o comportamento

das pessoas sobre o uso do produto, isto é, o julgamento que a população faz sobre a

utilização de tubos flexíveis na exploração de óleo e gás, essa análise se torna

desnecessária. Dessa forma, a análise social não será utilizada nesse projeto.

2.1.8. Tecnológica

Do ponto vista tecnológico, os desafios para o pré-sal são imensos. A

exploração dessas camadas ultra profundas necessitam de diversos produtos capazes

.

de suportar condições adversas subsea, tais como ambientes altamente corrosivos,

com altas pressões e temperaturas. Essas tecnologias demandam investimentos

elevados em estrutura e fabricação, pois são novos bens e muitas vezes requerem a

aquisição de equipamentos e máquinas mais eficientes.

.

2.1.9. Análise CAMGPEST Consolidada

Figura 9 - CAMGPEST Consolidada

Fonte: Os autores

•Necessidade de Fontes Sustentáveis

•Petróleo é comodity em outras indústriasCultural

•Fonte não renovável

•Muito poluenteAmbiental

•Consumo crescente

•Oportunidade do pré-salMercadológica

•Proximidade com os locais de instalaçãoGeográfica

•Leilões realizados pelo Governo

•Escândalos de CorrupçãoPolítica

•Monopólio

•Altos investimetos

•Queda no preço

•Inflação

Econômica

•Não se aplicaSocial

•Pesquisa e Desenvolvimento com a exploração do pré-salTecnológica

.

2.2. Análise do Setor

Qualquer análise realizada sobre a indústria de óleo e gás deve levar em

consideração os aspectos ambientais internos e externos ao Brasil. Em termos

macroeconômicos, a indústria vem sendo bastante ameaçada frente a algumas ações

estratégicas ocorridas ao redor do mundo.

No entanto, ainda que as condições externas não sejam totalmente favoráveis

às petrolíferas brasileiras, a produção de petróleo tem sido mantida a praticamente

todo vapor gerando recordes de extração de óleo e gás. Em meio a esse paradoxo de

aumento da produção com queda no preço, também existem condições ambientais

internas desfavoráveis a todo e qualquer setor da economia. Essas condições são

oriundas da falta de água e energia iminente caso sejam mantidos o consumo

exagerado com redução do índice de chuvas. A seguir, são esclarecidos os

respectivos cenários atuais do setor petrolífero brasileiro.

2.2.1. Análise Externa

Com o intuito de compreender a maneira com a qual o mercado internacional

de petróleo funciona na prática, é necessário o esclarecimento sobre as características

da Organização dos Países Exploradores de Petróleo (OPEP) e como elas afetam

todo o cenário global.

A Organização dos Países Exploradores de Petróleo foi criada em 14 de

setembro de 1960, na Conferência de Bagdá,com o objetivo de aumentar o poder dos

produtores de petróleo frente ao mercado internacional. Nessa época, a demanda

ocidental estava crescendo rapidamente e o preço da commodity estava muito abaixo

do esperado pelos países que ofertavam o produto. Ao longo do último século, a

OPEP foi responsável pelos dois Choques do Petróleo na década de 70, o que

acarretou um incentivo à produção interna dos países ocidentais por meio da extração

de suas reservas hídricas.

.

Tal organização é responsável pelo controle dos preços do mercado de acordo

com os seus interesses. Os países membros da OPEP são: Angola, Argélia, Líbia,

Nigéria, Venezuela, Equador, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque,

Kuwait e Catar. Esses países possuem grandes reservas mundiais de petróleo e

formam um cartel legal com alta influência mercadológica.

Tendo em vista o poder que a OPEP tem sobre o setor de óleo e gás, a

organização pode ser considerada responsável pela perspectiva negativa em relação

ao petróleo. Esse cenário é devido à não redução dos seus níveis de produção,

mesmo que a oferta esteja em um patamar considerado elevado, implicando uma

desvalorização do preço do petróleo. Essa decisão paradoxal tem um objetivo implícito

reservado, sobretudo aos países ocidentais. A figura 10 mostra o impacto dessa

estratégia para a economia brasileira.

Figura 10 - Impacto da OPEP

Fonte: Os autores

O esquema da figura acima ilustra a dinâmica comentada anteriormente. Para

entender perfeitamente a ideia da figura, faz-se necessário o básico conhecimento

prévio de dinâmica de sistemas, em que as relações entre as respectivas variáveis do

sistema são dadas pelos sinais "+" e "-" como representado na figura acima.

Isso significa que onde está escrito "-", a relação é negativa. Já para os lugares

em que a palavra escrita é "+", a relação entre as variáveis é positiva. Ademais,

quando duas variáveis tem relação positiva, elas variam no mesmo sentido, isto é, se

.

uma aumenta de valor, a outra acompanha esse aumento. Quando é negativa, o

aumento de uma delas provoca a redução da outra.

Portanto, temos que a estratégia de alta produção dos países da OPEP

impacta negativamente nos preços internacionais de petróleo, provocando um

aumento das importações de óleo realizadas pelo Brasil. Como a Petrobras utiliza

bastante o óleo estrangeiro na sua produção de óleo para o mercado interno, esse

aumento nas importações incentiva a produção de óleo interna. Enfim, o aumento da

produção de óleo para o mercado interno tende a reduzir o preço dos seus derivados

combustíveis gerando uma redução nos custos das empresas brasileiras, as quais se

sentem incentivadas a ofertar mais no mercado, provocando uma redução nos preços

gerais dos produtos.

Somado a essa análise estratégica, encontram-se os escândalos de corrupção

na Petrobras que também impactam na perspectiva econômica do setor. A figura 11

explica o impacto desses casos e suas respectivas consequências.

Fonte: Os autores

.

Tendo o conhecimento básico de dinâmica de sistemas, é possível entender o

esquema. Abaixo são listadas as principais variáveis do sistema, suas definições,

relações e condições atuais.

i ) Produção OPEP

Essa variável diz respeito à quantidade de petróleo e gás produzida pelos

países representantes da Organização dos Países Exploradores de Petróleo.

Atualmente, esses países estão mantendo uma produção consideravelmente alta dada

as necessidades de exportação do produto. Diante dessa alta produção oriental,

responsável por mais de 75% do abastecimento do mercado internacional, o preço da

commodity no mercado tende a reduzir conforme indica a relação negativa entre essas

variáveis.

ii) Corrupção

Tal variável é somente o número de escândalos de corrupção relatados nos

últimos meses. Os valores de propinas desviadas da grande petrolífera brasileira

chegam à escala bilionária e causaram um grande buraco nos cofres da empresa.

Nesse cenário, investidores de todos os lugares do planeta, viram suas ações

desvalorizarem de maneira drástica ao longo desses meses, chegando a acionar a

empresa na justiça por conta desses escândalos. Portanto, o aumento da ocorrência

dessa variável implica uma redução nos investimentos na empresa como informado

pela relação negativa exibida na figura 9.

iii) Preço de importação do Petróleo

A variável preço é simplesmente o preço corrente do petróleo no mercado

internacional. Tal variável é monitorada diariamente pelo mercado tendo algumas

oscilações no mesmo dia inclusive. A condição atual do preço do petróleo é

desastrosa, pois esse indicador tem atingido valores muito menores do que aqueles

.

registrados há menos de um ano atrás. A figura 11 mostra a condição atual do preço

desde outubro de 2014 até janeiro de 2015.

Figura 11 - Histórico de Preços do Petróleo

Fonte: http://br.investing.com/commodities/crude-oil , acessado em 28/02/2015.

Como é possível observar, em outubro de 2014, o valor do petróleo no

mercado era de $82,00 em média. Já a cotação do dia 29 de janeiro de 2015 indicou o

preço de $47,73. Isso demonstra uma redução de aproximadamente 41% do valor da

commodity no mercado em 3 meses. Embora a última cotação do preço tenha sido um

valor maior do que a cotação diária anterior, as perspectivas para o futuro não são

muito favoráveis, na medida em que os países do ocidente estão mantendo suas

produções em alto nível, assim como os países da OPEP não parecem querer abrir

.

mão desse mercado. O impacto do preço está diretamente ligado com a quantidade de

óleo importada pela Petrobras.

iv) Taxa de Câmbio

Essa variável tem como base de cálculo a quantidade de divisas que uma

nação tem em relação a outra. Quando a economia de um país se torna abalada por

algum motivo relevante, os investidores tendem a retirar seus dinheiros daquele país,

ocasionando uma evasão de divisas e, consequentemente, uma desvalorização da

moeda. No que tange o cenário atual brasileiro, essa desvalorização é um fator que

influencia negativamente nas contas brasileiras.

v) Inflação

A inflação pode ser considerada como a variável resultante dessa dinâmica

mostrada pela figura. Através dessa ilustração, podemos identificar diversos caminhos

que levam a essa última variável, porém, o importante é determinar qual é o impacto

desses caminhos nessa variável. Para tal, é necessária uma análise individual desses

caminhos, os quais são enunciados a seguir e resumidos pela figura 12:

Caminho 1: Produção OPEP > Preço de Importação do Petróleo > Importação

do Petróleo > Produção de Petróleo > Oferta Geral Interna > Preços Internos >

Inflação

Caminho 2: Corrupção > Investimentos na Empresa > Investimentos em

Produção > Produção de Petróleo > Oferta Geral Interna > Preços Internos >

Inflação

Caminho 3: Corrupção > Investimentos na Empresa > Investimentos no país >

Taxa de Câmbio > Preço de Importação > Importações > Demanda no

Mercado Interno > Preços Internos > Inflação

.

Caminho 4: Corrupção > Investimentos na Empresa > Investimentos no país >

Taxa de Câmbio > Preço de Importação > Importações > Produção de Petróleo

> Oferta Geral Interna > Preços Internos > Inflação

Caminho 5: Corrupção > Investimentos na Empresa > Investimentos no país >

Taxa de Câmbio > Preço de Exportação > Exportações > Oferta Geral Interna

> Preços Internos > Inflação

Figura 12 - Resultados Análise Externa

Fonte: Os autores

Diante desse quadro, o governo pode adotar uma política de aumento da taxa

de juros, para interferir na demanda geral de produtos, assim como pode interromper o

não acompanhamento dos preços do petróleo do mercado externo no próprio país.

Porém, esse último seria possível apenas se o governo passasse a importar mais

petróleo do exterior do que produzir, pois o custo unitário de produção brasileiro é bem

maior do que aqueles registrados nos países da OPEP por exemplo. Ademais, o

combate à corrupção na Petrobras é um dos fatores que devem ser encarados como

prioridade para uma recuperação da confiança de investidores, o que acarretaria uma

melhoria na configuração econômica da empresa e do país como um todo.

.

2.2.2. Análise Interna

No Brasil atual, muitos recursos hídricos estão passando por momentos de

extrema defasagem entre o volume médio de água à época e o volume vigente.

Alguns rios importantes utilizados em um dos sistemas mais importantes de

abastecimento de água do estado de São Paulo secaram e isso vem comprometendo

o fornecimento de água à população e empresas.

De acordo com especialistas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-

Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/UFRJ) que participaram do seminário

"A Crise Hídrica e a Geração de Energia Elétrica", o consumo de água no Brasil deve

ser racionalizado com o intuito de frear a taxa de saída de água do volume dos rios do

país. A estimativa realizada apontou para uma crise no sistema elétrico caso essas

medidas não sejam tomadas o mais rápido possível, visto que 69% da energia elétrica

gerada no país derivam das hidrelétricas.

Ademais, o índice médio de chuvas indica que mesmo com a repetição de um

ano chuvoso em 2015, como ocorrido em 2009, os reservatórios não seriam capazes

de atingir os seus respectivos volumes ideais. Portanto, caso a água se torne

realmente um recurso escasso no futuro,o preço da conta de água e luz deve subir

drasticamente provocando um aumento nos custos de produção, podendo ocasionar

uma desvantagem de produção em relação à compra de petróleo no mercado

internacional.

Outro ponto importante é a crise política em que o país se encontra. Com a

última eleição a presidente sendo bastante acirrada, mostra um cenário ainda bastante

crítico em relação às decisões tomadas pela presidente. Escândalos de corrupção na

grande petrolífera brasileira apontam para uma conturbação no setor, com investidores

ainda muito desconfiados do sucesso que a empresa pode alcançar. Assim, o país

.

deve atuar em conjunto com a petrolífera para combater tais casos de corrupção e

recuperar a confiança de grandes investidores.

2.2.3. Resumo

No ambiente externo, pesquisa por novas fontes alternativas de energia está

provocando um resultado negativo à atratividade do mercado. Já os preços do

petróleo em baixa tem provocado um incentivo à produção no mercado interno no

curto prazo, ainda que esta seja negativamente afetada pela corrupção.

Em relação ao ambiente interno, a escassez dos recursos hídricos e

consequentemente de energia elétrica somada à corrupção na Petrobras tem

contribuído para a instabilidade do mercado provocando um resultado negativo à

atratividade dessa indústria. Apesar disso, o índice de produção de petróleo registrado

no Brasil recentemente tem sido elevado implicando um resultado positivo para a

indústria.

Tendo em vista o cenário conjuntural da indústria de óleo e gás, a

comercialização de tubos flexíveis depende intensamente de uma busca pela

estabilização da economia brasileira, na medida em que uma inflação elevada

provoca um desincentivo maior à continuidade da produção a longo prazo. Esse ponto

é crucial para a empresa estudada, pois, com o preço do petróleo abaixo do normal,

pode-se tornar mais vantajoso comprar o produto no mercado internacional do que

produzir internamente devido ao custo unitário de produção brasileiro ser maior do que

de alguns países da OPEP.

Outra questão importante é a busca por fontes alternativas ao petróleo ao redor

do mundo. Muitos países estão pesquisando por medidas mais sustentáveis do que o

petróleo para o fornecimento de energia, tornando-se um produto substituto àquele

que estamos tratando prioritariamente nesse trabalho. Dessa forma, a demanda por

petróleo fica impactada negativamente e isso tende a crescer nos próximos anos.

.

Além disso, no ambiente interno, a empresa pode enfrentar certas dificuldades

quanto ao abastecimento de água e de energia elétrica por conta da crise hídrica em

que o país se encontra atualmente. Essa defasagem nas utilidades básicas da

empresa provocariam um aumento progressivo do custo unitário, incentivando ainda

mais uma queda na produção de petróleo no Brasil a longo prazo.

Todavia, o consumo de petróleo ainda é considerado alto e necessário para a

fabricação de diversos materiais plásticos e também como fonte de energia, embora

tenha uma perspectiva negativa nesse último em um futuro longo. Então, é possível

haver ainda espaço para o consumo do petróleo brasileiro no mercado, caso haja um

aumento desse bolo de demanda mundo a fora.

2.3. Forças de Porter

As Forças de Porter são capazes de esclarecer o poder com o qual a empresa

analisada pode se relacionar com seu entorno. Tais forças surgiram em 1979 com o

objetivo de entender melhor a maneira com a qual uma empresa se apresenta em um

determinado setor. Esse entendimento acontece por meio da análise das 5 principais

forças que regem um mercado que são: Poder de Barganha dos Fornecedores,

Ameaça de Produtos Substitutos, Poder de Barganha dos Clientes, Ameaça de Novos

Entrantes e Rivalidade entre concorrentes. Nesse projeto, foi realizada uma análise

qualitativa do mercado a partir do conhecimento do setor pelos autores. A figura 13

ilustra perfeitamente a metodologia elaborada por Michael Porter.

.

Figura 13 - Esquema das Forças de Porter

Fonte: Os autores , adaptado de Ghemawat (2000).

2.3.1. Ameaça de Novos Entrantes

Os requisitos básicos para a entrada de uma empresa no mercado de tubos

flexíveis são derivados de altos investimentos em tecnologia, estrutura logística e em

um bom time de engenharia. Juridicamente, uma nova empresa não possui barreiras

específicas de entrada no setor, tendo apenas que cumprir os requisitos básicos de

registro e as normas de segurança na produção e do produto.

A diferenciação do produto no mercado de tubos flexíveis pode ser considerada

um fator de intensidade média para barrar a entrada de novos competidores. Existem

.

algumas variações nas características dos produtos que diferenciam -no de uma

empresa a outra, porém, o maior cliente dessas empresas geralmente mantém

requisitos específicos para o produto e certas especificações tornam-se

desnecessárias.

Os tubos flexíveis são altamente resistentes às condições corrosivas presentes

em camadas ultra profundas no pré-sal e, assim, requerem uma tecnologia mais

avançada do que os tubos normais. Apesar de especiais, esses tubos não necessitam

de uma fábrica inteira voltada a sua fabricação apenas, podendo compartilhar

processos com outros tipos de tubos. Portanto, a economia de escopo é um fator

crítico se uma empresa quiser entrar nesse mercado.A partir disso, para a entrada de

uma empresa nova nesse mercado, deverão ser realizados investimentos em outros

tipos de produtos, caso queiram se tornar eficientes ao longo de sua cadeia de

produção.

Em termos de escala, a margem de lucro por produto do setor é relativamente

alta, tornando uma escala de produtos não muito grande para a obtenção de lucros

positivos. No entanto, para suprir os altos investimentos iniciais, uma escala média na

venda de tubos flexíveis é necessária. Por isso, a intensidade desse fator é

considerada média.

Assim, podemos considerar as barreiras de entrada no mercado como um fator

forte e contribuinte para a redução da intensidade da ameaça de novos entrantes.

Essa ameaça, portanto, possui intensidade fraca.

2.3.2. Poder de Barganha dos Fornecedores

Em relação ao poder de barganha dos fornecedores, existe um número restrito

de fornecedores de insumos para a fabricação de tubos flexíveis no mercado. No

entanto, a diferenciação desse insumo entre os fornecedores existentes é pequena,

levando a um equilíbrio entre o poder dos fornecedores.

.

Além desses parâmetros, o número de insumos substitutos é muito pequeno,

tornando maior o poder desses fornecedores frente a empresa. Em contrapartida, o

número de compradores desses insumos também é limitado e, portanto, isso diminui a

força dos fornecedores sobre a empresa e seus concorrentes. Dessa forma, pode-se

considerar o poder de barganha dos fornecedores como sendo de intensidade média.

2.3.3. Ameaça de Produtos Substitutos

Os únicos substitutos para os tubos flexíveis são os tubos rígidos normais que

também são fabricados pela empresa em questão. A diferença entre eles está nas

especificações com as quais cada um deles estão sendo fabricados de acordo. Os

tubos flexíveis são mais resistentes a ambientes altamente corrosivos e tendem a

oferecer mais segurança na extração de petróleo em camadas muito profundas.

Apesar disso, eles possuem um custo de fabricação mais elevado, pois contam com

uma camada de fibra de carbono necessária para a resistência à corrosão.

Dessa forma, na medida em que existem poucos substitutos capazes de

realizar a mesma função que o produto analisado exerce na exploração do petróleo e

que esses tubos flexíveis possuem uma diferenciação elevada dos demais tubos,

pode-se considerar a ameaça de produtos substitutos como de intensidade fraca.

2.3.4. Poder de Barganha dos Clientes

A carteira de clientes da empresa contém uma quantidade muito limitada de

compradores. A concentração das vendas da empresa é intensamente voltada a

atender os pedidos da grande petrolífera brasileira, Petrobras, que representa a maior

parte do faturamento da empresa estudada.

No mercado, existem alguns poucos concorrentes da empresa fabricantes de

tubos flexíveis, o que reduz razoavelmente o poder de barganha dos clientes.

Conforme visto anteriormente, o número de produtos substitutos no mercado é restrito

.

ou praticamente nulo, acarretando uma queda no poder dos clientes frente às

empresas fabricantes de tubos flexíveis.

Apesar disso, pode-se considerar o poder de barganha dos clientes como

sendo de intensidade forte, pois entende-se que a demanda por tubos da Petrobras é

que incentiva ou não a fabricação desses produtos, sendo ela responsável por um

grande pedaço do bolo de demanda do mercado.

2.3.5. Rivalidade entre Concorrentes

A concorrência no mercado tende a ser bem acirrada em função da restrita

quantidade de competidores. Levando em conta a perspectiva de crescimento da

produção de petróleo nas camadas do pré-sal e as atuais condições críticas do setor,

podemos considerar uma perspectiva de crescimento média do mercado para o futuro.

Esse fator leva a uma manutenção da concorrência atual para o futuro.

Além disso, a diferenciação do produto também influi na rivalidade dos

concorrentes. À medida que os tubos flexíveis são altamente diferenciados, os

concorrentes tendem a produzir com uma qualidade superior seus produtos, gerando

uma competição por qualidade e confiança do cliente. As barreiras de saída do

mercado são média, pois, apesar de a flexibilidade de escolha entre a produção de

tubos rígidos ou flexíveis ser muitas vezes simples, a mudança total de setor é

arriscada devido aos altos investimentos em máquinas e equipamentos de fabricação.

Desse modo, é possível determinar que a rivalidade entre os concorrentes

desse mercado têm intensidade forte.

.

2.3.6. Resumo das forças

Figura 14 - Resumo das Forças de Porter

Fonte: Os autores

A tabela acima sumariza o que foi abordado nessa seção. A coluna da

esquerda representa as 5 forças estudadas e a coluna resultado indica a intensidade

final de cada uma dessas forças. No caso, a Ameaça de Novos Entrantes foi

considerada fraca, o Poder de Barganha dos Fornecedores foi considerado médio, a

Ameaça de Produtos Substitutos foi considerada fraca, o Poder de Barganha dos

.

Clientes foi considerado forte e a Rivalidade entre os Concorrentes foi considerada

forte.

Além disso, no meio da tabela, encontram-se os fatores analisados em cada

força, suas respectivas intensidades (fraca, média e forte) e a sua relação com a força

(positiva ou negativa). Assim, como o investimento inicial necessário para entrar no

mercado é gigantesco, a ameaça de novos entrantes é reduzida por esse fator, o que

representa uma relação negativa entre eles.

2.4. SWOT

A Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) é uma

ferramenta bastante usada por estrategistas na modelagem do cenário de um

mercado. Apesar de simples, tal ferramenta pode ser bastante útil para o

direcionamento estratégico de uma empresa.

Segundo Ghemawat (2000), a partir dos anos 60 as empresas passaram a

focalizar a combinação das "forças" e 'fraquezas" de uma empresa - sua competência

distintiva - com as "oportunidades" e "ameaças" que enfrentava no mercado. Desde

então, essa combinação passou a ser intitulada como Análise SWOT. Na figura15, é

ilustrada a configuração básica de uma matriz SWOT.

.

Figura 15 - Esquema SWOT

Fonte: Os autores, adaptado de Ghemawat (2000).

2.4.1. Strengths ou Forças

As forças devem estar relacionadas às vantagens que a empresa possui em

relação aos seus concorrentes. Está ligada ao ambiente interno, ou seja, a corporação

possui meios de influenciar e alterar suas vantagens competitivas.

A empresa estudada possui as forças citadas a seguir:

Gestão de Recursos Humanos: Formada majoritariamente por

engenheiros, a organização prioriza o desenvolvimento de seus

funcionários, fornecendo treinamentos internos e externos, além de

possuir um Portal com treinamentos online. Baixo turn-over;

.

Equipes dedicadas a Projetos: forças tarefas dedicadas exclusivamente

à Gestão dos Projetos;

Multinacional presente em vários países com o conhecimento do

estado da arte nos segmentos em que está dedicada;

Desenvolvimento sustentável;

Infraestrutura completa para a fabricação e instalação de tubos

flexíveis – fábricas, logística e navios;

Liderança Tecnológica.

2.4.2. Weaknesses ou Fraquezas

Assim como as forças, as fraquezas também estão correlacionadas ao

ambiente interno da corporação. São as desvantagens que a empresa possui em

relação à concorrência.

Para a empresa estudada podemos citar as seguintes fraquezas:

Prazo de fornecimento: ao não atender os prazos estabelecidos pelo

cliente por contrato, a Organização pode levar multas;

Custo da não qualidade;

Os processos, procedimentos e sistemas não estão bem definidos

na empresa.

2.4.3. Opportunities ou Oportunidades

As oportunidades de crescimento do setor e da empresa são bem grandes. Há

um campo enorme de exploração de petróleo nas camadas de pré-sal e elas precisam

de tubos flexíveis para suportar as condições corrosivas e de alta pressão devido à

profundidade. Dessa forma, existe a oportunidade de crescimento desse mercado na

.

medida em que os investimentos externos cresçam aliados ao grande potencial de

demanda ainda existente.

Podemos ainda citar mais algumas oportunidades:

Redução dos custos de Projeto;

Análise quantitativa para tomada de decisões;

Negociação de atrasos com os Clientes.

2.4.4. Threats ou Ameaças

As ameaças ao bom desenvolvimento da empresa são extremamente

preocupantes em longo prazo. Conforme já visto previamente, a crise de preços do

petróleo, a iminente crise hídrica e energética, os escândalos de corrupção na gigante

petrolífera brasileira e as novas fontes de energia são fatores que ameaçam o

crescimento desse setor no futuro. O cenário remete a alguns aprendizados nos quais

a empresa deve se basear para evitar ficar obsoleta e improdutiva. A companhia deve

buscar alternativas de produtos e clientes a fim de não depender muito de um cliente

apenas, embora essas possibilidades sejam limitadas.

Quanto à crise de água, a conscientização depende de toda a população

brasileira incluindo as empresas, para evitar desperdícios e manter os recursos

hídricos com uma vazão de saída menos ofensiva.

A demanda por flexíveis está em alta devido a exploração do pré-sal.

Entretanto, a oferta de tubos flexíveis não cresceu no mesmo ritmo e por isso existe a

possibilidade da Petrobras migrar para a solução dos tubos rígidos, prejudicando todos

os ofertantes de flexíveis.

.

2.5. Business Canvas

O Business Canvas é um modelo de negócios bastante utilizado para

compreender como uma organização consegue criar, entregar e capturar valor.

Segundo Osterwalder (2010), tal ferramenta é composta por nove blocos que

englobam as características das quatro principais áreas de um negócio - Demanda;

Oferta; Infraestrutura e Viabilidade Financeira. A estrutura básica dessa modelagem é

apresentada na figura abaixo.

Figura 16 - Esquema Canvas

Fonte: http://startupsorocaba.com/canvas-o-que-e-business-model-canvas/, acessado

em 01/03/2015.

Os próximos passos serão abordar cada um desses nove blocos

individualmente e, após as caracterizações individuais, aglomerar o conjunto de

informações no modelo Canvas para a empresa analisada.

.

2.5.1. Segmentos de Clientes

O bloco Segmentos de Clientes indica quais os diferentes grupos de

consumidores a empresa visa alcançar e servir. Grupos de consumidores podem

representar um mesmo segmento de cliente, no entanto, em muitos casos eles

definem diferentes estilos de consumo. Segundo Osterwalder (2010, pág 20-21),

algumas características apontam para a necessidade de dividir esses grupos em

segmentos de clientes, tais como:

Diferentes necessidades que requerem diferentes ofertas

Diferentes canais de comunicação

Diferentes tipos de relação

Diferentes margens de lucro

Diferentes aspectos do produto lhe chamam a atenção

Além disso, essas características específicas podem sugerir diferentes tipos de

segmentos de cliente que formam modos de mercado distintos. Abaixo, seguem

alguns exemplos de mercado e suas definições.

Mercado de Massa - apresenta grande número de consumidores com

necessidades bem semelhantes entre si;

Nicho de Mercado - segmento de mercado voltado a atender necessidades

bem específicas e especializadas. Geralmente, é atribuído à relação entre

empresas fornecedoras e compradoras.

Segmentado - caracterizado por uma leve distinção entre alguns segmentos de

mercado com diferentes necessidades.

Diversificado - engloba um conjunto de segmentos de mercado extremamente

diferentes com inúmeras mudanças dentro da organização para atender esses

mercados distintos.

.

Com essas informações, podemos dizer que o mercado que está sendo

analisado neste projeto diz respeito a um Nicho de Mercado, tendo em vista a

especialização do produto requerida para atender as necessidades da gigante

organização petrolífera brasileira, e a relação fornecedor-comprador.

Tal fato pode ser considerado um risco devido à dependência de um único

cliente. Entretanto, pelo produto ser diferenciado, podemos considerar uma

dependência mútua, o cliente depende muito da empresa em questão, que focou no

cliente que realmente importa.

2.5.2. Proposta de Valor

O bloco representado pela Proposta de Valor envolve um espectro de produtos

e serviços que criam valor a um Segmento de Cliente específico. Tal elemento é

responsável pelo atendimento das expectativas, necessidades e desejos dos clientes

através da cobertura de seus valores quantitativos (preço, prazo de entrega etc.) ou

qualitativos (qualidade, experiência do consumidor etc). Alguns pontos podem

contribuir para criação de valor ao cliente, são eles:

Novidade - novas tecnologias, processos ou sistemas;

Performance- melhoria na qualidade do produto ou do serviço;

Customização - criação de produtos com características específicas ao cliente;

Design - melhor forma e desenho do produto;

Marca - força da marca sobre a sociedade;

Preço - quanto mais barato melhor;

Acessibilidade - forma mais fácil de interagir com o cliente;

Utilidade - quão útil o produto ou serviço é para o consumidor;

Redução de Risco - menor índice de defeitos e reparos necessários;

.

No caso da empresa analisada, as propostas de valor claras são a Novidade,

Performance, Customização e a Redução de Risco, pois o principal cliente da

companhia requer tubos flexíveis de alta qualidade, com inovações tecnológicas(para

um melhor desempenho) e com risco de defeito muito baixo, para diminuir o índice de

parada/perda na extração de petróleo.

2.5.3. Canais de Comunicação

A característica essencial dos Canais de Comunicação é de comunicar e

alcançar os Segmentos de Clientes para fornecer sua Proposta de Valor. Segundo

Osterwalder (2010, pág 26-27), os canais de comunicação possuem cinco fases e

podem ser diretos ou indiretos. Além disso, eles também têm a opção entre serem

próprios ou de terceiros. A tabela abaixo mostra essas divisões.

Figura 17 - Tipos de Canais de Comunicação

Fonte: Os autores

No caso da empresa estudada nesse trabalho, o principal canal de

comunicação com o cliente é por meio de encomendas realizadas pela Petrobras que

podem ser consideradas como vendas diretas. A fase desse canal é a Compra.

1. Consciência – A divulgação dos produtos acontece, principalmente, por meio

de apresentações feitas diretamente com o cliente.

.

2. Avaliação – A avaliação dos produtos é realizada pelo departamento de

Qualidade da empresa através de pesquisas de satisfação e pelo

departamento de Pós-Venda, que acompanha a performance do produto ao

longo dos anos.

3. Compra – Quando o cliente enxerga a necessidade de compra de tubos para a

exploração de petróleo, ele abre disputa para possíveis fornecedores desses

produtos. Depois que o fornecedor vence a disputa ganha o contrato com

valores e a quilometragem de fornecimento.

4. Entrega – A entrega do produto depende do contrato de fornecimento. Às

vezes o cliente pede o serviço de instalação e monitoramento das linhas, em

outras vezes solicita outras empresas para fazê-lo.

5. Pós-Venda – Fase fundamental para o fornecimento de linhas flexíveis. A

confiança do cliente é conquistada com um ótimo serviço de pós-venda com o

monitoramento das linhas. Tal atividade trás a certificação como fornecedor.

2.5.4. Relacionamento com o Cliente

O Relacionamento com o Cliente aborda os tipos de relacionamentos que uma

empresa estabelece com os respectivos Segmentos de Clientes. Existem diversas

categorias de Relacionamento que podem ser difundidas pelos variados

relacionamentos entre a empresa e um Segmento específico. Alguns tipos de

relacionamentos são citados abaixo:

Assistência Pessoal - baseada em interação humana. Comunicação real entre

o cliente e funcionário;

Assistência Pessoal Dedicada - relação humana dedicada a um cliente

específico / individual;

Self-service - a empresa oferece todo o suporte necessário para a resolução

própria de problemas pelo consumidor;

.

Serviços Automatizados - a empresa fornece um suporte automatizado para o

cliente solucionar seus problemas;

Comunidades - a empresa apoia a formação de comunidades reais ou virtuais

para o debate sobre problemas e melhorias do produto/serviço;

Criação Compartilhada - utiliza o consumidor como seus "funcionários",

incentivando-o a produzir conteúdo inovador para a empresa;

No caso da organização estudada aqui, existe mais de um tipo de

relacionamento característico dessa relação entre a empresa e seu principal cliente. A

princípio, o relacionamento entre eles deriva de uma Comunidade, pois os produtos

tubulares fabricados ocorrem em função da necessidade primordial em extrair petróleo

e, assim, suas especificações são atendidas. Além disso, podemos citar a

Assistência Pessoal Dedicada, onde o Cliente conta com uma estrutura de Projetos

dedicada e alinhada com os projetos dos Clientes.

2.5.5. Fluxo de Receita

O Fluxo de Receita representa o caixa de entrada que uma companhia gera a

partir de cada Segmento de Cliente. Existem diversas formas de gerar o fluxo de

entrada de dinheiro, que são:

Venda de Ativos - venda de direitos de propriedade de um produto físico;

Taxa de uso - uso de um serviço particular. Quanto maior o uso, mais caro o

serviço;

Taxa de Inscrição - uso de um pacote de serviços por um determinado período;

Empréstimo / Aluguel / Arrendamento - doar o uso de sua propriedade para

outro durante um certo período;

Licenciamento - venda de direitos de propriedade intelectual através de taxas

de licenciamento;

Taxa de Corretagem - comissões de vendas;

.

Publicidade - taxas derivadas da realização de uma propaganda de um certo

produto;

O único fluxo de receita da empresa analisada diante do seu principal cliente é

a Venda de Ativos, ocorrida em razão da venda dos direitos de propriedade do seu

produto físico - tubos flexíveis. Entretanto, para o fornecimento desses produtos à

grande petrolífera brasileira, é necessário um contrato oriundo de uma licitação para a

realização de tal serviço. Logo, o mecanismo de preços desses produtos é fixo e eles

possuem valores estáticos. A receita da empresa pode variar de acordo com o

volume de produtos encomendados.

2.5.6. Recursos Chave

Os Recursos Chave de uma empresa representam os ativos essenciais para o

funcionamento de um modelo de negócios de uma firma. Os Recursos Chave podem

ser divididos entre as seguintes categorias:

Físico - conjunto de ativos físicos / estruturais da empresa;

Intelectual - envolve o conhecimento proprietário da empresa sobre seus

clientes, mercado ou tecnologia;

Humano - referente ao grupo de colaboradores da empresa;

Financeiro - traduz todo tipo de finanças relacionados à empresa;

Dentre as características principais relativas aos recursos necessários para as

atividades produtivas realizadas pela companhia estudada, estão aquelas referentes

ao capital Físico, Intelectual, Humano e Financeiro. No que diz respeito ao capital

físico, toda a estrutura necessária para a produção de tubos flexíveis é muito

importante e bastante cara, necessitando altos investimentos iniciais. Quanto ao lado

humano, são necessários engenheiros altamente qualificados para a execução,

associados ao conhecimento intelectual inerente da empresa e o acompanhamento

.

dos processos de produção e execução dos projetos. Enfim, para ter sucesso no

mercado, a empresa tem que ter capital financeiro para proferir altos investimentos em

produção, principalmente com a compra de matéria-prima.

Figura 18 - Recursos Chave

Fonte: Os autores

2.5.7. Atividades Chave

As Atividades Chave da empresa englobam o espectro de atividades

primordiais nas quais a empresa deve manter o foco. Essas atividades conduzem a

organização ao sucesso no mercado e são extremamente importantes nos processos

de produção. Elas podem ser divididas em:

Produção - toda estrutura de projeto, produção e entrega de um produto /

serviço;

Resolução de Problemas - atividades que reflitam alguma inovação ou

melhoria nos processos da empresa (consultoria);

Rede/ Plataforma - estrutura de Tecnologia da Informação da empresa;

As atividades que se destacam na empresa são Engenharia para customizar

os produtos de acordo com a necessidade do cliente; Produção para reduzir

Humano

Intelectual

FísicoFinanceiro

.

custos/perdas e melhorar os processos fabris e Projetos para garantir a satisfação do

cliente, a entrega dentro do prazo contratual e a solução de problemas característicos

dos projetos.

Figura 19 - Atividades Chave

Fonte: Os autores

2.5.8. Parceiros Chave

Os Parceiros Chave do negócio contemplam a rede de fornecedores e

parceiros que promovem o funcionamento do negócio. Osterwalder (2010, pág 38-39)

sugere que as motivações para a criação de parcerias podem ser distinguidas entre:

Otimização e Economias de Escala - redução de custo e melhoria nos

processos;

Redução do Risco e Incerteza - parcerias estratégicas para reduzir risco em

um ambiente competitivo;

Aquisição de Recursos e Atividades Particulares - parcerias para adquirir novos

conhecimentos e/ou tecnologias;

Podemos definir como Parceiros Chave os fornecedores, clientes da empresa

estudada. Para alguns insumos há apenas um fornecedor qualificado, sendo um

risco e ponto de atenção para a empresa. Além disso, há de se considerar também

Engenharia Projetos Manufatura

.

a universidade como parceiro da empresa, pois além de serem oportunidades de

promoção, elas também determinam se o produto fabricado pela empresa é

realmente confiável e de qualidade e, portanto, podem ser oferecidos à Petrobras.

2.5.9. Estrutura de Custos

O último bloco do Canvas corresponde a Estrutura de Custos, o qual é

caracterizado por descrever todos os custos responsáveis pelo funcionamento do

modelo de negócio da companhia. Osterwalder (2010, pág 40-41) divide a Estrutura de

Custos em dois tipos fundamentais de fundamentos que orientam o objetivo da

empresa, são eles:

Baseado em Custo - foca na minimização de custos;

Baseado em Valor - foca na criação de valor;

Além disso, o autor sugere que a Estrutura de Custos podem ter as seguintes

características relacionadas:

Custos Fixos - independem da quantidade de produtos vendida;

Custos Variáveis - variam de acordo com a quantidade de produtos vendida;

Economias de Escala - vantagens de custo devido ao grande volume de venda

/ produção;

Economias de Escopo - vantagens de custo de produção devido à variedade

no escopo do produto.

.

2.5.9 Canvas Consolidado

Figura 20 - Canvas Consolidado

Fonte: Os autores

2.6. Segmentação de Mercado

No mercado de tubos flexíveis, os consumidores são as petrolíferas que

realizam explorações de petróleo em camadas com condições adversas extremas.

Para a companhia analisada, o foco seria em petrolíferas brasileiras e, com ênfase

maior na Petrobras. Assim, o mercado fica segmentado da seguinte forma:

.

Figura 21 - Segmentação de Clientes

Fonte: Os autores

2.7. Fatores Críticos de Sucesso

Os fatores críticos de sucesso definem quais devem ser os principais pontos

aos quais a empresa deve se atentar em busca do sucesso geral em um dado

mercado. No caso da indústria aqui estudada, os principais fatores críticos de sucesso

são:

Inovação Tecnológica em produtos mais eficientes;

Captação de Recursos Humanos de alta qualidade;

Gestão da Qualidade do produto;

Logística interna e externa;

Gestão do Conhecimento;

.

O primeiro fator crítico diz respeito aos investimentos realizados em Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D). O segundo fator abrange toda a política de contratação de

colaboradores por meio da sua capacitação técnica e psicológica. A gestão da

qualidade do produto refere-se a todos os esforços aplicados no atendimento às

especificações envolvidas no controle de qualidade dos tubos flexíveis. A logística dos

tubos é um ponto crucial para a entrega e distribuição efetiva desses produtos com

qualidade. Já a gestão do conhecimento, conduz consigo a forma com que a empresa

capacita seus funcionários a ter um desempenho cada vez melhor.

2.7.1. FCS Comparativo

Visando uma comparação dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) entre a

empresa e seus concorrentes fabricantes de tubos flexíveis no Brasil, foi elaborado

uma tabela a qual mostra a força da empresa perante os competidores do setor. Tal

quadro tem como base uma série de pesquisas realizadas nos sites das empresas,

além de entrevistas dadas ao público por colaboradores dessas empresas. Na tabela 5

segue a ilustração do FCS Comparativo:

Tabela 2 - FCS Comparativo

Fonte: Os autores

Como é possível observar, a empresa aqui analisada tem uma vantagem

competitiva em relação aos demais concorrentes no que diz respeito aos Fatores

.

Críticos de Sucesso analisados. A Concorrente C é uma empresa nova no mercado

brasileiro e ainda detém pouco conhecimento prático do funcionamento do sistema

petrolífero brasileiro. Essa empresa também tem uma plataforma logística limitada em

relação aos demais competidores do mercado. Dessa forma, sua nota final esteve

muito abaixo das demais.

Em relação às concorrentes A e B, elas são bem mais consolidadas no

mercado de tubos no Brasil e tem bastante confiança da principal petrolífera brasileira.

Essas duas empresas são bastante semelhantes no que refere-se ao mercado de

tubos flexíveis, sendo a concorrente A com maior qualificação em seus recursos

humanos, ao passo que a concorrente B está investindo mais forte na pesquisa de

novas tecnologias.

3. Plano de Marketing

Philip Kotler, em 1998, organizou quatro elementos que deveriam ser

abordados quando o assunto era Marketing. Esses quatro elementos foram

consagrados como os 4P’s do Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção. Para

agregar a esses quatro elementos, a professora Maria Alice Ferruccio Cosenza,

inseriu mais ‘2P’s’, para tornar a análise mais ampla: Pessoas e Processos. Iremos

abordar cada um desses elementos separadamente em nosso estudo. A figura 22

ilustra essa metodologia.

.

Figura 22 - Os 6 P's

Fonte: COSENZA (2013), adaptado de KOTLER (1998).

3.1. Produto - FlexiblePipe (Tubos Flexíveis)

Empresas exploradoras de petróleo precisam transportar petróleo ou o gás

natural desde a sua extração até as plataformas, e isso se dá por meio de tubulações.

Atualmente existem dois tipos de tubos: os rígidos e os flexíveis. Os flexíveis têm o

custo mais elevado, entretanto possuem inúmeras vantagens, as quais podemos citar:

Instalação mais rápida e mais fácil;

Pouca manutenção ao longo de todo o projeto (mais resistente);

Mais flexível, segue os contornos do fundo do mar;

Maior resistência à pressão;

Maior resistência à corrosão devido à camada de pressão zeta;

Instalação em módulos, facilitando possíveis trocas;

Utilizados em águas rasas, média profundidade, profundas e ultra-profundas;

Maior estabilidade;

Produto

Preço

Praça

Pessoas

Processos

Promoção

.

Entre outros.

Os tubos flexíveis são feitos de várias camadas diferentes. Os principais

componentes são as barreiras termoplásticas a prova de vazamentos e os fios de aço

resistentes à corrosão. Os fios de aço de forma helicoidal dão a estrutura resistência à

altas pressões e excelentes características de flexão proporcionando alto

comportamento dinâmico. É uma estrutura de construção modular com camadas

independentes, mas que interagem entre si.

Figura 23 - Estrutura Típica de Tubo Flexível

Fonte: https://nonerieska.files.wordpress.com/2013/01/post10-1.jpg, acessado em

05/03/2015.

Como vemos na figura acima a estrutura de um típico tubo flexível possui

várias camadas que estão descritas a seguir:

Revestimento externo: feito de plástico com a função de proteção;

Armaduras: possui a função de resistência de carga de tração;

.

Cofre de Pressão: é um aro para resistir à pressão hídrica, e existem em dois;

tipos: zeta e teta. Evita o desgaste por fadiga;

Revestimento de Pressão: Estanqueidade, evita vazamentos;

Carcaça: Função de evitar o colapso da linha.

Entretanto, para cada objetivo existem pequenas diferenças nos tubos flexíveis.

Figura 24 - Diferenças nos Tubos Flexíveis

Fonte: A empresa

.

3.2. Praça

Como abordado no item 2.5.4, a venda dos produtos ocorre por meio de

apresentações de amostras do produto diretamente no escritório do cliente. O mesmo

ocorre com os fornecedores de insumo da empresa. A forma como a entrega do

produto é realizada é definida em contrato assinado no início do projeto, e pode

acontecer de três maneiras distintas:

1. O cliente faz a retirada do produto diretamente na fábrica;

2. O cliente contrata o transporte até o local de instalação do produto;

3. O cliente contrata o transporte e a instalação do produto.

O fluxo dos locais por onde passa o produto de um projeto do início até o fim pode

ser visualizado a seguir:

Figura 25 - Fluxo de Local do Produto

Fonte: Os autores

.

3.3. Preço

O preço dos produtos é definido em contrato. Como a compra das linhas

flexíveis não possui peso significante no orçamento do cliente, a empresa possui

grande poder de barganha, com alto retorno sobre o investimento.

É elaborado antes da assinatura do contrato um orçamento com todos os itens

a serem entregues, a quantidade (em km) e o preço final. Esse orçamento é

submetido à aprovação pelo cliente. A seguir um fluxo do processo:

Figura 26 - Fluxo 1 do Processo

Recebimento documentos de proposta

Preparação da Proposta (Estimativa de Custo; Plano de execução do Projeto; Apresentação do contrato e Financeiro)

Definição dos Riscos do Projeto

Submissão da Proposta para o Cliente

.

Figura 27 - Fluxo 2 do Processo

Fonte: Os autores

A competição não é grande no segmento focado pela empresa (tubos flexíveis

com diâmetros maiores) e por isso a margem é alta. No mercado de tubos flexíveis de

diâmetros menores a competição é alta, diminuindo a vantagem, e por isso, a empresa

raramente ganha contratos desse tipo.

O preço final é constituído das seguintes partes:

Figura 28 - Composição do Preço Final

Fonte: Os autores

Revisão da Proposta pelo Cliente

Autorização da Gestão da Empresa

Fechamento do Contrato

Custos de MP

Custos de MO

Margem Fábrica

Margem Projeto

Preço

.

3.4. Promoção

A promoção da empresa é feita principalmente por meio de apresentações

diretamente com os clientes. Outros meios de propaganda são:

Site da empresa: No site é possível encontrar diversas informações, como:

produtos, publicações, informações para investidores, carreira, notícias, linhas

de atuação, entre outros.

Redes Sociais: Facebook, Twitter, Youtube e Linkedin.

Logomarca conhecida.

Atuação em universidades.

Atuação em eventos de óleo e gás.

Conquista de certificações renomadas.

Outros.

3.5. Pessoas

O RH da empresa é estratégico, por isso está sempre em reuniões de

alinhamento com a estratégia da empresa, sempre buscando uma melhoria da

qualidade de vida do colaborador. Isso é de fundamental importância, uma vez que o

capital humano é o que a empresa possui de mais valioso.

Por ser uma empresa de grande porte, vamos focar nos cargos do

departamento de projetos, como podemos ver no organograma elaborado no item 4.1.

O Ministério do Trabalho e Emprego possui em seu site oficial uma funcionalidade

denominada Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Nela podemos ver a

identificação das ocupações no mercado de trabalho. A funcionalidade não possui

todos os cargos existentes, por isso, podemos ter não cargos exatos, mais cargos que

mais se aproximam do real. Segue a tabela com os principais cargos:

.

Tabela 3 - Pessoas

Cargo Real Cargo Aproximado Código Descrição

Diretor Diretor Administrativo

e financeiro

1231-10 Dirigem o fluxo financeiro da empresa;

implementam o orçamento empresarial e

administram recursos humanos.

Controlam patrimônio, suprimentos e

logística e supervisionam serviços

complementares. Coordenam serviços de

contabilidade e controladoria e elaboram

planejamento da empresa.

Gerente de

Projetos

Gerente Administrativo 1421-05 Exercem a gerência dos serviços

administrativos, das operações

financeiras e dos riscos em empresas

industriais, comerciais, agrícolas,

públicas, de educação e de serviços,

incluindo-se as do setor bancário.

Gerenciam recursos humanos,

administram recursos materiais e serviços

terceirizados de sua área de

competência. Planejam, dirigem e

controlam os recursos e as atividades de

uma organização, com o objetivo de

minimizar o impacto financeiro da

materialização dos riscos.

Coordenador

de Projetos

Supervisor

Administrativo

4101-05 Supervisionam rotinas administrativas em

instituições públicas e privadas, chefiando

diretamente equipe de escriturários,

auxiliares administrativos, secretários de

expediente, operadores de máquina de

escritório e contínuos. Coordenam

serviços gerais de malotes, mensageiros,

transporte, cartório, limpeza,

terceirizados, manutenção de

equipamento, mobiliário, instalações etc;

administram recursos humanos, bens

patrimoniais e materiais de consumo;

.

organizam documentos e

correspondências; gerenciam equipe.

Podem manter rotinas financeiras,

controlando fundo fixo (pequeno caixa),

verbas, contas a pagar, fluxo de caixa e

conta bancária, emitindo e conferindo

notas fiscais e recibos, prestando contas

e recolhendo impostos.

Engenheiro

de Produção

Engenheiro de

Produção

2149-05 Controlam perdas de processos, produtos

e serviços ao identificar, determinar e

analisar causas de perdas, estabelecendo

plano de ações preventivas e corretivas.

Desenvolvem, testam e supervisionam

sistemas, processos e métodos

produtivos, gerenciam atividades de

segurança no trabalho e do meio

ambiente, gerenciam exposições a

fatores ocupacionais de risco à saúde do

trabalhador, planejam empreendimentos

e atividades produtivas e coordenam

equipes, treinamentos e atividades de

trabalho.

Engenheiro

de Materiais

Engenheiro de

Materiais

2146-05 Projetam estruturas, propriedades e

processos de materiais e, para tanto,

entre outras atividades, selecionam

materiais e processos, planejam e

supervisionam testes e experimentos e

caracterizam produtos, processos e

aplicações. Assessoram na

transformação de matérias-primas em

produtos, desenvolvem produtos,

processos e aplicações, gerenciam

qualidade de matérias-primas, produtos e

serviços e elaboram documentação

técnica. Podem prestar assessoria

técnica a clientes.

.

Logística Diretor de

Suprimentos e Afins

1234-05 Planejam, no mais alto nível da empresa,

os serviços de suprimentos; dirigem

atividades de compras; definem política

de logística de suprimentos; participam

das definições estratégicas para

investimento e venda de ativo

imobilizado; administram recursos

humanos e materiais; comunicam-se,

oralmente e por escrito, reportando

andamento de projetos, riscos, custos e

outras informações para tomada de

decisões.

Fonte : adaptado de CBO, disponível em

3.6. Processos

3.6.1. Cadeia de Valor

A cadeia de valor de determinada empresa consegue responder a

questionamentos importantes na definição da estratégia. Como uma empresa gera

valor para o cliente? Como uma empresa altera as entradas do negócio em saídas de

negócio de maneira que as essas possuam mais valor do que os custos originais para

gerar as saídas? Porque minha empresa existe? A seguir, são representados os

macroprocessos do negócio.

.

Figura 29 - Macroprocessos do Negócio

Fonte: Os autores

Desse modo, o próximo passo do projeto será detalhar os principais

macroprocessos do negócio no Plano Operacional a fim de obter uma visão mais

focada em cada parte das atividades chave do negócio.

4. Plano Operacional

4.1 Organograma Funcional

O organograma permite uma visão funcional do negócio. Essa ferramenta

ajuda na visualização das prioridades na tomada de decisão. A figura 35 ilustra o

.

organograma da diretoria de flexíveis e a figura 36 o organograma da diretoria de

manufatura.

Figura 30 - Organograma Diretoria Flexíveis

Fonte: Os autores

Diretoria -Flexíveis

ManufaturaComercial Engenharia

Superintendência - Escritório de

Projetos

Gerente de Projetos

Coordenador de Projetos

Engenheiro de Projetos

Gerente de Planejamento

e Controle

Coordenador de

Planejamento

Engenheiro de Planejamento

Coordenador de Contratos

Engenheiro de Contratos

Coordenador de

Documentação

Controlador de Documentos

Gerente de Estratégia

Engenheiro

.

Figura 31 - Organograma Diretoria Manufatura

Fonte: Os autores

Diretor Manufatura

Administrativo Supply-ChainPós-Venda

Gestão Indutrial /

Manutenção Produtiva Total

Gerente Geral

Operações

Fabricação

Manutenção LaminaçãoMétodos

Qualidade Logística

.

4.2. Operações do Negócio

4.2.1. Operação de Venda

Figura 32 - Vendas

Fonte: Os autores

A Operação de Venda se inicia com uma solicitação de produtos e/ou serviços,

dando início a um novo projeto. Os entregáveis desse processo são:

Contrato Assinado;

Especificações do Cliente em relação a linha flexível;

Desenho dos acessórios, caso necessário.

4.2.2. Operação de Engenharia

Figura 33 - Engenharia do Produto

Fonte: Os autores

.

A Operação de Engenharia pode ser dividido em dois: Engenharia do Produto e

Engenharia dos Acessórios. Ambos recebem do processo de venda diversos

documentos com especificações referentes ao produto (a própria linha flexível) e ao

acessório (conectores que ligam os tramos da linha, por exemplo).

Com os documentos, o próximo passo é o detalhamento da estrutura e

configuração das linhas ou o detalhamento dos acessórios. Os produtos desse

detalhamento são especificações e documentos que vão para a área de

gerenciamento de projetos. Essa faz o planejamento do projeto, que se inicia com a

liberação para compra de matéria-prima. O escritório de gerenciamento de projetos

também faz o monitoramento e controle do projeto.

Com todos os documentos liberados e a autorização para a compra de matéria-

prima se inicia o próximo macroprocesso, a aquisição de matéria-prima.

4.2.3. Operação de Aquisição de Matéria-Prima

Figura 34 - Aquisição de Matéria - Prima

Fonte: Os autores

A Operação de Aquisição de Matéria-Prima se inicia com um documento de

liberação de compra de matéria-prima. Os seguintes passos são realizados para

obtenção de matéria-prima com os fornecedores:

.

Sourcing –busca de fornecedores de determinada necessidade do

processo de produção;

Qualificação da Matéria-Prima, fornecedor e acessórios – na busca da

qualidade total os fornecedores são uma peça fundamental. É de

fundamental importância a qualidade dos produtos dos fornecedores para

a qualidade do produto final;

Realização da compra de matéria-prima ou acessórios;

Logística;

Inspeção;

Recebimento – última etapa do processo de aquisição de matéria-prima,

que pode ser rejeitada em qualquer ponto do processo.

4.2.4. Operação de Manufatura

Figura 35 - Manufatura

Fonte: Os autores

A Operação de Manufatura se inicia simultaneamente com a venda, pois os

projetos que estão em fase de proposta (não possuem o contrato assinado) entram no

planejamento de longo prazo da fábrica. Após o PLP temos as seguintes fases dentro

da fabricação dos tubos flexíveis:

Planejamento, programação e controle da produção no curto prazo;

.

Laminação – preparação da matéria-prima para a fabricação das linhas

flexíveis. Esse processo acontece, fora da estrutura da fábrica;

Fabricação do tubo flexível;

Montagem e teste do tubo flexível – o controle da qualidade é realizado em

100% dos produtos fabricados.

As áreas de suporte da Manufatura são:

Manutenção;

Controle de Qualidade;

Métodos;

Financeiro;

Segurança Patrimonial;

Logística.

4.2.5. Operação de Pós-Venda

Figura 36 - Pós-venda

Fonte: Os autores

Com a entrega física do produto (linhas e acessórios) o controle do Projeto faz

o encerramento oficial do projeto.

.

Os serviços de Pós-Venda são aqueles relacionados ao possível fornecimento

de novos acessórios e ao monitoramento de linhas fornecidas anteriormente.

5. Plano Financeiro

Finalmente, para que uma empresa possa se sustentar economicamente ao

longo do tempo, seus investimentos realizados no negócio tem de valer a pena. Para

determinar a eficácia dos investimentos, deve-se recorrer as raízes de Análise de

Investimento, as quais permitem avaliar o desempenho financeiro de uma empresa a

fim de assegurar ou não uma viabilidade econômica do negócio.

Desse modo, foram estudadas as variáveis financeiras envolvidas na Análise

de Investimento, tais como a Receita de Vendas, Investimento Inicial, Custos de

Operação e Manutenção, Impostos e Depreciação. A seguir, são relatadas as

variáveis e suas respectivas definições e características. Posteriormente, são

realizados o fluxo de caixa e a análise de sensibilidade.

5.1. Investimento Inicial

O investimento inicial é todo o montante necessário para se iniciar um novo

negócio ou, no caso da empresa aqui analisada, entrar em um mercado com boas

perspectivas de receita. No que diz respeito ao cenário da empresa, o investimento

total inicial é da ordem de 1.4 bilhões de reais com base em dados fornecidos pela

companhia, e o horizonte de planejamento do investimento utilizado foi de 10 anos

(120 meses). Os dados sobre o investimento estão exibidos na tabela abaixo.

.

Tabela 4 - Investimento Inicial

Fonte: Os autores

Conforme é possível visualizar no quadro acima, o investimento em insumos

básicos corresponde a maior parte do montante inicial para a formação do negócio.

Somados a esses insumos, estão os demais custos que englobam os gastos em

capacitação profissional, pesquisa e desenvolvimento entre outros que foram

direcionados a esse tipo de negócio. Além desses valores, soma-se um capital de giro

de 20 milhões de reais o que totaliza um montante de R$ 1.410.850.000,00 para o

investimento inicial. As variáveis ilustradas na tabela podem ser definidas como:

Layout - toda estrutura física da nova fábrica específica para o negócio;

Sistemas - toda estrutura de TI implantada nessa nova fábrica;

Máquinas / Equipamentos - todo espectro de maquinário utilizado na fabricação

dos tubos;

Mão - de - obra - todo conjunto de novos funcionários altamente qualificados

contratados;

Capacitação profissional - gasto com capacitação de funcionários para atuarem

no negócio;

.

Pesquisa e Desenvolvimento - gasto específico com pesquisa de novas

tecnologias para a fabricação de tubos flexíveis;

Outros - demais gastos indiretos;

Para a análise de investimento aqui realizada, não foram consideradas possíveis

alavancagens da empresa, pois com a economia brasileira com inflação alta e

perspectiva de alta na taxa de juros, algum tipo de vantagem financeira seria um risco

muito grande para o negócio. Desse modo, o investimento inicial fica resumido

segundo a tabela abaixo:

Tabela 5 - Resumo Investimento

Fonte: Os autores

5.2. Receita de Vendas

Quanto à receita de vendas mensal ela pode ser considerada como função da

quantidade de quilômetros de tubos flexíveis fabricados e entregues aos seus clientes,

sobretudo à Petrobras. Além disso, os pedidos do produto são pouco variados,

permitindo a consideração de venda de um só tipo de produto para simplificação de

cálculo. Assim, adota-se um preço médio por quilômetro desse produto que é

estabelecido em negociação com o cliente. Na análise de viabilidade econômica aqui

realizada, foi considerado um preço médio de R$ 30 por metro de tubo. Assim, a

receita mensal fica calculada da seguinte forma:

.

Tabela 6 - Receita

Fonte: Os autores

A partir da tabela, conclui-se que com os dados fornecidos pela empresa, a

quantidade média mensal de vendas dos tubos é de 2000 quilômetros sendo o preço

médio estabelecido de R$30.000,00 por km. Logo, a receita mensal média encontra-se

no patamar de R$ 60 milhões.

5.3. Custos de Operação e Manutenção (O&M)

No que tange os Custos de Operação e Manutenção ou Custos O&M,

encontra-se todo o aparato de custos fixos e variáveis que fazem parte da manutenção

do funcionamento do negócio. Dentro dos custos fixos, foram considerados os salários

dos funcionários que atuam na fabricação dos tubos flexíveis. Quanto às despesas

variáveis, foram utilizadas os custos com material, custeios entre outros. Além disso,

considerou-se as depreciações do investimento e a comissão para os funcionários. A

seguir, foram expostas as variáveis consideradas no modelo de viabilidade financeira.

i) Custos Fixos - Salários

Limpeza - conjunto de funcionários da limpeza;

Segurança - conjunto de funcionários de segurança;

Técnicos - corpo técnico de operação na fábrica;

Engenheiros - corpo de engenharia na operação do negócio;

Gerentes - corpo gerencial do negócio;

Diretores - corpo diretor do negócio;

Diretor Geral - alto escalão do negócio;

ii) Custos Variáveis - Material

.

Plástico - material polimérico utilizado na fabricação dos tubos;

Metal - material metálico utilizado na fabricação dos tubos;

Outros - demais materiais utilizados na fábrica em geral;

ii) Custos Variáveis - Custeios

Água - consumo de água da fábrica;

Energia elétrica - consumo de eletricidade da fábrica;

Telefone / Internet - consumo de telecomunicações da fábrica

Outros - demais custos indiretos;

Comissão - comissão sobre a receita dada aos funcionários;

Em suma, esses custos podem ser representados em uma tabela da seguinte forma:

Tabela 7 - Custo Fixo

Fonte: Os autores

.

Tabela 8 - Custo Variável

Fonte: Os autores

A partir das tabelas exibidas acima, pode-se identificar o total de custo de

operação e manutenção do negócio. O Opex total mensal equivale a R$ 12.47 milhões

e isso corresponde a 20,8% da receita total mensal conforme mostra a tabela

seguinte.

Tabela 9 - Custos O&M Total

Fonte: Os autores

5.4. Impostos

Como empresa de grande porte, consideramos o PIS/COFINS não cumulativo

de 9,25% sobre a receita bruta. Quanto ao IPI e II, foi considerado nulo devido ao

incentivo do governo dado as empresas do setor de óleo e gás. Portanto, com a

.

receita bruta mensal de R$ 60 milhões, os impostos totais mensais ficam sendo iguais

a R$ 5.55 milhões como ilustrado a seguir.

Tabela 10 - Impostos

Fonte: Os autores

5.5. Depreciação

A depreciação dos insumos investidos no negócio foi calcula com base na vida

útil média de cada um desses insumos. Tal valor é calculado a partir do valor total

investido no insumo dividido pela sua vida útil. Os resultados estão apresentados

abaixo.

Tabela 11 - Depreciação

Fonte: Os autores

Como pode ser visto, a depreciação total mensal é igual a 5.79 milhões de

reais. Tal valor também entra na demonstração de resultado para a determinação do

fluxo de caixa da empresa, o qual retornará parâmetros para a tomada de decisão com

base no aspecto financeiro. Além disso, foi incluído um valor residual do investimento

.

(R$ 25 milhões) no final do fluxo de caixa que diz respeito à variabilidade das

depreciações. A próxima seção demonstra isso.

5.6. Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa permite a visualização das movimentações financeiras da

empresa ao longo do tempo. A título de simplificação, utilizamos a receita e o custo

mensal como um valor médio durante a análise feita. Outro ponto importante foi a

utilização de uma Taxa mínima de atratividade de 2,0% a.m. . Dessa forma, a

Demonstração de Resultado (DRE) é dada da seguinte forma:

Tabela 12 - DRE

Fonte: Os autores

Adicionalmente, o fluxo de caixa do projeto pode ser entendida da seguinte maneira:

.

Tabela 13 - Fluxo de Caixa

Fonte: Os autores

Na tabela acima, são mostrados apenas os meses 0, 1 e 120 do fluxo de caixa.

Entre os meses 1 e 120, o fluxo de caixa é constante e, pois, foi ocultado dessa tabela.

O resultado desse fluxo de caixa é dado abaixo.

Figura 37 - Gráfico do Fluxo de Caixa

Fonte: Os autores

Com esse fluxo de caixa, foi possível obter os seguintes indicadores financeiros:

Mensal

Acumulado

.

Tabela 14 - Resultados do Fluxo de Caixa

Fonte: Os autores

5.7. Análise de Sensibilidade

Com esses valores, a Taxa Interna de Retorno (TIR) do fluxo de caixa de

capital próprio equivale a 2,9% a.m. , maior que a Taxa Mínima de Atratividade (TMA)

considerada como 2,0 % a.m. . O Valor Presente Líquido (VPL) do fluxo de caixa se

torna positivo resultando em um valor de 497 milhões de reais. Já o Custo Anual

Equivalente (CAE) passa a ser de 10.9 milhões de reais.

Com a perspectiva da alta dos juros do governo, o investimento pode ser

considerado arriscado, tendo em vista que a Taxa mínima de atratividade (TMA) possa

se tornar maior e ultrapassar a baixa Taxa Interna de Retorno (TIR) desse grande

Investimento. No entanto, caso os incentivos fiscais se estendessem ao PIS/COFINS,

essa TIR poderia chegar a até 3,3% a.m. em capital próprio e até 4,2% com

financiamento de 50% do valor investido.

Na atual conjuntura, pode-se considerar esse negócio como um investimento

de alto risco devido a todo elenco de características dos ambientes interno e externo

do setor vistas anteriormente e, somada a isso, a baixa Taxa Interna de Retorno do

investimento sugere um negócio não muito atrativo no momento.

Porém, para uma empresa consolidada mundo afora no mercado de

fornecimento de tubos flexíveis, pode-se entender que esse negócio é

extremamente estratégico na medida em que captura uma grande fatia de demanda

.

brasileira, aumentando suas vendas totais e reforçando a identidade da empresa

na indústria de óleo e gás.

6. Conclusão

Diante de um cenário economicamente instável, somado a um quadro

estrutural também instável no Brasil e um panorama externo do mercado de óleo e gás

igualmente instável, pode-se entender uma possível desconfiança de investidores em

um novo mercado com perspectivas ainda que positivas de produção. Entretanto, para

uma empresa de grande porte com alto poder de investimento e consolidação no

mercado de tubos flexíveis ao redor do mundo, os riscos associados a esse

investimento podem ser superados pela determinação em se obter uma grande fatia

de demanda.

Tal estratégia tende a ser efetiva ao longo prazo, na medida em que cria uma

estrutura física e de conhecimento do negócio no Brasil, podendo ser aproveitada em

outras ocasiões no futuro. Portanto, a volatilidade do mercado financeiro brasileiro,

mesmo que possa apontar para uma queda nos investimentos, podem ser sugados

pelo grande poder de mercado da empresa analisada.

Outros empecilhos estratégicos para a construção do negócio, tais como

concorrência, substitutos etc, podem ser considerados mínimos em relação a essas

perspectivas econômicas brasileiras. Ainda que novas fontes alternativas de energia

se proliferem nos próximos anos, o petróleo e gás podem ser também utilizados de

outras maneiras como insumos para diversas indústrias. Logo, no curto prazo, esse

fator não é tão relevante, porém, a médio e longo prazo, torna-se necessário o

desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis para o planeta a fim de reduzir a

devastação do meio ambiente.

.

Portanto, a camada de pré-sal pode ser considerada uma rica oportunidade de

exploração apesar dos inúmeros esforços necessários para realizar tal operação.

Como resultado disso, a empresa pode ter uma perspectiva boa em relação à

produção de tubos flexíveis, pois dependem estritamente dessa exploração de

petróleo, a qual tem se mantido elevada no Brasil e, assim, podem considerar viável o

investimento nesse negócio dada uma taxa mínima de atratividade.

Por fim, o Plano de Negócios realizado tem como resultado uma viabilidade

econômico-financeira limitada, uma análise ambiental de instabilidade, uma questão

operacional bem compreendida e difundida, e um marketing estratégico que pode ser

a base da tomada de decisão da empresa quanto ao investimento nesse novo

negócio. Desse modo, acredita-se que a companhia deve continuar com o

investimento no negócio buscando aumentar sua operacionalidade no Brasil e em todo

o planeta mesmo que mude o foco para energias mais sustentáveis a longo prazo,

gerando assim economias de escala em futuras explorações.

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