Escola de Kabbalah - Parte 1

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  • 8/17/2019 Escola de Kabbalah - Parte 1

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    Escola de Kabbalah – Parte 1

    Ambiente natural

    De acordo com as lendas kabbalísticas, Deus, o Santo, instrui uma Academia nasAlturas sobre a natureza da existência.

    Essa assembleia é composta de grandes espíritos humanos que atingiram o maisalto nível de realização durante a vida na Terra e mereceram instrução direta aomais recôndito significado do Torah.Diz a tradição, além disso, existir uma cadeia de academias sob este grupomáximo, através da qual um ser humano tem a possibilidade de estudar diversasáreas do Ensinamento.Está registrado que um grande rabino, Shimon ben Yohai, durante ascensãomística, costumava visitar os diversos yeshivot (como são chamados), para vercomo cada qual operava e qual era a sua especialidade.Alguns desses grupos traziam o nome de seus líderes; como a Academia de Moisése a Academia de Aarão.O caráter de seu tutor não só nos dá uma idéia do que estudava cada yeshivah,

    mas também de que existem escolas relacionadas a determinadas Linhas dedesenvolvimento.Sem dúvida, cada tradição espiritual tem suas diversas escolas e Linhas, assimcomo na Terra, embora quanto mais adiante se prossiga na hierarquia do Céu, maispróximas as Linhas se encontram, em princípio, até não se diferenciar entre omístico sufi e o budista, entre o hindu e o cristão.Neste nível, muito pouco separa o mago do gnóstico, o maçom do xamã.Aqui o Ensinamento é o mesmo, enquanto a forma se dissolve em conteúdo esignificado essencial.Podemos perguntar por que existem tantas religiões diferentes, se há apenas umEnsinamento verdadeiro; o qual, observamos na história da humanidade, éreivindicado por esta ou aquela seita como possuidoras da única versão.

    A razão disso é testemunhada pelo fato de que esta dissensão é encontrada apenasnos níveis mais baixos de compreensão, onde uma multiplicidade de visões geradaspor condições físicas e sociais expressa uma lei universal — que quanto maisdistante se está da origem da realização, mais localizada e particular será aapreensão da realidade total.Uma visão total só é encontrada quando se está em união com o divino, ondenenhuma separação ocorre.Contudo, este é um estado supremo de evolução, e entre o primeiro e o últimopasso do caminho espiritual existem muitos degraus e desvios.Por isso existem tantas portas no mundo comum.Estão ali para colocar um explorador em contato com outros no Caminho.Com companheiros bem-preparados muitas coisas se tornam possíveis, as quaisnão seriam obtidas se estivéssemos sozinhos.

    Este estudo trata dessas coletivas espirituais, como servem de ponte para osestágios de evolução entre o individual e o Absoluto, e como funcionam emdiferentes níveis.Contudo, como esta é uma visão kabbalística, devemos primeiro observar as leisque pertencem à Escada do Ensinamento e o porquê de sua existência.

    A totalidade de tudo o que existe está contida na Unidade, da qual tudo se origina.Esta Unidade Divina não é apenas maior que qualquer coisa nela contida, masapresenta em si a menor unidade separada.De acordo com a Kabbalah, o ponto de origem de todas as "coisas" é simbolizadopela Coroa das Coroas, que chamou para si o Nome Divino EU SOU O QUE EU SOU.

    O significado desta afirmação Sagrada não é só uma declaração de intenção, mastambém uma descrição do ciclo completo de manifestação, desde o surgimento da

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    Vontade Divina no EU SOU da abertura, até seu retorno no eco e a repetição. EUSOU.Entre esses dois Nomes Sagrados, na palavra "o que" está tudo o que já foi, o queé, e o que será.Este processo de impulso e reflexo se irradia desde a Cabeça Divina até o pontomais distante do desdobramento em existência, onde o princípio da separação da

    Unidade na multiplicidade do todo cria, forma e faz miríades de Seres e situaçõesem um imenso caleidoscópio cósmico de vibrações e partículas.Para o olho ignorante, o Universo é uma profusa confusão de complicações einterações ao acaso, mas para o olho que conhece e observa os padrões, o mundoé um cosmo ordenado de estruturas e dinâmicas que claramente se movimentamem uma progressão distinta, seja na sucessão das estações ou no relacionamentoentre a divindade e a humanidade.Esta ordem, deste ponto de vista de nosso estudo, será percebida na unidade e nadiversidade da humanidade em seus diversos estágios de evolução.Se tomarmos a humanidade como um todo, veremos que todos os seres humanossão essencialmente iguais, e reconhecem uns aos outros como diferentes dequaisquer outras espécies.

    Na verdade, é possível dizer que cada indivíduo contém em miniatura todos osatributos de um ser humano, seja macho ou fêmea, porque todos os elementosestão presentes em ambos os sexos.É apenas uma questão de ênfase.Aqui principia a diferenciação.Contudo, além da grande divisão sexual existe a divisão de raças.Algumas tradições dividem a humanidade em três tipos.Alguns kabbalistas, por exemplo, usam o símbolo dos três filhos de Noé paraindicar as pessoas da ação, da devoção e da contemplação, ou aqueles que operamprimariamente através do corpo, do coração e da cabeça.Outros kabbalistas dividem a raça humana em quatro, de acordo com os AnimaisSagrados: o Homem, a Águia, o Leão e o Touro.

    Outros ainda dividem a raça humana em sete de acordo com seu nível dedesenvolvimento.Todos esses métodos de divisão são válidos.Depende do ângulo tomado para avaliação.Contudo, todas essas categorias têm seus limites, porque nada do que existe estáem estado puro, e embora seja possível dizer que as civilizações da África, da Ásiae da Europa enfatizem a ação, a emoção e o intelecto, respectivamente, há muitosexemplos em todas essas manifestações gerais das tendências humanas quecontêm elementos das outras manifestações, como o dançarino europeu, opensador asiático ou o poeta africano.O próximo nível geral de divisão poderá ser visto como o das nações, isto é, oespírito de um povo, uma entidade distinta dentro de uma raça.Os escoceses, os gauleses, os irlandeses e os ingleses há muito tempo foramobrigados a lidar com este fenômeno, e o mundo árabe, apesar de sua unidadenominal, mostra com clareza um conjunto de diversos povos, com diferentesvalores gerados pela localização, clima e costumes tribais.Tais grupos são organismos definidos, com características próprias.Todos os africanos eram parecidos para os primeiros exploradores europeus, mascom um conhecimento mais próximo observou-se claras e, às vezes, marcantesdiferenças de temperamento e atitudes entre as nações negras.Na verdade, a diferenciação entre os povos da Índia cristalizou-se no sistema decastas, que foi a principio planejado para especificar deveres espirituais, e nãonacionais.Dentro dos organismos das nações existem as células das várias comunidades.Podem ser sociais ou econômicas, de classe ou geográficas.

    O que quer que sejam, se relacionam a pessoas que possuem algo em comum, sejapor herança ou profissão, crenças ou até mesmo por hobby.

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    Tais comunidades podem se localizar em um lugar ou estarem espalhadas por todoo país.Podem ser encontradas em todos os níveis, como fã-clubes de futebol, sociedadesde pintores de aquarela, ou a Associação para o Avanço da Ciência.É possível ver a subdivisão dessas comunidades como famílias; e assim asencontramos dentro da comunidade centralizada ao redor de uma igreja ou

    sinagoga, além da óbvia família consangüínea, o grupo de teatro local, o clube detênis, a sociedade de horticultura, ou apenas um grupo de freqüentadores de umdeterminado bar.A principal característica desses grupos é que são formados por pessoas que, defato, se conhecem pessoalmente e partilham de valores comuns, e muitas vezes desuas vidas.Nesse contexto familiar, encontramos entre os indivíduos um conjunto explícito defunções e uma atitude de intimidade.O indivíduo é a humanidade em microcosmo, e, como tal, é a menor unidade.Contudo, o indivíduo é uma mistura peculiar de todos os níveis maiores, poisqualquer pessoa tem raça, nação, comunidade e família fundidas em seu serindividual e independente.

    Isso significa que cada indivíduo é como todo mundo, de modo que cada pessoapode ser vista como uma determinada faceta de toda a humanidade.Aqui temos o produto final do processo de descida através da criação, da formaçãoe da execução, até o ponto de retorno da individução, quando a pessoa começa aascensão de retorno da auto realização em direção à verdadeira individualidade,evoluindo além dos padrões coletivos planejados para ajudá-lo a sobreviver e a serelacionar com a família, com a comunidade e com a nação.Muitas pessoas pensam que ser um individuo é uma posição que se adquire sendoelegantemente original ou dominando seus semelhantes.Não.Ser realmente original requer uma abordagem bastante oposta, embora isso sóseja reconhecido depois do sucesso ou fracasso nos objetivos mais evidentes da

    vida.O primeiro "estado" da maioria dos que buscam a verdadeira realização é de umprofundo desapontamento.Nesse ponto de desespero, muitos indivíduos que buscam por si mesmosencontram alguém em uma tradição espiritual.Com freqüência, em sua desolação e solidão, nem sempre compreendem quesemelhante contato está tão próximo.Misericordiosamente, a Providência cria uma situação na qual lhes é dada a escolhade reconhecer um dos "companheiros", como, às vezes, são chamadas as pessoasdo Caminho.Se não perderem a oportunidade, iniciam então a jornada de retorno à Origem,reentrando na órbita de uma família, mas desta vez um grupo familiar de condiçãocompletamente diferente.Este é o primeiro estágio dos níveis correspondentes da hierarquia interna dosgrupos, escolas, Linhas e Tradições que compõem a infra-estrutura espiritual dahumanidade.

    Continua