Especial Maio de 68

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  • 8/19/2019 Especial Maio de 68

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    Especial maio de 68

    UM DOS DIRIGENTES DA PASSEATA DOS CEM MIL, VLADIMIRPALMEIRA REBATE A IDIA DE !UE TODO MUNDO ERA DE

    ES!UERDA NA POCA" #$ PARA O #ORNALISTA %UENIRVENTURA, ESP&RITO LIBERT$RIO RESISTE AINDA 'O#E EMEVENTOS COMO A PARADA GA(, MAS DI% !UE DROGAS S)OLEGADO MALDITO

    Central Press/Getty Images

     Estudante

     s lançam

     pedras na

     polícia,

    em Paris,

    em 7 de

    maio de

    1968

    LAURA CAPRIGLIONEDA REPORTAGEM LOCAL

    A nostalgia dos tabus que organizaam a ida so!ial" as saudades da #am$liaestruturada em !asamentos que obrigatoriamente duraam %ara sem%re" ore%&dio 's drogas" a o(eriza ' %ol$ti!a e o ostra!ismo das uto%ias igualit)rias*um son+o ,regressista," uma onda !onseradora %are!e ter arrido !omotsunami os rastros dei-ados %or .01 no 2rasil3

    ,45 %are!e3 A tend6n!ia 7 atribuir a .01 o %a%el de ber8o de todos osdesregramentos" todas as %ermissiidades" todos os desres%eitos ' regras e+ierarquias" a !rise da #am$lia," admite o (ornalista 9uenir :entura" ele mesmoum leg$timo ,meia*oito," al7m de autor de alentado tratado !om%ortamentalsobre a 7%o!a e suas +eran8as ;,.01 * O Ano o A!abou, e ,.01 * O

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    se-ual e em direito ao %razer 7 #alar de .013 Essas s>o as %rin!i%ais +eran8asdaquele ano #at$di!o3,Para 9uenir" 7 !laro que +) tamb7m o legado maldito3 ,As drogas" %ore-em%lo3 Aquela uto%ia ing6nua de que as drogas seriam uma #orma deabertura da !ons!i6n!ia a noas %er!e%8es" de#endida %or gente !omo oes!ritor Aldous Bu-ley .1*.0F a %artir de suas e-%eri6n!ias !om ames!alina" e %elo ameri!ano Timot+y Leary .H*0F a %artir de trabal+os!om o )!ido lis7rgi!o3 Isso a!abou3 A droga %roou ser um instrumento demorte desde que #oi a%ro%riada %elas multina!ionais do tr)#i!o3,Para o (ornalista" outra +eran8a negatia #oi a ,iol6n!ia edi#i!ante,3 Essaid7ia leou boa %arte das organiza8es !ontr)rias ' ditadura %ara a lutaarmada" !om seu #arto menu de a8es" !omo seqestros" assaltos a ban!os eatentados3Protagonista de .01" quando en!enou a %e8a ,Roda :ia," de C+i!o

    2uarque" !u(a tem%orada %aulistana en!errou*se de%ois do ataque de umgru%o autodenominado ,Comando de Ca8a aos Comunistas," que es%an!ouatores e destruiu !en)rios" o diretor Jos7 Celso Martinez Correa" K." do TeatroO#i!ina" lembra da 7%o!a !omo ,o momento em que as %essoas se deram!onta de que estaam ias" de que n>o %re!isaam mais se !on#ormar !om os

     %a%7is %redeterminados que l+es queriam im%or #oi quando as %essoas %er!eberam que %oderiam sair desses t&mulos %ara ier em liberdade3,Jos7 Celso entrega a origem da id7ia a obra de Guy Debord ;..*@ ,A4o!iedade do Es%et)!ulo," lan8ada na ?ran8a ,n>o %or a!aso, em .0K" umano antes de tudo34egundo Jos7 Celso" de%ois da ,reolu8>o, de .01" ini!iou*se ummoimento #urioso de restaura8>o da ordem" re%resentado de imediato %elatortura e %or %rises %atro!inadas no 2rasil %elo goerno militar3 De%ois" a!lasse m7dia desenoleu ,uma es%7!ie de agora#obia e se en#urnou nos!ondom$nios #e!+ados igiados %or !Nmeras" nos s+o%%ings" nos !arros

     blindados3 4aiu da )gora" abandonou as ruas,3

    Id*ia e+a+osaMas" diz ele" ,neste momento" a ,4o!iedade do Es%et)!ulo, est) em !rise3 a

    !rise do im%7rio ameri!ano" das suas guerras" e de seu modo de ida3 As %essoas querem ir de noo %ara as ruas,3m dos dirigentes da !+amada ,Passeata dos Cem Mil," mani#esta8>orealizada no Rio de Janeiro em 0 de (un+o e que mar!ou o moimentoestudantil de .01" o ent>o %residente da ni>o Metro%olitana de Estudantes:ladimir Palmeira" 0" diz que o %rin!i%al elemento agregador de todos os,meia*oitos, que #izeram os ,!em mil, era ,a !erteza de que se estaamudando a ida" de que se %odia re!usar tudo,34egundo Palmeira" ,mesmo assim 7 enganosa a id7ia de que todo mundo erade esquerda" todas as meninas eram Leila Diniz e %or a$ ai,3 ,O que

    a!onte!eu 7 que as anguardas tornaram*se emblemas da 7%o!a3,4o!ialista" e-*e-ilado %ol$ti!o" Palmeira +o(e est) %reo!u%ado !om a quest>o

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    da re%rodu8>o +umana3,Cada ez o +omem re%roduz*se menos3 Cada ez mais" a !i6n!ia aumenta ae-%e!tatia de ida3 Ora" a morte %ermite a mel+oria da es%7!ie" renoa*a !omnoos nas!imentos se o ritmo em que isso a!onte!e de!ai" a de!orr6n!ia 7 oaumento do !onseradorismo3 Ten+o !erteza de que !+egaremos a umim%asse3,Palmeira a%5ia*se no te-to ,O 4e-o e a Morte, ;ed3 =oa ?ronteira@" do

     %esquisador #ran!6s Ja!ques Ru##i73 m aut6nti!o ,meia*oito, diria ,iagem,3Esse ti%o de assunto nun!a #reqentou as rodas de !onersas em 01" o %r5%rioe-*dirigente estudantil admite3 ,Mudou tudo3 A !lasse o%er)ria %erdeu o %a%elde %rotagonista que tee na +ist5ria da !iiliza8>o industrial3 Agora" um nooagente trans#ormador ter) de surgir" re#letindo in!lusie as questes dasobrei6n!ia do +omem no %laneta3 Pena que n>o ou ier %ara er o #im

    desse #ilme," diz3Mas nem todos os ,meia*oitos, mudaram tanto de %onto de ista3 =o Primeirode Maio" uma !entena deles reuniu*se no bonito %r7dio que () #oi do Deo%s;De%artamento de Ordem Pol$ti!a e 4o!ial@ %ara inaugurar o ,Memorial daResist6n!ia," em +omenagem aos que #oram %resos" torturados e mortos nolugar3En!errados os dis!ursos" um gru%o musi!al %u-ou o +ino da Interna!ional4o!ialista *,de %7" 5 $timas da #ome de %7" #am7li!os da terra333,3 Os antigosmilitantes !antaram (untos" alguns !+orando3Ottoni ?ernandes Jr3" 0" sub!+e#e da 4e!retaria de Comuni!a8>o 4o!ial dogoerno Lula" era um dos %resentes3 Em .01" ele !om%un+a a diretoria doCentro A!ad6mi!o da ?$si!a da 4P" o Ce#isma" quando a!onte!eram asgrandes %asseatas" quando se !onseguiu inaugurar o %rimeiro blo!o dea%artamentos mistos no Crus% ;Con(unto Residen!ial da 4P" onde os blo!osmas!ulinos eram rigorosamente se%arados dos #emininos@ e quando #oram#ormadas as %rimeiras !omisses %arit)rias de alunos3,Eu sou !ontr)rio a essa tend6n!ia de #ol!lorizar 01" reduzindo*o a ummoimento de malu!os" drogados e %orra*lou!as3 =>o era e n>o #oi assim at7

     %orque +aia uma ditadura que" da mesma #orma !omo %erseguia o !abeludo"

     %erseguia a mo8a liberada se-ualmente e o militante de esquerda3 ?oi ela que %olitizou todo o moimento e !olo!ou todos (untos nas %asseatas %elademo!ra!ia3 =>o dis!utir 01 !om esse %ano de #undo 7 misti#i!a8>o," diz o

     (ornalista Al$%io ?reire" 03,T+e ansQer my #riend" is bloQin, in t+e Qind333, Todo mundo sabe que osenador Eduardo 4u%li!y ;PT*4P@ 7 #> do +it*+ino da !am%an+a %elos direitos!iis nos EA" que !on+e!eu seu momento mais dram)ti!o no assassinato deMartin Lut+er ing" em //013Ao lado do %essoal que de%ois de 01 #oi %ara a luta armada" 4u%li!y !itaLut+er ing %ara #alar da n>o*iol6n!ia e do amor ao %r5-imo que ele insiste

    !om o M4T que 7 a mel+or #orma de luta3 2em 013 =o mesmo Primeiro de Maio" o ministro da Cultura" Gilberto Gil" tamb7m

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    ,meia*oito," #oi %ro!urado %ela ?ol+a %ara #alar do que #oi #eito dele e de suas!oni!8es3 Gil estaa in!omuni!)el em Rio 2ran!o ;AC@" onde de#endeuque o I%+an ;Instituto do PatrimSnio Bist5ri!o e Art$sti!o =a!ional@ re!on+e8aa aya+uas!a" uma bebida alu!in5gena sa!ramental" !omo %atrimSnio imaterialda !ultura3 4em o tr)#i!o ter*se metido nessa )rea" a aya+uas!a %are!e aindagozar da aura que outras drogas () %erderam3 Muito 013

    Disco-eca B.sica

    Os Ga-os

    TONIN'O 'ORTAE4PECIAL PARA A ?OLBA

    ?oi na adoles!6n!ia" quando absoria todos os sons %or meio de meusentimento %ro#undo ' arte da m&si!a" que des!obri os dis!os que me ,#izerama !abe8a,3 Entre aqueles que #oram im%ortant$ssimos %ara a min+a !arreira"oui ,Os Gatos, do gru%o +omSnimo" LP P+ili%s" .0F" que eu oui dezenasde ezes3Ria de alegria ao ouir um som t>o %e!uliar" uma bossa noa !om muitosQing e sur%resas nos arran(os do g6nio Eumir Deodato" e !+oraa %elaslindas melodias romNnti!as to!adas %or um gru%o de m&si!os %riilegiadosDural ?erreira ;iol>o@" Meirelles ;#lauta@ et!3 um )lbum instrumental dequalidade al7m do tem%o3

    TO=I=BO BORTA 7 m&si!o3

    Lem/0a+1as de maio

    O 'ISTORIADOR INGL2S PETER BUR3E RECORDA O IMPACTODAS MOBILI%A45ES NA RAN4A E NA TC'ECOSLOV$!UIA EAS CON!UISTAS PARA O EMINISMO, OS COSTUMES E OSDIREITOS CIVIS

    PETER BUR3ECOL=I4TA DA ?OLBA

    ma das datas da qual os membros da min+a gera8>o (amais >o se esque!er 7.01" gra8as a dois a!onte!imentos" um em Praga e o outro em Paris3O %rimeiro #oi a !+amada Primaera de Praga *em outras %alaras" o,so!ialismo !om #a!e +umana, in!entiado %or Ale-ander Dub!e" que setornou %rimeiro se!ret)rio do Partido Comunista da T!+e!oslo)quia em

     (aneiro daquele ano3

    O segundo a!onte!imento memor)el ou" mel+or dizendo" s7rie dea!onte!imentos *,os a!onte!imentos," !omo os #ran!eses os des!reeram na

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    7%o!a* se deu em Paris" dentro e em olta de duas uniersidades 4orbonne"no !entro da !idade" e =anterre" em sua %eri#eria3Os estudantes #oram liderados %or trotsistas ;e-%ulsos da ni>o dosEstudantes Comunistas ?ran!eses em .0U@" mao$stas e anarquistas;sobretudo o !arism)ti!o Daniel Co+n*2endit" que se tornaria um res%eit)elde%utado no Parlamento Euro%eu@3Os estudantes se reoltaram" +astearam bandeiras ermel+as" atiraram!oquet7is Moloto" lutaram !ontra a %ol$!ia ou #ugiram dela" arran!aram

     %aralele%$%edos das ruas" ergueram barri!adas ;%ela %rimeira ez desde a4egunda Guerra@" ata!aram os es!rit5rios da Ameri!an E-%ress e do ban!oC+ase Man+attan em Paris e" no dia .H de maio de .01" o!u%aram a4orbonne" !onertendo*a numa es%7!ie de !omuna estudantil3De Gaulle queria eniar o E-7r!ito %ara interir" mas #oi %ersuadido a n>o#az6*lo" () que os soldados" em sua maioria ra%azes que !um%riam o seri8o

    militar obrigat5rio" %oderiam querer se !on#raternizar !om os estudantes3As %rin!i%ais armas em%regadas !ontra eles #oram inestidas !om g)sla!rimog6neo e !assetetes3

    Sloa+s e pic7a1esAs reoltas estudantis n>o !ostumam !onquistar a sim%atia do %&bli!o" masesses #atos o #izeram3 Mesmo as %i!+a8es nos muros #oram #otogra#adas ere%roduzidas na im%rensa" sendo imitadas em outras !idades" !omo O-#ord3Algumas daquelas %i!+a8es s>o re!ordadas at7 +o(e" es%e!ialmente ,Aimagina8>o ao %oderV,3 Algumas delas seguiam a tradi8>o das reolu8es,Abai-o o Estado," %or e-em%lo" ou ,Aboli8>o da so!iedade de !lassesV,3Outras e-%ressaam !r$ti!as ' tradi8>o reolu!ion)ria" e-ortando ao se-o emez do trabal+o e ' es%ontaneidade em lugar da dis!i%lina ;,Aqui se,es%ontaneizaW,@3Outras %i!+a8es" ainda" de#endiam %osturas #ran!amente +edonistas ;,:ier o

     %resente, ou ,Trabal+adores do %a$s" diirtam*seV,@" e-%ressando um %ou!o does%$rito !arnaales!o dos %r5%rios a!onte!imentos3Algumas %i!+a8es eram !ita8es" re!on+e!idas ou n>o" de 2aunin"

     =ietzs!+e" namuno" Ber)!lito et!3 Outras o#ere!iam e%igramas originais"

    !omo ,As %aredes t6m ouidos3 4eus ouidos t6m %aredes, ou ,A barri!ada#e!+a a rua" mas abre a ia,3:istas em !on(unto" essas ins!ri8es transmitem de maneira $ida uma !r$ti!aeemente ' religi>o" ao Estado ;es%e!ialmente a %ol$!ia@" ao sistemaedu!a!ional e ' so!iedade de !onsumo ;,A mer!adoria 7 o 5%io do %oo,@3A ins%ira8>o de muitas dessas %i!+a8es" assim !omo dos a!onte!imentos!omo um todo" eio do !+amado ,situa!ionista, Guy Debord" autor de ,A4o!iedade do Es%et)!ulo, ;.0K@" de intele!tuais de esquerda !omo BenriLe#ebre" Louis Alt+usser" Cornelius Castoriadis e Claude Le#ort" de MaoTse*tung" t>o %o%ular entre a esquerda nos anos .0H" e" oltando mais atr)s"

    de Mar-" L6nin e Tr5tsi3

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    Al9ma 0e:ol91;oBo(e" H anos de%ois" seria interessante que algu7m entreistasse os autoresdas %i!+a8es *se soub7ssemos quem s>oV* %ara l+es %erguntar o que %ensam+o(e das id7ias e dos sentimentos que" na 7%o!a" e-%ressaram %ubli!amente!om tanta %ung6n!ia3O que essas %i!+a8es tornam muito !laro 7 o dese(o ou a es%eran8a de muitosde seus autores %or alguma es%7!ie de reolu8>o %ol$ti!a ou so!ial" um noo.K1 ou" quem sabe" um noo .11 ou mesmo uma reolu8>o !ultural !omo aque estaa a!onte!endo na C+ina" enquanto o!u%aam a 4orbonne e eramelogiados %or alguns intele!tuais #ran!eses" in!luindo Jean*Lu! Godard3 At7que %onto essa reolu8>o tee 6-itoXA %ergunta era muito di#$!il de res%onder na 7%o!a" mas +o(e" %assados Hanos" algumas !oisas () se tornaram mais !laras3 Os a!onte!imentos a(udarama derrubar o %residente C+arles de Gaulle" que renun!iou ao !argo em abril de

    .03Por outro lado" De Gaulle #oi su!edido %or seu antigo %rimeiro*ministro"Georges Pom%idou" que n>o era mais aberto que seu ante!essor 's id7ias dosestudantes3

    Ga+7os i+di0e-osOs a!onte!imentos de .01 instigaram o goerno a em%reender uma re#ormadas uniersidades" multi%li!ando o n&mero de estudantes" mas n>o!onseguindo am%liar a in#ra*estrutura a!ad6mi!a de modo a satis#azer as suasne!essidades3 %oss$el que as !onseq6n!ias mais duradouras do Maio de .01 ten+amsido indiretas" de natureza !ultural" mais que estrutural3O e-em%lo dos estudantes %are!e ter en!ora(ado o moimento #eminista#ran!6s" al7m de aumentar a !ons!i6n!ia %ol$ti!a de alguns intele!tuais" !omo#oi o !aso de Mi!+el de Certeau .U*10F3

     =um artigo %ubli!ado algumas semanas a%enas a%5s os a!onte!imentos" ele*!om um entusiasmo talez ines%erado" em se tratando de um (esu$ta de meia*idade* es!reeu que ,em maio de .01" tomou*se a %alara !omo tomou*se a2astil+a em .K1,3

    A inter%reta8>o que Certeau #ez dos #atos do Maio de .01 %ode ser a%li!ada aele %r5%rio3 Antes de .01" ele era um +istoriador da es%iritualidade quetamb7m se debru8aa sobre a re#orma da igre(a3De%ois de es!reer esse !7lebre artigo sobre .01" %or7m" Certeau #oi

     %ro(etado %ara sua segunda !arreira" a de analista da so!iedade!ontem%orNnea" dis!utindo e !riti!ando as id7ias de Mi!+el ?ou!ault e Pierre2ourdieu" tendo es!rito ,A Cultura no Plural, ;.K@ e ,A Inen8>o doCotidiano, ;.1H@" al7m de dar %alestras nos EA" no 2rasil e em outros

     %a$ses3Em suma" !omo 7 o !aso de reolu8es em es!ala maior" os a!onte!imentos de

    .01 in!entiaram algumas %essoas a alimentar %ensamentos noos" dandoasas a sua !riatiidade3

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    Para dei-ar a &ltima %alara 's %i!+a8es" ,a reolu8>o 7 uma ini!iatia,3,Criemos !omit6s de son+os3, ,A a8>o n>o dee ser rea8>o" mas !ria8>o3,,CriemV,

    PETER 2RE " KH" 7 +istoriador ingl6s" autor de ,O o ,Autores," do MaisV 3 Tradu8>o de Clara Allain 3

    + Cronologia

    Outubro de 1967 - Jovens franceses realizam manifestaçõescontra o Plano Fouchet, que visava à "eciência do sistemauniversitário" !os #$, %rotesto contra a &uerra do 'ietn(re)ne cerca de *+ mil %essoas

    1968 - !a checoslováquia, $leander .u/ce0 assume aliderança do Partido 1omunista e inicia reformasli/eralizantes $ retomada da li/erdade de e%ress(o culminacom a Primavera de Pra2a3 diversos setores da %o%ulaç(o%assam a ei2ir mais a/ertura democrática $ e%eriênciaterminaria em a2osto, com uma ocu%aç(o militar or2anizada%or %a4ses comunistas

    8 de janeiro - 5 estudante de nacionalidade alem( .aniel1ohn-6endit lidera %rotesto na #niversidade de !anterre 1om+7 estudantes, .an8, o "'ermelho", ataca ver/almente oministro da Juventude e dos s%ortes, François 9isso:e,com%arando ao nazismo as novas normas de se2urança emvi2or nas universidades

    22 de março- studantes, denunciando a re%ress(o a

    %rotestos anteriores, ocu%am a administraç(o de !anterre $saulas s(o sus%ensas at; uther ?in2 Jr ;assassinado em 9em%his @#$A 1onBitos raciais emer2emem dezenas de cidades do %a4s

    2 de maio - !anterre sus%ende aulas em dia de manifestaç(o

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    3 de maio - $%Cs %rotesto na Dor/onne, conBitos com a%ol4cia no Euartier >atin deiam mais de cem feridos e +77%resos

    6 de maio - 9anifestações es%alham-se %or universidadesfrancesas nos dias se2uintes, %rotestos re)nem dezenas demilhares de %essoas

    10 de maio - $ !oite das 6arricadas3 estudantes reivindicama soltura de cole2as e fecham ruas do Euartier >atin a %ol4ciainterv;m violentamente

    11 de maio - Dindicatos convocam 2reve 2eral 5 %rimeiro-ministro Pom%idou concorda em anistiar estudantes %resos,retirar forças %oliciais do Euartier >atin e rea/rir a Dor/onne

    13 de maio - Grrom%e a 2reve 2eral3 a maioria dasuniversidades francesas adere, Hunto com os dois maioressindicatos do %a4s

    19 de maio - 5 Festival de 1inema de 1annes interrom%e oseventos !(o há %remiado no ano

    21 de maio - 5 total de 2revistas che2a a

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    1º de junho - $/astecimento começa a se normalizar $t;meados do mês, serviços e ind)stria voltam a funcionar comoantes

    30 de junho - 5s %artidários de 1harles de &aulle vencem aseleições le2islativas 5 %residente, no entanto, n(o 2arantesua esta/ilidade3 no ano se2uinte, os eleitores votam contraum referendo %ro%osto %elo 2eneral, que aca/a renunciando àPresidência em se2uida

    < Compo0-ame+-o

    Pai de al99el

    AM&LIA SE DEMOCRATI%OU, MAS PERDEU REER2NCIASIMB=LICA

    DA REDAYZO

     =as!ido em Paris em ." Alain ?inielraut 7 ensa$sta" %rodutor da r)dio?ran!e*Culture e %ro#essor de +ist5ria das id7ias na Es!ola Polit7!ni!a3Midi)ti!o e %ol6mi!o" 7 !onsiderado uma das re#er6n!ias do %ensamento dedireita na ?ran8a3 Em HHU" !riti!ou a onda de reoltas (uenis o!orrida nos

    sub&rbios #ran!eses3Tamb7m a#irmou que a sele8>o #ran!esa de #utebol n>o era ,2ran!o" Azul e:ermel+o, nem ,2ran!o" Preto e Pardo, ;!omo se diz desde a Co%a de 1@"mas sim ,Preto" Preto e Preto,3 =esta entreista !on!edida a Aude Lan!elin"do ,=ouel Obserateur," o autor de ,A Ingratid>o, ;Ob(etia@ e ,ABumanidade Perdida, ;[ti!a@ !omenta as in#lu6n!ias de .01 sobre a #am$lia3 

     PERGUNTA - Em 1977, em "Le Nouveau Désordre Amoureux" [A Nova

     Desordem Amorosa], o sr. esreveu !ue #$%amos &assado de uma era de"re&ress'o sexua(" &ara uma es&é)e de )m&era)vo ae*+r)o de *oar,!ue era )*ua(me$e oer)vo. Tudo o !ue ao$eeu desde e$'o o$)rmousua o&)$)'o

     ALA/N 0/N/ELRAUT * Aquele #oi um liro anti*.01 +abitado %eloes%$rito de .013 Era a 7%o!a do ,tudo 7 %ol$ti!o," e o dis!urso sobre o se-oremetia ao registro (udi!i)rio da a!usa8>o3

     =a !ontram>o disso" o%tamos %elo g6nero da !elebra8>o" es%e!ialmente %eloelogio do gozo #eminino3 4em a libera8>o se-ual" n>o %oder$amos ter es!ritoesse liro3 Mas o es!reemos %ara libertar o amor do dom$nio do dis!urso da

    liberta8>o3 De #ato" o que 7 o dese(o amoroso sen>o a e-%eri6n!ia de umamarail+osa su(ei8>oX

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     PERGUNTA - 2 )(+soo amer)a$o A((a$ 3(oom, $os a$os 1994, d)sse5"6o &ode ser um rom8$)o %oe, se !u)ser, mas )sso ser)a um &ouo omoser uma v)r*em $um &ue)ro". 2 sr. &e$sa, omo e(e, !ue o amor %oe emd)a es: om&rome)do0/N/ELRAUT * O que !om%romete o amor 7 o #ato de n>o se en-ergarsen>o um !on#ronto entre as e-ig6n!ias do dese(o e sua re%ress>o3 essa araz>o %ela qual" em ,A =oa Desordem Amorosa," Pas!al 2ru!ner !o*autordo liroF e eu quisemos reintroduzir o %ersonagem esque!ido do amado3Contudo" se +o(e #osse es!reer uma seq6n!ia %ara esse liro" !ome8aria %orum elogio er5ti!o ao %udor3 Este n>o 7 a%enas uma restri8>o ar!ai!a" oresqu$!io de um %re!on!eito burgu6s *%elo !ontr)rio" eu o e(o !omo umatributo ontol5gi!o da mul+er3

     PERGUNTA - Um auor omo ;)%e( o de saber se os %ais est>o !ertos ou errados em tro!ar as#raldas de seus #il+os *a meu er" est>o !ertos3 A #am$lia tornou*se lugar deuma nego!ia8>o %er%7tua3Bo(e tudo a!onte!e num registro %uramente a#etio" e n>o mais simb5li!o3Maio de .01 n>o ter) sido" em tudo isso" mais que um momento dea!elera8>o do %ro!esso demo!r)ti!o que nos !arrega +) muito tem%o3

    A demo!ra!ia *!omo a#irma8>o da igualdade de todos os indi$duos" !omo %assagem de uma ida su%ortada %ara uma ida dese(ada* se ada%ta muito

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    di#i!ilmente ' %artil+a dos %a%7is3 Assim" a #am$lia dei-a de ser umainstitui8>o %ara !onerter*se em uma asso!ia8>o %re!)ria3 4e isso 7 bom oumau" n>o %osso dizer3

    A $ntegra desta entreista #oi %ubli!ada no ,=ouel Obserateur,3 Aude Lan!elin ;!@ HH1 ,Le =ouelObserateur,3 Tradu8>o de Clara Allain 3

    < Se>o

    AMANTES CONSTANTES

    BUSCA POR LIBERDADE E IGUALDADE SE?UAL 'ERAN4A AVALORI%AR 

    MIRIAN GOLDENBERGE4PECIAL PARA A ?OLBA

    Os eentos do Maio de 01 na ?ran8a %odem ser inter%retados !omo o esto%imde uma s7rie de trans#orma8es %ol$ti!as e !om%ortamentais o!orridas nasegunda metade do s7!ulo H e que tieram !omo ei-os !entrais o dese(o deliberdade" a bus!a do %razer sem limites" a re!usa de qualquer #orma de

    !ontrole e de autoridade" a e-%los>o da se-ualidade e a de#esa da igualdadeentre +omens e mul+eres3A #eminista #ran!esa 4imone de 2eauoir" muito antes de maio de .01" +aiade#endido que a quest>o e-isten!ial b)si!a era a luta %ela liberdade" e n>o a

     bus!a da #eli!idade3Em ,O 4egundo 4e-o," %ubli!ado em ." 2eauoir dizia que" mesmo

     %agando o %re8o do so#rimento ou da solid>o" ,n>o +)" %ara a mul+er" outrasa$da sen>o a de trabal+ar %ela sua liberta8>o,3 J) %ara os (oens estudantes#ran!eses" %rotagonistas do Maio de 01" liberdade" #eli!idade e %razer eram

    elementos inse%ar)eis de uma reolu8>o !u(o lema era , %roibido %roibir,3 =o #inal da d7!ada de 0H" quando no 2rasil muitos (oens estaam %reo!u%ados em !ombater o regime militar" outros" !omo os (oens #ran!eses"lutaam !ontra a re%ress>o se-ual" a re%ress>o #amiliar e a re%ress>ointernalizada em !ada indi$duo3

    &co+e 0e:ol9cio+.0ioEsse anseio %or liberdade" igualdade e" sobretudo" #eli!idade e %razer %are!eter sido um elemento #undamental %ara o surgimento de um $!one de mul+erreolu!ion)ria no 2rasil" talez a mais %er#eita tradu8>o do es%$rito

    irreerente" debo!+ado e a%ai-onado do Maio de 01 Leila Diniz3 =a gera8>o Leila Diniz estaam em dis%uta di#erentes modelos de ser mul+er

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    o religioso" que e-igia da mul+er a nega8>o de sua se-ualidade ou seue-er!$!io a%enas nos limites do !asamento" e outro" que %ode ser %ensado!omo mais %r5-imo do di#undido %elo #eminismo" %ela !ontra!ultura e %ela

     %si!an)lise" que bus!aa a igualdade entre +omens e mul+eres nos mundos %&bli!o e %riado3E %or que Leila Diniz" entre tantas outras mul+eres que ieram intensamenteesse momento +ist5ri!o" se tornou um mitoX a %r5%ria Leila quem res%onde' quest>o ,4obre min+a ida" meu modo de ier" n>o #a8o o menor segredo34ou uma mo8a lire3 A liberdade 7 uma o%8>o de ida,34endo uma atriz #amosa e uma %ersonalidade %&bli!a bastante %ol6mi!a"

     %ode*se %ensar que a elabora8>o que Leila #ez de sua %r5%ria ida n>o a%enasten+a atingido as %essoas mais %r5-imas" mas tamb7m !ontribu$do %aralegitimar id7ias e %r)ti!as !onsideradas reolu!ion)rias %ara a 7%o!a em queieu3

    Ao es!ol+er ter um #il+o #ora do !asamento" rom%eu !om o estigma da m>esolteira3 4ua #otogra#ia gr)ida" de biqu$ni" #oi estam%ada em in&meros (ornaise reistas %or ser a %rimeira mul+er a e-ibir a graidez3

    Ba00ia 0.:idaAs gr)idas de ent>o es!ondiam suas barrigas em batas es!uras e largas"mesmo quando iam ' %raia3 As #otos da barriga gr)ida" na %raia de I%anema"mostraram que a maternidade sem o !asamento n>o era iida !omo umestigma a ser es!ondido" mas !omo uma es!ol+a #eliz e !ons!iente3 LeilaDiniz #ez uma reolu8>o simb5li!a ao reelar o o!ulto *a se-ualidade#eminina iida de #orma lire e %razerosa* em uma barriga gr)ida ao sol3Ela #azia e dizia o que muitos tin+am o dese(o de #azer e dizer3 Com osin&meros %alares na !l)ssi!a entreista a ,O Pasquim," !om uma idase-ual e amorosa e-tremamente lire e %razerosa" !om o seu !or%o gr)ido de

     biqu$ni" trou-e ' luz do dia !om%ortamentos" alores e id7ias () e-istentes"mas que eram iidos !omo estigmas" %roibidos ou o!ultos3

     =>o ' toa" ela 7 a%ontada !omo uma %re!ursora do #eminismo no 2rasil uma#eminista intuitia que in#luen!iou" de!isiamente" as noas gera8es3

    Co+di1;o @emi+i+aAo a#irmar %ubli!amente seus !om%ortamentos e id7ias a res%eito da liberdadese-ual" ao re!usar os modelos tradi!ionais de !asamento e de #am$lia e ao!ontestar a l5gi!a da domina8>o mas!ulina" %assou a %ersoni#i!ar as radi!aistrans#orma8es da !ondi8>o #eminina ;e tamb7m mas!ulina@ que o!orreram no2rasil no #inal da d7!ada de 0H3Em min+a %esquisa atual" !om .3K +omens e mul+eres das !amadas m7diasda !idade do Rio de Janeiro" quando %erguntei ,o que o!6 mais ine(a em um+omemX," as mul+eres res%onderam" em %rimeir$ssimo lugar liberdade3

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    Leila Diniz," quando as brasileiras !ontinuam ine(ando a liberdademas!ulinaX 4er) que a uto%ia do Maio de .01" !om o dese(o de liberdade eigualdade entre os g6neros" ainda est) longe de ser realizadaX

    MIRIA= GOLDE=2ERG 7 antro%5loga e %ro#essora do %rograma de %5s*gradua8>o em so!iologia eantro%ologia da niersidade ?ederal do RJ e autora de ,Os =oos Dese(os, ;Re!ord@3

    < Li-e0a-90a

    ORA DE #OGO

    TRANSORMADO EM OPER$RIO, ESCRITOR TROCOUMILAGRE POR ESPECIALI%A4)O

     A mu()d'o de =(o*ue)ros roar)a de=om *rado sua ()=erdade $o)=eres&a@o &or um o$rao $umaed)ora

    ALCIR PCORAE4PECIAL PARA A ?OLBA

    A mar!a8>o tem%oral em ,Maio de 01, 7 enganosa3 !erto que +oue um m6sde maio no ano de .01" mas n>o 7 dele que se #ala quando se #ala dele adimens>o simb5li!a da data 7 muito maior do que a sua dimens>o +ist5ri!a3,Maio de 01, 7 uma met)#ora" !omo ,Paris, 7 uma met)#ora ;dizia Cort)zar@ao situar*se (unto ' data" que a tudo !ontamina de s$mbolo3 Como se d) na2$blia" quando os eentos +ist5ri!os da ida de Cristo s>o tamb7m alegoria detodos os eentos da +ist5ria do +omem" do G6nese ao A%o!ali%se3De resto" 7 sabido o que Maio de 01 alegoriza (uentude" liberdade"!omunidade" igualdade" uto%ia" reolu8>o" direitos de minorias" %az e amorlire um !ontinuado 6-tase3

    Por isso mesmo" est) !laro que tamb7m alegoriza" %or nega8>o" a aus6n!ia de!ontradi8>o na ida real" %ois" nesta" liberdade n>o rima !om igualdade" !omoalertou Isaia+ 2erlin reolu8>o e uto%ia a!abam %or ser mutuamentee-!ludentes" !omo demonstraram os regimes reolu!ion)rios e#etiamenteim%lantados3Ao alegorizar o #im da e-ist6n!ia agSni!a" Maio de 01 7 tamb7m alegoria deum milagre3 Tudo se !on!ilia numa grande %re!e %ara que nada !ontradiga odese(o mais !oletio e o mais %essoal3Como disse o #il5so#oF 2oris Groys , absolutamente eidente que os anos0H #oram um %resente diino3 O ano de .01 #oi um a#lu-o s&bito de energia3

    Por todo o mundo *em Mos!ou" em Praga" na Am7ri!a" na C+ina" em Paris";333@ na Aleman+a*" muitas %essoas !ome8aram a reiindi!ar queremos #azer

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    qualquer !oisa sem ter de #az6*lo3 o %ara e-igi*lo *e" a#inal" %ara e-igi*lo de Deus" %orquenen+um goerno deste mundo %ode dar qualquer !oisa desse g6nero3 Era" %orassim dizer" uma reiindi!a8>o dirigida ao !7u,3E ent>o" nessa %re!e" que ers$!ulo to!a ' literaturaXo sereduz !om o ato de %ensar" estamos imaginando que a ida dea ser %autada

     %ela literatura ou" %or e-tens>o" %ela arte3Pensamos nosso !or%o !omo es!ritura e nossa ida !omo obra de arte3Mas" se o Maio de 01 %ode ser entendido simboli!amente !omo submiss>o daida ' arte" que anula as !ontradi8es do real no gozo" a segunda !oisa a dizer7 que tal literatura 7 estran+a ' literatura3

    Pois a quest>o de!isia da literatura n>o 7 liberar ou !urar" mas" ao !ontr)rio"arti!ular um ne-o !om o legado !ultural" %roduzir um ato de intelig6n!ia!a%az de estabele!er !orres%ond6n!ia !om o %assado" em bus!a de alguma#orma de trans!end6n!ia3 =esse ato" a menos que a obra se esgote em seu!onsumo" o %resente o!u%a a%enas %arte dele3

    S 9m o@cio a maisE a ,literatura +o(e," o que %ode serX Para que a !om%ara8>o se e#etue" 7

     %re!iso en!ontrar seu n&!leo simb5li!o igualmente3 Est) !laro que a literatura () n>o %ensa em %autar a ida do milagre n>o resta nem sequer mem5ria ;an>o ser talez instrumental@3Ele () n>o tem %retens>o de ser etor da ida %essoal ou !oletia3 o simb5li!a da ,literatura +o(e, este !olarin+o %u$doorgul+a*se de #azer bem #eito o seri!in+o do dia*a*dia" bagrin+o da estia dos

    neg5!ios3 Tamb7m %or isso" %or ter sede na ida ordin)ria" ,literatura +o(e,est) #ora da literatura %ra aler3Pois esta n>o %ode estar no es#or8o de estir a !amisa da em%resa" mas no dedialogar !om a ida intele!tual" !u(o +orizonte !onstitui" a#inal de !ontas" um!am%o de %roblemas sem solu8>o" n>o a o%ortunidade ou o 6-ito no mer!ado3Isso %osto" os ,H anos de%ois, signi#i!am basi!amente que saltamos do,Liro de Boras, %ara o Liro de Ponto" %ulando a literatura3De l) %ara !)" ela sem%re estee #ora do (ogo %rin!i%al3 =o Maio de 01" oes!ritor era in&til %orque todos tin+am obriga8>o de s6*lo" uma ez que a#un8>o da ida era ser obra de arte3

    Agora tam%ou!o ale grande !oisa" %orque" !onquanto trabal+adores%e!ializado" !omo todos os outros" o es!ritor 7 um !aso de RB" as%irante a

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    #un!ion)rio3 =o Maio de 01 %artil+amos o milagre +o(e" a banalidade3 Aliteratura %assa ao largo de ambas as met)#oras3 A%enas !uida de ouir asozes literais" %resen8a ia" dos mortos3

    ALCIR PCORA 7 %ro#essor de teoria liter)ria da niersidade Estadual de Cam%inas ;4P@ e autor de,M)quina de G6neros, ;Edus%@3

    < iloso@ia

    VAMOS INVADIR

    DE ALGO% E SALVADOR DO CAPITALISMO, MOVIMENTORENASCE 'O#E CONTRA O SISTEMA

    #AC!UES RANCIREE4PECIAL PARA A ?OLBA

    Liqidar a +eran8a do Maio de 01 essa #oi uma das grandes %alaras deordem da !am%an+a %residen!ial de =i!olas 4arozy3 Mas ele se enganousobre a 7%o!a a liqida8>o intele!tual dessa +eran8a +aia !ome8ado !om a!+egada ao %oder do Partido 4o!ialista em .1. e #oi" basi!amente" !onduzida

     %or intele!tuais que se diziam de esquerda3O que +aia" %ortanto" de t>o terr$el %ara liqidarX

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    Esse g6nero de aturdimento n>o !onduz %or si s5 a um resultado determinado3 %rin!i%almente o questionamento de todos os esquemas de eolu8>o+ist5ri!a que atribuem a essa reolu8>o um ob(etio ne!ess)rio3Os militantes do Maio de 01 %ensaam #azer a reolu8>o mar-ista3 Mas" ao!ontr)rio" sua a8>o a des#azia" ao mostrar que uma reolu8>o 7 um %ro!essoautSnomo de re!on#igura8>o do is$el" do %ens)el e do %oss$el" e n>o arealiza8>o de um moimento +ist5ri!o !onduzido %or um %artido %ol$ti!o at7sua meta3Essa li8>o n>o agrada aos s)bios em reolu8es e em !i6n!ias so!iais3 o %Sde !ome8ar3Primeiramente" ele eliminou a dimens>o interna!ional e" de%ois" a dimens>oso!ial e o%er)ria do moimento3 Os mil+es de o%er)rios em gree e as

     bandeiras ermel+as em todas as #)bri!as desa%are!eram da mem5ria3

    Maio de 01 #oi de#initiamente !onsagrado !omo uma reolta da (uentude3 A (uentude 7 tida !omo o tem%o dos amores" e o moimento de .01 #oiassimilado a uma as%ira8>o dos (oens a abolir o (ugo %aterno e os tabusse-uais3 Mas %or que uma reiindi!a8>o inerente ' %r5%ria natureza da

     (uentude teria es%erado at7 ent>o %ara %roo!ar essa insurrei8>o em massaXA res%osta estaa %ronta o que motiou essa insurrei8>o da (uentude #oi"disseram" o #renesi de !onsumo nas!ido da %ros%eridade dos anos UH" #oi ain!ita8>o ao gozo desenolida" !om suas itrinas e sua %ubli!idade" %elatriun#ante so!iedade de !onsumo3

     =a erdade" a !r$ti!a a essa so!iedade +aia sido uma das grandes %alaras deordem do moimento de .01" mas %ou!o im%orta Maio de 01 tornou*seretros%e!tiamente o moimento de uma (uentude im%a!iente %ara gozartodas as %romessas do lire !onsumo do se-o e das mer!adorias3

    Peso desas-0oso =os anos 0H" so!i5logos ameri!anos () +aiam re!onertido suas es%eran8asreolu!ion)rias #rustradas em !r$ti!a aos %erigos do indiidualismo!onsumidor %ara o bem %&bli!o3 Os esquerdistas #ran!eses re!onertidos dosanos 1H retomaram ma!i8amente o tema3

    Assim" o moimento de .01" de%ois de ser reduzido a transbordamentos de (uentude sem !onseq6n!ia %ara a ordem so!ial" iu*se !arregado" aoinerso" de um %eso +ist5ri!o desastroso3 Era" diziam eles" a insurrei8>o doindiidualismo demo!r)ti!o destruindo todas as estruturas de autoridade quemantin+am a ida so!ial #am$lia" religi>o ou es!ola3Ao trans#ormar a so!iedade inteira em uma agrega8>o de !onsumidoresnar!isistas" desligados de qualquer elo so!ial" ele garantiu o triun#o de#initiodo mer!ado !a%italista3Mas ainda n>o bastaa3 Era %re!iso %roar que ele +aia o#ere!ido ao!a%italismo n>o somente seus son+ados !onsumidores" mas os meios %ara sua

    reorganiza8>o3Dois so!i5logos *Lu! 2oltansi e Ee C+ia%ello* %ubli!aram em . ,Le

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     =ouel Es%rit du Ca%italisme, O =oo Es%$rito do Ca%italismoF" destinado asustentar uma tese sim%les se o !a%italismo em di#i!uldades +aia !onseguidosu%erar a !rise dos anos KH" #oi gra8as 's id7ias em%restadas da ,!r$ti!a artista,realizada %elos estudantes *o %riil7gio dado ' lire !riatiidade e ' atiidadeem rede !ontra as estruturas de dire8>o tradi!ionais3A erborragia da #iloso#ia geren!ial seria !omo %e8a de !oni!8>o %araa%oiar a tese de um !a%italismo ' moda de 01" trans#ormando o e-e!utio emtreinador" #aore!endo o dinamismo indiidual de assalariados tolerantes e#le-$eis" enolidos !om entusiasmo em estruturas lees e inoadoras3

     =a erdade" esses temas de um !a%italismo ,neQ loo, #oram elaboradosantes de .013 E" %rin!i%almente em nome da globaliza8>o" o %atronato soubeen!ontrar meios de %ress>o sobre os sal)rios e a %rodutiidade de seusem%regados mais diretos que esses id$lios %ara semin)rios de gerentes3

    Ress90ime+-oMas" assim" a grande iners>o estaa !on!lu$da3 Maio de 01 estaa!onsagrado !omo o %roiden!ial salador do !a%italismo de!adente3 4arozy

     %odia !+egar3 =>o +aia mais nada %ara liqidar3Mas isso quer dizer (ustamente que a tend6n!ia %odia !ome8ar a se inerter3Este aniers)rio deeria ser um enterro de#initio3 Mas #oi" ao !ontr)rio" ao!asi>o %ara ressurgir uma multi%li!idade de testemun+os e do!umentos quereatualizam o teor %ol$ti!o do moimento e seu !ar)ter anti!a%italista demassa3A liqida8>o da liqida8>o talez ten+a !ome8ado3

    JACo de Luiz Roberto Mendes Gon8ales 3

    + O que ler

    ia!!a"

    de Io/erto Piva @

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    # *o%iedade do ,"(et%ulode &u8 .e/ord @

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    !ansa8o e %elo desinteresse da maioria3Lola ?onseque" ." estudante de #iloso#ia" diz que o %er$odo 7 lembrado nauniersidade sobretudo %elos sindi!atos de estudantes" que se orgul+am dele3,:e(o !om orgul+o essa +eran8a" mas a!+o que %re!isa +aer um erdadeirotrabal+o de re#le->o sobre o que aquela reolta re%resentou %ara o %a$s e que+eran8a ela dei-ou3,

    + en"adore" de 68

    #ndr$ lu%"mannGnBuente com "5 .iscurso so/re a &uerra" @

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    /oui" #lthu""erProfessor na scola !ormal Du%erior @o estil$sti!a dam&si!a negra" %or meio de #iguras !omo Jimi Bendri- *que lan8a ,Ele!tri!Ladyland, e !olo!a #ogo na !ena musi!al em _oodsto!" em .03

    #a, /l9es, 0oc Retros%e!tiamente" nota*se que a grande in#lu6n!ia e matriz musi!alo!idental %5s*01 em da ,grande m&si!a negra norte*ameri!ana, ;!omodenominaa o Art Ensemble de C+i!ago@3 Pode*se dizer que o ro! en!ontrasua identidade na so!iedade norte*ameri!ana quando assume elementos dam&si!a negra" es%e!ialmente do blues3

     =o sentido !ontr)rio" o (azz ai bus!ar nos materiais do ro! sua renoa8>o"sendo Miles Dais e o LP ,2it!+es 2reQ," lan8ado em .KH" um de seuse-%oentes3

    James 2roQn" !+amado ' T: ameri!ana %ara tentar a%aziguar o Nnimo dosnegros a%5s o assassinato de Lut+er ing" 7 ainda +o(e uma das ozes mais

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    in#luentes nos (oens m&si!os que realizam #uses em torno do #un3,Bair," o musi!al +i%%ie estreado em .0K" e Janis Jo%lin tamb7m %agaramseu tributo ao gos%el e ao estilo das !antoras negras desde Ella ?itzgerald"4ara+ :aug+an e =ina 4imone at7 Aret+a ?ranlin3Outras #ontes da m&si!a negra !omo o reggae e o dub !ontinuam in#luentes nam&si!a" in#luen!iando a eletrSni!a de %ista" %or e-em%lo3O ro! #oi res%ons)el %or in!or%orar tend6n!ias de outras linguagens*!riando a 5%era*ro!" que rea%are!e nos &ltimos anos traestida em musi!aise es%et)!ulos multim$dia de gosto duidoso*" assim !omo da m&si!ae-%erimental euro%7ia e norte*ameri!ana" nas ozes de ?ran 9a%%a3In#luen!iado %or Edgard :ar`se" 9a%%a *que #oi um dos m&si!os mais!riatios do s7!ulo* lan8aa o LP ,Lum%y Gray," dis!o inomin)el em seu+ibridismo3A m&si!a eletrSni!a tamb7m in#luen!iou os 2eatles em ,4gt3 Pe%%erWs Lonely

    Bearts Club 2and, e mais #ortemente o ,_+ite Album," !+eio de quebras de %adr>o em rela8>o aos #ormatos da m&si!a industrial3Eles bus!aram ainda tradi8es n>o*o!identais ;ndia@ em bus!a de renoa8>o"assim !omo 4to!+ausen am%liou o unierso sonoro e !om%osi!ionalre!orrendo a #ontes e #ormas musi!ais do Oriente" !omo em ,4timmung," %ore-em%lo3Luigi =ono re%resentando a ertente enga(ada na m&si!a e-%erimental!om%un+a ,=on Consumiamo Mar-, ;.0" %ara ta%e@" debatendo*se %or umainser8>o %ol$ti!a da m&si!a erudita de %esquisa" que" ao !ontr)rio" nun!a abrium>o de seu status quo aristo!r)ti!o3

    O +osso Vie-+;Gilberto Mendes" sintonizado !om os +a%%enings de Jo+n Cage" !om%un+a"em .01" ,4on et Lumi`re, 4om e LuzF %ara uma %ianista*manequim e dois#ot5gra#os" numa !riti!a %remonit5ria do !ulto atual ' moda3 2andas !omo ese Led 9e%%elin nas!iam" e o ro! %rogressio #azia uma s$ntese desse!aldeir>o que transbordaa nos anos .KH3

     =o 2rasil" tamb7m t$n+amos o nosso :ietn>3 A !+amada #or8a eolutia dam&si!a %o%ular se en!ontraa na en!ruzil+ada entre o esgotamento de

    #5rmulas no bati!um da !lasse m7dia as!endente e o embate da realidade %ol$ti!a3Certa %arte da !an8>o %o%ular se lan8aa na !r$ti!a so!ial" se(a em ozes maisl$ri!as" !omo C+i!o 2uarque" ou mais e-%l$!itas" !omo Geraldo :andr7"estabele!endo um %6ndulo que seria rom%ido %elo tro%i!alismo o nosso .01musi!al3 Ele re#letia e a!res!entaa !or lo!al ao es%$rito da 7%o!a3O LP ,Tro%i!)lia" ou Panis et Cir!enses, re%resenta muito bem esse !aldeir>o"essa #ei(oada sonora3A tradi8>o da m&si!a negra brasileira" no entanto" desem%en+aa um %a%el!oad(uante3 Obsere*se a lista de %arti!i%antes e %remiados dos #estiais da

    7%o!a" em que se %odia en!ontrar em segundo %lano os nomes de Cartola" =elson Caaquin+o" Guil+erme de 2rito" entre outros3

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    A renoa8>o dessa tradi8>o" re%resentada %ela in#lu6n!ia da m&si!a negranorte*ameri!ana" !om #igura %o%ulares !omo _ilson 4imonal e m&si!os !omoErlon C+aes" que queria ,mo!ot5," ai desembo!ar e o!u%ar es%a8o a%enas a

     %artir dos anos .H" !om a e-%eri6n!ia urbana do +i% +o% e em in&meras#uses de estilos3Pode*se dizer que a grande #or8a !riatia na m&si!a %o%ular desde os anos.0H" no 2rasil" nos EA e na Euro%a" se desenoleu a %artir da m&si!anegra" que !ontinua se renoando e %ro%ondo noos #ormatos" os!ilando entreo %rotesto e a #esta3

    LI:IO TRAGTE=2ERG 7 !om%ositor3 =este m6s estar) ' #rente da estr7ia da Orquestra de M&si!os dasRuas de 2erlim" na Aleman+a3

    + O que ouir

    ,le%tri% /ad

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    CREN4A NA UTOPIA AINDA A MEL'OR ORMA DE!UESTIONAR A E?CLUS)O SOCIAL

     A e$d$)a Cs ormas rad)a)s de

     &raer sur*e em um mome$o &o(#)o &re)so5 !ua$do o "esr)ode >?" es*oa seus &oe$)a)s

     &o(#)os

    SLAVO# %I%E3 COL=I4TA DA ?OLBA

    m dos gra#ites mais !on+e!idos dos muros de Paris em .01 era ,As

    estruturas n>o andam %elas ruasV,3 Isto 7" n>o se %odem e-%li!ar as grandesmani#esta8es de estudantes e trabal+adores do Maio de 01 !omodeterminadas %elas mudan8as estruturais na so!iedade3Mas" segundo o %si!analistaF Ja!ques La!an" #oi e-atamente isso o quea!onte!eu em .01 as estruturas sa$ram 's ruas3 Os eentos e-%losiosis$eis #oram" em &ltima instNn!ia" o resultado de um desequil$brio estrutural*a %assagem de uma #orma de domina8>o %ara outra nos termos de La!an" dodis!urso do mestre %ara o dis!urso da uniersidade3Os %rotestos anti!a%italistas dos anos 0H su%lementaram a !r$ti!a %adr>o dae-%lora8>o so!ioe!onSmi!a %elos temas da !r$ti!a so!ial a aliena8>o da ida

    !otidiana" a ,mer!adoriza8>o, do !onsumo" a inautenti!idade de umaso!iedade de massa em que ,usamos m)s!aras, e so#remos o%ress>o se-ual eoutras et!3

    P0ae0 e>-0emoMas o noo es%$rito do !a%italismo re!u%erou triun#almente a ret5ri!a anti*+ier)rqui!a de .01" a%resentando*se !omo bem*su!edida reolta libert)ria!ontra as organiza8es so!iais o%ressias do !a%italismo !or%oratio e doso!ialismo ,realmente e-istente,3O que sobreieu da liberta8>o se-ual dos anos .0H #oi o +edonismotolerante" #a!ilmente in!or%orado a nossa ideologia +egemSni!a +o(e o %razer se-ual n>o a%enas 7 %ermitido" 7 ordenado *os indi$duos se sentem !ul%adosquando n>o %odem des#rut)*lo3A tend6n!ia 's #ormas radi!ais de %razer ;%or meio de e-%eri6n!ias se-uais edrogas ou outros meios de indu8>o ao transe@ surge em um momento %ol$ti!o

     %re!iso quando o ,es%$rito de 01, esgota seus %oten!iais %ol$ti!os3 =esse %onto !r$ti!o ;meados dos anos KH@" a &ni!a o%8>o restante #oi um direto e brutal em%urr>o %ara o real" que assumiu tr6s #ormas %rin!i%ais a bus!a %or#ormas e-tremas de %razer se-ual" a o%8>o %elo real de uma e-%eri6n!ia

    interior ;misti!ismo oriental@ e" #inalmente" o terrorismo %ol$ti!o de esquerda;?ra8>o do E-7r!ito :ermel+o na Aleman+a" 2rigadas :ermel+as na It)lia

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    et!3@3O que todas essas o%8es !om%artil+am 7 um re!uo do enga(amentoso!io%ol$ti!o !on!reto %ara um !ontato direto !om o real3 Lembremos aqui odesa#io de La!an aos estudantes que %rotestaam ,Como reolu!ion)rios"o!6s s>o +ist7ri!os que e-igem um noo mestre3 :o!6s >o gan+ar um,3 E ogan+amos" sob o dis#ar!e do mestre ,%ermissio, %5s*moderno !u(adomina8>o 7 mais #orte %or ser menos is$el34em d&ida" muitas mudan8as %ositias a!om%an+aram essa %assagem *basta!itar as noas liberdades das mul+eres e seu a!esso a !argos de %oder3Entretanto essa %assagem %ara um outro ,es%$rito do !a%italismo, #oirealmente tudo o que a!onte!eu nos eentos do Maio de 01" de modo que todoo entusiasmo 7brio de liberdade #oi a%enas um meio de substituir uma #ormade domina8>o %or outraXMuitos sinais indi!am que as !oisas n>o s>o t>o sim%les3 4e e-aminarmos

    nossa situa8>o !om os ol+os de .01" deemos lembrar o erdadeiro legadodesse ano seu n&!leo #oi uma re(ei8>o ao sistema liberal*!a%italista3 #)!il zombar da id7ia do ,#im da +ist5ria, de ?ran!is ?uuyama" mas +o(e amaioria 7 #uuyamista o !a%italismo liberal*demo!r)ti!o 7 a!eito !omo a#5rmula #inalmente en!ontrada da mel+or so!iedade %oss$el" e tudo o que se

     %ode #azer 7 torn)*la mais (usta" tolerante et!3

    Ecoloia e apa0-7eidBo(e a &ni!a erdadeira quest>o 7 n5s endossamos essa naturaliza8>o do!a%italismo ou o !a%italismo global de +o(e !ont7m antagonismos #ortes osu#i!iente %ara im%edir sua in#inita re%rodu8>oXB) ;%elo menos@ quatro desses antagonismos a sombria amea8a da !at)stro#ee!ol5gi!a" a inadequa8>o da %ro%riedade %riada %ara a !+amada ,%ro%riedadeintele!tual," as im%li!a8es so!io7ti!as dos noos aan8os te!no!ient$#i!os;es%e!ialmente em biogen7ti!a@ e as noas #ormas de a%art+eid" os noosmuros e #aelas3 Os %rimeiros tr6s antagonismos se re#erem aos dom$nios doque Mi!+ael Bardt e Toni =egri !+amam de ,!omuns,3B) os ,!omuns de natureza e-terna, amea8ados %ela %olui8>o e a e-%lora8>o;do %etr5leo a #lorestas e o %r5%rio +abitat natural@" os ,!omuns de natureza

    interna, ;o legado biogen7ti!o da +umanidade@ e os ,!omuns de !ultura," as#ormas imediatamente so!ializadas de !a%ital ,!ognitio," basi!amente al$ngua" nosso meio de edu!a8>o e !omuni!a8>o3A re#er6n!ia a ,!omuns, (usti#i!a a ressurrei8>o da id7ia de !omunismo nos

     %ermite er o enolimento %rogressio dos !omuns !omo um %ro!esso de %roletariza8>o daqueles que s>o assim e-!lu$dos de sua %r5%ria substNn!ia3 =o entanto 7 a%enas o antagonismo entre os ,in!lu$dos, e os ,e-!lu$dos, querealmente (usti#i!a o termo !omunismo3 Em di#erentes #ormas de #aelas aoredor do mundo" %resen!iamos o r)%ido !res!imento da %o%ula8>o sem o!ontrole do Estado" iendo em !ondi8es meio #ora*da*lei" em terr$el

    !ar6n!ia de #ormas m$nimas de auto*organiza8>o34e a %rin!i%al tare#a da %ol$ti!a eman!i%at5ria do s7!ulo . #oi rom%er o

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    mono%5lio dos liberais burgueses %or meio da %olitiza8>o da !lassetrabal+adora" e se a tare#a do s7!ulo H #oi des%ertar %oliti!amente a imensa

     %o%ula8>o rural da [sia e da [#ri!a" a %rin!i%al tare#a do s7!ulo . 7 %olitizar*organizar e dis!i%linar* as ,massas desestruturadas, dos que iem nas#aelas34e ignorarmos esse %roblema dos e-!lu$dos" todos os outros antagonismos

     %erdem seu i7s subersio3 A e!ologia se trans#orma em um %roblema dedesenolimento sustent)el" a %ro%riedade intele!tual em um !om%le-odesa#io (ur$di!o" a biogen7ti!a em uma quest>o 7ti!a3

    Seamos 0ealis-as4em o antagonismo entre in!lu$dos e e-!lu$dos" %oderemos nos en!ontrar emum mundo em que 2ill Gates 7 o %rin!i%al +umanista" lutando !ontra a

     %obreza e as doen8as" e Ru%ert Murdo!+ o maior ambientalista" mobilizando

    mil+es de %essoas %or meio de seu im%7rio da m$dia3O erdadeiro legado de .01 7 mel+or resumido na #5rmula ,soyons realistes"demandons lWim%ossibleV, se(amos realistas" e-i(amos o im%oss$elVF3A erdadeira uto%ia 7 a !ren8a em que o sistema global e-istente %ode sere%roduzir inde#inidamente3 A &ni!a maneira de ser erdadeiramente realista 7imaginar o que" dentro das !oordenadas desse sistema" s5 %ode %are!erim%oss$el3

    4LA:OJ 9I9E 7 #il5so#o esloeno e autor de ,m Ma%a da Ideologia, ;Contra%onto@3 Ele es!ree na

    se8>o ,Autores," do MaisV3Tradu8>o de Luiz Roberto Mendes Gon8ales 3

    GUERRIL'A DENTRO DO BOTE!UIM

    PARA O CARTUNISTA ANGELI, REPERT=RIO IDEOL=GICO DESEU PERSONAGEM MEIAOITO EST$ DATADO

    ERNANE GUIMAR)ES NETODA REDAYZO

    Meiaoito morreu3Criado %elo !artunista Angeli em suas tiras %ara a ?ol+a nos anos .1H" 7

     baseado no t$%i!o reolu!ion)rio !omunista de botequim" um ti%o !ada ezmais di#$!il de a!+ar3 =as %)ginas do (ornal" talez s5 a%are8a !omo #antasmaMeiaoito #oi atro%elado %or um !amin+>o em tira %ubli!ada no dia H de (ul+ode HHK34eu !riador re!on+e!e que" !omo ti%o urbano" o %seudoguerril+eiro est)datado" a%esar de er ,resqu$!ios, re!orrentes" %or e-em%lo nas inases auniersidades %&bli!as brasileiras ,=o meio da o!u%a8>o" +) um teatro muito

     bem armado" de uma %e8a () um %ou!o antiga3 A #un8>o do +umor 7 mostraresse teatro,3

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    02L? ANGEL/ * uma re#er6n!ia a um ti%o !ara!ter$sti!o da 7%o!a" que in!or%oreiao Meiaoito aquele que tin+a o dis!urso" mas n>o tin+a a a8>o3 ?azia aguerril+a dentro do bar" um ti%o !+eio de regras" que %ede !arteira ideol5gi!a atodo mundo3 =>o 7 o atiista que %egou em armas" 7 aquele que #i!ou no bar*sua +ist5ria de luta s5 e-istiu na !abe8a dele3Esse ti%o em do Maio de 01" mas tem muito a er !om o #inal dos anos KH eo !ome8o dos 1H" quando a id7ia de uma ,!ono!a8>o geral, () tin+a sedissi%ado3 Ele #i!ou3 Perdeu o bonde da +ist5ria3Por7m !ontinuou %ro#erindo %alaras de ordem e (ulgando as %essoas no bar3

    02Lo %equenos3 uma tentatia de reier uma 7%o!a emo!ionante" de luta3 Essa 7%o!a #i!ou l)3

    4e +ouer %ossibilidade de luta +o(e" n>o %ode ser igual3

    02L

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    !omo o uso de drogas3 Desde os +i%%ies" 7 tudo um !on(unto" um moimentoque in!lui .01" a libera8>o da mul+er" da se-ualidade3 Cada gru%o tee sua#un8>o3

    < Ci+ema

    RUAS E CORPOS

    REPRESENTAR O COTIDIANO E CRIAR NOVOS MERCADOS S)OLEGADO E DESAIO

     De=ord su&eres)mou a "so)edadedo es&e:u(o", uma )$u)@'o e+r)ade)s)va !ue v)rou um ()%u)()ado &ara desrever a u(ura demassa

    IVANA BENTESE4PECIAL PARA A ?OLBA

    o !onsumidos" rea%ro%riados %or !oletios e midiatiistas do mundotodo3

    Imaem como capi-al

    ?alar em !inema %5s*01 signi#i!a" +o(e" %ensar em %5s*!inema e %5s*m$dia demassa3 Pois #oi de%ois de .01 que se tornou ainda mais !r$ti!a a %er!e%8>odas %oten!ialidades" mas tamb7m dos limites" da #orma*!inema" do !ir!uito*!inema" #ilme*!onsumo" num !a%italismo !ultural em muta8>o3A intui8>o estaa l)3 A imagem 7 o noo !a%ital" es!reia Guy Debord em ,A4o!iedade do Es%et)!ulo, ed3 Contra%ontoF *liro*mar!o de .0K que o

     %r5%rio Debord trans#ormaria em um #ilme*mani#esto ,!ontra o !inema, em.K e !u(o an&n!io grandiloqente a!ertaa no diagn5sti!o e erraa" !om amesma grandiloq6n!ia" nos seus desdobramentos ,:o!6s %oder>o er em

     bree na tela ,A 4o!iedade do

    Es%et)!ulo, e" %osteriormente" %or todo lugar" sua destrui8>o," anun!iaa otrailer3 Debord su%erestimou os a!onte!imentos que %oderiam %erturbar o

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    !a%italismo e %roo!ar sua ,destrui8>o, ;Maio de 01 !ertamente #oi um dessesmomentos@3Mas ele tamb7m su%erestimou a ,so!iedade do es%et)!ulo," uma intui8>ote5ri!a de!isia que irou um !li!+6 utilizado %ara des!reer a !ultura demassa !omo uma es%7!ie de telerrealidade in#ernal" mediada %or imagens quenos assu(eitam" num dis!urso*lamenta8>o %aralisante3

     =>o %re!isamos nem ino!ar um %5s*01 %ara en!ontrar outras derias" menosmelan!5li!as e a%o!al$%ti!as" na %r5%ria !ena !inematogr)#i!a3 O !inema deJean*Lu! Godard 7 um desses ant$dotos a Debord3 Res%osta t>o maise-traordin)ria %or ter res%ondido ' ,so!iedade do es%et)!ulo, !riando um dosmais %ro#$!uos ban!os de %ro!essos audioisuais e imagens*%ensamentos dos7!ulo H" um %ensamento*!inema" imagens*resist6n!ia" #erramentas e armasde um !a%italismo do simb5li!o" que +o(e !+egaram ' rede3 que Godard e o ,!inema de 01, ;%r7 e %5s*Maio@ des!obriram n>o

    sim%lesmente a materialidade das lutas" barri!adas e batal+as de rua" o %oderdos !or%os" mas o deir est7ti!o do !a%italismo" da resist6n!ia e da !ria8>o *ane!essidade de !ontradis!ursos" imagens" !artazes" %ubli!idade" %alaras deordem e de desordem" i!onogra#ia" gra#ismos" gra#ites que %roduzissem outroestado de !oisas3,A C+inesa," ,_eeend ' ?ran!esa," ,Tudo :ai 2em, e os #ilmes do !oletiomao$sta Dziga :erto ;que Godard #ormou !om Jean*Pierre Gorin de .01 a.K@ s>o uma e-%eri6n!ia singular nessa dire8>o3

    M9l7e0, +e0o, ope0.0ioO ,!inema de 01, !ome8ou no in$!io da d7!ada" muito antes do Maio" e seestendeu %elos anos KH inteiros" in!or%orando os noos su(eitos do dis!urso;mul+eres" negros" o%er)rios" disru%tios" #iguras do %oder enlouque!idas@"se-ualidade" drogas" a !r$ti!a ao !inema*re%resenta8>o3 =un!a #oi um ,!inemamilitante, ou ,!inema %ol$ti!o, %ensando !omo ,ni!+o de mer!ado,3

     =o 2rasil" ,Terra em Transe," de Glauber Ro!+a" ,O 2andido da Luz:ermel+a," de Rog7rio 4ganzerla" o !inema marginal e o !inema tro%i!alistaest>o ' altura do Maio #ran!6s" que re%er!utiu em todas as !inematogra#ias*,2onnie e Clyde, ;.0K@" de Art+ur Penn" ,4e333," de Lindsay Anderson"

    ,9abrisie Point," de Antonioni" ,Po!ilga," de Pasolini" al7m de 2ernardo2ertolu!!i" C+ris Marer" entre tantos outros #ilmes e diretores e-traordin)riosdo mundo inteiro3Outra das !onseq6n!ias de .01 #oi o surgimento de um !inema %ol$ti!omainstream" !omo ,9, ;.0@" de Costa*Garas ;que muito a%ro%riadamente

     %remiou" no ?estial de 2erlim" ,Tro%a da Elite,@" na lin+a do #ilme*%ol$ti!o*de*mer!ado*que*%roduz*satis#a8>o*e*diertimento*garantidos3 Maio de 01tamb7m des%ertou o ,anti*Maio," a desquali#i!a8>o do a!onte!imento .01 eda e-%erimenta8>o est7ti!o*%ol$ti!a" al7m de um antiintele!tualismo que rondaa !ultura !ontem%orNnea3

    A+-iJMaio

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    O orgul+o de ,n>o ser %ol$ti!o," uma %retens>o que mar!a o dis!urso do!inema*a8>o*es%eta!ular baseado na regress>o ingatia" na %uls>o de morte"adrenalina" e em !erto gozo soberano em er" in#ligir e !onsumir todas as#ormas de %oder3 m anti*Maio em !urso" %ara o qual n>o ale mais o a%eloiolento nos muros da 4orbonne ,A(udem*nos" destruam*seV,3A mais not)el %ro%osta de .01 ainda 7 rom%er o gueto do !inema e da arte"!riar noos mer!ados e derias" en!ontrar o !inema no !otidiano" nas lutas" nomundo" a#inal ,arte 7 o que #az a ida mais interessante que a arte,"

     %oder$amos dizer3A deria de .01 7 reinentar a %ot6n!ia do !inema" inentar o atiismo %5s*midi)ti!o" %5s*!inema e T:" o !inema*mundo3

    I:A=A 2E=TE4 7 %ro#essora da Es!ola de Comuni!a8>o da ?RJ e autora de ,E!os do Cinema, ;ed"

    ?RJ@" entre outros liro

    + # que a""i"tir

    # Chine"a 51967ee-,nd A )ran%e"a 51967e .udo Bai ?em 51972lmes de &odard, e todos os que fez no coletivo .zi2a 'ertov

    )ilme" do gru(o an!ibarde Phili%%e &arrel, Patric0 .eval, Der2e 6ard e .anielPommereulle, do "9anifesto %or um 1inema 'iolento"

    # *o%iedade do ,"(et%ulode &u8 .e/ord @eoluçDode 6ernardo 6ertolucci @

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    Em todos os e-em%los !itados" as a8es dos estudantes #oram diretas" asassembl7ias eram o ei-o de arti!ula8>o dos rumos das a8es" e os blogs erames%a8os de dis!uss>o e en!amin+amentos3A quest>o dos imigrantes *em termos de direitos e e-%ress>o da !ultura* estaa

     %resente3 Trata*se de um atiismo %ol$ti!o*!ultural3

    Blos e 0e@e0e+dos =o 2rasil" em HHK os estudantes !riaram um %rotagonismo %r5%rio ao o!u%ar reitorias em )rias uniersidades do %a$s" !omo na 4P" ni!am% e nes%"em atos de o%osi8>o ao de!reto que alteraa a autonomia uniersit)ria3Boue o!u%a8>o tamb7m na PC*4P3 =as uniersidades #ederais aso!u%a8es #oram %ela re(ei8>o ao Programa de A%oio a Planos deReestrutura8>o e E-%ans>o das niersidades ?ederais ;Reuni@ do goerno#ederal3 O )%i!e das o!u%a8es se deu no m6s %assado" !om a8es na

    niersidade de 2ras$lia e na ni#es%3As o!u%a8es a%resentam )rias noidades" !omo os estudantes agiraminde%endentes de outros moimentos ou institui8es da so!iedade brasileira"aliando questes es%e!$#i!as a demandas 7ti!as relatias ao uso indeido dodin+eiro %&bli!o" %resentes tamb7m em outros segmentos da ida na!ional3 Asa8es #oram organizadas %or gru%os que atuaam ia re#erendamento emassembl7ias" !om lideran8as sem e-%eri6n!ia anterior" que se #ormaram no

     %ro!esso3 E usaram #erramentas te!nol5gi!as" %rin!i%almente os blogs" !omo#orma de arti!ular" em rede" a8es dis%ersas e #ragmentadas3As o!u%a8es indi!am que a id7ia da a%atia e aliena8>o do moimentoestudantil a%5s os anos 0H dee ser reista3 Talez o %onto !entral se(a eles#azem %ol$ti!a de outra #orma" motiados %elo %ragmatismo que geramoimentalismo3Boue" sim" um %ro!esso de institu!ionaliza8>o de suas organiza8es" que se#e!+aram em determinadas orienta8es %rogram)ti!as e ideol5gi!as" mas omoimento #oi se re!onstruindo !om a8es !oletias mais autSnomas3Bo(e" mani#estam*se mais no %lano %ol$ti!o*!ultural" e n>o %ol$ti!o*%artid)rio3Embora %artidos e gru%os %ol$ti!os este(am %resentes nas suas organiza8es"es%e!ialmente o PC do 2" o PT" o P4OL" o P4T e o MR1" eles n>o dirigem

    ou n>o det6m a +egemonia na !ondu8>o das o!u%a8es3

    Li1es de Co+@KcioB)" %ortanto uma relatia autonomia e arti!ula8es de di#erentes matizesideol5gi!as3 O so!ialismo libert)rio" o anarquismo et!3 tamb7m est>o

     %resentes" a e-em%lo da multi%li!idade de !orrentes %ol$ti!as e ideol5gi!as doMaio de 01 na ?ran8a3Por isso" a#irmamos que o !ar)ter das o!u%a8es na atualidade a%ro-ima osestudantes brasileiros do Maio de 01 *es%e!ialmente na sua eta%a ini!ial" naniersidade de =anterre* e se distan!ia muito do Maio de 01 no %r5%rio

    2rasil3Isso %orque o moimento #ran!6s" naquela 7%o!a" tee um #orte !onte&do

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    !ultural" queria mudar o mundo e a uniersidade *sua rigidez" seus %ro!edimentos" sua buro!ra!ia3O Maio estudantil de 01 no 2rasil #oi uma luta %ol$ti!a de o%osi8>o ao regimemilitar !om $ntima !one->o entre estudantes e %artidos %ol$ti!os3

     =a atualidade" en!ontramos #undamentos %ara o %ragmatismo dos estudantes brasileiros que se mobilizam nas o!u%a8es mais nos ensinamentos deCon#&!io *que %rioriza a 7ti!a e a moralidade* do que nos ensinamentos deMao Tse*tung dos anos 0H" que %re!onizaa a alian8a dos estudantes !om os!am%oneses e o%er)rios %ara uma reolu8>o !ultural3

    MARIA DA GLcRIA GOB= 7 %ro#essora titular da ?a!uldade de Edu!a8>o da niersidade Estadual deCam%inas ;4P@ e autora de ,Moimentos 4o!iais no In$!io do s7!ulo ., ;ed3 :ozes@3

    < A0-e

    ATO SUSTENT$VEL

    REIVINDICA45ES DE 68 RESSURGEM EM ESCALA AMBIENTALE CONTRA A IDIA DE CONSUMO

     A o$da *era( é rer $a reo$!u)sa

    de uma u$)dade da v)da, mesmo !ueo es&e:u(o sea )rrevers#ve( 

    LISETTE LAGNADOE4PECIAL PARA A ?OLBA

    4e n>o +) mais %esquisa #ormal em seu trabal+o" qual 7 a sua inten8>o atualX,3 =essa %ergunta de :era Pedrosa a Lygia Clar ;.H*11@" ouimos os e!os dogrito estudantil da ?ran8a %ara o ,Correio da Man+>," no Rio de Janeiro;H/U/.01@3 =o lugar de %roduzir ob(etos destinados ' #un8>o !ontem%latia"artistas do mundo inteiro se %osi!ionam !ontra o im%7rio da re%resenta8>o3o %assia does%e!tador diante do mundo da imagem *teses #ormuladas %or Guy Debord;..*.@* #oi a grande mola dos atos de !ontesta8>o3 Redundou em!onites %ara !amin+adas*derias" relatos de deambula8es urbanas e ma%as

     %si!ogeogr)#i!os !om o ob(etio de #azer e-%lora8es" notadamente de bairrosindustriais desatiados3Essa #i-a8>o no !om%ortamento %ermitiu a %assagem de uma idealiza8>o dareolu8>o %ara os %aradigmas da !ultura %o%" %elo i7s do ,!om%ortamento,"

    ou" no l7-i!o da arte enga(ada" da ,atitude,3 =o ano seguinte" o !urador Barald 4zeemann ;.*HHU@ !a%ta no es%$rito do

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    irreers$el3 ,Museu 7 o mundo3, O ,%rograma ambiental, de B7lio Oiti!i!a;.K*1H@ n>o #oi uma teoria negatia da so!iedade3 Por e-em%lo" o arao6ale %ara um artista*%ro%ositor na bus!a da %arti!i%a8>o do n>o*artista3Os %ro(etos de Rirrit Tiraani(a t6m uma #ilia8>o in!ons!iente o!u%ares%a8os n>o +abituais %ara mostras" im%lantar uma !omunidade ;,T+e Land,"ini!iado em .1@" !ozin+ar %ara o %&bli!o de ernissages" n>o #azerernissage" #omentar en!ontros %ara tro!as in#ormais et!3 A uto%ia de Rirrit;e de outros@ 7 a sustentabilidade" e n>o o !onsumo3A %ergunta #eita a Lygia Clar %ode ser estendida a muitos artistas ematiidade3 uma indaga8>o que %ermane!e" !omo se nen+uma res%osta" denen+uma autoridade" %udesse #azer #rente 's %r)ti!as art$sti!as que #izeram ao%8>o de !entrar sua inten!ionalidade no %ensamento do +omem ,!omum,3

    LI4ETTE LAG=ADO 7 %ro#essora do mestrado em artes isuais da ?a!uldade 4anta Mar!elina ;4P@ e #oi!uradora*geral da K 2ienal de 4P

    + O que er

    ?aba #ntro(ogi%ade >82ia 1lar0 @

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    < Mem0ia

    REBELDIA LTDAQ

    L&DER DOS PROTESTOS DE PARIS EM 68 E DEPUTADO DOPARLAMENTO EUROPEU 'O#E, DANIEL CO'NJBENDIT, 6F,DESMENTE !UE TEN'A SE TORNADO DE DIREITA E DI% !UE ANGUSTIANTE SER #OVEM ATUALMENTE

    S(LVAIN COURAGEMARIEJRANCE ETC'EGOIN

    O legado do Maio de .01" a (uentude num mundo %re!)rio" a utilidade dareolta" a rela8>o !om a autoridade3 Os redatores de H anos do ,=ouel

    Obserateur, debateram !om o eterno rebelde Daniel Co+n*2enditatualmente !om 0 anos e de%utado no Parlamento Euro%eu" re%resentando oPartido :erde alem>oF3 Leia abai-o os %rin!i%ais tre!+os

     2P4. 2 sr. se or$ou de d)re)a ou e$errou sua revo(a

     DAN/EL 2

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    !+inesas %oder>o %roibir o a!esso das %essoas3 O que %oder>o #azerX MandartanquesX

     ANNE-LAURE - ;)$%a m'e eseve em Na$erre [am&us da U$)vers)dadede Par)s o$de oram de(a*rados os &roesos] em 19>?. Era &r)mavera, osesuda$es esavam des&reou&ados, v)v)am $uma so)edade em !ue $'o%av)a desem&re*o e, %oe, v)vem em =oa s)ua@'o, es'o )$sa(ados. ;a)o de>? $'o er: s)do s)m&(esme$e um *ra$de &er#odo de ér)as !ue $'o deu em$ada2o #oram sim%lesmente grandes #7riasV:o!6 !riti!a nossa gera8>o %or ter ,se instalado,3 O que isso quer dizerX erdade que !om o %assar do tem%o a gente se instala" sobretudo quando tem#il+os3 Eu tin+a U anos quando meu #il+o nas!eu3 Eidentemente" isso muda aida3 De re%ente" o!6 n>o 7 mais o rebelde *torna*se a autoridade3 umaoutra idade que !ome8a" uma noa res%onsabilidade que se !arrega3As %essoas de min+a gera8>o queriam a todo !usto ser di#erentes de seus %ais3Elas o #oram" mas sem d&ida n>o tanto quanto queriam3 Bo(e" obsero que os

     (oens n>o t6m a mesma %reo!u%a8>o de se di#eren!iarem3 Em nossaso!iedade" que n>o #a!ilita as !oisas %ara eles" querem um em%rego" !asa e#am$lia" !omo todo mundo3 Eu os !om%reendo muito bem3 O !onte-to e as!oisas que est>o em (ogo n>o s>o mais os mesmos3

     IJRJ;/E - Para $+s, o d)#)( é so=reudo $os &roearmos $o uuro,)ma*)$ar omo esaremos de$ro de de a$os. Por!ue $os d)emos !ue udoé )$ero, !ue a *e$e $'o em ma)s *ara$)a de em&re*o.2o

     %ara as ruas %ara %rotestar !ontra o !ontrato do %rimeiro em%rego ;CPE@" s>oem n&mero dez ezes maior do que os (oens que se mani#estaam em .013A reolta 7 di#erente3 Mas 7 aut6nti!a3Em .01" lut)amos em nome de alguma !oisa3 Para alguns" era a Reolu8>oCultural !+inesa %ara outros" era Cuba e" %ara n5s" os anarquistas" era aGuerra Ciil Es%an+ola" os !onsel+os o%er)rios de ..K333 Todos os derrotados

    da +ist5ria eram nossos +er5is3 Eles eram mais sim%)ti!os do que os!arras!os3

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    !laro que isso n>o era muito #ant)sti!o" sob o %onto de ista da !oer6n!ia %ol$ti!a3 Lutar %ela liberdade em nome da Reolu8>o Cultural !+inesa *+aiauma !ontradi8>o terr$el en!errada nisso3 =5s nos demos !onta disso maistarde3Bo(e" #elizmente" esse ti%o de #also modelo" no qual nun!a a!reditei" n>oe-iste mais3 =>o se grita mais ,ia MaoV," ,ia CubaV, ou ,ia C+eV,3 Osaltermundialistas moimento antiglobaliza8>oF" %or e-em%lo" se !ontentamem dizer que um outro mundo 7 %oss$el3 Mas qualX E !omo !+egar l)X di#$!il determinar3Em todo !aso" .01 n>o dee ser isto !omo modelo3 Reten+am sim%lesmenteque e-istem momentos +ist5ri!os em que alguma !oisa e-%lode *um dese(o de#azer aan8ar" de trans#ormar a so!iedade*" e que isso %ode #un!ionar3

     D/;/TR/ - e uma revo(a e(od)sse ama$%', ser: !ue er#amos o a&o)o dos

    veera$os de 19>?, omo o sr. N'o o v)mos mu)o dura$e as ma$)esa@Feso$ra o PE.2o e o anti*semitismo3 Era uma %alara de ordem que reunia as

     %essoas3 Bo(e" %or7m" um slogan !omo esse n>o 7 mais !on!eb$el3Por toda %arte na Euro%a nos emos diante de um grande bloqueio3 Diante daimigra8>o" a im%ress>o que se tem 7 que s5 e-iste ang&stia a ang&stia dosimigrados" a dos bran!os" a da !lasse m7dia3 A so!iedade est) %ro#undamentediidida3

     =>o in!rimino ningu7m" mas !onstato que as res%ostas a esses medos s>omuito di#$!eis de en!ontrar3 =as %eri#erias" +o(e" a iol6n!ia 7 autodestrutia3

     A3DUL-AB/B - D)em !ue a ur*$)a &ara o uuro é &roe*er o am=)e$e,adoar um modo de dese$vo(v)me$o suse$:ve(. E$'o a *e$e a o !ue

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     &ode. A&a*a a (u !ua$do de)xa um Kmodo, eo$om)a :*ua. Para $+s,e$rea$o, o ma)or &ro=(ema a)$da é e$o$rar ra=a(%o.2o do ambiente dei-a de estar diantede n5s3 A degrada8>o !lim)ti!a 7 #ruto de de!ises equio!adas tomadas Hanos atr)s3 Bo(e" a e!ologia !onsiste em tomar as de!ises !ertas %ara os

     %r5-imos H anos3 erdade que o momento atual" o !otidiano" nos %rende3 Mas" se esque!ermoso que %re!isamos #azer %ara que o %laneta este(a +abit)el em HH" os #il+osde o!6s >o so#rer as !onseq6n!ias e" sem d&ida" os !riti!ar>o %or isso34e n>o !ontiermos o aque!imento !lim)ti!o dentro do limite de ^" eleal!an8ar) os ^" e isso desen!adear) !at)stro#es no mundo inteiro3 4e o n$eldo mar subir dois metros" o %laneta inteiro ter) mil+es de re#ugiados!lim)ti!os34er) que teremos que erguer muros e #ortalezas %ara %reenir migra8es

    ma!i8asX :o!6s %re!isam entender quais s>o as res%onsabilidades que !abem atodos n5s3

    A $ntegra desta entreista saiu no ,=ouel Obserateur,3 4ylain Courage e Marie*?ran!e Et!+egoin ;!@HH1 ,Le =ouel Obserateur,3 Tradu8>o de Clara Allain 3

    + /ançamento" e reediçGe"

    ,m 68 - ari" raga e :$Ei%o

    de 1arlos Fuentes d Iocco rad /r;ia de 1astro $lves

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    Biagem A /uta #rmadade 1arlos u2ênio Paz d 6est6olsoVIecord,

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    ser que este(amos no in$!io de um noo desenolimento im%erialista *n>one!essariamente totalit)rio o que 7 !erto 7 que a re%&bli!a dos EA n>osobreier) a um tal !urso das !oisas" isto 7" a re%&bli!a !omo #orma degoerno" n>o o %r5%rio %a$s3Tamb7m o %a$s se en!ontra sob grae amea8a" mas isso n>o me im%orta tanto3Min+a lealdade in!ula*se a esta re%&bli!a *n>o ao %a$s* e" 7 !laro" tamb7m 's

     %essoas" entre as quais" #eitas as !ontas" me sinto mel+or do que nun!a3O sen+or me %ergunta ainda se a quest>o so!ial se tornou a quest>o %ol$ti!a

     %or e-!el6n!ia3 A luta !ontra a %obreza e a #ome diz res%eito e-!lusiamente ' %obreza e ' #ome" ao menos no que diz res%eito aos %obres e #amintos" quen>o !ostumam ser os que !onduzem ou que %oderiam !onduzir essa luta3E a luta !ontra o anal#abetismo 7 !ada ez mais uma %r7*!ondi8>o %ara o #imda %obreza e da #ome3 A %obreza e a #ome ;!+ame*as !omo quiser@ im%ediramque surgisse" dos moimentos de liberta8>o na [sia e na [#ri!a" alguma !oisa

    !om um m$nimo de estabilidade3

    A %obreza e a #ome !riaram o )!uo de %oder *tamb7m na Am7ri!a do 4ul"onde a !orru%8>o dos goernos 7 o reerso dessa medal+a* que agora est)ressus!itando o im%erialismo3Toda #orma8>o %ol$ti!a se !ara!teriza %elo %oder ;n>o %ela iol6n!iaV@ que ela7 !a%az de e-er!er %obreza" #ome e anal#abetismo !riam a%enas im%ot6n!ia3

     =>o me en+a !om os ietnamitas" que de #ato !onquistaram %oder no !ursoda guerra de guerril+a n5s () os !on+e!$amos quando ainda se !+amaam,indo!+ineses,3

     =>o s>o absolutamente um %oo miser)el" mas um %oo desa#ortunado" masaltamente dotado e +erdeiro de uma !ultura antiga3 Trata*se" ali" de liberta8>ona!ional" mas n>o" absolutamente" do que entendemos %or liberdade3E o mesmo ale" !reio" %ara Cuba" onde !abe a n5s a !ul%a maior %elodesdobrar dos a!onte!imentos rumo ' tirania russa3 Mas ol+e bem %ara osoutros Estados sul*ameri!anos32em" !+egamos ent>o ao ,!a%$tulo adi!ional da +ist5ria da reolu8>o que os&ltimos desenolimentos tornaram ne!ess)rio,3 o otimistaquanto o sen+orV A Pa- Ameri!ana" !ontra a qual ennedy se e-%rimiu !om

    eem6n!ia e que Jo+nson %ro!lamou abertamente" 7 um %esadelo im%erialista*mas" %or isso mesmo" a%enas um son+o3

    Caos p90oA ,%a!i#i!a8>o de !ima %ara bai-o, de que o sen+or #ala 7 im%oss$elte!ni!amente" se(a em termos militares ou e!onSmi!os3 =ingu7m 7 ri!o o

     bastante %ara a(udar a quem n>o !onsegue se a(udar #oi %oss$el dar au-$lio 'Aleman+a ou ao Ja%>o" mas n>o +) !omo a(udar a ndia" o Egito ou o Congo3E" no que diz res%eito aos militares" a Guerra do :ietn> deeria ser %roasu#i!iente de que as su%er%ot6n!ias () n>o t6m !omo !onduzir guerras

    !onen!ionais e gra8as a Deus est>o todos de m>os amarradas no que dizres%eito ' guerra atSmi!a3

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