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Está preparado para mudar a forma como vê o mundo? · 3 11-fev-2014 © 13/112 O que você vê? 11-fev-2014 © 14/112 René Magritte 11-fev-2014 ©

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1 - Porque História da Física?

História e Epistemologia da Física

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Está preparado para mudar a forma como vê o mundo?

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O que você vê?

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O que você vê?

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O que você vê?

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Consegue ler?

• De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e utmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Enetedu?

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Consegue ler?

P03M4 M4T3M4T1C0

• 4S V3235 3U 4C0RD0 M310 M4T3M4T1C0.• D31X0 T0D4 4 4857R4C40 N47UR4L D3 L4D0

3 M3 P0NH0 4 P3NS4R 3M NUM3R05, C0M0 53 F0553 UM4 P35504 R4C10N4L.

• 540 5373 D1550, N0V3 D4QU1L0...• QU1N23 PR43 0N23...• 7R323NT0S 6R4M45 D3 PR35UN70...• M45 L060 C410 N4 R34L 3 C0M3Ç0 4 F423R

V3R505 1NDU-4R481C05.

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As palavras que você leu estão mesmo lá?

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Não!

A sua mente interpretou e transformou as percepções

em palavras

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Salto do cavalo (1820)

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Salto do cavalo (hoje)

• 1877: com a fotografia, Étienne Jules Marey provou que o cavalo nãosaltava como se pensava desde que se domesticou o cavalo no Neolítico (10.000 anos atrás)

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Não é uma questão de percepção mas de

convicção!

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O que você vê?

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René Magritte

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Simulacro

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O que você vê?

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Aprendemos o que ver

• “Não há nenhuma naturalidade na representação espacial a partir da perspectiva. Na realidade, a utilização desta é fruto da cultura européia ocidental. Edgerton (1995) mostra como os chineses não conseguiam, em um primeiro momento, reproduzir a perspectiva ocidental. Eles não conseguiam ‘ler’ os desenhos ocidentais, pois não trabalhavam com as particularidades da perspectiva geometrizada.”

(REIS, J. C.; GUERRA, A.; BRAGA, M.:Ciência e arte: relações improváveis?)

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Qual das linhas é ascendente?

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O que você vê?

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O que você vê?

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O Jogo de Elêusis

• foi inventado por Robert Abbott em 1956, à época apenas um jovem estudante da Universidade Harvard, nos Estados Unidos

• é por vezes considerado uma analogia ao método científico

• o "Carteador", define uma regra secreta e, a cada lance, declara se um descarte é legal ou ilegal com base na regra.

• os outros jogadores, denominados "espectadores", observam as seqüências de descartes, tentando descobrir a regra secreta, usando raciocínio indutivo, formulando hipóteses gerais e testando-as a cada lance

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O que é ‘Realidade’?

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O que é Realidade?

hipóteses

regra

secreta

REALIDADE MODELO

sequências previsões A

D

B

C

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O que é Realidade?

REALIDADE

fenômenos A

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O que é Realidade?

REALIDADE

fenômenos imagem de A (observações

)

A B

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O que é Realidade?

Leis, Teorias,

Princípios e conceitos

REALIDADE

fenômenos imagem de A (observações

)

A B

C

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O que é Realidade?

Leis, Teorias,

Princípios e conceitos

REALIDADE MODELO

fenômenos imagem de A (observações

)

A B

C

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O que é Realidade?

Leis, Teorias,

Princípios e conceitos

causas? (não-

observáveis)

REALIDADE MODELO

fenômenos imagem de A (observações

)

A

D

B

C

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Consegue encontrar padrões?

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Percepção

• “Hoje, a natureza não é mais apenas o que vemos diretamente, pois a Ciência criou novas possibilidades de pensarmos o mundo ao nosso redor. A essência dos objetos pode estar fora da aparência visual. A arte abstrata e a ciência do século XX parecem nos dizer isso.”

(REIS, J. C.; GUERRA, A.; BRAGA, M.:Ciência e arte: relações improváveis?)

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Hinduísmo

• O deus Brahman teria tido um sonho em que gotículas saíam do seu corpo, cresciam, transformando-se e evoluindo no cosmo, nas galáxias, nos planetas, nos homens, nos animais, na natureza...

• tudo o que hoje conhecemos como o mundo fisicamente real não passaria de um sonho do deus Brahman

• viveríamos, então, em uma ilusão (maya) criada por Brahman

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Realidade

• “Até onde as leis da Matemática se refiram à realidade, elas estão longe de constituir algo certo; e, na medida em que constituem algo certo, não se referem à realidade.”

(Albert Einstein)

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Natureza

• “A Natureza não se interessa pela nossa lógica, a lógica humana; ela tem a sua própria, que nós não reconhecemos e da qual não nos damos conta até sermos esmagados pelas suas rodas”

(Ivan Turgenev (1818-1883), escritor russo)

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Natureza

• “Não importa quanto você bata na porta da Natureza, ela nunca vai te responder em palavras que você compreenda.”

(Ivan Turgenev (1818-1883), escritor russo)

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Natureza

• “A Natureza não esconde seus segredos por malícia, mas sim por causa da sua própria altivez.”

Albert Einstein

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Natureza

• "O que eu vejo na Natureza é uma magnífica estrutura que podemos compreender só muito imperfeitamente, e que deve preencher o pensamento de uma pessoa com um sentimento de humildade. Trata-se de um verdadeiro sentimento religioso que não tem nada a ver com o misticismo."

Albert Einstein

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Realidade

• “Atrás da consciência não se encontra o nada absoluto, mas sim a psique inconsciente que afeta a consciência por trás e por dentro, da mesma forma como o mundo externo afeta a consciência pela frente e de fora.”

Jung, O Espírito na Arte e na Ciência

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Realidade?

• “Realidade é meramente uma ilusão, embora uma ilusão muito persistente."

(Albert Einstein)

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Realidade?

• “O simples fato do caráter indireto das determinações do real científico já nos coloca num reino epistemológico novo. Por exemplo, enquanto se tratava, num espírito positivista, de determinar os pesos atômicos, a técnica - sem dúvida muito precisa - da balança bastava.[…]

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Realidade?

• Mas, quando no século XX se separam e pesam os isótopos, é necessária uma técnica indireta. O espectroscópio de massa, indispensável para esta técnica, fundamenta-se na ação dos campos elétricos e magnéticos. É um instrumento que podemos perfeitamente qualificar de indireto se o compararmos à balança. […]

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Realidade?

• Na realidade, os dados são aqui resultados. As trajetórias que permitem separar os isótopos no espectroscópio de massa não existem na natureza; é preciso produzi-las tecnicamente. São teoremas reificados.” (BACHELARD, 1983)

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Realidade?

• “Depois de Poincaré demonstrar a equivalência lógica das várias geometrias, afirmou que a geometria de Euclides continuaria a ser sempre a mais cômoda e que em caso de conflito desta geometria e a experiência física se deveria preferir sempre modificar a teoria física em vez de mudar a geometria elementar.

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Realidade?

• Assim, Gauss pretendera experimentar astronomicamente um teorema de geometria não-euclidiana: ele perguntava-se se um triângulo assinalado nas estrelas e por conseguinte de uma enorme superfície, manifestaria a diminuição de superfície apontada pela geometria lobatchewskiana. [...]

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Realidade?

• Poincaré não admitia o caráter crucial de uma tal experiência. Se ela resultasse, dizia ele, decidir-se-ia desde logo que o raio luminoso sofre uma ação física perturbadora e que já não se propaga em linha reta. Em todo o caso, salvar-se-ia a geometria euclidiana.”

(BACHELARD, 1995)

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Epistemologia e Ciência

• “A relação de reciprocidade entre Ciência e Epistemologia é notável. Elas são dependentes uma da outra. A Epistemologia sem um contato com a Ciência é vazia. Ciência sem Epistemologia - se é que se pode imaginar tal coisa – é primitiva e confusa”

(Einstein, 1949)

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Porquê História e Filosofia das Ciências?

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Conceitos Físicos

• massa, força, luz, eletricidade, etc.• apesar de quotidianos, não são simples

• têm longa evolução histórica, ontológica e epistemológica

• identificadas muitas concepções alternativas associadas a cada um deles

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Formação histórica dos conceitos físicos

• “Concepções cientificas, embora freqüentemente resultado da intuição espontânea, tendem a ser moldadas, tanto quanto possível, em analogia com as concepções da experiência diária.”

(JAMMER, 1957)

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Formação histórica dos conceitos físicos

• “Em nosso presente sistema de instrução acadêmica, uma discussão profunda e crítica dos conceitos fundamentais e aparentemente simples é conscientemente omitida. A análise histórico-crítica das concepções básicas em ciências é, portanto, de primordial importância, não apenas para o filósofo profissional ou para o historiador das ciências”

(JAMMER, 1999, p. vii).

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Física intuitiva

• Concepções alternativas (misconceptions)• Semelhança com concepções pré-

Newtonianas:– Física Aristotélica– Física de Filipon

– Teoria do impetus (Buridan)

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Psicogênese (Piaget)

• período histórico ↔ estádio psicogenético• 1ª fase: Aristóteles

– pseudo-necessidades, animismo, finalismo, primado do sensorial, egocentrismo, centração nos atributos, indiferenciação dos conceitos, contradições

• 4ª fase: Newton– transformações reversíveis, explicações

causais, estruturação dos conceitos num sistema

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Mecanismos de Transição

• conteúdos → mecanismos:– pseudonecessidades → necessidade lógica

– atributos → relações– conceitos indiferenciados → sistema nocional

• a “evidência” pode levar séculos para aparecer como tal!

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Racionalismo e Empirismo

• “Quem conhece, por exemplo, a Teoria da Relatividade Restrita com base apenas no trabalho de Einstein de 1905, ficará com uma visão racionalista desta teoria. Quem assenta esse conhecimento na célebre experiência de Michelson-Morley, poderá ficar com uma visão empirista da mesma. Em qualquer dos casos, trata-se de uma visão restrita e deturpada.” (VALADARES, 2005)

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Ensino de Ciências

Ensino de Ciências (PCN, 2000): • conceitos, leis e fórmulas desarticulados, distanciados

do mundo, vazios de significado • privilégio da teoria e da abstração, enfatizando o uso de

fórmulas, em exercícios repetitivos em situações artificiais

• apresenta o conhecimento como um produto acabado, fruto da genialidade de mentes superiores como as de Galileu, Newton ou Einstein

• estudantes: “gênios” (gostam) x “normais” (excluídos)

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Ensino de Ciências

• “Incorporado à cultura e integrado como instrumento tecnológico, esse conhecimento tornou-se indispensável à formação da cidadania contemporânea. Espera-se que o ensino de Ciências, na escola média, contribua para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais, situando e dimensionando a interação do ser humano com a natureza como parte da própria natureza em transformação. Para tanto, é essencial que o conhecimento cientifico seja explicitado como um processo histórico, objeto de contínua transformação e associado às outras formas de expressão e produção humanas.” (PCN, 2000)

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Ensino de Ciências

• “O analfabetismo matemático, ou seja, a incapacidade para se lidar naturalmente com as noções fundamentais de números e probabilidades, é um mal que afeta demasiadas pessoas, as quais, se assim não fosse, até se poderiam considerar razoavelmente cultas. Os indivíduos que se encolhem de horror ao ver confundidas palavras como ‘implícito’ e ‘inferido’ são os mesmos que reagem sem o mínimo sinal de embaraço perante os mais egrégios erros matemáticos” (PAULOS, 1991)

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Ensino de Ciências

• "A arte e a Ciência, enquanto faces do conhecimento, ajustam-se e se complementam perante o desejo de obter entendimento profundo. Não existe a suplantação de uma forma em detrimento da outra, existem formas complementares do conhecimento, regidas pelo funcionamento das diversas partes de um cérebro humano e único". (ZAMBONI, 1998)

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Ensino de Ciências

• “O ensino das ciências deve compreender as ciências como reconstruções humanas, entendendo como elas se desenvolvem por acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas, relacionando o desenvolvimento científico com as transformações da sociedade.” (PCN, 2000)

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Ensino de Ciências

• “Mesmo dominando com fluência alguns elementos do conteúdo técnico da Física [das Ciências e da Matemática], em geral compreendemos pouco de onde ele veio e o que é a Física enquanto disciplina. [...] A idéia que muitos professores têm de que é possível ensinar Física sem se fazer referência a esse processo pode ser classificada como ingênua.”(ROBILOTTA, 1988)

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História das Ciências

• Francis Bacon (séc. XVII): protesto de que nenhuma ciência havia sido ensinada segundo o caminho de sua elaboração.

• Comte (pai do Positivismo): ensino através de exposição dogmática dos principais resultados das ciências por meio de manuais seguindo uma ordem lógica, linear de fatos. A Ciência do passado é inferior a do presente, não havendo, portanto, necessidade de se “perder tempo” com sua compreensão.

• “Os positivistas, ansiosos por sustentar sua afirmação da história como ciência, contribuíram com o peso de sua influência para o culto dos fatos [...]. A convicção num núcleo sólido de fatos históricos que existem objetiva e independentemente da interpretação do historiador é uma falácia absurda, mas que é muito difícil de erradicar” (CARR, 1985).

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Linearização da História

• “É comum que, fascinados pela lógica, façamos um esforço para linearizar a forma e o conteúdo da Física, suprimindo as contradições que marcaram o seu desenvolvimento.”

(ROBILOTTA, 1988)

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Teoria do Flogístico

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Teoria do Flogístico

Flogístico Oxigênio

combustão consumo de flogístico

combinação com oxigênio

combustíveis possuem flogístico

variação de massa

massa negativa do flogístico

combinação com oxigênio

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Teorias superadas

• Teoria do éter• Antiperistasis • Teoria de fluido de eletricidade• modelo atômico de Bohr • Teoria do calórico • Teoria corpuscular da luz• hipótese de grandes números

de Dirac• Teoria da emissão da visão• Teoria de miasma das

doenças• geração espontânea• Fisiognomia

• modelo geocêntrico• heliocentrismo• Terra oca• Firmamento• Terra plana• luz cansada• Vulcano (planeta)• canais de Marte• raios N• Neutrônio • Teoria do Flogisto

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A História dos vencedores

• “Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus adversários, mas porque estes finalmente morrem e uma nova geração cresce já familiarizada com ela.” (Max Planck)

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O que é Arte?

• P: O que é Arte?• R: Arte é aquilo que os artistas dizem que

é Arte.

• P: O que é um artista?• R: É aquele que faz Arte

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O que é Ciência?

• P: O que é Ciência?• R: Ciência é aquilo que os cientistas

dizem que é Ciência.

• P: O que é um cientista?• R: É aquele que faz Ciência.

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História das Ciências

• “Seria mais simples ensinar apenas o resultado do produto. Mas o ensino de resultados da ciência não é nunca um ensino científico. Se não se explica a linha de produção espiritual que conduziu ao resultado, pode-se estar seguro que o aluno combinará os resultados com suas imagens familiares. É preciso que ele compreenda. Não se pode reter senão compreendendo.” (Bachelard, 1996):

• História das Ciências não deve ser utilizada apenas como nota bibliográfica, narração de anedotas ou lendas conhecidas de um ou outro cientista.

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História das Ciências

• “A função do historiador não é amar o passado ou emancipar-se do passado, mas dominá-lo e entendê-lo como a chave para a compreensão do presente”.(CARR,1985)

• “A evolução dos conceitos em Física é algo paradoxal e extremamente interessante porque não é retilíneo, mas um verdadeiro ziguezague. Contudo, a ciência vai progredindo, descobrindo novas verdades, e mesmo quando se volta para a idéia que existia antes, não se volta do mesmo modo com que ela havia sido formulada anteriormente” (SCHEMBERG, 1984)

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História das Ciências

• “O que interessa não é saber os contrastes entre a concepção de calor hoje e as concepções de há 250 anos atrás. O que interessa é saber as funções que aquele conceito e aquela concepção tiveram na sua época como elemento fundamental para desenvolver uma teoria do calor.” (ABRANTES, 1988)

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A Falácia d’‘O Método’

• “Na pratica, muitas vezes, o cientista procede por tentativas, vai numa direção, volta, mede novamente, abandona certas hipóteses porque não tem equipamento adequado, faz uso da intuição, dá “chutes”, se deprime, se entusiasma, se apega a uma teoria”.

(OSTERMANN e MOREIRA, 1999)

• ‘O método científico’ é, sem dúvida, uma falácia.

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Epistemologia e seus Conceitos Básicos

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Epistemologia

• Raízes: grego episteme (conhecimento) e logos (estudo).

• estuda a natureza e validade do conhecimento

• tem sido chamada de:– “Teoria do conhecimento” (pelos alemães e

italianos)– “Gnoseologia” (pelos franceses) – “Filosofia da Ciência” (nas últimas décadas)

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Objetivos da Epistemologia

• Diferenciar: – a ciência autêntica da pseudociência, – a investigação conscienciosa de uma investigação

superficial, – a busca da verdade de um único valor estabelecido

• E, também,– criticar programas e resultados errôneos e – sugerir novos enfoques promissores para os

fenômenos da vida humana.

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Problema da Epistemologia

• O estudo da relação sujeito-objeto. – Sujeito: o cognoscente

– Objeto: todo processo ou fenômeno sobre o qual o sujeito desenvolve a sua atividade cognitiva.