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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
Reinaldo Ayer de Oliveira
- Coordenador da Câmara Técnica de Bioética do CREMESP;
- Professor de Bioética do Departamento de Medicinal Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Capítulo V
RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES
Artigo 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo Único. Nos casos de
doença incurável e terminal,
deve o médico oferecer todos os
cuidados paliativos disponíveis sem empreender
ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou
obstinadas, levando sempre em consideração a vontade
expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.
A VIDA DO SER HUMANO
A VIDA DO SER HUMANO
A VIDA DO SER HUMANO
Figura 7: Acúmulo de fatores de risco para doenças crônicas ao longo da vida. Adaptado deWorld Health Organization. Chronic Diseases and their Common Risk Factors / disponível em:www.who.int/chp
A VIDA DO SER HUMANO
A VIDA DO SER HUMANO
• o surgimento da figura do paciente como sujeito moral,• não mais subordinado à autoridade ou• ao paternalismo do médico. Giovanni Berlinguer
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
Ao longo do tempo a palavra “eutanásia sofreumudanças e tem seu sentido moderno atribuído aFrancis Bacon (1605) em Do progresso e dapromoção de saberes, que aos médicos sugeria “aomesmo tempo aperfeiçoar sua arte e dar assistênciapara facilitar e suavizar a agonia e os sofrimentosda morte”.
Eutanásia
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
“Poderíamos definir a eutanásia como o ato deprovocar diretamente a morte de um ser humano(ou de um animal), de tal modo que essa morteadvenha rapidamente e sem sofrimento, seja agindopara esse fim, seja abstendo-se de agir: no primeirocaso, fala-se de eutanásia ativa, no segundo, daeutanásia passiva. A intenção daquele que provocaa morte deve ser livrar aquele que está para morrerde uma condição insuportável: entende-se com isso,em geral, sofrimentos intoleráveis ou uma situaçãode indignidade e de desamparo extremo provocadopela doença.
Eutanásia
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
A palavra “distanásia” significa obstinação,diagnóstica e terapêutica, e tem uma forteconotação de autoritarismo. De origem grega,significa “morte difícil e penosa”. O conceito dedistanásia indica o prolongamento do processo damorte, por meio de tratamentos (extraordinários)que apenas têm o objetivo de prolongar a vidabiológica do doente.
Distanásia
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
As condutas distanásticas podem ser relacionadascom:
• A convicção acrítica de que a vida é um bem peloqual se deve “lutar” até o limite, não levando emconsideração a sua qualidade;
• O desprezo e a ignorância pela vontade do doentee de seus familiares;
• A angústia do médico diante do insucessoterapêutico e a resistência em aceitar a morte dodoente.
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
A palavra ortotanásia de refere às atitudes que vãosendo assumidas na perspectivas do bem-estar dodoente, quando todas as possibilidades dediagnóstico e tratamento de uma enfermidade gravee incurável foram sendo vencidas,progressivamente. O conceito de ortotanásiaenvolve a arte de bem morrer; é uma maneira de“enfrentar” o morrer, que rejeita a morte infeliz eas ciladas da eutanásia e da distanásia.
Ortotanásia
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
Morte Celular
Lembrar:
A prática e a literatura médica têm demonstradoque a possibilidade de reversão de lesõesrelacionadas a um órgão, sistema ou tecido dependeda gravidade e do tempo de agravo. Aimpossibilidade de reversão, ou seja, a falência dosistema nervoso central é considerada como critériode morte cerebral; entendida, portanto, como morteencefálica, morte da pessoa humana.
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
Morte Encefálica
Resolução nº 1.480/97, do Conselho
Federal de Medicina,
Lei nº 9.434/97 – Lei dos
Transplantes
Resolução CFM nº 1.826/07 são os
instrumentos básicos que orientam
sobre a morte encefálica.
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
A Morte da Pessoa
Lembrar:
Assim como a morte celular, em que não se podeprecisar quando é irreversível o fenômeno, no casoda morte da pessoa, é maior a dificuldade,especialmente se as funções vitais forem, dealguma forma, sendo substituídas oucomplementadas por algum tipo de procedimento,instrumento ou terapia.
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
Terminalidade da Vida
Naturalmente, decorre que, ao conceituarmos vida,é preciso levar em consideração a integridade dascélulas e, sobretudo, como essa integridade, aintegridade do indivíduo, permite que ele serelacione com o seu meio, qualificando sua vida.
Assim como a morte celular, em que
não se pode precisar quando é
irreversível o fenômeno, no caso da morte da pessoa,
é maior a dificuldade,
especialmente se as funções vitais
forem, de alguma forma, sendo substituídas ou complementadas por
algum tipo de procedimento, instrumento ou terapia.
MORTE CELULAR MORTE DA PESSOA
Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia
Terminalidade da Vida
Esse dispositivo ético é a Resolução do ConselhoFederal de Medicina (CFM) nº 1.805, de 9 denovembro de 2006, apoiada na Constituição daRepública Federativa do Brasil, que consagra oEstado Democrático de Direito e tem comofundamento a dignidade da pessoa humana. Até omomento, a Resolução do CFM está suspensa pordecisão liminar da 14ª Vara Federal de Brasília.
TERMINALIDADE DA VIDA
Naturalmente, decorre que,
ao conceituarmos vida,
é preciso levar em consideração
a integridade das células
e, sobretudo, como essa
integridade do indivíduo,
permite que ele
se relacione com o seu meio,
qualificando sua vida.
Resolução do ConselhoFederal de Medicina(CFM) nº 1931, de 17 desetembro de 2009.
Aprova o Código de ÉticaMédica.
A VIDA DO SER HUMANO
Capítulo I
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
VI – O médico guardará absoluto
respeito pelo ser humano e
atuará sempre em seu benefício.
Jamais utilizará seus conhecimentos
para causar sofrimento físico ou
moral, para o extermínio do ser
humano ou para permitir e acobertar
tentativa contra sua dignidade eintegridade.
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Capítulo I
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
XXII – Nas situações clínicas irreversíveis e terminais,
o médico evitará a realização
de procedimentos diagnósticos e
terapêuticos desnecessários
e propiciará aos pacientes sob sua atenção
todos os cuidados paliativos apropriados.
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Capítulo V
RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES
Artigo 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo Único. Nos casos de
doença incurável e terminal,
deve o médico oferecer todos os
cuidados paliativos disponíveis sem empreender
ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou
obstinadas, levando sempre em consideração a vontade
expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.
Agora, vem de entrar em vigor o novo Código deÉtica Médica.
Para se determinar o sentido de um conjunto normativo cabe realizar uma interpretação integral, sistemática, teleológica e sociológica, pois não é a letra da lei que importa, mas o espírito da lei, através da própria lei:
“Au delà du code ? mais par le code”, na expressão de Geny.
5 de junho de 2010O novo Código de Ética MédicaMiguel Reale Júnior – O Estado de S.Paulo
... em face do consentimento do doente ou de seu representante, não está obrigado a prolongar indefinidamente a vida do paciente em estado terminal incurável por meios artificiais inúteis.
É uma tomada de posição em favor da vida digna, que compreende também
uma morte digna.
5 de junho de 2010O novo Código de Ética MédicaMiguel Reale Júnior – O Estado de S.Paulo