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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL Rua Riachuelo nº 115 - 7º andar - Centro - CEP 01007-904 +55 11 3119-9539 | FAX: +55 11 3119 9948 ______________________________________________________________ 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL/SP O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por intermédio do 9º Promotor de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal; na Lei n° 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública); no artigo 25, IV, alínea "a", da Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); no artigo 103, inciso VIII, da Lei Complementar nº 734/1993 (Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de São Paulo) e com base nos dados probatórios coligidos nos autos do Procedimento nº 43.0722.006524/2017- 5, vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA com obrigação de fazer contra a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, CNPJ nº 08.036.157/0001-89, com endereço na Rua Boa Vista, nº 200, 5º andar, Centro, CEP 01014-001, São Paulo/SP, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1064201-92.2018.8.26.0053 e código 63CE4F0. Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RICARDO MANUEL CASTRO, protocolado em 19/12/2018 às 17:12 , sob o número 10642019220188260053. fls. 1

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE ......Social da Capital, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal; na Lei n 7.347/85 (Lei de Ação Civil

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL

Rua Riachuelo nº 115 - 7º andar - Centro - CEP 01007-904 +55 11 3119-9539 | FAX: +55 11 3119 9948

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1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL/SP

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO

PAULO, por intermédio do 9º Promotor de Justiça do Patrimônio Público e

Social da Capital, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição

Federal; na Lei n° 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública); no artigo 25, IV, alínea

"a", da Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); no

artigo 103, inciso VIII, da Lei Complementar nº 734/1993 (Lei Orgânica do

Ministério Público do Estado de São Paulo) e com base nos dados

probatórios coligidos nos autos do Procedimento nº 43.0722.006524/2017-

5, vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA com

obrigação de fazer contra a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO

PAULO, CNPJ nº 08.036.157/0001-89, com endereço na Rua Boa Vista, nº

200, 5º andar, Centro, CEP 01014-001, São Paulo/SP, pelos motivos de fato e

de direito a seguir expostos:

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I - DOS FATOS:

O Procedimento nº 43.0722.0006524/2017-5

iniciou-se nesta Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social em

razão de peças de informação encaminhadas pelo Ministério Público do

Trabalho que informam irregularidades praticadas pela Defensoria Pública

do Estado de São Paulo com relação a seus estagiários do curso de Direito.

Conforme consta, em junho/2013 foi ofertada

denúncia sigilosa por um ex-estagiário da instituição requerida ao órgão

ministerial do trabalho, relatando que, após estagiar na Unidade de Franca

com contrato de duração inferior a um ano, fez requerimento formal

solicitando a remuneração de suas férias proporcionais, o que lhe foi

negado, sob o fundamento de se aplicar em seu caso a Lei Complementar

Estadual nº 988/2006 (Lei Orgânica da Defensoria Pública do Estado de São

Paulo), a qual não prevê tal situação, contrariando, assim, o disposto na Lei

Federal nº 11.788/2008, que trata da atividade de estágio.

Em razão disso, entendendo ser devida a aplicação

da Lei Federal a todos os estagiários, ingressou o Ministério Público do

Trabalho com Ação Civil Pública a fim de regular a situação, todavia, em grau

recursal, entendeu o Tribunal Superior do Trabalho pela incompetência

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material da Justiça do Trabalho no caso, tratando-se de competência da

Justiça Comum.

Encaminharam-se os documentos então à

Promotoria de Justiça de Franca, que entendeu pela extensão do objeto a

todo o Estado de São Paulo, remetendo-os a esta Promotoria de Justiça, com

atribuição para o vertente caso.

Em sede de diligências, a requerida se manifestou,

esclarecendo que, com relação ao estagiário do curso de Direito, não devem

ser aplicadas as disposições da Lei Federal nº 11.788/2008, vez que há

regulamentação própria da instituição, a qual se impõe sobre a norma geral.

Assim, a requerida assevera que seus estagiários

que estão cursando Direito são, diferentemente dos demais, regidos por lei

própria (Lei Complementar Estadual nº 988/06), a qual não traz previsão

acerca do direito às férias proporcionais, restando inviável qualquer pedido

neste sentido, não reconhecendo, assim, a necessidade da aplicação dos

dispositivos previstos na lei própria da atividade de estágio.

Todavia, conforme será demonstrado, é evidente a

irregularidade praticada pela Defensoria Pública/SP no que tange aos

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estagiários do curso de Direito, não restando alternativa senão o

ajuizamento da presente ação, a fim de ser aplicada a Lei Federal nº

11.788/2008 a todos os estagiários da instituição requerida.

Saliente-se, ainda, que mesmo após todo o trâmite

do caso na área trabalhista, bem como ser instada a se manifestar no juízo

comum, a requerida, em momento algum, demonstrou a intenção de

regularizar a questão e aplicar a Lei devida ao caso. Ao contrário, os

argumentos apresentados foram sempre os mesmos, com o entendimento

de ser a Lei Orgânica da Defensoria Pública do Estado de São Paulo a única

aplicável à espécie.

II – DO DIREITO

a) Do Legitimidade Ativa e Do Direito Tutelado

Dispõe o artigo 129 da Constituição Federal:

A t. 9. São funções institucionais do Ministério

Público:

(...)

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública,

para a proteção do patrimônio público e social, do

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meio ambiente e de outros interesses difusos e

oletivos;

No mesmo sentido prevê a Lei nº 8.625/1993:

A t. 5. Al das fu ções p evistas as Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e

em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério

Público:

(...)

IV - promover o inquérito civil e a ação civil

pública, na forma da lei:

a) para a proteção, prevenção e reparação dos

danos causados ao meio ambiente, ao consumidor,

aos bens e direitos de valor artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico, e a outros

interesses difusos, coletivos e individuais

indisponíveis e homogêneos;

... .

Assim, vê-se que tem o Ministério Público

legitimidade para propor Ação Civil Público na tutela de direitos difusos,

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coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos, todos lesados no

presente caso.

Ora, da análise do caso, verifica-se que a aplicação

da Lei Complementar Estadual da Defensoria Pública/SP ofende a todos os

estagiários de Direito do órgão, atuais e futuros. Ademais, é evidente a

situação fática homogênea em que se encontram todos os titulares do

direito, vez que estão expostos a praticar a atividade de estágio sob o

amparo de lei ilegal, não sendo devidamente observados os seus direitos.

Ressalte-se, ainda, que não há como se determinar quais são todos os

sujeitos atingidos pela norma equivocadamente aplicada, tendo em vista que

ela pode ser oponível a qualquer estudante de Direito que opte realizar

estágio junto à requerida.

Não se pretende, com a presente, o pagamento de

reparações pecuniárias individuais em benefício de alguns estagiários, mas

sim o cumprimento da obrigação de fazer, no sentido de ser a Defensoria

Pública do Estado de São Paulo compelida a respeitar e aplicar as disposições

de lei federal vigente para tratar das relações de estágio.

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Deste modo, adequada se mostra esta Ação Civil

Pública para alcançar os fins buscados e a seguir expostos.

b) Da Competência Privativa da União

Inicialmente vale lembrar que este caso cuida de

relação de estágio profissional, tratando-se, conforme determina a própria

Lei Federal nº 11.788/2008, de ato educativo escola supe visio ado,

desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o

trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular

em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino

médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na

modalidade p ofissio al da educação de jove s e adultos . A mesma lei

dispõe ainda que o estágio faz pa te do p ojeto pedagógico do cu so , o

que demonstra se tratar de questão referente à educação.

Considerando o previsto no artigo 22, inciso XXIV,

da Constituição Federal, conclui-se que a previsão de diretrizes gerais para a

disciplina do estágio é de competência legislativa privativa da União.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar

sobre:

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(...)

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

... .

Com relação à competência concorrente entre

União, Estados e Distrito Federal prevista no artigo 24, IX, da Constituição

Federal, é importante ressaltar que cabe à União estabelecer as normas

gerais, devendo os demais entes, ao editar regras suplementares, guardar

observância às normas gerais dispostas por aquela.

Sendo competência da União a disposição acerca

das diretrizes e base da educação nacional, bem como dispor acerca das

normas gerais de educação, não pode a Defensoria Pública do Estado de São

Paulo, sob a justificativa de autonomia e regulamentação específica,

desrespeitar o que prevê a Carta Magna.

Além disso, no presente caso, a Lei Federal nº

11.788/2008 é posterior à Lei Complementar Estadual nº 988/2006,

estabelecendo normas gerais sobre o estágio profissional, regras estas que

devem ser aplicadas aos estudantes de todos os cursos profissionalizantes, e

acabou por revogar as legislações existentes e as disposições em sentido

contrário, conforme se retira da análise do previsto no § 4º do artigo 24 da

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Constituição Federal, que assim dispõe: a supe ve i ia de lei fede al

sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for

o t io .

Acrescente-se que, ainda que se entendesse que a

relação de estágio diz respeito apenas a uma relação de tra alho , vez que

se trata de meio direcionado à futura inserção do estudante no mercado de

trabalho, devem os artigos da suscitada Lei Complementar Estadual ser

afastados, pois cuida-se, também, de matéria legislativa privativa da União.

A t. . Co pete p ivativa e te U ião legisla sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual,

eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial

e do trabalho;

... .

Deste modo, qualquer legislação editada pelos

de ais e tes federativos a er a do te a tra alho ão e o tra a paro

na Constituição Federal.

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______________________________________________________________

10

Assim, resta evidente que a Lei Federal nº

11.788/2008 deve ser aplicada em todos os níveis de ensino e modalidades

de cursos, inclusive aos estagiários de Direito da Defensoria Pública do

Estado de São Paulo.

c) Do Controle Difuso de Constitucionalidade

Analisando o presente, percebe-se ainda ser caso

de se declarar, através da via difusa, a inconstitucionalidade dos incisos I e II

do artigo 82 da Lei Complementar Estadual nº 988/2006. Vejamos.

Primeiramente cumpre ressaltar que em sendo

suprema a regra constitucional, diretamente decorrente é a necessidade do

controle de constitucionalidade sobre todo o ordenamento jurídico.

Disserta Alexandre de Moraes acerca do tema: O

controle de constitucionalidade difuso, conforme já estudado, caracteriza-

se, principalmente, pelo fato de ser exercitável somente perante um caso

concreto a ser decidido pelo Poder Judiciário. Assim, posto um litígio em

juízo, o Poder Judiciário deverá solucioná-lo e para tanto, incidentalmente,

poderá analisar a constitucionalidade ou não de lei ou do ato normativo –

seja ele municipal, estadual, distrital ou federal. Dessa forma, em tese,

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11

nada impedirá o exercício do controle difuso de constitucionalidade em

sede de ação civil pública, seja em relação às leis federais, seja em relação

às leis estaduais, distritais ou municipais em face da Constituição Federal

(por ex: o Ministério Público ajuíza uma ação civil pública, em defesa do

patrimônio, para anulação de uma licitação baseada em lei municipal

incompatível com o art. 37 da Constituição Federal. O juiz ou Tribunal – CF,

art. 97 – poderão declarar, no caso concreto, a inconstitucionalidade da

citada lei municipal, e anular a licitação objeto da ação civil pública,

sempre com efeitos somente para as partes e naquele caso concreto)1 .

Neste sentido também é o entendimento do

Supremo Tribunal Federal:

Re u so ext ao di io. Ação Civil Pública.

Ministério Público. Legitimidade. 2. Acórdão que

deu como inadequada a ação civil pública para

declarar a inconstitucionalidade de ato normativo

municipal. 3. Entendimento desta Corte no

sentido de que "nas ações coletivas, não se nega,

à evidência, também, a possibilidade de

declaração de inconstitucionalidade, incidenter

tantum, de lei ou ato normativo federal ou local."

4. Reconhecida a legitimidade do Ministério

1 Direito Constitucional, Atlas, 3ª edição, página 498.

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12

Público, em qualquer instância, de acordo com a

respectiva jurisdição, a propor ação civil pública

(CF, arts. 127 e 129, III). 5. Recurso extraordinário

conhecido e provido para que se prossiga na ação

ivil pú li a ovida pelo Mi ist io Pú li o. (STF

– RE 227.159/GO – Segunda Turma – Rel. Min. Néri

da Silveira – j. 12/03/2002 – DJ de 17/05/2002)

E o presente caso amolda-se com perfeição ao

ensinamento supra: um dos fundamentos do pedido é a

inconstitucionalidade de pontos da Lei Complementar Estadual nº 988/2006

em que há dispositivos acerca de temas privativos da União, ou seja,

matérias sobre as quais não podia o Estado legislar.

Ademais, bom repetir, a superveniência da Lei

Federal nº 11.788/2008 acabou por revogar as legislações existentes e as

disposições em sentido contrário ao nela previsto, situação expressamente

prevista no artigo 24, § 4º, da Constituição Federal.

A inconstitucionalidade aludida é causa de pedir,

motivo pelo qual deve ser declarada apenas para gerar efeitos neste caso

concreto, incidenter tantum.

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13

Trata-se de controle difuso, ue ão te co o

objeto mediato a constitucionalidade da lei em tese, mas, antes, o

julgamento de uma relação jurídica específica e concreta, que tem como

premissa a constitucionalidade da norma incidente, in casu, a ser aferida via

controle incidenter tantum (STJ - Recurso Especial nº 489.225-DF – Rel.

Ministro Luiz Fux, 24/junho/2003). Todo juiz, no caso concreto, pode realizar

a análise sobre a mencionada compatibilidade.

Assim, é possível o pedido de declaração incidental

de inconstitucionalidade de determinados dispositivos da Lei Complementar

Estadual nº 988/2006 nesta Ação Civil Pública.

Demonstrada a possibilidade do pedido da

declaração de inconstitucionalidade, necessário se faz demonstrar os

dispositivos ilegais.

Primeiramente é importante frisar que se trata de

inconstitucionalidade formal, vez que ao regular o estágio dos estudantes de

direito através da Lei Complementar referida, não foram observadas as

normas constitucionais do processo legislativo, desrespeitando-se, assim, as

regras de competência. Ora, é competência privativa da União legislar acerca

de diretrizes e bases da educação nacional, bem como sobre matéria afeta

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14

ao trabalho, de forma que a Lei Complementar em questão extrapolou a

competência do Estado-membro, regulando matéria reservada à União.

A Lei Complementar Estadual nº 988/2006 dispõe

em seu artigo 82, incisos I e II:

Artigo 82 - O estagiário terá direito:

I - a férias anuais de 30 (trinta) dias após o

primeiro ano de exercício, podendo gozá-las em

dois períodos iguais, sem prejuízo da bolsa mensal;

II - a licença de até 10 (dez) dias por ano, sem

prejuízo da bolsa mensal, para realização de

provas atinentes ao curso de graduação em

direito, com prévia autorização do Defensor

Público a que estiver subordinado, devendo ser

requerida com antecedência mínima de 10 (dez)

dias (...).

Uma vez disciplinadas as férias e as licenças

remuneradas de seus estagiários, os incisos supracitados invadiram a esfera

de competência da União, pois o mencionado dispositivo violou o artigo 22,

incisos I e XXIV, da Lei Maior.

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Com relação à atuação legislativa acerca de direito

do trabalho, não há o que se falar, já que qualquer legislação municipal,

estadual ou distrital que trate deste tema será considerada inconstitucional.

Ao se tratar da relação de estágio apenas como

atividade educacional, também se encontra referida Lei Complementar

desprovida de constitucionalidade, vez que a atividade de estágio está

inserida no conceito de diretrizes para educação nacional, tema este

reservado à legislação federal. Além disso, vale lembrar mais uma vez, a Lei

Federal nº 11.788/2008, que dispõe sobre o estágio dos estudantes, vigente

e posterior à norma rechaçada, suspendeu sua eficácia, não devendo ser

aplicada no que contrariar o novo regramento.

Assim, devem ser declarados inconstitucionais os

incisos I e II do artigo 82 da Lei Complementar Estadual nº 988/2006,

aplicando-se a todos os estagiários da Defensoria Pública do Estado de São

Paulo a Lei Federal nº 11.788/2008, a qual regula de forma completa o

estágio de estudantes.

d) Da Aplicação da Lei Federal nº 11.788/2008 no

Caso Concreto

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Conforme já mencionado, a Lei Federal nº

11.788/2008 dispõe acerca do estágio de estudantes, traçando diretrizes

gerais que devem ser aplicadas em todo o território nacional.

No caso concreto, ao analisar referida Lei, percebe-

se que os incisos I e II do artigo 82 da Lei Complementar Estadual nº

988/2006, os quais são indiscriminadamente aplicados aos estagiários de

Direito da instituição ora requerida, contrariam suas disposições, trazendo

normas divergentes e desfavoráveis aos por ela tutelados. Vejamos.

Com relação às férias, prevê a Lei Federal nº

11.788/2008:

A t. . É assegurado ao estagiário, sempre que o

estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um)

ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser

gozado preferencialmente durante suas férias

escolares.

§ 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser

remunerado quando o estagiário receber bolsa ou

outra forma de contraprestação.

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17

§ 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão

concedidos de maneira proporcional, nos casos de

o est gio te du ação i fe io a u a o.

Assim, uma vez declarada a inconstitucionalidade

da norma em sentido contrário (art. 82, inciso I, da Lei Complementar

Estadual nº 988/06), deve ser aplicada a Lei Federal supracitada, sendo

concedidas férias proporcionais remuneradas a todos os estagiários de

Direito da Defensoria Pública do Estado de São Paulo nos casos em que o

contrato seja inferior a um ano e garantindo o direito a férias de 30 (trinta)

dias em contratos com duração superior a um ano.

No que tange às licenças remuneradas dos

estagiários, dispõe a Lei Federal nº 11.788/2008:

A t. . A jornada de atividade em estágio será

definida de comum acordo entre a instituição de

ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou

seu representante legal, devendo constar do termo

de compromisso ser compatível com as atividades

escolares e não ultrapassar:

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§ 2o Se a instituição de ensino adotar verificações

de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos

de avaliação, a carga horária do estágio será

reduzida pelo menos à metade, segundo

estipulado no termo de compromisso, para

ga a ti o o dese pe ho do estuda te.

Mais uma vez resta demonstrada que a instituição

requerida tem aplicado norma em sentido diverso da supracitada. Em seu

inciso II, do artigo 82, da Lei Complementar Estadual nº 988/2006, a

Defensoria Pública/SP concede apenas 10 (dez) dias de licença por ano aos

estagiários de Direito para a realização de provas, dificultando, ainda, tal

concessão, pois exige prévia autorização do Defensor Público e antecedência

no pedido. Todavia, conforme dispõe o regramento vigente e constitucional

acima transcrito, a carga horária nessas situações deve ser reduzida ao

menos pela metade. Logo, sendo declarada a inconstitucionalidade da

norma hoje imposta (art. 82, inciso II, da Lei Complementar Estadual nº

988/06), deve ser aplicada a Lei Federal em questão, sendo concedidas

licenças remuneradas aos estagiários dentro dos ditames por ela trazidos.

Por todo o exposto, no presente caso, é evidente a

necessidade de condenação da requerida na OBRIGAÇÃO DE FAZER, no

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sentido de que passe a aplicar a TODOS os seus estagiários os dispositivos da

Lei Federal nº 11.788/2008, concedendo férias remuneradas, inclusive aos

que cursam a faculdade de Direito, nos casos em que o estágio tenha

duração superior a um ano e garantir o direito a férias proporcionais àqueles

com duração inferior a um ano. Além disse, deve também reduzir a carga

horária, pelo menos à metade, em todos os dias em que houver prova.

O artigo 3º da Lei nº 7.347/1985 traz disposição

neste sentido:

A t. º - A ação civil poderá ter por objeto a

condenação em dinheiro ou o cumprimento de

o igação de faze ou ão faze .

O artigo 11 da mesma lei prevê, ainda, a cominação

de multa diária em caso de descumprimento de obrigação de fazer:

A t. . Na ação ue te ha po o jeto o

cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o

juiz determinará o cumprimento da prestação da

atividade devida ou a cessação da atividade

nociva, sob pena de execução específica, ou de

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL

Rua Riachuelo nº 115 - 7º andar - Centro - CEP 01007-904 +55 11 3119-9539 | FAX: +55 11 3119 9948

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cominação de multa diária, se esta for suficiente

ou compatível, independentemente de

e ue i e to do auto .

Desta forma, é fundamental a devida aplicação da

Lei Federal nº 11.788/2008, a fim de regularizar a situação irregular que hoje

impera na Defensoria Pública do Estado de São Paulo, sob pena de

pagamento de multa diária em valor não inferior a R$ 500,00 em caso de

descumprimento, por relação contratual mantida em desacordo com a

aludida legislação.

III -DOS PEDIDOS

Diante do exposto, distribuída e autuada esta com o

Procedimento n° 43.0722.0006524/2017-5, na forma do artigo 320 do

Código de Processo Civil e artigo 109 da Lei Complementar Estadual n°

734/93, requer o Ministério Público:

1) a citação da requerida (com a faculdade do art. 212, parágrafo 2º, do

Novo Código de Processo Civil, Lei 13.105/2015), para resposta no prazo

legal, advertindo-os dos efeitos da revelia, se não contestada a ação;

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2) ao final, a PROCEDÊNCIA da ação, para, reconhecendo incidentalmente a

inconstitucionalidade dos incisos I e II do artigo 82 da Lei Complementar

Estadual nº 988/2006, condenar a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE

SÃO PAULO na OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente na aplicação da Lei

Federal nº 11.788/2008 aos seus estagiários do curso de Direito, devendo

conceder férias aos estagiários com contratos superiores a um ano e férias

proporcionais nos casos em que o estágio tenha duração inferior a um ano,

em conformidade com o artigo 13, § 2º, da referida lei, bem como reduzir a

carga horária de todos os seus estagiários de Direito, pelo menos à metade

nos dias em que houver prova, independentemente de prévia autorização de

um Defensor Público, em acordo com o artigo 10, § 2º, também da Lei

Federal nº 11.788/2008, sob pena de pagamento de multa diária em valor

não inferior a R$ 500,00 por relação contratual mantida em afronta à

referida Lei Federal e decisão judicial.

Requer-se mais:

1) a produção de todas as provas admitidas em direito, notadamente

documentos, perícias e inspeções judiciais;

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2) a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos (art.

18, da Lei 7.347/85 e art. 87, do CDC);

3) as intimações pessoais do Ministério Público, na pessoa do 9º Promotor

de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital.

Embora de valor inestimável, atribui-se à presente o

valor de R$ 5.000,00.

São Paulo, 19 de dezembro de 2018.

RICARDO MANUEL CASTRO

Promotor de Justiça

Gerusa Pires Holtz Santos Alvim

Analista Jurídica

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