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FACULDADES INTEGRADAS PROMOVE DE BRASÍLIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO Rádiodocumentário: A vida depois da morte e o processo de luto Jeferson de Oliveira Carvalho BRASÍLIA Julho de 2015

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FACULDADES INTEGRADAS PROMOVE DE BRASÍLIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

Rádiodocumentário: A vida depois da morte e o processo de luto

Jeferson de Oliveira Carvalho

BRASÍLIA

Julho de 2015

Curso de Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo

Radiodocumentário: A vida após a morte e o processo de luto

Relatório técnico científico de

radiodocumentário apresentado ao

curso de Comunicação Social –

Jornalismo como requisito para

obtenção de título de bacharel, sob

orientação da professora especialista

Ana Maria Fleury Seidl Pinheiro.

Ao autor reservam-se outros direitos de publicação.

Jeferson de Oliveira

[email protected]

Orientador(a) Profª Esp. Ana Seidl

Faculdades Icesp/Promove de Brasília

Avaliador: Prof. Esp. Romoaldo de Souza

Faculdades Icesp/Promove de Brasília

Avaliador: Prof. Dr Luiz Reis

Faculdades Icesp/Promove de Brasília

RESUMO

Este trabalho tem como tema central o luto. Conta como uma família que

vivenciou a morte de um ente querido está seguindo a vida e como está sendo esse

processo. Por meio de entrevistas, os personagens contaram como aconteceu, relataram

suas experiências pessoais e como uma pessoa enlutada pode buscar ajuda.

Jane de Oliveira Carvalho é a personagem principal deste radiodocumentário.

Ela morreu em setembro de 2014 por uma causa ainda desconhecida, pois até o

fechamento deste relatório técnico científico, o laudo do Instituto Médico Legal de

Brasília – IML, ainda não estava pronto. A morte de Jane trouxe um grande pesar para a

família, pois tinha apenas 44 anos de idade.

Foram feitas entrevistas com psicólogas, especialistas em luto, perda e

acompanhamento familiar pós-traumático. Uma especialista do estado de São Paulo,

fundadora de uma instituição de apoio, também é personagem deste documentário.

PALAVRAS CHAVE: luto, recuperação, documentário, rádio e radiodocumentário.

ABSTRACT

This work is the central theme of mourning. Account as a family that experienced a

loved one 's death hum is following the life and how it is being that process. Through

interviews, os characters told some like it happened, reported your personal experiences

and as a bereaved person can get help.

Jane de Oliveira Carvalho and this product director character. She died in september

2014 by a cause still unknown because the report of the Legal Medical Institute of

Brasília - iml, not quite ready. Jane's death brought great hum weigh a family paragraph,

as had only 44 years of age.

Were made interviews with psychologists experts in grief, loss and monitoring post

traumatic family. A specialist of the state of São Paulo, founder of an institution support

and character also this documentary.

KEYWORDS: mourning, recovery, documentary, radio and radio documentary.

AGRADECIMENTOS

Agradecer e não falar de Deus é possível, mas também não é de minha índole.

Assim, agradeço primeiramente a Ele por me fazer essa fortaleza diante de todos os

problemas que passo diariamente. Em segundo lugar, meus guias espirituais que me

inspiram a viver intensamente e buscar a Deus, independente de onde esteja, pois só Ele

realmente tem poderes, tem autonomia sobre nós e sabe o que deve e o que não deve

acontecer em nosso futuro.

À minha avó Amélia, a mulher de verdade, que sempre se esforçou ao máximo

para dar estudos a todos da família e eu sou mais um no barco dela. Graças a Deus, ela

está vendo e se orgulhando de toda essa vitória e caminhada, que não foi curta. Sou

muito grato por tudo que fêz e faz até hoje e continuará fazendo até seu último suspiro.

Aos meu familiares, sem exceção alguma, até aqueles que não acreditam em

mim, pois eles me dão vontade de fazer e mostrar que deu certo. À minha rainha Rebolo

e ao meu mestre Ventania que são exímios líderes, à minha madrinha Mariazinha e a

todos da minha corrente de fé.

A Alice Graziele que me presenteou com um livro que me determinou a mudar o

tema do TCC, assim fazendo este produto maravilhoso, ao professor Luiz Reis que,

mesmo sem acreditar que mudaria o tema e conseguiria falar sobre ele, me incentivou, à

minha orientadora e grande amiga profªAna Seidl, que acreditou muito no meu

potencial e acreditou no resultado que aqui está. Ao Wesley Braga, meu amigo desde o

primeiro semestre, de trabalho e da vida toda.

Ao meu grande mestre de rádio, Prof. Esp. Romoaldo de Souza, que prova

diariamente que não está na faculdade para formar amigos e sim profissionais que

podem ser colegas de trabalho. Seu profissionalismo incentiva até aqueles que nunca

imaginavam gostar de rádio.

E por último, porém mais importante, à minha mãe Jane, que sempre foi e será

minha eterna incentivadora. A que me dava lições em silêncio. A que me ensinou que

família é quem se preocupa comigo, e que o resto é parente. Quem me ensinou que o

amor transcende as dimensões terrestres.

Jeferson de Oliveira

SUMÁRIO

PROBLEMA DA PESQUISA .......................................................................................................... 7

2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7

3. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 7

4. DOCUMENTÁRIO ................................................................................................................... 8

5. HISTÓRIA DO RÁDIO .............................................................................................................. 9

5.1. LINGUAGEM DO RÁDIO ................................................................................................ 12

5.2. RÁDIO COMO VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO .................................................................. 13

6. A VIDA DEPOIS DA MORTE .................................................................................................. 13

6.1. PROCESSO DE LUTO ...................................................................................................... 13

6.2. A COMPREENSÃO QUE AS CRIANÇAS TÊM DA MORTE .................................................. 16

6.3. LEMBRANÇAS ............................................................................................................... 17

6.4. QUAL O PAPEL DA TERAPIA? ......................................................................................... 17

6.5. RELIGIÃO ...................................................................................................................... 18

7. PRODUTO............................................................................................................................ 19

PERSONAGENS .................................................................................................................... 19

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 20

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 21

10. ROTEIRO RADIODOCUMENTÁRIO ................................................................................ 21

7

PROBLEMA DA PESQUISA

Quais os problemas e as maiores dificuldades enfrentadas com a ausência de

uma pessoa próxima? É possível passar rapidamente pelo processo de luto? A religião e

a terapia ajudam ou atrapalham?

2. INTRODUÇÃO

Escolhi o rádio como produto por ser um dos veículos mais influentes até hoje.

Por meio de um rádiodocumentário mostro neste trabalho a forma com que as pessoas

convivem após perderem uma pessoa próxima a elas. Quais caminhos a serem seguidos,

as barreiras, os obstáculos, as dificuldades. Esse estudo é de alta relevância, já que

muitos jovens e adultos se dizem sem rumo quando perdem seus pais, seus filhos ou

parentes muito próximos.

O presente trabalho de conclusão de curso trata-se de um radiodocumentário de

duração de 20 minutos. Ele foi desenvolvido a partir de um drama verdadeiro vivido

pela família de Jane de Oliveira Conceição que morreu em 2014. Entrevistas realizadas

com os familiares de Jane mostraram o dia a dia após o acontecimento e psicólogas

falaram sobre este processo após a perda.

Este trabalho foi desenvolvido a partir de experiências diárias da família da

personagem central, Jane de Oliveira Carvalho. A realização do produto ajudou aos

entrevistados, tanto família como os profissionais envolvidos, a compreenderem mais

uma fase do luto: a perda inesperada por causa desconhecida.

O objetivo é externar os sentimentos da família, assim ajudando as pessoas que

passam por isso diariamente. Este produto pode ser veiculado em rádios de grandes

emissoras e em rádios locais, comunitárias e universitárias.

Objetivo geral: Produzir um radiodocumentário sobre o luto, analisando o

comportamento de uma família no processo de recuperação após a perda de um ente

querido, independente da causa.

Objetivos específicos: Identificar a diferença de reações pessoais na mesma família

diante da morte de um ente; relatar o processo de adaptação e recuperação dos

familiares; analisar o dia a dia de um membro de 1º grau de parentesco.

3. METODOLOGIA

Na parte histórica do trabalho alguns temas como o surgimento e a história do

rádio, o padre brasileiro Roberto Landell de Moura, a evolução do veículo e o rádio web

foram abordados. Referências bibliográficas como Ferraretto (2001), McLeish (2001),

Jung (2004) foram usadas para dar credibilidade e confiabilidade ao relatório técnico.

Pesquisa bibliográfica, num sentido amplo, é o planejamento global de qualquer

trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção da

8

bibliografia pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto

sistematizado, onde é apresentada toda literatura que o aluno examinou, de forma a

evidenciar o entendimento do pensamento dos autores, acrescido de suas próprias

ideias e opiniões (STUMP, 2010, p.51).

Para falar do luto e experiências diárias do autor, referências bibliográficas

foram utilizadas como Bee (1997), Paim (1993), Praagh (2011), entre outros, que estão

no conteúdo.

Foi escolhido o documentário por contar um fato ou trazer um tema de

relevância ou atual, como meio ambiente, crises, problemas psicológicos e ter uma

sequência que traz o ouvinte para o ambiente da história.

Pouco frequente no Brasil, o documentário radiofônico aborda um determinado tema

em profundidade. Baseia-se em uma pesquisa de dados e de arquivos sonoros,

reconstituindo ou analisando um fato importante. Inclui, ainda, recursos de

sonoplastia, envolvendo montagens e a elaboração de um roteiro prévio

(FERRARETTO, 2001, p.57).

Diversas técnicas de coleta de dados são usadas nas áreas do conhecimento. Nos

estudos de administração, uma parcela dos pesquisadores opta por coletar os dados por

meio da observação. Estes métodos de observação são aplicáveis para a apreensão de

comportamentos e acontecimentos no momento em que eles se produzem, sem a

interferência de documentos.

A observação atenta dos detalhes coloca o pesquisador dentro do cenário de

forma que ele possa compreender a complexidade dos ambientes psicossociais, ao

mesmo tempo em que lhe permite uma interlocução competente (ZANELLI, 2002). Por

isto, a observação é mais adequada a uma análise de comportamentos espontâneos e à

percepção de atitudes não verbais, podendo ser simples ou exigindo a utilização de

instrumentos apropriados (ZANELLI, 2002). O ponto forte da observação é o realismo

da situação estudada, e a partir desta análise, se estruturam posteriores e

complementares entrevistas. A observação participante, ou observação ativa, é aquela

em que o autor é parte da comunidade ou grupo estudado.

4. DOCUMENTÁRIO

Para entreter e informar, esclarecer e também estimular novas ideias e interesses,

é preciso ser cauteloso na escolha de um tema para o documentário. “A principal

vantagem do documentário sobre a fala direta é tornar o tema mais interessante e mais

vivo ao envolver um maior número de pessoas, de vozes, e um tratamento de maior

amplitude” (MCLEISH, 1999, p.192).

O documentário de rádio reproduz ou conta um fato com os mínimos detalhes,

mas com o cuidado de trazer o ambiente para o ouvinte. Como uma grande reportagem

televisiva, o rádio aproxima os detalhes da história aos ouvidos como os sons naturais

do espaço gravado, passos, portas, xícaras e todos os elementos componentes

necessários.

Pouco frequente no Brasil, o documentário radiofônico aborda um determinado tema

em profundidade. Baseia-se em uma pesquisa de dados e de arquivos sonoros,

reconstituindo ou analisando um fato importante. Inclui, ainda, recursos de

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sonoplastia, envolvendo montagens e a elaboração de um roteiro prévio

(FERRARETTO, 2001, p.57).

Os temas podem se tornar óbvios quando são apresentados nos programas, como

por exemplo, questões raciais, poluição, meio ambiente, mas no documentário ele pode

ser destrinchado, assim, trazendo ao ouvinte, detalhes e esclarecimentos que ele não

teria em um programa comum. “O programa pode explorar em detalhes um único

aspecto de um desses assuntos, tentando examinar em termos gerais como a sociedade

enfrenta as mudanças” (MCLEISH, 1999, p.191).

O grande desafio do rádio ainda é fazer com o que o ouvinte entenda claramente

o que é passado a ele sem imagens. No documentário de rádio, o narrador pode ser um

ponto crucial para a compreensão da mensagem. A narração pode servir como um elo

entre as falas dos entrevistados, assim dando sentido de continuidade. Mcleish (1999)

alerta sobre os riscos ao usar a narração.

Um narrador ajuda o programa a cobrir uma área extensa num tempo bem curto, mas

aí é que está parte do perigo; e também pode dar a impressão de ser eficiente demais,

“cortado ou frio” demais. Sua tarefa deve ser vincular e não interromper. Muito

provavelmente não haverá a necessidade de usar a narrativa entre cada contribuição

(MCLEISH, 1999, p.193).

Para sustentar o interesse do ouvinte e o tempo determinado no roteiro é preciso

organizar as ideias e avaliar se são suficientes para isso. Pode surgir um fato imprevisto

que o produtor queira inserir no produto. Nesse caso, os planos previstos no roteiro

podem ser alterados.

A música se torna grandiosamente importante para ambientar o ouvinte ao clima

que deveria ser criado por vozes e situações da vida real. Mcleish (1999) afirma que “a

prática atual é fazer pouco uso da música em documentários” e “uma música adequada

pode ajudar na criação de uma perspectiva histórica correta”.

5. HISTÓRIA DO RÁDIO

O rádio tornou-se possível depois da evidenciação das ondas eletromagnéticas.

O invento é fruto de sucessivas descobertas de diferentes cientistas, principalmente de

um brasileiro. Porém, esse é assunto para mais adiante. Antes de chegar a essa

controvérsia vamos olhar para trás.

O ano era 1887. Partindo da teoria matematicamente comprovada do físico

escocês James Clerk Maxwell (1831-1879), na qual atestava a existência de ondas

eletromagnéticas, o jovem alemão Heinrick Rudolf Hertz (1857-1894) demonstrou a

existência de tais ondas. Maxwell havia morrido vinte e três anos antes sem comprovar

a tese. A descoberta também inspirou outro nome importante para a história do invento.

Guglielmo Marconi (1874 – 1937). Ele estudou as chamadas “ondas hertzianas”,

batizadas em homenagem a seu descobridor, onde verificou o princípio da antena. A

partir daí tornou-se viável a radiotelegrafia ou telegrafia sem fio. Pela qual são

transmitidas mensagens através do espaço por meio do código Morse.

Reynaldo Tavares sentencia em seu livro, “Histórias que o rádio não contou”,

que a transmissão, em 1901, de uma competição de regata por Marconi em código

10

Morse foi um dos primeiros passos da radiodifusão. “Aquela experiência obteve o maior

êxito e serviu para chamar a atenção para as possibilidades comerciais do telégrafo sem

fio. Era a radiodifusão que começava a dar seus primeiros passos.”

O código Morse foi desenvolvido pelo criador do telégrafo elétrico, Samuel

Morse (1791 – 1872) , em 1835. É um sistema de representação de letras, números e

sinais de pontuação através de um sinal codificado enviado intermitentemente.

Com a experiência de Marconi aumentou ainda mais o interesse de cientistas

pelo tema. A partir daí seguiram-se outros aperfeiçoamentos.

Em 1908, os físicos de todo o mundo travaram lutas sem tréguas para o seu

aperfeiçoamento. Joseph Thompson, Thomas Alva Edson, Lee de Forest, John Ambrose

Fleming e Erving Langmuir construíram as primeiras válvulas. Os cientistas da Bell

Telephone System apresentaram com sucesso a primeira válvula amplificadora,

transmitindo do alto da Torre Eiffel, em Paris, uma programação sonora que foi ouvida

da cidade de Marselha (TAVARES, 1999, p. 21).

Desde o nascimento do rádio, a invenção foi atribuída ao cientista Guglielmo

Marconi. Porém, há uma controvérsia sobre essa informação. Italiano de Bolonha,

Marconi foi o primeiro a realizar, em 1896, a transmissão de mensagens por meio do

código Morse. Dois anos antes, em 1894, o brasileiro padre Landell de Moura (1861–

1928) já havia feito experimentos no campo da radiodifusão. Um detalhe: o seu invento

não transmitia apenas sinais telegráficos, caso do de Marconi, mas sim a voz humana a

distância, sem fios, através de ondas eletromagnéticas. Marconi registrou patente

naquele mesmo ano. Landell de Moura conseguiu somente em 1904.

“Há diferenças nas invenções dos dois cientistas. Marconi conseguiu a transmissão de

sinais telegráficos, sem fio, em código Morse, denominado radiotelegrafia. No início do

século XX, conseguiu a transmissão com voz humana. Já Landell foi pioneiro na

transmissão a distância, sem fios, da voz humana, por meio das ondas eletromagnéticas.

( PRADO, 2012, p. 27)

Há controvérsias sobre a origem do rádio. Quem foi o pioneiro na transmissão

sem fio da voz? De um lado, o italiano Guglielmo Marconi, e de outro, o brasileiro

padre Roberto Landell de Moura. Jung (2004) afirma que “não cabe aqui discutir de

quem é o mérito da invenção, pois há muita controvérsia, mesmo entre os estudiosos”.

Ferraretto (2001) diz que não se pode desconsiderar a importância do trabalho de

Marconi, mas seus méritos sobre a invenção do rádio são errôneos.

A sua empresa detinha patentes sobre diversos inventos que ele soube – e aí está

talvez o seu grande mérito – aprimorar, desenvolvendo novos e mais potentes

equipamentos. A aparelhagem das primeiras experiências de Marconi, em 1894, na

Villa Grifone exemplifica bem isto (FERRARETTO, 2001, p.82).

Roberto Landell de Moura nasceu na cidade de Porto Alegre em 1861, estudou

física, química e teologia e foi nomeado sacerdote em 1886. No início do século XX,

padre Landell colocou o Brasil entre as grandes potências da ciência, mas só teve seu

reconhecimento em 1928, após sua morte.

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O investidor de visão empreendedora, Guglielmo Marconi, teve seus méritos

reconhecidos. “Percebeu em vários inventos já patenteados a possibilidade de

desenvolver novos aparelhos, mais potentes e eficazes. Foi o que fez para chegar à

radiotelegrafia, em 1896” (JUNG, 2004, p.24).

“O velho desconhecido de mais de 80 anos” (Jung 2004) tem sua história

iniciada quando o padre, cientista e inventor brasileiro Landell de Moura fez seus

primeiros experimentos com ondas eletromagnéticas em 1893. Pioneiro do rádio, Padre

Landell foi o primeiro a transmitir com sucesso a voz humana por meio de um aparelho

de rádio.

No interior paulista, Landell de Moura transmitiu e recebeu a voz humana

utilizando uma válvula amplificadora com três eletrodos. As pessoas que presenciaram

o experimento ouviam, mas não acreditavam. Foi acusado de impostor, herege e bruxo

inúmeras vezes, algo que não era novidade para o padre cientista. “Naquela época,

Landell de Moura já havia assustado muita gente por aqui com seus inventos, e feito,

inclusive, suas primeiras experiências com transmissão e recepção de sons por meio de

ondas eletromagnéticas” (JUNG, 2004, p.23). O Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro,

veiculou uma notícia no dia 10 de Junho de 1900.

No domingo próximo passado, no alto de Santana, cidade de São Paulo, o padre

Landell fez uma experiência particular com vários aparelhos de sua invenção, no

intuito de demonstrar algumas leis por ele descobertas no estudo da propagação de som, da luz e da eletricidade através do espaço, da terra e do elemento aquoso, as

quais foram coroadas de brilhante êxito. Estes aparelhos, eminentemente práticos,

são, como tanto corolários, deduzidos das leis supracitadas.Assistiram a esta prova,

entre outras pessoas, o sr. P. C. P. Lupton, representante do governo britânico, e sua

família (JORNAL DO COMÉRCIO, apud Ferraretto, 2001, p.83).

Apesar de o padre Landell de Moura ter feito inúmeras demonstrações de seus

inventos, somente no dia sete de setembro de 1922, em comemoração aos cem anos de

independência do Brasil, que um pedido da Repartição Geral dos Telégrafos promoveu

a primeira demonstração pública de radiodifusão sonora. No evento foi possível ouvir o

discurso do presidente da República Epitácio Pessoa e trechos de O Guarani, de Carlos

Gomes, registrados pela imprensa da época.

A Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Company, de combinação com a

Westinghouse International Company e a Western Eletric Company, instalou uma possante estação transmissora no alto do Corcovado e outros aparelhos de

transmissão e recepção no recinto da exposição, em São Paulo, Niterói e Petrópolis.

Dessa forma o discurso inaugural da exposição, feito pelo Sr. Presidente da

República, foi transmitido pela cidade acima por meio da radiotelefonia.

À noite, no recinto da exposição, em frente ao Posto Telefônico Público, onde se

achava instalado um dos aparelhos de transmissão, foi proporcionado aos visitantes

um espetáculo inédito para nós: daquele local, toda a ópera O Guarani, como era

cantada no teatro Municipal (Ferraretto, 2001, p.94).

12

5.1. A LINGUAGEM DO RÁDIO

A linguagem do rádio é composta por vários elementos essenciais. Estes

englobam a voz humana, a trilha sonora, os efeitos sonoros e o silêncio que podem ser

associados entre si ou trabalharem isoladamente de diversas maneiras. Podem contribuir

também de várias formas para a compreensão da mensagem veiculada. Enquanto a voz

do locutor permanece no consciente do ouvinte, os outros elementos trabalham o

inconsciente.

A trilha sonora pode acentuar ou reduzir determinados aspectos dramáticos contidos na voz do comunicador, ressaltados, por vezes, pelo silêncio. Neste quadro, o efeito

compensa a ausência da imagem, reproduzindo sons próprios de elementos que servem

como pano de fundo, de um trovão em meio a uma tempestade aos trinados de pássaros

para representar o início de uma manhã de primavera (FERRARETTO, 2001, P.26).

O engenheiro acústico francês Abraham Moles¹ apresenta quatro formas

distintas para o ato de escutar (recepção):

Escuta ambiental Tudo o que o ouvinte busca no meio de comunicação rádio é

um fundo musical ou de palavras.

Escuta em si O ouvinte presta atenção marginal interrompida pelo

desenvolvimento de uma atividade paralela.

Atenção

concentrada

Supõe um aumento no volume de som do receptor, superando

os sons do ambiente e permitindo a concentração do ouvinte na

mensagem radiofônica.

Escuta por seleção O ouvinte sintoniza intencionalmente um determinado

programa e a ele dedica sua atenção.

Já Kurt Schaeffer² mostra outro tipo de recepção de acordo com as atitudes dos

ouvintes:

Ouvir Simplesmente, perceber o som.

Escutar Supõe uma atitude mais ativa.

Prestar Atenção Tem implícita uma dose de intencionalidade.

Compreender Resulta da combinação de escutar e prestar atenção e tem, por

consequência, a finalidade de assimilar.

13

5.2. O RÁDIO COMO VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO

Para Ferraretto (2001), o rádio é o veículo que alcança um vasto número de

pessoas por ser amplo nas suas transmissões e com linguagem simplificada. Com

exceção das emissoras educativas, as rádios têm seus recursos oriundos de anunciantes.

“Por ser um meio tradicionalmente de comunicação de massa, o rádio possui uma

audiência ampla, heterogênea e anônima. Sua mensagem é defendida por uma média de

gosto e tem, quando transmitida, baixo retorno (feedback)” (FERRARETTO, 2001,

p.23).

O rádio, desde o começo da história da comunicação se propagou de tal forma

que hoje ainda é o candidato mais forte a sobreviver na era digital. Em algumas regiões

que pessoas não têm acesso à internet, não possuem televisão em suas residências, o

rádio se faz presente para acompanhar as atividades diárias. Nos carros, o aparelho

apareceu como item de conforto para as famílias em 1948.

Com o advento da tecnologia, tivemos em 1930 a fabricação pela Motorola do

primeiro rádio especialmente projetado para uso em automóveis, e acredite, a

instalação deste rádio era feita por lojas de acessórios. Foi somente no ano de 1948

que os fabricantes de carros passaram a oferecer o autorádio como opção em seus

modelos top de linha. E finalmente no ano de 1953 foi quando as válvulas foram

abolidas e deram lugar aos transistores (PADILHA, 2014).

O público alvo talvez não possa ser definido antes da criação de uma emissora

de rádio, já que essa definição se dá por meio do nível socioeconômico dos ouvintes.

Conforme for se consolidando, a rádio pode definir a forma de narração (mais coloquial

ou não), o tipo de programação e como ela será estruturada.

“O usual é considerar o público como todo, mas com a crescente segmentação a

forma adapta-se a parcelas mais específicas da audiência. Assim, por exemplo,

considerando apenas o texto jornalístico, uma informação da área econômica pode

ter um tipo de tratamento menos coloquial em uma emissora e, em outra, nem ser

transmitida”(FERRARETTO, 2001, p.28).

6. A VIDA DEPOIS DA MORTE

6.1. PROCESSO DE LUTO

Perder alguém, mesmo que não seja uma pessoa próxima, transmite um

sentimento ruim que, às vezes, não sabemos do que se trata, apenas sentimos que é

muito ruim. O luto também se aplica à perda da algo que gostamos muito como um

carro que precisou de muito trabalho e esforço para ser adquirido, um animal de

estimação que acompanha a família há tempos, ou um objeto que transmite muito

apego.

A morte produz inúmeras formas de desordem emocional e de despertar espiritual.

O mais importante, no entanto, é compreender que, apesar do forte sentimento de

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solidão, nunca estamos verdadeiramente sozinhos. Nossos entes queridos estão

sempre por perto para nos ajudar a atravessar os momentos mais dolorosos, nos

guiar para fora da escuridão e nos conduzir para a luz da nossa própria força

(PRAAGH, p15. 2011).

O luto é um processo muito mais complexo do que se imagina, e muitas vezes

mais rápido do que se espera. Segundo a psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross, a

pessoa enlutada pode ter cinco estágios fundamentais: negação, raiva, barganha,

depressão e aceitação. A psiquiatra se destacou por chamar atenção de um assunto até

então ignorado, porém seu pioneirismo não foi seguido pela publicação de novos

estudos.

O luto pode variar de acordo com o modo de perda, seitas e religiões, grupo

familiar, grau de parentesco, afinidade, problemas de saúde e vários outros fatores que

abrangem sentimentos como o de tristeza ou conforto. Uma família que tenha uma

pessoa idosa com problemas cardíacos, por exemplo, pode entender que a morte seria o

fim do sofrimento daquele membro enfermo. Nesse caso, pode ocorrer de o luto vir de

uma forma mais confortável e branda. Em um segundo exemplo, o grupo familiar é

bastante unido e saudável, e por um descuido no trânsito, um membro é atropelado e

morre. O luto pode ser violento assim como a morte da pessoa e os cinco estágios da

psiquiatra Elizabeth pode demorar semanas, meses e até anos.

A tragédia na boate Kiss em Santa Maria(RS) em 27 de janeiro de 2013,

incêndio que causou a morte de 242 pessoas, pôde retratar um luto coletivo dos

habitantes da cidade. Os sobreviventes que estavam no ambiente e que foram afetados

pelo incêndio trouxeram marcas no corpo que jamais serão apagadas. Essas marcas

podem ser lembranças ruins que não ajudam a passar por algumas fases do luto. Por

outro lado, um desastre como este pode servir como um desafio coletivo de ajuda e

superação, fazendo com que o luto seja superado de uma forma mais rápida.

A morte de 3 mil pessoas nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos

Estados Unidos, teve um papel inesperado no novo entendimento da ciência sobre a

morte. O trauma redespertou o interesse da ciência pelo tema e impulsionou uma

série de estudos que acompanharam a recuperação dos moradores de Nova York. Os

resultados foram surpreendentes. Apenas seis meses após a tragédia, 65% das

pessoas entrevistadas mostraram-se emocionalmente equilibradas. Essa taxa era alta

até entre aquelas que perderam um amigo ou um parente na tragédia: 54% não

tiveram a saúde emocional abalada, 35% já tinham se recuperado depois de

desenvolver algum tipo de trauma e apenas 11% ainda enfrentavam dificuldades

para se recuperar (BUSCATO, p.88, 2010).

As pessoas já nascem dotadas da capacidade de superação. O ser humano é

capaz de superar a perda de uma pessoa com a qual tem um forte vínculo emocional,

mesmo que não seja fácil ou rápido. Os resilientes são pessoas que conseguem lidar

bem com a perda e retornam rapidamente à vida cotidiana normal. O termo vem da

física e significa prioridade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original

depois de sofrer um impacto. Isso não significa que não houve sofrimento ou foi fácil,

apenas a pessoa passa pelos cinco estágios rapidamente ou, até mesmo, passa apenas

por alguns deles.

Durante o processo de luto os circuitos cerebrais podem funcionar de forma

diferente, ou como se fosse um filme em câmera lenta. A falta de fome, interesse sexual,

vontade de viver, bem como, uma tristeza intensa fazem parte deste momento confuso.

Essa prostração pode impedir o enlutado de tomar decisões e atitudes que colocam a

15

própria sobrevivência em risco durante esse período. Quem já enfrentou a morte de

alguém próximo sabe que o luto não é tristeza 24 horas por dia, sete dias por semana.

Há dias de profundo pesar e outros de extrema lembrança e alegria.

O luto não é necessariamente tão sofrido como se imagina, mas há casos de

pessoas que passam anos nos dois primeiros estágios. Esse processo pode ser chamado

de luto crônico ou luto patológico como os especialistas preferem chamar. Além de

prejudicar a qualidade de vida, aumenta o risco de desenvolver desordens como

depressão grave e transtornos de ansiedade.

Estágio Bowlby’s

Label

Sander’s

Label

Descrição Geral

1

Entorpecimento

Choque

Características dos

primeiros dias,

ocasionalmente

mais longos;

descrença

perturbação,

inquietação,

sensação de

irrealidade,

sensação de

impotência.

2

Compaixão

Percepção

da perda

O enlutado tenta

recuperar a pessoa

perdida; pode

buscar ativamente

ou perambular

como que

buscando; pode

relatar que vê a

pessoa morta.

Também cheio de

ansiedade e culpa,

medo e frustração.

Pode dormir mal e

chorar com

frequência.

3

Desorganização

e desespero

Conservação

e retraimento

Basicamente, tal

período é o da

depressão e do

desespero; cessa a

busca e a perda é

aceita, mas a

aceitação da perda

traz depressão ou

uma sensação de

16

impotência.

Costuma ser

acompanhada de

muito cansaço e de

um desejo de

dormir todo o

tempo.

4

Reorganização

Cicatrização

e renovação

Sanders vê aqui

dois períodos;

Bowlby apenas um.

Ambos entendem

ser esse o estágio

em que o indivíduo

assume o controle

outra vez. Há certo

esquecimento, uma

sensação de

esperança, aumento

de energia, saúde

melhor, melhores

padrões de sono,

diminuição da

depressão.

6.2. A COMPREENSÃO QUE AS CRIANÇAS TÊM DA MORTE

Se para um adulto é difícil compreender a morte, para uma criança, às vezes, é

muito mais complicado. Resultados de estudos feitos por pesquisadores e relatados em

livros mostram que crianças na idade pré-escolar não assimilam e não conseguem

compreender os aspectos da morte.

Elas acreditam que a morte pode ser revertida, seja pela oração, mágica ou

pensamento expressando desejo, creem que pessoas mortas podem ainda ter

sensações ou respirar, acreditam que a morte pode ser evitada por, pelo menos certas

pessoas, como os espertos ou sortudos, ou membros de sua própria família (BEE,

1997, p. 584).

Para a psicóloga Juciléia Rezende, o entendimento da criança depende de como

a morte é explicada a ela. Ao abordar a criança, o assunto deve ser tratado de forma

natural, com frases e palavras que sejam de fácil compreensão para ela.

Não se deve falar frases como “Deus levou”, “ela agora está em um lugar melhor”

ou “ela agora mora com papai do céu”, pois a criança pode entender que Deus é um

ser mal e levou a pessoa que ele gostava. Ela vai criar na cabeça que aquele lugar

onde ela vive não é bom e vai querer ir morar no lugar melhor junto àquela pessoa

ou até com papai do céu (SOUZA, Juciléia Rezende).

Ela ainda conclui que a criança deve participar do velório e do enterro e ser

assistida por uma pessoa escolhida pela família. “Não é dizer que ela vai ficar séria todo

17

o tempo, até porque a criança não entende por completo, mas ela precisa estar presente

para não fantasiar a morte” (Souza, 2015).

6.3. LEMBRANÇAS

Quando a pessoa morre e deixa pertences pessoais naquele local, os parentes ou

qualquer outra pessoa deve ficar responsável por eles. Roupas, joias, sapatos, objetos

pessoais, cartões de contas bancárias, quarto e outras coisas que ficam. Esses objetos e

ambientes remetem a uma lembrança que pode ser dolorosa para certas pessoas. A

psicóloga Juciléia Resende Souza atende pacientes no Hospital Universitário de Brasília

e afirma que em alguns casos todas essas lembranças podem ajudar a superar o luto. “Se

a pessoa gostava de ser fotografada sempre sorrindo e a morte dela foi por uma causa

não violenta, as fotografias podem ajudar um membro ou o grupo familiar a sair do luto

depressivo” (SOUZA, 2015).

Há casos de pessoas que ouvem passos, a voz ou veem vultos nos ambientes em

que o ente frequentava. Na primeira semana esse luto é mais confortável já que

familiares, amigos e vizinhos estão sempre próximos dando o máximo de atenção. Já na

segunda semana esse grupo se afasta para dar um tempo para a família. É então nesse

momento que as coisas começam a mudar de rumo. Já não tem pessoas falando, assunto

a todo momento e a consciência já assimila o fato. O comportamento cerebral ainda não

se acostumou com a ausência do determinado ente e ainda espera por ele na porta em

determinado horário do dia, pensa ser ele quando o telefone toca e várias outras reações.

6.4. QUAL O PAPEL DA TERAPIA?

“Terapia é o nome usado para qualquer tentativa de tratar de uma moléstia ou

perturbação. Quase todas as terapias para perturbações do comportamento empregam

técnicas psicológicas e, por isso, são chamadas de psicoterapias” (MORGAN apud

Braghirolli, 2003, p.212).

“Psicopatia é o conjunto de técnicas de tratamento das perturbações de caráter

psicológico, como psicanálise (Freud), a ‘learning therapy’ (comportamentistas), ‘a

reflexologia’ (pavloviana)” (DORIN apud Braghirolli, 2003, p.212).

Como é possível identificar se uma pessoa enlutada precisa de ajuda

psicológica?

Muitos que procuram ajuda de um psicólogo são influenciados por parentes que viam os

enlutados como problemáticos e que estavam agindo de forma errada por não sofrerem

de forma igual a das outras pessoas. Os resilientes, por exemplo, são julgados de forma

errada por não estarem em um sofrimento constante ou doloroso demais para os outros.

Alguns pesquisadores acreditam que a terapia pode fazer mais mal do que bem.

Os pacientes que se mostravam fortes e resistentes passaram a se ver como insensíveis,

pois não sofriam como as outras pessoas. O psicólogo Scott Lilienfeld, da Universidade

Emory, nos Estados Unidos, incluiu a terapia para casos de luto em uma lista de

tratamentos potencialmente perigosos. “Se há a possibilidade de a terapia suscitar

efeitos negativos, é melhor implementá-la com precaução” (LILIENFELD, apud

Buscato, 2010, p. 90).

18

Em todo e qualquer tratamento ou acompanhamento psicológico, o resultado

depende da disposição do paciente. “Nenhuma terapia é eficaz se a pessoa acredita que

não precisa de ajuda e não coopera. Nem todo mundo precisa de ajuda” (Kovács, apud

BUSCATO, 2010, p.90).

Qualquer um de nós, diante de situações traumatizantes pode sofrer um colapso das

defesas e ceder à tensão. O soldado que é enviado para a frente da batalha, a mãe

que perde o esposo e os filhos numa catástrofe, a jovem que é estuprada, todos por

mais normais que sejam, diante destas situações extremamente adversas podem não

resistir à tensão e sofrer um desequilíbrio. Essa perturbação, passada a causa

provocadora, pode desaparecer por completo ou pode durar por mais tempo,

necessitando o indivíduo uma breve terapia para superá-la (BRAGUHIROLLI,

2003, p. 202).

6.5. RELIGIÃO

A psicóloga Suely Sales afirma que a religião pode ser um fator muito

importante para o processo de perda. Assim como ela, Bee (1997) defende que pessoas

acreditam que a morte é apenas uma passagem para a próxima vida.

Muitos adultos entendem a morte como uma transição de uma forma de vida para a

outra, de uma vida física para uma espécie de imortalidade. Tal crença é mais

comum entre mulheres do que entre homens, e mais comum entre católicos e

protestantes do que entre judeus, embora não exista diferença etária (Bee, 1997.

p.586).

Em algumas religiões, a morte é apenas um processo normal e uma das fases da

vida. A terapia em grupo pode trocar experiências que podem ser parecidas. Alice

Quadrado, fundadora da Casulo, grupo de ajuda e apoio ao luto no estado de São Paulo,

afirma que pode ajudar outras pessoas na mesma situação. Ela perdeu sua filha de 25

anos em um acidente de carro e demorou seis meses para perceber que ela não voltaria.

Em algumas crenças a morte é um fator principal para a vida: o retorno para o

lar de onde saímos antes de nascer. Um líder espiritual pode ser uma peça principal para

o conforto da família ou da pessoa enlutada já que foi preparado para lidar com

situações como essas. Em um exemplo básico, um pastor prega seu culto, olha para um

fiel e diz que seus dias de sofrimento estão acabando, pois Deus lhe prometeu uma cura

para sua doença. A pessoa acredita e tem fé naquilo, mas, por seu quadro de saúde estar

debilitado, ela morre. A família fica extremamente irritada e cria um bloqueio dentro de

si para aquela religião. Faz questionamentos a Deus, questiona o líder e não entende que

a morte é uma causa natural. Neste exemplo, o líder despreparado pode prejudicar uma

estrutura familiar construída naquele templo ou espaço espiritual.

O papel da terapia, sendo ela psicológica ou religiosa, é ajudar o enlutado a sair

do momento ruim e não fazer com que ele se sinta pior. No espiritismo acredita-se em

vida após a morte, assim fazendo com que os frequentadores da religião aceitem a morte

com menos dor. Para Praagh (2011), a relação entre pais e filhos transcende os limites

físicos e os mantém conectados mesmo após a morte. James Van Praagh, escritor e

médium nascido em Nova Iorque, tem habilidades de conversar com mortos,

transmitindo mensagens de conforto aos entes que comparecem às suas reuniões

realizadas em auditórios, salões e residências em todo o mundo. É comum em religiões

afrodescendentes e espíritas os médiuns se conectarem com seus familiares por meio de

psicografia, incorporação e outras práticas utilizadas.

19

7. PRODUTO

Este produto pode ser veiculado em rádios web, comunitárias, universitárias,

grandes emissoras e programas de drama humano. Seu tempo pode ser modificado para

adequar-se aos modelos da programação, porém não podendo ser alterado seu teor.

O radiodocumentário apresentado neste trabalho foi gravado, editado e

finalizado com os seguintes equipamentos:

1- Aplicativo Voice Over versão 3.1.2 em modo “fala” no smartphone X Peria Z3

com sistema operacional Android 5.2;

2- Gravador de som do sistema operacional Windows 7 Starter no netbook HP

Pavilion dm1;

3- Aplicativo WhatsApp Messenger versão 2.12.124;

4- Microfone Behringer B1;

5- Mesa de Áudio Staner Bux 08;

6- Software Magix Samplitude;

7- Software Audacity;

8- Software Audio Converter;

9- Software Windows Media Player.

Operado por Jeferson de Oliveira, sob supervisão de Marco Antônio Borges.

PERSONAGENS

1. Alice Quadrado (Fundação Casulo – São Paulo);

2. Amélia de Oliveira Conceição (mãe de Jane);

3. Carlos Luiz de Oliveira Conceição (irmão);

4. Daianne Joyce de Oliveira Carvalho (filha);

5. Glória Maria de Oliveira Conceição (irmã);

6. Jeferson de Oliveira Carvalho (filho);

7. Juciléia Rezende Souza (psicóloga – Hospital Universitário de Brasília);

8. Rosângela de Oliveira Conceição (irmã);

9. Suely Sales (psicóloga – clínica particular – Asa Norte – DF).

Sonoras inicias (por ordem de fala):

1. Hosana de Oliveira Pestana (sobrinha de Jane);

2. Glória Maria de Oliveira Pestana (irmã);

3. Amélia de Oliveira Conceição (mãe);

4. Vera Lúcia de Oliveira Siqueira (prima);

5. Jeferson de Oliveira Carvalho (filho);

6. Thiago Lincoln de Oliveira (sobrinho);

7. Karllos Laycon de Oliveira (sobrinho).

20

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise concreta dos personagens, conclui-se que os objetivos foram

alcançados com êxito. A dor da perda não é calculável, já que o luto pode se apresentar

de várias formas, em várias fases diferentes e por diversas vezes. Não só a dor de uma

perda, mas a tristeza de ter perdido alguém com quem se tinha muito sentimento.

As teorias dadas pelas psicólogas entrevistadas podem definir melhor os cinco

estágios do luto propostos pela psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross, afirmando que

eles podem se apresentar em ordens variadas ou até mesmo não ser identificados no

enlutado.

A busca pela religião, seja ela qual for, pode ajudar no processo, porém pode ser

um fator destruidor quando não orientada por um líder religioso preparado para lidar

com o assunto. Assim como na religião, a terapia pode ser tanto um marco para a

recuperação, quanto o estopim para a depressão profunda do paciente. Terapia ou

religião, ambas devem ser observadas por familiares próximos para saber se realmente o

paciente apresenta estado de melhora.

21

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEE, Helen. O ciclo vital. Porto Alegre: Artmed. 1997.

BRAGHIROLLI, Elaine Maria, GUY, Paulo Bisi, RIZZON, Luiz Antônio,

NICOLETTO, Ugo. Psicologia Geral. 23. Ed. Porto Alegre: Vozes. 2003

FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: veículo, a história e a técnica. 4. Ed. Porto

Alegre: Sagra Luzzatto. 2001.

FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Contexto. 2004.

JUNG, Milton. Jornalismo de rádio. São Paulo: Contexto. 2004.

MCLEISH, Robert. Produção de rádio. 2. Ed. São Paulo: Summus Editorial. 1999.

MEDITSCH, Eduardo. Teorias do rádio. Santa Catarina: Insular. Volume 1. 2005.

PAIM, Isaías. Curso de Psicopatologia. 11. Ed. São Paulo: E.P.U. Editora Pedagógica

e Universal. 1993.

PRAAGH, James Van. Laços de amor eterno. Rio de Janeiro: Sextante. 2011.

PRADO, Magaly. História do Rádio no Brasil. São Paulo: Editora da Boa Prosa,

2012.

SCHELINI, Waltz Patrícia. Alguns domínios da avaliação psicológica. Campinas:

Alínea. 2007.

TAVARES, Reinaldo C: Histórias que o rádio não contou. Editora Harbra, 1999.

ZANELLI, J. C. Pesquisa qualitativa em estudos da gestão de pessoas. Estudos de

Psicologia, v. 7, p. 79 - 88, 2002.

REFERÊNCIAS NA INTERNET

PADILHA, Rafael. A história do som automotivo. Disponível em

http://www.carinfo.com.br/materias/mat_s01.htm. Acessado em 12/05/2015 às 21h16.

10. ROTEIRO RADIODOCUMENTÁRIO

NOME: A vida após a morte e o processo de luto

TEMPO: 19’39”

NARRAÇÃO: Jeferson de Oliveira

22

PERSONAGEM PRINCIPAL: Jane de Oliveira Carvalho

RESUMO: radiodocumentário que conta como aconteceu a morte da personagem.

História essa contada pelos familiares desta. Psicólogas e especialistas falam sobre luto,

recuperação, terapia e religião.

FADE IN> PARABÉNS + AMBULÂNCIA> FADE OUT

FADE IN > trilha “Saudade” por Fly

SONORA PESSOAS FALANDO DELA

[NARRADOR] SEXTA FEIRA, DEZENOVE DE SETEMBRO DE DOIS MIL E

QUATORZE. JANE DE OLIVEIRA CARVALHO, PROFESSORA, QUARENTA E

QUATRO ANOS QUEIXA-SE DE FRAQUEZA E DORES NAS PERNAS. A

FAMÍLIA CUIDAVA DELA DESDE O SEU ANIVERSÁRIO, DIA DEZESSEIS DO

MESMO MÊS.

Sonora Daianne 40” até 3’26”

Entra em:“meu nome é...”

Sai em: “...naquela manhã.”

Sonora Glória Maria 9” até 9’28”

Entra em: “eu sou Glória...”

Sai em: “...a gente ligou pra SAMU.”

Sonora Amélia 50” até 2’08”

Entra em: “Amélia de Oliveira...”

Sai em: “...que ela tinha falecido.”

[NARRADOR] A PSICÓLOGA SUELY SALES, FORMADA PELA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, AFIRMA QUE QUALQUER FORMA DE LUTO

IMPLICA SOFRIMENTO.

Sonora Suely Sales 1’48” até 3’50”

Entra em: “o luto implica...”

Sai em: “...experiências não positivas”

[NARRADOR] É DIFÍCIL PERDER...

Sonora Juciléia 8’42” até 12’55”

Entra em: “é um processo...”

Sai em: “...no dia do aniversário.”

[NARRADOR] É DIFÍCIL ACREDITAR...

Sonora Amélia 8’58” até 9’05”

Entra sonora Amélia 3’09” até 5’49”

23

Entra em: “sou Amélia...”

Sai em: “...em outro lugar.”

[NARRADOR] A PSIQUIATRA SUÍÇA ELIZABETH KÜBLER-ROSS DEFENDE

QUE, ATÉ SUPERAR UMA PERDA, AS PESSOAS ENLUTADAS PASSAM POR

FASES SUCESSIVAS DE NEGAÇÃO, RAIVA, BARGANHA, DEPRESSÃO E

ACEITAÇÃO. PARA A FUNDADORA DA CASULO, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE APOIO AO LUTO, ALICE QUADRADO, ESSAS FASES PODEM SE

APRESENTAR EM ORDENS DIFERENTES.

Sonora Alice Quadrado 1” até 1’09”

Entra em: “Elizabeth Kübler...”

Sai em: “...diferentes vertentes.”

[NARRADOR] A PSICÓLOGA SUELY SALES FALA SOBRE O ESTRESSE PÓS-

TRAUMÁTICO.

Sonora Suely Sales

Entra em: “nessas situações...”

Sai em: “...elaboração do luto.”

[NARRADOR] A FAMÍLIA DE JANE CONTA COMO ESTÁ SENDO O

PROCESSO DE LUTO.

FADE IN > trilha tema de Camila na novela Laços de família.

Sonora Daianne 6’17” até 10’43”

Entra em: “uma coisa bem triste...”

Sai em: “...quanto a isso.”

Sonora Glória 14’17” até 15’31”

Entra em: “veio aquele choque...”

Sai em: “...de pessoa extrovertida.”

Sonora Carlos Luiz

Entra em: “sou o irmão...”

Sai em: “...a minha irmã.”

Sonora Rosângela6’03” até 6’33”

Entra em: “meu nome é...”

Sai em: “...diante da morte”

SOBE SOM > trilha tema de Camila na novela laços de família.

FADE OUT

Sonora Suely (3) 04’57” até 05’58”

24

Entra em: “o fator religioso...”

Sai em: “...vai passar.”

[NARRADOR] A TEORIA DOS CINCOS ESTÁGIOS DO LUTO, QUE

INFLUENCIOU E AINDA INFLUENCIA ESPECIALISTAS, LEVOU PESSOAS

QUE ESTAVAM REAGINDO DE MANEIRA NATURAL A SEREM VISTAS

COMO PROBLEMÁTICAS. ESTAS FORAM FORÇADAS POR PARENTES E

AMIGOS A BUSCAR TRATAMENTO PSICOLÓGICO. ALGUNS ESTUDOS

MOSTRARAM QUE PACIENTES QUE HAVIAM LIDADO BEM COM O LUTO E

COMEÇARAM UMA TERAPIA PASSARAM A ACREDITAR SER INSENSÍVEIS,

AFINAL, NÃO SOFRIAM COMO AS PESSOAS ACHAVAM QUE ELAS

DEVERIAM.

Sonora Jeferson (conversa com Suely) (3) 13’43” até 14’27”

Entra em: “eu estava...”

Sai em: “...porque isso.”

SOBE SOM> 05” trilha tema triste (créditos: Band News)

Sonora Juciléia

Entra em: “assim que eu vejo...”

Sai em: “...perder meus pais.”

[NARRADOR] COMO UMA CRIANÇA REAGIRIA AO IMPACTO DA MORTE?

Sonora Juciléia 32’27” até 36’35”

Entra em: “às vezes...”

Sai em: “...que ela ama”

FADE IN > trilha Gostava tanto de você por Tânia Mara

Toca por 10”

FADE OUT > OFF CARLOS LUIZ

Entra em: “hoje é como...”

Sai em: “...o seu lado”

SOBE SOM

TOCA POR 05”

FADE IN > trilha Mariô por Emicida

TOCA POR 05”

FADE OUT

OFF Jeferson de Oliveira

Entra em: “primeiramente...”

Sai em: “...Icesp Promove.”

25

FADE IN

TOCA POR 02”

FADE OUT

[NARRADOR] COM APOIO TÉCNICO DE MARCO ANTÔNIO, ORIENTAÇÃO

DE ANA SEIDL, JEFERSON DE OLIVEIRA PARA O ICESP FM.

SOBE SOM.