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Fases Do Desenho Infantil

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Page 1: Fases Do Desenho Infantil

Fases do Desenho Infantil

As características principais do desenho infantil é o realismo, no que

respeita aos motivos, e figurativo no que diz respeito aos temas, tendo

sempre de representar algo para a criança.

O desenho infantil passa segundo Luquet por quatro fases:

Fase do Realismo Involuntário

Fase do Realismo Frustrado

Fase do Realismo Intelectual

Fase do Realismo Visual

Fase do Realismo Involuntário

No início, o desenho da criança, não é mais do que um traçado executado

simplesmente para fazer linhas, desprovido de qualquer significado. Estes

traços de linhas sem significado vão, num dado momento, através de uma

fortuita semelhança do desenho com o real, ter um significado para a

criança.

Ainda que dando um significado ao desenho, a criança, nesta fase, não

consegue reproduzir de novo o objecto porque, como já referimos, as

semelhanças do desenho com qualquer coisa do real foram acidentais. A

criança vai assim continuar a traçar linhas sem significado, ainda que, por

vezes, surjam semelhanças que ela identifica, dando-lhes um significado.

Estas identificações são, contudo, ainda muito difusas, porque o seu

desenho ainda não possui uma intenção representativa, dando-lhe

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consequentemente o significado ou representação que no momento lhe

ocorre.

Posteriormente, a criança começa a aperfeiçoar as semelhanças fortuitas,

adicionando traços voluntários que acentuam as semelhanças. É nesta

altura que se inicia a fase do desenho com significado, ou seja, a criança

passa do realismo involuntário para o realismo voluntário.

Fase do Realismo Frustrado

Esta fase é caracterizada pela imperfeição do desenho da criança, devido à

sua incapacidade de sintetizar, o que a leva a desenhar os elementos sem

que os consiga englobar num todo. Nesta fase, o desenho parece querer

aproximar-se do real mas não consegue.

As dificuldades que se deparam à criança para execução, nesta fase do

desenho realista são de duas ordens:

1. Ordem Física - A criança ainda não controla os seus movimentos

gráficos, de forma a traçar o que deseja

2. Ordem Psicológica - A atenção da criança é ainda limitada e

descontinua, o que faz com que exclua, nos seus desenhos, factores

muito importantes de um objecto, não os retendo de forma

suficientemente sólida para serem representados

Nesta fase, a criança revela igualmente dificuldades significativas em

relacionar entre si os elementos que formam o objecto real a desenhar. Esta

incapacidade deve-se ao facto de que, quando a criança pensa num dos

elementos que está a desenhar esquece os outros, incluindo os que já

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desenhou, traçando o novo elemento sem nenhuma relação com os outros,

numa representação sucessiva e descontinua dos elementos.

São várias as manifestações dos desenhos desta fase:

Alterações das Proporções :

- Imperfeição gráfica

- Importância dada aos elementos desenhados

- Gestão do espaço que serve de suporte ao desenho

- Incapacidade de controlar o traço

Alterações da Tangência e Inclusão

Relação entre Elementos de um mesmo Objecto

Orientação de certos Pormenores do Objecto

Estas alterações, e consequentemente a fase do realismo frustrado,

encontram-se associadas à incapacidade sintética, que começa a

desaparecer quando a atenção da criança se torna mais estável, pois já lhe é

possível relacionar o que desenha com o que já desenhou e, assim,

relacionar os elementos.

Fase do Realismo Intelectual

Esta fase é caracterizada pela tendência, da criança, em representar no

desenho de um objecto, todos os seus elementos constitutivos. Depois de

ultrapassada a fase do realismo frustrado, o desenho infantil torna-se

verdadeiramente realista.

Não obstante, existem diferenças significativas entre o realismo do desenho

infantil e do adulto. Para um adulto, um desenho deve ser a reprodução fiel

de um objecto, levando em conta a perspectiva. Na criança, um desenho

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para ser realista deve conter todos os elementos do objecto, ainda que não

sejam visíveis no objecto real, e os próprios elementos abstractos que ela

imputa a esse objecto.

Outro aspecto importante do desenho infantil, nesta fase, é o uso da

legenda, uma vez que, para a criança, o nome do objecto desenhado,

constitui-se como uma característica essencial desse mesmo objecto.

Alguns processos utilizados pela criança nesta fase são:

Quando os elementos de um desenho (que no objecto real se encontram

ocultados por outros) surgem, a criança opta por representá-los

utilizando a transparência.

A criança utiliza ainda a mudança de ponto de vista. Neste caso, e após

ter representado o conjunto de um objecto, do ponto de vista em que

oferece o aspecto mais característico e faz sobressair o maior número

dos seus elementos essenciais, a criança escolhe para desenhar cada um

dos outros pormenores de acordo com a sua própria perspectiva.

Estes processos, utilizados pela criança nos seus desenhos, são resultantes

da necessidade de combinar a intenção realista e o sentido sintético,

característicos desta fase. O objectivo subjacente a estes processos é o de

representar o objecto de forma fidedigna e completa.

Fase do Realismo Visual

O realismo visual, característico do desenho do adulto, é alcançado pela

criança quando esta começa a fazer a critica nos seus próprios desenhos.

Assim, a criança repara que os desenhos produzidos, com base no realismo

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intelectual, não estão de acordo com os objectos reais (por exemplo o

desenho de um rosto de perfil com dois olhos). A criança respeita, então, a

forma do realismo intelectual e assume um realismo visual.

Os processos que a criança utiliza no realismo intelectual, são substituídos

pelos equivalentes no realismo visual, nomeadamente, à transparência

sucede opacidade, que se faz acompanhar da perspectiva.

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Evolução do Desenho da Figura Humana

A evolução do desenho da figura humana, na criança, obedece a uma

sequência de fases mais ou menos regulares. As primeiras tentativas de

representação da figura humana, ocorrem por volta dos 2/3 anos de

idade.

Nessa altura, o desenho, não mais do que uma intenção, é o início do

desenho figurativo, em que a criança acompanha o seu traçado (garatuja)

de um comentário verbal que o identifica.

Logo a seguir a estas tentativas frustradas de representação da figura

humana, a criança começa a utilizar uma forma específica quando pretende

desenhar uma pessoa. Esta forma estereotipada, é geralmente um círculo, o

que pode relacionar-se não só com as aptidões motoras da criança nesta

fase, como também com o facto de a cabeça humana ter uma forma mais ou

menos circular e ser, sem duvida, uma das características da figura humana

que a criança retêm com mais facilidade (cabeçudo).

Posteriormente, a criança vai adicionar detalhes, tais como: olhos, nariz,

cabelo, pernas, etc. No entanto, estes novos elementos não são nem

correctamente representados, nem correctamente situados, originando-se

aquilo que se designou como figura humana em peças separadas.

A pouco e pouco, estes detalhes começam a aperfeiçoar-se e organizar-se,

surgindo, por volta dos 4 anos, o homem girino. Este é representado por

um círculo, mais ou menos regular, ao qual se ligam, inferiormente, duas

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linhas verticais representando as pernas. No interior do círculo, pontos ou

pequenos círculos pretendem figurar os olhos, o nariz e a boca.

Estes detalhes não surgem em simultâneo, sendo acrescentados

progressivamente. Posteriormente, surgem os braços, duas linhas mais ou

menos horizontais e ligadas, cada uma a um lado do círculo.

O homem girino pode ser de dois tipos: estático ou dinâmico, quando a

criança desenha na extremidade de um dos braços um objecto. Este facto

revela que existe já uma tentativa de representar uma acção, embora o

movimento não seja, ainda, evidente no desenho.

O homem girino evolui continuamente pelo acréscimo de outros detalhes,

(cabelos, mãos, pés, orelhas...) mantendo-se, contudo, a indiferenciação

entre a cabeça e o resto do corpo. No entanto, o círculo toma cada vez mais

o aspecto de cabeça, tornando-se mais pequeno, e as pernas mais compridas

parecendo delimitar entre si o espaço do tronco.

Embora este espaço continue aberto, o tamanho desproporcional das pernas

e o facto de o espaço entre elas, frequentemente, surgir colorido ou com

detalhes de vestuário (botões, etc), leva-nos a crer que existe já a intenção

de representar o tronco e de iniciar a sua diferenciação face à cabeça.

Entre os 4 e os 5 anos, o desenho do homem girino começa a desaparecer

sem que, contudo, surja imediatamente a seguir o desenho da figura

humana tipo.

Esta corresponde a duas ovóides justapostas, uma representando a cabeça,

outra o tronco. Os braços, (dois traços horizontais), ligam-se ao cimo da

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ovóide inferior e as suas pernas, duas linhas mais ou menos verticais, à

parte de baixo dessa mesma ovóide.

Temos, assim, por volta dos 6 anos, o desenho da figura humana já com

todos os seus principais elementos: cabeça, tronco e membros, a que,

progressivamente, vão sendo acrescentados outros.

Por volta dos 7 anos, os membros deixam de ser uma linha para passarem a

ter um duplo contorno, e os detalhes de vestuário permitem identificar o

sexo da figura representada, tal como pelo comprimento dos cabelos.

Aos 8 anos, sensivelmente, a articulação entre a ovóide da cabeça e a do

corpo começa a ser feita por um pequeno segmento, que representa o

pescoço.

A figura humana tipo, encerra dois tipos; a estática e a dinâmica, sendo

esta última representada pelo desenho de um objecto na extremidade de um

dos braços. Contudo, nesta fase, contrariamente ao que se passa na fase do

homem girino, o braço já é desenhado sob um determinado ângulo,

consoante o objecto que lhe está associado.

Assim, se representar um guarda-chuva, o braço surge direccionado para

cima; se surgir um balde, por exemplo, o braço aparecerá desenhado para

baixo.

Posteriormente à figura humana vista de frente surge a de perfil, embora a

primeira continue a ser desenhada. Inicialmente, o perfil manifesta-se

exclusivamente pelo desenho dos braços, e só no momento seguinte

desenha de perfil o corpo, as pernas e os pés e por último a cabeça.

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Nesta fase a criança possui dois modelos de figura humana: a de face e a de

perfil, desenhando-as simultaneamente mas utilizando sobretudo a segunda

quando pretende representar acção e movimento.