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VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler e formando leitores a vida inteira. Rio de Janeiro: Quality/Dunya Ed., 1999 1: GOSTAR DE LER UM DIAG!STI"O “[...] uito !e te" #alado a$er$a da i"%ort&n$ia da leitu %ou$o !e te" #eito no !entido de in!tru"entali'ar o %ro#e!!or %ar tra*al+o, %rin$i%al"ente no que di' re!%eito ao desenvolvimento do gosto pela leit#r . [...] ato de ler - #unda"ental n)o a%ena! na #or"a()o a$ad "i$a ta"*-"na #or"a()o do $idad)o $on!ider0 el %ar$ela de re!%on!a*ilidade no $u"%ri"ento de!!a tare#a re$ai !o*re a e!$ola [...]2. 3%. 45 O $#e % sa&er ler' ( [...] Ler - 6re$on+e$er %ala ra!7, de$odi#i$ar, ou !e8a, al#a*eti'ado. E!te en#oque re!trito !e alar a quando $on!idera"o! !e #a' no "o"ento e" que !o"o! $a%a'e! de atri*uir !entido ao que [...] ;u"a i!)o [...] "ai! a"%la, ler - $on!truir u"a $on$e%()o d de $o"%reender o que no! $+e a %or "eio da leitura, anali!ando e $riti$a"ente #rente =! in#or"a(>e! $ol+ida!, o que [...] %er"ite" $idadania2. 3%. 4<@5 “[...] ara 8u!ti#i$ar a ne$e!!idade de #or"a()o d ad"itir que toda a din&"i$a da ida e!$olar e!t0 $entrada na $a%a$ $o"%reender *e" o que #oi lido. [...] ortanto, di#i$uldade! de $o direta"ente o de!e"%en+o do aluno, n)o ! no que di' re!%eito = l toda! a! 0rea! do $on+e$i"ento, e, [...] durante toda a !ua e!$ola “Quando a e!$ola !e deu $onta di!!o, o en!ino da lin ua $onte"%lar, al-" da ra"0ti$a, a inter%reta()o de te?to!. [...] [...] o de!e"%en+o do aluno #rente = leitura $ontinua !endo [...] "edida que o! aluno! a an(a" na e!$olaridade, "enor a li a()o que [...]2. 3%. @5

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Muito se tem falado acerca da importância da leitura, mas muito pouco se tem feito no sentido de instrumentalizar o professor para a realização deste trabalho, traremos pontos chaves do livro para contribuir como instrumento de mediação de leitura.

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VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro: Quality/Dunya Ed., 1999

1: GOSTAR DE LER UM DIAGNSTICO[...] Muito se tem falado acerca da importncia da leitura, mas muito pouco se tem feito no sentido de instrumentalizar o professor para a realizao deste trabalho, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento do gosto pela leitura. [...] O ato de ler fundamental no apenas na formao acadmica do aluno, mas tambm na formao do cidado; considervel parcela de responsabilidade no cumprimento dessa tarefa recai sobre a escola [...]. (p. 3)O que saber ler? [...] Ler reconhecer palavras, decodificar, ou seja, sabe ler quem alfabetizado. Este enfoque restrito se alarga quando consideramos que a leitura [...] s se faz no momento em que somos capazes de atribuir sentido ao que foi decodificado. [...] Numa viso [...] mais ampla, ler construir uma concepo de mundo, ser capaz de compreender o que nos chega por meio da leitura, analisando e posicionando-se criticamente frente s informaes colhidas, o que [...] permitem exercer [...] a prpria cidadania. (p. 3-4)[...] Para justificar a necessidade de formao do leitor, h que se admitir que toda a dinmica da vida escolar est centrada na capacidade de ler e compreender bem o que foi lido. [...] Portanto, dificuldades de compreenso afetam diretamente o desempenho do aluno, no s no que diz respeito linguagem, mas em todas as reas do conhecimento, e, [...] durante toda a sua escolaridade. (p. 4)Quando a escola se deu conta disso, o ensino da linguagem passou a contemplar, alm da gramtica, a interpretao de textos. [...] Os anos se sucederam e [...] o desempenho do aluno frente leitura continua sendo [...] muito baixo. [...] medida que os alunos avanam na escolaridade, menor a ligao que tm com a leitura [...]. (p. 4)................................................................................................................................[...] Somos levados a concluir que, durante este percurso, algo falha, impedindo que os objetivos propostos para as atividades de leitura sejam alcanados. Como o paradigma adotado [...], o do livro didtico, propusemo-nos a analis-lo mais detidamente e pudemos verificar que, [...] nas leituras e exerccios propostos aparecem dois problemas fundamentais. (p. 5)Em primeiro lugar, os textos apresentados seguem, normalmente, dois modelos ou so fragmentos de livros e [...] pecam porque no fornecem ao aluno o todo da histria, mas apenas uma parte [...] ou so textos escritos pelos [...] autores do livro didtico, quase sempre com o objetivo de trabalhar os contedos de gramtica ou determinados aspectos [...] da lngua. (p. 5)Em segundo lugar, os exerccios de interpretao [...] incluem uma parte de trabalho com o lxico o que [...] seria [...] uma espcie de gramtica disfarada alm de questes que de interpretativas nada apresentam, [...] exigem [...] que o aluno volte ao texto e copie [...] o que h de bvio no texto [...]. Interpretao pressupe individualidade, pressupe a possibilidade de imprimir a prpria marca naquilo que se leu [...]. (p. 5-6)Assim, na medida em que a interpretao de texto no vem apresentando como uma opo vivel para o desenvolvimento das habilidades de leitura, [...] cabe ao trabalho com o livro de literatura infanto-juvenil, na escola, um papel fundamental e privilegiado na formao de leitores. (p. 6)[...] O professor deve procurar oferecer ao aluno os mais variados tipos de texto, a fim de que se familiarize com os diferentes tipos de discurso. [...] O texto literrio, [...] deve ocupar um lugar prioritrio em relao ao trabalho desenvolvido na escola. Trs mecanismos fundamentais aliceram esta idia. (p. 6)Inicialmente, a literatura [...] fico e, por natureza, da ordem da fantasia. Assim, fomenta no leitor a curiosidade e o interesse pela descoberta; permite que ele vivencie situaes pelas quais jamais passou, alargando seus horizontes e tornando-o mais capaz de enfrentar situaes novas [...], possibilita ao leitor o acmulo de experincias s vividas imaginariamente, o que o torna mais criativo e mais crtico [...]. (p. 6)Em segundo lugar, a leitura [...] o mecanismo por meio do qual se internalizam, alm do registro padro da lngua, estruturas lingusticas mais complexas, desenvolvendo de modo globalizado o desempenho lingustico do falante. (p. 7)...........................................................................................................................[...] Os mecanismos que regem os processos de aquisio da fala e da escrita so os mesmos, o que eleva [...] a importncia da leitura de textos ricos, variados e de boa qualidade, a partir dos quais a experincia do leitor com a linguagem se amplie, determinando uma competncia cada vez maior no prprio processo de leitura, [...] escrita e [...] na fala. (p. 7)O ltimo dos aspectos diz respeito importncia da leitura no desenvolvimento do raciocnio lgico na criana. .................................................................................................................................[...] O desenvolvimento da linguagem se traduz como elemento essencial ao crescimento intelectual da criana, a leitura [...] interfere de forma substantiva no pensamento, tornando-se [...] um fator determinante do bom desempenho durante e aps o perodo de escolarizao. (p. 8).................................................................................................................................Tais objetivos sero [...] atingidos por meio da leitura instigante, que oferea a possibilidade de fazer ver o novo, proporcionando o prazer da descoberta e da elaborao de mltiplos sentidos. E tais atributos [...] so [...] intrnsecos ao texto literrio. [...] Apenas a leitura de textos informativos [...] no supre as necessidades da formao global do leitor. (p. 8-9).................................................................................................................................Leitura: hbito ou gosto?.................................................................................................................................[...] O ato de ler [...] em sua dimenso mais ampla, constitui um dos mecanismos por meio do qual possvel compreender melhor o mundo, posicionando-se diante dele. [...] A atividade de leitura se configura como o cerne de todo o processo de ensino-aprendizagem [...] torna-se evidente que, para qualquer sujeito em fase de escolarizao, a leitura um hbito, [...] uma atividade realizada quase que diariamente, durante prolongado perodo. (p. 9-10)[...] Assim que abandona os bancos escolares, [...] no raro encontrarmos pessoas que jamais se interessam em ler sequer o jornal, contentando-se com a notcia [...] veiculada pela mdia eletrnica, pessoas que passam anos a fio sem tocar em um s livro, a no ser por rigorosa exigncia profissional. [...] A crise brasileira no de escritores, e sim de leitores. (p. 10)Perguntamo-nos, ento, em que canto da sala de aula ficou perdido aquele hbito. [...] A disposio duradoura, que caracteriza o hbito, [...] acaba no sendo apreendida na escola, ou [...] quando existe, geralmente no foi a escola o agente responsvel por sua criao. .[...] Em termos de leitura, os anos de escolarizao regular so capazes de criar um hbito que [...] s perdura sob a perspectiva de algo que precisa ser feito, pois dele depende todo o desempenho no cumprimento das etapas de escolarizao preestabelecidas. (p.10)Consideramos [...] tal perspectiva [...] como insuficiente, (...) para que tenhamos um cidado capaz de incorporar a leitura s atividades de seu cotidiano. E isto s ocorre se a leitura for vista [...] como um espao privilegiado, a partir do qual tanto possvel refletir o mundo, quanto afastar-se dele, [...] o hbito, por si s, no chega. H que se desenvolver o gosto pela leitura, a fim de que possamos formar um leitor para toda a vida. (p. 10-11)Tal tarefa [...] requer [...] que a leitura seja tratada naquela perspectiva mais ampla, e [...] que o material sobre o qual o professor trabalhe seja capaz de levar o aluno a descobrir a sua capacidade libertadora e criativa [...]. E este material [...] o texto literrio. (p. 11)O texto literrio infanto-juvenilA teoria de literatura [...] vem comprovando o carter mltiplo, plurissignificativo do texto literrio. (p. 11)Lacan, [...] demonstra que o texto literrio assenta-se em dois nveis de discurso. O nvel manifesto, mais superficial, cuja estrutura transparece sob a forma de uma cadeia significante articulada em imagens, aquele que se evidencia ao leitor. No interior dessa cadeia [...] existem inmeras brechas [...] pelas quais se pode ingressar no segundo, [...] o nvel latente, onde se esconde uma imensa gama de sentidos que esto espera de que o leitor os descubra. (p. 11)A compreenso dessa estrutura, por um lado, delega ao leitor do texto literrio um papel de agente, sem o qual o texto no se faz por inteiro; por outro lado, admite a possibilidade de que o significado profundo do texto se altere, de leitor para leitor, j que, [...] cada um tem a possibilidade de escolher suas prprias trilhas. (p. 12)Mas essa estrutura [...] parece ser absolutamente ignorada quando se trata de literatura infantil, como se o fato de ser [...] dirigida a crianas determinasse um reducionismo em suas imagens, com a [...] perda de seu valor literrio (...). (p. 12)................................................................................................................................Jesualdo BARBOSA nos lembra de que a criana gosta do que belo, pelo simples sentido da beleza, o que afasta, [...] de um padro de escrita que nada tem de infantil, mas que carrega a marca de um adulto pseudo-infantilizado e que desdenha a prpria capacidade intelectual da criana [...]. (p. 13) ................................................................................................................................2: O TRABALHO COM A LITERATURA INFANTO-JUVENIL: UM DIAGNSTICOA avaliao de que o fracasso [...] do processo de desenvolvimento do gosto pela leitura centrava-se no aspecto metodolgico surgiu de nosso trabalho com turmas do curso de pedagogia, formadas por alunos que atuam como professores-regentes. A fim de verificar a validade de nossa hiptese, empreendemos um mapeamento da metodologia utilizada na abordagem do livro infanto-juvenil, com professores de pr-escola 8 srie, em instituies das redes particulares e municipal do Rio de Janeiro. (p. 15)A pesquisa envolveu 46 professores e 1.955 alunos, e os resultados [...] demonstram que, embora as exigncias de leitura, marcadamente as leituras extraclasse, sejam bastante maiores na rede particular, em relao prtica pedaggica no h diferenas significativas entre uma ou outra rede [...]. (p.16)[...] O diagnstico traado [...] advm [...] de um somatrio do resultado da pesquisa com aquilo que nossa observao j tinha detectado [...]. As prticas [...] ocorrem de modo geral, embora, [...] h colegas que se sentem muito insatisfeitos com o resultado obtido com a metodologia tradicional de trabalho com a leitura. Dentre estes, alguns conseguem inovar, outros gostariam muito, s no sabem como. (p.16)Pretendemos, aqui, expor as consequncias de procedimentos metodolgicos que geram distores cujas dimenses o professor no tem como avaliar, simplesmente porque no tem uma viso do todo. Trata-se [...] de um processo imposto ao aluno, que termina por faz-lo considerar a leitura como mais uma obrigao a cumprir [...]. (p. 17)Procedimentos especficos1.Na pr-escolaA tendncia preponderante a de que o trabalho do professor apresente poucas variaes. [...] A leitura de livrinhos de histria vista como uma atividade isolada, que no obedece a uma continuidade de planejamento, nem apresenta outro objetivo seno aproximar a criana do livro, [...] o professor [...] l ou conta histrias para uma turma com frequncia, mas sem que a definio de objetivos claros tenha determinado a utilizao de uma ou outra prtica; quase sempre conta a histria com a qual se sente mais familiarizado, tendo como suporte a ilustrao do livro; raramente utiliza outro tipo de recurso audiovisual no desenvolvimento dessa atividade [...]. (p. 17-18)Por vezes, a histria lida [...] no foi alvo de uma leitura anterior mais detida do professor. Nessas circunstncias, ele corre o risco de defrontar-se com a [...] situao de no saber [...] para onde aquela atividade o conduz, nem para onde conduz seus alunos [...]. (p. 18)Aps a leitura, a pergunta vem [...]: Gostaram da histria?e a criana, que ainda nem teve tempo de refletir [...] responde, como um autmato: Gostei. (p.18)...................................................................................................................................Na maioria das vezes essa etapa queimada, e o professor pede a criana, ento, logo aps a leitura, mas como culminncia do trabalho [...] que desenhe passagem de que mais gostou, ou o personagem que gostaria de ser, [...] quando muito, o professor sugere que, aps a leitura, as crianas dramatizem o texto. (p. 19)Todo esse processo mantm-se margem do texto, e acarreta vrias conseqncias. A primeira delas [...] diz respeito ao fato de que tais procedimentos no permitem ao professor determinar [...] o que o aluno compreendeu ou no. [...] O professor passa por cima daquilo que o aluno no entende. Como o fato de no entender no lhe traz qualquer conseqncia, o aluno termina por condicionar-se a desconsiderar sua falta de compreenso [...]. (p.19)Isto to srio que as prprias crianas tendem a suprir tal falha, pedindo ao professor que conte a mesma histria vrias vezes. [...] A cada leitura, a criana vai preenchendo os buracos que ficaram das leituras anteriores, at sentir-se plenamente satisfeitas [...]. (p. 19)O desdobramento dessa prtica, a longo prazo, ainda mais drstico: a escola, desde a, prepara a criana para habituar-se a no compreender, ou melhor, a acomodar-se ao fato de que a escola no cria espaos de discusso[...]. A leitura tratada [...] como um trabalho sensorial, e no como um exerccio de reflexo e descoberta. (p. 19-20)A segunda refere-se [...] relao da criana com o texto. Como a prtica pedaggica no valoriza o texto como algo concreto, [...] a criana passa a v-lo apenas por seu aspecto mais superficial, valorizando apenas o que se conta, ou seja, o enredo, sem ser preparada para valorizar como se conta [...]. (p. 20)Mas o texto infantil tem, na pr-escola, uma outra dimenso, assentada na interdisciplinaridade [...]. (P. 20) interessante notar que 100% dos professores ouvidos disseram trabalhar o livro de histrias para o desenvolvimento de atividades de outras reas, j na pr-escola. [...] A interdisciplinaridade importante, sim, e precisa ser considerada; O que ressaltamos que o trabalho em outras reas, ainda que partindo de um texto, no substitui o trabalho com o texto. (p. 20-21) Esta etapa simplesmente no acontece. Rarssimas so as vezes em que o professor se preocupa com a incentivao de seus alunos, levando-os a quererem ler este ou aquele livro. (p.21) No importa se a criana est ou no interessada naquela leitura; o objetivo que a leitura desperte o interesse sobre um certo tema. Assim, o livro se abate sobre ela, sem que lhe seja dada qualquer possibilidade de interferir sobre tal escolha. (p.22) Nas turmas menores, a leitura geralmente feita pelo professor. O grande problema, ai, que o professor, ao ler o texto, imprime nele a sua marca, ou seja, demonstra, pela entonao, pelas pausas e pelo gesto, o valor que atribui a certas passagens em detrimento de outras, o juzo que se faz acerca dessa ou daquela atitude do personagem, e, muitas vezes, interpe comentrios no meio da leitura. (p.22) O ideal que, logo que alfabetizada, a criana tenha chance de entrar em contato com texto lendo, sozinha e silenciosamente, mesmo com todas as dificuldades que possa ter. Nessas situaes ela empreender a leitura de acordo com seu nvel de desenvolvimento: voltar a palavras ou frases, quando necessrio, ter a chance de decodificar cada palavra, errando e acertando, poder deliciar-se e observar mais atentamente as ilustraes, tudo respeitando seu prprio ritmo. (p.23) A prtica mais habitual, no entanto, concentra-se no trabalho integrado a outras reas que, como j vimos, uma tnica desde a pr-escola. Tal fato pode ser atribudo crescente importncia que se d interdisciplinaridade, o que absolutamente louvvel, frente perspectiva de fornecer ao aluno uma formao mais integral. (p.24) O que no se pode deixar de assinalar, no entanto, que isto no pode ser motivo para que se relegue o trabalho com o texto a uma posio de menor importncia. O desenvolvimento do gosto pela leitura capaz de trazer frutos para o desempenho do aluno em todas as outras reas de conhecimento, mas, para que isso acontea, necessrio que se trabalhe o texto enquanto linguagem geradora de sentido, de experincias novas e de prazer. (p.24) nessa etapa da escolarizao, tambm, que se introduz na vida do aluno a leitura extraclasse embora isto possa ocorrer, precocemente, em algumas escolas, quase sempre da rede particular. Como nessa altura o tempo passado com cada professor diminui consideravelmente, a leitura do livro no feita, mas cobrada em sala de aula. Sendo assim, a dinmica do trabalho com a leitura passa a assentar-se em novo modelo. (p.25) O que nossa experincia mostra que um percentual considervel de alunos deixa a leitura para as vsperas da avaliao, e, simplesmente, no consegue termin-la. Outros tantos nem se do ao trabalho de ler: pedem quele colega que sempre cumpre todas as obrigaes, mesmo as mais chatas, que lhes conte a histria do livro. (p.26) Quando muito, o professor promove uma aula em que se debate a leitura feita, na qual o aluno levado a refazer o enredo e a julgar os personagens. (p.27) Dentre os professores entrevistados, que atendem a um total de 1.955 alunos, todos, sem exceo, afirmaram que consideram o trabalho com a literatura infanto-juvenil fundamental no processo de escolarizao. (p.27) [...] ou seja, o livro importante, a formao do leitor imprescindvel, mas no se pode perder tempo com um contedo que no consta do programa do bimestre. (p.28) Segundo eles, h uma dissonncia entre o seu gosto e o gosto do professor; o aluno no tem uma total averso a livros, mas averso aos livros que o professor manda a ler. Como a leitura de livros dificilmente ocorre fora da escola pois que em casa a preferncia recai sobre quadrinhos ou outro tipo de revistas - , o que acaba ocorrendo o aluno chegar adolescncia absolutamente longe da leitura dos livros, a qual s ocorre (quando ocorre) diante da iminncia da avaliao. (p.31) A interpretao, por sua vez, oferece um espao mnimo para que as vrias leituras de um texto transpaream. As questes propostas, em regra, exigem que o aluno volte ao texto e copie uma resposta nica, correta, exata. So exerccios de identificao de ideias, muito mais que de elaborao de ideias. Para interpretar o aluno no precisa nem analisar, nem criticar, nem concluir basta observar, identificar e reduplicar as verdades explcitas no texto. (p.32) H, ainda, aquelas questes em que se pretende verificar se o aluno foi capaz de apreender a ideia geral do texto, como se a leitura no fosse um processo que atua, diretamente, sobre a vivncia do leitor, que consequentemente, privilegia, dentro daquilo que foi lido, esse ou aquele aspecto. Assim, exige-se do aluno que descubra os caminhos percorridos por quem elaborou a questo, transformando o ato de ler num processo unvoco e monolcito, dentro do qual no h espao para a divergncia. (p.33) Ensinar a gostar de ler exatamente isso: ensinar a se emocionar com os sentidos e com a razo (porque, para gostar apenas com os sentidos, no h necessidade da interferncia da escola); e, por isso, preciso ensinar a enxergar o que no est evidente, a achar as pistas e a retirar do texto os sentidos que se escondem por detrs daquilo que se diz. (p.37) A NOVA METODOLOGIA 1.PRINCIPIOS Partimos da pressuposio de que a leitura do texto literrio, sob a perspectiva da descoberta do prazer, um processo, e que, portanto, no se chega l em alguns minutos. necessrio dar tempo ao tempo, possibilitar que as descobertas sejam feitas na medida em que a leitura se aprofunde, numa aproximao paulatina que constitui, verdadeiramente, a construo do texto pelo leitor. Para que se consiga isto, defendemos a ideia de que cada livro deva ser trabalhado sob a forma de um projeto, onde, por intermdio das vrias atividades, esses objetivos possam ser alcanados, paulatinamente, metodologia tradicional e nova metodologia. (p.38)A proposta em relao leitura se fundamenta em trs princpios.1. Em vez de exigir do aluno que chegue a resposta corretas, o material didtico que lhe oferecido deve permitir que ele chegue a respostas possveis, sempre, claro, compatveis com o que o texto diz. [...] Portanto, a tarefa do professor deve ser levar o aluno a fornecer respostas pertinentes, e no qualquer resposta aleatria, mas no, necessariamente, respostas convergentes. (p.39)2. A perspectiva estruturante do trabalho que na metodologia tradicional a cpia do que expe na superficialidade do texto deve ser a descoberta das vrias verdades ali subjacentes. Por este princpio, no cabe ao professor mostrar o que est no texto, mas dar ao aluno os elementos necessrios construo de uma leitura to profunda quanto permitir sua capacidade de anlise e sua viso de mundo. Assim, no devem ser propostas atividades que dependam da pura observao, nem que demandem respostas mecnicas. A proposio do professor deve procurar investir sempre naquilo que no bvio. (p.39 e 40)3. Como a leitura uma atividade profundamente rida e estratificada na sala de aula, e como o aluno habitou-se a v-la dessa forma, necessrio que os projetos demonstrem, de modo concreto, que o aluno encontra-se diante de uma nova perspectiva de leitura, e que tudo ser realizado de modo a lev-lo a ter prazer naquilo que faz. Por este motivo, as atividades propostas no mbito do projeto devem ter uma preocupao com o ldico. (p.40)

2. ESTRUTURA

A maneira como as atividades se articulam dentro de cada projeto deve permitir que se atinja o objetivo proposto. Para tanto, os projetos devem estar estruturados em trs etapas: atividades preliminares, casa uma delas com objetivos especficos definidos, de modo levar o aluno a uma leitura global e mltipla, descobrindo o prazer de ler.Etapas: 1 Atividade, pela curiosidade, 2 Atividades com texto, 3 Atividades complementaresObjetivos: incentivar, pela curiosidade, fornecer informaes, demonstrar o carter ldico do trabalho; oferecer oportunidades para o aluno modele sua prpria leitura, trabalhar a compreenso em nveis to profundos quanto possveis; favorecer reaes interdisciplinares, trazer a problemtica do texto para a realidade do aluno, desenvolver criatividade. (p.41)1. Atividades Preliminares So aquelas que devem preparar o aluno para leitura. [...] A ideia de que a leitura no pode se abater sobre o aluno, sem que ele esteja suficientemente predisposto e preparado para realiza-la, visualizando-a como algo que realmente possa acrescentar-lhe experincias e dar-lhe prazer. [...] Antes mesmo que o livro chegue s mos do aluno, e tais atividades devem atender, basicamente, a trs objetivos: Incentivar, pela curiosidade[...] O professor deve proceder de modo a despertar no aluno o desejo de ler aquele livro. Para isso podem ser utilizados recursos semelhantes aos das propagandas (como cartazes, anncios de filmes ou de novelas de TV), ou noticias de jornais, de modo a criar polmica e mobilizar a turma, gerando no aluno uma curiosidade tal que o leve a dizer para si mesmo: Eu quero ler esta livro. (p.42) Fornecer Informaes Muitas vezes, para que a compreenso de um texto ocorra de modo globalizado, necessrio que o aluno disponha de informaes maiores, de carter cientifico ou histrico, ouainda sobre outros textos; enfim, informaes que podem no fazer parte de seus conhecimentos e que, por isso, impediram o leitor de enxergar, com maior riqueza e acuidade, aquilo que o texto diz. (p.42) Demonstrar o carter ldico do trabalho[...] As atividades que antecedem o trabalho com o texto propriamente dito devem ser mais ldicas possvel. Atividades que envolva toda turma, jogos, msicas, brincadeiras, atividades livres, passeios e visitas costumam causae um bom impacto. [...] (p. 43 e 43)

2. Atividades com o texto: elaborao do roteiro de leitura

[...] As atividades com o texto devem ser organizadas num Roteiro de Leitura que em nada se aproxima dos questionrios de interpretao ou das tradicionais fichas de leituras capaz de levar o aluno a compreender o texto em toda a sua extenso, a refletir sobre cada elemento que compe sua estrutura, a perceber a importncia dos pormenores, at, finalmente, posicionar-se criticamente frente ao que foi lido. Tudo isto pode ser sintetizado nos dois objetivos que fundamentam a elaborao do Roteiro de Leitura: Oferecer oportunidades para que o aluno modele sua prpria leituraModelar a leitura de um texto um processo complexo, que compreende algumas fases: inicialmente, necessrio compreender algumas fases: inicialmente, necessrio compreender o texto, em toda sua extenso e o mais profundamente possvel; a seguir, devem ser levantadas as diferentes hipteses de significao, at que, finalmente o leitor elege uma delas, capaz de satisfaz-lo plenamente. (p.45 e 46) Trabalhar a compreenso em nveis to profundos quanto possvelEste objetivo decorrncia natural do anterior, [...] Desta forma, propomos que, para atingi- lo, o roteiro de leitura elaborado pelo professor esteja assentado nos seguintes pontos: Utilizao de mtodo indutivo Sua funo deve ser conduzir a observao do alunopara aqueles pontos que, na nossa percepo, poderiam deixar de ser notados por ele. (p.49) Explorao intensiva e extensiva do textoA compreenso efetiva do texto se faz por meio da compreenso de suas diferentes partes e das relaes existentes entre elas. Assim, propomos que todo o texto seja mapeado em profundidade, de modo a levar ao aluno a refletir sobre as diferentes hipteses de leitura. Para essa anlise, entretanto, no interessam apenas as ideias principais do texto; ao contrrio, interessam os pormenores, aquelas passagens, aquelas expresses que nos causam certo mal-estar, porque no depreendemos exatamente o que esto fazendo ali. nelas que estar a chave que nos permitir desvendar os diferentes significados do texto. Abordagem analtica-sintticaA explorao a que nos referimos nos item anterior, para que ocorra de forma eficaz, deve se dar a partir da anlise do texto, passo a passo, obedecendo-se no ordenao dos acontecimentos, mas sua apresentao no texto. Sempre que necessrio, desejvel que a estrutura do texto tambm seja alvo dessa anlise. Mas o acontecimento das partes no encerra, por si s, o acontecimento do todo. Portanto, aps a anlise, necessrio que o roteiro de leitura seja capaz de amarrar essas partes, levando o aluno a elaborar um sentido geral para o texto. O trabalho de sntese, que deve fechar o material, no pode, no entanto, fechar as responsabilidades de significao do texto. (p.51)

Para a elaborao de um roteiro de leitura seguro, algumas observaes especificas podem, ainda, ser teis: (p.53)1. A apresentao do material. Tudo o que estiver ligado ao projeto de leitura precisa ser, como o livro, agradvel aos olhos e a mente. [...]2. O carter ldico. [...] sempre que possvel, deve-se optar por formas alternativas de elaborar as questes, utilizando, para isso, de recursos tpicos de atividades recreativas (como jogos de todas as espcies, palavras-cruzadas, caa-palavras, recorte-colagem, entre outros j existentes ou criados pelo prprio professor). O imprescindvel que o material elaborado no tenha a cara de questionrio, e, se houver necessidade imperiosa de lanar mo de formas tradicionais de apresentao de questes, que estas venham intercaladas com atividades mais ldicas, de forma a no descaracterizar este fundamento do trabalho. (p.54)3. A dinmica da aplicao do roteiro de leitura. razovel que o Roteiro de Leitura seja relativamente extenso e, portanto, no deve ser aplicado de uma s vez. [...] desejvel que o roteiro possa ser discutido entre os alunos, de modo a evidenciar a inexistncia de respostas corretas. Nesse sentido, sugerimos a adoo da seguinte dinmica: (p.55). O roteiro de leitura deve ser discutido em duplas. Cada aluno deve ter o seu material, utilizando-o individualmente. O roteiro deve ser retrabalhado pelo professor com toda turma, de modo a permitir que transparea a riqueza das respostas. 4. As questes de mltipla escolha.Podem ser utilizadas, desde que abertas, ou seja, alm de vrias respostas possveis, dentre elas deve haver uma que o prprio aluno possa preencher, caso no se sinta satisfeito com a utilizao das outras, oferecidas pelo professor [...] (p. 55-56). O importante a mltipla escolha permitir que valores pessoais sejam expressos nas diferentes hipteses de escolha [...] (p.57). Assim, neste tipo de questo, o professor deve oferecer um espao para o posicionamento particular do aluno e estar preparado para aceitar os argumentos que embasam as diferentes respostas, ainda que no correspondam sua prpria leitura do texto. (p. 58).5. As questes de elaborao de argumentos. Devem ser utilizadas, sempre que possvel, com o objetivo de levar o aluno a justificar suas respostas [...] ou seja, que ao direito de pensar diferente deve estar associado o dever de demonstrar que o que se pensa possvel, dentro daquilo que o texto apresenta. (p. 58).6. As questes de carter pessoal. No mbito do roteiro de leitura no deve ser utilizadas questes que exijam do aluno que ocupe o lugar do personagem, ou que julgue suas atitudes. [...] Claro est que este tipo de indagao pode acabar surgindo, na medida em que trazem o texto para a realidade do leitor, mas s devem ser provocadas nas atividades complementares, depois de o texto ter sido trabalhado. (p. 58-59).7. A ilustrao no roteiro de leitura.Ao contrrio do que possa parecer, o material de abordagem de leitura no deve estar centrado exclusivamente no texto escrito. [...] Ao contrrio, quando de boa qualidade, a ilustrao acrescenta elementos ao texto, reinterpreta-os, preenche vazios da narrativa [...] Assim, o Roteiro de Leitura deve mobilizar a observao do aluno tambm para esses elementos, permitindo que sua leitura se d de forma globalizada e integralizadora. (p. 59).8. O roteiro de leitura para o aluno ainda no alfabetizado. O analfabetismo no representa um impedimento aplicao de um roteiro de leitura, quando elaborado de modo que a criana no tenha necessidade de escrever. [...] imprescindvel que o texto seja trabalhado, de modo a possibilitar a efetiva compreenso, despertando na criana, inclusive, a vontade de ler por ela mesma. (p. 59).

3. Atividades complementares So as atividades que inmeros professores quase sempre realizam, sem perceberem, no entanto, que nesses momentos j no se trabalha o texto, mas a projeo do texto para alm da sua prpria esfera. [...] eventos que permitam ao aluno vivenciar situaes apresentadas no livro (passeios, entrevistas com especialistas convidados para abordar um assunto especfico, ida ao cinema ou ao teatro). [...] Assim, as atividades complementares devem atende, basicamente, a trs objetivos fundamentais. (p. 60):

Favorecer relaes interdisciplinares

[...] Nesse momento, quando o texto j foi exaustivamente explorado, a interdisciplinaridade surge como um elemento benfico e desejvel. fundamental, no entanto, que este aproveitamento no fira o carter ldico de que o trabalho se revestiu at aqui. No faz o menor sentido utilizar a brincadeira como um princpio que s vale para a leitura. ( p. 60-61).

Trazer a problemtica do texto para a realidade do aluno

Com este objetivo pretende-se que o aluno internalize que ler aprender, no, necessariamente, um contedo, mas aprender coisas que podero faz-lo viver melhor. [...] Trata-se, sim, de criar oportunidades para que o aluno promova a transferncia de aprendizagem e verifique de que modo possvel aproveitar o que aprendeu nos livros [...]. p. (61).

Desenvolver a criatividade

Este ltimo objetivo, liga-se, basicamente, ao carter mgico da literatura. medida que posto em contato com textos criativos, ao aluno tende a permitir-se ousar, falando, escrevendo, desenhando, ou seja, construindo mundos a que ele chega tirando os ps do cho. (p. 61).

3.Resultados Com o intuito de comprovar a validade da metodologia, nossa equipe de pesquisa selecionou, entre mais de mil obras disponveis no mercado, 60 ttulos, atendendo a faixas etrias que variaram entre cinco e 14 anos. [...] O material foi aplicado durante o ano letivo de 1995 [...] Os dados obtidos a partir das avaliaes de professores permitem-nos afirmar que:1. Dos professores envolvidos na pesquisa, 100% afirmaram que gostaram de utilizar o material [...]2. Segundo avaliao de 95,65% dos colegas, o material proveitoso, despertando o interesse pela leitura.3. Embora para 43,47% dos professores ouvidos o material no oferea dificuldades para os alunos, para 30,43% deles o roteiro de leitura apresenta certa dificuldade[...]. (p.62-63)...................................................................................................................................... A receptividade dos alunos indica o que pesquisa posterior iria comprovar: o aluno gosta de ler; a escola que, ao transformar a leitura numa tarefa rida e sem sentido, o afasta dos livros. (p. 65).4. ENSINANDO A GOSTAR DE LER: O TRABALHO SOB NOVA TICA Neste captulo, analisamos as diversas situaes em que a atividade de leitura se faz presente na escola [...]. (p. 67). senso comum que a escola deve proporcionar ao aluno o contato com os mais diferentes tipos de material escrito e que esta multiplicidade permite que ele perceba os diversos tipos de linguagem [...]. (p. 68). Por isso, partilhamos da opinio de que cabe ao professor promover uma escolha segura do livro indicado [...]. (p.68).A escolha do livro para desenvolver um projeto H livros que encantam pelo colorido das ilustraes; outros que o professor recomenda por reconhecer a qualidade do autor [...]. (p.69).[...] ser um bom livro era imprescindvel, mas no suficiente: era necessrio que eles tambm fossem adequados realidade de cada turma [...]. (p. 69)...................................................................................................................................... Com isso, objetivamos evitar, por exemplo, que um livro muito bonito, muito interessante visualmente, mas que no contasse com um texto de qualidade, fosse escolhido em detrimento de outro, no to bem elaborado, em termos editoriais, mas com textos mais ricos. Por outro lado, evitamos, da mesma forma, que um excelente texto seja utilizado com turmas de faixa etria inadequada, pelo simples fato de ser bom. (p. 71).Literariedade: [...] Verifica-se, aqui, a capacidade que o texto tem ou no de suportar mltiplas leituras; se se trata, efetivamente, de uma obra de qualidade literria, ou se tem um perfil apenas informativo. [...] Se no suficientemente bom para atrair sua ateno, tambm no atrair a deles. Lembre-se de que o bom texto para crianas deve ser, tambm, um bom texto para adultos. (p.73)Correo de linguagem: [...], Exige-se que o texto seja correto, e que os possveis desvios da norma culta, se houver, tenha carter estritamente estilstico. Nunca demais assinalar que, lendo bons textos, o aluno aprende a falar e a escrever bem. (p.73)Atualidade do tema: Neste ponto no defendemos, apesar do que possa parecer, que haja uma preferncia por livros cujas temticas tenham uma relao concreta com a vida atual. (p.74)Atualidade da linguagem: [...] O importante que, em qualquer situao, a linguagem utilizada no texto seja agradvel, instigante e enriquecedora. (p.74)Ttulo: [...], o ttulo a porta pela qual se ingressa num mundo magico; quanto mais atraente e sedutora, maiores as chances de se querer entrar. (p.75)Na etapa 2 verificamos se, alm de possuir um texto de boa qualidade, o livro adequado faixa etria em que ser utilizado. [...](p.75)Linguagem: A linguagem utilizada deve ser compatvel com o estgio de desenvolvimento lingustico do leitor. [...] (p.75)Tema: Nem sempre to fcil quanto parece compatibilizar a adequao da linguagem e do tema faixa etria, principalmente se consideramos a dura realidade da educao no Brasil. [...] (p.75)Corpo da letra/ilustrao: Quanto mais recentes forem os passos do aluno no mundo da leitura, maior deve ser o tamanho da letra, a fim de facilitar o reconhecimento do perfil da palavra, e mais atraente deve ser a ilustrao. [...]. Por tudo isso, essencial que tanto o corpo da letra quanto a ilustrao sejam adequados faixa etria do leitor. (p.76)A terceira e ltima etapa aquela em que a avalio se preocupa em verificar at que ponto o livro estimulante para o leitor, sob o ponto de vista visual. [...] (p.77)[...]. H livros cujo texto to bom e se apresentam de tal forma adequada faixa etria em que sero trabalhados que, mesmo contando com um projeto editorial menos arrojado, merecem ser indicados. H outros que, dentro da maior simplicidade, utilizando apenas o preto, o branco e as retculas de cinza, conseguem obter efeitos fantsticos. [...] . Dois itens devem ser considerados nessa etapa.(p.77)O primeiro deles, a Ilustrao, no pode ser, no livro infantil, apenas um acessrio, um conjunto de gravuras em lugar do branco do papel. [...] (p.77)Adequao ao texto: Quanto mais baixa a faixa etria a que se destina o livro, maior a importncia da ilustrao, no sentido de que, ao contrrio da linguagem verbal, a criana no necessita de qualquer conhecimento sistematizado prvio para decodific-la. Assim, fundamental observar se, sendo fiel ao que se diz no texto, a ilustrao cria novos significados, instiga outras leituras, apresenta novos elementos. [...]. Mesmo em livros que contm poucas ilustraes, dirigidos a faixas etrias mais altas, importante avaliar se a ilustrao colocada em lugares especficos, que tenham relao efetiva com a passagem a que se reportam, gerando sentido, e no apenas ocupando espao. (p.78).Qualidade grfica: Deve-se avaliar, nesse aspecto, a realizao grfica da ilustrao, em relao ao texto. [...]. Nesse aspecto, deve-se verificar, ainda, a maneira como foi valorizada a cor, o espao ocupado pelo texto, a harmnica distribuio do texto e da ilustrao ao longo das pginas, bem como o modo como tudo isso se realiza graficamente. (p.78)O segundo item, qualidade editorial, busca avaliar aspectos externos da obra, mas igualmente importantes para o livro seja agradvel ao leitor. Aqui, avaliamos trs aspectos: (78)Formatao: Embora no haja regras especificas, em relao ao aspecto externo, importante que o formato do livro fornea, antes de qualquer coisa, o manuseio. [...]. Em relao ao aspecto interno, avaliamos a distribuio do texto nas pginas, o espaamento entre linhas, e, quando h, as marcaes de captulos; enfim, todos os elementos que compem o livro devem estar harmoniosamente dispostos, gerando um produto agradvel. (p.79)Impresso/papel: Neste aspecto centramos nossa ateno sobre a qualidade da impresso e do papel, verificando se o material produzido adequado faixa etria. [...] (p.79)Capa: [...] O primeiro contato visual ocorre atravs da capa, e importantssimo que seja atraente, que desperte curiosidade, que nos faa querer ver o que tem dentro. Uma bonita capa pode ser um magnfico aliado na tarefa de levar a criana leitura. (p.79)Todos os aspectos da etapa 3 devem ser avaliados com relativa flexibilidade, ao contrrio do que ocorre nas etapas 1 e 2. Ali imprescindvel que o livro escolhido atinja a pontuao; aqui, mesmo quando se trata de um projeto arrojado, possvel obter bons resultados no processo de leitura; o mesmo no se pode dizer de livros muitos atraentes, coloridos, com uma programao visual fantstica, que, no entanto, deixam a desejar no texto. [...]. (p.80)Por esse motivo, calculamos que, dentre os 100 pontos que totalizam a tabela, poderamos usar o 70 como limite mnimo, ou seja, aquilo que o livro perder em seu aspecto editorial precisaria ser compensado na qualidade do texto e na adequao faixa etria em que se pretende us-lo. (p.80)[...]. Este no pode ser um argumento, entretanto, para inviabilizar seu uso, principalmente que, todos os dias, escolhem caminhos para seus alunos. (p.80)E nessa escolha prevalece, sempre, uma individualidade que no deve, nem pode, ser abafada; caso contrrio, teramos uma uniformizao massificante, para qual nem de longe pretendemos contribuir. (p.80)O LIVRO NA PR-ESCOLAAs vantagens advindas do desenvolvimento do gosto pela leitura, expostas nos captulos anteriores, so igualmente vlidas para nortear o trabalho com o livro infantil desde a pr-escola, embora possa parecer absurda a ideia de transformar em leitores crianas que ainda no sabem nem ler. No entanto, ao colocar o centro da questo no desenvolvimento do gosto pela leitura, passamos a lidar, especificamente, com a formao do leitor, o que envolve a criao de estreitos vnculos entre criana e o livro. [...]. (p.81)Partindo do pressuposto de que a leitura suscita o prazer, e que, por meio dela, somos capazes de ingressar num universo fantstico, nada mais natural que associar o objeto livro ideia de brinquedo. [...]. Sendo assim, quanto mais cedo criana tiver contato com livros, melhor; e quanto mais for capaz de ver no livro um grande brinquedo, mais forte sero, no futuro, seus vnculos com a leitura. (p.81) fundamental, portanto, a precocidade com que se oferece o livro-brinquedo criana. O primeiro livro deve ser colocado em suas mos to logo ela seja capaz de manter-se sentada sem apoio, o que ocorre, em geral, por volta dos 8 meses. [...]. (81)A partir deste primeiro contato at o momento da alfabetizao, desejvel que a criana disponha de um conjunto bem diversificado de livros, [...]. (p.82)[...]. Isto significa que o livro ideal para a criana aquele em que ela j reconhece quanto alguns elementos novos, a partir dos quais ela possa alargar seus horizontes e enriquecer suas experincias de vida. (p.82)Durante toda a fase pr-escolar, sobressai a importncia dos livros interativos, que permitem, pelo manuseio, que a criana descubra coisas novas, alm de propiciarem, em muitos casos, o desenvolvimento dos sentidos como a viso, a audio e o tato, por exemplo- e de estimularem a curiosidade. (p.82) fundamental que o livro venha sempre associado a momentos de prazer. [...]. (p.83)S a partir dos 2 anos a funo bsica dos livros infantis passa a ser colaborar para o desenvolvimento da linguagem, e at por isso o contato com os livros deve permanecer associado a momentos de prazer. [...]. (p.83)[...]. Por isso, embora a criana j goste (e por vezes at procure) narrativas mais complexas, uma considervel parcela de seus livros deve ser composta por narrativas simples, que ela consiga reproduzir cantando. (p.83)

Entre os 4 e 6 anos os livros assumem a funo de desenvolver ao mximo a linguagem do aluno, de modo a contribuir para que atinja a prontido necessria alfabetizao. [...] (p.84)A importncia da ilustrao sobressai ainda mais, pois por tratar-se de uma linguagem que a criana domina amplamente, sendo plena de significao torna-se uma ponte entre o texto e a criana. [...]. (p.84)Durante esta fase, a criana tome contato com narrativas mais longas e de estrutura mais complexa. O contato da criana com tais textos se d tanto por maio da histria contada, quanto por meio da histria lida por outra pessoa. (p.84)Como o essencial que a criana compreenda, o mais completamente possvel, o que foi lido, tais histrias devem chegar criana por etapas, intermediadas por um adulto que as conhea muito bem. [...]. (p.85)Durante todo este percurso, fundamental que o adulto que faz a histria chegar criana substitua as marcaes de fala especficas do texto escrito pelo gesto e pela entonao-[...]. (p.85)[...], o trabalho com leitura, na pr-escola, se apresenta descosturado, sem objetivos claramente definidos, sem uma estrutura de planejamento consequente, apenas como mais uma atividade a que a criana submetida, sem que se saiba exatamente por qu. (p.86)Nossa sugesto, portanto, se dirige, inicialmente, definio dos objetivos especficos da hora da histria, na pr-escola. [...] A partir disso, necessrio: (p.86)1. Escolher, com serenidade e antecedncia, o livro que ser levado turma, [...]. (p.86)2. Separar os textos mais simples, que podem ser lidos j no primeiro contato da criana com a histria, [...]. (p.86)3. Aps a leitura-contada ou lida- refazer, com a criana, o percurso da narrativa, objetivando que a compreenso se faa pela anlise e, posteriormente, pela sntese. [...]. (p.86)4. Depois disso, o professor deve criar situaes em que a criana possa se manifestar, livremente, sobre o que foi lido: [...]. (p.86)5. Por fim, o professor poder provocar a integrao do texto com a realidade de vida da criana, que ter espao para se posicionar, expondo suas experincias, seus medos, seus sonhos. [...]. (p.87)Essas etapas devem ser cumpridas naquelas atividades sistemticas de leitura, [...]. (p.87)Os livros utilizados nas atividades sistemticas de leitura no devem ser, apenas, aqueles que existem na sala de aula. O ideal que, ao contrrio, o acervo da sala v sendo enriquecido, medida que novas histrias vo sendo trazidas pelo professor. [...]. (p.88)[...]. H que se ter muito cuidado ao faz-lo pois, pelo fato de terem sido produzidos h muito tempo, retratam, muitas vezes, valores incompatveis com a sociedade contempornea. (p.88)[...]. No entanto, levamos nossa leitura a um nvel extremo, para que, muitas vezes, os valores esto l, no mbito da prpria obra, e que a criana os apreende, embora lidemos com eles sem nos dar conta disso. (p.89)[...]. Portanto, essas obras devem ser tratadas de modo muito cuidadoso, a fim de que no se transformem em instrumentos de presso e de manuteno do poder, por parte do adulto. (p.90)A sala de leitura1.1 Fixando paradigmas

A sala de leitura, quando bem utilizada, um recurso valioso na tarefa da formao do leitor dentro do ambiente escolar, na medida em que um espao onde a leitura pode se efetivar sem a carga de cobrana que, em geral, vem associada ao trabalho do professor regente de turma. [...] Falamos de um lugar diferente do resto da escola; de um lugar sempre aberto (at na hora do recreio), aprazvel, onde as crianas gostem de estar para ler, pelo simples prazer de ler. p.90[...] Mesmo a fixao de horrios para a permanncia de turmas na sala de leitura, comum em muitas escolas, pode se transformar num elemento motivador, desde que o trabalho ali desenvolvido seja estimulante e dissociado de qualquer tipo de avaliao ortodoxa[...]. p.91...........................................................................................................................................Quando [...] a sala de leitura ocupada em horrios fixos por grupos ou turmas predeterminadas, as atividades propostas devem dividir-se em dois grandes grupos: atividades livres e atividades dirigidas. p.92O que caracteriza as atividades livres o fato de o aluno poder escolher o que quer fazer durante aquele tempo, seja leitura ou no. Pretende-se que, com o desenvolvimento do trabalho, proporo que os alunos tornem-se capazes de descobrir o prazer de ler, a freqncia com que se ofeream atividades livres aumente, pois que a finalidade bsica da sala de leitura que o aluno possa estar ali para ler, e esta meta deve ser incessantemente perseguida. p.92[...] a nica coisa que no pode ser feita exigir que o aluno cumpra o planejamento do professor e sente-se quieto, num canto, para ler. Investidas deste tipo podem afastar para sempre, da sala de leitura [...]. [...] o professor da sala de leitura deve dispor de recursos e estar pronto para oferecer alternativas aos alunos que ainda no tenham criado vnculos efetivos com a leitura. p.92-93Tambm por isso defendemos a alternncia entre o oferecimento de atividades livres e dirigidas. [...] p.93...........................................................................................................................................As atividades dirigidas s so viveis quando existe, na escola, um horrio de atendimento especfico para cada turma. [...] p.93O benefcio est na possibilidade real de atuar sobre o grupo como um todo, conferindo s atividades de leitura um novo carter, aproximando os alunos do mundo dos livros e levando-os a compreender que o que se faz ali no mera reduplicao, com o livro, do que se faz em sala de aula, com o texto esparso ou o do livro didtico. p.93...........................................................................................................................................O importante no obrigar ningum a nada, mas atrair, mostrar como tudo aquilo que se est fazendo ali bom e divertido, at que se crie uma intimidade, uma autonomia capaz de gerar uma demanda espontnea pela leitura, que se consolidar nas atividades livres. [...] p.94...........................................................................................................................................As atividades dirigidas devem ser planejadas de modo a atender aos interesses especficos de cada grupo de alunos. Por isso necessrio que, de tempos em tempos, o professor mapeie estes interesses, ouvindo-os acerca de suas preferncias, a fim de que se evite, ao mximo, programar uma leitura que no atinja o grupo. p.94...........................................................................................................................................A proposta de trabalho tambm deve variar, de encontro para encontro, a fim de que o aluno tenha sempre uma surpresa, na sala de leitura. [...] p.95 igualmente importante reservar uma pequena parte da aula para o aluno brincar, ou seja, para utilizar o material ldico que a sala oferece para manusear livremente o acervo, de forma a prepar-los para as atividades livres. p.95...........................................................................................................................................

2. Montando a sala de leitura, definindo estratgias

A sala de leitura deve ser, antes de tudo, um espao bem cuidado, atraente, onde haja luminosidade e conforto, capaz de propiciar a seu usurio momentos agradveis, na companhia de muitos, muitos livros. [...] p.96...........................................................................................................................................[...] os livros devem estar dispostos, em prateleiras ao alcance da mo, de modo que as prateleiras mais junto ao cho sejam ocupadas por livros para as crianas menores, seguindo-se de baixo para cima, os livros que interessem a crianas maiores, depois aos pr-adolescentes, at chegar aos adolescentes e jovens, nas prateleiras superiores. p.96...........................................................................................................................................A prtica de deixar o livro sobre a mesa, depois de sua utilizao, deve ser seguida, pois mais fcil arrumar todos os livros no intervalo de uma aula para outra, do que procurar um determinado livro que uma criana colocou no lugar errado... p.97Esta tarefa fica substancialmente facilitada quando se utiliza fita adesiva de cores diferentes para cada faixa etria e cada gnero, de modo que cada livro receba suas etiquetas coloridas. [...] A vantagem desse tipo de mtodo a facilidade de visualizao: para o professor, do local exato onde dever ser guardado o livro; para o aluno, onde pode ser encontrado. p.98...........................................................................................................................................Para ler, os alunos precisam dispor de cadeiras e de, pelo menos, uma mesa, grande o suficientemente para acomod-los. Mas h muitos que preferem ler mais vontade. Para estes devemos ter almofadas espalhadas pelo cho, ou esteiras, criando um ambiente acolhedor e de respeito s preferncias de cada um. [...] p.98 importante contar, ainda, com material para desenho: papel em branco, lpis preto, borracha, apontador, lpis de cor, lpis cera, hidrocor, tudo organizado em caixas coletivas (caixas de sapo forradas com um bonito papel e plstico transparente fazem o maior efeito) para que o aluno, se desejar, possa escrever ou fazer um desenho sobre a histria, registrando-a, livremente, ao trmino da leitura. [...] p.99Tambm em caixas, ou cestas de vime, deve ficar um material para leitura suplementar: revistas, jornais, quadrinhos. Ainda que se pense que este tipo de material pode desviar o aluno da leitura do livro, ele importante quando nos deparamos com aqueles que no gostam de ler nada, e nesse momento leituras alternativas podem servir para quebrar barreiras, possibilitando uma futura aproximao com o livro. p.100...........................................................................................................................................[...] A possibilidade da livre escolha, como prtica instituda na sala de leitura, um sinalizador eficiente do mundo mgico que existe nossa disposio, numa biblioteca, permitindo que a leitura esteja sempre associada a uma atividade prazerosa. [...] p.101[...] no entanto, nada nos assegura acerca da qualidade da leitura realizada. Neste aspecto, a orientao do professor, num trabalho que desenvolva a capacidade de extrair sentidos do que se leu, imprescindvel, como o junto queles que se contentam com outras atividades, sem nunca buscar o livro. [...]...........................................................................................................................................

3. Trabalhando sem alunos

[...] Esta uma atividade que requer do docente planejamento rigoroso e uma avaliao constante dos marcos de progresso que cada turma est atingindo. [...] algumas sugestes que pode se transformar em grandes aliados do professor nesta tarefa. p. 101 102 Criar e manter atualizado um mural, fora da sala de leitura, de preferncia num ponto bem estratgico, no qual dever ser feito exaustivo trabalho de propaganda para alguns livros previamente determinados. [...] p.103 Criar uma caixa de sugestes e outra de reclamaes, onde o aluno possa se manifestar sobre o trabalho realizado, mesmo sem se identificar. [...] p.103 Desenvolver sistemas capazes de premiar as turmas que mais lem. [...] p.103 Afixar, dentro ou fora da sala, um ranking atualizado dos livros mais lidos e mais procurados, de preferncia dividido por faixa etria. [...] p.103 Ler, na frente dos alunos, sempre que possvel. De nada adianta falar que ler magnfico se nunca ningum v o professor da sala de leitura com um livro na mo. [...] p.104............................................................................................................................ Procurar conhecer, ou seja, j ter lido, a maior parte possvel do acervo de que dispe. Esta uma arma importante para o professor poder oferecer ao aluno o livro certo, na hora certa. [...] p.104 Estabelecer com os alunos regras bem definidas de comportamento na sala de leitura. [...] p.104............................................................................................................................

5 - AINDA ALGUMAS REFLEXES, ALGUM ESTMULO

Pesquisa sobre o hbito de leitura dos brasileiros realizada pelo Datafolha em 11 capitais do pas revela que mais da metade dos entrevistados (57%) no leu nenhum livro por lazer ou cultura nos ltimos 12 meses. A pesquisa demonstra, ainda, que 85% no leram nenhum livro para a escola e 82% no o fizeram nem por motivos de trabalho. [...] Campo Grande foi a cidade que menos leu por lazer ou cultura (mdia de 1,7) e o Rio a que menos leu para a escola (mdia de 0,6). [...] Pretendemos apenas apontar um caminho um, dentre os muitos possveis, mas um, que afastado do empirismo reinante, e que assentado em bases slidas, tem sido capaz de nos levar a resultados que consideramos relevantes pois que, diante de um quadro como este, inovar, tentar, ousar mais que uma necessidade, um desafio. p.107........................................................................................................................................O desenvolvimento das aptides especficas de leitura, enquanto fator capaz de determinar alteraes substanciais no desempenho do aluno, deve ser tomado como meta a ser alcanada, sejam quais forem as condies de trabalho com que o professor se veja obrigado a conviver. p.108........................................................................................................................................A falta de recursos materiais existe, inegvel, principalmente na realidade da escola pblica. No entanto, no pode ser considerada uma dificuldade intransponvel, a ponto de privar os alunos de uma convivncia mais sistemtica com a literatura. Se no h livros, possvel lanar mo de procedimentos que assegurem um acervo mnimo. [...] p.108-109........................................................................................................................................A falta de apoio das instncias superiores da escola um fator de contorno mais delicado, pois muitas vezes envolve o prprio conjunto de valores sobre os quais se alicera o trabalho da escola. Ainda assim, por mais resistente que seja a superviso pedaggica, possvel convenc-la da necessidade de investir na leitura, quando se est, efetivamente, imbudo dessa ideia. [...] Diante dos resultados, certamente a resistncia diminui.[...] falta de tempo, diante de um contedo enorme para dar talvez seja o mais resistente, porque se liga, diretamente, a valores previamente estabelecidos, e passa tanto pelas cobranas da famlia, quanto da escola e do prprio professor. [...]........................................................................................................................................Nessa proposta limita-se, apenas, a demonstrar que, quando se percebe o valor da formao do leitor para toda vida, outros valores nos parecem imediatistas demais, frgeis demais para ocuparem o lugar que ocupam. [...]Vinda de pais ou professores premidos pela necessidade conteudstica de fazer suas crianas apreenderem as verdades do mundo, para quem a leitura deve ter sempre um carter marcadamente informativo; para no ser perda de tempo, muitas e muitas vezes tenho ouvido a pergunta: Mas para que que serve a literatura?[...] Serve para tornar o homem mais sensvel, mais crtico, mais consciente de seu papel scial, mais humano e, certamente, mais feliz.

Ana LariceFernanda MarquesLeidiana LiraLvia DiasTuanny LumaRita de Cssia Fernandes