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1 Fortalecimento do Assoalho Pélvico em Idosos através dos Exercícios de Kegel Rebecca Cristine Batista de Araújo 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós Graduação em Uroginecologia Faculdade Faserra Resumo Este trabalho tem como objetivo verificar a eficácia dos exercícios de Kegel em idosos, mostrando que através deles o idoso pode adquirir mais saúde, qualidade de vida e reduzir as altas taxas de incontinência urinária que acometem essa faixa etária. Através de uma revisão da literatura podemos perceber, Dentro desta temática que se baseia em compreender o fortalecimento do assoalho pélvico em idosos, verificamos que realmente é possível vir a fortalecer e estabilizar as musculaturas do assoalho pélvico nos idosos. Visto que é um assunto de importante relevância para os pesquisadores e toda a sociedade. Palavras-chave: Assoalho pélvico; Exercícios; Idosos. 1. Introdução O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno relativamente novo em nosso país. Como ele é um evento multifatorial acarreta profundas transformações na vida das pessoas, especialmente na saúde, nas relações interpessoais, sociais, econômicas, entre outras. Tudo isso vem alterar a qualidade de vida das pessoas em 1 Pós-graduando em Uroginecologia. 2 Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Aspectos Biotécnicos e Jurídicos da Saúde, Doutoranda em Saúde Pública.

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Fortalecimento do Assoalho Pélvico em Idosos através dos Exercícios de Kegel

Rebecca Cristine Batista de Araújo1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós Graduação em Uroginecologia – Faculdade Faserra

Resumo

Este trabalho tem como objetivo verificar a eficácia dos exercícios de Kegel em idosos,

mostrando que através deles o idoso pode adquirir mais saúde, qualidade de vida e

reduzir as altas taxas de incontinência urinária que acometem essa faixa etária. Através

de uma revisão da literatura podemos perceber, Dentro desta temática que se baseia em

compreender o fortalecimento do assoalho pélvico em idosos, verificamos que realmente

é possível vir a fortalecer e estabilizar as musculaturas do assoalho pélvico nos idosos.

Visto que é um assunto de importante relevância para os pesquisadores e toda a

sociedade.

Palavras-chave: Assoalho pélvico; Exercícios; Idosos.

1. Introdução

O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno relativamente novo

em nosso país. Como ele é um evento multifatorial acarreta profundas transformações

na vida das pessoas, especialmente na saúde, nas relações interpessoais, sociais,

econômicas, entre outras. Tudo isso vem alterar a qualidade de vida das pessoas em

1 Pós-graduando em Uroginecologia. 2 Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Aspectos

Biotécnicos e Jurídicos da Saúde, Doutoranda em Saúde Pública.

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processo de envelhecimento, especialmente, no que tange a independência e

autonomia.5

No Brasil, esse fenômeno de envelhecimento populacional vem ocorrer

especialmente a partir da década de 50 do século passado. Segundo as projeções

estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), realizadas em 1991, entre 1950

e 2025 a população de idosos no Brasil crescerá 16 vezes, colocando o país, em termos

absolutos, como a sexta população de idosos no mundo. Se essas projeções se

confirmarem, o Brasil contará com mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou

mais. Assim, a proporção de idosos, em relação ao total da população do país, passará

de 7,3%, em 1991 (11 milhões), para cerca de 15%, em 2025.

Dados apresentados na Política Nacional de Saúde do Idoso, Portaria nº

1.395/99, afirmam que, em menos de 40 anos, o Brasil passou de um perfil de

morbimortalidade típico de uma população jovem, para um caracterizado por

enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias mais avançadas, com custos diretos

e indiretos mais elevados. Segundo informações contidas na Política Nacional de

Saúde do Idoso (1999), essa mudança de perfil epidemiológico pode vir a gerar

aumento de despesas médico-hospitalares, tornando-se desta forma, um grande desafio

para as autoridades sanitárias no sentido da criação de estratégias para enfrentamento

do problema.7

Por outro lado, para o idoso, a sua saúde acaba sendo melhor estimada,

conforme seu nível de independência e autonomia. Segundo essa perspectiva, verifica-

se uma crescente necessidade de atenção especial à saúde do idoso, de tal forma que

promova uma assistência integral e lhe possibilite manter ou reabilitar sua

independência e autonomia, tanto quanto possível. No entanto, vale lembrar que o

envelhecimento humano vem acompanhado de um desgaste físico funcional do corpo

e da mente, bem como de uma diminuição das respostas fisiológicas às ações do meio.

Muitas alterações ficam bem evidentes: perda de peso, diminuição da estatura,

mobilidade reduzida, pensamentos mais lentos e aprendizagem mais demorada. Essas

alterações físicas e psicológicas geralmente acabam afetando a independência do

idoso, e contribuindo, assim, para uma qualidade de vida menor. Daí o motivo pelo

qual o envelhecimento é visto, muitas vezes, como doença, embora certas alterações

apresentadas pelo idoso sejam inerentes ao processo fisiológico do envelhecimento.

O assoalho pélvico é uma região corporal formada por um grupo de músculos

firmes e elásticos, que ficam localizados logo abaixo da cavidade abdominal, e que

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sustentam os órgãos da parte inferior do corpo. Apesar de ser uma estrutura

extremamente importante para todas essas musculaturas é ainda mais relevante para o

organismo feminino e com o passar da idade tem quer ser trabalhado cada vez mais,

para evitar sua hipotonia muscular do assoalho pélvico. A camada muscular que o

forma serve como sustentação para os órgãos da cavidade pélvica. Além disso, esse

grupo muscular é também responsável pelo controle de algumas funções relacionadas

ao sistema urinário, excretor e sexual, influenciando na contração do canal da uretra,

do ânus e dos órgãos sexuais masculinos e femininos.

Ao longo do tempo, ou em função de algumas situações específicas, a

musculatura do assoalho pélvico pode ter suas estruturas enfraquecidas, devido à

pressão exercida pelo peso dos órgãos em suas fibras, ou por alterações hormonais que

afetam sua capacidade de sustentação. Independentemente do motivo, essa situação

pode aumentar o risco de um indivíduo apresentar quadros de incontinência urinária

ou fecal, além de possíveis disfunções sexuais.

Desde 1999 a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a assistência

fisioterapêutica em pacientes com incontinência urinária de esforço de leve a

moderada, pois e um indicativo de hipotonia da musculatura do assoalho pélvico, como

primeiro tratamento, sendo que após a intervenção fisioterapêutica, por

aproximadamente três meses, é se deve avaliar a necessidade das alternativas

cirúrgicas ou farmacológicas.7.

Um dos tratamentos fisioterapêuticos mais utilizados para essa questão e a

cinesioterapia A mais antiga menção da cinesioterapia para o tratamento do

enfraquecimento do assoalho pélvico que leva a varias patologias dentre elas a

incontinência urinária, ocorreu num texto médico na Swedish Work publicado em

1861, mas não eram descritos os exercícios utilizados. Arnold Kegel foi o primeiro a

descrever, de modo sistemático, um método de avaliação e um programa de exercícios

para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico.4 Os exercícios perineais,

também conhecidos como exercícios de Kegel.2

A cinesioterapia do assoalho pélvico compreende basicamente na realização

dos exercícios de Kegel que objetiva trabalhar a musculatura perineal para o

tratamento da hipotonia do assoalho pélvico. Mas estudos mostram que 30% das

mulheres não conseguem exercitar corretamente a musculatura do assoalho pélvico,

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então se preconizou que os músculos abdominais, glúteos e adutores, devem ficar em

repouso ou em tensão constante na tentativa de evitar a contração conjunta.2

2. Fundamentação Teórica

Anatomia Funcional do Assoalho Pélvico

O assoalho pélvico é um conjunto de partes moles que fecham a pelve, sendo

formado por músculos, ligamentos e fáscias. Suas funções são de sustentar e suspender

os órgãos pélvicos e abdominais, mantendo as continências urinária e fecal. Os

músculos do assoalho pélvico também participam da função sexual e distendem-se em

sua porção máxima na passagem do produto conceptual. Atualmente, entende-se como

assoalho pélvico todo o conjunto de estruturas que dá suporte às vísceras abdominais

e pélvicas. O assoalho pélvico consiste dos músculos coccígenos e elevadores do ânus,

que conjuntamente são chamados de diafragma pélvico, que é atravessado à frente pela

vagina e uretra e ao centro pelo canal anal. A musculatura estriada do assoalho pélvico,

juntamente com a fáscia endopélvica, exerce papel fundamental no suporte dos órgãos

pélvicos e na manutenção da continência urinária.14

O músculo levantador do ânus se divide em pubococcígeo, ileococcígeo e

puborretal, os músculos bulbocavernoso, transverso superficial do períneo e o

isquiocavernoso compõem o diafragma urogenital, e também a fáscia endopélvica que

é composta pelos ligamentos pubo-vesical, redondo do útero, úterossacro e ligamento

cervical transverso e são importantes para manter a estruturas pélvicas em suas

posições. Os músculos do assoalho pélvico são constituídos de 70% de fibras do tipo

I (fibras de contração lenta) e 30% de fibras do tipo II (fibras de contração rápida).

Assim as fibras do tipo I são responsáveis pela ação antigravitacional dos músculos do

assoalho pélvico, mantendo o tônus constante e também na manutenção da continência

no repouso. E as do tipo II são recrutadas durante aumento súbito da pressão abdominal

contribuindo assim para o aumento da pressão de fechamento uretral.2 Figura 1, onde

se observa a musculatura do assoalho pélvico.– Períneo e Diafragma Urogenital: Sexo

Feminino.

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A bexiga urinária está localizada posteriormente à sínfise púbica e

anteriormente ao reto, e nas mulheres está em contato com o útero e a vagina. A bexiga

é um órgão pélvico muscular côncavo que possui quatro camadas: mucosa,

submucosa, muscular e serosa (adventícia). A mucosa é composta de epitélio, que

diminui em espessura quando a bexiga enche-se e as células são distendidas. A camada

submucosa serve para dar suporte à mucosa.14

A parte muscular é constituída por um músculo liso denominado detrusor, e a

camada serosa (externa) é constituída de gordura e tecido conjuntivo, e aparece apenas

na face superior da bexiga. A uretra feminina apresenta em média quatro centímetros

de comprimento e também é composta por fibras musculares lisas (esfíncter interno) e

estriadas (esfíncter externo). As fibras lisas têm pouca variedade de contração

espasmódica, possibilitando que se mantenha uma pressão de fechamento e, assim, a

continência urinária por período prolongado sem fadiga, e as fibras estriadas está sob

o controle voluntário do sistema nervoso e pode ser usado para impedir

conscientemente a micção, mesmo quando controles involuntários estão tentando

esvaziar a bexiga.14

A submucosa constituída de tecido conjuntivo frouxo misturado com feixes de

fibras musculares lisas é um elaborado plexo vascular, cria um efeito vital para o

mecanismo de continência. Sob o ponto de vista funcional, a integridade da camada

de músculo liso circundante mantém esse mecanismo, direcionando as pressões

submucosas de expansão para dentro, em direção à mucosa. A integridade do músculo

liso e do tecido esponjoso vascular da uretra fornece uma importante contribuição para

o mecanismo de fechamento, possuindo, portanto, grande importância para a

continência urinária passiva normal. As fibras de músculo estriado, extrínsecas à uretra

no nível do diafragma urogenital, fornecem atividade esfincteriana reflexa e

voluntária, contribuindo principalmente para a continência ativa.6

Quando os músculos são mais requisitados do que o normal, eles são forçados

a um trabalho extra para superar uma resistência ou carga. Este trabalho conduz a um

aumento de força, pois o músculo se contrai e a síntese de proteínas musculares é

estimulada. Após um período de descanso e recuperação, novas proteínas são

construídas tornando as fibras musculares maiores em diâmetro e força. figura 2 .

Bexiga Urinária: contendo a orientação e sustentação da bexiga.

Classificação dos Defeitos do Assoalho Pélvico

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A história sugere, mas não fornece diagnóstico diferencial dos defeitos

existentes. Uma paciente que relate uma protrusão ou o aparecimento de uma “bola”

aos esforços ou ao evacuar, incontinência urinária aos esforços ou ainda a necessidade

de reduzir com os dedos uma massa posterior para evacuar nos levam ao exame

ginecológico cuidadoso avaliando cada compartimento separadamente.4

Existem várias classificações possíveis de serem adotadas para sistematizar o

grau de lesão dos defeitos do assoalho pélvico, a maioria das classificações se baseia

no grau de prolapso da cúpula vaginal ou do útero. Tais classificações levam em conta

o aspecto anatômico e às vezes funcional dos prolapsos. Porém, parece mais

importante identificar qual defeito do aparelho de sustentação que causa determinada

alteração, do que simplesmente classificar o grau de prolapso.11

Para facilitar, os defeitos do assoalho pélvico podem ser classificados, segundo

Ramos11, da seguinte forma:

• Anterior - ruptura da fáscia pubocervical (uretrocele e cistocele) – Figura 3

• Posterior - ruptura do septo reto vaginal (retocele) – Figura 4.

• Apical - ruptura do complexo ligamentar cardinal útero sacral do anel

pericervical. (prolapso uterino ou cúpula vaginal, enterocele) – Figura 5.

• Distal - (alargamento do hiato vaginal e destruição do corpo perineal),

diminuição da distância vagina-ânus, mudança na orientação da placa dos elevadores,

eixo do útero apontando para o hiato, facilitando o descenso. Deve-se sempre lembrar

que o exame clínico é completamente diferente na paciente em repouso ou na paciente

em posição semi-sentada (ângulo do encosto entre 40 a 60 graus), esta última nos

parece a mais adequada para a avaliação.13

A Cinesioterapia

Mas com o passar do tempo os exercícios para o assoalho pélvico foram sendo

esquecidos. A partir daí as cirurgias foram a melhor opção para o tratamento da

hipotonia dos músculos pélvicos, para prevenir algumas patologias como a

incontinência urinaria, porém as recidivas foram aparecendo com frequência

submetendo assim as pacientes as mesmas condições iniciais de perda urinária, ou até

mesmo a piora do prognóstico. Até que no ano de 1992, a Sociedade Internacional de

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Continência validou cientificamente as técnicas de reabilitação do assoalho pélvico

para tratamento de distúrbios perineais, e como consequência o reconhecimento e a

valorização foram crescendo cada vez mais.1

A atuação do fisioterapeuta na reeducação perineal do assoalho pélvico, tem

como finalidade melhorar a força de contração das fibras musculares, promover a

reeducação abdominal e um rearranjo estático lombopélvico através de exercícios,

aparelhos e técnicas. Assim estes poderão ajudar a fortalecer os músculos necessários

para manter a continência urinária.3 A reeducação da musculatura do assoalho pélvico

torna-se imperativo no programa de exercícios atribuídos para pacientes vindos sob

forma preventiva ou até mesmo curativa da patologia, além de melhorar a função

sexual. Porém, os melhores resultados do tratamento fisioterapêutico da incontinência

urinária são obtidos nos casos leve ou moderado.2

O exercício terapêutico é uma das ferramentas-chave que um fisioterapeuta usa

para restaurar e melhorar o bem-estar musculoesquelético ou cárdio-pulmonar do

paciente. Uma meta importante que pode ser alcançada através do exercício

terapêutico é o desenvolvimento, melhora ou manutenção da força, que é a habilidade

que tem um músculo ou grupo muscular para desenvolver tensão e força resultantes

em um esforço máximo, tanto dinâmica quanto estaticamente, em relação às demandas

feitas a ele.8

A resistência do músculo à fadiga, que é a capacidade de um músculo de

contrair-se repetidamente ou gerar tensão e sustentar aquela tensão em um período

prolongado de tempo, pode também ser melhorada ou mantida com o exercício

terapêutico. À medida que a resistência aumenta, um músculo estará apto a

desempenhar um número maior de contrações ou sustentações contra carga em um

período extenso de tempo.8

Segundo Santos12, a maioria das mulheres é incapaz de realizar uma contração

somente pela simples instrução verbal, por isso é importante um controle palpatório

intravaginal e a presença de um fisioterapeuta. A informação e a conscientização

representam uma fase essencial na reeducação. A contração correta dos músculos do

assoalho pélvico, principalmente os elevadores do ânus, tem sido muito eficaz no

tratamento de incontinência urinária, apresentando melhora no controle esfincteriano,

no aumento do recrutamento das fibras musculares tipo I e II, no estímulo da

funcionalidade inconsciente de contração simultânea do diafragma pélvico

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aumentando assim o suporte das estruturas pélvicas e abdominais prevenindo futuras

distopias genitais.

Exercícios para a Musculatura do Assoalho Pélvico.

Exercícios Perineais (Exercícios de Kegel)

Introduzidos por Kegel na década de 40, consistem em contrações controladas

e sistematizadas dos músculos do assoalho pélvico (sem contrair outros músculos

corporais) que permitem o aumento da capacidade de contração reflexa e voluntária

dos grupos musculares, melhorando a função esfincteriana. As contrações devem ser

fortes e repetitivas, sendo mantidas pelo maior tempo possível; enquanto o

fisioterapeuta avalia a ausência ou não de contração dos músculos abdominais, quadris

e glúteos.3

Quanto ao tratamento, acrescenta Souza3: Segue abaixo descrição dos

exercícios de Kegel e suas respectivas ilustrações, conforme descrito em

www.efdeportes.com/efd76/mulheres.htm:

1. Em pé, pernas semiflexionadas e pouco afastadas mãos nas nádegas,

pressioná-la se quanto realiza contração da musculatura pélvica.

2. Em pé, pernas afastadas e semiflexionadas, permanecer em contração

estática ou isométrica da musculatura pélvica.

3. Com cotovelos e joelhos apoiados, realizar contração isométrica da

musculatura pélvica.

4. Com joelhos e mãos apoiadas, realizar contração isométrica ou estática da

musculatura pélvica. No momento da contração, as costas deverão curvar-se, e no

momento do relaxamento voltar à sua posição normal.

Exercícios Específicos Para a Musculatura Pélvica.

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1. Decúbito dorsal, pernas semi-fletidas, pés no chão, expirar, colocar a

pelve em retroversão e em seguida elevar as nádegas mantendo a retroversão.

Repousar lentamente inspirando, desenrolando lentamente a região lombar até o solo.

2. Decúbito dorsal, nádegas ligeiramente elevadas com uma almofada,

pernas flexionadas e cruzadas, pés no chão; sustentar entre as faces internas do joelho

uma bola e elevar assento o mais alto possível expirando, em seguida voltar à posição

de partida inspirando.

3. Decúbito dorsal, nádegas apoiadas no chão, colocar entre as pernas uma

bola e elevar as duas pernas semi-estendidas.

4. Decúbito dorsal, nádegas ligeiramente elevadas, perna de apoio

flexionada e que fará a elevação estendida. Realizar o exercício com as duas pernas.

Em pé, com uma bola entre as faces internas da coxa, ficar na ponta dos pés, contraindo

o períneo e relaxando-o ao voltar com as plantas dos pés no chão.

5. Sentada com as duas pernas estendidas realizar contrações da

musculatura perineal.

6. Em pé, encontrada em uma parede realizar retroversão da pelve com a

musculatura pélvica contraída.

Existem várias formas de aplicação da cinesioterapia para o tratamento do

fortalecimento do assoalho pélvico feminino, dentre eles o trabalho com a bola suíça.

A bola suíça e o instrumento utilizado para o treinamento dos músculos enfraquecidos

do assoalho pélvico. Os exercícios são funcionais e podem ser realizados de várias

maneiras, pois a bola suíça e considerada como instrumento indispensável e

intermediário para os movimentos no treino dessa musculatura.2

Existem alguns testes para se sabe se o assoalho pélvico esta enfraquecido

como teste de estresse que indica a incontinência urinária. Teste de Estresse em Pé a

paciente deve estar com a bexiga completamente repleta, de pé sobre uma folha de

papel ou toalha, com os pés afastados como a distância entre os ombros, a paciente é

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solicitada a tossir repetidamente, a fazer força como numa evacuação e a realizar

movimentos únicos e fortes de tosse.9

Uma perda imediata de urina confirma o diagnóstico de incontinência genuína

por estresse, na ausência de contração vesical. Se nenhum vazamento de urina for

observado, a bexiga da paciente pode não estar suficientemente cheia. O atraso no

vazamento e o vazamento prolongado sugerem um tipo de instabilidade do detrusor

provocada pela tosse e a paciente deve fazer testes mais complexos.9

3. Metodologia

O presente estudo foi realizado do período de Julho de 2015 a Julho de 2016,

através de revisão bibliográfica para comprovar a eficácia dos exercícios de kegel em

idosos, de modo a fortalecer a musculatura do assoalho pélvico. Verificou-se que a mais

antiga menção da cinesioterapia para o tratamento do fortalecimento do Assoalho Pélvico

ocorreu num texto médico na Swedish Work publicado em 1861, mas não eram descritos

os exercícios utilizados. Arnold Kegel foi o primeiro a descrever, de modo sistemático,

um método de avaliação e um programa de exercícios para o fortalecimento dos músculos

do assoalho pélvico.4 Os exercícios perineais, também conhecidos como exercícios de

Kegel, constituem uma opção simples e barata, porém é preciso salientar a necessidade

de motivação para a obtenção de bons resultados e a supervisão de um profissional

qualificado para que os exercícios sejam executados de maneira mais correta.2

4. Resultados e Discussão

Por se tratar de uma revisão bibliográfica encontramos através dessa pesquisa a

importância de se exercitar a musculatura do assoalho pélvico na população idosa.

Podemos perceber que ao longo do tempo o idoso vai perdendo a consciência sobre

algumas atividades que devem ser desenvolvidas no dia-a-dia, principalmente suas

necessidades fisiológicas. Uma vez que se tenha uma boa percepção corporal e um treino

constante da musculatura que coordena essas necessidades o idoso prolonga sua

independência funcional e evita constrangimentos caso não tenha o domínio sobre suas

vontades fisiológicas.

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Os problemas de saúde considerados “típicos da terceira idade”, e que

apresentam uma alta taxa de prevalência, foram denominados por Bernard Isaacs como

os gigantes da geriatria: imobilidade, instabilidade, insuficiência cerebral, iatrogênica

e incontinência”. Dentre as alterações citadas, comuns às pessoas idosas, dar-se-á foco,

no projeto de pesquisa que será apresentado a seguir, enfraquecimento do assoalho

Pélvico, que é um dos principais motivos dessas patologias além de possuir

complexidade terapêutica, gera um enorme impacto sobre a qualidade de vida dessas

pessoas. Será aplicada a cinesioterapia para o assoalho pélvico, através dos exercícios

de Kegel para o fortalecimento dessa região. Sua abordagem, por esses motivos,

também é considerada um desafio para a fisioterapia.5

A cinesioterapia para o assoalho pélvico é isenta de efeitos colaterais e

morbidade, ao contrário das cirurgias. Por isso, hoje o tratamento fisioterapêutico está

sendo cada vez mais utilizado devido ao seu resultado positivo no tratamento da

hipotonia do assoalho pélvico feminino, porém depende de uma boa avaliação do

paciente e da escolha da técnica e parâmetro de tratamento para cada tipo de patologia

que será tratada.3

Os exercícios devem fazer parte de um programa de tratamento com prescrição

apropriada e que resulte em melhora da função muscular. Os exercícios utilizados

como terapia baseiam-se na hipótese de que os músculos se adaptam as sobrecargas a

que são submetidos. Desta forma, para que ocorra um aumento na força, este músculo

deve ser requisitado repetidamente contra uma resistência cada vez maior, sem

produzir trauma. O propósito final de um programa de exercícios é melhorar a função

ou atuação de um músculo ou grupo muscular.10

Os exercícios perineais, também conhecidos como exercícios de Kegel,

acreditando que a musculatura do assoalho pélvico era responsiva a medidas que

promovessem sua contração, estudaram e aplicaram clinicamente por 17 anos o que

denominou de terapia fisiológica. Esta consistia em exercícios para o fortalecimento

dessa musculatura.2

Kegel ainda enfatizava a importância da motivação da pacientes devido a

necessidade dos exercícios serem realizados diariamente. Para isso, utilizava o

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perineômetro por este fornecer resultados visíveis do esforço realizado pela paciente

durante o exercício. A paciente era orientada a realizar os exercícios diariamente

durante vinte minutos, três vezes ao dia e a manter anotações diárias dos períodos de

exercícios e dos valores registrados no manômetro. Segundo ele, um aumento de 2 a 5

mm na leitura do manômetro era indicativo de um excelente progresso. A paciente

deveria ser bem orientada e adquirir consciência da musculatura perineal, para evitar

contrações acessórias de músculos abdominais, adutores de quadril e glúteos.4

Uma supervisão adequada pode melhorar os resultados obtidos pelos exercícios

perineais; já que existe, segundo eles, uma relação de dependência entre os exercícios

perineais e a continência urinária e outros males da hipotonia do assoalho pélvico, ou

seja, os insucessos são maiores nas pacientes que não seguem adequadamente o

protocolo dos exercícios.

6. Conclusão

Desta maneira podemos concluir que ao executar os exercícios de kegel para

fortalecer a musculatura do assoalho pélvico, percebemos que podemos prolongar um

pouco mais a boa funcionalidade dos órgãos pélvicos e podemos deixar nosso idoso

um pouco mais independente em suas necessidades de higiene básicas. Como também

auxilia na independência para realizar suas atividades de vida diária. Uma maneira

simples de fazer com que as conseqüências do envelhecimento não venham de modo

a prejudicar demais o desempenho do idoso no seu dia a dia.

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7. O COFFITO. São Paulo: Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia

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8. KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos fundamentos e técnicas.4ª

ed. São Paulo: Manole, 2005.

9. RETZKY, S. S.; ROGERS, R. M. A Incontinência Urinária na mulher. Clinical

Symposia. São Paulo: Novartis, v. 47, n. 3, 1995.

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10. STEPHENSSON, R. G.; O’CCONNOR, L. J. Fisioterapia aplicada à

Ginecologia e Obstetrícia. Barueri: Manole, 2004.

11. RAMOS, J. G. L. [et al.]. Cap.16. Tratamento da incontinência urinária. IN

FREITAS, Fernando. Rotinas em ginecologia. 5ªed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Referências On-line

12. SANTOS, V. Reeducação do Pavimento Pélvico. Disponível em:

http://www.iem.pt/cursos/anteriores/ciu/rpe.html Acesso em: 21/05/ 2015.

13. FEBRASGO – Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e

Obstetrícia. Uroginecologia e Cirurgia vaginal: Manual de Orientação. Cap.

Prolapso Genital. 2004. Disponível em http://www.febrasgo.com.br. Acesso em

14/06/2015.

14. OLIVEIRA, C.; LOPES, M. A. B. Efeitos da Cinesioterapia no Assoalho

Pélvico durante o ciclo gravídico-puerperal. Disponível em:

http://www.teses.usp.br. Acesso 25/05/2015.

15. Rodrigues. B.P; Abordagem Terapêutica na Incontinência Urinária de

Esforço na Mulher Idosa: Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao

Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida. Rio de janeiro 2008.

Apêndices

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Figura 1 – Musculatura do Assoalho Pélvico (Vista Superior)

Figura 2 – Bexiga Urinária contendo orientação e sustentação

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Figura 3 - Uretrocele e cistocele

Figura 4 - Retocele

Figura 5 - Prolapso Uterino