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mayara-costa
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Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.
Catar Feijão
Catar feijão se limita com escrever:joga-se os grãos na água do alguidare as palavras na folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbo:pois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e oco, palha e eco. [...]
(JOÃO CABRAL DE MELO NETO)
- Alô! Como vai?- Tudo bem, e você?- Vamos ao cinema hoje?- Prometo pensar no assunto. Retorno mais tarde para decidirmos o horário.
Canção
Ouvi cantar de tristeza,porém não me comoveu.Para o que todos deploram.que coragem Deus me deu!
Ouvi cantar de alegria.No meu caminho parei.Meu coração fez-se noite.Fechei os olhos. Chorei.