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FUNDAMENTOS DA PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS ENTRE ESTUDANTES Saulo Rios Mariz' Josilene Pinheiro Mariz' Maria Esther Candeira Valois'" Érico Brito VaI' ••• RESUMO Este trabalho apresenta uma revisão sobre os fundamentos teóricos da prevenção ao uso indevido de drogas, analisando aspectos como: padronização conceitual; trajetória e ideologia de ações preventivas; modelos de prevenção propostos para a escola; o controle do uso de drogas no ambiente de trabalho e ainda, o meio universitário como fator de risco ao abuso de drogas. Apresentam-se diretrizes essenciais para a implementação de _ programas preventivos ao uso indevido de drogas a fim de contribuir para que tais ações sejam otimizadas racionalizando recursos e maximizando resultados. Palavras-chave: Uso indevido de drogas, prevenção, escolas, educação. ABSTRACT This work presents a review of the theoretical basis for drug abuse prevention. It analyzes aspects such as the standardization of concepts, the trajectory and ideology of preventive measures, proposed prevention models for schools, the control of drug abuse in the workplace, and the university environment as a breeding Professor de Toxicologia - Departamento de Farmácia - UFMA. Mestre em Toxicologia - USP. R. dos Duques, Q M, BI 01, Ap. 103. São Luís-MA. CEP: 65048-\40. E-mail: sj [email protected] •• Professora do Colégio Universitário - UFMA. Mestre em Letras - USP Professora de Toxicologia - Departamento de Farmácia - UFMA. Doutora em Toxicologia - USP. •••• Graduando em Farmácia-Bioquímica - UFMA. Bolsista de Extensão - UFMA Cad. Pesq .. São Luís. v. 14. n 1. p. 69-87, jan.ijun. 2003 69

FUNDAMENTOS DA PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS … · 2013-09-20 · teóricos da prevenção ao uso indevido de drogas, analisando aspectos como: padronização conceitual;

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FUNDAMENTOS DA PREVENÇÃO AO USO INDEVIDODE DROGAS ENTRE ESTUDANTES

Saulo Rios Mariz'Josilene Pinheiro Mariz'

Maria Esther Candeira Valois'"Érico Brito VaI' •••

RESUMO

Este trabalho apresenta uma revisão sobre os fundamentosteóricos da prevenção ao uso indevido de drogas, analisandoaspectos como: padronização conceitual; trajetória e ideologia deações preventivas; modelos de prevenção propostos para aescola; o controle do uso de drogas no ambiente de trabalho eainda, o meio universitário como fator de risco ao abuso de drogas.Apresentam-se diretrizes essenciais para a implementação de _programas preventivos ao uso indevido de drogas a fim decontribuir para que tais ações sejam otimizadas racionalizandorecursos e maximizando resultados.

Palavras-chave: Uso indevido de drogas, prevenção, escolas,educação.

ABSTRACT

This work presents a review of the theoretical basis for drug abuseprevention. It analyzes aspects such as the standardization ofconcepts, the trajectory and ideology of preventive measures,proposed prevention models for schools, the control of drug abusein the workplace, and the university environment as a breeding

Professor de Toxicologia - Departamento de Farmácia - UFMA. Mestre em Toxicologia -USP. R. dos Duques, Q M, BI 01, Ap. 103. São Luís-MA. CEP: 65048-\40. E-mail:sj [email protected]•• Professora do Colégio Universitário - UFMA. Mestre em Letras - USP

Professora de Toxicologia - Departamento de Farmácia - UFMA. Doutora em Toxicologia - USP.•••• Graduando em Farmácia-Bioquímica - UFMA. Bolsista de Extensão - UFMA

Cad. Pesq .. São Luís. v. 14. n 1.p. 69-87, jan.ijun. 2003 69

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ground for drug abuse. It presents essential pattems for theimplementation of drug abuse prevention programmes in order toensure that measures are as effective as possible, throughrationalising resources and maximising results.

Keywords: drug abuse, prevention, schools, education.

1 INTRODUÇÃO

o uso de substânciaspsicoativas com o objetivo deobtenção de efeitos subjetivos,denominado de uso indevido(MOREAU, 1996, p. 233), temacompanhado o ser humano aolongo de sua história.

Talvez, tal fato se deva, en-tre outros fatores, ao desejo (ounecessidade) latente que cada in-di víduo tenha de"autotranscender", de romper coma "armadura de pele" que o limi-ta, ou ainda, de "tirar umas fériasquímicas de si mesmo"(AQUINO, 1998, p.ll; SÃOPAULO, 2000, p.25).

.Ultimamente, tal prática temcrescido e se iniciado cada vezmais cedo na vida humana, cons-tituindo-se como um problema desaúdepública significativoem:fi.m-ção dos prejuízos individuais ecoletivos que acarreta(GALDUROZ et aI, 1997, p.105; NOTO et aI, 1999, p.38) .

Entre os vários níveis decombate ao uso de drogas, des-taca-se a prevenção, face aos evi-dentes fracassos da priorização deinvestimentos exclusivamente emrepressão e as dificuldades ineren-tes ao tratamento dafarmacodependência, um dosprincipais malefícios do usoindevido de psicoativos, que hojeé compreendida como uma pato-logia de etiologia complexa e quetem na interdisciplinaridade, umdos pilares da moderna interven-ção terapêutica (CONTRIM,1999, p.58; SAAD, 2001, p.28;SILVAeMARIZ,2000,p.171).

Na perspectiva da preven-ção ao uso de drogas, o meio es-tudantil, inclusive o universitário,destaca-se como clientelaprioritária pois tem sido apresen-tado como estimulante à experi-mentação de drogas em funçãodas oportunidades, desafios, frus-trações e influências que ofereceaos jovens, associado às peculia-ridades desta faixa etária

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(CONTRIM, 1999, p.62;FREITAS, 1999, p.50;PIMONT, 1982, p.1279).

Por outro lado, o uso de dro-gas no ambiente de trabalho temdespertado a preocupação deempregadores e instituições sindi-cais de tal modo que, atualmente,o combate ao uso de drogas temsido incluído em sistemas de qua-lidade empresarial (BARRETO,.2000, p.55).

Atualmente está bem estabe-lecido que a prevenção ao usoindevido de drogas deve constarde ações sistemáticas desenvolvi-das em um programa através daviabilização de projetos diversosconsiderando pontos indispensá-veis entre os quais destacamos: anecessidade de uma equipe coor-denadora devidamente treinadasobre o assunto e capacitada are-produzir ações de formação denovos agentes multiplicadores; arealização de inquéritos.epidemiológicos sobre o uso dedroga para diagnóstico de realida-des específicas e posterior acom-panhamento; realização de even-tos de sensibilização da populaçãoalvo a fim de estimular a discussãosobre o tema e o surgimento desugestões aproveitáveis além de di-

versas outras atividades queobjetivem fornecer ao ser humanoforrnasaltemativas (àsdrogas) de ob-tenção de prazer, tais como:engajamento em projetos sociais,desenvolvimento artístico-cultural,práticas esportivas, entre outras(AQUINO,1998,p.27;PEREIRAeFIGLIE,2002,p.02; CONTRIM,1999, p.63; NIDA, 2002, p.OI;SÃO PAULO, 2000, p. 83)°que não se pode mais ad-mitir é o reducionismo da preven-ção a ações informativas esporá-dicas sobre eventuais maleficios douso de drogas, considerando-seque o simples fato de estar infor-mado sobre os prejuízos de deter-minado comportamento não seconstitui como fator determinantepara abandono deste pelo ser hu-mano. (AQUINO, 2001,p.186).Além disso, tal procedimento podefuncionar como uma "droga" paraos responsáveis pela comunidadetrabalhada, entorpecendo-os,anestesiando as consciências, fa-zendo-os pensar que cumpriramcom sua missão de "proteger" asaúde de seus atendidos quando,na verdade, nenhum resultado con-creto pode ser evidenciado.

Sendo assim, este trabalhopretende, mediante uma ampla re-

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visão bibliográfica, aglutinar infor-mações e reflexões sobre os prin-cipais aspectos a serem conside-rados quando da realização de umprograma de prevenção ao usoindevido de drogas psicotrópicas.

2 PADRONIZAÇÃOCONCEITUAL

Nos últimos anos muitos con-ceitos têm mudado no estudo dadependência química pelo uso desubstancias que alteram a ativida-de mental. Desse modo, esclare-cer o significado de alguns termosé de fimdamental importância paracomunicação de experiências so-bre o assunto.

A Organização Mundial daSaúde (OMS) defrne droga comotoda e qualquer entidade química(ou conjunto de entidades) queproduzem uma ou mais modifica-ções no fimcionamento normal doorganismo. Se tais alterações sãobenéficas para o usuário a drogaé chamada de medicamento, semaléficas, estamos diante do tó-xico, sempre considerando-se queum medicamento pode se tomarem um agente tóxico e vice- ver-sa' dependendo do uso dado aoproduto. Quando a droga tem a

propriedade de agir alterando asfunções cerebrais recebe o nomede droga psicoativa ou psicotró-pica (MOREAU, 1996, p.231;SÃO PAULO, 2000, p.4).

Contudo, alguns autores res-saltam a importância da diferen-ciação entre Droga e Fármaco.Segundo estes, ao nos referirmosao produto deveríamos usar o ter-mo Droga, enquanto queFármaco seria um termo maisapropriado para a substância quí-mica com atividade biológica, ouseja o princípio ativo. Dessemodo, só para citar alguns exem-plos, as folhas ou o cigarro demaconha seriam a droga enquan-to que o tetrahidrocanabinol seriao principal fármaco responsávelpelos efeitos subjetivos desta dro-ga; o pó de cocaína ou as pedrasde Crack: as drogas, enquantoque a cocaína (substância quími-ca): o fármaco (MOREAU, 1996,p.233). Apesar disso, é comumentre profissionais da área e di-versos autores de textos científi-cos, o uso dos termos: "Droga" e"Fármaco" como sinônimos, re-ferindo-se à substância química .biologicamente ativa.

Os fármacos psicotrópicossão substâncias que, após absor-

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vidas, agem em regiões específi-cas do cérebro (especialmentenúcleo acúrnbens) aumentando aconcentração de neurotransmis-sores (especialmente doparnina) econseqüentemente o funciona-mento deste orgão.

O usuário experimenta sen-sações extremamente agradáveisdenominadas genericamente deefeitos de recompensa. Estes en-globam sensações de prazer inten-so (semelhante ao sexual, porémmais intenso e generalizado), al-terações agradáveis do humor eda percepção, ou ainda, alívio detensões. Quanto maior for a ca-pacidade da droga de produzirrecompensa, maior será o desejoincontrolável do indivíduo em re-petir e prosseguir com o uso des-ta droga. Esta capacidade é co-nhecida corno propriedadereforçadora ou simplesmente re-forço (MOREAU, 1996,p.236).

A utilização de drogas paraalteração da consciência e docomportamento é chamado de usoindevido, considerando-se quealguns psicotrópicos podem serutilizados com finalidade terapêu-tica, ou seja, de modo devido.

Contudo, nem todos os usu-ários de psicotrópicos são depen-

dentes destes. O indivíduo iniciacom um uso experimental, ondese dá o primeiro contato com adroga. Dependendo de quãoagradável for esta experiência e deoutros fatores influentes corno osligados ao meio social ou àssuscetibilidades individuais, o usu-ário poderá nunca mais voltar ausar o produto ou então aumen-tar a freqüência de uso indo paraoutra categoria chamada de oca-sional, onde a droga é usadaquando se tem urna ocasiãoestimuladora ou favorecedora. Sea utilização se dá independente demotivações externas e com umadeterminada periodicidade temoso uso freqüente. No momento emque o usuário já não tem mais con-trole sobre o usar ou não a drogaé porque muito provavelmente jáse tenha instalado afarrnacodependência (SÃO PAU-LO, 2000, p.l0).

A Dependência química, j áreconhecida pela OMS corno do-ença primária, pode ser entendi-da como[ ...] um comportamentode busca ativa pela droga tão in-tenso e fortemente reforçado quese torna dominante [ ... ](MOREAU, 1996, p.234). Paradiagnóstico preciso desta patolo-

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gia temos estabelecidos algunscritérios bem específicos taiscomo, segundo Palhano (2000,p.26 ):

- Forte desejo de consumo: Variaem função do potencial dereforço da substância, ou seja,da capacidade desta em causardependência. Este desejoincontrolável de usar a droga épopularmente conhecido como"fissura".

- Priorização de consumo: Nomomento em que o organismoreclama pela droga, nada maisé importante para o dependentealém de usar mais uma dose. Oindivíduo fará o que for precisopara conseguir outra dose.Outras atividades, antesimportantes, passam a ocuparum lugar secundário. Pode-seobservar queda dedesempenho nos estudos outrabalho, além de gravesproblemas de relacionamentofumiliar.

- Síndrome de Abstinência:conjunto de sinais e sintomasdecorrentes da falta dasubstancia no organ ismo.Geralmente são opostos aosefeitos da droga no organismo.

- Tolerância: necessidade deusar doses do fármacopsicotrópico cada vez maiorespara obtenção dos efeitosconseguidos no início doprocesso. Chega-se a um nívelde desgaste orgânico tal que o

usuário passa a consumir oproduto apenas paramanutenção do equilíbriopsíquico.

Além destes, outros pontospodem ser considerados comopor exemplo, a possibilidade derecaídas após um período de abs-tinência evidenciando a dificulda-de em manter-se em abstinênciae a continuidade da utilização ape-sar da constatação de danos evi-dentes ao próprio paciente.

Deve-se atentar para o fatode que termos como dependên-cia fisica e psicológica, drogado,viciado, alcoólatra, entre outros,tornaram-se obsoletos devendoser evitados, ou por serem pejo-rativos ou simplesmente por nãocolaborarem com a compreensãodos complexos mecanismos deinstalação e progressão dafarmacodependência,

3 TRAJETÓRIA EPERSPECTIVAS

o uso de drogas psicotrópi-cas pelo homem é bastante anti-go. Contudo, somente no séculopassado a compreensão dosmaleficiosdo uso indevido de dro-gas se tornou mais significativa ao

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ponto da sociedade se movimen-tar no sentido de combater, con-trolar ou prevenir o uso destassubstâncias com atividade espe-cial sobre a mente.

A idéia de se exercer con-trole social sobre o uso de drogasmanifestou-se inicialmente no iní-cio do século XIX em paísescomo Estados Unidos (EUA) ealguns da Europa. Os movimen-tos de combate às drogas cres-ceram não somente porque con-tavam com o esforço de pessoascomprometidas com a melhoria dasaúde pública, mas muitas vezesporque determinado discurso eraútil à ideologia dominante. Pode-se citar como exemplos a proibi-.ção ao uso de bebidas alcoólicasnos EUA como forma de encon-trar um "responsável" para osinsucessos do propalado "sonhoamericano" de prosperidade ejus-tiça social e ainda a proibição,neste mesmo país e ao final domesmo século, do uso do ópiocomo uma forma de expulsar osimigrantes chineses que, em fun-ção do término da construção deferrovias e da exploração de mi-nérios no oeste americano, já co-meçavam a competir pelos mes-mos postos de trabalho que os

americanos (CONTRIM, 1999,p.58).

-Isso deve nos fazer refletirsobre quais os verdadeiros inte-resses que motivam ações decombate ao uso indevido de dro-gas a fim de não sermos manipu-lados em nossas boas intenções.

Atualmente em nosso país aspolíticas de combate ao uso dedrogas são fundamentadas na re-dução da oferta mediante a re-pressão policial ao tráfico e emtermos de prevenção, autoridadese mídia esforçam-se em repassarinformações sobre os diversosprejuízos das drogas ilícitasobser-vando-se uma conivência aparen-temente inexplicável com o usoindiscriminado de drogas lícitascomo medicamentos, solventes,tabaco e, principalmente, bebidasalcoólicas.

Alguns autores explicam queesta postura de maximização dosdanos de drogas ilícitas, chegan-do-se a falar de uma "epidemia deuso de drogas", teria uma moti-vaçãopolitico-ideológica Em umaideologia neoliberal prega-se aredução do estado e conseqüen-temente da sua interferência navida do cidadão passando este, aser responsabilizado por seus pró-

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prios sucessos e fracassos. Consi-derando-se que os socialmente ex-cluídos estão mais suscetíveis aosmaleficios do uso de drogas ilíci-tas, tal política de "guerra às dro-gas" pode constituir-se como umaliado para legitimar o abandonosocial (CONTRIM, 1999, p.60).

Recentemente, uma novaforma de compreender o proble-ma tem sido apresentada pelosespecialistas, denominada de Po-lítica de Redução de Danos.

Esta visão parte do pressu-posto que a construção de uma so-ciedade completamente isenta douso de drogas é utopia e que mes-mo que isso fosse possível, umadulto poderia exercer o seu livrearbítrio de dispor do seu própriocorpo conforme melhor lhe convi-er, desde que não prejudicasse aoutro (BUCHER, 1992, p. 140).

O que se precisa fazer é tra-balhar para que os maleficios douso destes produtos sejam aomáximo minimizados, com ênfasena redução da demanda por dro-gas através da educação não ape-nas informativa sobre maleficiosdas drogas, mas com finalidade demudança de comportamento. Ain-da deve-se priorizar esforços pre-ventivos sobre as drogas lícitas

que, estatisticamente, são muitomais prejudiciais para o indivíduoe a sociedade e, em se tratandode drogas ilícitas, a maior preo-cupação passa a ser com as dro-gas injetáveis pelos riscos de pro-liferação de doenças infecciosas.

A redução de danos não ésinônimo de legalização de dro-gas, até porque compreende queo ideal seria a abstinência total aouso de drogas, contudo, admiteque, em alguns casos, pode serproveitoso para a recuperação doindivíduo a substituição da drogausada por outra menos nociva ecom menor propriedadereforçadora, como por exemploa utilização de metadona (via oral)no tramento de dependentes defármacos opiáceos como aheroína (BRASIL, 2001, p.11;CONTRIM, 1999, p.61).

4 A PREVENÇÃO NOMEIO ESTUDANTIL

De um modo geral, a preven-ção ao uso indevido de drogasdeve ser uma preocupação de vá-rios grupos sociais, em vários am-bientes e níveis (VARGAS;NUNES; VARGAS, 1993, p.47).

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Uma educação que priorizeo diálogo, o respeito e a compre-ensão entre pais e filhos, sem dú-vida contribuirá para a formaçãode indivíduos mais preparadospara a rej eição de modelos artifi-ciais e imediatistas de satisfaçãopessoal. Em nível comunitário oindivíduo deve ser, desde cedo,estimulado a inserção social atra-vés atividades diversas que visemo bem-estar da coletividade.

No ambiente de trabalho, emfunção de questões ligadas prin-cipalmente à saúde e segurança dotrabalhador, mas também relaci-onadas ao desempenho e à pro-dutividade, o uso de drogas temsido combatido inclusive com aimplementação de programas es-pecíficos (SILVA, 1999, p.29).Alguns destes lançam mão de re-cursos bastante objetivos como,por exemplo, a realização de aná-lises toxicológicas em amostras deurina para diagnóstico precoce douso de drogas por parte dos indi-víduos que formam a corporação.Contudo, deve-se cuidar para queisso não se constitua como formade demissão sumária ou de exclu-são, mas como meio de diagnós-tico precoce do problema paraencaminhamento adequado.

Entre os diversos ambientesque requerem prevenção ao uso dedrogas, a escola de ensino funda-mental e médio tem sido apresen-tada como um dos mais propíciospara ações desta natureza consi-derando-se diversas peculiarida-des. (CENTRO ... , 2000,p.34;GROSSO, 2000, p.26; MARIZ,2000, p.95; MENEZES, 1998;NISKIER, 2000, p.41).

Inicialmente, a clientela aten-dida pela escola encontra-se emuma faixa-etária que corresponde,segundo as estatísticas, à fase davida onde a grande maioria daspessoas começa a experimentaralguma droga. Portanto, uma in-tervenção preventiva neste mo-mento será muito mais eficaz nosentido de se interromper a ten-dência do usuário em prosseguirpara outros níveis de utilização dadroga em maior freqüência.

Outras várias característicasda adolescência têm sido apre-sentadas como fatores de riscopara o início do uso de drogasentre as quais podemos destacara tendência de contestar o que éestabelecido como certo e a ne-cessidade de inserção no gruposocial, de ser aceito. (ASSOCI-AÇÃO ... , 2002, p.l; CARPER

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e DIMOFF, 1992, p.82; INEM,2001, p.122; OLIVEIRA eMELCOP, 2001, p.240)

Outro ponto importante éque a escola representa um ambi-ente onde o adolescente passagrande parte do seu dia e ali estáávido pelo novo, aberto ao apren-dizado, disposto a canalizar asefervescências pessoais para no-vas experiências.

Se por um lado estasconstatações podem funcionarcomo fatores de risco ao uso dedrogas, por outro, ao conseguir-se interceptá-Ias pode-se encon-trar formas objetivas de preveniro uso de drogas.

Vários modelos de preven-ção ao uso de drogas tem sidopropostos, conforme: Bucher(1992, p. 148), Imesc (2001,p.1), Pereira e Figlie (2002, p.1)e Pereira e Silva (2002, p.1):

- Modelo do conhecimento cien-tífico: acredita que o mais im-portante é informar, de modoexato e imparcial, os adolescen-tes quanto aos efeitos de cadadroga sobre o organismo, in-clusive sobre os efeitosprazeirosos quando do inícioda utilização, mas também so-bre o processo de tolerânciaque induz a um desgaste des-tas sensações agradáveis ini-

ciais. Segundo este modelo, umdos mais graves erros dasações preventivas no passadofoi a ênfase apenas nosmalefícios causados porpsicoativos, ou seja a"demonização" das drogas semreconhecimento dos efeitosagradáveis no início do uso.Quando o adolescente come-çava a experimentar e obtinhasensações prazerosas,desqualificava os seus educa-dores como pessoas que com-batiam o uso de drogas pornunca terem experimentadoseus efeitos. Ao começar a ex-perimentar os efeitos desagra-dáveis, na grande maioria doscasos, o jovem já se encontra-va em estágios mais avançadosde utilização.

- Modelo da educação para asaúde: prega que a prevençãoao uso de drogas deve ser ape-nas mais um dos temas traba-lhados visando a adoção deum estilo de vida saudável,onde também seriam incluídasquestões como reeducação ali-mentar e alimentação alternati-va; preservação do meio ambi-ente; realização de atividadesanti-estresse e orientação so-bre sexualidade, entre outrostemas transversais. Nesta pers-pectiva, é importante sincroni-zar as ações dos professoresde cada disciplina fazendo comque estes, propiciem aos alu-nos não só a aplicação de co-

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nhecimentos adquiridos emsala de aula como também, aoportunidade de c~l!R.reendero problema sob óticas variadas.

- Modelo da oferta de alternati-vas: ressalta a importância dese oferecer ao adolescente, for-mas alternativas de obtençãode prazer e realização pessoal,fazendo com que este não sejalevado a usar a droga como re-curso imediatista e egoísta paraobtenção de um prazer transi-tório. De modo objetivo reco-menda: atividades artísticas,culturais e esportivas; inserçãoem programas de orientaçãoescolar para alunos de sériesanteriores e ainda o estímulo aodesenvolvimento de um perfilempreendedor através da cria-ção de núcleos empresarias ouprogramas comunitários,

- Modelo da educação afetiva:destaca a necessidade urgenteda modificação das condiçõesde ensino a fim de melhorar avivência escolar contribuindopara uma formação integral esadia. Isso pode ser obtido poratitudes específicas e relativa-mente simples como o cuidarda auto-estima; das relações emgrupo e do relacionamento en-tre professor e aluno; o desen-volvimento da habilidade emtrabalhar ansiedades e frustra-ções; o estímulo à expressãooral e escrita; a democratizaçãodo ambiente escolar com umamaior participação tanto dos

pais e responsáveis como dacomunidade na qual a escolaestá inserida.

Não épossível considerar queum modelo seja melhor que o ou-tro. Obviamente que, dependen-do das peculiaridade de cada rea-lidade, talvez seja possível proporum destes como o mais apropria-do, contudo, o ideal é que se con-siga implementar o que de melhoré apresentado por cada um destemodelos preventivos. Isso nos fazconstatar que, de fato, a preven-ção ao uso de drogas na escola nãodeve fundamentar-se em eventosesporádicos, mas sim em um pro-grama duradouro e consistentecom ações que gerem resultados acurto, médio e longo prazo

A simples realização deeventos informativos como pales-tras por especialistas de fora, por-tanto alheios à realidade escolar,não basta pois já está provadoque o simples fato de saber quedeterminado comportamento éprejudicial não é, por si só, sufici-ente para que o indivíduo aban-done tal prática. Além disso, es-tas palestras esporádicas edescontextualizadas podem des-pertar curiosidades desnecessári-as e funcionar como uma "droga"

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entorpecendo a direção escolar,anestesiando suas consciências etrazendo urna falsa sensação de -"dever cumprido".

No ensino superior, muito setem discutido sobre a real influen-cia que o meio universitário teriano início ou expansão do uso dedrogas entre jovens, consideran-do-se óbvios fatores de risco,como, por exemplo, a maior sen-sação de liberdade e independên-cia experimentada pelo jovem aoingressar na Universidade, alémdo estresse ao qual este é cons-tantemente submetido em funçãodos constantes desafios ofereci-dos, necessidade de superação,competição, etc.

Inquéritos epidemiológicossobre o uso de drogas entre uni-versitários têm mostrado que, aoingressar no ensino superior, agrande maioria dos jovens já trazconsigo urna experiência quantoao uso de drogas, contudo, oquanto esta experiência foi ampli-ada ao longo da vida universitáriae a influência do meio universitá-rio nesta eventual expansão é, semdúvida, algo que precisa ser me-lhor avaliado (CUTRIM eMARIZ, 2000, p.75; BRASIL,2002, p.55).

Mesmo assim, deve-se aten-tar que qualquer ação preventivaao uso de drogas entre estudan-tes do ensino superior precisa es-tar fundamentadana ampla discus-são sobre o assunto, desprovidade clichês sociais, estereótipos oudogmas, e cada item deve ser de-batido a exaustão com toda a co-munidade universitária, desde amotivação que nos leva a traba-lhar este tema até a eficácia demedidas concretas como, porexemplo, a restrição ao uso ecomercialização de drogas lícitascomo bebidas alcoólicas e taba-co no ambiente do campus.

5 SUGESTÕES PARAAIMPLANTAÇÃO DE UMPROGRAMA DEPREVENÇÃO

Cada instituição, de acordocom suas peculiaridades, terá quedesenvolver a sua própria expe-riência

a) definição de uma polí-tica institucional

É fundamental que a institui-ção defma a sua posição em rela-ção ao assunto. Épreciso decidir .atuar no sentido de desestimular ouso de drogas e resolver fazê-lo de

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modo programado, não somentemediante ações esporádicas.

Considerando-se a interdis-ciplinaridade do tema, há que serelacionar possíveis parceiros,executando-se um trabalho inte-grado com outras instituições atu-antes no combate ao uso de dro-gas contribuindo-se com a cria-ção de redes de atenção aos usu-ários de drogas.

b) definição da equipecoordenadora

É necessário que haja umacoordenação não somente paramanter o programa por um perío-do longo de tempo, mas tambémpara viabilizar avaliações eredirecionamentos que otimizemresultados.

Esta equipe deve ser o pri-meiro grupo de pessoas da insti-tuição a receber um treinamentoespecífico sobre os diversos as-pectos interdisciplinares que en-volvem a questão do uso de dro-gas e da dependência química afim de que esteja preparada a tra-balhar o tema dentro dos mais atu-ais princípios teóricos e tambémpara que seja capaz de organizaroutros treinamentos dando se-qüência à formação continuada deagentes multiplicadores.

É estratégica a composiçãodesta equipe com indivíduos re-presentantes dos diferentes seg-mentos da instituiçãoeducacional,principalmente professores porserem aqueles que, na grandemaioria dos casos, se constituemcomo referência aos adolescentesejovens, estando em contato di-reto com estes, sendo os respon-sáveis primeiros pelo repasse deinformações e esclarecimento dequestões do cotidiano. Contudo,devem estar presentes na coorde-nação do programa representan-tes de alunos, funcionários, pais eresponsáveis, membros da comu-nidade e, indispensavelmente, adireção da instituição que deveestar à frente em cada etapa daimplantação do projeto.

c) diagnóstico preliminaratravés de inquéritosepidemiológicos

A aplicação de questionári-os de auto-preenchimento paraestimar o uso de drogas entre es-tudantes tem se constituído comoum valioso instrumentodepesqui-sa. Críticas anteriores sobre a va-lidade das informações coletadastem sido invalidadas atravésde di-versos estudos sobre confiabi-

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lidade de relato os quais tem de-monstrado que, quando o carátersigilosodas respostaséplenamenteassegurado,o entrevistadose senteplenamente à vontade para res-ponder, de modo transparente, asperguntas que lhe são feitas.

Além disso, o próprio instru-mento de coleta de dados podeconter perguntas sobre o uso desubstâncias que não existem comoforma de avaliar a sinceridade dasrespostas. Se o entrevistado res-ponde já ter usado tais substânci-as, seu questionário é descartadoentrando este em um percentualde perdas estatisticamente aceitá-vel e já previsto quando daamostragem aleatória para coletade dados em determinada popu-lação-alvo.

As estatístisticas sobre usode drogas, realizadas em realida-des distintas, apesar de apresen-tarem diversos resultados seme-lhantes, são extremamente úteispor evidenciarem peculiaridadesdo perfil de utilização de drogaspor determinado segmentopopulacional, que podem contri-buir significativamente com aotimização de ações preventivasmediante a canalização da aplica-ção de recursos em atenção a as-pectos que se mostrem mais sig-

nificativos em dada realidade(SOUZA e MARIZ, 2001, p.65;BRASIL, 2002, p.l O; CUTRlMe MARlZ, 2000, p.75).

d) ações de sensibilização

São propostas como formade despertar a intenção dos inte-grantes da instituição para a dis-cussão do tema.

A realização de eventos ci-entíficos como Jornadas, Seminá-rios, Debates, entre outros, é re-comendável desde que conte coma participação de especialistas di-versos a fim de transmitir váriasvisões do problema e enriquecera compressão da clientela traba-lhada sobre o quanto o uso dedrogas é um tema interdisciplinare exige uma abordagemmultiprofissional. É firndamentalque estes especialistas estej amplenamente comprometidos coma verdade científica sobre o as-sunto e não com a reprodução deidéias pré-concebidas que servemapenas como sustentação ideoló-gica e não para a promoção dasaúde integral.

e)formação de multi-plicadores

O treinamento recebido ini-cialmente pela equipe coordena-

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dora deve ser periodicamente re-passado por esta, obviamentecom a-ajuda de especialistas, aoutras pessoas da instituição inte-ressadas não apenas em trabalharna linha de frente das ações doprograma como simplesmente sesentirem mais preparadas paraabordar a questão com alunos,amigos e até mesmo familiares.

Em pouco tempo a insti tui-ção terá grande parte do seu con-tingente bem melhor preparadopara se relacionar como o proble-ma, evitando erros graves come-tidos ao longo dos anos, na gran-de maioria das vezes, simples-mente por falta de informação.

f) projetos específicos

Um programa deve englobarprojetos planejados e executadosde modo sincronizado.

Cada projeto deve ter suaprópria identidade, a qual não podefugir, em essência, das diretrizes ge-rais do programa Épreciso um pla-nejamento específico onde se defi-na itens como: tema; público-alvo;justificativa, objetivos; metodologia;previsão de recursos humanos emateriais (inclusive traduzida emorçamento) e cronograma de ativi-dades, entre outros.

A avaliação deve ser contí-nua não apenas de modo informal,através de reuniões dos coorde-nadores do projeto, como tam-bém mediante a elaboração derelatórios a fim de registrar a su-peração de eventuais obstáculos.

Este portanto, é o momentoideal para a aplicação dos mode-los de prevenção propostos atu-almente. Entre as diversas possi-bilidades podemos destacar are-alização de eventos que possibili-tem ao jovem expressar sua for-ma de compreender o problemado uso de drogas nos dias de hoje,através de mostras artísticas e/ouculturais; concursos de cartazes eslogan (que podem, inclusive,contribuir para a criação da ima-gem visual do programa).

Ainda são importantes, con-forme já mencionado, projetosque insiram o jovem em ativida-des esportivas, de ação comuni-tária, artísticas, de desenvolvimen-to da espiritualidade, de orienta-ção escolar e iniciação empresa-rial, além de outras.

6 CONCLUSÃO

Épossível constatar que a pre-venção é a forma mais eficaz de

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combate ao uso indevido de dro-gas, sendoimportantenão somentepelosprejuízosindivíduais,masprin-cipalmente coletivos, que o uso depsicotrópicos pode acarretar.

Vários princípios teóricos eações objetivas têm sido propos-tos por especialistas no assunto aolongo dos anos, contudo, tal co-nhecimento deve servir comoponto de partida e de apoio aosinteressados em trabalhar comprevenção nesta área, pois as pe-culiaridades e possibilidades decada realidade é que devemnortear as ações.

Na escola e na universidade. as ações devem ser constituintes

de um programa, portanto, conti-nuadas. Deve-se buscar resulta-dos não somente a curto prazo.

É consenso que, associadoao fornecimento de informaçõessobre os efeitos das drogas noorganismo, o adolescente e/oujovem deve receber a oportuni-dade e ser estimulado a encontrarprazer mediante atividades que oajudem a expandir-se enquantopessoa, contribuindo com o de-senvolvimento social e a melhoriada qualidade de vida individual ecomunitária

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