57
GRANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO

G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

GRANDES POEMAS DO ROMANTISMO

BRASILEIRO

Page 2: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

CONTEXTO HISTÓRICO

Revolução Industrial

Revolução Francesa

Liberalismo/individualismo

Independência do Brasil

Goethe

Page 3: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

CARACTERÍSTICAS

Subjetividade/ primeira pessoa Sentimentalismo Idealização Evasão Culto à natureza/ sociedade corrompida Nacionalismo Liberdade formal

Page 4: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

ROMANTISMO NO BRASIL

Suspiros Poéticos e Saudades Gonçalves de Magalhães

Ênfase na cor local/tropical

Indianismo

Page 5: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

A POESIA ROMÂNTICAPRIMEIRA GERAÇÃO

CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Em  cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Page 6: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. 

Page 7: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

I – JUCA-PIRMA; CANÇÃO DO TAMOIO I Não chores, meu filho;

Não chores, que a vidaÉ luta renhida:Viver é lutar.A vida é combate,Que os fracos abate,Que os fortes, os bravosSó pode exaltar.

II Um dia vivemos!

O homem que é forteNão teme da morte;Só teme fugir;No arco que entesaTem certa uma presa,Quer seja tapuia,Condor ou tapir.

Page 8: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

CUIDADOOOOOO!!!!

I Enfim te vejo! - enfim posso, Curvado a teus pés, dizer-te, Que não cessei de querer-te, Pesar de quanto sofri. Muito penei! Cruas ânsias, Dos teus olhos afastado, Houveram-me acabrunhado A não lembrar-me de ti!

Page 9: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

SEGUNDA GERAÇÃOÁLVARES DE AZEVEDO

Se Eu Morresse Amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã!

Page 10: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Que sol! que céu azul! que dove n'alva Acorda a natureza mais loucã!Não me batera tanto amor no peitoSe eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devoraA ânsia de glória, o dolorido afã...A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã!

Page 11: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Lembrança de Morrer Quando em meu peito rebentar-se a fibra,

Que o espírito enlaça à dor vivente,Não derramem por mim nenhuma lágrimaEm pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impuraA flor do vale que adormece ao vento:Não quero que uma nota de alegriaSe cale por meu triste passamento.

Page 12: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Adeus, Meus Sonhos!

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!Não levo da existência uma saudade!E tanta vida que meu peito enchiaMorreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! Votei meus pobres diasÀ sina doida de um amor sem fruto,E minh'alma na treva agora dormeComo um olhar que a morte envolve em luto.

Page 13: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

SONETO Pálida À luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d'alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Page 14: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Era mais bela! o seio palpitando Negros olhos as pálpebras abrindo Formas nuas no leito resvalando

Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti - as noites eu velei chorando, Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Page 15: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

CASIMIRO DE ABREU Tu, ontem,

Na dançaQue cansa,VoavasCo'as facesEm rosasFormosasDe vivo,LascivoCarmim;Na valsaTão falsa,Corrias,Fugias,Ardente,Contente,Tranqüila,Serena,Sem penaDe mim!

Page 16: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Valsavas:— Teus belosCabelos,Já soltos,Revoltos,Saltavam,Voavam,BrincavamNo coloQue é meu;E os olhosEscurosTão puros,Os olhosPerjurosVolvias,

Page 17: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Tremias,Sorrias,P'ra outroNão eu!

Quem dera

Que sintasAs doresDe amoresQue loucoSenti!Quem deraQue sintas!...— Não negues,Não mintas...— Eu vi!...

Page 18: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

MEUS OITO ANOS Oh ! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais !Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais !

Como são belos os diasDo despontar da existência !- Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;O mar é – lago sereno,O céu – um manto azulado,O mundo – um sonho dourado,A vida – um hino d’amor !

Page 19: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

AMOR E MEDO

Quando eu te fujo e me desvio cautoDa luz de fogo que te cerca, oh! Bela,Contigo dizes, suspirando amores:" - Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela!"

Como te enganas! Meu amor é chamaQue se alimenta no voraz segredo,E se te fujo é que te adoro louco...És bela - eu moço; tens amor - eu medo!...

Page 20: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

MINHA MÃE Da pátria formosa distante e saudoso,

Chorando e gemendo meus cantos de dor,Eu guardo no peito a imagem queridaDo mais verdadeiro, do mais santo amor:— Minha Mãe! —

Nas horas caladas das noites d’estioSentado sozinho co’a face na mão,Eu choro e soluço por quem me chamava— “Oh filho querido do meu coração!” —— Minha Mãe! —

Page 21: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

No berço, pendente dos ramos floridosEm que eu pequenino feliz dormitava:Quem é que esse berço com todo o cuidadoCantando cantigas alegre embalava?— Minha Mãe! —

(...) Feliz o bom filho que pode contente

Na casa paterna de noite e de diaSentir as carícias do anjo de amores,Da estrela brilhante que a vida nos guia!— Uma Mãe! —

Por isso eu agora na terra do exílio,Sentado sozinho co’a face na mão,Suspiro e soluço por quem me chamava:— “Oh filho querido do meu coração!” —— Minha Mãe! —

Page 22: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

DEUS Eu me lembro! Eu me lembro! - Era pequeno 

E brincava na praia; o mar bramia, E, erguendo o dorso altivo, sacudia, A branca espuma para o céu sereno.

E eu disse a minha mãe nesse momento: 

"Que dura orquestra! Que furor insano! Que pode haver de maior do que o oceano Ou que seja mais forte do que o vento?"

Minha mãe a sorrir, olhou pros céus 

E respondeu: - Um ser que nós não vemos, É maior do que o mar que nós tememos, Mais forte que o tufão, meu filho, é Deus.

Page 23: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

FAGUNDES VARELA

À memória de meu Filhomorto a 11 de dezembro de 1863

Eras na vida a pomba prediletaQue sobre um mar de angústias conduziaO ramo da esperança. Eras a estrelaQue entre as névoas do inverno cintilavaApontando o caminho ao pegureiro.

Eras a messe de um dourado estio.Eras o idílio de um amor sublime.Eras a glória, a inspiração, a pátria,O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,Pomba, - varou-te a flecha do destino!

Page 24: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Astro, - engoliu-te o temporal do norte!

Teto, - caíste!- Crença, já não vives! Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,Legado acerbo da ventura extinta,Dúbios archotes que a tremer clareiamA lousa fria de um sonhar que é morto!

Page 25: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

O ESCRAVODorme! Bendito o arcanjo tenebroso

Cujo dedo imortalGravou-te sobre a testa bronzeada

O sigilo fatal!Dorme! Se a terra devorou sedenta

De teu rosto o suor,Mãe compassiva agora te agasalha

Com zelo e com amor. (...)Tudo, tudo abateu sem dó, nem pena!

Tudo, tudo, meu Deus!E teu olhar à lama condenado

Esqueceu-se dos céus!...Dorme! Bendito o arcanjo tenebroso

Cuja cifra imortal,Selando-te o sepulcro, abriu-te os olhos

À luz universal!

Page 26: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

TERCEIRA GERAÇÃOCASTRO ALVES

Quando eu morrer… não lancem meu cadáverNo fosso de um sombrio cemitério…Odeio o mausoléu que espera o mortoComo o viajante desse hotel funéreo.

[...] Outro: “Dei-o a meu pai”. Outro: “Esqueci-o

Nas inocentes mãos de meu filhinho”…… Meus amigos! Notai… bem como um pássaroO coração do morto volta ao ninho!…

Page 27: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

VOZES D'ÁFRICA

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia Do deserto na rubra penedia — Infinito: galé!... Por abutre — me deste o sol candente, E a terra de Suez — foi a corrente Que me ligaste ao pé...

O cavalo estafado do Beduíno Sob a vergasta tomba ressupino E morre no areal. Minha garupa sangra, a dor poreja, Quando o chicote do simoun dardeja O teu braço eternal.

Page 28: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

O ADEUS DE TERESA A vez primeira que eu fitei Teresa,

Como as plantas que arrasta a correnteza,A valsa nos levou nos giros seusE amamos juntos E depois na sala"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala

E ela, corando, murmurou-me: "adeus."

Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .E da alcova saía um cavaleiroInda beijando uma mulher sem véusEra eu Era a pálida Teresa!"Adeus" lhe disse conservando-a presa

E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"

Page 29: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Passaram tempos sec'los de delírioPrazeres divinais gozos do Empíreo... Mas um dia volvi aos lares meus.Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"

Quando voltei era o palácio em festa!E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestaPreenchiam de amor o azul dos céus.Entrei! Ela me olhou branca surpresa!Foi a última vez que eu vi Teresa!

E ela arquejando murmurou-me: "adeus!" 

Page 30: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

CREPÚSCULO SERTANEJO A tarde morria! Nas águas barrentas

As sombras das margens deitavam-se longas;Na esguia atalaia das árvores secasOuvia-se um triste chorar de arapongas.

A tarde morria! Dos ramos, das lascas,Das pedras, do líquen, das heras, dos cardos,As trevas rasteiras com o ventre por terraSaíam, quais negros, cruéis leopardos.

Page 31: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

A tarde morria! Mais funda nas águasLavava-se a galha do escuro ingazeiro...Ao fresco arrepio dos ventos cortantesEm músico estalo rangia o coqueiro.

Sussurro profundo! Marulho gigante!Talvez um — silêncio!... Talvez uma — orquestra...Da folha, do cálix, das asas, do inseto...Do átomo — à estrêla... do verme — à floresta!...

Page 32: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Então as marrecas, em torno boiando,O vôo encurvavam medrosas, à toa...E o tímido bando pedindo outras praiasPassava gritando por sobre a canoa!...

Page 33: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

OITAVA SOMBRA Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso,

 Que te elevas da noite na orvalhada? Tens a face nas sombras mergulhada... Sobre as névoas te libras vaporoso...

(...) Onde nos vimos nós?... Es doutra esfera?

 És o ser que eu busquei do sul ao norte... Por quem meu peito em sonhos desespera?...

Quem és tu? Quem és tu? - Es minha sorte!És talvez o ideal que est’alma espera!És a glória talvez! Talvez a morte!...

Page 34: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

MOCIDADE E MORTE Oh! eu quero viver, beber perfumes

Na flor silvestre, que embalsama os ares;Ver minh'alma adejar pelo infinito,Qual branca vela n'amplidão dos mares.No seio da mulher há tanto aroma...Nos seus beijos de fogo há tanta vida...— Árabe errante, vou dormir à tardeA sombra fresca da palmeira erguida.

Mas uma voz responde-me sombria:Terás o sono sob a lájea fria.

Page 35: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Morrer... quando este mundo é um paraíso,E a alma um cisne de douradas plumas:Não! o seio da amante é um lago virgem...Quero boiar à tona das espumas.Vem! formosa mulher — camélia pálida,Que banharam de pranto as alvoradas,Minh'alma é a borboleta, que espanejaO pó das asas lúcidas, douradas ...

E a mesma voz repete-me terrível,Com gargalhar sarcástico: — impossível!

Page 36: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Eu sinto em mim o borbulhar do gênio,Vejo além um futuro radiante:Avante! — brada-me o talento n'almaE o eco ao longe me repete — avante! —O futuro... o futuro... no seu seio...Entre louros e bênçãos dorme a glória!Após — um nome do universo n’alma,Um nome escrito no Panteon da história.

E a mesma voz repete funerária:

Teu Panteon — a pedra mortuária!

Page 37: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

1) (UFRGS) Assinale a alternativa correta.a) Álvares de Azevedo, classificado na segunda

geração do Romantismo brasileiro, deixou uma obra composta de poemas tipicamente indianistas e nacionalistas.

b) Com Castro Alves, a poesia brasileira atingiu o seu apogeu, apesar do tom tímido que encontramos nos seus versos.

c) Os poetas do Romantismo foram responsáveis pela consolidação do sentimento nacional e contribuíram para o abrasileiramento da língua portuguesa.

d) Gonçalves Dias, autor da consagrada "Canção do Exílio", compôs também "Os Timbiras", "Se Eu Morresse Amanhã" e "Meus Oito Anos".

e) O saudosismo que caracteriza o lirismo luso-brasileiro não teve representantes no período romântico.

Page 38: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

2) (UFRGS) Considere as seguintes afirmações:

I. Pode-se afirmar que o romantismo brasileiro foi a manifestação artística que mais bem expressou o sentimento nacionalista desenvolvido com a independência do país.

II. Os romancistas românticos, preocupados com a formação de uma literatura que expressasse a cor local, criaram romances considerados regionais, mais pela temática do que pela linguagem.

Page 39: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

III.A tendência indianismo do romantismo brasileiro tinha como objetivo a desmistificação do papel do índio na história do Brasil desde a colonização. 

Quais estão corretas?

A)Apenas IB)Apenas IIC)Apenas I e IID)Apenas I e IIIE)I, II e III

Page 40: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

3) (UFRGS) Leia as estrofes seguintes, extraídas do poema "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias.

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossas vida mais amores.[...]

Page 41: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu 'inda' aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Em relação à "Canção do Exílio" é correto afirmar

que a) exalta a natureza brasileira em sua fauna e sua

flora, destacando-se pela temática regionalista.

b) se trata de um soneto clássico que celebrizou o poeta como um dos mais importantes do Romantismo brasileiro.

Page 42: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

c) é um canto de amor à pátria e teve alguns dos seus versos incorporados à letra do Hino Nacional.

d) as estrelas e as flores, referidas na segunda estrofe, simbolizam a falta de preocupação com os problemas do período colonial.

e) os versos da última estrofe acentuam o sentimento do exílio e expressam o desejo do poeta de morrer em Portugal.

Page 43: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

6) (UFSM) Cântico do Calvário Eras na vida a pomba predileta

Que sobre um mar de angústia conduzida O ramo da esperança – Eras a estrela

Que entre as névoas do inverno cintilava Apontando o caminho ao pegureiro. Eras a messe de um dourado estilo. Eras o idílio de um amor sublime.

Eras glória, - a inspiração, - a pátria, O porvir d teu pai! – Ah! No entanto,

Pomba, - varou-te a flecha do destino! Astro, - engoliu-te o temporal do norte!

Teto, caíste! – Crença, já não vives![...]

Page 44: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Sobre o fragmento do poema, é correto afirmar que

I. os sujeito lírico utiliza-se do processo metafórico para referir-se ao filho morto.

II. a expressão “O porvir de teu pai”(v.9) tem relação com o futuro do sujeito lírico.

III. Os segmentos “O ramo da esperança”(v.3) e “ – Eras a estrela”(v.3) colocam o leitor diante de um sujeito lírico que projetava, no filho, suas expectativas em relação à vida.

Page 45: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Está(ão) correta(s)

A) apenas IB) apenas I e IIC) apenas II e IIID) apenas IIIE) I, II e III

Page 46: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

7. (UFSM) Sobre o poema O “Adeus de Teresa” de Castro Alves, é correto afirmar:

I. O primeiro verso de cada estrofe apresenta uma marca de tempo.

II. “corando” (v.6), “entre beijos” (v.12), “em soluços” (v.18) e “arquejando” (v.24) exprimem quatro tipos de adeus, de acordo com a situação que se estabelece entre Teresa e o eu-lírico.

III.O último verso do poema implica um adeus definitivo, pois, durante sua ausência, o eu-lírico foi enganado por Teresa.

Page 47: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Estão corretas:a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas II e IIId) Apenas III e) Apenas I, II, III

8) (UFSM) Leia as passagens da quarta parte de O Navio negreiro:

Considere as afirmativas:I. De acordo com a passagem, os negros são

capazes de reagir à hostilidade com armas e recursos próprios.

II. O chicote (v.8) é uma indicação de que os negros estavam sujeitos à violência.

Page 48: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

III. O texto emprega adjetivos que contribuem para atribuir intensidade ao sofrimento dos negros.

Estão corretas:

a) Apenas I b) apenas II c) apenas I e IIId) Apenas II e III e) I, II, III

Page 49: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

18. (UFSM)

Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste passamento.

Page 50: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Só levo uma saudade - é dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe! pobre coitada Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos, Poucos, - bem poucos - e que não

zombavam Quando, em noites de febre endoidecido, Minhas pálidas crenças duvidavam.

Page 51: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

De acordo com essas estrofes, é correto afirmar que

A)"sombras" (verso 9) remetem à vegetação do vale.

B) o eu-lírico vai sentir falta das pessoas que velavam suas noites.

C) o eu-lírico não quer uma nota de alegria na sua morte.

D) "noites de febre" (verso 15) são noites de verão.

E) ele só leva uma saudade, e essa saudade é de sua mãe, não de seu pai.

Page 52: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

I- Minha terra tem primores. Que tais não encontro eu cá: Em cismar - sozinho. à noite Mais prazer encontro eu lá: Minha terra tem palmeiras: Onde canta o sabiá. II - Nada farei do que dizes: É teu filho imbele e fraco! Aviltaria o triunfo Da mais guerreira das tribos Derramar seu ignóbil sangue: Ele chorou de cobarde; Nós outros. fortes timbiras. Só de heróis fazemos pasto.

Page 53: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Considere as afirmações sobre os trechos de Gonçalves Dias transcritos.

I - O saudosismo romântico se expressa na “Canção do Exílio” ao fazer aflorar as qualidades da pátria, que contrastam com a terra do exílio.

II - No segundo fragmento, o choro do índio aponta para sua covardia, o que o faz indigno de ser sacrificado.

III - Saudades da pátria e indianismo, temáticas presentes nos fragmentos, põem em foco a discussão sobre o nacionalismo.

Quais são corretas? a) apenas a I.b) apenas I e III c) apenas a II.

d) I, II, III. e) apenas a III.

Page 54: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Considere os versos de "Canção do Tamoio", de Gonçalves Dias.

Um dia vivemos!O homem que é forte;Não teme da morte;

Só teme fugir;No arco que entesa

Tem certa uma presa,Quer seja tapuia,Condor ou tapir

Vocabulário: tapuia = identificação dada a tribos inimigas Condor = ave semelhante à águia tapir = anta

Page 55: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Conforme os versos transcritos,

a) quem erra o alvo precisa fugir da caça. b) os índios estão em guerra contra os

tapuias. c) a covardia é o único sentimento a ser

temido pelos fortes. d) quem não tem boa pontaria é excluído do

grupo de guerreiros. e) o bom índio se conhece pela qualidade

do seu arco.

Page 56: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

Considerando o Romantismo brasileiro, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa a seguir.

( ) Suas propostas temáticas contemplam questões relativas à identidade brasileira.

( ) Suspiros poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, é a obra que assinala o final do movimento.

( ) A vertente indianista compôs-se de traços passadistas, buscando ressaltar tanto o nativo quanto o europeu.

A seqüência correta éa) F - V - F. b) V - F - F. c) F - F - V.

d) V - F - V. e) V - V - V.

Page 57: G RANDES POEMAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO. C ONTEXTO HISTÓRICO Revolução Industrial Revolução Francesa Liberalismo/individualismo Independência do Brasil

A obra poética de Casimiro de Abreu: a) tem como tema central a torça do

espírito nacionalista do brasileiro. b) revela extremado empenho em apontar

soluções para problemas de natureza social.

c) pode ser considerada o ponto mais alto da expressão romântica no Brasil.

d) ostenta, ao lado da ternura e singeleza marcas de profunda nostalgia do passado.

e) aproxima-se, pelo culto à perfeição forma, da estética parnasiana.