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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1 Quando apareceram os primeiros fenômenos espíritas, algumas pessoas pensaram que essa descoberta (se se pode aplicar-lhe esse nome) iria dar um golpe fatal no Magnetismo, e que ocorreria com ele como com as invenções, das quais as mais aperfeiçoadas fazem esquecer a precedente. Esse erro não tardou em se dissipar, e, prontamente, se reconheceu o parentesco próximo dessas duas ciências. Todas as duas, com efeito, baseadas sobre a existência e a manifestação da alma, longe de se combaterem, podem e devem se prestar um mú- tuo apoio: elas se completam e se explicam uma pela outra. Seus adeptos respectivos, todavia, diferem em alguns pontos: certos magnetistas 1 não admitem, ainda, a existência, ou pelo 1 O magnetizador é aquele que pratica o magnetismo; magnetista se diz de alguém que lhe adote os princípios. Pode-se ser magnetista sem ser magnetiza- menos a manifestação dos Espíritos: crêem poder tudo ex- plicar pela única ação do fluido magnético, opinião que nos limitamos a constatar, reservando-nos discuti-la mais tarde. Nós mesmos a partilhamos no princípio; mas, como tantos outros, devemos nos render à evidência dos fatos. Os adeptos do Espiritismo, ao contrário, são todos partidários do magne- tismo; todos admitem a sua ação e reconhecem nos fenôme- nos sonambúlicos uma manifestação da alma. Essa oposição, de resto, se enfraquece dia a dia, e é fácil prever que não está longe o tempo em que toda distinção terá cessado. Essa dife- rença de opinião não tem nada que deva surpreender. No iní- cio de uma ciência, ainda tão nova, é muito simples que cada um, encarando a coisa sob o seu ponto de vista, dela se tenha formado uma idéia diferente. As ciências, as mais positivas, tiveram, e têm ainda, suas seitas que sustentam com ardor teorias contrárias; os sábios ergueram escolas contra escolas, bandeiras contra bandeiras, e, muito freqüentemente, pela sua dignidade, sua polêmica, torna-se irritante e agressiva pelo amor-próprio melindrado, e desviada dos limites de uma sábia discussão. Esperemos que os sectários do Magnetismo e do Espiritismo, melhor inspirados, não dêem ao mundo o escândalo de discussões muito pouco edificantes, e sempre fatais para a propagação da verdade, de qualquer lado que esteja. Pode-se ter sua opinião, sustentá-la, discuti-la; mas o meio de se esclarecer não é o de se dilacerar, procedimento pouco digno de homens sérios, e que se torna ignóbil se o interesse pessoal está em jogo. O Magnetismo preparou os caminhos do Espiritismo, e os rápidos progressos dessa última doutrina são, incontesta- velmente, devidos à vulgarização das idéias da primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase, às ma- nifestações espíritas, não há senão um passo; sua conexão é tal que é, por assim dizer, impossível falar de um sem falar do outro. Se devêssemos ficar fora da ciência magnética, nos- so quadro estaria incompleto, e se poderia nos comparar a um professor de física que se abstivesse de falar da luz. To- davia, como o Magnetismo já tem entre nós órgãos especiais, justamente autorizados, tornar-se-ia supérfluo cair sobre um assunto tratado com a superioridade do talento e da experi- ência; dele não falaremos, pois, senão acessoriamente, mas suficientemente para mostrar as relações íntimas das duas ciências que, na realidade, não fazem senão uma. Devíamos, aos nossos leitores, essa profissão de fé, que dor; mas não se pode ser magnetizador sem ser magnetista.) Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Conhecendo a Doutrina Espírita – 5 Estudos doutrinários do GEAEL GEAEL O Magnetismo e o Espiritismo

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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1

Quando apareceram os primeiros fenômenos espíritas, algumas pessoas pensaram que essa descoberta (se se pode aplicar-lhe esse nome) iria dar um golpe fatal no Magnetismo, e que ocorreria com ele como com as invenções, das quais as mais aperfeiçoadas fazem esquecer a precedente. Esse erro não tardou em se dissipar, e, prontamente, se reconheceu o parentesco próximo dessas duas ciências. Todas as duas, com efeito, baseadas sobre a existência e a manifestação da alma, longe de se combaterem, podem e devem se prestar um mú-tuo apoio: elas se completam e se explicam uma pela outra. Seus adeptos respectivos, todavia, diferem em alguns pontos: certos magnetistas1 não admitem, ainda, a existência, ou pelo 1 O magnetizador é aquele que pratica o magnetismo; magnetista se diz de alguém que lhe adote os princípios. Pode-se ser magnetista sem ser magnetiza-

menos a manifestação dos Espíritos: crêem poder tudo ex-plicar pela única ação do fluido magnético, opinião que nos limitamos a constatar, reservando-nos discuti-la mais tarde. Nós mesmos a partilhamos no princípio; mas, como tantos outros, devemos nos render à evidência dos fatos. Os adeptos do Espiritismo, ao contrário, são todos partidários do magne-tismo; todos admitem a sua ação e reconhecem nos fenôme-nos sonambúlicos uma manifestação da alma. Essa oposição, de resto, se enfraquece dia a dia, e é fácil prever que não está longe o tempo em que toda distinção terá cessado. Essa dife-rença de opinião não tem nada que deva surpreender. No iní-cio de uma ciência, ainda tão nova, é muito simples que cada um, encarando a coisa sob o seu ponto de vista, dela se tenha formado uma idéia diferente. As ciências, as mais positivas, tiveram, e têm ainda, suas seitas que sustentam com ardor teorias contrárias; os sábios ergueram escolas contra escolas, bandeiras contra bandeiras, e, muito freqüentemente, pela sua dignidade, sua polêmica, torna-se irritante e agressiva pelo amor-próprio melindrado, e desviada dos limites de uma sábia discussão. Esperemos que os sectários do Magnetismo e do Espiritismo, melhor inspirados, não dêem ao mundo o escândalo de discussões muito pouco edificantes, e sempre fatais para a propagação da verdade, de qualquer lado que esteja. Pode-se ter sua opinião, sustentá-la, discuti-la; mas o meio de se esclarecer não é o de se dilacerar, procedimento pouco digno de homens sérios, e que se torna ignóbil se o interesse pessoal está em jogo.

O Magnetismo preparou os caminhos do Espiritismo, e os rápidos progressos dessa última doutrina são, incontesta-velmente, devidos à vulgarização das idéias da primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase, às ma-nifestações espíritas, não há senão um passo; sua conexão é tal que é, por assim dizer, impossível falar de um sem falar do outro. Se devêssemos ficar fora da ciência magnética, nos-so quadro estaria incompleto, e se poderia nos comparar a um professor de física que se abstivesse de falar da luz. To-davia, como o Magnetismo já tem entre nós órgãos especiais, justamente autorizados, tornar-se-ia supérfluo cair sobre um assunto tratado com a superioridade do talento e da experi-ência; dele não falaremos, pois, senão acessoriamente, mas suficientemente para mostrar as relações íntimas das duas ciências que, na realidade, não fazem senão uma.

Devíamos, aos nossos leitores, essa profissão de fé, que dor; mas não se pode ser magnetizador sem ser magnetista.)

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraConhecendo a Doutrina Espírita – 5

Estudos doutrinários do GEAELGEAEL

• O Magnetismo e o Espiritismo

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2 Conhecendo a Doutrina Espírita

terminamos rendendo uma justa homenagem aos homens de convicção que, afrontando o ridículo, os sarcasmos e os dissa-bores, estão corajosamente devotados à defesa de uma causa toda humanitária. Qualquer que seja a opinião dos contem-porâneos sobre a sua conta pessoal, opinião que é sempre, mais ou menos, o reflexo de paixões vivas, a posteridade lhes fará justiça; colocará o nome do barão Du Potet, diretor do Jornal do Magnetismo, do senhor Millet, diretor da União

Magnética, ao lado dos seus ilustres predecessores, o marquês de Puysegur e o sábio Deleuze. Graças aos seus esforços per-severantes, o Magnetismo, tornado popular, colocou um pé na ciência oficial, onde dele já se fala, em voz baixa. Essa palavra passou para a linguagem usual; ela não espanta mais, e quan-do alguém se diz magnetizador, não lhe riem mais ao nariz.

Allan KardecRevista Espírita – Março de 1858

Um grande expoente do estudo do magnetismo animal, também conhecido por mesmerismo no século XIX, na França.

Du Potet começou seus experimentos em 1821 e regis-trou-os no Le Propagateur du Magnétisme animal, jornal que fundou em 1827, e no Journal de Magnétisme, fundado também por ele em 1845 e em atividade até 1861, sendo pos-teriormente reativado por Hector Durville.

Logo o barão se mostrou um magnetizador extremamen-te eficaz, e quando dr. Husson, que trabalhava no hospital de Hotel-Dieu, de Paris, estava procurando alguém para ajudá--lo com seus experimentos de sonambulismo magnético, Du Potet foi escolhido.

Desenvolveu um sistema chamado “magnetismo mági-co”, que revisava a doutrina tradicional do magnetismo de um fluido magnético universal, incorporando-lhe a antiga no-ção de um poder espiritual universal, que servia de base para a “mágica natural”.

Esta concepção, muito diferente da visão mecânica de Mesmer, considerou o magnetismo como uma ponte entre o espírito e a matéria, ou entre corpo e alma. Na visão de Du Potet, os mesmeristas que reconheciam a verdadeira natureza do magnetismo poderiam produzir “mágicas”, com curas mi-lagrosas e vários outros fenômenos.

O barão afirmava ter descoberto no magnetismo animal a “mágica da antiguidade”. Fenômenos de aporte, resistência ao fogo, levitação de corpos humanos e comunicações com Espíri-tos foram frequentemente observados e estudados por ele.

Em visita a Inglaterra, apresentou estes fenômenos ao dr. John Elliotson, primeiro expoente do magnetismo animal na Grã Bretanha. Durante anos Du Potet escreveu uma série de livros que mantiveram o tema do magnetismo animal em constante debate na França.

A presença de Allan KardecAntes, porém, em Paris, o magnetismo também atrairá

a atenção do pedagogo, homem de ciências, professor Hip-polyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec).

Consoante o prof. Canuto Abreu, em sua célebre obra O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Ri-vail integrava o grupo de pesquisadores formado pelo Barão Du Potet, adepto de Mesmer, editor do Journal du Magnétis-

me e dirigente da Sociedade Mesmeriana.

D e s s a e l u c i d a t i va obra, depre-ende-se que o prof. Rivail freqüentava, até 1850, ses-sões sonam-búlicas, onde buscava so-lução para os casos de en-fermidades a ele confiados, embora se considerasse modesto mag-netizador.

Os vínculos, do futuro Codificador da Doutrina Espírita, com o magnetismo, ficam evidenciados nas suas anotações ín-timas, constantes de Obras Póstumas, relatando a sua inicia-ção no espiritismo, quando em 1854 interessa-se pelas infor-mações que lhe são transmitidas pelo magnetizador Fortier, sobre as mesas girantes, que lhe diz: “parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar”(...) sentindo--se à vontade nesse diálogo com o então pedagogista Rivail. São dois magnetizadores, ou passistas, que se encontram e abordam questões do seu íntimo e imediato interesse.

Mais tarde, ao escrever a edição de março de 1858 da Revista Espírita, quase um ano após o lançamento de O Livro dos Espíritos em 18 de abril de 1857, Kardec destacaria: “O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo” (...) Dos fe-nômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às mani-festações espíritas (...) sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar de outro.”

E conclui, no seu artigo: “Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos com uma justa homena-gem aos homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o

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Ilustração da obra de du Potet Magnetismo Animal, 1863.

sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se corajosamente à de-fesa de uma causa tão humanitária.”

É o depoimento inconteste do valor e da profunda impor-tância da terapia através dos passes, e, mais tarde, em 1868, ao escrever a quinta e última obra da Codificação, A Gêne-se, abordaria ele a “momentosa questão das curas através da ação fluídica”, destacando que todas as curas desse gênero são variedades do Magnetismo, diferindo apenas pela potên-cia e rapidez da ação.

O princípio é sempre o mesmo: é o fluido que desempe-nha o papel de agente terapêutico, e o efeito está subordinado à sua qualidade e circunstâncias especiais.

Os passes têm percorrido um longo caminho desde as origens da humanidade, como prática terapêutica eficiente, e, modernamente, estão inseridos no universo das chamadas Terapêuticas Espiritualistas.

Tem sido exitosa, em muitos casos, a sua aplicação no tratamento das perturbações mentais e de origem patológica.

Praticado, estudado, observado sob variáveis nomencla-turas, a exemplo de magnoterapia, fluidoterapia, bioenergia, imposição das mãos, tratamento magnético, transfusão de energia-psi, o passe vem notabilizando a sua qualidade tera-pêutica, destacando-se seus desdobramentos em passe espi-ritual (energias dos espíritos), passe magnético (energias do médium) e passe mediúnico (energias dos Espíritos e do mé-dium), constituindo-se, na atualidade, em excelente terapia praticada largamente nas instituições espíritas.

Os magnetizadores do passado, já pressentiam o mundo espiritual atuando na magnetização (Deleuze, Du Potet etc.) Mesmer afirmava que o fluido obedecia a leis mecânicas e que os efeitos eram exclusivamente de ordem física, ao passo que a maioria dos magnetizadores viu nele um fenômeno espiritu-al, sujeito a leis psíquicas e não físicas.

Fonte:http://www.autoresespiritasclassicos.com/Pesquisa-

dores espiritas/Du Potet/Baron Du Potet.htm

PERGUNTA: — Já que tocastes nesse assunto, pode-ríeis dizer-nos mais alguma coisa sobre o magnetismo curador e a terapêutica do passe mediúnico, também aplicáveis ao caso do câncer?

RAMATÍS: — Considerando-se que as enfer-midades físicas, em geral, são provenientes da desarmonia psíquica, intoxicação ou debi-lidade magnética vital do peris-pírito, os passes magnéticos ou

fluídicos são recursos que proporcionam verdadeiras transfu-sões de energia através do “duplo etérico”, insuflando-as pelos plexos nervosos e ativando também o sistema glandular para proceder às devidas correções orgânicas. Em geral, já existe uma contínua vampirização do magnetismo humano entre os próprios encarnados quando, sob a regência da Lei dos vasos comunicantes, os mais débeis sorvem as energias magnéticas dos que são mais vigorosos ou gozam de mais saúde.

O passe é uma transfusão de fluidos espontâneos e ben-feitores, sem dúvida tão eficientes e poderosos quanto o seja o potencial emitido pela vontade do seu agente. Pode mesmo ser considerado um elemento catalisador que, agindo no paciente, acelera-lhe as forças estagnadas e desperta o campo eletrônico do psiquismo diretor do organismo carnal. O passista inteli-gente, regrado em sua vida, senhor de uma vontade forte e afeiçoado à alimentação vegetariana, consegue insuflar vigo-rosas cotas magnéticas nos órgãos doentes, elevando-lhes não só a freqüência vibratória defensiva das células, como também auxiliando a substituição das células velhas e cancerosas por outras células novas.

Mesmo no caso da leucemia, do câncer no sangue, o passista pode insuflar o seu potencial magnético em todo o trajeto do vagossimpático, sobre as ramificações dos plexos, e comandá-lo mentalmente para o interior da medula óssea do doente, ativando assim o processo da produção de glóbulos vermelhos e a troca mais acelerada de novas células. Sem dúvi-da, não se queira obter êxito completo nos primeiros dias de tratamento magnético, pois é o próprio organismo do doente que, tornando-se receptivo, deve assimilar as energias doadas pelo passista e distribuí-las a contento de suas necessidades vitais. Só após algumas semanas de transmissão ininterrup-ta e disciplinada dos fluidos energéticos, é que será possível verificar-se o maior ou menor aproveitamento do magnetismo que é ofertado pelo passista. Se tendes observado pouco êxito na maioria desses tratamentos, é porque falta ao passista o estoicismo e abnegação necessários para devotar-se mesmo por algumas horas ao enfermo canceroso; ou então, é este que logo se impermeabiliza ante as projeções fluídicas benfeitoras, uma vez que não observa o “milagre” da cura nas primeiras insuflações e perde a confiança na continuidade do trabalho.

Fisiologia da AlmaRamatís / Hercílio Maes

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4 Conhecendo a Doutrina Espírita

26. Do ponto de vista corporal e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais difere apenas por algumas características na forma exterior; quanto ao mais, a mesma composição química de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução. Ele nasce, vive, morre nas mesmas condições, e ao morrer seu corpo se decompõe como o de tudo que vive. No seu sangue, na sua carne, nos seus ossos, não há um átomo diferente dos que se encontram no corpo dos animais; como estes, ao morrer ele devolve à terra o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono que se haviam combinado para formá-lo, e que, por novas combinações, vão formar novos corpos minerais, vegetais e animais. A analogia é tão grande, que se estudam as funções orgânicas do homem a partir de certos animais, quando as experiências não podem ser feitas nele próprio.

27. Na classe dos mamíferos, o homem pertence à ordem dos bímanos. Logo abaixo dele vêm os quadrúmanos (ani-mais de quatro mãos) ou símios, alguns dos quais, como o orangotango, o chimpanzé, têm certos comportamentos do homem, a tal ponto que, por muito tempo, foram chamados homens das florestas; como ele, caminham eretos, usam bas-tões, constroem cabanas, e levam os alimentos à boca com a mão, gestos característicos.

28. Por pouco que se observe a escala dos seres vivos do

ponto de vista do organismo, reconhece-se que, do líquen à árvore e do zoófito ao homem, há uma cadeia elevando-se gra-dativamente, sem solução de continuidade, e cujos elos têm um ponto de contato com o elo precedente; acompanhando passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aper-feiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior. Uma vez que, química e constitucionalmente, o corpo do homem se acha em condições idênticas às dos outros cor-pos, que ele nasce, vive e morre da mesma maneira, ele deve ter-se formado em condições iguais às dos outros.

29. Embora isso possa ferir-lhe o orgulho, o homem deve resignar-se a ver no seu corpo material apenas o último elo da animalidade na Terra. Aí está o inexorável argumento dos fatos, contra o qual ele protestaria em vão.

Porém, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, mais o princípio espiritual cresce em importância; se o primeiro o situa no nível do bruto, o segundo o eleva a uma altura incomensurável. Vemos o círculo onde o animal se detém; não vemos o limite a que o espírito do homem pode chegar.

30. Por aí, o materialismo pode ver que o espiritismo, longe de temer as descobertas da ciência e seu positivismo, antecipa-se e as provoca, porque tem certeza de que o prin-cípio espiritual, que tem sua existência própria, não sofrerá qualquer abalo com elas.

O espiritismo caminha junto com o materialismo no terreno da matéria; admite tudo o que este admite; mas, lá, onde o último para, o espiritismo vai além. O espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a uma certa distân-cia, um diz: “Não posso ir mais longe”. O outro segue seu caminho e descobre um mundo novo. Por que, então, o pri-meiro dirá que o segundo é louco, só porque este, entrevendo ovos horizontes, quer transpor o limite onde o outro decide parar? Cristóvão Colombo não foi considerado louco porque acreditava num mundo além do oceano? Quantos desses loucos extraordinários que fizeram a humanidade avançar a história não registra, loucos aos quais se trançam coroas depois de ter-lhes jogado lama?

Pois bem! O espiritismo, essa loucura do séc. XIX, segundo os que querem permanecer na margem terrestre, nos mostra todo um mundo, mundo bem mais importante para o homem do que a América, pois nem todos os homens vão à América, ao passo que todos, sem exceção, vão ao mundo dos espíritos, fazendo incessantes travessias de um para outro.

Atingido o ponto da Gênese em que nos achamos, o materialismo se detém, enquanto o espiritismo prossegue em suas pesquisas no domínio da Gênese espiritual.

A GêneseAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

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A missão de Allan Kardec foi, essencialmente, um tra-balho de comunicação, no aspecto técnico-científico, e muito acentuadamente no aspecto ideológico. Nos seus escritos encontramos sempre a preocupação com o formato da infor-mação a ser transmitida, com a linguagem, com a mídia a ser utilizada, com o público-alvo, bem como as repercussões e retorno dessas informações, das quais se autodenominava não um autor, mas um portador e membro de uma equipe.

No aspecto técnico percebe-se, claramente, não só sua habilidade de comunicador, herdada da Pedagogia, mos-trando sempre um impecável ordenamento na organização e distribuição didática dos temas, mas também a sagacidade de um investigador a desvendar os paradigmas de uma nova ciência, cuja base filosófica, de conseqüências morais, deve ser informada de maneira adequada para a cética sociedade do seu tempo e do futuro. Aqui aparece o aspecto ideológico.

Ao tomar contato com os fenômenos espíritas, o profes-sor Rivail logo percebeu suas várias nuances e os múltiplos rumos que esses acontecimentos poderiam tomar. Enquanto a maioria das pessoas reparava apenas no aspecto supérfluo dos fenômenos “sobrenaturais” que se manifestavam, Rivail tratou de olhar essas manifestações primeiramente sob o prisma da curiosidade científica, pois era esta não só a sua formação intelectual, mas também um importante traço do seu caráter: “Só acreditarei vendo e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar e nervos para sentir...”

Poderíamos afirmar que Rivail já revelava em si algo do apóstolo Tomé, que tinha desconfiança, porém, sem pre-conceito. Como simples fenômenos, estes acontecimentos poderiam cair na rotina das diversões circenses e da magia vulgar; e isso certamente aconteceria, sobretudo pela inge-nuidade, pela ignorância e principalmente pela carência moral da maioria dos médiuns e do público espectador. Até hoje o médium ainda é visto como o veículo de contato fácil com o “sobrenatural”, e essa relação de poder e misticismo raramente não se direciona para um meio de vida lucrativo, que passa a comprometer a espontaneidade e a qualidade das suas habilidades. Nesse ponto, o professor Rivail teve que tomar cuidados extremos, pois a credibilidade das suas pesquisas e das suas teses dependia, em grande parte, dos médiuns e das suas faculdades; seu objeto de estudo era o espírito e o mundo espiritual, e a mediunidade o seu método e sua principal ferramenta de pesquisa. Qualquer mistificação ou incoerência de informações comprometeria todo o traba-lho de verificação e comprovação científicas dos fenômenos.

Outro aspecto logo identificado por Rivail nesses fatos foi o filosófico. Ali estava algo que desafiava o materialismo e a crise existencial que assaltavam a sociedade européia da Era Industrial. Enquanto uma multidão se entregava ao extremo da descrença e do desencanto, no outro extremo um grupo significativo se perdia nos laços confusos do esoteris-

mo vulgar ou no fanatismo religioso, o mesmo que decretaria o dogma da infalibilidade papal.

O hábito natural e filosófico de fazer perguntas do tipo “quem somos?”, “de onde viemos?” e “para onde vamos?” conduz para o materialismo ou para o deísmo; a indiferen-ça seria uma indecisão. Se inteligências se manifestam e se identificam como seres humanos que já viveram na Terra e revelam a existência de planos de vida que ampliam e supe-ram a visão mitológica das religiões tradicionais, isto terá como conseqüência uma mudança de comportamento, seja para a negação, seja para a indiferença, seja para a crença. Isso preocupou de tal forma o nosso professor que ele não queria que essa nova ciência fosse encarada como mais um rótulo religioso, julgada pelo preconceito religioso ou ainda pelo preconceito contra os religiosos.

Mas, à medida que as manifestações foram acontecendo e os contatos se aprofundando, através de múltiplas formas de questionamentos, percebe-se que os espíritos também querem falar filosoficamente de religião, querem romper preconceitos e reafirmar conceitos perdidos na antiguidade oriental e clássica. Os espíritos não estão interessados apenas em brincar de levantar mesas e dar pancadas nas paredes,

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6 Conhecendo a Doutrina Espírita

para assustar os humanos supersticiosos; querem não só falar de fenômenos, mas também chamar a atenção para outros aspectos da vida e se reportar a assuntos que consideram essenciais para tocar na ferida da crise existencial pela qual passa o homem. Para tanto, vão estabelecer e transmitir simultaneamente a combinação integrada de importantes conceitos doutrinários, que serão a espinha dorsal da revela-ção espírita: a existência do espírito, a sobrevivência da alma após a morte do corpo físico, a pluralidade das existências ou reencarnação, a diversidade de mundos, a comunicação pela mediunidade entre espíritos encarnados e desencarnados e entre mundos, a Lei de Causa e Efeito e a evolução progres-siva dos seres e das formas. Esses conhecimentos formam uma síntese das principais informações espirituais reveladas no conjunto de todos os milênios da experiência humana, em vários momentos e diferentes contextos históricos, agora reunidos numa ordenação filosófica e científica. O alvo dessa mensagem é o homem contemporâneo, pós-moderno, cético e altamente influenciado pelo materialismo. Mas também é direcionada a uma parte da humanidade ainda sensível aos valores transcendentais. Era necessário, então, organizar todas as informações possíveis para propor uma tese atraente e intrigante; problematizar todos os dados em forma de antí-teses atrevidas e desafiadoras e depois elaborar conclusões lógicas sobre as mesmas. A ideia era chegar a uma síntese segura e irrecusável, que poderia ser traduzida com o seguin-te raciocínio do codificador: “Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.”

As proposições doutrinárias dos espíritos superiores vão funcionar não só como um desafio ao ceticismo do mundo científico convencional, mas também como um novo alicerce na reconstrução da religiosidade, fortemente abalada pelos ataques do materialismo e pela fraqueza das tradições dog-máticas. Esta era uma revelação mais simplificada e objetiva do que as anteriores, do ponto de vista intelectual, porém igualmente complexa no aspecto moral. Seu caráter científi-co deveria garantir que ela não seria confundida como uma nova religião institucionalizada, já que este era um assunto muito desgastado e sem crédito no século XIX.

Em comunicação direta a Rivail,1 no dia 12 de junho de 1856, os espíritos falam abertamente de suas intenções e da responsabilidade daquele que foi escolhido por eles para agir como instrumento intelectual encarnado. Ele não aceita, ainda, essa tarefa como característica de uma missão pessoal e questiona o Espírito de Verdade se realmente, é disso que se trata. A mensagem foi comentada em uma nota somente dez anos e meio depois de recebida, em 1867, e nela o codificador constata todas as previsões feitas pelo espírito comunicante.

– Bom espírito, eu desejaria saber o que pensais da missão que me foi designada por alguns espíritos. Peço-vos que me digais se foi uma prova para o meu amor-próprio. Tenho, sem dúvida, como sabeis, o maior desejo de contribuir para a propagação da Verdade, mas, do papel de simples obreiro

1 Obras Póstumas. Minha Iniciação no Espiritismo: Minha Missão.

para o de missionário-chefe, a distância é grande. E não posso ver como justificar, para mim, um favor dessa espécie, preterindo tantos outros que possuem talento e qualidades que não possuo.– Confirmo o que te foi dito, mas aconselho-te a maior discrição, se queres ser bem-sucedido. Saberás, mais tarde, coisas que te explicarão o que hoje te surpreende. Não te esqueças de que tanto poderás ter sucesso, como fracassar. Neste último caso, outro te substituiria, porque os desígnios de Deus não podem depender da cabeça de um homem. Por isso, nunca fales de tua missão, seria um meio de fazê--la malograr. Ela não pode ser justificada, senão depois de a obra concluída, e tu ainda nada fizeste. Se conseguires realizá-la, os homens, cedo ou tarde, saberão reconhecê-lo, porque é pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore.– Certamente não tenho a menor vontade de tirar partido de uma missão na qual mal posso acreditar. Se estou destinado a servir de instrumento para os desígnios da Providência, que ela de mim disponha. Neste caso, reclamo vossa assis-tência e a dos bons espíritos, para que me auxiliem e me sustentem em minha tarefa.– Nossa assistência não te será negada, mas será inútil se, de tua parte, não fizeres o que for necessário. Tens teu livre--arbítrio. Cabe a ti usá-lo como entenderes. Homem algum é fatalmente constrangido a fazer alguma coisa.– Quais as causas que poderiam fazer-me malograr? Será a insuficiência de minha capacidade?– Não, mas a missão dos reformadores é cheia de escolhos e perigos. A tua é rude, previno-te, pois terás que revirar e transformar o mundo inteiro. Não penses que te bastará publicar um livro, dois livros, dez livros e ficar tranqui-lamente em tua casa. Não! Terás que arriscar tua pessoa. Suscitarás ódios terríveis. Inimigos encarniçados conjurarão tua perda. Serás alvo da malevolência, da calúnia, da trai-ção, mesmo da parte daqueles que te parecerem os mais dedicados. Tuas melhores instruções serão desprezadas e deturpadas. Mais de uma vez serás vencido pela fadiga. Em suma, terás que sustentar uma luta quase constante com o sacrifício de teu repouso, de tua tranquilidade, de tua saúde e mesmo de tua vida, porque sem isso viverias mais tempo. Pois bem! Vários já recuaram, quando em meio de um caminho florido encontraram sob seus pés somente espinhos, pedras pontiagudas e serpentes. Para missões des-sas, não basta a inteligência. É preciso, primeiramente, para agradar a Deus, haver humildade, modéstia e desprendi-mento, porque Ele abate os orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens é preciso coragem, perseverança e uma firmeza inabalável. É preciso, também, prudência e tato para saber levar as coisas com propósito, sem comprometer-lhes o sucesso com medidas ou palavras intempestivas. É preciso, enfim, dedicação, abnegação e estar pronto para todos os sacrifícios.Vês que tua missão está subordinada a condições que dependem de ti.

Nova História do EspiritismoDalmo Duque dos Santos

Editora do ConhECimEnto

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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 7

Pai, acende a tua divina luz em torno de todos aqueles que olvidaram a bênção nas sombras da caminhada terrestre.

Ampara aos que esqueceram de re-partir o pão que lhes sobra na mesa farta.

Auxilia aos que não se envergonham de ostentar felicidade ao lado da penúria e do infortúnio.

Socorre aos que não se lembram de agradecer aos benfeitores que lhes apóiam a vida.

Compadece-te daqueles que dormi-ram nos pesadelos da delinqüência, trans-mitindo herança dolorosa aos que iniciam a jornada humana.

Levanta os que olvidaram a abnega-ção no serviço ao próximo.

Apieda-te do sábio que ocultou a in-teligência entre as quatro paredes do pa-raíso doméstico.

Desperta os que sonham com o do-mínio do mundo, desconhecendo que a existência no corpo físico é simples minu-to entre o berço e o túmulo, à frente da imortalidade.

Ergue os que caíram vencidos pelo excesso de conforto material. Corrige os que espalham a tristeza e o pessimismo. Perdoa aos que recusaram a oportunidade de pacificação e marcham disseminan-

do a revolta e a indisciplina. Intervém a favor de todos os que se acreditam detentores de fantasioso poder e

supõe loucamente absorver os juízos, condenando os próprios irmãos. Acorda as almas distraídas que envenenam o caminho alheio, com a agressão

espiritual dos gestos intempestivos. Estende paternas mãos a todos os que olvidaram a sentença da morte renovadora

da vida que a tua lei lhes gravou no corpo precário. Esclarece aos que se perderam nas sombras do ódio e da vingança, da ambição

desregrada e da impiedade fria, que se acreditam poderosos e livres quando não pas-sam de escravos dignos de compaixão diante de teus desígnios.

Eles todos, Pai, qual já sucedeu a tantos de nós, são delinqüentes que escapam aos tribunais da Terra, mas estão assinalados por tua justiça soberana e perfeita, por atos lamentáveis de deserção e indiferença, perante o Infinito Bem.

Assim Seja.Apostilas da Vida

André Luiz / Francisco Cândido XavierIDE - Instituto de Difusão Espírita

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8 Conhecendo a Doutrina Espírita

8. A ciência e a religião são as duas alavancas da inteligência humana. A primeira revela as leis do mundo material e a outra, as leis morais. No entan-to, tendo ambas o mesmo princípio, que é Deus, não podem se contradizer, pois se uma for a negação da outra, obrigatoriamente uma estará errada e a outra terá razão, já que Deus não pode querer destruir Sua própria obra. A incompatibilidade que acreditou-se haver entre essas duas correntes ideológicas se deve a um erro de observação e ao demasiado exclusivismo de ambas, desembocando no conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.

São chegados os tempos em que os ensinamentos de Jesus devem receber seu complemento; em que o véu lançado propositadamente sobre algumas partes desses ensinamentos deve ser levantado; em que a ci-ência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em consideração o aspecto espiritual; em que a religião deve reconhecer as leis orgânicas e imu-táveis da matéria. Então, essas duas forças, apoiando--se uma na outra, se ajudarão mutuamente. A religião, não sendo mais alvo do descrédito da ciência, adquiri-rá uma força inabalável, porque estará em conformi-dade com a razão e já não poderá opor-se a irresistível lógica dos fatos.

A ciência e a religião não conseguiram se enten-der até hoje porque, ao examinar as coisas cada uma sob seu ponto de vista exclusivo, rejeitavam-se mutu-amente. Era preciso algo para preencher o vazio que as separava; um traço-de-união que as aproximasse. Esse traço-de-união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo físico; leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. No momento em que essas relações foram constatadas pela experiência, surgiu então uma nova luz: a fé se dirigiu à razão; a razão nada encontrou de ilógico na fé e o materia-lismo foi derrotado.

Mas, como em tudo na vida, há aqueles que ficam para trás, até que, finalmente, são arrastados por um movimento geral que poderá esmagá-los se tentarem resistir, ao invés de acompanhá-lo. É o que se opera neste momento: toda uma revolução moral que trabalha e aprimora os espíritos, por mais de dezoito séculos, se aproxima de sua plena realização

e vai marcar uma nova era da humanidade. É fácil prever as consequências dessa revolução: nas relações sociais, ela deve produzir modificações inevitáveis que ninguém será capaz de impedir, pois fazem parte dos desígnios de Deus e são o resultado da Lei da Evolução, que é uma lei de Deus.

O Evangelho Segundo o EspiritismoAllan Kardec

Capítulo 1 “Não vim revogar a Lei”Editora do ConhECimEnto

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.