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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1 Questões dirigidas a São Luís, por intermé- dio do senhor C..., médium falante e vidente, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sessão do dia 12 de outubro de 1858. 1. Por que o homem que tem a firme intenção de se destruir, se revolta com a idéia de ser morto por um outro, e se defenderia contra os ataques no próprio momento em que vai cumprir seu desígnio? R. Porque o homem tem sempre medo da morte; quando se a dá a si mesmo, está superex- citado e tem a cabeça desarranjada, e cumpre esse ato sem coragem e medo, e sem, por assim dizer, ter o conhecimento do que faz, ao passo que, se tivesse a escolha, não veríeis tantos sui- cidas. O instinto do homem leva-o a defender a sua vida, e, durante o tempo que se escoa entre o instante que seu semelhante se aproxima para matá-lo e aquele no qual o ato é cometido, ele Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Conhecendo a Doutrina Espírita – 10 Estudos doutrinários do GEAEL GEAEL Problemas morais sobre o suicídio tem sempre um movimento de repulsão instintiva da morte que o leva a repelir esse fantasma, que não é apavorante senão para o Espírito culpado. O homem que se suicida não experimenta esse sentimento, porque está cercado de Espíritos que o impelem, que o ajudam em seus desejos, e lhe fazem perder completamente a lembrança do que não é ele, quer dizer, de seus parentes e daqueles que o amam, e de uma outra existência. O homem nesse momento é todo egoísmo. 2. Aquele que, desgostoso da vida, mas não quer suicidar-se e quer que sua morte sirva para alguma coisa, é culpável por procurá-la num campo de batalha, defendendo o seu país? R. Sempre. O homem deve seguir o impulso que lhe é dado; qualquer que seja a carreira que abrace, qualquer que seja a vida que conduza, está sempre assistido por Espíritos que o conduzem e o dirigem com o seu desconhecimento; ora, procurar ir contra os seus conselhos é um crime, uma vez que aí estão colocados para nos dirigir, e que esses bons Espíritos, quando queremos agir por nós mesmos, aí estão para nos aju- dar. Entretanto, se o homem conduzido por seu próprio Espírito, quer deixar esta vida, abandona-o, e reconhece sua falta mais tarde, quando se acha obrigado a recomeçar uma outra existência O homem deve ser pro- vado para se elevar; deter seus atos, por entrave ao seu livre arbítrio, seria ir contra Deus, e as provas, nesse caso, se tomariam inúteis, uma vez que os Espíritos não cometeriam faltas. O Espírito foi criado simples e igno- rante; é preciso, pois, para chegar às esferas felizes, que progrida, se eleve em ciência e em sabedoria, e não é senão na adversidade que o Espírito colhe sua elevação do coração e compreende melhor a grandeza de Deus. 3. Um dos assistentes observou que crê ver uma contradição entre essas últimas palavras de São Luís e as precedentes, quando disse que o homem pode ser levado ao suicídio por certos Espíritos que a isso o excitam. Nesse caso, cederia a um impulso que lhe seria estranho. R. Não há contradição. Quando eu disse que o homem impelido ao suicídio, estava cercado de Espíritos que o solicitavam a isso, não falei dos bons Espíritos que fazem todos os esforços para disso desviá-lo; deveria estar subentendido; todos sabemos que temos um Anjo guardião, ou, se preferis, um guia familiar. Ora, o homem tem seu livre arbítrio; se, apesar dos bons conselhos que lhe são dados, persevera nessa idéia que é um crime, ele a cumpre e é ajudado nisso pelos Espíritos levianos e impuros que o cercam, que ficam felizes em verem que ao homem, ou Espírito encarnado, também lhe falta coragem para seguir os conselhos de seu bom guia, e, frequentemente, do Espírito de seus parentes mortos que o cercam, sobretudo em circunstâncias semelhantes. Revista Espírita, novembro de 1858 Allan Kardec Edições FEB

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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1

Questões dirigidas a São Luís, por intermé-dio do senhor C..., médium falante e vidente, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sessão do dia 12 de outubro de 1858.

1. Por que o homem que tem a firme intenção de se destruir, se revolta com a idéia de ser morto por um outro, e se defenderia contra os ataques no próprio momento em que vai cumprir seu desígnio?

R. Porque o homem tem sempre medo da morte; quando se a dá a si mesmo, está superex-citado e tem a cabeça desarranjada, e cumpre esse ato sem coragem e medo, e sem, por assim dizer, ter o conhecimento do que faz, ao passo que, se tivesse a escolha, não veríeis tantos sui-cidas. O instinto do homem leva-o a defender a sua vida, e, durante o tempo que se escoa entre o instante que seu semelhante se aproxima para matá-lo e aquele no qual o ato é cometido, ele

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraConhecendo a Doutrina Espírita – 10

Estudos doutrinários do GEAELGEAEL

• Problemas morais sobre o suicídiotem sempre um movimento de repulsão instintiva da morte que o leva a repelir esse fantasma, que não é apavorante senão para o Espírito culpado. O homem que se suicida não experimenta esse sentimento, porque está cercado de Espíritos que o impelem, que o ajudam em seus desejos, e lhe fazem perder completamente a lembrança do que não é ele, quer dizer, de seus parentes e daqueles que o amam, e de uma outra existência. O homem nesse momento é todo egoísmo.

2. Aquele que, desgostoso da vida, mas não quer suicidar-se e quer que sua morte sirva para alguma coisa, é culpável por procurá-la num campo de batalha, defendendo o seu país?

R. Sempre. O homem deve seguir o impulso que lhe é dado; qualquer que seja a carreira que abrace, qualquer que seja a vida que conduza, está sempre assistido por Espíritos que o conduzem e o dirigem com o seu desconhecimento; ora, procurar ir contra os seus conselhos é um crime, uma vez que aí estão colocados para nos dirigir, e que esses bons Espíritos, quando queremos agir por nós mesmos, aí estão para nos aju-dar. Entretanto, se o homem conduzido por seu próprio Espírito, quer deixar esta vida, abandona-o, e reconhece sua falta mais tarde, quando se acha obrigado a recomeçar uma outra existência O homem deve ser pro-vado para se elevar; deter seus atos, por entrave ao seu livre arbítrio, seria ir contra Deus, e as provas, nesse caso, se tomariam inúteis, uma vez que os Espíritos não cometeriam faltas. O Espírito foi criado simples e igno-rante; é preciso, pois, para chegar às esferas felizes, que progrida, se eleve em ciência e em sabedoria, e não é senão na adversidade que o Espírito colhe sua elevação do coração e compreende melhor a grandeza de Deus.

3. Um dos assistentes observou que crê ver uma contradição entre essas últimas palavras de São Luís e as precedentes, quando disse que o homem pode ser levado ao suicídio por certos Espíritos que a isso o excitam. Nesse caso, cederia a um impulso que lhe seria estranho.

R. Não há contradição. Quando eu disse que o homem impelido ao suicídio, estava cercado de Espíritos que o solicitavam a isso, não falei dos bons Espíritos que fazem todos os esforços para disso desviá-lo; deveria estar subentendido; todos sabemos que temos um Anjo guardião, ou, se preferis, um guia familiar. Ora, o homem tem seu livre arbítrio; se, apesar dos bons conselhos que lhe são dados, persevera nessa idéia que é um crime, ele a cumpre e é ajudado nisso pelos Espíritos levianos e impuros que o cercam, que ficam felizes em verem que ao homem, ou Espírito encarnado, também lhe falta coragem para seguir os conselhos de seu bom guia, e, frequentemente, do Espírito de seus parentes mortos que o cercam, sobretudo em circunstâncias semelhantes.

Revista Espírita, novembro de 1858Allan KardecEdições FEB

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2 Conhecendo a Doutrina Espírita

PERgUNtA: — Como é visto no campo espiritual o problema do suicídio?

RAMATÍS: — Não podemos esquecer que a sementeira é livre, porém, a colheita obrigatória. Portanto, o suicídio pode ser interpretado ora como patológico, ora como desespero por causa da perda de bens materiais, ora como resultado de pai-xões insatisfeitas e, ora como punição a alguém. Em qualquer dos casos, continua sendo crime doloso e, consequentemente, sujeito às penalidades legais, começando por ter o suicida de encarnar novamente para completar o ciclo vivencial inter-rompido e, depois, outra reencarnação de risco para colher a sementeira de joio, saldando seu débito na contabilidade sideral, perdendo tempo e energia na sua evolução espiritual.

O suicida é um trânsfuga das responsabilidades por ele criadas. Fugindo do dever cármico, não só prolonga sua aspi-ração libertadora, como aumenta seu saldo negativo diante da Lei de Ação e Reação.

PERgUNtA: — Mesmo no caso das doenças mentais, como nas psicoses maníaco-depressivas, fase depressiva, ele ainda está sujeito às penas?

RAMATÍS: — Segundo critérios médicos simplificados, doenças podem ser: hereditárias, degenerativas e infecciosas. E as depressões mentais, de qualquer origem, são conside-radas, hoje, como geneticamente transmissíveis, e espiritual-mente, seriam deflagradas pela programação perispiritual, resultante do primarismo anímico do ser, ou de seus vícios, paixões, sentimentos impuros, ações dolorosas e, sobretudo, pelas agressões alcoólicas, tabagistas, substâncias eufori-zantes ou alucinatórias, que carregam a contextura sutil do perispírito de material denso e impróprio para sua futura ascensão angélica.

Jesus disse: “Vós sois deuses” e ninguém poderá alcançar a divindade, sem antes ter vestido o traje resplandecente e imaculado para as bodas eternas com o bem e o amor.

Assim, pode-se estacionar nos vales das trevas até por milênios, porém, a centelha divina de cada um procura a luz de onde veio para poder brilhar conforme sua destinação, desde o momento da própria individualização no seio do universo.

PERgUNtA: — gostaríamos que esclarecêsseis melhor sobre o suicídio por doença.

RAMATÍS: — Sempre há uma alteração mental nos casos de suicídio, não importando que essa alteração seja fruto de uma doença, como o câncer, ou de abusos de substân-cias psicoativas ou de qualquer outra causa exterior, porque o motivo fundamental está no perispírito por ser o registro da memória do indivíduo em suas vidas, desde o elétron ao homem. É o “akasha” dos mestres indianos, que poderíamos interpretar como sendo a memória de Deus manifestando-se na energia grosseira, a qual manda viver e evoluir sempre e não procurar a fictícia morte como a cessação da vida, pois, sabemos da sua inexistência no Universo. A morte é simples transformação da forma em energia, ou vice-versa.

Logo, qualquer que possa ser a razão do suicídio, ele somente terá retardado a evolução espiritual e, muitas vezes, nos casos de doentes terminais, há o malogro do resgate cár-mico, quando estava praticamente realizado, tendo o espírito, além de completar o tempo restante, ainda que retornar para nova experiência vivencial, porém, com o agravamento de sua dívida.

PERgUNtA: — Não constituiria um atenuante nos casos de suicídio, quando a noção de honra e dignidade leva a pessoa a ele, ou pela perda de seus bens?

RAMATÍS: — A grande Lei leva em consideração um til, ou uma vírgula, da ação humana e de sua motivação, e tudo é

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pesado e medido com exatidão. Assim, a honra e a dignidade humana são levadas em conta, como efeito de uma educação dentro dos padrões superiores da conduta humana; e, tam-bém, será observada e computada a quantidade da vaidade, do orgulho e de outros defeitos dos humanos. Tudo isso será adicionado à conta cármica para a próxima reencarnação; todavia, a nova experiência na matéria terá de ser feita em situações mais precárias.

Já a perda de bens materiais, como causa do auto--extermínio, é considerada um agravante e, logo, levará a um reajuste ainda mais penoso, porquanto o espírito encarnado nada tem e nada leva do universo da forma, a não ser o bem praticado, o amor desinteressado e a sabedoria adquirida. Isso tudo representa os tesouros do Céu; o resto são os bens ter-renos, que passaram a ser corroídos pela ferrugem do tempo.

PERgUNtA: — temos sabido de alguns casos em que jovens desiludidos por desenganos amorosos, ou por não aceitarem as restrições familiares, bem como cônjuges abandonados pelo outro, deixam uma comunicação, cul-pando algo ou alguém, como causa de seu suicídio. Isso pode ser considerado como motivo relevante ?

RAMATÍS: — Não. Lembramos sempre a diferença

entre a vida eterna e a momentânea. A primeira é a conse-quência de todo o acervo acumulado no perispírito, enquanto a segunda é o reflexo desse acúmulo no instante fugidio de uma existência terrena.

Sabe-se ser a ascensão espiritual produto do trabalho constante da razão humana para vencer impulsos instintivos animais e, portanto, casos de frustrações em nome de um pretenso amor, ou de uma paixão irrefreável, causar o ato irracional da própria morte, somente se demonstra o atraso da individualidade que necessita o devido corretivo pedagó-gico, na sublime escola da vida.

O mesmo poder-se-ia argumentar quanto aos adolescen-tes rebeldes, que se matam com a intenção de punir os pais, cujo único interesse é a felicidade deles, educando-os para que sejam cidadãos úteis e responsáveis na sociedade, onde terão de se integrar um dia.

PERgUNtA: — Dai-nos o julgamento superior, nos casos de suicídios induzidos pelo uso de drogas.

RAMATÍS: — Representam esses casos uma dupla transgressão: a eliminação do corpo físico, o escafandro do perispírito para sua manifestação terrena e a falta de higiene mental na preservação do cérebro orgânico, principal veículo da manifestação da essência na forma.

As drogas sempre foram usadas nos cultos antigos e hoje estão aí, podendo ser facilmente adquiridas, porém, muitos expe-rimentam e somente uma porcentagem torna-se dependente.

PERgUNtA: — O hábito alcoólico também leva a alte-rações mentais e, muitas vezes, ao suicídio e, como é um costume socialmente admitido, não seria a culpa da socie-dade e não do indivíduo?

RAMATÍS: — Se assim pensarmos, como alguns soció-logos, o indivíduo nunca terá qualquer culpa e julgaremos a sociedade como delinquente. Entretanto, segundo a antropo-logia, teria surgido primeiramente o homem, depois reunido em famílias nucleares, as quais formavam os grupos, que, reunidos, constituíram as tribos e, assim progressivamente, até alcançar o estágio social atual com a complexidade de todos conhecida.

A evolução natural do homem, como agente dos usos e costumes sociais, evidencia-se pelas próprias transformações dos agrupamentos humanos; é o homem doente que faz um ambiente doentio e, quando evoluir do egoísmo ao altruís-mo, ter-se-á uma sociedade mais justa e igualitária. Não é a modificação do meio que irá transformar o homem, como pregam certos doutrinadores socialistas, mas, o ser humano, quando aderir aos postulados da eterna sabedoria, encontrada nos ensinamentos dos grandes mestres espirituais. Não é o ambiente que faz o homem, porém, o homem é o agente trans-formador do ambiente, sob todos os aspectos.

Sob a Luz do EspiritismoRamatís / Hercílio Maes

Editora do ConhECimEnto

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4 Conhecendo a Doutrina Espírita

IX - Resumo e conclusãoEm resumo, os princípios que decorrem do Espiritismo,

princípios ensinados pelos Espíritos desencarnados – em muito melhor posição do que nós para discernir a verdade – são os seguintes:

Existência de Deus, inteligência diretriz, lei vivente, alma do universo, unidade suprema para onde se destinam e har-monizam todos os relacionamentos, foco imenso das perfei-ções de onde se irradiam e expandem ao infinito todas as potências morais: Justiça, Sabedoria e Amor!

Imortalidade da alma, essência espiritual que encerra, no estado de germe, todas as faculdades, todos os poderes; que está destinada a desenvolvê-los pelo seu trabalho, encarnan-do sobre mundos materiais, elevando-se por existências su-cessivas e inumeráveis, de degrau em degrau, até a perfeição.

Comunicação dos vivos e com os mortos; ação recíproca de uns sobre os outros: permanência das relações entre os dois mundos; solidariedade de todos os seres, idênticos na sua origem e nos seus fins, diferentes somente pela sua situ-ação transitória: uns no estado de Espírito, livres no espaço, os outros, revestidos de um envelope perecível, mas passando alternadamente de um estado ao outro, a morte não sendo se-não um período transitório entre duas existências terrestres.

Progresso infinito, justiça eterna, sanção moral; a alma, tendo liberdade nos seus atos é responsável, cria para si mes-ma seu porvir; segundo seu estado normal, os fluidos grossei-ros ou sutis que compõem o perispírito, e que têm sido atraí-dos para ela por seus hábitos e tendências; esses fluidos, sub-metidos à lei universal de atração e de gravidade, a arrastam para os globos inferiores, para os mundos de dor, onde ela sofre, expia, resgata o passado, ou para onde a matéria tem menos supremacia, onde reinam a harmonia e a felicidade. A alma, na sua vida superior e perfeita, colabora com Deus, forma os mundos, dirige suas evoluções, vigia o progresso das humanidades, o cumprimento das leis eternas.

Tais são os ensinamentos que o Espiritismo experimental nos traz. Não são outros que os do Cristianismo primitivo, de-sapegado das formas de culto material, despojado dos dogmas,

das falsas interpretações, dos erros, sob os quais o homem tem ocultado, mantido irreconhecível, a filosofia do Cristo.

A nova doutrina, revelando a existência de um mundo espiritual invisível, tão real e tão vivo quanto o nosso, abre horizontes ao pensamento humano diante dos quais hesita ainda, interdito, ofuscado. Mas as relações que esta revelação facilita entre os mortos e nós, as consolações, os encorajamen-tos que daí decorrem, a certeza de encontrar todos aqueles que acreditávamos perdidos para sempre, de receber deles os supremos ensinamentos, tudo isso constitui um conjunto de forças, de recursos morais que o homem não poderia desco-nhecer ou desdenhar sem perigo para ele.

Todavia, malgrado o alto valor desta doutrina, o homem deste século, profundamente cético, embotado com seus pre-conceitos, quase não teria dela feito sentido, se fatos não tives-sem vindo apoiá-la. Para atingir o espírito humano, superficial, indiferente, foram necessárias as manifestações materiais, rui-dosas. É por isso que, em 1850 e por diversos meios, móveis de todas as formas se balançavam, paredes retiniam golpes sonoros, corpos pesados se deslocavam contrariamente às leis físicas conhecidas; mas, após esta primeira fase grosseira, os fenômenos espíritas se tornaram cada vez mais inteligentes. Os fatos de ordem psíquica (do grego psickè, alma) sucede-ram-se às manifestações físicas, médiuns, escritores, oradores, sonâmbulos, curandeiros, se revelaram, recebendo, mecânica ou intuitivamente, inspirações cuja causa estava fora deles, aparições visíveis e tangíveis se produziam, e a existência dos Espíritos tornou-se incontestável para todos os observadores a quem não fascinava mais a opção tomada.

Assim apareceu para a humanidade a nova crença; apoiada de um lado sobre as tradições do passado, sobre a universalidade de princípios que se encontram na fonte de todas as religiões e da maioria das filosofias, de outro sobre inumeráveis testemunhos psicológicos, sobre fatos observa-dos em todos os países por homens de todas as condições.

Coisa notável, esta ciência, esta filosofia nova, simples e acessível a todos, livre de todo aparato ou forma de culto, esta ciência chega na hora em que os costumes se corrompem, os

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laços sociais se relaxam; em que o velho mundo erra à deriva, sem freio, sem ideal, sem lei moral, como um navio privado de governo flutuando ao sabor dos ventos.

Todo homem que observa e reflete não pode dissimular que a sociedade moderna atravessa uma crise ameaçadora. Uma profunda decomposição a corrói surdamente. O ódio que divide as classes, o engodo do lucro, o desejo dos go-zos, tornam-se a cada dia mais rudes, mais ardentes. Quer-se possuir a todo preço. Todos os meios são bons para adquirir o bem-estar, a fortuna, único objetivo que se julga digno da vida. Tais aspirações não podem produzir senão duas conse-quências: o egoísmo impiedoso entre os felizes, o desespero e a revolta entre os infortunados. A situação dos pequenos, dos humildes é dolorosa, e muito frequentemente, mergulhados em uma noite moral onde nenhuma consolação ilumina, são levados a procurar no suicídio o fim de seus males.

O espetáculo das desigualdades sociais, os sofrimentos de uns, em oposição às aparentes alegrias e a indiferença de outros, atiçam entre os deserdados ardentes cobiças. Daí en-tão a reivindicação de bens materiais se acentua. Basta que as massas interiorizadas se levantem, e o mundo estará perto de ser abalado por atrozes convulsões.

A ciência é impotente para conjurar o mal, recuperar caracteres, curar ferimentos dos combates da vida. Na reali-dade, em nossa época, quase que só existem ciências especia-lizadas em certos aspectos da natureza, reunindo fatos, tra-zendo ao espírito humano uma soma de conhecimentos que lhe é própria. Foi assim que as ciências físicas tornaram-se prodigiosamente enriquecidas após meio século, mas a essas construções esparsas faltam o laço de união e de harmonia. A ciência por excelência, aquela que da série de fatos remonta à causa que os produziram, que deve religar, unir essas di-versas ciências em uma grande e magnífica síntese, fazendo brotar uma concepção geral da vida, fixando nossos destinos, destacando uma lei moral, uma base de melhoria social, esta ciência universal, indispensável, ainda não existe.

Se as religiões agonizam, se a fé vigilante morreu, se a ci-ência está impotente para fornecer ao homem o ideal necessá-rio, para regulamentar sua marcha e melhorar as sociedades, ficaremos todos, então, sem esperança?

Não, porque uma doutrina de paz, fraternidade e pro-gresso se eleva sobre o mundo conturbado, vindo apaziguar os ódios selvagens, acalmar as paixões, ensinar a todos a soli-dariedade, o perdão e a bondade.

Ela oferece à ciência esta síntese, aguardada, sem a qual tudo permaneceria para sempre estéril. Triunfa da morte e, para adiante desta vida de provas e de males, abre ao espí-rito as perspectivas radiosas de um progresso sem limites na imortalidade.

Diz a todos: Venham a mim, eu os aquecerei, os consola-rei, tornarei suas vidas mais doces, a coragem e a paciência mais fáceis, as provas mais suportáveis. Aclararei com uma poderosa razão seus obscuros e tortuosos caminhos. Àqueles que sofrem darei a esperança; aos que buscam, darei a luz ; aos que duvidam e desesperam, darei a certeza e a fé.

Diz ainda: “Sejam irmãos, ajudem-se, socorram-se em sua marcha coletiva. Seus objetivos estão além desta vida material e transitória; será nesse porvir espiritual que vocês se reunirão como membros de uma só família, ao abrigo das preocupações, das necessidades e dos inúmeros males. Mere-çam-no então por seus esforços e seus trabalhos!”

A humanidade se erguerá grande e forte no dia em que esta doutrina, fonte infinita de consolações, for compreendida e aceita. Nesse dia, a inveja e a raiva se extinguirão no co-ração dos pequeninos; o poderoso, compreendendo que tem sido fraco, e que pode redimir-se, que sua riqueza é apenas um empréstimo do alto, tornar-se-á mais caridoso e mais doce com seus irmãos infelizes. A ciência, concluída, fecun-dada pela nova filosofia, verá cair diante dela as superstições e as trevas. Não mais ateus e céticos. Uma fé simples, grande, fraterna, se estenderá sobre as nações, fazendo cessar seus ressentimentos e suas rivalidades profundas. A Terra, liberta dos flagelos que a devoram, prosseguirá sua ascensão moral, elevar-se-á um degrau na escala dos mundos.

Após alguns anos, uma certa escola se esforçou em subs-tituir o dualismo da matéria e do espírito pela teoria da uni-dade de substância. Para ela a matéria e o espírito são estados diversos de uma só e mesma substância que, na sua evolução eterna, se afina, se depura, tornando-se inteligente e conscien-te. Sem abordar aqui a questão de fundo, que necessita de longos desenvolvimentos, é preciso reconhecer que a idéia que até agora se fazia da matéria estava errada. Graças às descobertas de Crookes, Becquerel, Curie, Lebon, a matéria nos aparece hoje sob estados muito sutis e, nesses estados, reveste-se de propriedades infinitamente variadas. Sua flexi-bilidade é extrema. A um certo grau de rarefação, transforma--se em energia. G. Lebon pode dizer, com aparente razão, que a matéria não é mais que a energia condensada e a energia, a matéria dissociada. Quanto a deduzir desses fatos que a energia inteligente, em um momento dado de sua evolução, torna-se consciente, é ainda uma hipótese. Para nós, há, entre o ser e o não ser, uma diferença de essência. Por outro lado, o monismo Haeckelien, recusando ao espírito humano uma vida independente do corpo e rejeitando toda noção de so-brevivência, termina logicamente nas mesmas consequências que o materialismo positivista e incorre nas mesmas críticas.

Léon DenisTraduzido por Paulo A. Ferreira

Agradecemos ao tradutor a disponibilidade do texto.

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6 Conhecendo a Doutrina Espírita

10º. Quer no mundo espiritual, quer no mundo corporal, o espírito sofre as consequências das suas imperfeições, todas as misérias, todas as vicissitudes que suportamos na vida corporal são consequências das nossas imperfeições, expia-ções de faltas cometidas, seja na existência presente, seja nas precedentes.

Pela natureza dos sofrimentos e das vicissitudes que se suportam na vida corporal, pode-se avaliar a natureza das faltas cometidas numa existência anterior, e as imperfeições que as originaram.

11º. A expiação varia segundo a natureza e a gravidade da falta; assim, a mesma falta pode ocasionar expiações dife-rentes, segunda as circunstâncias atenuantes ou agravantes em que for cometida.

12º. Quanto à natureza e à duração do castigo, não há uma regra absoluta e uniforme; a única lei geral é que toda falta tenha punição e toda boa ação sua recompensa, confor-me o seu valor.

13º. A duração do castigo está subordinada à melhoria do espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo deter-minado é pronunciada contra ele. O que Deus exige para pôr fim aos sofrimentos, é um melhoramento sério, efetivo, um retorno ao bem.

Assim, o espírito é sempre o árbitro da própria sorte; ele pode prolongar seus sofrimentos por sua obstinação no mal,

amenizá-los ou abreviá-los por seus esforços para praticar o bem.Uma condenação por tempo indeterminado teria o duplo

inconveniente, ou de continuar a mortificar o espírito que se teria melhorado, ou de cessar, quando ainda permanecesse no mal. Deus, que é justo, pune o mal enquanto existe; cessa de punir quando o mal deixou de existir;1 ou, se preferirmos, sendo por si mesmo uma causa de sofrimento, o sofrimento dura enquanto o mal subsiste; sua intensidade diminui à medida que o mal se atenua.

14º. Estando a duração do castigo subordinada à melho-ria, resulta daí que o espírito culpado que jamais se corrigisse sofreria sempre, e, para ele, a pena seria eterna.

15º. Uma condição inerente à inferioridade dos espíritos é não avistarem o fim da sua situação e acreditarem que sofrerão para sempre. É para eles um castigo que lhes parece deva ser eterno.2

16º. O arrependimento é o primeiro passo para a regeneração; mas só isso não basta, são necessárias ainda a expiação e a reparação.

Arrependimento, expiação e reparação são as três con-dições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.

O arrependimento ameniza as dores da expiação, por dar esperanças e preparar o caminho da reabilitação; mas só a reparação pode anular o efeito ao destruir-lhe a causa; assim, o perdão seria uma graça, não uma anulação.

17º. O arrependimento pode ocorrer em qualquer lugar e em qualquer tempo; se for tardio, o culpado sofre por mais tempo.

A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais, que são a consequência da falta cometida, quer desde a vida presente, quer depois da morte, na vida espiritual, quer em nova existência corpórea, até que os vestígios da falta tenham desaparecido.

A reparação consiste em fazer o bem àquele a quem se tenha prejudicado. Quem não repara seus erros nesta vida, por fraqueza ou má vontade, numa existência posterior vol-tará a entrar em contato com as mesmas pessoas que tiveram razões para queixar-se dele, e em condições escolhidas por ele, de modo a provar-lhes seu devotamento, e fazer-lhes tanto bem quanto o mal que lhes tenha feito.

Nem todas as faltas acarretam um prejuízo direto e efe-tivo; neste caso, a reparação se completou: fazendo-se o que se deveria fazer e não se fez, cumprindo-se os deveres que se negligenciou ou ignorou, as missões em que se fracassou; praticando o bem em oposição ao mal que se fez; isto é, 1 Ver, nesta obra, o cap. VI, no. 25, citação de Ezequiel.2 Perpétuo é sinônimo de eterno. Diz-se: o limite das neves perpétuas, as gelei-ras eternas dos polos; também se diz o secretário perpétuo da Academia, o que não quer dizer que o será perpetuamente, mas apenas por um tempo ilimitado. Eterno e perpétuo empregam-se, pois, no sentido de indeterminado. Nesta acepção, pode-se dizer que as penas são eternas, se se entende que elas não têm uma duração limitada; elas são eternas para o espírito, que não lhes vê o fim.

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tornando-se humilde quando se foi orgulhoso, amável quando se foi rude, caridoso quando se foi egoísta, bondoso quando se foi maldoso, trabalhador quando se foi preguiçoso, útil quando se foi inútil, moderado quando se foi libertino, dando bons exemplos quando os que se deu foram maus etc. É assim que o espírito progride, aproveitando-se do seu passado.3

18º. Os espíritos imperfeitos são excluídos dos mundos felizes, cuja harmonia perturbariam; ficam nos mundos inferiores, onde expiam suas faltas pelas tribula-ções da vida, purificando-se das suas imperfeições, até merecerem encarnar-se em mundos mais adiantados moral e fisicamente.

Se é possível conceber um lugar de castigo circunscrito, é nos mundos de expiação, porque é em torno dele que pululam os espíritos imperfeitos desencar-nados, à espera de uma nova existência que, ao permitir-lhes reparar o mal que fizeram, contribuirá para seu progresso.

19º. Como o espírito tem sempre seu livre-arbítrio, seu progresso é às vezes lento, e sua obstinação no mal é tenaz. Ele pode persistir anos e séculos nesse estado, mas sempre chega um momento em que sua teimosia em desafiar a justiça de Deus se curva diante do sofrimento, e em que, apesar da sua jactância, ele reco-nhece o poder superior que o domina. Desde que nele se manifestam os primeiros vislumbres de arrependimento, Deus lhe faz entrever a esperança.

Nenhum espírito está na situação de jamais progredir; caso contrário, estaria fatalmente destinado a uma eterna inferioridade e se subtrairia à lei do progresso que rege providencialmente todas as criaturas.

(continua)

O Céu e o InfernoAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

3 A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça que se pode considerar verdadeira lei de reabilitação moral dos espíritos. É uma doutrina que até agora nenhuma religião proclamou.Contudo, algumas pessoas a rejeitam porque acham mais cômodo poder anular suas más ações por um sim-ples arrependimento que não custa senão palavras e com o auxílio de algumas fórmulas; ninguém as impede de se julgarem quites: mais tarde verão se isso lhes bastou. Poderíamos perguntar-lhes se esse princípio não é consagrado pela lei humana, e se a justiça de Deus pode ser inferior à dos homens? Se elas se dariam por satisfeitas com um indivíduo que, tendo-as arruinado por abuso de confiança, se limitasse a dizer-lhes que lamenta muito? Por que recuariam diante de uma obrigação que todo homem honesto considera um dever, na medida das suas forças?Quando esta perspectiva de reparação for incutida na crença das massas, será um freio bem mais poderoso do que o inferno das penas eternas, porque ela diz respeito à atualidade da vida, e porque o homem com-preenderá a razão de ser das circunstâncias penosas em que se encontra.

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8 Conhecendo a Doutrina Espírita

1. Quando Jesus caminhava em direção ao povo, aproximou--Se Dele um homem que se lançou aos Seus pés, dizendo-Lhe: “Senhor, tem piedade de meu filho, que é lunático e sofre muito, pois ora cai no fogo, ora cai na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo”. Então, Jesus respondeu: “Ó geração incrédula e perversa! Até quando deverei estar convosco? Até quando vos tolerarei? Trazei-me aqui essa criança”. E, ameaçando o demônio, expulsou-o da criança, que foi curada no mesmo instante. Então, os discí-pulos vieram ter com Jesus, em particular, e Lhe disseram: “Por que não pudemos, nós outros, expulsar o demônio?”. E Jesus lhes respondeu: “Por causa da vossa falta de fé, pois, em verdade, ainda que tivésseis uma fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: ‘Passa daqui para lá’, e ela para lá se transportaria, e nada vos seria impossí-vel”. (Mateus, 17:14-20).

2. Em sentido literal, é certo que a confiança em nos-sas próprias forças nos torna capazes de executar coisas materiais que não podemos fazer quando duvidamos de nós mesmos. Mas, aqui, deve-se entender as palavras de Jesus somente no sentido moral. As montanhas que a fé remove são as dificuldades, as resistências e a má vontade, que se encontram entre os homens, mesmo quando se trata das melhores coisas. Os preconceitos rotineiros, o interesse ma-terial, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgu-lhosas são como as montanhas que barram o caminho de todo aquele que trabalha para o progresso da humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem com que se vençam os obstáculos, tanto nas pequenas coisas quanto nas grandes. Já a fé vacilante traz a incerteza e a hesitação, das quais se aproveitam os adversários que queremos combater. Ela não procura os meios para vencer, pois não acredita na possibilidade da vitória.

3. Num outro sentido, dá-se o nome de fé à confiança que se tem na realização de uma coisa, à certeza de atingir-se um objetivo. Ela dá uma espécie de lucidez que permite ver, em pensamento, os fins visados e os meios para alcançá-lo, de maneira que quem a possui caminha absolutamente seguro. Tanto num como noutro caso, ela pode levar à realização de coisas grandiosas.

A fé sincera e verdadeira é sempre calma: ela proporciona a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de que atingirá o seu objetivo. A fé vacilante percebe sua própria fra-queza: quando é estimulada pelo interesse, se enfurece e acha que pode substituir a força pela violência, que, ao contrário, é uma prova de fraqueza e de falta de confiança em si mesmo.

4. Devemos ter cuidado para não confundir fé com pre-sunção. A verdadeira fé se alia à humildade. Aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si mes-mo; sabe que, sendo um simples instrumento da vontade de Deus, nada pode sem Ele. É por isso que os bons espíritos

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

vêm em seu auxílio. A presunção é mais orgulho do que fé, e o orgulho é sempre punido, cedo ou tarde, pela decepção e pelas perdas que lhe são impostos.

5. O poder da fé é demonstrado direta e especialmente no magnetismo. Através dele, o homem age sobre o fluido universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá um impulso, por assim dizer, invencível. Eis por que aquele que, a um grande poder fluídico normal, juntar uma fé ardente, pode, pela simples vontade dirigida para o bem, operar fenômenos extraordinários de cura, além de outros mais, que outrora eram tidos como prodígios, mas que, na verdade, são apenas o efeito de uma lei natural. Essa é a razão pela qual Jesus disse aos Seus apóstolos: “Se não o curastes, é porque não tínheis fé”.