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7/23/2019 Geografia e Historia de Goias http://slidepdf.com/reader/full/geografia-e-historia-de-goias 1/15 Geografia e História de Goiás 1 [email protected] ALVO Curso Preparatório EXPANSÃO TERRITORIAL BRASILEIRA E A ECONOMIA DO OURO EM GOIÁS ENTRADAS E BANDEIRAS  A bandeira era uma expedição organizada militarmente, e também uma espécie de sociedade comercial por cotas de participação. Cada um dos participantes entrava com uma parcela do capital, que consistia ordinariamente, em certo número de escravos (negros ou índios), animais, armamentos e provisões. A bandeira tinha caráter oficial, pois dependia da aprovação do rei que instituía uma contrato entre a coroa e o bandeirante, bem como um regimento, deliberando sobre suas atribuições e objetivos que, geralmente, era a procura de metais preciosos e outros achados, além do apresamento de índios para serem vendidos como escravos. Diferentemente das bandeiras, as chamadas entradas não possuíam caráter oficial, eram organizadas por aventureiros com os mesmos objetivos da bandeira, mas sem prévia autorização real, contrato e regimento. AS PRIMEIRAS BANDEIRAS No primeiro século da colonização do Brasil, diversas expedições, “entradas, descidas”, percorreram parte do território do atual Estado de Goiás, organizadas principalmente na Bahia. De início seguiam em canoas o curso dos rios: Paranaíba, Tocantins, Araguaia, até voltar pelo Tietê a São Paulo. Naquele tempo, sem pressa uma viagem dessas podia demorar dois ou três anos. Mais tarde, depois de 1630, introduziu-se o uso de muares e as bandeiras preferiram a viagem por terra.  A primeira bandeira que partindo de São Paulo, possivelmente chegou até os sertões de Goiás no leste do Tocantins, foi a de Antônio Macedo e Domingos Luís Grau (1590-1593). Outro de tipo de expedição era a “descida” dos jesuítas do Pará. Os jesuítas tinham criado na Amazônia um sistema bem estruturado de aldeias de aculturação indígena, as chamadas missões jesuíticas, e vinham para tentar catequizar os índios do Brasil Central, não aqui em Goiás, mas tentando fazer com que os indígenas migrassem para suas missões. Portanto, nem bandeirantes nem jesuítas vinham para fixar-se em Goiás. Levavam índios goianos para o sul e para o norte, traçavam roteiros para mostrar o caminho, mas não vinham a Goiás para criar povoações. DESCOBRIMENTO DE GOIÁS Goiás permaneceu esquecido nos primeiros séculos da colonização. Parte do território goiano pertencia aos espanhóis pelo tratado de Tordesilhas. Só apareceu efetivamente no cenário da colonização portuguesa quando da descoberta de regiões auríferas. É comum dizer que o descobridor de Goiás foi Bartolomeu Bueno da Silva Filho , o Anhanguera. Isto não significa que ele tenha sido o primeiro a chegar nestas terras, mas sim que ele foi o primeiro a vir para Goiás com a intenção de fixar aqui. Isso se deu dentro da conjuntura da descoberta do ouro nesta região, inserindo Goiás no quadro de apogeu da economia mineradora. Bartolomeu Bueno da Silva Filho, experiente sertanista, e seu genro João Leite da Silva Ortiz, foram os principais financiadores da bandeira que descobriu o ouro nas imediações da Serra Dourada. A bandeira saiu de São Paulo a 3 de julho de 1722, com cerca de quinhentos homens entre mestiços, índios e brancos, dois religiosos, trinta e nove cavalos, cento e cinquenta armas. O caminho  já não era tão difícil como nos primeiro tempos. Até o rio Grande era bem conhecido dos paulistas, com alguns moradores e com roças. Para além, o Anhanguera dizia possuir um roteiro. Porém a bandeira ainda que vitoriosa, encontrou inúmeras dificuldades em algumas regiões semidesérticas do cerrado do Brasil Central e muitos dos componentes da bandeira acabaram morrendo de fome. Os sobreviventes, segundo o relato alferes José Peixoto da Silva Braga, participante que acabou desistindo e desertando da bandeira, precisaram comer macacos, os cachorros e alguns cavalos para conseguir escapar à fome. O Anhanguera era um homem obstinado, disse que preferia a morte a voltar fracassado. No fim acabou conquistando o seu objetivo. Numa das voltas da bandeira, quando já lhe restavam poucos companheiros; que os outros já haviam morrido de fome, doença ou em conflitos com índios hostis, descobriu ouro nas cabeceiras do Rio Vermelho, na atual região da cidade de Goiás. Em 1725, portanto três anos após sua saída, os sobreviventes retornam a São Paulo propagando que haviam encontrado córregos auríferos na cabeceira do Rio Vermelho, na terra dos índios Goyazes, situada na base da Serra Dourada. Goiás passou ser conhecida como Minas dos Goyazes. O Anhanguera retorna a Goiás na função de superintendente de minas, fundando o Arraial de Sant´Anna em 1727, posteriormente denominada Vila Boa de Goyaz, vindo a ser a primeira capital da Província de Goiás. O POVOAMENTO DE GOIÁS Pelos registros da capitação, sabemos que nove anos depois de fundado o Arraial de Sant´Anna, já havia em Goiás 10.263 escravos. O povoamento determinado pela mineração do ouro é um povoamento muito irregular e mais instável, sem nenhum planejamento e sem nenhuma ordem. Onde aparece o ouro, ali surge uma povoação, quando o ouro se esgota, os mineiros mudam-se para outro lugar e a povoação definha ou desaparece. Três regiões foram povoadas desta forma durante o século XVIII com relativa densidade, são elas:

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EXPANSÃO TERRITORIAL BRASILEIRA E A ECONOMIADO OURO EM GOIÁS

ENTRADAS E BANDEIRAS

 A bandeira era uma expedição organizada militarmente, e

também uma espécie de sociedade comercial por cotas departicipação. Cada um dos participantes entrava com umaparcela do capital, que consistia ordinariamente, em certonúmero de escravos (negros ou índios), animais,armamentos e provisões. A bandeira tinha caráter oficial,pois dependia da aprovação do rei que instituía umacontrato entre a coroa e o bandeirante, bem como umregimento, deliberando sobre suas atribuições e objetivosque, geralmente, era a procura de metais preciosos eoutros achados, além do apresamento de índios paraserem vendidos como escravos.

Diferentemente das bandeiras, as chamadas entradas nãopossuíam caráter oficial, eram organizadas poraventureiros com os mesmos objetivos da bandeira, massem prévia autorização real, contrato e regimento.

AS PRIMEIRAS BANDEIRAS

No primeiro século da colonização do Brasil, diversasexpedições, “entradas, descidas”, percorreram parte do

território do atual Estado de Goiás, organizadasprincipalmente na Bahia. De início seguiam em canoas o

curso dos rios: Paranaíba, Tocantins, Araguaia, até voltarpelo Tietê a São Paulo. Naquele tempo, sem pressa umaviagem dessas podia demorar dois ou três anos. Maistarde, depois de 1630, introduziu-se o uso de muares e asbandeiras preferiram a viagem por terra.

 A primeira bandeira que partindo de São Paulo,possivelmente chegou até os sertões de Goiás no leste doTocantins, foi a de Antônio Macedo e Domingos Luís Grau(1590-1593).

Outro de tipo de expedição era a “descida” dos jesuítas do

Pará. Os jesuítas tinham criado na Amazônia um sistema

bem estruturado de aldeias de aculturação indígena, aschamadas missões jesuíticas, e vinham para tentarcatequizar os índios do Brasil Central, não aqui em Goiás,mas tentando fazer com que os indígenas migrassem parasuas missões. Portanto, nem bandeirantes nem jesuítasvinham para fixar-se em Goiás. Levavam índios goianospara o sul e para o norte, traçavam roteiros para mostrar ocaminho, mas não vinham a Goiás para criar povoações.

DESCOBRIMENTO DE GOIÁS

Goiás permaneceu esquecido nos primeiros séculos dacolonização. Parte do território goiano pertencia aosespanhóis pelo tratado de Tordesilhas. Só apareceuefetivamente no cenário da colonização portuguesaquando da descoberta de regiões auríferas. É comum dizerque o descobridor de Goiás foi Bartolomeu Bueno da SilvaFilho , o Anhanguera. Isto não significa que ele tenha sido

o primeiro a chegar nestas terras, mas sim que ele foi oprimeiro a vir para Goiás com a intenção de fixar aqui. Issose deu dentro da conjuntura da descoberta do ouro nestaregião, inserindo Goiás no quadro de apogeu da economiamineradora.

Bartolomeu Bueno da Silva Filho, experiente sertanista, e

seu genro João Leite da Silva Ortiz, foram os principaisfinanciadores da bandeira que descobriu o ouro nasimediações da Serra Dourada. A bandeira saiu de SãoPaulo a 3 de julho de 1722, com cerca de quinhentoshomens entre mestiços, índios e brancos, dois religiosos,trinta e nove cavalos, cento e cinquenta armas. O caminho já não era tão difícil como nos primeiro tempos. Até o rioGrande era bem conhecido dos paulistas, com algunsmoradores e com roças. Para além, o Anhanguera diziapossuir um roteiro.

Porém a bandeira ainda que vitoriosa, encontrou inúmeras

dificuldades em algumas regiões semidesérticas docerrado do Brasil Central e muitos dos componentes dabandeira acabaram morrendo de fome. Os sobreviventes,segundo o relato alferes José Peixoto da Silva Braga,participante que acabou desistindo e desertando dabandeira, precisaram comer macacos, os cachorros ealguns cavalos para conseguir escapar à fome.

O Anhanguera era um homem obstinado, disse quepreferia a morte a voltar fracassado. No fim acabouconquistando o seu objetivo. Numa das voltas da bandeira,quando já lhe restavam poucos companheiros; que osoutros já haviam morrido de fome, doença ou em conflitos

com índios hostis, descobriu ouro nas cabeceiras do RioVermelho, na atual região da cidade de Goiás.

Em 1725, portanto três anos após sua saída, ossobreviventes retornam a São Paulo propagando quehaviam encontrado córregos auríferos na cabeceira do RioVermelho, na terra dos índios Goyazes, situada na base daSerra Dourada. Goiás passou ser conhecida como Minasdos Goyazes.

O Anhanguera retorna a Goiás na função desuperintendente de minas, fundando o Arraial deSant´Anna em 1727, posteriormente denominada Vila Boa

de Goyaz, vindo a ser a primeira capital da Província deGoiás.

O POVOAMENTO DE GOIÁS

Pelos registros da capitação, sabemos que nove anosdepois de fundado o Arraial de Sant´Anna, já havia emGoiás 10.263 escravos. O povoamento determinado pelamineração do ouro é um povoamento muito irregular emais instável, sem nenhum planejamento e sem nenhumaordem. Onde aparece o ouro, ali surge uma povoação,quando o ouro se esgota, os mineiros mudam-se para

outro lugar e a povoação definha ou desaparece.

Três regiões foram povoadas desta forma durante o séculoXVIII com relativa densidade, são elas:

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 A primeira no Centro-Sul, com uma série desconexa dearraiais no caminho de São Paulo ou nas proximidades;Santa Luzia (Luziânia), Meia Ponte (Pirenópolis), Jaraguá,Vila Boa e arraiais vizinhos.

 A segunda na região do Tocantins; no alto do Tocantins ouMaranhão; Traíras, Água Quente, São José (Niquelândia),

Santa Rita, Muquém, entre outras.

E por fim a região mais ao norte da capitania, abrangendouma extensa zona entre o rio Tocantins e os chapadõesdos limites com a Bahia: Cavalcante-GO, Arraias  –TO,Natividade-TO, São José Duro (Dianápolis-TO), Porto Real(Porto Nacional-TO), São Felix.

Em 1731, Manuel Rodrigues Tomás descobriu ricas jazidas na Serra dos Pirineus junto ao Rio das Almas. Alifundou o Arraial de Meia Ponte, que mais tarde se tornouPirenópolis. Esta região disputou com Vila Boa o poderpolítico da futura capitania.

A INSERÇÃO DE GOIÁS NO SISTEMA COLONIAL

 A descoberta de ouro no Brasil a partir do final do séculoXVII, fez com que sua exploração se colocasse como aprioridade da administração colonial. Toda atenção eradada às regiões mineradoras a fim de que pudessemextrair ao máximo sua riqueza, garantindo os lucros dacora portuguesa. Goiás que inicialmente pertencia àcapitania de São Paulo, sendo administrada porBartolomeu Bueno da Silva Filho  –  Superintendente deMinas, foi elevada a condição de capitania em 1744, sendo

que em 1749, foi nomeado seu primeiro governador pelogoverno português, D. Marcos Noronha  –  o Conde dos Arcos.

Cabia ao governador a aplicação das leis e o comando doexército, composto pela Companhia dos Dragões, a qualera auxiliada pela companhia de pedestres, com a funçãode vigilância e proteção. A justiça fica a cargo do Ouvidor,e a arrecadação de impostos competia ao Intendente dasMinas.

 As regiões de Vila Boa e Meia Ponte foram as maisabundantes em ouro, que eram encontrados em veios

d´água (regatos) e bancos de areia e no cascalho ralo.

O trabalho escravo era a base da economia mineradora, ea exploração das lavras seguia as normas do DireitoPortuguês que considerava todos os produtos da colôniacomo propriedade do Rei, Direito Senhorial. Cabia ao Reiceder a particulares o direito de exploração, mediante opagamento do “quinto”, imposto cobrado pela coroa. Além

do quinto, outra forma de cobrança de impostosdenominada “capitação”, também foi imposta nas regiões

mineradoras. Este tipo de cobrança provocou protestospois era pago a partir do número de escravos e não peloque se produzia. Havia ainda as “Entradas”, que era o

imposto cobrado sobre a circulação das mercadorias. O“Dízimo” era pago à igreja para a manutenção das

missões, este imposto referia-se aos ganhos na produçãoagrícola.

Os cargos públicos eram vendidos a particulares por umcerto período.

Para garantir a arrecadação dos impostos sobre o ouroextraído, foram criadas as casas de fundição, querecebiam todo o ouro extraído das minas. O ouro erafundido em barras, já descontando o quinto, e saiam da

casa de fundição com o carimbo da Coroa e a guia deexportação. Mesmo com estes cuidados estima-se que 1/3de todo o ouro extraído em Goiás tenha sidocontrabandeado.

 A maioria da população nas regiões auríferas eracomposta por escravos. Mas era composta também poreuropeus, indígenas, mestiços. As principais tribosindígenas que habitavam a região, foram violentamenteatacadas. Os índios eram mortos, ou presos, neste casoobrigado também ao trabalho escravo. A produção agrícoladurante o período da mineração era de suporte,

produzindo milho, mandioca, arroz, algodão e cana.Produtos como ferro, sal, pólvora, tecidos, vinham de SãoPaulo e eram comercializados nos entrepostos comerciaisou vendidos pelos mascates.

O ESGOTAMENTO DAS MINAS E NOVACONFIGURAÇÃO DA CAPITANIA

O ciclo do ouro em Goiás durou pouco. Cinquenta anosapós o início da exploração comandada pelo Anhanguera,a produção de ouro em Goiás começa a diminuirsignificativamente. Já no final do século XVIII, a atividademineradora dava sinais de seu esgotamento. As minas que

em meados do século estavam produzindo em média 15arrobas/ano, passaram a produzir em média 5 arrobas/anono final do século.

 A decadência da mineração provocou uma dispersão dapopulação das regiões auríferas. Algumas até mesmoforam completamente abandonadas. Isso não significadizer que necessariamente Goiás tenha entrado emdecadência, mas sim, houve um redirecionamento dasatividades mineradoras para a pecuária. Esta atividade,ainda que de forma lenta e gradual, possibilitou a fixaçãodo homem a terra, e assim garantiu que minimamente semantivesse a atividade econômica na capitania de Goiás.Grandes fazendas produziam para a subsistência, e aindacomercializam o excedente, constituindo um mercadointerno.

Dentre os principais fatores que contribuíram para odesenvolvimento da pecuária em Goiás estão:

a) Imensas áreas devolutas e com pastagensnativas;

b) A pecuária exigia pouca mão-de-obra;c) Não exigia grandes investimentos, uma vez que a

expansão do rebanho se faz naturalmente pelo

seu processo de reprodução;d) O gado era uma mercadoria que transportava a simesmo, o que já era uma grande vantagem, poisnão contavam com boas vias de acesso aosprincipais mercados do país.

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 A pecuária se consolidou como a principal atividadeeconômica da Província em meados do século XIX, porémsua incapacidade de gerar excedentes econômicos, fezcom que Goiás permanecesse de certa forma isoladopoliticamente e economicamente.

 As condições socioeconômicas do Brasil não

possibilitaram uma ação administrativa satisfatória emGoiás durante o século XIX. A política goiana era dirigidapor presidentes impostos pelo poder central. Eram eles delivre escolha do poder central, sem vínculos familiares àterra, descontentando os políticos locais. Somente no finaldo século é que a política goiana começa a adquiri suaspróprias feições. Do ponto de vista cultural, Goiás não teveprodução significativa neste período.

A INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS

 Assim como no restante do Brasil, o processo de

independência se deu de forma gradativa. A formação de juntas administrativas, que representam um dos primeirospassos nesse sentido, deram oportunidades às disputaspelo poder entre grupos locais. A independência do Brasilem 1822 gerou as primeiras eleições provinciais, masconfirmou também, que Goiás continuaria subordinado aopoder moderador e aos ministérios.

Sob o argumento do isolamento em relação a capital daProvíncia, em 1821, ocorreu na região norte um levanteseparatista que chegou a estabelecer em Cavalcante umgoverno provisório para a Província do Tocantins. Doponto de vista econômico o norte goiano se relacionava

mais com o norte e nordeste do país do que com o sul.

O surgimento da imprensa escrita em Goiás, colabora paraa divulgação dos ideais políticos das elites locais. Oprimeiro jornal de Goiás Matutina Meiapontense, foifundado em 1830 no Arraial de Meia Ponte. Sendo em1834 fundado o Correio de Goyaz .

Nas últimas décadas do século XIX, grupos locaismanifestaram-se insatisfeitos com a administração,responsabilizaram os Presidentes “estrangeiros” pelo

grande atraso de Goiás, e passaram a lutar pelonascimento de uma consciência política. Na busca pelo

comando dos destinos da Província, as elites locaisfundaram partidos políticos, o Liberal em 1878, e oConservador em 1882. Só então começam a despontarfortes grupos políticos, lançando as bases para o que viriaserem as futuras oligarquias goianas.

O ano de 1846 marca a fundação da primeira escolapública da Província de Goiás, o Lyceu de Goiás. Sendocriado no ano de 1898 a primeira Faculdade de Direito, naépoca chamado de curso jurídico.

A REPÚBLICA VELHA E O CORONELISMO EM GOIÁS

Goiás acompanhou os movimentos liberais que seformaram no Brasil durante o século XIX. A abolição nãoafetou a vida econômica da Província. A transformação doregime monárquico em republicano ocorreu sem grandesdificuldades. A proclamação da República se deu devido à

aliança dos Coronéis do café com os militares do exército,na tentativa de se criar um regime fundado na “soberania

popular”. Tal projeto era o defendido pelos cafeicultores

paulistas e pelo Partido Republicano Paulista (PRP). Osrepublicanos paulistas fundados no positivismo,condenavam a monarquia e defendiam a ideia de umgoverno forte e centralizado, sustentada pelos coronéis docafé, aliada a mentalidade militar autoritária a serviço dapátria.

Em Goiás, os efeitos do 15 de novembro, prenderam-se àsquestões administrativas e políticas. Os fatoressocioeconômicos e culturais não foram alterados. O libertocontinuou flutuante caminhando para a marginalidadesocial; as elites dominantes continuaram as mesmas; nãoocorreu imigração europeia; os latifúndios improdutivos;áreas imensas por povoar e explorar; pecuária eagricultura deficitárias; educação em estado embrionário; opovo esquecido em suas necessidades.

Com mais autonomia para agir no sistema republicano, aorganização do poder em Goiás decorreu da conjunturapolítica, econômica e social e dos grupos envolvidos napolítica estadual, que se sustentaram na autoridade doCoronel, que se torna uma das figuras básicas para amanutenção da política no período republicano,perpetuando o privilégio de poucos.

AS ELITES DOMINANTES NA REPÚBLICA VELHA1989-1930

Família Fleury

Família Bulhões (1878-1901/1909-1912)

Família Xavier de Almeida (1901-1909)

Família Caiado (1909-1930)

Com o Marechal de Ferro (Floriano Peixoto 1891-1894) nopoder central, os Bulhões consolidaram seu domínio napolítica de Goiás. O principal líder desta oligarquia foi JoséLeopoldo de Bulhões, que ocupou vários cargos federais,entre eles o de Ministro da Fazenda e Presidente do Bancodo Brasil. No entanto em 1909, em decorrência de uma

crise instalada na administração estadual, Goiás vive umclima de intranquilidade política, com o poder sendodisputado a força entre grupos do sul e do norte,desaguando numa revolução em 1909.

Desta luta saíram vitoriosos mais uma vez os Bulhões,contando com o apoio do Coronel Eugenio Jardim e Antônio Ramos Caiado, que posteriormente , se tornaramforte politicamente até a nível nacional. No entantodesentendimentos entre os Bulhões e dos Caiados, e oapoio recebido por este pelo então Presidente Hermes daFonseca (1910-1914), levaram da derrocada os Bulhões epossibilitou aos Jardim Caiado o domínio político de Goiás.

Com a morte do Coronel Eugenio Jardim, Antônio RamosCaiado (Totó Caiado) tornou-se o verdadeiro chefe políticodo Estado, sendo afastado somente quando com aRevolução de 30, assume como interventor em Goiás seuoposicionista, o médico Pedro Ludovico Teixeira.

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 As três primeiras décadas do século XX não modificaramsubstancialmente a situação que Goiás vivia. Continuava aser um Estado isolado, pouco povoado, quaseintegralmente rural. Inexistia uma classe de pequenosproprietários. Em todo o Estado o que se tinha eramgrandes propriedades em mão de poucas famíliasaparentadas entre si. Dentro destas propriedades,trabalhavam e viviam seus dependentes e sitiantes,vaqueiros, meeiros, camaradas, jagunços, etc., numsistema patriarcal herdado do período colonial. Trabalharpara alguém significava um laço pessoal, de confiançamútua e de dependência.

A REVOLUÇÃO DE 30 E A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA

 A Revolução de 30, embora sem raízes próprias em Goiás,teve uma significação profunda para o Estado. É o marcode uma nova etapa histórica. Esta transformação não seoperou imediatamente no campo social, mas no campo

político. O governo passou a propor como objetivoprimordial o desenvolvimento do Estado. O marco para anova fase foi a construção de Goiânia, que mobilizou muitaenergia para projetar Goiás no cenário nacional. Aparticipação de Goiás na Revolução se deu na açãopolítica do Dr. Pedro Ludovico Teixeira, que durante anoslutou contra a oligarquia caiadista a partir da cidade de RioVerde, e se articulou com os revolucionários de MinasGerais.

Com Getúlio Vargas oficialmente no poder, Pedro Ludovicoé nomeado interventor em Goiás, permanecendo no poderpolítico goiano até 1969 quando teve seus direitos políticos

cassados pela ditadura militar.

Em 24 de outubro de 1933, ocorreu o lançamento da pedrafundamental para a construção de Goiânia, que avançourapidamente. A 7 de novembro de 1935 realizou-se atransferência provisória da capital. Permanecendo aindana cidade de Goiás a Câmara e o Judiciário. A mudançadefinitiva se deu em 1937.

Em 1935, Pedro Ludovico passou a exercerconstitucionalmente o cargo de governador,permanecendo nesta condição até o golpe do Estado Novoem 1937, passando novamente a ser interventor federalaté a queda de Getúlio Vargas em 1945. Pedro Ludovicovolta novamente ao governo do Estado em 1951/54, destavez eleito pelo voto.

O GOVERNO DE JERONYMO COIMBRA BUENO (1947-1950)

Coimbra Bueno, engenheiro que dirigiu a execução dasobras civis na construção de Goiânia, foi o primeirogovernador goiano eleito pelo voto universal (masculino efeminino) direto em Goiás. No seu governo houve grandeincremento na produção agrícola e animal.

O GOVERNO PEDRO LUDOVICO TEIXEIRA (1951-1954)

Na sua volta ao governo do Estado, Pedro Ludovico deuatenção especial a dois setores: energia elétrica erodovias. Política de eletrificação  –  CELG, construção da

Usina Rochedo, criação do Banco do Estado de Goiás(BEG) e a participação na construção da rodoviaTransbrasiliana, finalizada no governo JK.

O GOVERNO JUCA LUDOVICO (1955-1958)

Ex-secretário da Fazenda de Pedro Ludovico Este governoinvestiu na construção de rodovias, iniciou a construção do Aeroporto de Goiânia, ampliou o serviço telefônico noEstado, ampliou a CELG e iniciou a construção da usinade Cachoeira Dourada. Lutou pela transferência da capitalfederal, agilizando a desapropriação das terras do atualDistrito Federal..

O GOVERNO JOSÉ FELICIANO FERREIRA (1959-1960)

Teve seu governo marcado pelo apoio a construção deBrasília, atuando na expansão e pavimentação derodovias, na expansão do setor elétrico e ampliando o

número de professores na rede pública de ensino.

O GOVERNO MAURO BORGES (1961-1964)

Filho de Pedro Ludovico, Mauro Borges teve seu governofortemente inspirado no plano de metas de JK, assumindoum compromisso com o desenvolvimento econômico esocial do Estado. Foi o primeiro governo tecnicamenteplanejado com base em estudos sobre o potencial doEstado e suas carências.

No seu governo foram criadas várias empresas estataispara suprir a carência de investimentos privados em Goiás.

° Cotelgo (Telegoiás)

° Metago (Minérios)

° Iquego (Medicamentos)

° Casego (Armazenamento agrícola)

° Crisa (Rodovias e Estradas)

° Osego (Saúde)

° Caixego (Finanças)

° Saneago (Saneamento)

° Idago (Política agrária)

Mauro Borges integrou Goiás no processo econômiconacional. Através do Idago, implantou no Estado ocombinado agrourbano (norte goiano) inspirados nomodelo de colonização agrícola de Israel, os Kibutz,organizados a partir da produção cooperativa e coletiva,fundada na propriedade particular.

Em 1961, Mauro Borges em Goiás, e Leonel Brizola no Riode Janeiro, encabeçaram o movimento conhecido comolegalidade, em defesa da constituição, com vistas agarantir que com a renúncia do Presidente Jânio Quadros,seu vice, João Goulart fosse empossado. Com o apoio da

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Polícia Militar, Mauro Borges em Goiás e Leonel Brizola noRio de Janeiro, impediram o golpe dos militares.

Mauro Borges que inicialmente apoiou o golpe militar de64, logo rompeu com os militares, a passou a ser vistocomo uma ameaça, sobretudo, pelo feito em 61. Acabousendo afastado em novembro de 64. Assumindo em seu

lugar, como interventor, o Coronel Meira Matos. Logo emseguida o cargo foi transferido para o General Ribas Júnior(1965-66), até que fosse feita nova eleição. 

O QUADRO POLÍTICO GOIANO DURANTE ADITADURA MILITAR

O GOVERNO OTÁVIO LAGE (1966-1970)

Governador nomeado pelo Governo Militar, Otávio Lage

teve como marca do seu governo grande atenção ao setoragropecuário. Também destaca-se a construção doHospital Materno-infantil e da segunda etapa de CachoeiraDourada.

BREVE ANÁLISE DA CONJUNTURA POLÍTICA

 A história política de Goiás é indissociável da saga de doisclãs rivais  –  os Ludovico e os Caiado. Do Império àRevolução de 30, os Caiados, tripulantes do PartidoRepublicano de Goiás (PRG), monopolizaram o governo.

 A ascensão de Getúlio Vargas trouxe no rastro a figura de

Pedro Ludovico Teixeira. Um dos responsáveis pela quedada República Velha em Goiás, foi duas vezes interventorfederal e duas vezes governador entre 1930 e 1954. Paraimpulsionar a ocupação do estado, incentivou odeslocamento dos moradores para cidades com baixadensidade demográfica. Em 1937, promoveu a mudançada capital de Goiás Velho para Goiânia.

Pedro Ludovico dominou a política regional por quase 40anos, até ser cassado, em 1969, quando estava noSenado. Três anos antes, Mauro Borges Teixeira, filho eherdeiro, tivera os direitos políticos revogados pelo regime

militar.

Com os velhos antagonistas afastados da cena, os Caiadoretornaram sob o comando de Leonino Di Ramos Caiado,filiado à Arena, nomeado governador em 1971. A árvoregenealógica da família, que teve em Antônio RamosCaiado - conhecido como Totó Caiado - seu tronco maisvigoroso, ainda gera frutos: Ronaldo Caiado, candidato àPresidência pelo PSD em 1989, é deputado federalexercendo seu quinto mandato.

O GOVERNO LEONINO CAIADO (1971-1975)

 Assumiu a prefeitura de Goiânia em 1968, quando oprefeito Iris Rezende foi cassado pelo Governo Militar. Eem 1971, assumiu o governo estadual por eleição indireta,realizada pela Assembléia Legislativa. Como principaisações do seu governo estão: construção do Estádio SerraDourada e do Autódromo Internacional de Goiânia.

Continuou os investimentos rumo a modernização dapecuária e agricultura no Estado.

Foi durante o seu governo que eclodiu na região norte doEstado, mais precisamente em Xambioá, a Guerrilha do Araguaia. Sob orientação do Exército brasileiro, coube aspolicias militares de Goiás e do Pará a repressão à

Guerrilha, que teve seus líderes e vários integrantesexterminados.

O GOVERNO IRAPUÃ COSTA JÚNIOR (1975-1979)

Irapuã começou sua carreira política como prefeitoindicado de Anápolis. Assumiu o governo do Estado em 75sob protestos da bancada do MDB, que não concordavacom eleições indiretas. Seu governo foi marcado pelocrescimento industrial do Estado. Criou do Banco deDesenvolvimento do Estado e o Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), hoje o maior centro industrial de Goiás.

O GOVERNO ARY RIBEIRO VALADÃO (1979-1983)

Foi o último governador indicado pelo Governo Militar. Apadrinhado do poderoso General Golbery do Couto eSilva, teve seu governo marcado por denúncias decorrupção e pelo clientelismo. Tinha como propositotransformar Goiás na maior fronteira agrícola do país.Incentivou a ocupação das terras do cerrado, até entãoconsideras improdutivas, porém, através do processo decalagem pôde-se corrigir as deficiências do solo.Desenvolveu o projeto Formoso, em Formoso do Araguaia,hoje Tocantins, que foi um dos maiores projetos de

irrigação do Brasil. Hoje pertence à iniciativa privada.

O GOVERNO IRIS REZENDE MACHADO (1983-1986)

Com a recuperação dos seus direitos políticos, ÍrisRezende se elege governador de Goiás. Foi o primeiro,após o fim do Governo Militar. Ficou conhecido como o“tocador de obras”. Adotou um governo de estilo populista,

com a construção de casas populares em regime demutirão. Quase triplicou a malha rodoviária asfaltada econstruiu mais de 14.000 km de redes de energia. Investiumais na infra-estrutura, e foi um governo criticado por terrelegado o social para um segundo plano. A partir destegoverno, Íris Rezende se torna uma das figuras maisimportantes na política goiana, alcançando ainda projeçãonacional, sendo por duas vezes ministro. Construiu aquarta etapa de Cachoeira Dourada e criou o Fomentar,para incentivar a expansão dos distritos agroindustriais emGoiás.

O GOVERNO HENRIQUE SANTILLO (1987-1991)

 Assumiu o governo do Estado com forte endividamento, elogo nos primeiros meses do seu governo enfrentou umagrande catástrofe, o acidente radioativo com o Césio 137.

Sua principal realização foi a construção do Hospital deUrgência de Goiânia. Quando deixou o governo, ossalários estavam atrasados a mais de três meses.

O GOVERNO ÍRIS REZENDE (1991-1994)

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Íris assume um governo em crise. Salários atrasados,grande dívida, arrecadação em baixa. Com intensafiscalização para evitar a sonegação fiscal, já nos primeirosmeses do governo foi possível normalizar a folha depagamentos. Seu governo investiu novamente eminfraestrutura. E possibilitou a expansão dos distritosagroindustriais no Estado.

O GOVERNO MAGUITO VILELA (1995-1998)

Maguito Vilela teve um governo com forte apelo social.Criou a Secretaria de Solidariedade Humana, com odesafio de combater a miséria no Estado. Mais de 250.000famílias de baixa renda passaram a não mais pagar água eluz, e mais de 800.000 foram beneficiada com orecebimento de cestas de alimentos. Lotes foramdistribuídos à população mais pobre, provocando inchaçourbano em algumas cidades, como Aparecida de Goiânia.Sua preocupação com o social chegou a ser reconhecida

pelo sociólogo Betinho e pelo Unicef.

Todo este investimento no social, fez com que o entornode Goiânia e Brasília atraísse miseráveis de todo o país.Fato que transformou o entorno de Brasília em uma dasregiões mais violentas do mundo. No seu governo foivendida a Usina de Cachoeira Dourada, fato de grandeprejuízo para o Estado.

O GOVERNO MARCONI PERILLO (1999-2006)

Foi eleito governador desbancando o favoritismo de ÍrisRezende, seu antigo padrinho político e atualmente seu

maior adversário. Seu governo busca modernizar aadministração pública. Busca a ampliação do parqueindustrial goiano, sobretudo a partir do segundo mandato,amplia as exportações goianas para Europa, Ásia, OrienteMédio, África e América do Norte. Sua política deassistência social passou a entregar mensalmente dinheiropara as famílias carentes, ao contrário das cestas dealimentos. Sua gestão de programas sociais foi elogiadapublicamente pelo Presidente Lula, e serviu de modelopara o governo federal integrar programas sociais. Criou aUniversidade Estadual de Goiás (UEG), Vapt-Vupt,Festival Internacional de Cinema Ambiental.

Marconi Perillo deixa o governo em 2006, com altoendividamento. Seu vice e sucessor no governo do Estado, Alcides Rodrigues, assumiu um governo com um déficitmensal na casa dos 100 milhões de reais.

Bandeiras descobridoras e povoamento de Goiás

Goiás era conhecido e percorrido pelas bandeiras quaseque desde os primeiros dias de colonização, mas seupovoamento só se deu em decorrência do descobrimentodas minas de ouro no século XVIII. Esse povoamento,como todo povoamento aurífero, foi irregular e instável.

As primeiras bandeiras

- Aconteciam desde o inicio da colonização, apesar dapouca documentação que comprove.

- Primeiras Expedições: Bahia  –  eram oficiais ouparticulares

- Séc. XVII – Vasta documentação das Bandeiras;*São Paulo: chegavam com freqüência ate o extremo nortede Goiás, inicialmente pelos rios Paranaíba, Tocantins e Araguaia retornando pelo Tietê.*As viagens s podiam durar até 3 anos.

- A partir de 1630: introdução do uso de muares epreferência pelas viagens terrestres de sul a norte e vice-versa por todo território goiano.

- As “descidas” dos Jesuítas do Pará: busca de índios paracomposição do aldeamento na Amazônia pelo o rioTocantins até Goiás.

- Volatilidade das bandeiras: não fixação em Goiás.

Descobrimento de Goiás

- O Anhanguera não foi o “descobridor” de Goiás, mas o primeiro a se interessar pela fixação no território \Povoamento ligado à exploração aurífera.*1690: Minas Gerais (passou a ser povoado por vilas  – VilaRica, Vila do Carmo, dentre outras).*1718: Mato Grosso (Cuiabá) iniciando o povoamento.

- 1722: Bandeira do Anhanguera para Goiás: licençaconcedida pelo rei ao Anhanguera para buscar ouro emGoiás  –  Se em Minas e Mato Grosso havia tanto ouro,Goiás situado entre esses dois territórios haveria de ter.*Os gastos das expedições corriam por conta dosbandeirantes que em troca recebiam vantagens nas minas

e cargos políticos na região.*Bandeira: expedição organizada militarmente e umaespécie de sociedade comercial (cada bandeirante entravacom uma parcela de capital – escravos).*Financiadores da expedição do Anhanguera: João Leiteda Silva Ortiz (genro do Anhanguera) e João de Abreu(irmão de Ortiz e dono de lavras em Minas)*Tinha aproximadamente 150 bandeirantes, mas ao total(com escravos e índios) chegava a quase 500.

A viagem da Bandeira de Anhanguera

- Saída de SP: 3\07\1722  –  o Anhanguera dizia ter umroteiro até Goiás.

- Desentendimento desde o início na Bandeira entre oschefes paulistas e os emboabas.*perderam-se pelo caminho*muitos morreram de fome*outros a abandonaram

- Anhanguera “Preferia a morte a voltar fracassado”. - Descobriu ouro nas cabeceiras do rio Vermelho (Cidadede Goiás)- 21\10\1725: volta triunfante a SP

Povoamento de Goiás

- Bartolomeu Bueno recebe o titulo de superintendente dasminas de Goiás e Ortiz o de guarda-mor.

- Primeira região ocupada foi a do rio Vermelho.*Arraial de SANT’ANA, depois chamado de Vila.  Boa emais tarde Goiás sendo capital por quase 200 anos desseterritório.

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*Outros arraiais: Barra, Ferreiro, Anta, Ouro, Fino, SantaRita, etc.

- Grande atração de pessoas para a região - Povoamentoirregular e instável, sem planejamento ou ordem de acordocom o encontro e demanda do ouro.

-Três zonas de relativa densidade durante o século XVIII:* região centro-sul: Santa Cruz, Santa Luzia (Luziânia),Meia Ponte (Pirenópolis), Jaraguá, Vila Boa e arraiasvizinhas.* região do Tocantins (alto Tocantins ou Maranhão) \ amais limitada e densa em população:Traíras, Água Quente, São Jose (Niquelândia), Santa Rita,Munquém, etc.*Norte \ entre o Tocantins e os chapadões dos limites coma Bahia: Arraias, São Félix, Cavalcante, Natividade e PortoReal (Porto Nacional).

- Fora dessas regiões os arraias estavam dispersos comoPilões, Crixás, Couros (Formosa), etc.

- 2\3 do território estava desabitado como: o sul e osudeste, todo o Araguaia e o norte desde Porto Nacionalaté o Estreito e sua ocupação ganharia força com apecuária e da agricultura (XIX e XX).

- Até 1783 houve um crescimento de 50% da população(quase 60.000 habitantes) e a partir daí uma diminuiçãoaté 1804. A partir desta data começa novo crescimentoatravés das lavouras e pecuária.

Economia do ouro em Goiás

 A época do ouro em Goiás foi intensa e breve. Após 50anos, verificou-se a decadência rápida e completa da

mineração. Por outro lado, só se explorou o ouro dealuvião, e a técnica empregada foi rudimentar.

Goiás no sistema colonial

- Vigência do Pacto Colonial e do Mercantilismo naexploração aurífera

- Hierarquia da produção aurífera nas minas:*dedicação exclusiva à exploração do ouro;* alimentos e outros bens necessários vinham dascapitanias da costa (Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) \ Altos preços;*pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária neste

período - Mentalidade de valorização da atividademineradora em Goiás através da metrópole.*supervalorização do mineiro (proprietário da mina) edesprezo por outras atividades como o roceiro (oproprietário da terra e de escravos);

A mineração em Goiás

- Brevidade e intensidade do ouro em Goiás por 50 anos

-Só houve a exploração do ouro de aluvião através detécnicas rudimentares

- “Mineração de morro” era cara e difícil. Podia ser   por

meio de túneis e galerias (mineração de mina) ou cortandoa montanha perpendicularmente (talho aberto).

Política fiscal das minas: o contrabando

-Predominância do “direito senhorial” ao rei:  controle dosprodutos minerais;

-Direito de particulares à exploração, mas com pagamentode impostos.*o Quinto.*contrabando em Goiás: mais praticado no norte (vigilânciamais afastada) que no sul.

- O Quinto*Cobrado de duas formas: pela Capitação ou o próprioQuinto. A Capitação vigorou de 1736 a 1751, mas foiabolida, pois mineiros entendiam que era injusto opagamento igual para todos, já que existiam lavras ricas edatas pobres e esgotadas que mal sustentavam seusescravos.*As Casas de Fundição \ O ouro em pó corria como moedana capitania

A produção do ouro em Goiás

- Falta de registros que comprovem o total de ouro foiextraído de Goiás;

- A produção seria de aproximadamente de 100.000 kg deouro;

- A mineração foi prospera até 1750, arriscada, mas aindarendosa, de 1750 a 1770 e um negócio ruinoso depoisdeste período.

- Alto preço do escravo: dificuldades em trazê-los \ preçomultiplicado por oito;*seu rendimento decai após 1750 juntamente com amineração;*a partir de 1775 seu rendimento era tão baixo que não

dava para pagar a importação de novos escravos.

- Goiás: segundo produtor do Brasil: 1\6 menor que Minase 10\7 maior que Mato Grosso *sua exploração não elevouem muito a renda per capita da população.*tendo em conta a população e o capital empregado, osrendimentos não eram grandes - O destino do ouro*pouco no Brasil e nada em Goiás em virtude do PactoColonial.*apesar de não ficar aqui contribuiu para o progresso dopaís através da expansão territorial que foi em grandeparte sustentada por esta atividade, além de incentivar opovoamento do território (aumento de 9,4 vezes apopulação) sendo o ouro o capital responsável pelo

pagamento da estrutura das cidades (construções,estradas, caminhos, fazendas em produção, etc) quereceberam essas populações.

Sociedade goiana da época do ouro em Goiás

Goiás pertenceu até 1749 à capitania de São Paulo. Apartir desta data, tornou-se capitania independente. Noaspecto social, a distinção é entre livres e escravos. Noinicio da colonização das minas, os escravospredominaram em numero, com a “decadência” damineração, os escravos passaram a ser menos que oslivres. A população, contudo, continuou composta pornegros e mulatos em sua maioria.

Quadro administrativo: a capitania de Goiás

- Pertenceu à Capitania de São Paulo ate 1749;

-As capitanias;

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*eram governos próprios e independentes, ligadosdiretamente ao rei e aos organismos centrais de Lisboa,especialmente ao Conselho Ultramarino.*a principal autoridade era o governador (administrava,aplicava leis, comandava o exército).*ouvidor-mor: cuidava da justiça.*intendente: arrecadação de impostos.*a administração era simples, não tendo desenvolvido aburocracia;

- 1749: Goiás tornou-se Capitania;*crescimento em população e em importância nãopodendo ser administrada à distância;*Primeiro Governador: Conde dos Arcos;

A sociedade de Goiás colonial

- Forte dicotomia livres X escravos.

- Situação alterada após a “decadência” da  mineração: aescravatura perde parte de sua importância comoinstituição básica da sociedade\Queda do número deescravos;*até 1750: os escravos correspondiam de 60% a 70% dapopulação*de 1750 a 1804: correspondiam a 40% da população*Goiás: deixou de importar escravos a partir de 1775 \perda de créditos mineradores frente as cias importadorasde escravos, logo inevitável diminuição dos mesmos.*compensações ao escravo: podia trabalhar para si emferiados e em horas extras o que somado, muitas vezes, apequenos roubos conduzia a compra da alforria.*muitos filhos de proprietários com escravos recebiam nobatismo a alforria.

- A vida do escravo na mineração.

*O trabalho era duro, esgotador, havia má alimentação(quase exclusivamente milho) e graves doenças(reumatismo, doenças da coluna e dos rins, enfermidadesvenéreas e verminoses, etc), castigos e arbitrariedadescom os negros.

- A sociedade mestiça*predominância dos mulatos (braços com negros) \resultado da miscigenação.*com a decadência da mineração muitos brancos migravapara outras regiões.*a partir de 1804: 77% da população livre de mulatos.*a sociedade escravocrata: associava trabalho àescravidão e liberdade ao ócio \ os libertos e mulatos só

trabalhavam o indispensável e os brancos, por costume,faziam o mesmo.*o liberto e o mulato não eram bem aceitos pela sociedadee a primeira distinção ainda era a cor, mesmo pós-libertação, sendo vistos como a “rale”  da sociedadepautada na desconfiança e no desprezo.

- Classes dirigentes*concentravam todo poder e quase toda riqueza.*altos cargos: Homens-bons.*rico minerador: era aquele que possuía 250 escravos oumais.*na reestruturação da sociedade sobrevivente da“decadência” aurífera o poder político ficou  concentradonas famílias que sobreviveram à ruína econômica.*a pobreza era geral, mas ser branco era honra eprivilégio.

- Os índios*1809: havia aproximadamente 20 tribos

*na mineração: relação guerreira e de extermínio mútuocom os colonizadores*a orientação governamental estava baseada nosaldeamentos o que divergia com a prática do extermínio,não existiam pessoas especializadas, principalmente apósa expulsão jesuítica, sem falar que a população entendia oíndio como um “bicho”. 

Transição da sociedade mineradora à sociedadepastoril

 Ao se evidenciar a “decadência” do ouro, varias  medidasadministrativas foram tomadas por parte do governo, semalcançar, no entanto, resultados satisfatórios. A economiado ouro, sinônimo de lucro fácil, não encontrou deimediato, um produto que a substituísse em nível devantagem econômica. A decadência do ouro afetou a sociedade goiana,sobretudo na forma de ruralização e regressão a umaeconomia de subsistência.

Tentativas governamentais para o progresso de Goiás

- Incentivo à agricultura pós-mineração pelaCoroa\dificuldades.*legislação fiscal desprezo dos mineradores pelaagricultura (pouco rentável), ausência de mercadoconsumidor (dispersão pelos sertões e outras regiões) edificuldade de exportação (alto custo do transporte eausência de transporte viário).

- Medidas de D. João para incentivar a agricultura,pecuária, o comércio e a navegação:1) isenção do dízimo por 10 anos aos lavradores dasmargens do Tocantins, Araguaia e Maranhão.2) catequização e civilização do gentio incentivando seuuso na agricultura.3) construção de presídios nas margens dos rios: protegero comercio, auxiliar a navegação etc.4) incentivo à navegação do Araguaia e Tocantins(algodão, açúcar, fumo, couros e sola ate o Pará)5) incentivo à navegação dos rios do sul, Paranaíba e seusafluentes, a fim de facilitar a comunicação com o litoral 6)revogação do alvará que proibia as manufaturas.

Novos aspectos administrativos

- 1809: divisão do território de Goiás em duas Comarcas(facilitar a administração)*Sul (sede em Goiás): incluindo Meia Ponte, Santa Cruz,Pilar, Santa Luzia, Crixás e Desemboque.*Norte (sede em Vila de São João de Paula): incluindoConceição, Natividade, Porto Imperial, São Felix,Cavalcante e Traíras.

- Criação do cargo de Juiz de Fora de Vila Boa (1809).

- Criação de uma linha de correio (1808) da Corte para oPará via Goiás: incentivo à comunicação e navegação

Consequências da decadência da Mineração em Goiás

- Com a mesma rapidez que houve crescimento dealgumas regiões instituído pelo encontro do ouro, tambémaconteceu o inverso após a “decadência” o que trouxe:*defasagem sócio-cultural na visão dos viajantes(assimilação dos costumes dos índios pelos brancos  – “habitar choupana, não usar o sal, andar   nu, não circularmoeda”); queda da importação e exportação  afetando ocomércio; “estacionamento” do  crescimento das cidades,

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outras desapareceram; abandono e dispersão (zona rural)da população; esquecimento de costumes e hábitos dosbrancos(isolamento); ruralização da sociedade e a desumanizaçãodo homem.

- Nascimento de uma economia agrária, fechada e desubsistência.

A Independência do Brasil em Goiás

 Assim como no Brasil, o processo de independência emGoiás deu-se gradativamente. A formação das juntasadministrativas, que representavam um dos primeirospassos nesse sentido, deram oportunidade às disputaspelo poder entre os grupos locais. Especialmente sensívelem Goiás foi a reação do norte, que, julgando-seinjustiçado pela falta de assistência governamental,proclamou sua separação do sul.

Reflexos da Independência em Goiás

- O processo de independência da província foi conduzidopela elite local, o clero e as forças policiais (sentimento deseparação e autonomiaonde as províncias buscavam mais autonomia para suasadministrações).

*Três grupos políticos neste momento:1) Total separação de Portugal: liderança do padre LuizBartolomeu Marques e do capitão Felipe Antonio Cardoso;2) De ideias republicanas: liderança de Manoel AntônioGalvão e Antônio Pedro de Alencastro;3) do status quo: liderança do padre Luiz Gonzaga deCamargo Fleury e do capitão José Rodrigues jardim(agiam de acordo com a situação).*Grupos que formaram as oligarquia em Goiás(Coronelismo).

- A Independência não trouxe transformações sociais oupolíticas para Goiás, mas operou-se a descolonização. Ospróprios governantes eram ainda portugueses.

Movimento Separatista do Norte de Goiás

- Descontentamentos da população do Norte*Os latifundiários alegavam que pagavam impostos, masos benefícios não chegavam, tinham prejuízos econômicose o povo vivia em completa miséria.

- Revolucionários:*liderança de Joaquim Teotônio Segurado.*elaboraram um plano revolucionário com um governoprovisório no Norte, instalando-o em Cavalcante(14\09\1821) independente da Comarca do Sul de Goiás.*mediadas administrativas adotadas: organização de umaforça policial e a suspensão da remessa de dinheiro para oSul.

- Fracasso do movimento.*a mudança da sede do governo para Natividade, a viagemde Teotônio para as Cortes, a precariedade financeira eeconômica, as rivalidades políticas entre os habitantes deCavalcante, Palma e Arraias. *Falta de apoio de D. Pedro I

ao movimento dos rebeldes: exigia a união com o sul \temia uma rebelião contra sua autoridade.

A divisão administrativa

- 1830: divisão do território em 4 Comarcas, duas ao Sul(Goiás e Santa Cruz) e duas ao Norte (Palma eCavalcante), além de elevar vários arraias à condição deVila, dando mais autonomia à região.- Os núcleos urbanos desse período não eram centros deprodução, estavam marcados pela pobreza, construçõessimples, subordinação aocampo, apenas com funções político-administrativas esócio religiosas.

O povoamento de Goiás e a expansão pecuária

Durante o século XIX, a população de Goiás aumentouconsideravelmente, não só pelo crescimento vegetativocomo pelas migrações dos estados vizinhos. Os índiosdiminuíram quantitativamente e a contribuição estrangeirafoi inexistente. A pecuária tornou-se o setor mais dinâmicoda economia.

Correntes migratórias advindas com a Pecuária

- Dedicação dos antigos mineradores à agricultura epecuária.

- Pecuária: alcançou relativo êxito (boas pastagens e ogado se conduzia até o mercado consumidor) desenvolveue aumentou a população, porém manteve a ruralização.* Séc. XIX: fazendas de pecuárias adquiridas por meio deposses ou concessões, eram mal aproveitadas (falta detrabalhadores e ausência de mercado interno).*consequência: trouxe fluxos migratórios do Pará,Maranhão, Bahia e Minas Gerais que povoavam os sertões- Sudoeste: novos centros urbanos como Rio Verde, Jataí,Caiapônia (Rio Bonito), Quirinópolis (Capelinha), etc.

- Norte: intensificou a mestiçagem com o índio (mão-de-obra na pecuária) e com o negro.*dedicação a outras atividade: babaçus, pequenosroçados, comercio do sal e faiscação.*novas cidades: Imperatriz, Palma, São José do Duro, SãoDomingos, Carolina, Arraias.

Imigração estrangeira

- De 1881 a 1886 o governo de Goiás, impulsionado pelapolítica nacional de incentivo à imigração, tentou atrairesse tipo de trabalhador para cá, porém sem êxito.Somente no inicio do século XX iniciou-se a imigraçãoeuropeia em Goiás, mas sem êxito e de forma modesta.

- Em Anápolis, 1929, formou-se um núcleo de sete famílias japonesas e nos anos seguintes outros que prosperarampelo seu trabalho sistemático e as semelhanças de clima esolo, sendo essas as primeiras levas de imigrantes paraGoiás.

Goiás durante o Império

 As condições sócio-econômicas do Brasil nãopossibilitaram uma ação administrativa satisfatória emGoiás durante o século XIX. Além disso, a política goianaera dirigida por presidentes impostos pelo poder central.Somente ao final deste período Goiás começou a adquirirfeições próprias.

Coexistiu, também, no aspecto cultural um verdadeirovazio.

Panorama Administrativo

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- Instauração da Constituição de 1824: pregava umaMonarquia Constitucional com uma administraçãoaltamente centralizada.

-Problemas da administração centralizada\insatisfações:

*distância entre as províncias do governo central; aescolha dos governantes das províncias pelo imperador(insatisfação das elites locais); os membros da Câmara Alta (deputados e senadores) vinham quase sempre deoutras províncias; a Assembléia Provincial e a Câmara dosVereadores funcionava de acordo com os interesses dopresidente da província.

- Descaso e isolamento de Goiás no século XIX .*falta de transportes e comunicação, grandes distancias,descasos administrativos, desequilíbrio entre receita edespesa, ausência de um produto econômico básico.Câmara Legislativa Conselho do Estado e SenadoPresidente das Províncias Assembléias Provinciais.

Panorama político

- Fins do século XIX \ Predominância do “OficialismoPolítico” –  centralização política: a elite local culpava ospresidentes das províncias (“estrangeiros”) pelo atraso deGoiás, lutando por uma consciência política local.*nasceram partidos políticos: o Liberal (1878) e oConservador (1882).*incentivo dos jornais locais: Tribuna Livre, PublicadorGoiano, Jornal do Comércio e Folha de Goyaz.

- Mudanças na política em Goiás.*representantes locais na Câmara Alta: André Augusto dePádua Fleury, José Leopoldo de Bulhões Jardim, JerônimoRodrigues Jardim, cônego Inácio Xavier da Silva , dentre

outros.*fortalecimento dos grupos políticos locais, lançado asbases para as oligarquias goianas\Choque de interessesdesses grupos.

Panorama cultural

- A educação praticamente inexistiu em Goiás no séculoXIX.*1827: Lei do ensino mútuo: quase impraticável em Goiás.*1846: criação do Liceu de Goiás: primeiros passos doensino secundário, mas não atendia aos jovens do interiorda província.*Os mais ricos estudavam em Minas Gerais ou São Paulo

(referência em Direito e Medicina).Jovens de pequenas posses estudavam nas escolasmilitares ou se dedicavam aos seminários.*1882: criação da Escola Normal de Goiás com o estudode matérias experimentais (física, química, zoologia,botânica, pedagogia, sociologia, língua portuguesa, etc.),que durou pouco tempo.*1889: Colégio das irmãs dominicanas na cidade de Goiáspara jovens.

-1830: fundação do primeiro jornal goiano, o Matutina Meiapontense de caráter liberal-1870: expansão da imprensagoiana \ luta pelas causas regionais como: extensão dostrilhos de ferro á Goiás, navegação do Araguaia\Tocantins,

aperfeiçoamento dos rebanhos, impulso ao comércio, àmineração, a abolição da escravidão, a imigração eautonomia da província.

Os movimentos liberais e a implantação da Repúblicaem Goiás

Goiás acompanhou pacificamente os movimentos liberasque grassavam no Brasil durante o século XIX: a aboliçãodos escravos não afetou a vida econômica da província e atransformação do regime monárquico em republicanoocorreu sem dificuldades. Os Bulhões, dirigentes doPartido Liberal, após o 15 de novembro tornaram-se osdonos do poder em Goiás, apoiados pelos republicanos.

A escravidão e o movimento libertário

- Decadência do ouro ligada à diminuição sistemática damão-de-obra escrava para Goiás\Alto preço do escravo edificuldades de aquisição.*os fazendeiros perceberam que era mais vantajosocontratar trabalhadores livres a baixos salários.*1870 em diante \ diminuição dos escravos: morte natural,dificuldades de aquisição, tráfico interprovincial esentimento abolicionista da sociedade goiana.

Félix de Bulhões

- Luta pela libertação dos escravos.

-1885: fundou o jornal O Libertador: libertar, integrar eeducar o negro no contexto social.

- A Lei Áurea (1888) não despertou surpresas em Goiáslibertando aproximadamente 4 mil escravos, numeroinsignificante perto da população que já alcançava 200 milpessoas, o que não afetou em muito a economiaagropastoril.

- Incentivo a vinda imigrante por Antônio José Caiado(Liberal) e Antônio Canêdo (Conservador).

O movimento republicano em Goiás

- Pós-1870: crescimento do movimento republicano noBrasil inspirado por mudanças sócioeconômicas:surto cafeeiro, crédito bancário, impulso à industrialização,decadência da mão-deobra escrava, imigração européia,urbanização, desenvolvimento do mercado interno, etc.Joaquim Xavier Guimarães Natal: um republicano histórico

- 1882: fundação do jornal O Bocayuva (circulou apenassete vezes) por Manuel Alves de Castro Sobrinho lutoupelo ideal republicano.

-1882: abertura novamente do jornal O Bocayuva, mas porJoaquim Xavier Guimarães Natal.

-Lutou pela federação, abolição, liberdade de ensino, dereligião, eleições democráticas, etc.

- 1887: fundou também o jornal O Brasil Federal, mas suasidéias não encontraram terreno fértil em Goiás.

Implantação do regime republicano em Goiás  – efeitos

- Notícia da Proclamação da República (15\11\1889)recebida com surpresa pelos políticos goianos(28\11\1889). Para as camadas populares nadarepresentou.

- Mudanças significativas em relação às questõesadministrativas e políticas, porque sócio economicamentee cultural manteve-se como antes:o liberto continuou discriminado, as elites dominantescontinuaram as mesmas, não ocorreu a imigraçãoeuropéia, a existência de latifúndios improdutivos, áreas

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imensas a povoar e explorar, a agricultura e pecuáriadeficitárias, a educação em estado embrionário, o povoesquecido, dentre outros.

- Movimentação das diferentes facções políticas (liberais,conservadores e republicanos) em relação ao poder.*O Clube Republicano aclamou Guimarães Natal comopresidente do estado de Goiás que não aceitou tal ofertapropondo a criação de uma junta governativa (GovernoProvisório) por: Guimarães Natal (presidente), JoséJoaquim de Souza e o major Eugênio Augusto de Melo.

Crises políticas (crise no Executivo)

- Os Bulhões continuaram os “donos do poder” (Guimarães Natal era cunhado de Bulhões), mas commaior margem de mandonismo devido ao autonomismoalcançado com o regime de Federação.

- O Governo Provisório nomeou Presidente do Estado otenente-coronel Bernardo Vasques que nem chegou atomar posse, em 25 de fevereiro de 1890, Gustavo Augusto da Paixão assumiu a Presidência do Estado.*demissão de Gustavo Augusto da Paixão em 12 de janeiro de 1891: influência dos Bulhões.*Guimarães Natal (Vice-presidente) estava impossibilitadode tomar a posse e quem passou a governar foi Bernardo Antônio de Faria Albernaz (segundo Vice-presidente).

- Deodoro da Fonseca: nova nomeação para presidente evice da província de Goiás. Foram escolhidos JoãoBonifácio Gomes de Siqueira e Constâncio Ribeiro da Maia(grupo Fleury).* Siqueira renunciou (velho, cansado e pressionado pelasdiversas facções políticas) em 19 de maio de 1891assumindo o Vice.

- Renúncia de Deodoro da Fonseca:*movimentação política em Goiás: Constâncio Ribeiro édeposto (19\02\1892) pelo coronel Braz Abrantes que seaclama Presidente do Estado até 18\07\1892 quando Antônio José Caiado assumiu a Presidência (era Vice-presidente), uma vez que o Presidente eleito, Leopoldo deBulhões, renunciou ao cargo devido suas atividades naCâmara Federal.

A crise da Constituição Goiana (crise no Legislativo)

- Escolha dos representantes goianos pelo GovernoProvisório de Goiás para a Constituinte Nacional

*Todos pertencentes ao rol dos Bulhões: os senadoresJosé Joaquim de Souza e Antônio Amaro da Silva Canedo,os deputados José Leopoldo de Bulhões, Sebastião FleuryCurado e Joaquim Xavier Guimarães Natal.

- A crise política gerou duas constituições em Goiás: a dosBulhões e a dos Fleury, porem prevalecendo, após arenuncia de Deodoro, a dos Bulhões (1º\06\1891).

Elites dominantes: os Bulhões e os Jardim Caiado

- Com o governo de Floriano Peixoto, os Bulhõesconsolidaram seu poder político em Goiás, sendo o grandelíder dessa oligarquia José Leopoldo de Bulhões.

-1904: fracionamento do grupo sob a liderança de Xavierde Almeida que conseguiu afastar momentaneamente osBulhões do poder.

-1908: período de intranquilidade política (sucessãosenatorial) em Goiás que levou, em 1909 (“renascimento

do mandonismo dos Bulhões”) uma vitória dos Bulhõesapoiados, neste momento por Eugênio jardim e AntônioRamos Caiado (influentes políticos em termos regional enacional).*1910-1913: Urbano Gouvêa (cunhado de José Leopoldo)se torna Presidente do Estado e de 1913 a 1918 foi eleitosenador da República quando não mais conseguiu sereeleger.

-Derrubada dos Bulhões*desentendimentos entre os Bulhões e os Jardim Caiado(apoio de Hermes da Fonseca a estes)

- 1912: elite dominante em Goiás  –  os Jardim Caiado (ocaiadismo) sob a liderança de Antônio Ramos Caiadosendo afastado do poder somente em 1930 sendo um deseus maiores inimigo políticos o médico Pedro LudovicoTeixeira.

Goiás até a Revolução de 1930

 As três primeiras décadas do século XX não modificaramsubstancialmente a situação a que Goiás regredira emconsequência da decadência da mineração no fim doséculo XVIII. Continuava sendo um Estado isolado, poucopovoado, quase integralmente rural, com uma economiadesubsistência.

- Situação geral do estado

- Até 1930 Goiás continuava fora da frente de progressoque, nos últimos 80 anos, vinha transformando São Pauloe outros estados a partir da modernização da agricultura eda industrialização.

- As comunicações

*1824: primeiro carro de boi em Goiás, visto comprogresso na época. Pouco ou nada mudou nos anosseguintes.*1891: chegada do telégrafo*1913: construção da estrada de ferro Mogiana quealcançou o Triângulo Mineiro: Uberaba (1889) e Araguari(1896), mas deveria ter se prolongado até Catalão, maspor falta de capital sua construção foi paralisada.*1907: constituiu-se a companhia Estrada de Ferro Goiás,que deveria construir a linha Araguari - rio Araguaia,chegando os trilhos somente até Leopoldo de Bulhõesperfazendo 287 km em território goiano (o território de

Goiás tinha 600.000km²), não chegando à Cidade deGoiás, visto o investimento ser antieconômico (poucaimportância política e econômica de Goiás no cenárionacional) e a população da região escassa pelo governofederal.*1921: primeira estrada de rodagem (trecho que ligava acapital do estado à estação terminal da estrada de ferro)sendo que em 1907 chegava o primeiro automóvel emGoiás \ Progresso lento nesta estrada, devido aos poucosveículos em circulação.*Em geral, os transportes eram baseados em carros deboi, com estradas de rodagem mal construídas econservadas, estradas carroçáveis eram reduzidas e comas chuvas ficavam intrafegáveis, os barcos eram, namaioria, antiquados, existindo poucos a vapor (sinônimo denavegação moderna na Europa).

- A população

*rápido crescimento da população, porem a densidadepopulacional continuava baixa (0,77 habitantes por km²).

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*enormes extensões eram despovoadas: o sudoeste (limitecom a Bahia) e o “Mato Grosso Goiano” começavam a serdesbravados.*sudeste: região mais povoada pela proximidade com oTriângulo Mineiro e a presença da estrada de ferro(Catalão, em 1920, com 35 mil habitantes, o municípiomais habitado).*o censo de 1920 não faz ainda distinção entre populaçãorural e urbana, não havendo dados concretos sobre esteaspecto, mas é quase certo que o índice de ruralidadechegava a 90% da população.

- Economia

*a economia era quase exclusivamente de subsistência, aprodução era local e para o consumo, sendo muitopequeno o comércio interno e a circulação monetária.*a maior parte da população trabalhava na agricultura, maso setor mais dinâmico da economia era a pecuária (gado:produto de fácil exportação, geralmente vivo, e um dosúnicos exportados em quantidade apreciável) totalizandoentre 1920 e 1929, 27, 69% da arrecadação total do

Estado.*arroz: aumentou sua exportação com a construção daestrada de ferro representando entre 1928 e 1932 ametade do valor da exportação de gado.*café: grande produção em Nova Veneza (colônia deitalianos especializados em seu cultivo)*indústria e os serviços: atividades economicamentepouco significativas. A indústria mecanizada moderna nãoexistia em Goiás predominando a produção domesticaartesanal. O produto mais importante da indústria artesanalera o tecido de algodão, feito no tear manual. A indústriada construção era a segunda mais importante após a detecidos. No setor dos serviços, o comércio era umempreendimento tipicamente familiar, consolidado em

pequenos armazéns rurais e algumas vendas.

- Regime de propriedade: classes sociais

*Predominância dos latifúndios, nas mãos de poucasfamílias onde trabalhavam e viviam muitos dependentes(sitiantes, vaqueiros, meeiros, camaradas, jagunços, etc.). A falta de mercados e uma economia monetáriacontribuíram para sua manutenção. Só os latifúndiospodiam vender algum excedente.*inexistência de uma classe de pequenos proprietáriosdedicados à lavoura ou pecuária.*a terra valia pouco e mal conseguia se sustentar, o preçomédio do hectare era o mais baixo do Brasil (em 1920custava 8$ em Goiás, 106$ no RJ e 161$ em SP), sólevemente superior ao do Acre. A valorização da terra sóse daria com a criação de um mercado consumidordecorrente da urbanização. Não existia muita distânciaentre o gênero de vida (trabalho, diversão, vestuário ealimentação) do proprietário agrícola e de seus agregados,mas elas se assentavam nas relações de prestígio epoder, principalmente no aspecto político (coronelismo).

- Governo: administração

*governo central fraco e limitado pela ação dos coronéis nointerior. Estes, juntamente com o vigário e o juiz (maisdependente do governo) eram mantenedores da ordemsocial.

*algumas das causas dessa fraqueza eram: a pobreza dosmeios econômicos e a carência de um corpo defuncionários adequados.

A Revolução de 1930 e a construção de Goiânia

 A revolução de 30 teve significação profunda para o estadode Goiás. É o marco de uma nova etapa histórica. Estatransformação não se operou imediatamente no camposocial, mas no campo político. O governo passou a propor,como objetivo primordial, o desenvolvimento do estado. Aconstrução de Goiânia, pelas energias que mobilizou, pelaabertura de vias de comunicação que acompanharam epela divulgação do estado no país, foi o ponto de partidadessa nova etapa histórica.

A Revolução de 1930 em Goiás

- Limitada participação de Goiás na Revolução de 1930.*Em Goiás a Revolução teve apoio de parte da classedominante descontente. A fraca oposição à Revolução (RioVerde, Inhumas e Anápolis) era mais de personalidadesdescontentes que de fato uma oposição. A dita oposiçãonão passava de uma crítica pessoal, não existindo partidoscom base ideológica ou com programas de governodiferentes.*As eleições fraudulentas e a polícia militar dificultavam aoposição.*Os efeitos da crise de 1929 não se fizeram sentir aqui.

- Destaque para Pedro Ludovico Teixeira: manteve-se emcontato com os centros revolucionários em Minas Gerais eem 4 de outubro de 1930 tentou, com 120 voluntários doTriângulo Mineiro, invadir a região sudoeste de Goiás. Ogrupo se dispersou em Rio Verde e Pedro Ludovico foipreso, mas houve a vitória da Revolução no contextonacional que levou à chegada de uma coluna à cidade deGoiás comandada por Quintino Vargas, sendo que omédico mineiro Carlos Pinheiro Chagas tomou o poder.

- Instauração de um governo provisório em Goiás, peloqual Pedro Ludovico fazia parte, consolidando um longo

período de influência política do mesmo (15 anos).

- Mudança no estilo de governo pós-revolução: o governopassou a propor a solução dos problemas do estado emtodas as ordens, dando ênfase ao problema dodesenvolvimento (transporte, saúde pública, educação,exportação, dentre outros).

A mudança da capital: a construção de Goiânia

- Desde os primeiros tempos da história de Goiás, alocalização da capital constituía um problema.

- Dois fatores que sustentavam a oposição à mudança da

capital.*o alto gasto que isso suporia, como novas construções, acontratação de um grande número de funcionários parasua construção assim como a pobreza dos governo.*a oposição da população da capital, tanto por motivossentimentais quanto por prejuízos econômicos(desvalorização de imóveis e de terras, empecilho aocomercio e do crescimento dos roceiros).

- Para o novo governo, emergente com a Revolução de1930, a cidade de Goiás era o centro do poder daoligarquia deposta pela Revolução, porém não estavaaniquilada. Mudar a capital reforçava o novo governo doponto de vista psicológico e político, seria o símbolo

concreto da própria Revolução em Goiás. Era vista comoum investimento necessário para o desenvolvimento.

- A construção de Goiânia: etapas*04\03\1933: escolha de Campinas para a construção danova capital devido à sua proximidade com a estrada de

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ferro (condição vista como indispensável), abundância deágua, bom clima e topografia adequada.*24\10\1933: foi lançada a pedra fundamental e em 07 denovembro de 1935 realizou-se a “mudança provisória” e ogovernador passou a se fixar em Goiânia, mas em Goiásficaram ainda a Câmara e o Judiciário. A mudançadefinitiva aconteceu em 1937 quando os principaisedifícios públicos já estavam construídos.*Em julho de 1942 foi realizado o “batismo  cultural”. Acidade contava com mais de 15 mil habitantes.

Goiânia e o desenvolvimento de Goiás

- Em 1942 o desenvolvimento do Estado ainda estavalonge de ser o ideal.

-Problemas que dificultavam o crescimento do Estado: ascomunicações, a saúde, a instrução, a falta de indústrias, adescapitalização da economia a estrutura da propriedade,dentre outros.

- Contribuições de Goiânia para o desenvolvimento.*no campo da psicologia social: combate aos sentimentosde isolacionismo, esquecimento nacional e frustração.Impulsionou a confiança dos goianos e a construção de umfuturo melhor.*promoveu a abertura de novas estradas, favoreceu amigração (povoamento), criou o primeiro centro urbano derelativa importância emGoiás desenvolveu diversos tipos de serviços (colégios,faculdades, bancos, hospitais, comércio, etc.).

Goiás Atualidade: 1940- 1970

 A partir de 1940 Goiás cresce rapidamente: a construçãode Goiânia, o desbravamento do Mato Grosso Goiano, acampanha nacional de “marcha para o oeste”, que culminana década de 1950 com a construção de Brasíliaimprimem um ritmo acelerado ao progresso de Goiás. A população se multiplica, as vias de comunicaçãorealizam a integração do estado com o resto do país edentro do próprio estado, assiste-se a uma impressionanteexplosão urbana, com o desenvolvimento concomitante detodo tipo de serviços (a educação especialmente),contudo, Goiás continua sendo um estado de economiaprimária, com uma exploração extensiva de baixaprodutividade.

A população

- Crescimento populacional acelerado: altas taxas denatalidade e aumento da migração, principalmente após aconstrução de Brasília.*1940-1950: taxa de natalidade igual a 4,6%; imigraçãoigual 1,67%; crescimento global de 3,9% anual.*1960: crescimento de 4,9%

- Migrações provenientes, principalmente, dos estadoslimítrofes: Maranhão, Bahia e Minas.

- Segundo as ações do governo de Otávio Lage “as emigrações trazem consigo boas e más consequências.Para a economia da região, melhoram os índices de mão-de-obra, ampliam as fontes de riquezas, etc. Entretanto,

contribuem para a demanda insatisfeita de serviçossociais, escolas, energia, estradas, saneamento ehabitação, sobrecarregando os governos. Isso não indicaque os altos índices de imigração sejam negativos parauma região: é que os benefícios se manifestam a prazosmais longos do que aquelas implicações”. 

Distribuição da população

- 1972: de maneira geral, a densidade demográfica nãochegava a 5 habitantes por Km² (4,58), enquanto anacional chegava a 12 habitantes por Km². Na verdade adistribuição da população era muito desigual. De acordocom um estudo do Conselho Nacional de Geografia

 juntamente com a Secretaria do Planejamento, de norte asul do estado foi realizada a divisão do território em áreashomogêneas, as oito primeira regiões com 61% doterritório tinha 27% da população enquanto o Mato GrossoGoiano concentrava mais de 1\3 da população. Outrasregiões populosas estavam no extremo sul como MeiaPonte (7,8 hab.Km²), Sudoeste Goiano (6,4 hab.Km²) eParanaíba (8,79 hab. Km²).

- As vias de comunicação e a proximidade maior ou menorcom os grandes centros econômicos determinou adistribuição da população, sendo as áreas de maiordensidade populacional as do extremo norte (proximidadecom Belém) e todo o sul (São Paulo e Minas) ao passoque as áreas intermediárias pouco habitadas.

Urbanização

- Se processou em Goiás a partir de 1940, sobretudodepois de 1950, não sendo acompanhada por umprocesso industrial concomitante.

- Modelo de urbanização a partir de um êxodo rural:* a explosão demográfica (principalmente pelos avançosda medicina profilática) e as facilidades de comunicaçãoatuam de forma conjugada sobre as populações rurais,que vivem em condições infra-humanas, impelindo-as amigrar maciçamente para as cidades, em busca demelhores condições de vida. As cidades crescem assim,desmesuradamente, antes de ter tempo de absorveradequadamente o excesso populacional.

- Censo de 1940: 14,6 % da população urbana contra85,4% da população rural- Censo de 1950: 20,2 % da população urbana- Censo de 1960: 30,7 % da população urbana- Censo de 1970: 44 % da população urbana.

Goiânia estava próxima de 400 mil habitantes, Anápolis100 mil, Itumbiara, Rio Verde e Jataí passavam dos 20 mil.

Economia: predomínio do setor rural

- Ao contrário do que poderia se esperar com aurbanização, o peso do setor primário na economia(agricultura -57% do setor- e pecuária -40% do setor,sendo 3% de atividades extrativas) aumentouconcomitantemente até a década de 1960 em vez dediminuir frente aos setores secundário (indústria) e terciário(serviços).

- Plano de Desenvolvimento do governo Mauro Borges(1961) assim expressava: “o baixo nível de  renda emGoiás decorre de ser uma economia primária, deprodutividade baixa e vulnerável as flutuações de clima ede mercado. Da população economicamente ativa, 83,69%estava ocupada, em 1950, no setor primário, em sistema

de trabalho rudimentar; 4,17% no setor secundário, aindaincipiente e 12,14% no setor terciário. Nos últimos dezanos, a economia goiana tornou-se mais dependente dosetor primário, cuja renda aumentou, entre 1949 e 1958,cerca de 9 vezes, enquanto nos dois outros setores ocrescimento foi de 6 vezes”. 

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- Entre 1960 e 1970 o crescimento da contribuição daindústria para a renda estadual foi de 4,5% (4 vezes menorque a média nacional), continuava sendo de poucaexpressão para a formação de riqueza e a oferta deempregos.

- A agropecuária concentrava 69% da mão-de-obra total.

- Agricultura: três principais produtos: arroz (quase ametade de toda produção agrícola), milho e feijão.

- Pecuária: criação extensiva: rebanho com mais de 9milhões de cabeças.

A luta pela terra

- A luta pela terra em Goiás ganha proporções de lutaarmada. Após a chegada da ferrovia em 1911 houveinteresse e valorização da terra.

-1950-1960: Conflitos camponeses de Trombas eFormoso: conflitos entre os grileiros e os camponeses.*apoio comunista aos posseiros e da repressãoaos grileiros.*posseiros: protestos contra a exploração dos latifundiáriosda região que queriam cobrar arrendo de terras devolutas.*1951-54: José Porfírio: tentou a legalização das terrascamponesas, não conseguiu e organizou os mesmos coma ajuda do PCB. Os camponeses tinham o apoio dapopulação e da imprensa. O governo de Mário Borges foide estabilidade da região, mas a partir do golpe de 64 omovimento foi duramente reprimido pelos militares, comprisões e torturas.

- 1948-1952: Luta do arrendo na região da estrada de ferrode Orizona e Pires do Rio. Com o apoio do PCB, os

camponeses conseguiram diminuir a taxa do arrendo de50% para 20%, porem houve violenta repressão após aorientação do partido em invadir as terras.

- 1962: Criação da Frente Agrária Goiana (FAGO), umprojeto de reforma agrária da Igreja Católica por D.Fernando Gomes dos Santos, arcebispo de Goiânia, comos seguintes objetivos a fim de diminuir as tensões nocampo com base no humanismo, cristianismo,anticomunismo e a garantia da propriedade privada:*evitar o êxodo rural, promover o progresso e ampara ohomem do campo.*ação fundamentada na informação, formação e liderança,a formação camponesa com educação, organização de

sindicatos rurais e a promoção da doutrina social da igreja.

Estrutura Social

- Apesar de haver dados que permitam esclarecer qualera, ao certo, a distribuição de renda em Goiás à época, ogoverno Otávio Lage aventurava uma afirmação: “é muitoconcentrada a distribuição de renda em Goiás. Assim éque apenas uns 20% da população deve deter cerca de80% da renda gerada na economia, donde se infere queuns 80% da população vive em nível de subsistência”. 

- Alguns dados disponíveis:*1970: 60% da mão-de-obra do estado trabalhavam no

setor agropecuário, deles apenas 2,15% eramproprietários.*cultivo do arroz: 57% dos produtores cultivavam de 5ha e21,5% entre 5-10ha: é o camponês tradicional que lavra aterra com a família, com o uso da enxada, sem adubos eequipamentos mecanizados. O sistema de trabalho maisusado é o de meação.

*predomínio do latifúndio na agricultura e na pecuária: 5%das propriedades abrangiam mais de 50% das terras. Os60 mil minifúndios somavam 2 milhões de hectares e oslatifúndios 45 milhões.*dependência do trabalhador rural em relação ao latifúndiocomo meeiro, agregado ou diarista.

- Indústria: contribuição modesta para a distribuição derenda, as indústrias eram de pequenas dimensões, debaixo nível técnico e sem mão-de-obra especializada.

- Setor de serviços: incipiente classe média, reduzida,formada por profissionais liberais, técnicos eadministradores de empresas, funcionários de alto nível,comerciantes e proprietários de tipo médio.

Governo: administração

- Desenvolvimento de Goiás: iniciativa do governo devido àque a falta de tradição empresarial e de capital. Oenvolvimento do governo foi crescendo gradualmente apartir da construção de Goiânia e mais intensamente nadécada de 1950 com a criação do BEG e da CELG.

- Governo Mário Borges Teixeira (1960-1964): em buscade uma estruturação administrativa, propôs um “Plano deDesenvolvimento Econômico de Goiás” (1961-1965):abrangia todas as áreas como agricultura, pecuária,transportes, comunicações, energia elétrica, educação,cultura, saúde, assistência social, levantamento derecursos naturais, aperfeiçoamento e atualização dasatividades do estado.* A ação do estado no desenvolvimento veio acompanhadade uma concentração de recursos econômicos em suasmãos, daí o aumento sistemático da tributação.*Reforma Administrativa (lei nº 3.999 de 14.11.61): criava,

paralelamente ao corpo administrativo do estado(secretarias, policia militar, procuradoria geral), os serviçosestatais autônomos (autarquias) e paraestatais(companhias de economia mista).*Autarquias: permanecem unidas ao governo através desecretarias e participavam do orçamento estadual. As maisimportantes eram a CERNE (Consórcio de Empresas deRadiodifusão e Notícias do Estado), OSEGO (Organizaçãode Saúde do Estado de Goiás), IDAGO (Instituto deDesenvolvimento Agrário de Goiás), CAIXEGO, IPASGO,SUPLAN, ESEFEGO, CEPAIGO, DERGO, etc.*Serviços paraestatais: eram constituídos pelas empresaspúblicas e sociedades de economia mista, nas quais ogoverno era acionista majoritário. Entre elas: METAGO,

CASEGO, IQUEGO, etc.*Reforma Agrária: tentativa através de uma experiência-piloto pelo Combinado Agro Urbano de Arraias. Seria umaexperiência de socialismo cooperativista, com forteinfluência da organização israelense dos Kibut.

- A inflação e a instabilidade política dos primeiros anos dadécada de 1960 não permitiram testar com a realidadeestas diretrizes, ficaram como potencialidades para maistarde.

República Populista em Goiás

No termo político temos a hegemonia do PSD (Partido

Social Democrático) sob o comando de Pedro LudovicoTeixeira. A oposição formada pela UDN (UniãoDemocrática Nacional) e em segundo plano o PSP (PartidoSocial Progressista), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)e o PSB (Partido Socialista Brasileiro).

Jerônimo Coimbra Bueno (1947  – 1950)

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- Eleito pela UDN, com 50% dos votos contra 48,2% deJosé Ludovico de Almeida, foi marcado pela forte oposiçãodo PSD.

-Elaboração do Código Tributário: evitar a sonegação.Encontrou forte oposição com protestos em Anápolis em1948 (Greve de Anápolis).

Pedro Ludovico Teixeira (1951  – 1954)

- Eleito pelo PSD em coligação com o PTB com 60% dosvotos.

- 1953: assassinato do jornalista Haroldo Gurgel, critico dogoverno estadual, causando protestos contra PedroLudovico.

- Foi eleito senador em fins de 1954.

- Investiu no setor energético e de transporte, além dereprimir os camponeses na luta pelo arrendo na região daestrada de ferro.

José Ludovico de Almeida (1955  – 1959)

- Apoiado por Pedro Ludovico, é eleito pela coligação PSD-PTB com 50,3% dos votos contra 49,7% de GalenoParanhos (UDN-PSP).

- 1955: Criou o Conselho Superior de Planejamento Administrativo e a CELG (inspiração no governo JK), alémde apoiar o presidente na construção de Brasília.

- Combate à grilagem.

José Feliciano Ferreira (1959  – 1961)

- Eleito pelo PSD com 52% dos votos contra César CunhaBastos (UDN-PSP-PTB).

- Preocupação central com o setor energético e detransporte.

-Combate á grilagem. Desenvolveu uma política agrária,com extensão rural de ajuda aos camponeses, comcriação em 1959 da ACAR-GO (Associação de Crédito e Assistência Rural de Goiás).

-Criou ainda a CASEGO e a CAESGO.

Movimento separatista do Norte de Goiás

- 1948: Foi elaborada a Comissão do Norte: elaborar umprojeto de criação do estado do Tocantins. Desarticulação:*Oposição: resistência do governo estadual.*divisão interna do movimento.

-1956: Movimento Pró-criação do estado do Tocantins emporto nacional sob a liderança de Feliciano MachadoBraga.*cria uma bandeira para o novo estado e um  jornal “OEstado do Tocantins” *promove vários encontros na região com políticos e a

comunidade em geral*decadência do movimento com a transferência deFeliciano para a comarca de Anápolis.

- Década de 60: o separatismo ganha força com a criaçãoda Casa do Estudante do Norte Goiano (CENOG):mobilizar a população.

- Com o golpe de 1964 o movimento separatista entra emdeclínio devido á pratica centralizadora, com o discurso desegurança e desenvolvimento que inibe os nortistas.