16
CAMPO GRANDE - OUTUBRO DE 2008 EM FOCO GERÊNCIA EM JORNALISMO Ano VII - Edição Nº 112 Campo Grande, MS - 19 a 30 de Outubro de 2008

GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

Ano VII - Edição Nº 112Campo Grande, MS -19 a 30 de Outubro de 2008

Page 2: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

Em Foco – Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UniversidadeCatólica Dom Bosco (UCDB)

Ano VII - nº 112 – Outubro de 2008 - Tiragem 3.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação não represen-tam o pensamento da Instituição e são de responsabilidade de seus autores.

Chanceler: Pe. Lauro Takaki Shinohara

Reitor: Pe. José Marinoni

Pró-Reitor Acadêmico: Pe. Dr. Gildásio Mendes

Pró-Reitor Administrativo: Ir. Raffaele Lochi

Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens:Designer - Maria Helena Benites

Impressão: Jornal A Crítica

Em Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, Campo Grande – MS.Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067) 3312-3735

EmFoco On-line (fase experimental): www.emfoco.com.br

E-mail: [email protected] [email protected]

Editorial02

Auto-análise jornalística

Daniel Henrique

Em qualquer meio de comunicação épossível verificar como se dá a relação jor-nalismo versus publicidade. Sabe-se queos veículos de comunicação são empresaslucrativas, mas segundo estudos univer-sitários e especialistas da área, deve haveruma distância entre conteúdo informativoe o tão conhecido “merchandising”.

Esta é uma relação difícil de se es-tabelecer, mesmo porque o jornalismo,enquanto bem de consumo, dependeda publicidade. Jornalismo sem influ-ência direta da publicidade é o queprocura fazer uma empresa jornalísti-ca séria. Tratar assuntos sem a conta-minação nociva da publicidade. O de-partamento de jornalismo não deixa umanunciante interferir na produção dereportagens. Já o jornalismo pautado,como é conhecido entre os profissio-nais da área, passa a impressão de serisento, mas nas entrelinhas fica claroque não é bem assim.

Os princípios que norteiam o jornalis-mo invariavelmente se chocam com os in-teresses da publicidade, muito emborahoje o leitor já tenha idéia desse conflito.Os exemplos da Folha de São Paulo e daRede Globo mostram as diferenças no tra-tamento comercial e jornalístico de umainformação. São veículos que têm bem de-finidos os espaços publicitário e noticio-so.

Segundo o jornalista Edmir Conceição,que atua em um site de notícias em Cam-po Grande, no caso da imprensa interio-rana as discrepâncias são mais visíveis e oleitor, em muitos casos, se depara com ‘no-tícia’ com tendência publicitária. “Acredi-to que a imprensa interiorana está maissusceptível a ‘escorregões’ na relação en-tre as áreas comercial e jornalística, emfunção da influência do poder econômi-co, sem esquecer que o ‘jabaculê’ é umaprática que está em extinção na medidaem que a comunicação social se firma como

bem social, e, pela nova cultura dos ‘no-vos profissionais’ que se incorporam aomercado”, afirma Edmir.

Para o jornalista que atua em telejor-nalismo na Capital, Marcos Anelo, a seri-edade e o compromisso para com a ver-dade devem ser as regras primordiais paraos profissionais tanto do jornalismo,quanto da publicidade. “Quanto mais sé-ria a empresa jornalística mais sérios sãoos anunciantes que, na maioria das ve-zes, conhecem e sabem qual a distânciaética que existe entre cada segmento. Bas-ta notar que muitos anunciantes fogem deprogramas sensacionalistas”, afirma Ane-lo que fala um pouco sobre a relação jor-nalismo X publicidade. “Quero ressaltartambém que num sentido mais conceitual,jornalismo é publicidade e publicidade éjornalismo. O jornalismo vende notíciase tem de ser criativo para isso. A publici-dade vende o produto e precisa informar,num curto espaço de tempo, o quão bomé o produto”.

E quando o olhar é econômico, a im-portância ainda é dada às duas áreas, mascom o devido respeito de espaço entreambas. De acordo com o economista TiagoQueiroz, o conteúdo informativo devemanter certa distância do merchandisingna transmissão de reportagens que devemser isentas de qualquer anúncio publici-tário, porém através de reportagens inte-ressantes e que chamem a atenção do pú-blico o jornalismo ganha credibilidade efidelização dos clientes, vendendo espa-ços publicitários e gerando o lucro neces-sário para o crescimento e desenvolvimen-to das suas ações. “Um exemplo dissosão os jornais televisivos regionais que têmum número considerável de pessoas comacesso à mídia; com uma carteira grandede telespectadores o jornal consegue ven-der o espaço publicitário nos comerciaise as empresas investem sabendo que te-rão o retorno necessário e que sua mensa-gem chegará à ponta: seu público-alvo”,analisa o economista.

Bárbara Filartiga*

Acredito que o termo ide-al seria coexistência, já queambos existem paralelamentedentro de uma mesma mídia.Não há a necessidade de se cri-ar uma rachadura, estimularuma rivalidade. Publicidade eJornalismo são parceiros. Sãoduas profissões belíssimascom finalidades diferentese que se encontram na mídia

impressa. É necessário considerar que

vivemos em uma sociedade capi-talista, ou seja, tudo que se éconstruído precisa de capital degiro. Seria inocência pensar queo jornalismo não está inseridoneste contexto. Até porque, to-dos os jornais impressos que dis-pomos são “empresas” que pagamluz, telefone, gasolina, IPTU, etc.Assim como TV e Rádio. Entre-tanto, entende-se os questiona-mentos dos profissionais quandose queixam da necessidade de terque limitar o próprio trabalhopara se adequar ao espaço desti-nado à publicidade. Porém, estesmesmos jornalistas sabem que umjornal não consegue sobreviversomente da venda diária de suas

edições. E o preço alto dos anúnci-os ajuda neste sustento. Sejamos re-alistas. Sejamos coerentes. O publi-citário concorda com a afirmação ediz que o produto do jornal para opublico final é a informação, isso é oatrativo para os publicitários anun-ciarem. Se não houvesse pessoasatrás de informação não haveria mo-tivo para se anunciar nem públicopara atingir.

O produto do jornal é a informa-ção, sempre. Esse é o papel primordi-al para a existência de um jornal im-presso. Entretanto, podemos perceberque alguns veículos são aquilo que cha-mamos de imprensa marrom. Masca-ram notícias em proveito próprio, fa-zem reportagens de cunho publicitá-rio ludibriando o receptor. Podemoscaracterizá-los como colunista social,informativos publicitários, enfim,qualquer coisa, menos como jornalis-mo. É preciso estar atento.

A publicidade não deve prevale-cer no jornal impresso. É perceptí-vel que os veículos que possuem omínimo de credibilidade junto à po-pulação não deixam isso acontecer.O índice de publicidade pode seralto, mas jamais ultrapassa as notí-cias.

O publicitário Eduardo Oliveiraacrescenta-se não fosse a procura porinformação, não haveria atrativo parase anunciar, o jornal é uma mídiadirecionada muito eficiente.

* Acadêmica de Publicidade e Propaganda

da UCDB

Coordenador do curso de Jornalismo: Jacir Alfonso ZanattaJornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108, Cristina Ramos DRT-MS158 e Inara Silva DRT-MS 83

Revisão: Cláudia Zwarg, Cristina Ramos e Inara Silva.

Edição: Cristina Ramos, Inara Silva, Jacir Zanatta e Oswaldo Ribeiro

Repórteres: Ana Maria Assis, Bruna Lucianer, Camila Cruz, Cláudia Basso, Daniel Henrique,Ederson Almeida, Edilene Borges, Eliane dos Santos, Evellyn Abelha, Evillyn Regis, HeltonVerão, José Luiz Alves, Júlia de Miranda, Juliana Gonçalves, Kleber Gutierrez, Luciana Brazil,Magna Melo, Naiane Mesquita, Priscilla Peres, Rogério Valdez e Tatiana Gimenes.

Colaboradora: Bárbara Filartiga

Artigo

A fácil arte de

coexistir

Neste Em Foco de número 112, osacadêmicos repórteres do sexto semes-tre do Curso de Jornalismo apontaramos gravadores, máquinas fotográficase textos para a futura profissão.

Nesta auto-análise, eles mostrama importância da vocação para desem-penhar este trabalho árduo de buscaresponsável pela informação. Mastambém apresentam os problemas vi-vidos no cotidiano pelos jornalistas

como a exploração de mão-de-obra, prin-cipalmente no caso de estágios sem acom-panhamento pedagógico, o salário redu-zido e, às vezes, a falta dele, a opção poroutras profissões mesmo sendo formadoem Jornalismo. Os problemas são mui-tos, mas o entusiasmo e a insistência dequem trabalha na área também aparece naspróximas páginas. O empreendorismo dealguns e a busca por outros setores quecontratam é ainda destaque desta ediçãodo Em Foco, que apresenta a mais recen-te febre nacional, a dos concursos, quechegou à área jornalística oferecendo op-ções para quem corre atrás da tão sonha-da estabilidade no emprego.

Comercial

PP eJor:parceiros?Empresas jornalísticas se mantêm por meio da publicidade

Page 3: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

03Foto: Evellyn Abelha

P r o d u t o - Boas matérias dão credibilidade ao jornal, o que influencia nas vendas

M e r c a d o - Até chegar às bancas jornais impressos passam por intempéries

Evellyn Abelha

Para se manter no mercado de hoje,o jornal impresso necessita de algunsrecursos de gerência. Visto que o Bra-sil ocupa o 101º lugar no ranking deleitura de jornal no mundo, segundoa Associação Mundial de Jornais -WAM. As soluções para os desafios edificuldades desse veículo passam portodos os setores, desde a venda nasbancas à produção da notícia.

A confecção de um jornal diárioimplica em diversos fatores como es-trutura, tiragem, venda, consolidaçãoe gerência. Sem algum deles são ne-cessários mecanismos para superarprováveis crises, como foi o caso dojornal sul-mato-grossense Diário doPantanal, há nove anos no mercado.Para sobreviver, o quadro de funcio-nários foi reduzido e de edição pagapassou a ser gratuita. “Nós contrata-mos uma empresa terceirizada que émantida com os anúncios. A gentechama a atenção dos anunciantes pelofato de ser distribuído gratuitamente,então tem circulação. Tem que vender,tem que correr atrás, mas não adianta

Jornal

Administração

a crise

Empresários usam estratégias para manter vivo o negócio

gerenciaimpresso

fazer uma edição e o público não ler,tem que investir na notícia também”,afirma a jornalista, diretora de reda-ção e financeiro do jornal Diário doPantanal, Andréia Cercarioli, de 31anos.

Nos meios de comunicação é co-mum a sobrevivência através dosanúncios, já que na maior parte doscasos são eles que garantem o financi-amento da edição. Dentro da empresaexiste um departamento responsávelpela venda desses espaços publicitá-rios e também do próprio jornal, ondesão criadas promoções que atraiamleitores. Como fez o jornal O Estadocom a parceria junto às revista Veja eCaras, onde o assinante recebe o jor-nal e uma das revistas por um preçomais em conta comparado à comprados produtos separadamente.

Também estão nos projetos dessejornal a criação dos classificados querendem a venda de muitas edições. Pa-ra o gerente de vendas do jornal diá-rio O Estado, Hélio de Paula, de 46anos, a circulação e a logística sãopeças fundamentais já que a concor-rência com outros meios de informa-

ção é ampla. “Além do jornal impres-so, hoje nós temos a internet. Ela fa-cilita muito a vida, mas faz com queas pessoas deixem de comprar o im-presso, pois ela pega on-line, acessa ainternet, vê o resumo e acabou”.

E s t r a t é g i a sSegundo dados do projeto Inter-mei-

os e Ibope Monitor, em 2007 o investi-mento em publicidade nos jornais su-perou os 3,1 bilhões totalizando 228.7mil páginas comercializadas. Para ge-renciar essa área é necessário um conta-to direto com os anunciantes e estar aten-to aos retornos, tendo informações decomo o produto está sendo recebido láfora, qual a impressão que os leitorestêm, o que está bom, o que está preci-sando melhorar. Tudo isso tem que es-tar em sintonia com a redação e direto-ria. “É uma engrenagem, por exemplo,se eu não vender, eu preciso ter uma ti-ragem alta, pra área comercial vender. Seeu não consigo vender é sinal de quealguma coisa tá fraca”, explica Hélio.

Trabalhando há 12 anos na área co-

mercial de jornal impresso, NídiaOliveira dos Santos, de 46 anos, acre-dita que para estar à frente desse se-tor é importante experiência e conhe-cimento do meio jornalístico e pu-blicitário. Também precisa gostar deestar em contato com o público, con-versar, negociar e conhecer bem oveículo que ele comercializa. Mas elarevela que a parceria com os outrossetores faz a diferença, para venceros desafios. “Acredito que a maiordificuldade que enfrenta é o Depar-tamento de Imprensa, pois eles têmque correr todos os dias atrás de no-tícias e no final do dia fechar a edi-ção, com matérias e manchetes inte-ressantes. Isso reflete no Departa-mento Comercial, pois o anunciantesó anuncia em um veículo consoli-dado, com um número de leitoresinteressante. Portanto, para ter anun-ciante, o veículo precisa ter confiabi-lidade, tiragem e dar retorno aoanúncio. Nosso maior desafio é to-dos os dias vencer essa maratona”,afirma Nídia.

Foto: Evellyn Abelha

Page 4: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

04

Rogério Valdez

Se colocar à frente de uma empre-sa já é uma ação desafiadora por si só.Assumir a administração de uma em-presa de mídia em Mato Grosso doSul é vencer barreiras e saber lidar comcada uma delas, porque de acordocom o empresário Claudemar Rodri-gues Pereira, empreendedor da área demídia na Capital, há pouco investi-mento na área, além de fatores queimpedem o crescimento profissionaldo jornalista.

“Todo empreendedor neste ramo,aqui neste Estado, tem um combina-do político e não ético, assim o profis-sional fica refém de um salário mise-rável e sem poder de expressão pró-prio”, argumenta o empresário. Ele dizainda que o jornalista em MS não érespeitado como deveria ser, estandopassível de situações de desvaloriza-ção de sua mão-de-obra.

Empresas que oferecem o novo aoconsumidor de mídia acabam tendopouco espaço dentro do mercado,uma vez que mesmo a falta de profis-sionais chega a ser um obstáculo, vis-to que os grandes conglomerados,com nomes conhecidos do grandepúblico se tornam principais alvosmesmo dos novos profissionais que

Novidades podem mover empresas do setor

peças

Criação

Mexendodo

jornalismo

Foto: www.sxc.hu

saem das universidades. Além da área co-mercial que se limita a esses grandes, difi-cultando o crescimento de novas propos-tas que surgem no cenário midiático sul-mato-grossense.

Para a professora e consumidora demídia, Irene Fonseca, o que falta para osmeios que surgem são novidades, por-que mesmo sendo novos não são origi-nais, apresentando idéias que atraiam opúblico. “Novos produtos surgem a todoo momento, mas faltam atrativos que ca-tivem o consumidor, seja por meio dohumor, linguagem diferenciada, enfim,algo que torne o produto único e comidentidade própria”, observa.

O cinegrafista Edson Luz explica quesão raros os novos veículos que apre-sentam conteúdo, para ele falta serieda-de, principalmente em sites. “Tem queter conteúdo, não pode um site copiar ooutro. Isso caracteriza que não há pro-fissional competente”, comenta Edsonque trabalha diretamente com acadêmi-cos de comunicação, mas tem vasta ex-periência em grandes meios de mídia doEstado. Ele observa ainda que os meiosde comunicação não estão sendo isen-tos de parcialidade, privilegiando e dan-do voz a apenas a um lado de determi-nadas pautas. “Os meios não devem pri-vilegiar a verdade de um só segmento”,completa.

A p r e n d i z e sClaudemar Pereira defende que as fa-

culdades são celeiros de boas idéias e futu-ros profissionais competentes, porém omercado é demasiadamente restrito e nãohá planos para uma melhora. “Num Esta-do onde têm várias universidades commuitos cursos, onde colocar estas pessoasno mercado de trabalho? Foi tudo mal pla-nejado desde o início”, declara Claudemar,que investe em novas idéias para a mídiade Mato Grosso do Sul. “Procuro fazer opossível para que um dia este Estado mudepara melhor, para que os profissionais te-

nham um grande investimento nesta área emude a concepção de que talento se com-pra com dinheiro”, conclui o empresário.

Na questão que trata da formação doprofissional de Jornalismo, o cinegrafistaEdson Luz salienta que a experiência aca-dêmica é de suma importância para quea mídia tenha qualidade e dê confiançaao consumidor. “Sou contra a não obri-gatoriedade do diploma, porque como vaificar a credibilidade? Em um profissio-nal formado eu posso confiar, vou saberque a notícia é verdadeira, sem arma-ções”, completa.

Page 5: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

05

E s c o l h a s - Os jornais impressos não são únicos no mercado de trabalho do jornalista que está enveredando para outros rumos

Ana Maria Assis

Montar seu próprio veículo de comu-nicação. Trabalhar em jornais diários eunir grana de trabalhos sem carteira as-sinada, (os chamados free lance) no fimdo mês. Fazer em casa uma assessoriade imprensa. Pesquisar, fazer trabalhospara intercâmbio com universidades doexterior. Partir para outro curso superi-or e fazer do jornalismo apenas um com-plemento. Concurso público. A últimaopção está “bombando” nos últimos tem-pos. São vários os caminhos que o mer-cado de trabalho oferece ao jornalista.

O Senado Federal, por exemplo, ga-rante em seu mais recente edital um sa-lário inicial para jornalistas de até R$ 12mil. Nada mal para a classe que costumareceber cerca de R$700 em um trabalhoárduo e estressante, que passa das 6horas por dia como está previsto na Con-solidação das Leis do Trabalho (CTL).

O conselho para quem está com o di-ploma na gaveta e com as mãos abanan-do é estudar além das matérias específi-cas de jornalismo, também direito e gra-mática. Quando a questão é qual setorde maior destaque na área do jornalis-mo em questão de dinheiro, a jornalistaSilvia Tada responde prontamente, “As-sessoria de Imprensa”. Silvia tem doisempregos, vida comum para o profissio-nal jornalista, já participou de algunsconcursos como o dos Correios. “Eu façoconcursos em busca de estabilidade, façoaté alguns fora da minha área, mas nãocostumo estudar para as provas”, expli-ca Silvia.

A demanda de empresas públicas eprivadas está crescendo a cada diaquando o assunto é um profissional decomunicação. A assessoria de impren-sa, por exemplo, já tem seu lugar nocorpo funcional de qualquer estabele-cimento com condições financeirassuficientes. A intenção é destacar-se nomercado e perante a população, além

Caminhos do mercado de trabalho para o profissional de jornalismo se diversificam

Vertentes

Você quer ser jornalistada onde ???

de evitar problemas com a imprensa,pois a repercussão é evidente. E a mai-oria das vagas de concursos é exata-mente para esta função, assessor deimprensa ou de comunicação, um res-ponsável pela integração do públicointerno e informação do externo.

No sentido empregatício, a influ-ência da mídia sendo reconhecida ébenéfica para os profissionais. O jor-nalista não é só das redações, agora

ele é bem vindo em qualquer equipe.A força mais conhecida como negati-va, cresce para ser aliada também.

Para o profissional ter seu lugar nomercado de trabalho é necessário queesteja preparado para as oportunida-des, pois essas são de caráter amplo.É preciso usar a criatividade para ga-nhar dinheiro, não que seja difícil,mas as opções de mídia caminham aolado da tecnologia, caminham não, cor-

rem! Os meio de comunicação al-ternativos, como blogs, podem seruma boa opção. Para o jornalistaMarcelo Christovão, assessor deimprensa concursado, o jornalis-mo tem distante horizonte. “Co-municação não é somente para fa-zer jornais internos ou qualqueroutro veículo, mas para atingir finsbem mais amplos e estratégicos”,afirma Christovão.

Foto: Ana Maria Assis

Page 6: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

Rural

06

EmpresáriosdaComunicação

Foto: Ulisflávio Evangelista

Agrojornalísticas

José Luiz Alves

Administrar uma empresaconsiste em deixar todos os em-pregados satisfeitos para produ-zir melhor. Tarefa difícil. Maiscomplicado ainda é fazer o mes-mo em uma empresa cuja pro-dução é jornalística. Neste caso,não só os funcionários devemestar satisfeitos, mas também to-das as pessoas que são atingidaspelas informações divulgadas nomeio (impresso, on-line, radio-fônico ou televisivo). Fundar umaempresa de mídia com poucosprecedentes no Estado exige pre-cisão.

Fundado em setembro desteano, o Jornal AgroIn Agronegóci-os acumula quatro edições e sediferencia dos demais periódicos

aos quais estamos acostumados a vernas bancas porque é voltado para umpúblico-alvo específico: o agribusi-ness. O agronegócio é o carro-chefe daeconomia de Campo Grande e possuipouca divulgação acerca de suas reali-zações e produtores. Foi a esse veícu-lo que o jornalista responsável pela pu-blicação, Éder Campos, dedicou seunovo empreendimento. “Mato Grossodo Sul é voltado para o agronegócio epossui poucos veículos destinados aesse ramo. Não bastasse essa carênciaa suprir, se você fizer uma análise, sa-berá que esse setor passou por um gran-

de crescimento econômico nos últimos 15anos”, atentou Campos. De acordo com ojornalista, alguns veículos destinados aosprodutores rurais não são capazes de di-vulgar com precisão as informações tan-tos dos produtores rurais quanto dos con-sumidores. “Um programa como o GloboRural usa uma linguagem para o homemurbano. Tudo que é tratado ali já é de co-nhecimento do homem do campo, maspara o cidadão urbano é entretenimento”,explica.

Rodrigo Menezes Bonfim, de 39 anos,já administrou durante oito anos um sí-tio localizado em Campo Grande, próxi-mo à saída para São Paulo. De acordo comele, a imprensa fica devendo quando setrata de publicações que acrescentem al-guma informação ao produtor rural. “Eu

não gostava de ver os programas que tra-tavam disso na tevê. Minha mulher eraquem assistia mais para pegar receitas. Osimpressos ainda lançavam uma ou outramatéria que eu julgava interessante, masera pouco. Um jornal destinado somentea isso é uma conquista do homem do cam-po e deve ajudar bastante. Não só praquem produz, mas pra quem compra tam-bém. É bom saber como são colhidas asfrutas que come durante o dia, qual a ten-dência do preço do café e outras coisas”,lembrou Bonfim.

Vendedor técnico de uma empresarevendedora de adubos naturais, HugoDias Vitorino, de 25 anos, viaja pelas es-tradas de Mato Grosso do Sul e já en-controu muitos clientes que pediam in-formações específicas. “Eles pediam

P ú b l i c o - Empresários da comunicação apostam nos receptores de informação do campo e criam negócios jornalísticos voltados a eles

muito. É difícil ter internet ou tevê a cabonesses lugares, né? Então eles ficam semnovidades. Para eles acredito que seriamuito útil”, disse o vendedor.

Para conseguir atingir o público-alvoe colocar o veículo no mercado, ÉderCampos explica que a publicação tentaseguir uma linha editorial construtivista,o que quer dizer que as notícias têm deser positivas e informativas para o cres-cimento do setor. Para tanto, o jornalvem sendo distribuído em lojas veteri-nárias, bancos rurais e entidadessetorizadas. “Como o agronegócio estádiretamente ligado à vida de todos, in-dependentemente de ser urbano ou ru-ral, o conceito é mostrar como todos nósdependemos do campo para sobreviver-mos”, sintetiza o jornalista.

Jornalistas transformaram rural em negócio

Page 7: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

07Fo

to

: A

rq

uiv

o p

esso

al

Vic

to

r C

urra

les

DonosA arte de manter um veículo de comunicação impresso

de jornais

Negócio

ta, falou alto e os dois abriram ojornal.

A jornalista explica que a van-tagem de escrever em um jornalsemanal é o tempo maior de ela-boração das matérias e uma me-lhor escolha de informações. Mashá os pontos negativos. “Manteruma empresa é complicado, ain-da mais em um mercado poucoético como é Campo Grande. Nos-so foco são as notícias e a publi-cidade, mas sobreviver com éticae responsabilidade é muito difí-cil, visto que aqui, quem tem maisvantagens a oferecer leva a me-lhor”, desabafa Bruna.

No interior do Estado não émuito diferente. Victor LuizMartins Currales é o proprietá-rio e único jornalista responsá-vel pelo jornal quinzenal “OGabrielense”, que circula nas ci-dades de São Gabriel do Oeste,Rio Verde, Coxim, Sonora e RioNegro. O tablóide de 16 pági-nas tem uma tiragem de 4 milexemplares e um custo médiode R$ 1,7 mil por edição. Osrecursos provêm de propagan-das e contratos com anuncian-tes, inclusive o poder público;relação que acaba por influen-ciar a linha editorial do infor-mativo. “Apesar de sempre teridéias, visão e conhecimento, ficolimitado à logística, aos fatores eco-nômicos que norteiam a impren-sa”, explica o jornalista. Victorainda enfatiza que jornais do in-terior sofrem ainda mais no mer-cado, visto que a dependência fi-nanceira é mais nítida.

Edilene Borges

A administração de uma empre-sa jornalística como rádio, TV oujornal impresso, tornou-se hoje umverdadeiro desafio, tanto pele faltade tempo dos espectadores ou lei-tores de apreciarem o que lhe é ofe-recido, quanto pelo advento dainternet, que hoje é considerado umdos mais rápidos e mais procura-dos meios de informação. Não é di-ferente com a revista, que apesar deter um público diferente tambémentra nesta disputa. Em todo o mun-do existem milhares delas e especia-lizadas em assuntos diversos como

Gratuitos

carro, mulheres, homens, culinária, saú-de, animais, sexo, crianças, adolescentes,esportes, entre outros. Algumas delas sãovendidas e outras são distribuídas gratui-tamente.

Em Mato Grosso do Sul existem váriasdestas publicações, entre elas pode-se des-tacar a “Total Saúde”, A “Paladar” que temdistribuição gratuita e “Agente”, que écomercializada.

Quando se fala em gratuitas logo vem àcabeça das pessoas um produto com pou-ca qualidade, simples ou com assuntos fú-teis, mas se engana quem pensa isso. Umexemplo é a revista Agente, que segue umpadrão sofisticado, com anúncios de gran-des lojas ou marcas famosas e matérias quefalam de moda, artistas e traz artigos de per-sonagens da cidade e de fora. Pode ser en-contrada nas bancas de revista da Capital.

Já a “Paladar” segue uma linha mais ele-gante, traz em seus textos relatos de even-tos ocorridos na cidade como formaturascasamentos entre outros e é distribuída paraseus clientes. A Total Saúde aborda assun-tos mais relevantes dando dicas para cui-

dar da saúde. Geralmente os textos contêmentrevistas de médicos ou outros profissi-onais desta área. As edições são distribuí-das em consultórios médicos.

Elaine Santos, de 23 anos, estudantede administração, trabalha em uma clínicaque recebe a revista Total Saúde e Agente,e segundo ela as revistas gratuitas são ummeio das pessoas adquirirem informaçãoquando não podem fazer uma assinatura

ALT

ER

NAT

IVA

em revista...

Informação

e de graça !

Bruna Lucianer

Escrever, editar e manter um jornalimpresso não é uma tarefa muito fácil;ainda mais quando a distribuição é gra-tuita e a periodicidade não é diária. Osinformativos semanais, quinzenais oumensais geralmente são produzidos poruma equipe reduzida e com recursos li-mitados. Muitos jornalistas de MatoGrosso do Sul se aventuraram no desa-fio de abrir um jornal e estão brigando

para se manter em um mercado compe-titivo e extremamente capitalista.

Segundo pesquisa do graduando emjornalismo Helder Rafael Regina Nunes, sóna Capital podem ser encontrados 21 in-formativos gratuitos periódicos. Inclusivealguns “devezenquandários”, termo que oestudante utiliza para classificar os jornaisque não têm periodicidade definida.

Bruna Campos é jornalista há noveanos e diretora responsável por umdos jornais gratuitos distribuídos em

campo Grande. “O Mercado” é um in-formativo semanal em formato stan-dard, com tamanho que varia de 12 a16 páginas e tiragem de 7 mil exempla-res por edição. É um dos muitos jor-nais que são entregues gratuitamentetodos os domingos na Avenida Afon-so Pena e é voltado para o setor produ-tivo – indústria, comércio e prestado-ras de serviço – além de variedades.Bruna já foi assessora de imprensa,mas o sonho do pai, também jornalis-

ou comprar esse material. “A RevistaTotal saúde é interessante porque atra-vés dela a gente pode obter informa-ções de vários assuntos que muitasvezes não são disponibilizados pe-los outros meios de comunicação,além disso, é sem custo. Já a Agenteé uma revista que possibilita a vocêfica por dentro dos acontecimentossociais, da cidade”, afirma.

E d i ç õ e s - Formato de Revista é opção para empreendedores do ramo jornalístico

Foto: Edilene Borges

Page 8: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

08 Foto: www.sxc.huEvillyn Regis

Uma das funções que o profissio-nal de jornalismo pode exercer, se-gundo a regulamentação da categoria,é a de professor de jornalismo. EmCampo Grande esta função pode serconsiderada recente, uma vez que amaior parte do corpo docente das uni-versidades privadas é de egressos daUniversidade Federal de Mato Gros-so do Sul (UFMS).

Alguns critérios devem ser leva-dos em conta quando se diz respeitoà diferenciação que ocorre no traba-

lho do jornalista nas redações eem salas de aula. No mercado,o profissional está trabalhandocom o fazer jornalístico, é umprocesso que começa na produ-ção e culmina no trabalho de di-vulgação da reportagem; já naacademia, ou seja, quem traba-lha com graduação ou pós-gra-duação, na área especificamen-te do jornalismo, está repassan-do um conhecimento prático eteórico para as novas gerações.

Para a coordenadora do cur-so de Jornalismo da Universida-de Federal de Mato Grosso doSul (UFMS), Daniela Ota, de 34anos, o mercado de trabalho exi-ge competência e que o profissi-onal não só conheça, mas quehaja um domínio no processo

jornalístico.”Na universidade nós es-tamos em construção dessa etapa deprodução e de conhecimento, entãoaqui o fazer jornalístico é tão impor-tante quanto essa construção de co-nhecimento e a própria reflexão so-bre o que é a profissão. Primeiro aquestão ética, o conhecimento da pro-

fissão, saber fazer uso dos instrumentosdo jornalismo, o aluno pode aprender nomercado sim, mas numa graduação vaiaprender da forma correta”, relata Ota.

Com relação à produção jornalísticana academia, a professora percebe umapreocupação diferente, que ocorre nosveículos de comunicação, especificamente

o do jornalismo. “Eu julgo principalmenteao tempo, na universidade nós estamospreocupados com formação, então o tem-po que o futuro profissional vai levar parafazer uma reportagem, é obvio que nãovai ser igual a do mercado”.

Ainda sobre estes aspectos, a profes-sora Daniela ressalta: “na universidade éo lugar de errar, aprender, discutir, de sercrítico, de construir este tipo de conheci-mento. O papel da universidade é impor-tante para que quando o aluno for para omercado, possa se adequar à linha edito-rial de cada veículo e que nem sempre ojornalista pode escrever o que quer e abor-dar temas que diria assim, sensíveis pradeterminadas empresas”, comenta.

Os professores de jornalismo têm porobjetivo proporcionar ao futuro profissi-onal, uma formação ética, técnica e estéti-ca. O conhecimento teórico e prático quea universidade favorece, faz com que oprofissional saia mais receptível, melhorpreparado para enfrentar os episódiosque geralmente acontecem nas redações,como escrever sobre tudo, lidar com osfamosos “jabás”, (matérias pagas), release,que são infinitamente propagados hoje naimprensa.

Para o professor doutor da Universi-dade Federal de Mato Grosso do Sul(UFMS), Gerson Martins, de 48 anos, afunção dos cursos de jornalismo, sejanas universidades públicas ou privadas,é de desenvolver novas formas de fazer

jornalismo. “A minha perspectiva sem-pre foi a seguinte, eu não posso comoprofessor de jornalismo, nem meus co-legas de profissão, reproduzir nos cur-sos de jornalismo, aquilo que existe naprática jornalística. Temos o dever deproporcionar à sociedade, uma evoluçãodo jornalismo”.

O ensino de jornalismo em MatoGrosso do Sul ainda é principiante emrelação a outros Estados do Brasil, po-rém é preciso que o ensino, pesquisa e aextensão caminhem juntos. O Estado temuma demanda não somente de quem querseguir a vida acadêmica, como dos pro-fissionais que estão há muito tempo nomercado, de uma reciclagem, uma pós-graduação em Jornalismo, um investi-mento nos professores, trabalhando nosentido da obtenção de títulos de mes-tres, doutores até mesmo um pós-dou-torado.

“Hoje há uma discussão se os cursosde jornalismo devem ser mais técnicosou humanistas, o que deve ser feita é aconjugação desses dois fatores. Não po-demos ficar nesse dualismo e permane-cermos num curso que venha a dar ên-fase nas disciplinas das áreas de huma-nas, no sentido de preparar o jornalistapara o entendimento da sociedade, e nempor outro lado fazer um curso quase detecnicista ou profissionalizante; são mui-tos os desafios”, comenta o professorGerson.

assalas de aulasDas redações

A área acadêmica tem atraído profissionais do mercado

Ensino

para

Page 9: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

09

O FILÃOJornalistas de Campo Grande viraram os empregadores ao abrirem suas próprias empresas de comunicação

Empreendedores

Assessoriasimprensa

Foto: sxc.hu

Naiane Mesquita

A crescente procura pelos serviços deassessoria de imprensa nos últimos anosimpulsionou a criação de empresas che-fiadas por jornalistas que procuram es-treitar o relacionamento entre o assesso-rado e a mídia. A independência e me-lhores salários atraíram a maioria doscomunicadores que trabalham na área.“A tributação é bem alta, cerca de 17%,os impostos no caso, mais água, luz, te-lefone, além da estrutura. Mas a recom-pensa é ter a independência, poder fa-zer seus próprios horários. Trabalhamuito, mas você consegue se programare o salário é bom”, afirma a jornalista esócia da Contexto Mídia, Dilma Bernar-des.

Fabiane Sato, jornalista e assessorade imprensa da Sato Comunicações con-ta que montou uma empresa de comuni-cação ao acaso. “Eu havia me formado etrabalhava no Escritório de Imprensa (em-presa de assessoria), quando me chama-ram pra ser assessora de imprensa doscorreios, mas pra isso eu precisava abriruma empresa. Eu trabalhava em casamesmo com apenas um computador e

meu telefone, com o tempo arranjei ou-tros clientes e aumentei a equipe, atual-mente trabalho com quatro pessoas”, afir-ma Fabiane.

O diferencial das assessorias de co-municação está no serviço oferecido e nonúmero de clientes que elas atendemdurante um mesmo período. Empresas,pessoas, instituições, governos, partidose ONGs são os principais clientes des-sas assessorias e o atendimento ofereci-do é realizado de maneira individual,analisando as necessidades de cada as-sessorado. “Nós oferecemos a comuni-cação completa, ou seja, todas as ferra-mentas da comunicação: marketing, re-lações públicas, assessoria de impren-sa, clipping e publicidade”, esclareceDilma Bernardes.

Assumir a função de assessor de im-prensa para muitos jornalistas não é aprimeira opção. “Normalmente a asses-soria é vista como segunda alternativa,mas ela é um mercado que necessita depessoas e que ganha muito mais dinhei-ro, além de ser uma maneira de fugir dacamisa de força da redação”, afirma oassessor de imprensa Paulo Renato Coe-lho Netto.

INTE

RM

ED

IÁR

IOS Assessores de imprensa são

a ponte entre mídia e empresa

tar resultados”, explicou Rios.Assessores de Imprensa cuidam para

que os interesses da empresa sejam di-vulgados pela mídia, lançam releases queservem como base segura para o desen-volvimento de matérias futuras, integratodo o pessoal interno e informa o públi-co externo, mantendo assim a organiza-ção. “A assessoria desempenha um pa-pel muito importante, pois é ela que faz aponte entre a imprensa local e a empre-sa”, diz a estagiária do Ministério Públi-co Federal Fernanda Lopez Athas, de 19anos, que ainda ressalta: “os comunica-dores mantém uma relação de cumplici-dade”.

Com a implantação cada vez maiordeste setor nas companhias, amenizou-se a corrida incessante pelo “furo” de re-portagem, pois os jornalistas passaram aser informados dos acontecimentos, alémde possuírem acesso às pessoas certaspara adquirirem todas as respostas ne-cessárias, são pessoas capacitadas paradesenvolver tal função e que ajudaramna fluidez do trabalho do comunicador.

das de

A. I - Jornalistas que são ponte

Foto: www.sxc.hu

Cláudia Basso

Com a modernização da socie-dade surge também a necessidadede se comunicar. Foi visando esteavanço que muitas empresas pelomundo a fora começaram a inves-tir em um setor especializado emcomunicação, a Assessoria de Im-prensa. Ao contrário do que o no-me dá a entender, este núcleo ondetrabalham os jornalistas não desen-volve o papel de simplesmente lan-çar notas da empresa para um veí-culo de comunicação, mas é a res-ponsável por fazer a integração en-tre a comunicação interna e a ex-terna, defendendo os interesses dacompanhia e mantendo sua ima-

gem perante a sociedade.Em Campo Grande este setor do jor-

nalismo ainda é muito novo, apenas em2008 muitas empresas resolveram apos-tar em profissionais desta área ou esta-giários para desenvolver tal função,como no caso da Companhia Nacionalde Abastecimento (CONAB), que pos-suía uma responsável pela Assessoriadesde 2004 unicamente na Empresamatriz, localizada em Brasília. Segundoo superintendente Alfredo Sérgio Rioso que levou a empresa a investir em umassessor foi a demanda organizacional,pois todos eram responsáveis pelos pro-blemas internos, ao mesmo tempo queprecisavam se dedicar ao trabalho, o quenão gerava soluções. “A assessoria veiopara mudar a cara da CONAB, apresen-

Page 10: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

10

Estágios sobContratos assinados a partir de 26 de setembro são regidos por recente regulamentação

Mudanças

nova leiHelton Verão

Contribuir para a inserção do es-tudante no mercado de trabalho: essa

é a função que o estágio exerce navida dos jovens. O descaso comos estagiários sempre foi ques-tionado e a cobrança por maisdireitos para a segurança dosmesmos também. A promulga-ção das novas leis em respeito edefesa dos estagiários foi apro-vada e em muito breve prometealterações na relação entre esta-giários e empresas. Embora nãoregulamentado na área, muitosestudantes de Jornalismo fazemo estágio.

“Nem havia uma regra claracomo seria o estágio, então cadaempresa cumpria como bem que-ria”, lembra o estudante LuizHenrique Gehlen, que já está emseu terceiro estágio. Em algunsoutros casos estagiários são trata-

dos de qualquer maneira e na horaque a empresa bem entender o dis-pensa “com uma mão na frente outraatrás”. Esse pode ser o sentimentode Keyla Maciel, pois após algunsanos de estágio em uma empresa ela

foi dispensada porque seu chefe não gos-tou de arquivos postados por ela na pági-na do Orkut. “Na própria internet tem coi-sas que denigrem a imagem da empresa eeles nunca deram atenção a isso, agora porculpa de algo pessoal meu, no caso umapágina de relacionamento da internet, euperdi meu estágio”, protesta a estudanteKeyla.

“ N o v a e r a ? ”A demanda por respostas é grande,

tanto que o IEL/MS (Instituto EuvaldoLodi de Mato Grosso do Sul) colocouà disposição de empresas, estudantese instituições de ensino os endereçosda entidade no site de relacionamen-tos Orkut e também no programa demensagens instantâneas MSN.

Entre os principais pontos está a ga-rantia de carga horária máxima confor-me o nível de ensino, 30 dias de fériase vale-transporte. A lei define que a car-ga horária não poderá ultrapassar 20horas semanais para estudantes do en-sino médio e 30 horas para os alunosdo ensino superior. Isso deve acarre-tar em redução na oferta de vagas paraos programas no Estado por conta dasadequações que as empresas terão defazer.

A regulamentação vale somente paraos contratos assinados a partir de 26de setembro, ou para os que forem re-novados. “A lei é nova e isso gera mui-tas dúvidas, mas é importante tranqüi-lizar nossos parceiros, empresas, es-tudantes e instituições de ensino e ga-rantir que estamos à disposição parasanar qualquer dificuldade no sentidode informar sobre as mudanças”, res-saltou a líder de Projeto do ProgramaEstágio do IEL/MS Edivania SantosRuas, em nota no site da Federação dasIndústrias de Mato Grosso do Sul(Fiems).

“Agora temos um instrumento legale justo para os milhares de alunos sul-mato-grossenses. Ganha o estudante,por mais benefícios, ganha a empresapor mais segurança jurídica e a escola,pois terá alunos com mais tempo parase dedicar aos estudos”, argumenta osuperintendente do IEL/MS BergsonAmarilla em nota à imprensa.

Os endereços de MSN são [email protected] e estagio3@ms. iel.org.br, en-quanto o do Orkut é ESTAGIO IEL/MS.Além disso, também estão disponíveiscomo serviço tira dúvidas os telefones (67)3389-9026/9021/9201.

A l t e r a ç ã o - Agora empresas têm regras claras a cumprir quando contratam estagiários

Tatiana Gimenes

O estágio nas rádios de CampoGrande tem aumentado com passardo tempo. E devido à demanda detrabalho essas “contratações tempo-rárias” tendem a crescer cada vezmais.

Para José Francisco Báccaro, de50 anos, radialista, publicitário eatualmente gerente comercial de umarádio da Capital, o trabalho desen-volvido por estagiários tem sido fre-qüente neste meio de comunicação.Com 37 anos de carreira, Báccaroconfessa que o desenvolvimento eaperfeiçoamento destes futuros pro-fissionais é de grande valia. “Nóscomeçamos realmente a trabalharcom estes estagiários para dar umaforça. A gente acredita muito no tra-balho dessas pessoas novas”, afir-mou. Os estagiários desenvolvemseus trabalhos na área de jornalis-

mo, realizando boletins de hora em hora,destacando as principais notícias doEstado. O gerente aponta que a conexãoda música com o jornalismo tem sidopositiva. Ele completa que os estagiári-os são gerenciados por uma jornalistacredenciada que faz a supervisão dosmesmos. Ele ainda diz que é como umaforma de incentivo para essas pessoas.“O empenho e interesse destes acadêmi-cos é perceptível e o melhor é que elesaprendem mais e demonstram confian-ça”, finalizou.

Já Gisele Farias, de 32 anos, radia-lista, que já foi estagiária, diz que oprofissional hoje não pode centrar-sesó em uma coisa, tem de saber desen-volver atividades em diversos setores.A procura por estágios nas rádios égrande, e o trabalho desenvolvido pe-las estagiárias, que ela acompanha, sãode arquivo da discoteca, ou seja, tra-balham com o acervo de músicas darádio, dentre outros. Ela conta que sua

experiência como estagiária foi muitoboa. “Sempre aproveitei. Você tem queouvir, interagir, porque você está naárea da comunicação”, ressaltouGisele, que depois de alguns anoscomo estagiária tornou-se profissionale desenvolve seus trabalhos na rádioaté hoje.

Neide Trindade Mendes, de 36anos, acadêmica de jornalismo na Ca-pital, revela que é muito bom fazer es-tágio, ainda mais pelo fato de estar con-vivendo com as pessoas do meio. Pelopouco tempo que está desenvolvendoas atividades na rádio, Neide diz quejá percebeu modificação. Os ouvintesligam bastante, seja para fazer pedidosde músicas, reclamações e até mesmosugestões. Suas expectativas para ofuturo são as melhores.

Com relação ao futuro destes acadê-micos, Gisele ainda afirma que tem queaprender a fazer de tudo um pouco e serresponsável, para ser um bom profissio-

Rádios e estagiários em sintonia pela educação

nal. “É conquistar o seu espaço, tem quebatalhar, porque cada um tem o seu es-paço sim. Não pode desistir não, tem quecorrer atrás”, completou. Para ser umprofissional de destaque, Gisele lembraa questão da ética. “Tem que ter muitaética, muito cuidado, e discrição em to-dos os lugares”, finalizou.

Foto: Helton Verão

Fo

to:

Ta

tia

na

G

ime

ne

s

Ao vivo - Estagiários em estúdio de rádio

Page 11: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

11

P r á t i c a - Estagiária Bárbara Ferragini (direita) participa de projeto comunitário

Kleber Gutierrez

Estagiar em um ambiente que foge umpouco da prática comum das redações érealidade para estudantes que encontramno terceiro setor uma forma de aprender econtribuir na construção de uma socieda-de mais preocupada com as causasambientais e sociais. Ao entregar nestemercado, o estagiário de comunicação sevê como cidadão e resgata valores que po-dem se perpetuar mesmo após sua saídadeste setor.

A estudante de jornalismo da Univer-sidade Federal de Mato Grosso do Sul(UFMS), Bárbara Ferragini, de 23 anos,nunca havia se visto estagiando no terceirosetor. No entanto, foi o trabalho daGirassolidário – Agência em Defesa da In-fância e Adolescência que acabou pordespertá-la para esta área. “Acredito que émuito importante colocarmos em práticaaquilo que se aprende na universidade, ain-da mais quando é ligado a um projeto soci-al. A maioria dos jornalistas quer atuar natelevisão, no impresso, e poucos são liga-dos às causas sociais que, na verdade, sãoa essência do jornalismo”, conta Ferraginique hoje realiza estágio na organização.

Caso semelhante ocorreu com a tambémestudante de jornalismo da UniversidadeCatólica Dom Bosco (UCDB), DanúbiaBurema, de 20 anos. Ela estagia na Organi-zação Não-Governamental Conservação In-ternacional (CI - Brasil). Para Burema, a ex-periência é motivadora, pois o “fato de se

tratar de uma causa em que acredito e quejulgo importante para toda a sociedade cer-tamente foi decisivo para que eu desejassetrabalhar nesse segmento”.

O jornalista Antônio Sardinha, de 23anos, já foi estagiário e hoje atua como pro-fissional no Instituto Brasileiro de Inova-ções Pró-Sociedade Saudável (IBISS – Cen-tro Oeste). Seu interesse pela área começoude forma acidental. “Cursando jornalismo,tive oportunidades de me integrar, primei-ro por curiosidade e depois pelo gosto, aouniverso do terceiro setor, que prefiro cha-mar na verdade de sociedade civil organi-zada. O interesse, na verdade, aconteceucomo em um processo que começa pela von-tade de estar em uma instituição diferentee depois se amplia com o desejo de tornardiferente o espaço que nos propomos a atu-ar”, comenta Sardinha.

B e n e f í c i o sOs benefícios do estágio são evidencia-

dos a partir da aplicação dos conceitos teó-ricos na prática. Só o Instituto Euvaldo Lodi(IEL) apresenta cerca de 20% de estagiárioscolocados no terceiro setor. “Por enquanto,como nós somos um órgão deintermediação, ele não é a maior participa-ção, porque a maior participação aqui é naárea de serviços. Mas ele está em expan-são”, afirma a líder do programa estágio,Clara Rosana Piva, de 48 anos.

De acordo com Piva, o estágio no tercei-ro setor oferece dois benefícios, sendo oprimeiro a possibilidade da aplicação prá-

tica dos conceitos relacionados à sua áreade formação, e o outro que diz respeito aodesenvolvimento de atitudes construtivas,tais como a ética e a cidadania. “É o estágiosocialmente correto. Tem o economicamentecorreto e esse seria o estágio socialmentecorreto”, aponta Rosana e acrescenta quemultinacionais e grandes empresas reque-rem um profissional completo. “Você já vem[do terceiro setor] com essas atitudes cons-trutivas para dentro de uma empresa, alémda experiência que você adquiriu.”

Segundo Sardinha, o peso do estágiono terceiro setor “não é simbólico e figura-tivo como em outras áreas.” No entanto, “émais qualitativo, porque as demandas,vivências e exigências nessas organizaçõestornam o estagiário mais atento a questõesque fogem a priori de sua área de forma-ção” afirma. “São experiências que depoispercebemos que estão intrinsecamente li-gadas à nossa realidade profissional. É umabagagem que vai implícita na capacidadede ver diferente.”

E x p e r i ê n c i aDanúbia Burema acredita que “essa seja

uma experiência bastante proveitosa paraqualquer estudante que pretenda fazer es-tágio: procurar, dentro do possível, umaorganização que tenha valores e objetivoscom os quais ele concorde, e em uma áreaem que tenha a possibilidade de desenvol-ver trabalhos futuros.”

Já Antônio ressalta que “o verdadeiroestágio é o que desafia o estagiário a atuarde forma mais participativa e autônomadiante das demandas que lhe são propos-tas ou que ele mesmo cria, ao entender ecompreender a dinâmica de trabalho e dainstituição que se insere. As organizaçõesda sociedade civil, pela natureza e propos-

tas de trabalho, são mais flexíveisnesse sentido e isso com certeza émarcante.”

Bárbara Ferragini completa aimportância do conhecimento ad-quirido durante o estágio e seuimpacto após a formação acadêmica.“O conhecimento que eu tenho obtidono estágio, o aprendizado, vai me aju-dar muito na minha carreira jornalísti-ca. Todo esse conhecimento, com cer-teza, eu vou levar junto comigo comouma bagagem mesmo.”

M e r c a d oQuando se fala das oportunidades

geradas pelo terceiro setor, Sardinhacomenta que ainda se “confundem atu-ação de algumas organizações com oassociativismo voluntário e as ações so-lidárias. Na heterogeneidade que ca-racteriza o chamado terceiro setor o quese vê são organizações produtoras detecnologias sociais que acabam incor-poradas até mesmo por governos.”

Dada sua importância, o terceiro se-tor é um mercado promissor que temapresentado grandes avanços. Hoje eleemprega cerca de 1,2 milhões de pes-soas em mais de 270 mil OrganizaçõesNão- Governamentais (ONG’s) em todoo país. Seu crescimento é de cinco porcento ao ano e, segundo especialistas,as vagas no setor também apontam au-mento de 40% nos últimos seis anos.

Com tais projeções, o estagiário ouprofissional que queira ingressar nes-ta área tem que possuir não apenas ointeresse em contribuir socialmentepara com a sociedade, mas também sepreocupar com a sua qualificação. Pontoeste que fará toda a diferença.

ONG’s

Aprendizado socialnoTerceiro Setor

Mercado promissor para jornalista proporciona estágios

C i d a d a n i a - Ong auxilia crianças a se comunicar por meio de jornais

Foto: Arquivo Girassolidário Foto: Tatiana Gimenez

Page 12: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

12 Foto: Ederson Almeida

Cadastro nestes órgãos pode encaixar estudante no mercado

Oportunidade

estágio

Fu t u r o - Vagas das empresas são preenchidas de acordo com perfil dos candidatos

Agências

Ederson Almeida

O estágio é de extrema impor-tância no processo formativo doacadêmico e contribui para a for-mação do futuro profissional. Per-mite ao estudante a aplicação prá-tica de seus conhecimentos teóri-cos, motivando seus estudos epossibilitando uma maior assimi-lação das matérias curriculares ecom isso ameniza o impacto dapassagem da vida estudantil parao mundo profissional.

Em Campo Grande atualmenteexistem quatro agências que ofe-

recem este serviço gratuita-mente aos acadêmicos, sãoelas: Trainner, Abre, Ciee eIEL. Os cadastros nestas agên-cias podem ser feitos nos sitesdas mesmas e a partir daí é ne-cessário aguardar o contato.

Analistas de recursos hu-manos fazem a triagem dos es-tudantes para possível enca-minhamento a determinadaempresa. Na maioria das ve-zes a agência somente faz o en-caminhamento dos seleciona-dos para as empresas, que porsua vez irão decidir quais dospretendentes se encaixam como perfil da empresa.

A analista de recursos hu-manos Caroline Nascimento,

explica e alerta. “A pré-seleção éfeita pelo perfil de cada acadêmi-

co e isso é feito através do cadastrorealizado por eles em nosso site, daí aimportância de se preencher o cadas-tro com extrema veracidade e atenção.

Após esta pré-seleção são encaminha-das geralmente três pessoas por vaga,e a empresa define com quem fica”.

De acordo com Aline Zottos, do se-

tor de Recrutamento e Seleção da em-presa Trainner, no mês de setembroforam colocados no mercado cerca de20 estagiários. A maior parte das va-gas preenchidas é para os cursos deAdministração e Ciências Contábeis,porém Zottos lembra que com a entra-da da nova lei de estágio esse númerodeve cair.

Superintendente do IEL-MS, Berg-son Amarilla explica que a nova leide estágio limita a carga horária dosestagiários, que passa de oito para seishoras e ainda prevê bolsa-auxílio evale-transporte também para os casosde estágio não obrigatório, e contem-plara o estagiário com um recesso re-munerado de 30 dias. “A regulamen-tação vale somente para os contratosassinados a partir de agora ou para osque forem renovados”.

De acordo com Amarilla, quase 12mil estudantes têm contrato de está-gio assinado por ano no Estado. O su-perintendente acredita que, com essasmudanças, o impacto inicial será umaevidente redução na oferta de vagaspor parte das empresas, que serão obri-gadas a se adequar. No entanto, deacordo com ele, o estudante tambémpassará a ser mais exigido, pois per-manecerá menos tempo no local de tra-balho.

Definir-se em sua futura profissão,perceber eventuais deficiências e bus-car seu aprimoramento; são as princi-pais contribuições que um estágiopode oferecer ao acadêmico.

Magna Melo

Órgãos públicos estaduais loca-lizados em Campo Grande paraatender as demandas da grandequantidade de serviços setoriaistêm como opção a contratação deestagiários, dando oportunidadeaos jovens de iniciarem suas pro-fissões. O Governo só contrata es-tagiário dentro do programa ValeUniversidade, que é organizadopela Secretaria de Estado e Assis-tência Social e Economia Solidá-ria (Setass).

Uma iniciativa para proporcio-nar aos jovens da capital uma aju-da no primeiro de emprego, acres-centando experiência e conheci-mento, e ajuda financeira.

Segundo Romilda Herebia, as-sistente de administração da Secre-tária de Comunicação do estado.“Na comunicação temos dois esta-giários dos cursos de comunicaçãosocial e de letras, um de manhã eoutro a tarde os dois são do pro-grama Vale Universidade. Os esta-

Futuros jornalistas participam de Programa Vale Universidade

giários são ótimos eles nós auxiliammuito.”

A assessoria de Gabinete da TV eRádio Regional relatou que houve anecessidade de contratar duas estagi-árias para ajudarem na FM 104. “Oprocedimento para solicitar as funci-onárias é simples, o gerente de rádiofaz um oficio solicitando a Setass asestagiarias na área de comunicação, a

seleção e os critérios são com eles.”Uma das estagiárias escolhidas do

programa para trabalhar na FM 104, éGlória Gonçalves Barbosa estudante dosegundo semestre de Publicidade ePropaganda da UCDB. “Em janeiro fizminha inscrição no Programa Vale Uni-versidade, depois saiu o edital dos se-lecionados e meu nome não estava.Achei que eles não chamariam mais,por isso comecei a correr atrás de ou-tras coisas. Alguns meses depois(agosto), me ligaram avisando que eureceberia um e-mail com informaçõesreferentes à documentação necessáriapara a entrevista que seria na semanaseguinte, e ia receber a visita de umaassistente social”, conta Glória que re-lata algumas características do proje-to: “eu ganho desconto na mensalida-de da faculdade e as exigências são:não ter mais que uma DP, ter no míni-mo 80% de presença na faculdade,não ter faltas não justificadas no está-gio e a cada segundo dia útil do mêsentregar um relatório de freqüência ede atividades realizadas, assinada pelosupervisor do estágio e pela acadêmi-

ca. Se eu não cumprir com essas exi-gências, segundo o decreto, posso serexcluída do programa imediatamente”,comenta Glória.

As pessoas que fizeram as inscriçõespara concorrer às bolsas ainda podem serselecionadas, depende da necessidadedos órgãos públicos, que solicitam a es-tagiária o curso de preferência. Pelo pro-grama o estágio tem a duração de seismeses, podendo ser renovado. Entretan-to, só voltarão a abrir novas inscriçõesno próximo ano.

As exigências saíram no edital doprograma criado pelo decreto nº12.466, de dezoito de dezembro de 2007.O programa foi criado para os estu-dantes que comprovarem renda percapita familiar de igual ou inferior amil e quinhentos reais.

A pessoa selecionada tem que cum-prir uma carga horária de doze a vintehoras, tendo um responsável para ava-liar o estagiário, com um relatório deavaliações para serem preenchidos elevados todo mês na Setass. Não é cri-ado vínculo empregatício com a insti-tuição empregatícia.

MS - Rogério Valdez estagia no governo

Foto: Magna Melo

de

Page 13: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

T

RO

CAR

AM13

de

Estágio não é regulamentado para evitar os empresários “picaretas” que usam estudantes como mão-de-obra barata

Só pedagógico

Escraviários jornalismo

A b u s o - Estagiários são tratados como “camêlos” por empresários inescrupulosos

Foto: www.sxc.hu

Priscilla Peres

Diferente de outros Cursos de Gra-duação o estágio em jornalismo é umaatividade proibida. Segundo a legislaçãoque regulamenta a profissão de jornalis-ta (artigo 19 do Decreto 83.284/79) a prá-tica não é permitida para que não hajaexploração por parte das empresas, queoptam por mão-de-obra barata.

Para suprir a necessidade de apren-der além do que é transmitido em salade aula e ainda ganhar experiência paraenfrentar o concorrido mercado de tra-balho, muitos acadêmicos decidem pordesenvolver atividades voluntárias, ondenão recebem nenhuma forma de paga-mento mas acabam por adquirir mais co-nhecimentos. Como é o caso da acadê-mica do 4° semestre da UniversidadeFederal de Mato Grosso do Sul (UFMS)Geórgia Flores Duarte, de 23 anos, quehá quatro meses desenvolve atividadesvoluntárias em um programa de TV daCapital. “Comecei aqui para aprender aeditar vídeos, coisa que dificilmente con-seguiria aprender em outro lugar em quenão fosse voluntário, por questão de ex-periência mesmo”.

Permitida, desde que em formato aca-dêmico e supervisionado, a prática deestágio voluntário é realizada em univer-sidades através de projetos pilotos, exe-

cutados para complementar a formaçãoprofissional. “Acredito que o estágio vo-luntário é mais tranqüilo, pois assimposso me aperfeiçoar com a orientaçãodos professores”, é o que diz o acadêmi-co do 2° semestre do Curso de Jornalis-mo da Universidade Católica Dom Bosco(UCDB), Daniel Teixeira Alexandre, de17 anos, que optou por participar de

projetos desenvolvidos fora do horáriode aula.

Para os professores esse empenho emquerer aprender mais é muito bom, poispossibilita ao acadêmico adquirir expe-riência através de bastante treino. Segun-do a professora e coordenadora do La-boratório de jornalismo online daUniderp/Anhanguera, Thaísa Bueno, o

estágio voluntário é uma simulaçãodo mercado de trabalho, onde o aca-dêmico consegue, aos poucos, pegaro ritmo de uma redação. “Geralmen-te esse tipo de prática é vista combons olhos pelo mercado, poismostra interesse do aluno emaprender e se capacitar mais”.

Já para o presidente do Sin-dicato dos Jornalistas Profissi-onais de Mato Grosso do Sul(SindJor-MS) Clayton Sales, osacadêmicos devem tomar mui-to cuidado ao aceitar qualquerestágio. “É preciso ter uma fi-nalidade pedagógica e acompa-nhamento de um professor paranão se tornar exploração”, afir-ma Clayton. Segundo ele o pe-rigo está no estágio voluntáriopara empresas “picaretas” quese aproveitam dos estudantescomo mão-de-obra barata paranão contratarem profissionaisformados que geram muito maiscustos. “Considerando o contextodo mercado em Campo Grande nãovejo vantagens no estágio voluntá-rio, pois o acadêmico acaba poraprender de maneira errada, servin-do como instrumento de chantagemde algumas empresas”, concluiClayton.

Juliana Gonçalves

Nem todos os profissionaisformados em algum cursoexercem a profissão que esco-lheram para ser graduado. Eno jornalismo não é diferen-te. Um mercado saturado, quepaga pouco e o sindicato ain-da está se organizando. Mui-tos falam que é um trabalhoingrato, pois alguns profissi-onais comparam o tempo queestá no mercado como jorna-listas, com o mesmo de advo-gados ou médicos e se depa-ram com a realidade de não ter

Apaixonados por jornalismovivem de outra fonte de renda

um piso salarial compatível.Andiara Scheich, de 28 anos, é for-

mada em jornalismo há dois anos, eapesar dos vários estágios durante afaculdade, ela ainda não está no mer-cado de trabalho como jornalista.“Acredito que o mercado está cheio,mas o jornalismo é minha paixão, érealmente o que gosto de fazer”, afir-ma Andiara que hoje trabalha no se-tor administrativo de uma empresa deengenharia.

A gerente de contas de uma empre-sa de celulares, Patrícia Helena Freire,de 26 anos, se formou em jornalismopela Universidade Católica Dom Bosco(UCDB) em 2002 e conta que na época

da faculdade não chegou a fazer está-gio na área de comunicação, começoua trabalhar como estagiária nesta em-presa de celulares.

“Depois de formada eu acabei con-tinuando nesta empresa, pois com aconclusão da graduação o salário me-lhorou, e conversando com amigos euvia que o salário deles não era compa-tível com o meu, então não compen-sava deixar meu emprego, apesar deque teve momentos que eu pensei ematuar no jornalismo”, ressaltou Patrí-cia.

Ela ainda dá a dica: se a pessoa re-almente quer o jornalismo e não sepreocupa com o dinheiro, deve inves-tir e não trocar de profissão porquesenão dificilmente volta.

Para Ludiney Moura, de 25 anostambém formado na UCDB mas em2004 a história é uma pouco diferen-te. Apesar dele ter escolhido a gradu-ação de jornalismo e ter feito teologia

para complementar os estudos,encontrou, três anos depois deformado, sua vocação no cargode pastor.

“Logo que me formei monteiuma agência de publicidade epropaganda e comunicação quedurou um ano, depois dissopassei para a assessoria onde fi-quei uns dois anos até ser pas-tor. Hoje eu ainda não estou to-talmente afastado da profissãode jornalismo, ainda tento con-ciliar escrevendo para algunsjornais, mas já não vivo maisdisso”, disse Moura.

Ele disse que ao trocar o car-go na assessoria pelo de pastorchegou a ganhar um quinto doque estava ganhando, mas nãose arrepende. Hoje, apesar deestar concluindo dois livros, eledescobriu que o dia-a-dia da re-dação não é algo de que goste.

NÃO aos

Page 14: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

14

Camila Cruz

“Sou jornalista por vocação” é oque afirma a maioria dos profissio-nais da área. É que o jornalismoapesar de ser uma profissão essen-cial para a sociedade e para o paísapresenta baixo retorno financeiro.Muitos profissionais para comple-mentar suas rendas e poder ter umamelhor qualidade de vida precisam

trabalhar em mais de um veículo de co-municação e isso acontece pela falta dopiso salarial da profissão no Estado e peladesunião da classe.

Segundo o Secretário Geral do Sin-dicato dos Jornalistas em mato Grossodo Sul (Sindjor -MS), Alexandre Maciel,MS não tem um piso salarial definidopor que não existe um sindicato patro-nal dos jornalistas. “É fundamental quenosso estado tenha um sindicato que res-

S u s t e n t o - No Brasil, devido ao estressante dia a dia, jornalistas têm carga horária de cinco horas garantida, mas na prática precisam trabalhar mais de dez horas

Dois

Mercado

Jornalistas do Estado precisam cumprir rotina de trabalho diária em mais de um veículo de comunicação

empregos: a salvação

Foto: www.sxc.hu

financeira

ponda em nome dos donos de veículosde comunicação. As discussões por sa-lário se tornam difíceis por que os pro-blemas precisam ser resolvidos indivi-dualmente, de redação por redação, di-ficultando acordos com os patrões.

Pela questão da ética de trabalhar emdois veículos de comunicação, Alexan-dre explica que é possível e garantidopor lei, desde que ocorra a imparcialida-de e o bom senso de cada profissional.

Para o jornalista Joel Almeida da Sil-va, o profissional de jornalismo não temcondições de trabalhar em apenas umveículo. “A saída então é o jornalistapossuir um emprego fixo e partir aindapara trabalhos independentes com a aju-da da tecnologia, desenvolvendo sites,blogs e assessorias de imprensa”. Joel écoordenador de jornalismo na RádioEducativa, trabalhou na campanha elei-toral de rádio do prefeito Nelsinho Trad,é coordenador da equipe esportiva da

Rádio Difusora e ainda produz textospara blog.

O Sindjor aponta como causa do bai-xo retorno salarial também a presençados estudantes no mercado, pois hojeos meios de comunicação contratam gran-de quantidade de estagiários para traba-lhar como jornalista formado, ocupan-do assim o espaço dos que possuem odiploma. As empresas jornalísticas dãoênfase nesse aspecto visando o menorgasto do veículo e não o acompanhamen-to dos acadêmicos e nem a qualidade detrabalho dos profissionais.

“O fator de baixo salário é uma reali-dade geral dos jornalistas. A causa dopiso salarial não ser maior é conseqüên-cia da falta de luta e de união dos pro-fissionais”, comentou a jornalista KarineCortez, que trabalha no jornal Correiodo Estado e na produção do programa“Médico da Família”, na TV CampoGrande.

Page 15: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

escolheramJornalistas

Voca

ção

errado

15Foto: Eliane dos Santos

Mau-caratismo

Exploração

ronda

I r r e g u l a r i d a d e s - Jornalistas trabalham, mas patrões ilegais não pagam

Jornalistas ainda são vítimas de crimes trabalhistas

Eliane dos Santos

Trabalhar muito e ganhar pouco.Extrapolar a carga horária, correr atrásde pautas e dedicar até a última gota desuor no desenvolvimento de um textosão características do verdadeiro jorna-lista. Este é o lema que se escuta desdeo banco das academias e que ronda emsilêncio muitas redações e salas de em-presas jornalísticas. Mas algo além des-ta situação vem assombrando a catego-ria. Há alguns anos empresas jornalís-ticas tratam com descaso a questão dopagamento de hora extra e até mesmo dopróprio salário.

Segundo uma das vítimas deste gol-pe, que prefere não se identificar, ela tra-

balhou por mais de um ano na em-presa e não recebia, estava com todoo salário atrasado. “Na empresa nãoera respeitada a carga horária de 5horas por dia e nem eram pagas ashoras extras”, relata.

A vítima buscou se informar so-bre seus direitos e recorreu na justi-ça. “Contratei um advogado e entreicom uma ação contra a empresa hámais de três anos e não recebi nem ametade até hoje”, diz. “É uma vergo-nha para a categoria. Devemos bus-car nossos direitos, para que tenhamum pouco de respeito com a nossaclasse e dar um basta nessas empre-sas que não respeitam os funcionári-os”, completa.

Outra vítima de golpes como esteque também prefere não se identificar,conta que perdeu mais de R$ 5 mil, maspreferiu fazer acordo amigável com a em-

presa. “A empresa já tinhamuitos processos nas costas,eu perdi quase R$ 5 mil, maspreferi não perder meu tempo,para ficar naquele vai e vem nostribunais e não resolver nada”,afirma.

A desvalorização do profissio-nal do jornalismo tem causado in-dignação na classe. “Como jorna-lista penso que é um absurdo vocêtrabalhar sem ter a certeza de queno fim do mês será recompensadofinanceiramente. Vivi essa situaçãoe era muito complicado, saláriosatrasados e falta de definição.Muitos optaram por entrar na jus-tiça, isso faz mais de cinco anos ea maioria nem recebeu, ou está re-cebendo parcelado”, diz.

A empresa que não realizar pa-gamento de salário, hora extra,multa rescisória, entre outros be-nefícios de direito do profissional,pode ser denunciada no Sindicatodos Jornalistas Profissionais deMato Grosso do Sul (Sindjor-MS).“A partir do momento em que o sin-dicato recebe a denúncia, nos com-prometemos com o sigilo de iden-tidade e enviamos uma notificaçãoà empresa, mas antes de tudo épreciso registrar a denúncia paraque possamos tomar as devidas pro-vidências”, alerta Clayton Sales,presidente do Sindjor-MS. Apósenviada a notificação à empresapelo Sindicato, ela tem o prazo deuma semana para regularizar a si-tuação. “Caso o problema não sejaresolvido, aconselhamos as vítimasa recorrerem no poder judiciário”,conclui Sales.

Júlia de Miranda

“Querido o que você vai que-rer ser quando crescer?” Astro-nauta, cientista, cantor, respostasóbvias quando se tem 6 anos deidade. O tempo passa e a escolhacerteira para a profissão muda, enem sempre o curso que se esco-lhe para ter um diploma será aprofissão definitiva no futuro. Naárea do jornalismo, descontenta-mento com o salário, descobertapor algo mais prazeroso e dúvi-das em que veículo de comunica-ção seguir são as respostas maisrepetidas no quesito “sou forma-do mais trampo em outra área”.

“Nunca foi o que eu queria,desde o começo da faculdade per-cebi que não era muito a minhacara, mas meus pais valorizavamum diploma”, observa José PauloMedeiros, de 33 anos, formadoem jornalismo na cidade do Riode Janeiro. Medeiros terminou afaculdade e começou a trabalharcom os pais, corretores de imó-veis, depois passou cinco anos

morando na Inglaterra onde aprofun-dou o gosto pela literatura escreven-do contos. Hoje continua no ramode imóveis e nas horas vagas escre-ve, já tem dois livros publicados. “Oque apreendi no jornalismo me deumuita base, tanto na gramática, nateoria e principalmente nas relaçõeshumanas presente na profissão”,conclui José Paulo.

Adriana Miranda, de 24 anos, for-mada em jornalismo e professora deEducação Artística, diz que aindanão achou o seu “caminho” como jor-nalista. “Já estagiei em rádio, TV, as-sessoria, mas não vi minha identi-dade profissional. Como adoro pin-tura e fotografia tenho esses traba-lhos temporários, só que fico sem-pre antenada no mundo da comuni-cação”, afirma Adriana que declaraadmiração pelos jornalistas e diz queé a profissão mais humana e “san-gue quente” que existe.

Para o professor de idiomas Flá-vio Mesquita, de 29 anos, também ba-charel, a troca de profissão veio porquestões econômicas. Como tinha aca-bado de casar e com a chegada do pri-

meiro filho, Flávio notou que preci-sava de um trabalho imediato e quepagasse bem desde o início. Optoupor dar aulas particulares de inglês eespanhol, pois tem total fluência.“Adorei a faculdade, acho instiganteir atrás da notícia, farejar informa-ções, entrevistas, aquela correria daredação, mas por enquanto valorizoo bem-estar familiar”, assume Flávioque opina que só ganha bem quemtem experiência no currículo. “Ou ocara é macaco velho ou é muitotalentoso”, diverte-se Flávio.

Ana Maria Portugal, psicóloga eespecialista em teste vocacional frisaque a realização profissional é muitoimportante, só que nem sempre dápara conciliar prazer e um bom re-torno financeiro. “Incertezas e dúvi-das na hora de escolher a profissão énormal, dinheiro é importante, massempre é melhor trabalhar no quegosta. A psicóloga explica que a sa-tisfação no mercado de trabalho vemcom o tempo, se tem a certeza do quevai querer exercer, a pessoa semprevai dar um jeito de relacionar com aprofissão, como um ciclo vicioso.

O

empresas

que

Page 16: GERÊNCIA EM JORNALISMO - UCDB · Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Designer - Maria Helena Benites ... uma distância entre conteúdo informativo e o tão

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

008

EM

FO

CO

GER

ÊNC

IA E

M J

OR

NA

LIS

MO

16

Luciana Brazil

Conseguir entrevistá-los é sem-pre complicado, uma tarefa insis-tente. Na corrida contra o tempo e

na busca da notícia, sempre in-cessante, os diretores de TV seempenham de corpo e alma naprofissão e no encontro comestes profissionais é nítida apaixão pelo ofício.O jornalistae diretor de jornalismo da FMCidade, Cadu Bortolot, diz quea jornada de trabalho começamuito antes de chegar à emis-sora. “Às seis horas da manhãcomeço a me informar sobretudo que está acontecendo nacidade, no Estado, no Brasil eno mundo, para chegar à reda-ção às oito sabendo tudo queestá acontecendo”, afirma.

Durante o dia o diretor coor-dena as equipes de reportageme acompanha tudo que estáacontecendo. “Não tem hora pra

acabar o trabalho,” lembra Cadu.Depois de verificar todos os sitesde notícias, ver todos os telejor-nais, ao chegar à emissora, Cadurevê as pautas e acrescenta pautasque sejam necessárias de acordocom os fatos que estejam aconte-cendo. Ele diz que a maior dificul-dade do mercado está relacionadacom a falta de recurso que todos

os profissionais enfrentam, pois não hácomo relatar todos os acontecimentos.“Os recursos não são internos, mas re-cursos da própria informação. Não hácomo atender todos os fatos que acon-

tecem,” diz o diretor.A jornalista e diretora executiva de

jornalismo da TV Campo Grande, for-mada há 30 anos, Denise Abraham, con-ta que não se pode esquecer a linha edi-

Pa r c e i r o s - Na parte técnica, profissionais de Rádio e TV, como Jair Borgato, são os que fazem a direção dos programas jornalísticos

Jornalistas

Direção

Nas redações dos veículos de comunicação, profissionais do jornalismo dirigem processo de obtenção da notícia

estão no

torial do veículo. “O trabalho é jornalís-tico, é um trabalho de elaboração, umtrabalho de equipe, onde a sintonia éimportante e a linha editorial deve serseguida”, lembra Denise.

Quando a questão é salarial, algunsprofissionais de jornalismo afirmam queos salários no Estado são díspares. ParaCadu, alguns ganham muito bem e ou-tros não ganham nada. “Na verdade agente não tem como saber, depende muitoda empresa”, afirma ele.

Existe também o diretor de TV que temuma função mais técnica. Este profissio-nal realiza o trabalho dentro do estúdioou na switcher, o que é mais comum, e delá faz todos os cortes de câmera. O diretorde TV e diretor de imagem da Universida-de Católica Dom Bosco, UCDB, JairBorgato, afirma que precisa estar atento atudo que acontece no estúdio. “Estamossempre preocupados se tudo está semprepreparado, se existe erro do apresentador,como serão feitos os cortes.”

Para Jair, o mercado é pequeno e asmaiores dificuldades são as própriaspessoas. “As pessoas com quem preci-samos trabalhar são os obstáculos queenfrentamos, pois não as conhecemos eisso dificulta o trabalho”.

ComandoFoto: Luciana Brazil