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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - ijsn.es.gov.br · Márcia Zanotti Rosângela D’Ávila Sonia Bouez Terezinha Guimarães Andrade IEMA Jerônimo do Amaral Luiz Alberto Cheles

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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - SECT INSTITUTO DE APOIO À PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO

JONES DOS SANTOS NEVES – IPES

MACROZONEAMENTO DA REGIÃO SERRANA

Vitória, 2004

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Paulo César Hartung Gomes SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA Fernando Luiz Herkenhoff Vieira INSTITUTO DE APOIO À PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO JONES DOS SANTOS NEVES Maria José Schuwartz Ferreira DIRETORIA TÉCNICO-CIENTÍFICA Antonio Luiz Caus DIRETORIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Andréa Figueiredo Nascimento EQUIPE TÉCNICA IPES Fernando Jakes Teubner Júnior – Coordenador do Projeto Aline Elisa Cotta D’Ávila Antônio Luiz Caus Carmen Júlia B. Noé Flávio de Oliveira Bueno Inês Brochado Abreu José Carlos Oliveira Márcia Zanotti Rosângela D’Ávila Sonia Bouez Terezinha Guimarães Andrade

IEMA Jerônimo do Amaral Luiz Alberto Cheles Ricard

IDAF Mário Sartório

Casa Civil Leandro R. Feitoza

CESAN Maria Helena Alves

Colaboração Especial Geoprocessamento - Hideko N. Feitoza Banco de Dados - IPES Projeto Geobases – Casa Civil

Editado pela Coordenação de Proeuts e Relações com o Mercado

Ivete Lucia Orlandi - Coordenadora Djalma J. Vazzoler Lastênio João Scopel Rita de Cassia dos S. Souza Sandra Soares Marques Campeão

APRESENTAÇÃO Este documento é parte dos trabalhos realizados no âmbito de um convênio de Cooperação Técnica de nº 008/2004, celebrado entre o estado do Espírito Santo, prefeituras municipais e diferentes entidades públicas e privadas, objetivando, a partir do desenvolvimento de ações, estudos e trabalhos conjuntos e a retomada do debate em torno dos problemas regionais para a construção de diretrizes de políticas integradas de desenvolvimento, em especial para a região que, para efeito do convênio, ficou denominada como Serrana. A região Serrana, aqui considerada, é composta por 11 municípios: Afonso Cláudio, Alfredo Chaves, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Santa Teresa, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante. É importante ressaltar que esses municípios não são os mesmos considerados dentro da divisão regional formal do estado. A área estudada abrange municípios pertencentes a diversas microrregiões administrativas: Metrópole Expandida Sul, Sudoeste Serrana, Central Serrana e Pólo Cachoeiro. Foi seguindo as recomendações do citado convênio que os órgãos conveniados (Ipes, Cesan, Casa Civil, Idaf e Iema) elaboraram o presente documento, como proposta de ação governamental, visando avaliar a dinâmica da região Serrana e dar orientações sobre o planejamento da ocupação racional de seu espaço territorial e sobre os usos sustentáveis de seus recursos naturais. Nesse sentido, o zoneamento valorizará de forma sinérgica os trabalhos e projetos que vierem a ser desenvolvidos na região.

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 9

2. MACRODIAGNÓSTICO DA REGIÃO SERRANA .......................................................................... 10 2.1 Aspectos Fisico-geográficos.................................................................................................. 10 2.2 Aspectos Hidrológicos ........................................................................................................... 13 2.3 Dinâmica Demográfica .......................................................................................................... 36 2.4 Dinâmica Social ..................................................................................................................... 46 2.5 Dinâmica Econômica............................................................................................................. 66 2.5 Dinâmica de Ocupação e Expansão Territorial..................................................................... 74 2.5.1 Quadro Atual da Ocupação da Região Serrana.................................................................. 74 2.5.2 Panorama Geral dos Loteamentos nos Municípios Pesquisados: Pontos Comuns e

Principais Problemas........................................................................................................... 77 2.5.3 Relatório-síntese dos Loteamentos nos Municípios Pesquisados...................................... 78 2.6 Dinâmica de Ocupação e Expansão Territorial................................................................... 83 2.6.1 Quadro Atual da Ocupação da Região Serrana.................................................................. 83 2.6.2 Panorama Geral dos Loteamentos nos Municípios Pesquisados: Pontos Comuns e

Principais Problemas........................................................................................................... 85 2.6.3 Relatório Síntese dos Loteamentos nos Municípios Pesquisados ..................................... 87

3. RECOMENDAÇÕES PARA AÇÃO PÚBLICA LOCAL .................................................................... 93

4. MACROZONEAMENTO DA REGIÃO SERRANA........................................................................... 97 4.1 Metodologia............................................................................................................................. 97 4.1.1 Elaboração da base de dados ............................................................................................... 98 4.1.2 Elaboração do zoneamento ................................................................................................... 98

4.2 Definição das classes de uso.................................................................................................. 99 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - População residente e taxa de crescimento da população residente na região Serrana . 36 Tabela 2 - Grau de urbanização na região Serrana – 1991/2000....................................................... 37 Tabela 3 - Imigrantes estaduais, segundo unidade da federação de origem na região Serrana -

1995-2000......................................................................................................................... 42 Tabela 4 - Imigrantes* e taxa de imigração, segundo municípios de destino, ordenados por

taxa de imigração na região Serrana - 1995 - 2000......................................................... 43 Tabela 5 - Imigrantes do exterior segundo município de destino da região Serrana –

1995 - 2000....................................................................................................................... 43 Tabela 6 - Imigrantes, emigrantes e saldo migratório segundo municípios - mo-vimento

intermunicipal do Estado na região Serrana - 1995 - 2000.............................................. 44 Tabela 7 - Imigrantes, emigrantes e saldo migratório segundo municípios – área urbana -

movimento intermunicipal do Estado na região Serrana - 1995- 2000............................... 45 Tabela 8 - Imigrantes, emigrantes e saldo migratório segundo municípios – área rural -

movimento intermunicipal do Estado na região Serrana -1995- 2000................................ 45 Tabela 9 - Saldo migratório dos municípios da região Serrana, segundo o movimento

intermunicipal regional - 1995/2000 .................................................................................... 46 Tabela 10 - Índice de Desenvolvimento Social Municipal e sub índices por municípios na região

Serrana – 1990/2000 ........................................................................................................ 47 Tabela 11 - Famílias* por faixa de rendimento mensal familiar per capita na região Serrana – 2000 49 Tabela 12 - Famílias* por faixa de rendimento mensal familiar per capita na região Serrana – 2000 50 Tabela 13 - Percentual de crianças de 10 a 14 anos que trabalham na região Serrana - 1991/2000. 50 Tabela 14 - Índices de carência em água, esgoto e lixo segundo municípios da área rural na

região Serrana - 2000....................................................................................................... 52 Tabela 15 - Índices de carência em água, esgoto e lixo segundo municípios da área urbana na

região Serrana – 2000 ...................................................................................................... 53

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Tabela 16 - Domicílios particulares permanentes rurais por origem e canaliza-ção do abastecimento de água segundo municípios da região Serrana - 2000.......................... 55

Tabela 17 - Domicílios particulares permanentes urbanos por origem e canali-zação do abastecimento de água segundo municípios da região Serrana - 2000.......................... 55

Tabela 18 - Domicílios particulares permanentes rurais por forma de esgota-mento sanitário e inexistência de banheiro ou sanitário segundo municípios da região Serrana - 2000..... 56

Tabela 19 - Domicílios particulares permanentes urbanos por forma de esgota-mento sanitário e inexistência de banheiro ou sanitário segundo municípios da região Serrana - 2000 .................................................................................................................................. 56

Tabela 20 - Domicílio particulares permanentes rurais por destino do lixo do-miciliar segundo municípios da região Serrana – 2000............................................................................... 57

Tabela 21 - Domicílios particulares permanentes urbanos por destino do lixo domiciliar segundo municípios da região Serrana - 2000................................................................................ 57

Tabeba 22 - Déficit habitacional rural e urbano segundo municípios da região Serrana – 2000......... 58 Tabela 23 - Déficit habitacional relativo rural e urbano da região Serrana – 2000.............................. 60 Tabela 24 - Déficit habitacional rural e urbano segundo faixas de renda familiar da região

Serrana - 2000 .................................................................................................................. 60 Tabela 25 - Déficit habitacional rural e urbano segundo faixas de renda familiar da região

Serrana – 2000 ................................................................................................................. 65 Tabela 26 - População ocupada por atividade - 2000 ......................................................................... 67 Tabela 27 - Participação da população ocupada dos municípios da região Serrana na atividade

primária ............................................................................................................................. 68 Tabela 28 - Distribuição do número de empresas formais por atividade CNAE na região Serrana ... 68 Tabela 29 - Distribuição do número de empresas formais por atividade CNAE nos municípios

da região Serrana ............................................................................................................. 69 Tabela 30 - Participação no Espírito Santo da população ocupada por ativida- de na região Serrana -

2000 .................................................................................................................................. 69 Tabela 31 - Participação dos municípios no efetivo bovino da região Serrana - 2002....................... 70 Tabela 32 - Participação do valor do produto no total de lavouras permanen-tes dos municípios-

2002 .................................................................................................................................. 71 Tabela 33 - Participação do valor dos produtos no total das lavouras tempo-rárias dos

municípios - 2002.............................................................................................................. 72 Tabela 34 - Produtos agrícolas* originados da Ceasa de Cariacica - nov.2001 - nov. 2003** ........... 73 Tabela 35 - Estrutura fundiária da região Serrana segundo municípios -1996 .................................. 74 Tabela 36 – Situação dos loteamentos ou condomínios na região Serrana ........................................ 79 Tabela 37 - Loteamentos implantados na área rural de Vargem Alta - 1995-2004............................. 80 Tabela 38 - Loteamentos implantados na área rural de Marechal Floriano – 1995-2004................... 81 Tabela 39 - Loteamentos implantados na área rural de Domingos Martins - 1995-2004................... 82 Tabela 40 - Loteamentos implantados no municípiol de Domingos Martins – distrito sede de

Santa Isabel 1995-2004.................................................................................................... 92

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ANEXO GEOPROCESSAMENTO TEMÁTICO DA REGIÃO SERRANA* ANEXO 1............................................................................................................................................. 102 ANEXO 2............................................................................................................................................. 109

*Os arquivos na versão JPG para plotagem em tamanho A0 enstão disponíveis

nesse CD.

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1. INTRODUÇÃO Detentora de uma das mais ricas paisagens do estado do Espírito Santo, a região Serrana abrange uma área de 6.878,19 Km². O conjunto composto de vales, montanhas, de grande número de cachoeiras, corredeiras e expressivas Unidades de Conservação gera verdadeiros ícones paisagísticos, o que produz um belo cenário de paisagem única. Enquanto conjunto cênico, a região Serrana possui alto valor paisagístico, ambiental e histórico, garantido por sua geomorfologia, cujos altos montes emolduram o sítio natural. Atividades agrícolas, florestais e pastoris constituem a base da economia e da cultura tradicional da região. Tais atividades, no entanto, vêm sendo descaracterizadas por problemas de urbanização desordenada no meio rural, que, somados ao desmatamento, dessecação de nascentes e saneamento básico deficientes, tornam-se fatores determinantes de desequilíbrio para o ecossistema da região. A análise desse quadro, especialmente em função de recente trabalho elaborado pelo Ipes para o município de Domingos Martins, conferiu a necessidade e a urgência de elaboração de estudos para a região Serrana, tendo como função ações preventivas, articulação institucional e de incentivo às atividades econômicas ecologicamente sustentáveis, compatíveis com as potencialidades regionais. O presente documento inicia-se com o macrodiagnóstico da região, abrangendo aspectos demográficos, econômicos e físico-territoriais com recomendações para ações locais, finalizando por apresentar proposta de zoneamento composto de diretrizes de uso e ocupação do solo, visando integrar e organizar a gestão territorial necessária para o desenvolvimento sustentável.

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2. MACRODIAGNÓSTICO DA REGIÃO SERRANA 2.1. Aspectos Fisico-geográficos A região Serrana, composta pelos municípios de Afonso Cláudio, Alfredo Chaves, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Santa Teresa, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante, possui área de 6.878,19 Km² (figura 1). Para fins de análise regional, o Espírito Santo está estratificado em unidades naturais, que podem ser expressas em três níveis, assim denominados: zonas, subzonas e províncias. Nessas unidades os dados considerados incorporam características de clima e solos que afetam as atividades humanas e o comportamento de organismos, os quais controlam a produtividade dos ecossistemas. Em conseqüência, as unidades naturais estão associadas com a ecologia e com os aspectos socioeconômicos das diferentes regiões do Espírito Santo (FEITOZA, L. R. et al., 1997). A partir da divisão do estado em zonas, que é um nível categórico mais amplo, em que são considerados simultaneamente apenas os aspectos temperatura, relevo e número de meses secos, observam-se nele nove tipos distintos de zonas naturais. Especificamente nos 11 municípios da região Serrana (figura 2) são encontrados sete tipos, a saber: Zona 1: zona de terras frias, acidentadas e chuvosas, perfazendo 2.524 km² e representando 36,77% da região; Zona 2: zona de terras de temperaturas amenas, acidentadas e chuvosas, perfazendo 2.837 Km² e representando 34,72% da região;

Zona 3: zona de terras de temperaturas amenas, acidentadas e transição chuvosa/secas, perfazendo 826 km² e representando 12,06% da região;

Zona 4: zona de terras quentes, acidentadas e chuvosas, perfazendo 513 Km² e representando 7,42% da região; Zona 5: zona de terras quentes, acidentadas e transição chuvosa/secas, perfazendo 175 km² e representando 2,55% da região; Zona 6: zona de terras quentes, acidentadas e secas, perfazendo 430 Km² e representando 6,26% da região; e Zona 7: zona de terras quentes, planas e transição chuvosa/seca, perfazendo 10 Km² e representando 0,15% da região.

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Figura 1 –Municípios que compoêm a região Serrana

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Figura 2 - Região Serrana - Zonas Naturais

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Essas respectivas zonas naturais; os parâmetros de temperatura; relevo e meses secos de cada uma; os indicadores para as suas delimitações em termos de campo; as atividades agrícolas inerentes a cada uma e algumas observações de relevância ao tema em proposição estão contidos na carta de Uso do Solo e Cobertura Florestal (Anexo I). A considerável presença de solos profundos (latossolos) e elevada densidade de drenagem nessa região de muitas zonas chuvosas ocupando posições de maiores altitudes contribui com a alimentação de nascentes da maior parte das bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, além de nascentes dos rios Itapemirim, Reis Magos, Santa Maria do Rio Doce, Guandu e Benevente. Conforme o Mapa das Unidades Naturais do Estado do Espírito Santo (FEITOZA et al., 1999), a área estudada localiza-se nas zonas 1 e 2 – Terras frias ou amenas, acidentadas e chuvosas (figura 2). Contém grandes maciços superiores a 1.200 m. A temperatura do mês mais frio está, na média, entre 7,3 e 9,4ºC, e a do mês mais quente está, na média, entre 25,3ºC e 27,8ºC. É uma área com sinais de vegetação com maior exuberância no vigor vegetativo e com alta capacidade de recomposição natural após reflorestamento. A vegetação da área é fortemente influenciada pelo intenso regime de chuvas, apresentando alta capacidade de recomposição vegetativa, pelo relevo em geral acidentado e pelo sistema de drenagem correspondente às nascentes e à maior parte das bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, além de nascentes dos rios Itapemirim, Reis Magos, Santa Maria do Rio Doce, Guandu e Benevente. Portanto, observa-se a importância da preservação e proteção das nascentes e pequenos rios que vão formar cursos d’água de importância estratégica para o estado do Espírito Santo. Ainda deve-se ressaltar que o abastecimento humano da Grande Vitória se dá, quase que integralmente, pelas águas dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, e, no futuro, quando houver necessidade de ampliar a oferta de água, uma das hipóteses consideradas será o aproveitamento da bacia do rio Reis Magos. 2.2 Aspectos Hidrológicos As informações utilizadas podem ser agrupadas em dois grandes itens relativos à disponibilidade hídrica: estimativa de quantidade d’água e avaliação da qualidade d’água. Para a estimativa de vazões, foi utilizada a divisão da área de estudo em sub-bacias determinada no projeto Geobases; as equações de regionalização de vazões do Plano Estadual de Recursos Hídricos; e a série de precipitação média total anual das estações pluviométricas contidas na área de estudo e entorno, obtida também do Plano Estadual de Recursos Hídricos. Além dessas informações, para a avaliação do nível de potencial hídrico de cada sub-bacia, há necessidade de conhecer os usuários atuais consuntivos e os não consuntivos e os usos prioritários de cada trecho dos corpos d’água. Entretanto, esta informação não está ainda disponível sob a forma de um cadastro ou banco de dados. Nesta categoria, a única informação disponível agregada ao projeto é o cadastro de irrigantes dos municípios também inclusos na bacia do rio Itapemirim. Assim, foram incluídos os cadastros de irrigantes dos municípios de Castelo,

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Conceição do Castelo, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante, obtidos do projeto Sistema de Informações Hidrológicas da Bacia do Rio Itapemirim (SIHBRI), executado pela Fundação Promar, com apoio do Fundo Nacional de Meio Ambiente ( FNMA). Para a avaliação da disponibilidade da qualidade d`água, trabalhou-se com três fontes de dados: rede de monitoramento de qualidade d’água do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), rede de monitoramento de qualidade d’água dos mananciais utilizados pela Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) e a rede de monitoramento de qualidade d’água do projeto SIHBRI. Pluviometria A região Serrana é caracterizada, em relação à pluviometria, como chuvosa. É a região que alcança os maiores índices médios em todo o território do estado do Espírito Santo, chegando a um total de até 2.100 mm por ano (figura 3), no entorno das formações rochosas da Serra de Richmond e da Pedra Azul, na vertente que declina para o município de Vargem Alta. Disponibilidade Hídrica (quantidade) Para a estimativa de vazões por microbacia, na região Serrana, foi utilizada a metodologia do Estudo de Regionalização de Vazões do Plano Estadual de Recursos Hídricos (1996), em que, a partir das isoietas e dos mapas de hidrografia e topografia, pode-se fazer uma estimativa das vazões por microbacia. As microbacias foram definidas segundo os mapas de hidrografia e topografia da base cartográfica Sistema Integrado de Bases Georreferenciadas do Estado do Espírito Santo (Geobases), obtendo-se as respectivas áreas de drenagem, em km2. A chuva total média anual foi obtida pelo método das Isoietas. Nesse estudo, em função da dificuldade de processamento, foi efetuada uma simplificação no procedimento da determinação da precipitação total média anual de cada microbacia. A variável foi calculada segundo o método das isoietas, e se convencionou que a precipitação média é obtida pela média ponderada das isoietas médias de maior área e cuja área acumulada é igual a (ou maior que) 50% da área total da microbacia. As variáveis “Área de drenagem” e “Precipitação Total Média Anual” foram utilizadas em regressões para estimativa das vazões características (vazão média de longo termo e vazão mínima média com duração de 7 dias e tempo de retorno de 10 anos). Nesse Estudo de Regionalização de Vazões, o estado do Espírito Santo foi dividido em Regiões Hidrologicamente Homogêneas (figura 4), havendo uma série de parâmetros que são variáveis entre as regiões e constantes para cada região. Esses parâmetros combinados com as variáveis “Área de drenagem” e “Precipitação Total Média Anual” formam regressões que utilizamos para a estimativa de vazões.

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Figura 3 – Mapa de Isoietas

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Figura 4 – Regiões Hidrologicamente Homogêneas (“Estudo de Regionalização de Vazões” - Plano Estadual de Recursos Hídricos)

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Assim, aplicada a metodologia, obteve-se os mapas de vazões médias de longo termo – Qmlt (figura 5), vazão média de longo termo específica (figura 6), vazão mínima média com duração de 7 dias e período de retorno de 10 anos – q7,10 (figura 7) – e vazão mínima média específica com duração de 7 dias e período de retorno de 10 anos (figura 8). Observando as figuras 5 e 6, verifica-se que as sub-bacias situadas na margem direita do rio Doce (Guandu, Sta Maria do Rio Doce e Sta Joana) possuem baixa disponibilidade hídrica média, se comparadas com as demais; além de possuírem vazões médias menores, apresentam produtividade hídrica por km2 (vazão específica) também reduzida em relação à das outras sub-bacias e microbacias. O mesmo se observa em relação à q7,10, nas figuras 7 e 8, que mostra que a região possui o pior cenário de toda a região estudada, quando se trata da produtividade hídrica ou vazão específica (l/s.km2). Esses resultados podem ser explicados. Uma hipótese seria o uso e a ocupação do solo inadequados, incluindo-se o desmatamento e processo acelerado de impermeabilização de áreas fundamentais para a recarga hídrica dos lençóis subterrâneos, que manteriam a vazão de base dos cursos d’água nos períodos de estiagem, não permitindo que elas baixem demais, situação que é traduzida pelos cenários da q7,10 (total e específica). Na área correspondente às nascentes do rio Reis Magos ou Fundão e às nascentes e aos cursos d’água dos rios Santa Maria da Vitória, Jacaraípe, Castelo e calha principal do rio Itapemirim, observa-se que a q7,10 específica possui um cenário melhor em relação ao anterior; entretanto, sua distribuição espacial também é preocupante, requerendo iniciativas de preservação, conservação e recuperação das nascentes, ribeirões, córregos e rios, além de cuidados com o uso e ocupação do solo. Nas áreas correspondentes às nascentes e cursos d’água dos rios Jucu Braço Norte e Jucu, além do rio Novo ou Iconha, observa-se um melhor cenário da distribuição espacial da q7,10 total e específica. Entretanto, o fato de haver um cenário global entre razoável e satisfatório não significa ausência de problemas em todas as comunidades. Por exemplo, no ano de 2003, tendo havido um período longo e severo de estiagem, ocorreu que várias nascentes e cursos d’água situados no entorno de Pedra Azul, dentro do município de Domingos Martins, secaram. Diversos produtores rurais da região sofreram prejuízos na produção agrícola, dada a ausência de condições climáticas para a semeadura. Ainda, condomínios da região de entorno da Pedra Azul que normalmente se abasteciam das águas de nascentes ou cursos d’água enfrentaram racionamento, tendo de ser abastecidos por carros-pipa. Neste caso, a baixa, ou melhor, a quase inexistente produtividade hídrica em situações severas de estiagem pode ser atribuída à presença de uma estreita camada de solo sobre o embasamento cristalino, daí acarretando baixa capacidade de armazenamento de água subterrânea, que alimentaria as nascentes e cursos d’água, principalmente em situações críticas de estiagem. Nesta localidade a escassa disponibilidade hídrica em períodos de estiagem, por exemplo, é um fator limitante ao desenvolvimento local (sustentável).

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Figura 5 – Mapa de vazões médias de longo termo (m 3/s)

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Figura 6 – Mapa de Vazões Médias Específicas de Lon go Termo (m 3/s. km 2)

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Figura 7 – Mapa de Vazões Mínimas Médias com 7 di as de duração e 10 anos de período de retorno (l/s)

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Figura 8 - Mapa de Vazões Mínimas Médias Específicas com 7 di as de

duração e 10 anos de período de retorno (l/s . km 2)

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A bacia do rio Benevente, rio Fruteiras (afluente do rio Castelo) e a sub-bacia Jucu Braço Sul possuem, dentro do perímetro estabelecido para a zona serrana, a melhor produtividade hídrica por km2. Interessante destacar a diferença de comportamento hidrológico entre as sub-bacias dos rios Jucu Braço Norte e Jucu Braço Sul (boa parte contida no município de Marechal Floriano), em termos de vazão q7,10 específica. Disponibilidade Hídrica (qualidade) Para o diagnóstico de qualidade dos cursos d’água, foram utilizadas as séries de dados disponibilizadas pelo Iema (total de 45 pontos de amostragem), Cesan (total de 15 pontos de amostragem) e projeto SIHBRI (total de 13 pontos de amostragem), inseridos dentro da área de estudo. Foram elaborados alguns mapas com o comportamento dos parâmetros analisados. Entretanto, deve-se assinalar a necessidade de fortalecer a rede de monitoramento do Iema como órgão gestor ambiental, dado que trabalhamos com uma série pouco extensa e não representativa espacialmente (concentra-se junto à Grande Vitória e próximo à região litorânea do estado, junto aos grandes centros urbanos), tendo sido complementada com outras fontes de dados (Cesan e SIHBRI). Embora os anos de informação das três séries não sejam coincidentes, optou-se por aproveitar o máximo de informação disponível, utilizando todos os dados reunidos. O parâmetro pH manteve-se na faixa entre 6,0 e 9,0 em todos os pontos de amostragem, dispensando maiores comentários (figura 9). Analisando as figuras 10, 11 e 12, observa-se que as bacias mais antropizadas, em relação à produção de sedimentos dissolvidos e em suspensão e de partículas orgânicas dissolvidas que conferem cor à água, são as que deságuam no rio Doce e no rio Itapemirim e na parte média-baixa dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória.

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Figura 9 – Comportamento do parâmetro pH

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Figura 10 – Comportamento do parâmetro Cor Aparente (mg/l)

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Figura 11 – Comportamento do parâmetro Turbidez (UN T)

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Figura 12 – Comportamento do parâmetro Sólidos Tota is (mg/l)

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Pelas figuras 13 e 14, dentro da área de estudo (perímetro adotado como contorno da zona serrana), observa-se que os rios, apesar de receberem despejos orgânicos in natura ao longo de sua extensão, possuem boa capacidade de autodepuração e de oxigenação. Somente alguns pontos de amostragem, junto ao trecho médio-baixo do rio Jucu, apresentaram DBO acima do limite Conama (classe 2). Observa-se pela figura 15 que quase a totalidade dos pontos de amostragem possui índice de coliformes fecais acima dos limites das classes 2 e 3 da resolução Conama 20/86. Esse comportamento traduz a necessidade de investimentos em saneamento básico, com a instalação de redes coletoras e estações de tratamento de esgoto em atendimentos aos aglomerados urbanos e soluções individuais e coletivas de saneamento rural para as localidades menores. Evidentemente, em face dos resultados, o contato direto com os cursos d’água monitorados (ex: lazer e banho), além do uso dessas águas para irrigação de hortaliças e verduras, não é aconselhável, dada a razoável probabilidade de contato ou ingestão de organismos patogênicos. Nitrogênio (figura 16) e fósforo são considerados, na literatura técnica, como nutrientes e fatores limitantes no processo de eutrofização. Como não há, na resolução Conama 20/86, limites estabelecidos para o parâmetro Nitrogênio total, não se pode analisar os resultados com base nos usos permitidos e restritivos dos cursos d’água. Contudo, quanto à figura 17, identificamos que os cursos d’água são ricos de nutriente fósforo, provavelmente associado ao lançamento de despejos domésticos, dejetos agropecuários e lixiviação do solo (dado seu uso intensivo como fertilizante agrícola). Novamente, chama-se a atenção para a necessidade de tratamento de efluentes domésticos, agrícolas e pecuários (principalmente os provenientes de pocilgas), além do manejo correto do solo. Na figura 18 é possível perceber que, na quase totalidade dos pontos amostrados, o parâmetro Ferro esteve acima do limite classe 2. Esse resultado pode ser explicado pelo conhecimento que se tem de que o solo é rico em ferro, e, como as águas drenam o solo, elas também possuem esse mineral em maiores concentrações que o padrão para água doce. Na figura 19 observa-se que o comportamento do parâmetro Zinco está, em sua grande maioria, dentro do limite definido para a classe 2 e somente em alguns pontos de amostragem ocorreu concentração superior ao limite; entretanto, em nenhum dos casos foi ultrapassado o limite da classe 3.

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Figura 13 – Comportamento do parâmetro Oxigênio Dis solvido - OD (mg/l)

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Figura 14 – Comportamento do parâmetro Demanda Bio química de Oxigênio -

DBO (mg/l)

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Figura 15 – Comportamento do parâmetro Coliformes F ecais (NMP/100ml)

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Figura 16 – Comportamento do parâmetro Nitrogênio t otal (mg/l)

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Figura 17 – Comportamento do parâmetro Fósforo (mg/ l)

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Figura 18 – Comportamento do parâmetro Ferro (mg/l)

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Figura 19 – Comportamento do parâmetro Zinco (mg/l)

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Com base nas considerações apresentadas ressalta-se a preocupação com a ocupação do solo na área de estudo e, mais ainda, com a recuperação do solo, cursos d’água e nascentes, além da conservação dos fragmentos florestais, das áreas de recarga dos lençóis subterrâneos, através da preservação de topos de morro, encostas e afloramentos de água subterrânea (várzeas, brejos). Ainda, há necessidade de atenção na forma com que os efluentes são lançados sobre o solo e nos cursos d’água, exigindo seu tratamento adequado, preservando a (e zelando pela) perenidade das águas superficiais e subterrâneas, que são um recurso de importância estratégica e limitante em toda a região. Observam-se diferentes comportamentos hidrológicos nas sub-bacias e microbacias da área de estudo. Regiões como a área drenada pelos afluentes do rio Doce apresentam baixa produtividade hídrica no regime de vazões mínimas (condições de estiagem). Acompanham de perto esse problema áreas pertinentes à bacia do rio Santa Maria da Vitória e do rio Reis Magos. Outras regiões em melhor condição, em termos globais, também enfrentam problemas localizados, tal como foi citado sobre o entorno do Parque Estadual Pedra Azul, onde a maior parte das nascentes apresenta caráter intermitente quando ocorrem secas mais severas, interrompendo inclusive o fluxo de alguns cursos d’ água. As nascentes e os cursos d’água, que são perenes nessa região, são considerados uma verdadeira riqueza dos proprietários locais que usufruem desses recursos, mesmo assim havendo necessidade de racionamento e rotatividade entre os usuários ribeirinhos. Aos demais pesa a escassez de água, a paralisação do plantio das culturas agrícolas, a queda acentuada no agroturismo, a limitação na oferta de “produtos da terra”, principalmente derivados do leite. Em face de tudo isso, causa preocupação a expansão de novos loteamentos e condomínios sem garantia de condições sustentáveis de sua ocupação, sendo a escassez de recursos hídricos, atualmente, o principal fator limitante. Sugere-se, como medida de planejamento, em caso de condomínios ou loteamentos a serem implantados ou em implantação, que seja exigido Estudo de Impactos Ambientais/Relatório de Impactos de Meio Ambiente (EIA/RIMA) ou Estudo Ambiental Simplificado, conforme o porte do empreendimento e a legislação ambiental vigente. Outra sugestão remete à importância de dotar todos os municípios de um Plano Diretor Municipal (urbano e rural), definindo uma ordem para o uso e ocupação do solo e para a expansão urbana. Outra forma importante de assegurar um crescimento equilibrado e sustentável dos municípios seria a de provê-los de Lei Municipal de Proteção dos Recursos Hídricos, tratando questões tais como drenagem urbana e rural, definição de áreas não ocupáveis, como planície de inundação, percentual mínimo da área de cada lote que deve ser mantido sem impermeabilização, saneamento urbano e rural, entre outros. Por último, novamente chamando a atenção para o fato de a escassez de recursos hídricos representar um fator limitante de crescimento sustentável da região, recomenda-se que, no estado do Espírito Santo como um todo, seja atualizado e complementado o Plano Estadual de Recursos Hídricos, permitindo melhor conhecimento das águas superficiais e subterrâneas, e, em particular para a região Serrana; sejam elaborados, de forma prioritária, estudos para o enquadramento dos corpos d’água, construção de um sistema de informações hidrológicas, incluindo o cadastro de usuários de recursos hídricos; seja implantado instrumento de outorga do direito de uso dos recursos hídricos; sejam efetuadas ações de educação

36

ambiental e fomento da organização de comitês de bacia; e se dê apoio a associações e outras entidades, que poderão ser parceiras na procura de soluções para os problemas apresentados. 2.3 Dinâmica Demográfica Com uma população registrada em 2000 de 227.661 habitantes e estimada para 2004 de 242.933 habitantes, a região Serrana apresentou crescimento demográfico de 1,57% a.a. durante a década de 90, estando um pouco abaixo do padrão médio de crescimento demográfico do Espírito Santo, que foi de 1,96% a.a. no mesmo período. Assinala-se, entretanto, tendência de aumento no ritmo de crescimento demográfico, com projeção de 1,64% a.a. para 2004. A dinâmica urbana nos municípios da região tem se caracterizado pelo fenômeno de crescimento populacional. Na última década todos esses municípios apresentaram altas taxas de crescimento no meio urbano, com destaque para Venda Nova do Imigrante, com 7,82% a.a., mantendo um diferencial de aproximadamente três pontos percentuais acima do verificado para o estado. Além de Venda Nova do Imigrante, os outros municípios que apresentaram taxas de crescimento urbano com posição de destaque foram Marechal Floriano (5.93% a.a.), Santa Teresa (5.24% a.a.) e Santa Leopoldina (4,38% a.a.) (tabela 1). Tabela 1 – População residente e taxa de cresciment o da população residente

na região Serrana População Residente Taxa de Crescimento

Média Anual

1991 2000 2004 1991 a 2000 2000 a 2004

Município

Urbana Rural Total Urbana Rural Total Total Urbana Rural Total Total

Afonso Cláudio 11.093 19.028 30.121 14.463 17.769 32.232 33.318 2,99 -0,76 0,76 0,83

Alfredo Chaves 4.362 8.285 12.647 5.614 8.002 13.616 14.113 2,84 -0,39 0,82 0,90

Castelo 13.465 16.127 29.592 17.549 15.207 32.756 34.351 2,99 -0,65 1,14 1,20

Conceição do Castelo 3.137 7.396 10.533 4.368 6.542 10.910 11.103 3,75 -1,35 0,39 0,44

Domingos Martins 4.530 21.545 26.075 5.820 24.739 30.559 32.860 2,82 1,55 1,78 1,83

Marechal Floriano 3.137 6.386 9.523 5.270 6.918 12.188 13.555 5,93 0,89 2,78 2,69

Santa Leopoldina 1.676 9.446 11.122 2.466 9.997 12.463 13.151 4,38 0,63 1,27 1,35

Santa Maria de Jetibá 3.941 19.327 23.268 5.102 23.672 28.774 31.599 2,91 2,28 2,39 2,37

Santa Teresa 6.134 13.711 19.845 9.714 10.908 20.622 21.021 5,24 -2,51 0,43 0,48

Vargem Alta 3.619 9.463 13.082 4.922 12.454 17.376 19.579 3,48 3,1 3,2 3,03

Venda Nova do Imigrante 5.034 7.002 12.036 9.912 6.253 16.165 18.283 7,82 -1,25 3,33 3,13

REGIÃO SERRANA 60.129 137.715 197.844 85.200 142.461 227.661 242.933 3,95 0,38 1,57 1,64

ESPÍRITO SANTO 1.924.588 676.030 2.600.618 2.463.049 634.183 3.097.232 3.352.024 2,78 -0,71 1,96 2,00Banco de Dados IPES Fonte de dados IBGE

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Como contraponto desse crescimento no meio urbano, evidencia-se um fenômeno generalizado de esvaziamento rural, perceptível nas taxas negativas de crescimento da população rural dos municípios, muito embora exista heterogeneidade no comportamento evolutivo das variáveis demográficas deles. O município de Domingos Martins, comparado com o estado, pode ser considerado em condição de estabilidade demográfica, ou seja, não se caracteriza nem como de atração nem como de emissão de população e, também, não apresenta movimento interno de grande significância de êxodo rural (figuras 20 e 21). O que necessita ser ressaltado é que, apesar da evidência de esvaziamento rural, a grande maioria assume a condição tipológica de município rural, excetuando-se Venda Nova do Imigrante, que se encontra em situação de transição para o urbano, com mais de 60% de sua população vivendo em áreas urbanas (tabela 2 e figura 22 e 23) . Tabela 2 - Grau de urbanização na região Serrana – 1991/2000 %

Município 1991 2000

Afonso Cláudio 36,8 44,9

Alfredo Chaves 34,5 41,2

Castelo 45,5 53,6

Conceição do Castelo 29,8 40,0

Domingos Martins 17,4 19,0

Marechal Floriano 32,9 43,2

Santa Leopoldina 15,1 19,8

Santa Maria de Jetibá 16,9 17,7

Santa Teresa 30,9 47,1

Vargem Alta 27,7 28,3

Venda Nova do Imigrante 41,8 61,3

REGIÃO SERRANA 30,4 37,4

ESPÍRITO SANTO 74,0 79,5 Banco de Dados IPES Fonte dos dados: IBGE

38

Figura 20 – Taxa de crescimento média anual - 199 1-2000 relativa à média

do Estado

39

Figura 21 - Taxa de crescimento média anual - 1991 -2000 relativa à média da

Região

40

Figura 22 – Grau de Urbanização

41

Figura 23 - Densidade demográfica

42

Outro fator de relevante importância na dinâmica demográfica regional são os movimentos migratórios. A partir dos microdados da amostra do Censo 2000, podemos analisar os movimentos migratórios1 recentes ocorridos na região Serrana no período de 1995 a 2000, segundo os seguintes aspectos: movimento interestadual e movimento do exterior; movimento intermunicipal do estado e movimento intermunicipal regional. No primeiro caso, movimento interestadual e do exterior, só dispomos das informações acerca da imigração, ou seja, o número de imigrantes e taxa de imigração2. Os imigrantes interestaduais da região são predominantemente oriundos do estado de Minas Gerais (1.060 imigrantes), seguido de Rio de Janeiro (635 imigrantes) e Bahia (560 imigrantes). Os municípios da região que mais receberam imigrantes interestaduais no período (1995-2000) foram os de Santa Teresa (561 imigrantes), Afonso Cláudio (549 imigrantes) e Castelo (446 imigrantes). No caso de Afonso Cláudio, este número pode ser explicado por sua localização na fronteira com o estado de Minas Gerais (tabelas 3 e 4). Tabela 3 - Imigrantes estaduais, segundo unidade da federação de origem na

região Serrana - 1995-2000 Unidade da Federação Imigrantes

Minas Gerais 1060 Rio de Janeiro 635 Bahia 560 São Paulo 267 Rondônia 157 Pará 106 Alagoas 91 Paraná 81 Rio Grande do Sul 54 Piauí 40 Mato Grosso do Sul 36 Residia anteriormente em lugar não especificado no Brasil 25 Distrito Federal 23 Goiás 16 Mato Grosso 14 Amazonas 11 Ceará 11 Pernambuco 9 Paraíba 5 Maranhão 4 Santa Catarina 4 Acre 0 Rio Grande do Norte 0 Roraima 0 Sergipe 0 Tocantins 0 Total 3.209 Fonte:Microdados da amostra Censo-2000 IBGE 1 Considera-se migrante o indivíduo com idade de cinco anos ou mais que não residia no atual

município de residência na data de 31/07/1995. 2 Taxa de imigração = população residente no município no final do período que não residia no

Espírito Santo no início do período (imigrantes interestaduais + imigrantes do exterior) / população com idade de cinco anos ou mais residente no município no final do período.

43

Relacionando estes números às populações residentes, observa-se que o maior impacto desta imigração ocorreu em Santa Teresa, cuja taxa é de 2,95, a maior da região. Conforme a tabela 4, destaca-se ainda a taxa de imigração de Santa Leopoldina (2,22), a segunda maior da região. Tabela 4 - Imigrantes* e taxa de imigração, segund o municípios de destino,

ordenados por taxa de imigração na região Serrana - 1995 - 2000

Municípios Imigrantes Taxa de Imigração

Santa Teresa 561 2,95

Santa Leopoldina 251 2,22

Afonso Cláudio 549 1,86

Marechal Floriano 194 1,75

Conceição do Castelo 161 1,62

Santa Maria de Jetibá 397 1,54

Castelo 446 1,48

Domingos Martins 373 1,34

Venda Nova do Imigrante 170 1,15

Vargem Alta 121 0,78

Alfredo Chaves 68 0,54

REGIÃO SERRANA 3.291 1,59

ESPÍRITO SANTO 131.611 4,68Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE * inclui imigrantes interestaduais e do exterior

Ressalta-se aqui que, pela falta de dados a respeito da emigração interestadual, não podemos aferir o saldo migratório dos municípios. Especialmente nos casos de Afonso Cláudio e Santa Teresa, que apresentaram taxas de crescimento anual da população total próximas de zero no período 1991-2000, o número de imigrantes poderia se equilibrar com o de emigrantes. Quanto ao movimento do exterior (tabela 5), apenas três municípios receberam imigrantes de outro país: Domingos Martins (37 imigrantes), Santa Maria de Jetibá (23 imigrantes) e Santa Teresa (22 imigrantes). Tabela 5 - Imigrantes do exterior segundo municíp io de destino da região

Serrana – 1995 - 2000

Município de destino Imigrantes

Domingos Martins 37

Santa Maria de Jetibá 23

Santa Teresa 22

Total 82Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

44

Quanto ao segundo aspecto, movimento intermunicipal do estado, consideram-se as trocas ocorridas entre municípios do estado, apresentando o número de imigrantes e de emigrantes e seu saldo migratório3, inclusive por situação de domicílio (se rural ou urbana). Os municípios de Santa Maria de Jetibá e Venda Nova do Imigrante se destacam pelos seus saldos migratórios positivos, de 1.874 migrantes e 1.166 migrantes, respectivamente. Na situação inversa, com um saldo migratório negativo de 1.798 migrantes, está o município de Afonso Cláudio, o que confirma a hipótese anterior, de destaque dentro da região apenas no movimento interestadual característico de fronteira (tabela 6). Tabela 6 - Imigrantes, emigrantes e saldo migratóri o segundo municípios - mo-

vimento intermunicipal do Estado na região Serrana - 1995 - 2000 Municípios Imigrantes Emigrantes Saldo migratório

Santa Maria de Jetibá 2.662 788 1.874

Venda Nova do Imigrante 2.369 1.203 1.166

Vargem Alta 1.597 879 718

Santa Teresa 1.983 1.422 561

Castelo 2.211 1.844 367

Santa Leopoldina 1.059 712 347

Marechal Floriano 1.189 920 269

Conceição do Castelo 1.081 966 115

Domingos Martins 2.327 2.335 -8

Alfredo Chaves 1.010 1.070 -60

Afonso Cláudio 1.202 3.000 -1.798

Total 18.690 15.139 3551Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

Analisando-se este movimento intermunicipal por situação de domicílio (tabelas 7 e 8), observa-se um esvaziamento das áreas rurais de alguns municípios, destacando-se Marechal Floriano, Santa Leopoldina e Vargem Alta, no período 1995-2000, embora o saldo migratório da região seja positivo para a situação rural (1.036 migrantes). Por outro lado, o saldo migratório na situação urbana é mais que duas vezes maior (2.515 migrantes), destacando-se o saldo migratório do município de Santa Teresa (1.149 migrantes). 3 Saldo migratório = número de imigrantes - número de emigrantes.

45

Tabela 7 - Imigrantes, emigrantes e saldo migratór io segundo municípios – área urbana - movimento intermunicipal do Estado na região Serrana - 1995- 2000

Município Imigrantes Emigrantes Saldo migratório

Santa Teresa 1.353 204 1.149 Castelo 956 110 846 Venda Nova do Imigrante 852 403 449 Marechal Floriano 883 492 391 Alfredo Chaves 380 135 245 Santa Maria de Jetibá 579 366 213 Conceição do Castelo 470 285 185 Afonso Cláudio 618 565 53 Domingos Martins 406 417 -11 Vargem Alta 612 875 -263 Santa Leopoldina 197 939 -742 Total 7.306 4.791 2.515 Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE Tabela 8 - Imigrantes, emigrantes e saldo migratór io segundo municípios –

área rural - movimento intermunicipal do Estado na região Serrana -1995- 2000

Município Imigrantes Emigrantes Saldo migratório

Domingos Martins 2112 653 1.459

Alfredo Chaves 1190 577 613

Santa Maria de Jetibá 901 554 347

Santa Teresa 1096 762 334

Castelo 872 769 103

Venda Nova do Imigrante 1031 1.019 12

Conceição do Castelo 500 503 -3

Afonso Cláudio 568 638 -70

Vargem Alta 857 969 -112

Santa Leopoldina 1565 2.061 -496

Marechal Floriano 692 1.843 -1.151

Total 11384 10.348 1.036 Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

Por fim, o movimento intermunicipal regional refere-se às trocas ocorridas entre municípios da região Serrana, apresentando o número de imigrantes e de emigrantes e seu saldo migratório. Analisando-se os movimentos migratórios ocorridos dentro da região (tabela 9), destaca-se o elevado saldo positivo do município de Venda Nova do Imigrante (1.059 migrantes), o que caracteriza a atratividade deste município dentro da região. Em situação inversa, o município de Afonso Cláudio apresenta o maior saldo negativo da região (-774 migrantes).

46

Tabela 9 - Saldo migratório dos municípios da regi ão Serrana, segundo o movimento intermunicipal regional - 1995/2000

Municípios Imigrantes Emigrantes Saldo Migratório

Venda Nova do Imigrante 1.480 421 1.059

Santa Maria de Jetibá 601 251 350

Alfredo Chaves 282 234 48

Marechal Floriano 513 495 18

Vargem Alta 253 264 -11

Santa Leopoldina 214 258 -44

Castelo 686 758 -72

Santa Teresa 302 375 -73

Conceição do Castelo 620 725 -105

Domingos Martins 809 1.205 -396

Afonso Cláudio 265 1.039 -774

Total 6.025 6.025 0 Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

A partir da análise dos três aspectos dos movimentos migratórios aqui abordados, observa-se que Venda Nova do Imigrante é um município polarizador de migrantes, especialmente daqueles originados na própria região (aproximadamente 62% de seus imigrantes intermunicipais). Por sua vez, Afonso Cláudio destaca-se como município emissor de migrantes especialmente para outras regiões do estado (aproximadamente 65% de seus emigrantes intermunicipais), enquanto Santa Maria de Jetibá mostra-se um município polarizador de migrantes, especialmente daqueles originados em outras regiões do estado (aproximadamente 77% de seus imigrantes intermunicipais). 2.4 Dinâmica Social A análise dos indicadores dos municípios da região Serrana aponta uma dinâmica social caracterizada por desigualdades internas no que diz respeito principalmente à renda, que também estão presentes nos demais indicadores de desenvolvimento social: saúde, educação e segurança. Quando comparados ao padrão médio do estado, o indicador de educação e o de renda mostram-se consideravelmente inferiores, enquanto o indicador de segurança apresenta-se significativamente melhor nos municípios da região. Em relação ao indicador de saúde, verifica-se que 9 dos 11 municípios apresentam índices superiores ao padrão médio observado no estado no ano 2000. A análise comparativa entre o Índice de Desenvolvimento Social dos Municípios do Estado do Espírito Santo (IDS-ES) e seus subíndices, relativos ao início da década de 90 e aos primeiros anos do século XXI, mostra uma expressiva melhoria nos indicadores de desenvolvimento social em todos os municípios da região Serrana. Contudo, esses indicadores apontam grande disparidade entre os municípios, com quatro deles ligeiramente abaixo do padrão médio do estado, enquanto Alfredo Chaves, Castelo e Santa Teresa se encontram entre os 10 municípios com melhor desempenho no IDS estadual (tabela 10 e figura 24).

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Tabela 10 - Índice de Desenvolvimento Social Muni cipal e sub índices por municípios na região Serrana – 1990/2000

Municípios da Região Serrana

Ano IDS ID SAL*

ID EDU**

ID REN***

ID VIO****

Ranking estadual

1990 0,52 0,74 0,55 0,21 0,58 68 Afonso Cláudio 2000 0,62 0,73 0,63 0,42 0,70 58 1990 0,65 0,70 0,63 0,31 0,94 3

Alfredo Chaves 2000 0,68 0,85 0,69 0,43 0,75 13 1990 0,59 0,73 0,66 0,31 0,65 27

Castelo

2000 0,70 0,76 0,71 0,52 0,81 6 1990 0,48 0,71 0,62 0,24 0,34 75

Conceição do Castelo

2000 0,63 0,75 0,66 0,44 0,66 52 1990 0,56 0,73 0,58 0,33 0,59 51

Domingos Martins

2000 0,62 0,82 0,65 0,46 0,57 53 1990 0,56 0,73 0,61 0,37 0,52 49

Marechal Floriano

2000 0,64 0,82 0,67 0,49 0,57 42 1990 0,53 0,77 0,53 0,20 0,60 63

Santa Leopoldina

2000 0,57 0,81 0,61 0,35 0,53 69 1990 0,57 0,77 0,53 0,24 0,74 40

Santa Maria de Jetibá

2000 0,64 0,81 0,59 0,43 0,74 39 1990 0,60 0,77 0,64 0,30 0,71 17

Santa Teresa

2000 0,70 0,86 0,68 0,51 0,73 7 1990 0,56 O,73 0,60 0,24 0,69 46

Vargem Alta

2000 0,67 0,85 0,65 0,45 0,72 23 1990 0,55 0,71 0,67 0,34 0,47 54

Venda Nova do Imigrante

2000 0,67 0,81 0,74 0,52 0,61 19 1990 0,55 0,68 0,69 0,30 0,53

Espírito Santo 2000 0,64 0,76 0,75 0,48 0,56

Fonte dos dados: IPES Nota: *IDSAU: Indicador composto pelas taxas de motalidade infantil e esperança de vida ao nascer. ** IDEDU: Indicador composto pela taxa de analfabetismo, taxa de escolarização e pelo número médio de anos de

estudo da população acima de 25 anos. ***IDREN: indicador composto pela renda familiar percapita média e grau de indigência ****IDVIO: Indicador composto pelo número de óbitos por cuasas externas.

O IDS-ES relativo ao ano 2000 apresenta o indicador de violência, que se refere ao número de óbitos por causas externas, positivamente destacadas na região, com índices significativamente melhores que a média do estado, enquanto o indicador de educação, composto pelas taxas de analfabetismo e de escolarização e pelo número médio de anos de estudo da população acima de 25 anos, apresenta-se inferior à média estadual em todos os municípios da região Serrana. O indicador de saúde do IDS-ES, que considera as taxas de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, mostra-se, na região, consideravelmente superior à média do estado, com apenas dois municípios, Afonso Cláudio e Conceição do Castelo, apresentando índices ligeiramente inferiores ao padrão médio estadual no ano 2000. Caracterizando a desigualdade entre os municípios da região Serrana, o indicador de renda do IDS-ES, composto por renda familiar per capita média e grau de indigência, mostra diferenças relevantes entre os municípios no ano 2000, com seis deles apresentando índices inferiores à média do estado, enquanto em cinco municípios verificam-se índices superiores ao padrão médio estadual.

48

Figura 24 – Índice de desenvolvimento social dos municípios do Estado do

Espírito Santo – IDS-ES – 2000

49

Na região Serrana residem 63.178 famílias, dentre as quais 17.040 (26,9%) sobrevivem sem rendimentos (1.662 famílias) ou com até ½ salário mínimo mensal per capita (15.378 famílias), percentual este um pouco acima do padrão médio do estado, que foi de 24,5% de famílias pobres ou indigentes*. Observa-se que 1.121 famílias da região (1,8%) possuem rendimentos superiores a 10 salários mínimos mensais, enquanto no estado encontramos em média 3,4% das famílias nesta faixa de rendimento mensal, (tabelas 11 e 12). Tabela 11 - Famílias* por faixa de rendimento mens al familiar per capita na

região Serrana – 2000

Município

Sem Ren-di-

men-tos

Até 1/2 SM

Mais de 1/2 a

1 SM

Mais de 1 a 2 SM

Mais de 2 a 3 SM

Mais de 3 a 5 SM

Mais de 5 a 10 SM

Mais de 10 a 20SM

Mais de 20 SM Total

Afonso Cláudio 2,7 29,5 29,4 22,8 7,2 4,9 2,9 0,5 0,1 100,0

Alfredo Chaves 4,1 27,2 29,2 23,0 6,2 5,2 3,8 1,4 0,0 100,0

Castelo 2,6 16,3 29,6 26,9 9,3 8,6 4,8 1,3 0,5 100,0

Conceição do Castelo 1,5 26,1 31,7 26,0 6,8 5,1 2,5 0,1 0,2 100,0

Domingos Martins 2,2 24,5 31,5 22,5 8,2 5,9 3,5 1,0 0,7 100,0

Marechal Floriano 2,5 20,3 30,2 26,8 7,9 5,8 4,4 1,4 0,7 100,0

Santa Leopoldina 3,3 39,2 26,9 20,2 5,1 3,1 1,6 0,2 0,4 100,0

Santa Maria de Jetibá 4,4 28,0 30,8 22,8 4,9 4,5 2,2 2,0 0,5 100,0

Santa Teresa 2,2 18,0 31,6 23,6 8,4 8,4 5,1 2,3 0,4 100,0

Vargem Alta 1,6 25,5 31,5 26,5 7,2 4,1 2,0 0,9 0,6 100,0

Venda Nova do Imigrante 1,3 19,3 26,2 27,6 10,4 7,4 3,9 2,6 1,2 100,0

REGIÃO SERRANA 2,6 24,3 30,0 24,3 7,5 6,0 3,4 1,3 0,5 100,0

ESPÍRITO SANTO 4,4 20,1 26,0 23,2 9,0 8,1 5,9 2,4 1,0 100,0Fonte dos dados: IBGE. Microdados do censo 2000 Nota: * Somente as famílias residentes em domicílios particulares permanentes

50

Tabela 12 - Famílias* por faixa de rendimento mens al familiar per capita na região Serrana – 2000

Município

Sem Ren-di-

men-tos

Até 1/2 SM

Mais de 1/2 a

1 SM

Mais de 1 a 2 SM

Mais de 2 a 3 SM

Mais de 3 a 5

SM

Mais de 5 a 10 SM

Mais de 10 a 20SM

Mais de 20 SM

Total

Afonso Cláudio 238 2.642 2.640 2.049 647 441 259 44 11 8.971

Alfredo Chaves 158 1.055 1.131 892 240 201 146 55 3.879

Castelo 243 1.550 2.812 2.555 882 821 455 124 52 9.495

Conceição do Castelo 45 769 935 767 202 149 75 4 5 2.950

Domingos Martins 181 2.039 2.616 1.872 678 487 290 87 56 8.307

Marechal Floriano 85 699 1.043 926 274 200 151 49 23 3.451

Santa Leopoldina 114 1.370 942 705 180 110 55 8 14 3.497

Santa Maria de Jetibá 336 2.160 2.376 1.762 380 344 168 153 35 7.715

Santa Teresa 125 1.031 1.810 1.351 480 484 292 132 25 5.730

Vargem Alta 77 1.196 1.480 1.246 340 191 96 43 29 4.696

Venda Nova do Imigrante 60 868 1.174 1.239 465 333 177 116 55 4.487

REGIÃO SERRANA 1.662 15.378 18.958 15.366 4.767 3.760 2.166 816 305 63.178

ESPÍRITO SANTO 38.979 179.252 232.182 206.832 80.101 72.209 53.085 21.060 8.513 892.214Fonte dos dados: IBGE. Microdados do censo 2000 Nota: * Somente as famílias residentes em domicílios particulares permanentes

Analisando a dinâmica social dos municípios da região Serrana, assinala-se a questão do trabalho infantil entre crianças de 10 a 14 anos, que em todos os municípios apresenta números consideravelmente superiores ao observado na média do estado (8,6%) e do Brasil (7,5%), conforme estudos do Pnud/Ipea, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2000). Neste sentido, destaca-se o município de Santa Maria de Jetibá, onde o trabalho infantil atingiu o patamar de 38,66%, o maior índice de trabalho infantil verificado no estado, chegando a ser quase cinco vezes maior que o padrão médio estadual. A análise destes dados indica uma situação mais preocupante quando comparamos a década de 90 com o ano 2000 e verificamos, segundo a tabela 13, que o trabalho infantil nesta faixa etária aumentou em 7 dos 11 municípios da região. Tabela 13 - Percentual de crianças de 10 a 14 anos que trabalham na região

Serrana - 1991/2000 Município 1991 2000

Afonso Cláudio 22,83 25,63 Alfredo Chaves 10,3 15,9 Castelo 19,05 14,23 Conceição do Castelo 20,48 25,46 Domingos Martins 22,94 30,4 Marechal Floriano 18,89 15,52 Santa Leopoldina 18,7 18,33 Santa Maria de Jetibá 28,63 38,66 Santa Teresa 14,65 15,52 Vargem Alta 9,75 10,39 Venda Nova do Imigrante 15,78 13,12 ESPÍRITO SANTO 9,7 8,6 BRASIL 8,34 7,5

Fonte dos dados:PNUD/IPEA. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

51

Ainda como fatores relevantes à qualidade de vida e ao desenvolvimento social da população local, destacam-se as condições encontradas em relação ao saneamento básico e ao déficit habitacional na região Serrana, abordados a seguir. O Instituto de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Jones dos Santos Neves (Ipes) elaborou o estudo Índice de Carência em Saneamento Básico (ICSB), visando investigar as condições de saneamento básico de todos os municípios capixabas, permitindo uma avaliação sobre a oferta dos serviços prestados de abastecimento de água, esgotamento sanitário e de coleta domiciliar de lixo e suas implicações diretas na saúde e qualidade de vida da população. Para tanto, os domicílios urbanos foram analisados separadamente dos rurais, estabelecendo padrões diferenciados de adequação, buscando, assim, construir categorias de análise que se aproximem das reais carências da população. O trabalho pretendeu abordar aspectos básicos, relacionados diretamente aos domicílios, a partir de dados disponíveis levantados pelo IBGE no Censo 2000, informando as condições de moradia das populações envolvidas. Embora considerando importantes os aspectos qualitativos da prestação desses serviços, como a regularidade de atendimento no abastecimento de água e na coleta de lixo, tratamento de esgotos, disposição final adequada para o lixo municipal, não foi possível contemplar essas informações no trabalho, já que nem todos os municípios capixabas as têm disponíveis. Por essa mesma razão, também, não se investigou o serviço de drenagem urbana, considerado importante item de saneamento básico. Observa-se que na área rural (tabela 14) da região Serrana o abastecimento de água se dá em geral através de poços localizados na propriedade com canalização em pelo menos um cômodo do domicílio, o que foi considerado adequado para a área rural. Assim, a maioria dos municípios apresenta baixo índice de carência, com exceção do município de Afonso Cláudio, que tem alto índice de carência em água (Icágua=0,77), por apresentar um significativo número de domicílios abastecidos por poços, porém sem canalização interna. Em relação ao esgotamento sanitário, o panorama não é o mesmo: a maioria dos municípios está com extremo índice de carência pelo predomínio de fossas rudimentares. Exceção se faz a Venda Nova do Imigrante e Alfredo Chaves, onde a fossa séptica – solução considerada adequada na área rural para disposição do esgoto domiciliar – é mais utilizada, embora estes dois municípios ainda se classifiquem como de alto índice de carência, pela existência de um número significativo de fossas rudimentares. Observa-se que, embora em número bastante pequeno, há domicílios ligados à rede geral de esgoto ou pluvial, na maioria dos municípios da região, destacando-se o município de Castelo, com 12% dos domicílios ligados à rede. Destaca-se ainda na região um significativo percentual de domicílios com esgotamento sanitário ligado diretamente a rio ou a lago. A pior situação é de Conceição do Castelo, com 31% de seus domicílios rurais utilizando este tipo de disposição para o esgoto sanitário. Em situação oposta, ou seja, com baixo percentual de domicílios que utilizam esta solução, encontram-se Santa Leopoldina, com apenas 3%, Venda Nova do Imigrante, com 4%, e Alfredo Chaves, com 8%.

52

Quanto à coleta de lixo, observa-se grande deficiência na prestação deste serviço público, tendo sido considerado adequado, além da coleta direta ou indireta, o padrão “enterrado na propriedade”. Todos os municípios da região têm extremo índice de carência em lixo na área rural, onde a solução predominante é a queima na propriedade, destacando-se ainda o significativo número de domicílios que têm seu lixo jogado em terreno baldio ou logradouro público. Tabela 14 - Índices de carência em água, esgoto e l ixo segundo municípios da

área rural na região Serrana - 2000 Município Icágua Icesgoto Iclixo

Afonso Cláudio 0,77 0,08 0,04

Alfredo Chaves 0,88 0,61 0,12

Castelo 0,93 0,26 0,22

Conceição do Castelo 0,94 0,12 0,16

Domingos Martins 0,92 0,17 0,41

Marechal Floriano 0,97 0,05 0,36

Santa Leopoldina 0,86 0,02 0,14

Santa Maria de Jetibá 0,9 0,06 0,27

Santa Teresa 0,91 0,15 0,17

Vargem Alta 0,94 0,08 0,49

Venda Nova do Imigrante 0,96 0,75 0,42

Espírito Santo 0,83 0,15 0,17 Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 Nota: De 0 até 0,5 : extremo índice de carência (pior situação) De 0,5 até 0,8 : alto índice de carência De 0,8 até 1 : baixo índice de carência (melhor situação)

Já nas áreas urbanas dos municípios da região Serrana (tabela 15), a situação do saneamento básico em geral é bem melhor do que em suas áreas rurais, principalmente no que diz respeito aos serviços de água e lixo. Já em relação ao esgotamento sanitário, a exceção é o município de Castelo, que tem baixo Índice de Carência em Esgoto (Icesg=0,83), por contar com cerca de 83% de seus domicílios urbanos ligados à rede geral de esgoto ou pluvial. Os demais municípios se encontram em situação que varia de alto a extremo índice de carência. Isto se dá principalmente pelo lançamento dos esgotos em rio ou em lago, atingindo percentuais altos em relação aos domicílios urbanos: 76% em Vargem Alta, 53% em Santa Leopoldina e Marechal Floriano. Assim como na área rural, apresentam baixo percentual de domicílios que adotam esta solução os municípios de Venda Nova do Imigrante (2%) e Alfredo Chaves (5%). O percentual de domicílios ligados à rede geral de esgotos ou pluvial, solução considerada adequada para as áreas urbanas, é bastante significativo na maioria dos municípios, estando em pior situação os municípios de Vargem Alta e Conceição do Castelo, com apenas 7% e 18% respectivamente. Observa-se, ainda, que os municípios de Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante estão com alto índice de carência em água, com 0,73 e 0,80 respectivamente, por

53

possuírem um significativo número de domicílios abastecidos por poços ou “outra forma” 4 na área urbana, o que foi considerado inadequado. Todos os municípios da região têm um bom serviço de coleta de lixo na área urbana, estando todos enquadrados em baixo índice de carência. Tabela 15 - Índices de carência em água, esgoto e lixo segundo municípios da

área urbana na região Serrana – 2000 Município Icágua Icesgoto Iclixo

Afonso Cláudio 0,90 0,76 0,94

Alfredo Chaves 0,91 0,79 0,95

Castelo 0,98 0,83 0,99

Conceição do Castelo 0,88 0,18 0,98

Domingos Martins 0,82 0,79 0,96

Marechal Floriano 0,89 0,42 0,94

Santa Leopoldina 0,84 0,25 0,92

Santa Maria de Jetibá 0,82 0,47 0,97

Santa Teresa 0,88 0,55 0,97

Vargem Alta 0,73 0,07 0,96

Venda Nova do Imigrante 0,80 0,79 0,96

Espírito Santo 0,93 0,69 0,92Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 Nota:: De 0 até 0,5 : extremo índice de carência (pior situação) De 0,5 até 0,8 : alto índice de carência De 0,8 até 1 : baixo índice de carência (melhor situação)

As tabelas de 16 a 21 e figura 25 fornecem dados complementares sobre o saneamento básico da região Serrana, tanto na área urbana quanto na área rural respectivamente. 4 Outra forma: quando o domicílio é servido de água de reservatório (ou caixa), abastecido com

água das chuvas, por carro-pipa, ou ainda por poço ou nascente localizados fora do terreno ou da propriedade onde está construído.

54

Figura 25 – Índice de carência em saneamento básico – 2000

55

Tabela 16 - Domicílios particulares permanentes ru rais por origem e canaliza-ção do abastecimento de água segundo municípios da região Serrana - 2000

Rural

Rede geral Poço ou nascente (na propriedade) Outra forma

Município Canaliza-da em pe-lo menos

um cômodo

Canaliza-da só na

propriedade ou

terreno

Canaliza-da em

pelo me-nos um cômodo

Canaliza-da só na proprie-dade ou terreno

Não Canali-

zada

Canaliza-da em

pelo me-nos um cômodo

Canaliza-da só na proprie-dade ou terreno

Não Canali-

zada

Afonso Cláudio 81 4 3.274 754 26 152 42 10

Alfredo Chaves 70 0 1.749 148 4 80 10 0

Castelo 599 0 2.883 213 0 59 0 0

Conceição do Castelo 75 0 1.318 40 7 35 10 0

Domingos Martins 779 14 4.905 199 27 250 0 0

Marechal Floriano 47 0 1.579 14 27 8 0 4

Santa Leopoldina 117 22 2.060 202 46 67 6 18

Santa Maria de Jetibá 652 9 4.440 397 47 71 31 35

Santa Teresa 28 0 2.402 141 0 91 0 0

Vargem Alta 223 0 2.651 62 0 127 8 0

Venda Nova do Imigrante 15 0 1.428 54 12 0 0 0

Região Serrana 2.686 49 28.689 2.224 196 940 107 67

Espírito Santo 18.535 2.633 111.174 12.705 6.298 4.012 446 1.195

Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 – IBGE Tabela 17 - Domicílios particulares permanentes ur banos por origem e canali-

zação do abastecimento de água segundo municípios d a região Serrana - 2000

Urbana

Rede geral Poço ou nascente (na propriedade) Outra forma

Município Canaliza-da em pe-lo menos

um cômodo

Canaliza-da só na

propriedade ou

terreno

Canaliza-da em

pelo me-nos um cômodo

Canaliza-da só na proprie-dade ou terreno

Não Canali-

zada

Canaliza-da em

pelo me-nos um cômodo

Canaliza-da só na proprie-dade ou terreno

Não Canali-

zada

Afonso Cláudio 3.713 156 213 47 0 7 0 0 Alfredo Chaves 1.461 0 135 10 6 0 0 0 Castelo 5.072 0 81 0 0 0 0 0 Conceição do Castelo 1.170 16 139 4 0 4 0 0 Domingos Martins 1.403 0 285 15 0 0 0 0 Marechal Floriano 1.403 21 136 11 0 0 0 0 Santa Leopoldina 596 6 92 18 0 0 0 0 Santa Maria de Jetibá 1.188 30 217 0 7 0 0 0 Santa Teresa 2.433 25 195 0 0 104 0 0 Vargem Alta 984 11 257 0 6 81 0 11 Venda Nova do Imigrante 2.192 9 499 11 0 12 0 13 Região Serrana 21.615 274 2.249 116 19 208 0 24 Espírito Santo 633.008 26.509 16.951 1.417 2.244 1.069 337 2.310 Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 – IBGE

56

Tabela 18 - Domicílios particulares permanentes ru rais por forma de esgota-mento sanitário e inexistência de banheiro ou sanit ário segundo municípios da região Serrana - 2000

Rural

Município Rede

geral de esgoto

ou pluvial

Fossa rudimen-

tar

Fossa séptica

Rio, lago ou

mar Vala

Outro escoa-douro

Sem banheiro ou sani-

tário Afonso Cláudio 25 2.701 315 646 205 71 382 Alfredo Chaves 0 512 1.256 174 91 6 22 Castelo 458 1.412 523 843 416 56 47 Conceição do Castelo 5 645 173 455 154 23 29 Domingos Martins 388 3.566 646 999 300 36 238 Marechal Floriano 5 1.257 80 272 55 0 11 Santa Leopoldina 25 2.103 31 85 63 28 202 Santa Maria de Jetibá 23 3.531 326 1.304 350 24 124 Santa Teresa 37 1.696 356 358 150 9 56 Vargem Alta 16 1.739 233 676 342 10 54 Venda Nova do Imigrante

39 236 1.088 67 63 0 17

Região Serrana 1021 19398 5027 5879 2189 263 1182 Espírito Santo 6273 78943 17396 24575 15226 3556 11029 Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 – IBGE Tabela 19 - Domicílios particulares permanentes ur banos por forma de esgota-

mento sanitário e inexistência de banheiro ou sanit ário segundo municípios da região Serrana - 2000

Urbana

Município Rede

geral de esgoto

ou pluvial

Fossa rudi-

mentar

Fossa séptica

Rio, lago ou

mar Vala

Outro escoa-douro

Sem banheiro

ou sanitário

Afonso Cláudio 3.145 366 7 423 124 21 49

Alfredo Chaves 1.274 35 176 74 47 0 5

Castelo 4.278 45 39 735 8 49 0

Conceição do Castelo 240 74 413 569 12 16 9

Domingos Martins 1.345 112 13 171 60 0 0

Marechal Floriano 654 43 44 831 0 0 0

Santa Leopoldina 179 85 19 374 22 21 12

Santa Maria de Jetibá 679 101 176 486 0 0 0

Santa Teresa 1.528 214 160 836 19 0 0

Vargem Alta 94 54 111 1.024 66 0 0

Venda Nova do Imigrante

2.158 0 399 88 66 13 13

Região Serrana 15574 1129 1557 5611 424 120 88

Espírito Santo 471523 77891 68240 28983 27943 2332 6932 Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 – IBGE

57

Tabela 20 - Domicílio particulares permanentes ru rais por destino do lixo do-miciliar segundo municípios da região Serrana – 200 0

Rural

Município Coleta-do por serviço

de limpeza

Colocado em ca-

çamba de serviço de

limpeza

Queima-do (na

proprie-dade)

Enterra-do (na

proprie-dade)

Jogado terreno baldio

ou logra-douro

Jogado em rio, lago ou

mar

Tem outro

destino

Afonso Cláudio 38 7 3.505 131 555 37 70

Alfredo Chaves 20 112 1.555 112 199 0 62

Castelo 291 452 2.541 72 325 10 64

Conceição do Castelo 104 106 936 32 272 17 18

Domingos Martins 837 1.421 3.127 265 448 0 73

Marechal Floriano 222 305 861 85 147 12 48

Santa Leopoldina 88 120 1.657 145 440 10 77

Santa Maria de Jetibá 1.197 53 3.545 303 547 14 24

Santa Teresa 233 112 1.773 114 340 39 51

Vargem Alta 414 1.006 1.312 78 208 33 19

Venda Nova do Imigrante 352 140 761 137 67 0 54

Região Serrana 3796 3834 21573 1474 3548 172 560

Espírito Santo 15333 6704 103579 4960 21478 1027 3917 Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 – IBGE Tabela 21 - Domicílios particulares permanentes urb anos por destino do lixo

domiciliar segundo municípios da região Serrana - 2 000 Urbana

Município Coleta-do por serviço

de limpeza

Colocado em ca-

çamba de serviço de

limpeza

Queima-do (na

proprie-dade)

Enterra-do (na

proprie-dade)

Jogado terreno baldio

ou logra-douro

Jogado em rio, lago ou

mar

Tem outro

destino

Afonso Cláudio 3.848 31 205 12 40 0 0

Alfredo Chaves 23 1.503 60 9 16 0 0

Castelo 941 4.143 52 0 18 0 0

Conceição do Castelo 1.313 0 10 0 10 0 0

Domingos Martins 1.602 34 42 0 24 0 0

Marechal Floriano 1.197 285 47 6 12 26 0

Santa Leopoldina 653 4 55 0 0 0 0

Santa Maria de Jetibá 1.396 0 29 7 10 0 0

Santa Teresa 2.631 44 44 26 12 0 0

Vargem Alta 1.018 281 32 0 4 14 0

Venda Nova do Imigrante 2.622 5 67 35 0 0 8

Região Serrana 17244 6330 643 95 146 40 8

Espírito Santo 591751 39969 30582 1267 17124 1861 1291 Fonte: Microdados da amostra do Censo 2000 – IBGE

58

Em relação ao déficit habitacional, o Instituto de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Jones dos Santos Neves elaborou o estudo Habitação no Espírito Santo: déficit e infra-estrutura habitacional – 2000, tendo por base os microdados da amostra do Censo 2000, do IBGE, disponíveis no banco de dados do próprio instituto. Segundo o estudo, o déficit habitacional corresponde à necessidade de incremento de novas moradias, cuja composição obedece aos conceitos de coabitação familiar – total de famílias conviventes secundárias, que são famílias constituídas por, no mínimo, duas pessoas que residem num mesmo domicílio com outra família, denominada principal –, cômodos alugados ou cedidos – domicílios particulares compostos por um ou mais aposentos localizados em casas de cômodos, cortiço, cabeça-de-porco, etc. alugados ou cedidos por particulares ou por empregadores – e domicílios improvisados, constituídos por unidades para fins não residenciais, mas que estavam servindo de moradia na ocasião do censo. O déficit foi então calculado por situação de domicílio e por faixa de renda familiar. As faixas definidas são as de 0 a 3 salários mínimos, mais de 3 a 5, mais de 5 a 10 e acima de 10. No estudo, considerou-se a faixa de renda familiar da família principal, uma vez que as famílias conviventes compõem uma parcela do déficit. Especificamente para a região Serrana o déficit habitacional total em valores absolutos é de 4.318 unidades, sendo 2.776 na área rural e 1.542 na área urbana. (tabela 22). Cerca de 21% do déficit rural da região se concentra em Santa Maria de Jetibá, o que representa 586 unidades, e em Castelo se concentra 27% do déficit urbano (420 unidades). Tabeba 22 - Déficit habitacional rural e urbano seg undo municípios da região

Serrana – 2000

Município Déficit rural %

Déficit urbano %

Déficit Total %

Afonso Cláudio 303 10,91 212 13,75 515 11,93Alfredo Chaves 147 5,3 116 7,52 263 6,08Castelo 299 10,77 420 27,24 719 16,65Conceição do Castelo 137 4,94 55 3,57 192 4,45Domingos Martins 386 13,9 100 6,49 486 11,26Marechal Floriano 159 5,73 75 4,86 234 5,42Santa Leopoldina 241 8,68 68 4,41 309 7,16Santa Maria de Jetibá 586 21,11 71 4,6 657 15,22Santa Teresa 216 7,78 130 8,43 346 8,01Vargem Alta 191 6,88 119 7,72 310 7,18Venda Nova do Imigrante 111 4,00 176 11,41 287 6,65Região Serrana 2776 100,00 1542 100,00 4318 100,00Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

No que diz respeito ao déficit habitacional relativo sem distinção de faixa de renda, observa-se que na área rural a maioria dos municípios está com déficit acima da média do estado, que é de 7,33%. Já na área urbana a situação é melhor, com apenas quatro municípios em posição pior que a do estado (7,08%) (figura 26 e tabela 23).

59

Figura 26 - Déficit habitacional relativo - 2000

60

Tabela 23 - Déficit habitacional relativo rural e u rbano da região Serrana – 2000

Município Déficit relativo rural Déficit relativo urbano

Afonso Cláudio 6,98 5,13

Alfredo Chaves 7,14 7,20

Castelo 7,97 8,15

Conceição do Castelo 9,22 4,13

Domingos Martins 6,26 5,88

Marechal Floriano 9,46 4,77

Santa Leopoldina 9,50 9,55

Santa Maria de Jetibá 10,31 4,92

Santa Teresa 8,11 4,71

Vargem Alta 6,22 8,82

Venda Nova do Imigrante 7,36 6,43

Espírito Santo 7,33 7,08Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

Grande parte do déficit da região, a exemplo do que acontece com o estado, se concentra na faixa de renda familiar de 0 a 3 salários mínimos (51%), faixa esta constituída por famílias que não conseguem entrar no mercado de habitação e portanto precisam de amparo total do poder público (tabela 24 e figuras 27, 28, 29 e 30). Tabela 24 - Déficit habitacional rural e urbano se gundo faixas de renda familiar

da região Serrana - 2000 Faixas de renda familiar Rural % Urbano % Total %

Faixa de 0 a 3 SM 1474 53,1 742 48,12 2216 51,32

Faixa acima de 3 a 5 SM 589 21,22 331 21,47 920 21,31

Faixa acima de 5 a 10 SM 550 19,81 318 20,62 868 20,1

Faixa acima de 10 SM 163 5,87 151 9,79 314 7,27

Total 2776 100,00 1542 100,00 4318 100,00Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

61

Figura 27 – Déficit habitacional relativo – faixa d e 0 a 3 salários mínimos

62

Figura 28 – Déficit habitacional relativo – faixa acima de 3 a 5 salários mínimos

63

Figura 29 – Déficit habitacional relativo – faixa acima de 5 a 10 salários

mínimos

64

Figura 30 – Déficit habitacional relativo – faixa acima de 10 salários mínimos

65

Analisando-se a coabitação, que é a variável que mais contribui na composição do déficit, verifica-se que esta variável representa 86% do déficit da região, correspondendo a 3.722 unidades. Este número corresponde às famílias que convivem com uma família principal num mesmo domicílio. A coabitação é um fenômeno nacional que, embora predomine nas faixas de renda mais baixa, possivelmente devido à existência de famílias sem condições de sustento autônomo, também se encontra nas demais faixas, o que poderia ser explicado pela presença de idosos com problemas de saúde, que por falta de opção passam a morar com os filhos. Em âmbito nacional e também estadual, a coabitação é tipicamente urbana, porém na região Serrana é predominantemente rural. Ali 65% das famílias conviventes vivem em áreas rurais (tabela 25). Tabela 25 - Déficit habitacional rural e urbano seg undo faixas de renda familiar

da região Serrana – 2000 Rural Urbana

Município Faixa de renda familiar Coabi-

tação

Cômodos alugados ou cedi-

dos

Domicí- lios im-provi-sados

Sub- total

Coabi-tação

Cômodos alugados ou cedi-

dos

Domicí- lios im-provi-sados

Sub- total

Total

0-3 Sm 138 10 0 148 96 12 0 108 256

Mais de 3 a 5 SM 68 0 0 68 61 0 0 61 129

Mais de 5 a 10 SM 87 0 0 87 24 0 0 24 111

Acima de 10 Sm 0 0 0 0 19 0 0 19 19

Afonso Cláudio

Total 293 10 0 303 200 12 0 212 515

0-3 Sm 70 6 22 98 63 0 21 84 182

Mais de 3 a 5 SM 11 0 0 11 0 0 0 0 11

Mais de 5 a 10 SM 32 6 0 38 32 0 0 32 70

Acima de 10 Sm 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Alfredo Chaves

Total 113 12 22 147 95 0 21 116 263

0-3 Sm 71 34 6 111 124 59 7 190 301

Mais de 3 a 5 SM 97 0 0 97 118 8 2 128 225

Mais de 5 a 10 SM 50 0 0 50 74 0 0 74 124

Acima de 10 Sm 32 0 9 41 23 0 5 28 69

Castelo

Total 250 34 15 299 339 67 14 420 719

0-3 Sm 35 0 36 71 14 6 5 25 96

Mais de 3 a 5 SM 15 0 4 19 11 0 5 16 35

Mais de 5 a 10 SM 24 0 5 29 9 0 0 9 38

Acima de 10 Sm 18 0 0 18 5 0 0 5 23

Conceição do Castelo

Total 92 0 45 137 39 6 10 55 192

0-3 Sm 166 0 18 184 49 12 0 61 245

Mais de 3 a 5 SM 76 0 6 82 7 0 0 7 89

Mais de 5 a 10 SM 71 0 16 87 24 0 0 24 111

Acima de 10 Sm 33 0 0 33 8 0 0 8 41

Domingos Martins

Total 346 0 40 386 88 12 0 100 486

0-3 Sm 68 3 12 83 30 12 0 42 125

Mais de 3 a 5 SM 28 0 0 28 12 5 0 17 45

Mais de 5 a 10 SM 33 0 0 33 9 0 2 11 44

Acima de 10 Sm 15 0 0 15 5 0 0 5 20

Marechal Floriano

Total 144 3 12 159 56 17 2 75 234

66

Tabela 25 - Déficit habitacional rural e urbano seg undo faixas de renda familiar

da região Serrana – 2000 Conclusão

Rural Urbana

Município Faixa de renda familiar Coabi-

tação

Cômodos alugados ou cedi-

dos

Domicí- lios im-provi-sados

Sub- total

Coabi-tação

Cômodos alugados ou cedi-

dos

Domicí- lios im-provi-sados

Sub- total

Total

0-3 Sm 142 6 22 170 0 23 11 34 204

Mais de 3 a 5 SM 43 0 0 43 14 0 0 14 57

Mais de 5 a 10 SM 21 0 0 21 6 0 0 6 27

Acima de 10 Sm 7 0 0 7 14 0 0 14 21

Santa Leopoldina

Total 213 6 22 241 34 23 11 68 309

0-3 Sm 305 27 0 332 46 0 0 46 378

Mais de 3 a 5 SM 113 0 39 152 0 0 0 0 152

Mais de 5 a 10 SM 79 0 0 79 0 0 0 0 79

Acima de 10 Sm 23 0 0 23 25 0 0 25 48

Santa Maria de Jetibá

Total 520 27 39 586 71 0 0 71 657

0-3 Sm 108 0 0 108 36 0 23 59 167

Mais de 3 a 5 SM 27 9 0 36 9 0 0 9 45

Mais de 5 a 10 SM 53 0 3 56 46 0 0 46 102

Acima de 10 Sm 16 0 0 16 16 0 0 16 32

Santa Teresa

Total 204 9 3 216 107 0 23 130 346

0-3 Sm 96 10 5 111 29 13 0 42 153

Mais de 3 a 5 SM 25 0 0 25 42 0 0 42 67

Mais de 5 a 10 SM 39 0 6 45 30 0 0 30 75

Acima de 10 Sm 10 0 0 10 5 0 0 5 15

Vargem Alta

Total 170 10 11 191 106 13 0 119 310

0-3 Sm 38 10 10 58 47 0 4 51 109

Mais de 3 a 5 SM 16 12 0 28 37 0 0 37 65

Mais de 5 a 10 SM 25 0 0 25 53 0 9 62 87

Acima de 10 Sm 0 0 0 0 26 0 0 26 26

Venda Nova do Imigrante

Total 79 22 10 111 163 0 13 176 287 Região Serrana Total 2.424 133 219 2.776 1.298 150 94 1.542 4.318 Espírito Santo Total 9.389 628 1.498 11.515 41.940 3.853 2629 48422 59.937 Fonte: Microdados da Amostra – Censo 2000 - IBGE

2.5 Dinâmica Econômica As atividades produtivas predominantes na região Serrana são as de base primária. A forte presença dessas atividades na região é confirmada a partir dos dados de sua população ocupada, segundo o Censo do IBGE (2000), o que indica que a atividade econômica na região Serrana está centrada principalmente na produção agropecuária, silvicultura e extrativismo vegetal, que absorvem a atividade econômica de cerca de 60% da população ocupada da região (tabela 26).

67

Tabela 26 - População ocupada por atividade - 2000

Município

Agrope-cuária,

silvicultura extrativa,

veg. e pesca

Comércio; reparação de veículos au--to motores, objetos pes-soais e do-

mésticos

Ind. extra-tiva, trans-formação,

energia eletrica

gás e água

Ser-viços

domés-ticos

Cons-trução

Admi-nistração pública, defesa e segurida-de social

Aloja-mento e alimen-tação

Trans-porte,

armaze-nagem e comuni-cações

Outros servi-ços

Total

Afonso Cláudio 62,2 7,9 3,4 7,1 3,6 4,1 3 1,6 7,1 100

3,1 Alfredo Chaves 65,2 7,3 3,7 5,4 2,8 2,7 1

.+ 8,8 100

Castelo 40,6 15,7 9,2 6,3 6,5 4 2,5 3,7 11,6 100

Conceição do Castelo 64,9 5,8 4,8 5,8 2,8 4 2,2 2 7,7 100

Domingos Martins 71,1 4,5 4,2 4,6 2,2 1,9 2,7 1,9 6,9 100

Marechal Floriano 52,3 12 3,9 6,4 5,1 5,1 2,9 3,1 9,2 100

Santa Leopoldina 75,3 4,1 2,1 3,5 3,2 3 2,2 1 5,7 100

Santa Maria de Jetibá 74,8 7,8 3,2 2,5 2,7 2,2 1,7 1,4 3,6 100

Santa Teresa 56,2 7,9 8,8 4,6 3,8 3,2 2,5 1,2 11,8 100

Vargem Alta 48,1 7,9 18,9 4,9 3,9 5,3 3 1,8 6,1 100

Venda Nova do Imigrante 43,6 15,9 7,3 6,1 6,3 3,5 4,1 3 10,3 100

REGIÃO SERRANA 60,2 8,8 6,1 5,1 3,8 3,3 2,5 2,1 7,9 100

ESPÍRITO SANTO 24,5 16,3 12 7,5 7,1 5,3 4,6 4,6 18,1 100 Banco de Dados do IPES Fonte dos dados:IBGE.Microdados do censo demográfico 2000

Conforme pode ser observado, todos os municípios da região têm uma parte substancial de sua população ocupada vinculada à atividade primária, com destaque para Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Domingos Martins, Alfredo Chaves, Conceição do Castelo, Afonso Cláudio, Santa Teresa e Marechal Floriano, que possuem mais de 50% de sua população ocupada nessa atividade. Dentro da região, há uma forte concentração da população ocupada em três municípios: Domingos Martins (17,78%), Santa Maria de Jetibá (17,48%) e Afonso Cláudio (14,14%), que concentraram 49,40% de toda a população ocupada da região com atividades rurais, segundo dados de 2000 (tabela 27).

68

Tabela 27 - Participação da população ocupada dos municípios da região Serrana na atividade primária

Município Agropecuária e Pesca %

Afonso Cláudio 10.154 14,14

Alfredo Chaves 4.696 6,54

Castelo 6.427 8,95

Conceição do Castelo 3.661 5,10

Domingos Martins 12.769 17,78

Marechal Floriano 3.264 4,54

Santa Leopoldina 4.794 6,68

Santa Maria de Jetibá 12.555 17,48

Santa Teresa 6.173 8,60

Vargem Alta 3.700 5,15

Venda Nova do Imigrante 3.626 5,05

REGIÃO SERRANA 71.819 100,00Banco de Dados do IPES Fonte dos dados:IBGE.Microdados do censo demográfico 2000

A importância da produção de base primária na região (agropecuária, silvicultura e extração vegetal) pode ser percebida também a partir dos dados sobre o número de empresas formais. Conforme dados da Rais, as atividades econômicas de base primária (classificadas como letras A e B) ocuparam em 2002 o segundo lugar na região Serrana, com 11% de participação, sendo o primeiro lugar ocupado pelas atividades ligadas ao comércio (letra G). Isso se repete em cada município, por razão óbvia: a existência de um número significativo de pequenos estabelecimentos formais que empregam poucas pessoas, o que é próprio dessa atividade (tabela 28). Tabela 28 - Distribuição do número de empresas for mais por atividade CNAE

na região Serrana

Atividades CNAE Região

Serrana (%) A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 10,90

B Pesca 0,10

G Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos

42,83

O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 10,04Fonte: RAIS/TEM: Elaboração IPES

Essa importância das atividades primárias no conjunto das empresas formais na região se reproduz de forma relativa nos municípios. Dos onze municípios considerados, em cinco (Alfredo Chaves, Domingos Martins, Marechal Floriano, Santa Leopoldina e Santa Teresa) essas atividades ocupam o segundo lugar, em dois (Conceição do Castelo e Vargem Alta) o terceiro lugar, em três (Castelo, Santa Maria de Jetibá e Venda Nova) a quarta posição e em Afonso Cláudio a quinta colocação (tabela 29).

69

Tabela 29 - Distribuição do número de empresas for mais por atividade CNAE nos municípios da região Serrana

Atividades

CNAE

Afonso Cláu-dio

Alfredo Chaves Cas-

telo

Concei-ção do Castelo

Domin-gos

Martins

Mare-chal Flo-

riano

Santa Leopol-

dina

Santa Maria de

Jetibá

Santa Teresa

Var-gem Alta

Venda Nova do

Imi-grante

A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal

4,48 13,15 6,10 8,12 12,95 20,79 31,25 6,84 16,67 9,02 8,84

D Indústrias de transformação

6,95 11,01 7,32 7,56 7,14 5,48 2,34 5,57 11,48 18,04 7,85

G Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos

50,77 42,2044,48 42,02 40,77 44,42 34,77 50,63 33,43 35,27 44,96

H Alojamento e alimentação

4,36 4,89 4,81 6,72 9,48 6,99 6,25 11,39 8,98 5,41 9,84

I Transporte, armazenagem e comunicações

10,37 6,12 5,24 3,36 3,06 3,21 1,56 3,92 3,79 2,00 3,49

O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais

12,37 4,2811,12 16,53 12,74 6,43 10,55 9,11 8,78 6,01 9,09

Fonte: RAIS/TEM: Elaboração IPES

Observa-se que, embora em termos de população ocupada em todas as atividades a região Serrana tenha uma baixa representatividade no conjunto do Espírito Santo – contribuindo apenas com 9,1% do total do estado –, se considerarmos as atividades primárias (agricultura, pecuária, extração vegetal e pesca) de forma isolada, a população ocupada da região passa a ter um peso significativo no estado (22,4%). Isso resulta da especialização da região nessas atividades (tabela 30). Tabela 30 - Participação no Espírito Santo da pop ulação ocupada por ativida-

de na região Serrana - 2000 Região Serrana % ES

Agropecuária e Pesca 22,4Comércio; Reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos 5,0Indústria Extrativa, de Transformação, eletricidade e gás 4,6Serviços Domésticos 6,3Construção 5,0Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 5,7Educação 4,8Alojamento e Alimentação 5,0Transporte, Armazenagem e Comunicações 4,2Outros Serviços 4,2Atividades imobiliárias, Aluguéis e Serviços Prestados às Empresas 3,0Saúde e Serviços Sociais 3,7Intermediação Financeira 4,8Total 9,1Banco de Dados do IPES Fonte dos dados:IBGE.Microdados do censo demográfico 2000

70

No que se refere à agricultura, as lavouras permanentes e as temporárias nessa região, segundo dados do IBGE de 2002, respondem, respectivamente, por 60,8% e 32,7% do valor da produção agrícola, enquanto a silvicultura tem uma participação bastante inferior, 6,5%, e a extração vegetal tem a inexpressiva participação de 0,1%. Enquanto na região se verifica a superior participação do valor da produção das lavouras permanentes, no total do estado as lavouras temporárias da região têm uma maior participação, chegando a quase 30%. Outro dado importante é que, embora as lavouras permanentes gerem uma renda de R$ 101,59 milhões, superior à renda de U$ 79,36 milhões das lavouras temporárias, estas geram uma renda média por hectare de R$ 2,2 mil; superior, portanto, ao rendimento das lavouras permanentes, que é de R$ 1,5 por hectare. A principal atividade pecuária da região é a bovinocultura, com um rebanho de cerca de 1,7 milhão de cabeças, destacando-se os municípios de Castelo, com 20,5% deste rebanho, Afonso Cláudio (16,9%), Santa Leopoldina (12,8%), D. Martins (11,7%) e Alfredo Chaves (9,1%) (tabela 31). Destaca-se a avicultura da região, cujo valor da produção de galinhas é 86,9% do valor do estado. O maior produtor é o município de Santa Maria de Jetibá, que concentra 66,9% da produção regional e 58,1% da produção estadual de galinhas. Este município também aglutina 75,3% da produção de ovos de galinha da região e 71,3% da produção do estado. Tabela 31 - Participação dos municípios no efetivo bovino da região Serrana -

2002 Município %

Afonso Cláudio 16,86

Alfredo Chaves 9,10

Castelo 20,48

Conceição do Castelo 7,78

Domingos Martins 11,67

Marechal Floriano 1,73

Santa Leopoldina 12,75

Santa Maria de Jetibá 5,37

Santa Teresa 7,52

Vargem Alta 4,50

Venda Nova do Imigrante 2,25

Região Serrana 100,00Fonte: IBGE

Segundo dados do IBGE de 2002 (tabela 32), a maior participação no valor das lavouras permanentes está nos municípios de Afonso Cláudio (26,2%), Domingos Martins (15,2%), Conceição do Castelo (10,9%), Santa Teresa e Vargem Alta (8,7% cada um). Na verdade, quando se fala em lavouras permanentes, nestes municípios, está se falando em produção de café em grão, e em segundo plano, de bananicultura.

71

A maioria dos municípios da região tem no café a mais importante lavoura permanente, no que diz respeito a renda gerada. A segunda atividade mais importante é a bananicultura. As exceções estão nos municípios de D. Martins e Santa Leopoldina, onde a renda gerada pela bananicultura é superior à da produção de café. Mas a produção de café continua sendo importante nos citados municípios, pois suas produções correspondem, respectivamente, a 45,8% e 38,4% da renda das atividades permanentes. Depois destes municípios, é em Alfredo Chaves que a bananicultura tem mais importância, pois, mesmo como atividade secundária, é responsável por 34,2% da renda dessas atividades. Outros dados merecem destaque: no município de Santa Maria de Jetibá não há produção de banana, e a segunda atividade mais importante é a produção de tangerina, que responde por 8% da renda de suas lavouras permanentes; em Santa Teresa a produção de goiaba é a segunda atividade mais importante e responde por 10,5% das citadas lavouras; em Castelo e em Venda Nova do Imigrante a produção de abacate, praticamente, divide com a banana a condição de atividade secundária. Tabela 32 - Participação do valor do produto no total de lavouras permanen-

tes dos municípios- 2002 em mil reais

Produto/Município Afonso Cláudio

Alf. Cha-ves

Cas-telo

Concei-ção do Castelo

Domin-gos

Martins

Ma-rechal

Flo-riano

Santa Leo-

poldina

Santa Maria

de Jetibá

Santa Te-

resa

Var-gem Alta

Venda Nova do

Imi-grante

Abacate 0,1 0,3 2,9 2,9 0,1 0,0 0,0 0,4 0,2 2,8 4,5

Banana 4,0 34,2 2,9 6,4 49,3 11,5 45,1 0,0 4,2 10,4 4,0

Borracha (látex coagulado) 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Café (em côco) 93,0 54,9 89,5 88,0 45,8 82,6 38,4 87,3 74,9 85,0 86,6

Caqui 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Côco-da-baía 0,0 2,9 0,6 0,0 0,0 0,0 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0

Figo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Goiaba 0,8 0,5 0,0 0,0 0,6 0,4 1,8 2,0 10,5 0,0 1,2

Laranja 0,2 5,8 1,1 0,3 0,2 0,5 2,5 1,2 1,2 1,4 0,0

Limão 0,1 0,8 0,0 0,7 0,3 0,7 0,7 1,1 0,6 0,0 0,2

Mamão 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Manga 0,6 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,1 0,0 0,0

Maracujá 1,0 0,0 1,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0

Palmito 0,0 0,0 1,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5

Pêssego 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Tangerina 0,2 0,1 0,0 1,7 3,0 4,3 10,5 8,0 3,0 0,3 2,3

Urucum (semente) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Uva 0,0 0,3 0,0 0,0 0,4 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,7

Outros 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Banco de Dados do IPES fonte dos dados:IBGE/PAM

Os municípios onde há maior participação no valor total das lavouras temporárias da região são: Santa Leopoldina (21,9% do valor das lavouras temporárias da região),

72

S. Maria de Jetibá (17,5%), Afonso Cláudio (15,8%), Venda Nova do Imigrante (11,6%), Santa Teresa (10,6%) e Castelo (9,2%). Os demais têm participação inferior a 4,6%. Em todos os municípios da região a horticultura tem uma participação bastante importante na renda gerada pelas lavouras permanentes, destacando-se nesta atividade a produção de tomate (cuja participação vai desde 25,3%, em Santa Maria de Jetibá, até 88,2%, em Alfredo Chaves). Na maioria desses municípios a horticultura especializada, principalmente na produção de tomate, é a maior geradora de renda, e em Santa Maria de Jetibá a renda da produção de hortícolas divide-se entre o tomate e o alho, com pequena vantagem para o último. As exceções estão no município de Vargem Alta, onde a produção de milho é responsável por 33,8% e 31,7%, respectivamente, da renda gerada pelas lavouras permanentes, participações superiores aos 26,3% referentes às hortícolas, e em Conceição do castelo onde as produções milho e feijão somadas correspondem a 57,3% das produções temporárias, enquanto as hortícolas respondem por 41% destas. Na produção de hortícolas, depois do tomate destacam-se, na geração de renda, a batata-inglesa, com a maior participação em D. Martins (23%), seguida bem de perto pelo alho, com a maior participação em Santa Maria de Jetibá, cerca de 27,7% (tabela 33). Tabela 33 - Participação do valor dos produtos no t otal das lavouras tempo-

rárias dos municípios - 2002 em mil reais

Produto/ Município

Afonso Cláudio

Alf . Cha-ves

Cas-telo

Concei-ção do Castelo

Domin-gos

Martins

Ma-rechal

Flo-riano

Santa Leopol-

dina

Santa Maria

de Jetibá

Santa Te-

resa

Var-gem Alta

Venda Nova do

Imi-grante

Tomate 52,6 88,2 33,8 36,6 38,2 70,8 40,7 25,3 69,7 26,3 83,6

Milho 21,0 2,4 43,1 33,5 8,2 6,8 9,8 20,2 10,2 31,7 7,4

Feijão (em grão) 17,5 4,4 4,4 23,8 23,1 9,9 22,3 20,7 12,6 33,8 8,8

Batata - inglesa 2,0 0,7 13,3 4,4 22,3 9,4 0,0 2,0 0,0 5,3 0,0

Alho 2,1 1,4 0,0 0,0 5,9 0,0 0,0 27,7 0,0 0,0 0,0

Cana-de-açúcar 3,5 1,4 3,0 0,0 0,4 0,0 2,9 0,0 6,7 1,9 0,1

Mandioca 0,2 1,4 1,6 0,0 0,8 3,1 11,5 0,0 0,5 0,7 0,0

Batata – doce 0,0 0,0 0,0 0,0 1,1 0,0 12,8 0,9 0,0 0,0 0,0

Cebola 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,2 0,0 0,0 0,0

Arroz (em casca) 1,0 0,2 0,9 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,2 0,1

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Banco de Dados do IPES IBGE/PAM

No que concerne à comercialização, observa-se que a Central de Abastecimento S/A (Ceasa), segundo a Incaper/2003, destaca-se como principal pólo de comercialização de hortícolas do estado, e seus produtos têm como principal destino a Grande Vitória (RGMV). Os dados da tabela 34, mesmo não compreendendo a totalidade das informações sobre a comercialização, servem como indicador da importância que certos municípios da região serrana têm no abastecimento da Grande Vitória (RMGV). Os principais municípios da região Serrana responsáveis

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pelo abastecimento total da Ceasa são Santa Maria de Jetibá, responsável por 12,5% destes, e Domingos Martins, 7,3%. Na tabela 34, percebe-se que 66,7% do abastecimento desta central, localizada em Cariacica, tem origem no estado, 33,3 vem do resto do país e apenas 0,03 provém de outros países. Também, segundo a Incaper, a figura do intermediário tem importância em todas as regiões produtoras e constitui a segunda opção de venda da maioria dos pequenos produtores. Tabela 34 - Produtos agrícolas* originados da Ceasa de Cariacica - nov.2001 -

nov. 2003** Localidade Em relação ao total Em relação ao ES

Afonso Cláudio 1,8 2,7

Alfredo Chaves 1,5 2,2

Domingos Martins 7,3 11,0

Santa Maria do Jetibá 12,5 18,8

Vargem Alta 0,3 0,4

Venda Nova do imigrante 3,6 5,4

Demais municípios 39,6 59,4

Fornecimento dos municípios capixabas 66,65 100,0

Outros estados 33,32 -

Exterior 0,03 -

Total do Estado 100,0 -Fonte: Ceasa Nota: Tabela reproduzida do documento “Análise Sócio-Econômica do Município de Domingos Martins”, 2004, elaborado pelo IPES *Exclui-se o fornecimento de ovos ** Exclui-se meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2003, para os quais não foi possível tabulação

Enfocando apenas os produtos com origem no Espírito Santo, observa-se que a participação de Santa Maria de Jetibá e a de Domingos Martins crescem para 19% e 11%, respectivamente. Essas participações, somadas às de outros municípios da região Serrana com menos representatividade – como Afonso Cláudio (2,7%),Venda Nova do Imigrante (5,4%), Alfredo Chaves (2,2%) e Vargem Alta (0,4%) –, apontam para uma participação de 40,5% da região Serrana como fornecedora de produtos agrícolas para a Ceasa. Como essa central abastece principalmente a Grande Vitória, denota-se daí a importante participação da agricultura da região Serrana para o abastecimento da região Metropolitana 5. Conforme dados do IBGE de 1996 (tabela 35), a maior parte dos estabelecimentos agropecuários na região Serrana (86%) possui uma área inferior a 50 ha, e 14% possuem mais de 50 ha. Cinqüenta por cento da área está ocupada por estabelecimentos que possuem menos de 50 ha e outros 50%, por estabelecimentos com mais de 50 ha. 5 Parte dos dados apresentados nesse item tem como fonte o documento elaborado pelo Ipes: “Análise Sócio-Econômica do Município de Domingos Martins”, 2004.

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Todos os municípios da região possuem pelo menos 78% de seus estabelecimentos situados em áreas com menos de 50 ha. A maioria dos municípios tem mais de 50% de sua área ocupada com estabelecimentos com mais de 50 ha. As exceções são Domingos Martins e Marechal Floriano, onde os estabelecimentos com mais de 50 ha ocupam, respectivamente, 43% e 42% de suas áreas, e Santa Maria de Jetibá, que tem apenas 23% de sua área ocupada com estabelecimentos com mais de 50 ha. Isto significa dizer que 77% da área deste último município é ocupada com estabelecimentos com áreas inferiores a 50 ha. Este município é também o que apresenta maior proporção de sua área ocupada com estabelecimentos com menos de 10 ha, cerca de 15% desta. Tabela 35 - Estrutura fundiária da região Serrana segundo municípios -1996

Grupos de área total (em ha)

menos de 1a a menos de 5

5 a menos de 10

10 a menos de 50

50 a menos de 100 <100 Total Municípios

Estab. Área (ha) Estab. Área

(ha) Estab. Área (ha) Estab. Área

(ha) Estab. Área (ha) Estab. Área

(ha)

Afonso Cláudio 492 1 765 506 4.088.144 1.582 38.903.606 315 22 159 176 36.376.815 3.071 103.292.996

Alfredo Chaves 141 470 157 1.179.856 687 16.868.743 203 13 453 72 10.943.668 1.260 42.914.640

Castelo 177 564 239 1.938.469 764 18.755.327 166 11 346 61 13.583.021 1.407 46.187.033

Conc. do Castelo 86 329 122 1.003.043 472 12.008.057 100 7 064 29 8.323.851 809 28.727.820

Domingos Martins 524 1 488 450 3.010.101 1.466 34.660.958 277 18 136 70 10.825.219 2.787 68.119.780

Marechal Floriano 120 271 88 586.112 348 7.946.250 58 3 798 12 2.591.872 626 15.193.677

Santa Leopoldina 441 1 087 300 1.992.655 879 20.450.921 195 12 706 68 15.218.120 1.883 51.454.759

Santa Maria de Jetiba 1.234 2 888 670 4.450.730 1.448 31.372.684 144 9 057 18 2.653.000 3.514 50.420.946

Santa Teresa 223 619 233 1.611.062 1.241 30.750.583 263 18 025 137 24.693.868 2.097 75.699.996

Vargem Alta 111 379 138 1.097.494 540 13.734.327 121 8 342 44 11.920.301 954 35.473.510

Venda Nova do Imigrante 76 213 82 655.713 273 6.612.428 57 4 108 22 3.551.877 510 15.141.306

Região Serrana 3.625 10.073.434 2.985 21.613.379 9.700 232.063.884 1.899 128194154 709 140.681.612 18.918 532.626.463

Fonte: IBGE

2.5. Dinâmica de Ocupação e Expansão Territorial 2.5.1 Quadro Atual da Ocupação da Região Serrana Este tópico limita-se à identificação, em âmbito macro, da ocupação a que está submetida a região serrana, bem como os conflitos gerados em função dos mesmos. Numa visão de conjunto, sobressai na região a diversidade de situações. Em meio a essa, é possível desenhar na escala macrorregional alguns agrupamentos de tendência de ocupação genérica. Convém ressaltar que a ocupação do solo urbano é regulamentada por legislação federal e municipal e dada sua especificidade demanda estudos mais detalhados, não tendo sido objeto desse trabalho, dado tratar-se este de uma leitura macrorregional. Assim, foram investigados e identificados em carta específica apenas loteamentos que se implantaram fora dos perímetros urbanos.

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Dentre todos os vetores de ocupação da região, podemos apontar, atualmente, os loteamentos como mais uma ameaça à integridade dos ecossistemas das unidades de conservação e das áreas protegidas espalhadas ao longo de toda a região. Vale ressaltar que é no meio rural de alguns municípios que rapidamente se dá a ocupação de espaços através de uma dinâmica externa, que em pouco tempo subordina totalmente a vida rural a uma lógica urbana. Verifica-se que o processo de urbanização vem se exercitando com potência em alguns municípios, ao longo da última década, através da ação conjugada de dois processos: o crescimento urbano e a expansão da urbanização. Como foi demonstrado no item referente a dinâmica populacional, as taxas de crescimento urbano em todos os municípios da região são altas, com destaque para o município de Venda Nova do Imigrante, com 7.82% a.a, seguido dos municípios de Marechal Floriano, Santa Tereza e Santa Leopoldina. Deve-se, entretanto, ressaltar que apesar do crescimento urbano acelerado, esses municípios assumem a condição tipológica de municípios rurais, exclusive apenas o município de Venda Nova do Imigrante, em situação de transição para o urbano, com mais de 60% de sua população vivendo nas áreas urbanas. Assim, é nesse município que se verifica maior intensidade de problemas no meio urbano, especialmente os relacionados ao processo de saturação do sistema viário, ocupação total do lote com edificação, verticalização com comprometimento da paisagem, deficiência de áreas públicas, entre outros, sem contar a dificuldade de comunicação intra-urbana em virtude da rodovia, que se consolida como importante barreira física no espaço local. Apesar da condição rural dos municípios, verifica-se, especialmente nos municípios de Venda Nova do Imigrante, Marechal Floriano, Domingos Martins e Vargem Alta, uma lógica mercantil de propriedade da terra, em que muitas vezes os espaços não ocupados encontram-se submetidos a processos especulativos, dentro de um projeto de uso futuro. A forma de ocupação tende a uma estruturação em moldes urbanos mesmo nas áreas rurais, não sendo raro encontrar loteamentos que se estendem por vastas superfícies, em áreas protegidas e de exploração agrícola, disseminando na região, especialmente no distrito de Aracê, o modo urbano de valorização da terra e de seu uso. Obviamente, serão também encontrados, dentro da região delineada, áreas de ocupação bastante incipientes, aparentemente ainda não submetidas a essa lógica de mercado. Contudo, por uma questão de proximidade e contigüidade, poderão vir a se tornar núcleos especulativos, apesar de se encontrarem atualmente imersos em perspectivas de uso rural. A expansão da urbanização, por exemplo, é extremamente diversificada, mas revela algumas tendências claras que interessam de perto à gestão regional. Ao lado do ritmo de crescimento, intensifica-se a ampliação física das áreas urbanizadas, expressa principalmente pelo crescimento dos loteamentos denominados condomínios, com destaque para os municípios de Marechal Floriano e Domingos Martins, cortados pela rodovia BR 262 e relativamente próximos de centros de maior dinamismo do estado, que é a região Metropolitana da Grande Vitória.

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Além do fato dessa expansão ter ocorrido de forma desordenada e às expensas da incorporação de áreas de grande relevância, ela transfere para espaços novos parte dos vetores de comprometimento ambiental, especialmente os relacionados à contaminação das águas superficiais e das subterrâneas e à remoção da cobertura vegetal e de solos. Quando se verifica a potencialidade para expansão dos núcleos urbanos desses municípios, constata-se que se localizam, em sua grande maioria, em fundo de vale, cercados muitas vezes por áreas protegidas, com declividade acentuada ou com uso agrícola, podendo dificultar sobremaneira o acesso a uma ocupação urbana adequada. Examinando, por exemplo, a Carta de Uso do Solo, observa-se certo predomínio, na parte leste, de coberturas florestais e a noroeste, de áreas de pastagens e agrícolas; percebe-se ainda que os núcleos urbanos não se traduzem em grandes áreas. São constituídos de pequenos espaços urbanos encravados no território rural da região. Observa-se, também, que é bastante freqüente a existência de áreas de florestas naturais contíguas ou próximas aos perímetros urbanos, o que sugere que há uma clara tendência, em prazos variáveis, de ocorrência no futuro de conflitos de uso ou mesmo de expansão da ocupação urbana sobre áreas de relevância ambiental, protegidas ou não. Pode-se apontar como exemplo o município de Marechal Floriano, onde há predomínio de florestas naturais em seu território e a sede municipal se vê cercada por essas áreas protegidas. Quando se associam esses indicadores as informações do Mapa de Unidades Naturais do Estado, constata-se que na Zona 1 – Terras frias, acidentadas e chuvosas –, onde se localiza todo o território do distrito de Aracê e se concentra as maiores pressões imobiliárias da região, os cursos d’água são pouco caudalosos e de vazão limitada, para suportar simultaneamente a intensidade urbana e os projetos de irrigação, tão presentes nesta área. Esta problemática é mais agravante considerando ser o sistema de esgotamento sanitário insignificante nos municípios que compõem a região, comprometendo recursos terrestres e hídricos. Constata-se que as demandas imobiliárias na região apresentam-se tanto para o atendimento de demandas habitacionais quanto para o atendimento de demandas de residências de lazer. Trazendo como exemplo o município de Domingo Martins e o de Venda Nova do Imigrante, onde as pressões imobiliárias são muito intensas, percebe-se claramente essa diferença, especialmente quanto à forma e à intensidade dessa ocupação. O município que se configura como pólo turístico da região (Domingos Martins) vem atraindo demandas por residências de lazer, que se encontram disseminadas por todo o seu território e de forma concentrada na área rural do distrito de Aracê, onde, também, encontram-se concentrados os equipamentos turísticos regionais (hotéis, pousadas e restaurantes). Essa mesma forma de ocupação vem se configurando, também, de forma menos intensa, no município de Marechal Floriano. Já no município de Venda Nova do Imigrante, que vem se caracterizando como pólo econômico regional (concentração de comércio e serviços), a demanda imobiliária é, em sua maior parte, por habitação, especialmente na área rural, que vem sendo

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invadida, de forma intensa, por loteamentos clandestinos, localizados especialmente na área rural de Caxixe. Isso se justifica na existência de um déficit significativo no município para a faixa de renda de até 3 SM em sua área rural. São significativos os impactos gerados por esses empreendimentos imobiliários na região, com destaque para a alteração da estrutura agrária com declínio da atividade primária, que é a base de sustentação da economia regional; descaracterização do ambiente rural com o conseqüente declínio do turismo dos municípios (turismo rural e ambiental) e desequilíbrio do ecossistema da região, devido especialmente a desmatamento, erosão e dessecação de nascentes. Em face das carências e da espontaneidade verificada tanto nos processos de crescimento urbano quanto nas áreas de urbanização recente, o papel do planejamento no ordenamento do uso do solo torna-se mais decisivo na definição do futuro dessa região. Até o momento, a capacidade estatal de ordenamento tem ficado aquém da velocidade dos processos atuantes, o que implica um crescimento constante das carências e impacto cada vez maior no meio ambiente. 2.5.2 Panorama Geral dos Loteamentos nos Municípi os Pesquisados: Pontos

Comuns e Principais Problemas Com o objetivo de avaliar a ocupação do solo nos municípios da região Serrana foram pesquisados diversos aspectos relativos ao parcelamento do solo urbano, tendo como fontes de informação as prefeituras municipais, os cartórios de registro de imóveis, bem como visitas em campo. O levantamento se limitou a empreendimentos imobiliários localizados na área rural dos municípios de Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta, por serem estes territórios que vêm sofrendo processos acelerados de transformação, com impactos substanciais, que afetam a sustentabilidade da região. Os resultados desta pesquisa embasaram a elaboração de relatórios-síntese, propiciando uma primeira avaliação dos processos de produção do espaço urbano no meio rural nos municípios pesquisados, e serviram para diagnosticar alguns dos problemas e dificuldades verificadas na implantação desses empreendimentos no período de 1995 a 2004. Inicialmente, destaca-se que os municípios de Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante possuem legislação própria de parcelamento do solo urbano, com normas urbanísticas relativas à dimensão mínima de lote, reserva de área pública e equipamentos urbanos, entre outras. Importa ressaltar que apenas o município de Venda Nova do Imigrante possui Plano Diretor Municipal, cuja proposta foi elaborada pelo Ipes em 1999. Segundo informações das prefeituras e em função de diagnósticos de campo efetuados pelo Ipes e pelo Idaf em loteamentos para fins urbanos implantados no meio rural, pode-se afirmar que a ilegalidade dessa forma de ocupação é uma constante em todos os municípios pesquisados. Esta ilegalidade é dada tanto por parcelamentos irregulares, aqui conceituados como aqueles que foram autorizados pelo poder público competente e ainda não foram registrados no cartório imobiliário, quanto por parcelamentos clandestinos, conceituados como os implantados sem aprovação municipal e, em conseqüência, não registrados no cartório imobiliário. A

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maior concentração de loteamentos clandestinos se localiza no distrito de Caxixe, município de Venda Nova do Imigrante. Apesar de não ter sido possível dimensionar quantitativamente toda a área comprometida pela expansão ilegal (fora do perímetro urbano), as informações obtidas demonstram que a implementação de loteamentos vem ocorrendo com maior intensidade no meio rural e a partir do ano de 1999. É importante ressaltar que a área ocupada por esses empreendimentos é significativa quando comparada com a área delimitada pelos perímetros urbanos atuais, especialmente nos municípios de Domingos Martins e Marechal Floriano (Carta de Loteamentos). Com relação aos requisitos urbanísticos, na maioria dos loteamentos é implantada apenas a rede de energia elétrica, não sendo cumprida pelos loteadores a obrigação estabelecida por lei de proverem os empreendimentos de sistema de esgotamento sanitário, rede de abastecimento de água, escoamento das águas pluviais e pavimentação das vias de circulação. A captação de água é proveniente de nascentes, e a solução do esgotamento é dada por fossas individuais a serem realizadas pelos adquirentes dos lotes. Outrossim, não há observância de áreas reservadas para uso público, uma vez que tais empreendimentos dissimulam, através da denominação de “loteamento em condomínio” ou “loteamentos fechados”, o descumprimento da legislação urbanística vigente. A implantação desses empreendimentos vem ocorrendo de forma indiscriminada, em áreas inadequadas para o parcelamento, tais como áreas com declividade acentuada ou de preservação ecológica, a despeito dos aspectos ambientais e sanitários de risco à vida humana, previstos na legislação vigente. Na prática, a ilegalidade na implantação de loteamentos para fins urbanos em áreas rurais, sem a infra-estrutura adequada, pode ser considerada um fator estrutural na dinâmica de ocupação dos municípios pesquisados. Não raro, o poder público se omite em relação a esses empreendimentos, não monitorando sua implantação, não aplicando penalidades nem denunciando os responsáveis à autoridade policial pela prática de crime contra a administração pública. Ademais, com o passar do tempo o próprio município se incumbe de encaminhar à Câmara Municipal projeto de lei convalidando a situação ilegal e dando início a sua “regularização” sem responsabilizar os infratores, o que estimula a continuidade desta prática. Diante do quadro apresentado, constata-se que o processo de produção do espaço dos municípios pesquisados se efetiva não apenas por ocupações espontâneas, mas, também, por empreendimentos, no meio rural, aprovados, e mesmo registrados, sem observância das normas urbanísticas vigentes. 2.5.3 Relatório-síntese dos Loteamentos nos Municíp ios Pesquisados Neste relatório estão sistematizadas as informações obtidas junto às prefeituras e em diagnósticos de campo. Ressalta-se que os municípios de Vargem Alta e Domingos Martins não encaminharam em tempo as plantas aprovadas, ficando portanto prejudicadas as informações sobre eles no tocante ao levantamento de campo.

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A metodologia utilizada no diagnóstico de campo levou em consideração as informações relativas aos loteamentos implantados fora dos perímetros urbanos, a partir do ano de 1995, o que representa a maioria dos empreendimentos implantados nos municípios pesquisados. Com base nessas informações foram levantados em campo os loteamentos, com auxílio de GPS, cujos dados foram georreferenciados em carta específica em escala 1:50.000. Foram, também, levantados em campo dados relativos a infra-estrutura básica, acessibilidade, nº de lotes e nº de construções existentes em cada empreendimento. Verifica-se pelos levantamentos realizados a existência de 47 empreendimentos, localizados fora dos perímetros urbanos, segundo informações apresentadas pelas prefeituras municipais. Estima-se que, na realidade, o total de empreendimentos existentes seja superior aos dados informados, em especial nos municípios de Vargem Alta e Domingos Martins. As informações fornecidas pelas prefeituras municipais relativas a loteamentos encontram-se discriminadas nas tabelas abaixo. Tabela 36 – Situação dos loteamentos ou condomínios na região Serrana

Aprovado e Registrado Loteamentos ou Condomínios Área

(ha)

Nº lotes ou frações

Sim Não

1 - Vila Dordenoni (Caxixe) X

2 - Arvelino Pertele (Caxixe) X

3 - Deusdite Pertele (Caxixe) X

4 - Luiz Campos (Caxixe) X

5 - Luiz Carlos Cardoso (Caxixe) – Chácaras Paraíso do Caxixe 21 X

6 - Luiz Cecute (Caxixe) X

7 - Aguinaldo Carnieli (São José do Alto Viçosa ) X

8 - Vila Barbosa ( São José do Alto Viçosa) X

9 - Laurentino Luiz Andreão ( Vargem Grande) X

10 - Braz, Lucio e Marcos Cleber Andreão (Vargem Grande) X

11 - Condomínio Fassarela (Caxixe) 32.315,85 11 X

12 - Condomínio Residencial Mirage (São José do Alto Viçosa) 55.691,09 33 X (*)

Total 88.006,94 44 Fonte: Prefeitura Municipal de Venda Nova do Imigrante

OBSERVAÇÕES DE CAMPO: Os loteamentos do município, no meio rural, estão, em sua maioria, implantados de forma clandestina, especialmente no recém-criado distrito de Caxixe, e portanto não foram contemplados nos levantamentos, por inexistência de plantas e dificuldades de informações.

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Os empreendimentos Fassarela, Mirage e Chácaras Paraíso do Caxixe, aprovados e/ou registrados, constantes da tabela, disponibilizam um total de 65 lotes, com área de lote variando entre 600 e 1200 m². Há o registro de apenas uma construção edificada no condomínio Residencial Mirage. Esses empreendimentos destinam-se a uso residencial de lazer. Foi definido um perímetro apenas para transformar em área urbana o empreendimento “Condomínio Mirage”, apesar de este empreendimento ser passível de cancelamento judicial, por não observar a infra-estrutura exigida e a reserva de áreas públicas. Tabela 37 - Loteamentos implantados na área rural d e Vargem Alta - 1995-2004

Registrado Loteamentos ou Condomínios Área (m²)

Nº lotes ou fra-ções Sim Não

Data de aprovação

Condomínio Residencial Monte Verde

Irmãos Milaneze ( São José de Fruteiras) 50.950,53 28

Condomínio Sombra do Jequitibá- proprietário Heliomar Venâncio

411.400,00 89

Total 462.350,53 117 Fonte: Prefeitura Municipal de Vargem Alta

OBSERVAÇÕES DE CAMPO: Em contato com a Prefeitura de Vargem Alta foi possível levantar apenas três empreendimentos, localizados na área rural do município, contando com 126 lotes ou frações. Constatou-se que o município vem sofrendo um processo acelerado e desordenado na ocupação do solo, especialmente averiguado na visita de campo. Entretanto, por razões administrativas, entre outros fatores, foi averiguado que a prefeitura não vem monitorando a implantação dos loteamentos, o que impossibilitou o levantamento de outros empreendimentos, que certamente compõem o cenário rural de Vargem Alta.

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Tabela 38 - Loteamentos implantados na área rural de Marechal Floriano –

1995-2004 Registrado

Loteamentos ou Condomínios Área (M²) Nº lotes ou frações Sim Não

Data de aprovação

Loteamento Vila Nova – Rodovia

BR 262, Km 43,5 – Alto Marechal

78.031,93 72 lotes X 22/08/2003

Loteamento Parque dos Canarinhos

Rodovia Francisco Stockl – Santa Maria

20.160,00 53 lotes X 24/08/1997

Condomínio Vales Verdes – Soído de Baixo

300.000,00 56 chácaras X 16/03/2000

Condomínio Serra Verde – Rio Fundo 148.665,00 83 chácaras X 20/07/1998

Condomínio Porto do Sol – Costa Pereira

60.000,00 33 chácaras X 11/10/2000

Condomínio Vale das Araucárias – Victor Hugo

30.000,00 24 chácaras X 29/03/2001

Condomínio Recanto dos Colibris – Rio Fundo

214.516,71 40 chácaras X 11/09/2000

Condomínio Recanto da Primavera – Victor Hugo

80.067,14 37 chácaras X 15/06/1999

Condomínio Parque dos Alpes – Rodovia BR-262, Km 42 - Caracol

182.239,00 76 chácaras X 18/05/1999

Loteamento Parque da Colina – BR- 262, Km 56 – Santa Maria

225.355,32 126chácaras X 31/05/2004

Condomínio Região Serrana – Sede, Sítio Betânia

100.000,00 58 chácaras X 07/10/2003

Loteamento Kuster – Rua Gustavo Hertel - Sede

2.826,42 09 lotes X 06/03/2003

Total 1.441.861,52 667 Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal Floriano – Secretaria de Obras Obs: A princípio, todos estes loteamentos não estão localizados dentro do perímetro urbano legal.

OBSERVAÇÕES DE CAMPO Verificou-se que grande parte destes empreendimentos localiza-se ao longo da BR 262, nas proximidades da sede municipal, no trevo de Paraju e no distrito de Vitor Hugo. De forma geral, apresentam topografia acidentada com lotes de expressiva declividade, ocupando áreas de florestas (mata atlântica), a exemplo do Condomínio Região Serrana, localizado na sede municipal, que é totalmente coberto por mata nativa.

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Tabela 39 - Loteamentos implantados na área rural d e Domingos Martins - 1995-2004

Distrito de Aracê Nº lotes Área (M²) Regis-trados

Data de aprovação na PMDM

1 Cond. Estrela Cadente 72 119.826,37 X 1998

2 Cond. Parque das Águas 28 32.602,77 X 1998

3 Cond. Eco Resort 83 527.887,35 2000

4 Cond. Parque Pedra Azul 24 30.337,28 X 1999

5 Cond. Cerro Azul 104 393.775,48 X 2000

6 Cond. Aldeia da Pedra Azul 47 108.685,83 X 2000

7 Cond. Villagio Verdi 124 421.909,96 X 2000

8 Cond. Eco da Floresta 63 165.695,41 X 2000

9 Cond. Res. Vales Verdes 24 23.600,00 X 2001

10 Cond. Recanto das Bromélias 24 69.540,00 X 2001

11 Cond. Monte Blú 41 142.129,98 X 2001

12 Cond.Colinas de Pedra Azul 53 91.739,49 2001

13 Cond. Parque do China 47 93.774,95 X 2001

14 Cond. Chácaras Sol Nascente 23 39.213,37 2002

15 Lot.Chác. Pedra Azul 54 57.652,12 X 1995

16 Lot.Vivendas Pedra Azul 153 X 1996

17 Lot.Recanto das Estrelas 70 221.897,00 X 1999

18 Lot.Chác. Pietra Azurra 54 79.953,73 X 2000

19 Lot.Pedra Azul 200 X

total 1288 2.680.221,09 Fonte: Prefeitura Municipal de Domingos Martins Nota: na lacuna registrados, os ítens não preenchidos significam: sem informação de registro (*) 34 lotes + 1 gleba de 6.032,84m² OBSERVAÇÕES DE CAMPO Verificou-se que os empreendimentos são de uso ocasional (residência de lazer) e que, em sua maioria, localizam-se no meio rural do distrito de Aracê, concentrando-se na rota do Lagarto, no entorno da Pedra Azul, e na rodovia ES 164, em direção a Vargem Alta. Os lotes variam de 700 m² a 2.500 m². Torna-se oportuno ressaltar que o total de 1.288 lotes disponibilizados na área rural de Aracê corresponde a 6 vezes a área já consolidada do núcleo urbano de Pedra Azul (Aracê), estimada em 246 habitações.

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2.6. Dinâmica de Ocupação e Expansão Territorial 2.61 Quadro Atual da Ocupação da Região Serrana

Este tópico limita-se à identificação, em âmbito macro, da ocupação a que está submetida a região serrana, bem como os conflitos gerados em função dos mesmos. Numa visão de conjunto, sobressai-se na região a diversidade de situações. Em meio a essa, é possível desenhar na escala macro-regional, alguns agrupamentos de tendência de ocupação genérica. Convém ressaltar, que a ocupação do solo urbano é regulamentada por legislação federal e municipal e dada sua especificidade demanda estudos mais detalhados, não tendo sido objeto desse trabalho, dado tratar-se este de uma leitura macro regional. Assim, foram investigados e identificados em carta específica apenas loteamentos que se implantaram fora dos perímetros urbanos. Dentre todos os vetores de ocupação da região, podemos apontar, atualmente, os loteamentos como mais uma ameaça, a integridade dos ecossistemas das unidades de conservação e das áreas protegidas espalhadas ao longo de toda a região. Vale ressaltar que é no meio rural de alguns municípios, que rapidamente se dá a ocupação de espaços através de uma dinâmica externa, que em pouco tempo, subordina totalmente a vida rural à uma lógica urbana. Verifica-se que o processo de urbanização vem se exercitando com potência em alguns municípios, ao longo da última década, através da ação conjugada de dois processos: o crescimento urbano e a expansão da urbanização. Como foi demonstrado no item referente a dinâmica populacional, as taxas de crescimento urbano em todos os municípios da região são altas , com destaque para o Município de Venda Nova do Imigrante com 7.82% a a ,seguido dos municípios de Marechal Floriano, Santa Tereza e Santa Leopoldina. Deve-se, entretanto, ressaltar que apesar do crescimento urbano acelerado, esses municípios assumem a condição tipológica de municípios rurais, exclusive apenas o Município de Venda Nova do Imigrante, em situação de transição para o urbano, com mais de 60% de sua população vivendo nas áreas urbanas. Assim, é nesse município, Venda Nova do Imigrante, que se verifica maior intensidade de problemas no meio urbano, especialmente àqueles relacionados ao processo de saturação do sistema viário, ocupação total do lote com edificação, verticalização com comprometimento da paisagem, deficiência de áreas públicas, entre outros, sem contar a dificuldade de comunicação intra-urbana em virtude da rodovia, que se consolida como importante barreira física no espaço local. Apesar da condição rural dos municípios, verifica-se, especialmente, nos Municípios de Venda Nova do Imigrante, Marechal Floriano, Domingos Martins e Vargem Alta uma lógica mercantil de propriedade da terra, onde muitas vezes os espaços não ocupados encontram-se submetidos a processos especulativos, dentro de um projeto de uso futuro. A forma de ocupação tende a uma estruturação em moldes urbanos mesmo nas áreas rurais, não sendo raro encontrar loteamentos estendendo-se por vastas superfícies em áreas protegidas e de exploração agrícola,

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disseminando na região, especialmente, no Distrito de Aracê, o modo urbano de valorização da terra e de seu uso. Obviamente, serão ,também, encontrados dentro da região delineada, áreas de ocupação bastante incipientes, aparentemente ainda não submetidas a essa lógica de mercado. Contudo por uma questão de proximidade e contigüidade, poderão, vir a se tornar núcleos especulativos , apesar de se encontrarem atualmente imersos em perspectivas de uso rurais. A expansão da urbanização, por exemplo, é extremamente diversificada, mas revela algumas tendências claras que interessa de perto a gestão regional. Ao lado do ritmo de crescimento, intensifica-se a ampliação física das áreas urbanizadas, expressado principalmente pelo crescimento dos loteamentos denominados condomínios, com destaque para os municípios de Marechal Floriano, Domingos Martins, cortados pela rodovia BR 262 e relativamente próximos de centros de maior dinamismo do Estado que é a Região Metropolitana da Grande Vitória. Além do fato dessa expansão ter ocorrido de forma desordenada e às expensas da incorporação de áreas de grande relevância, ela transfere para espaços novos parte dos vetores de comprometimento ambiental, especialmente àqueles relacionados à contaminação das águas superficiais e subterrâneas à remoção da cobertura vegetal e de solos. Quando se verifica a potencialidade para expansão dos núcleos urbanos desses municípios, constata-se que esses se localizam e sua grande maioria em fundo de vale, cercados muitas vezes por áreas protegidas, com declividade acentuada ou com uso agrícola, podendo dificultar sobremaneira o acesso a uma ocupação urbana adequada. Examinando, por exemplo, a Carta de Uso Solo, observa-se que há um certo predomínio na parte leste de coberturas florestais e a noroeste de áreas de pastagens e agrícolas e que os núcleos urbanos não se traduzem em grandes áreas. São constituídos de pequenos espaços urbanos encravados no território rural da região. Observa-se, também, que é bastante freqüente áreas de florestas naturais contíguas ou próximas aos perímetros urbanos, o que sugere que há uma clara tendência , em prazos variáveis, de ocorrência no futuro, de conflitos de uso ou mesmo de expansão da ocupação urbana sobre áreas de relevância ambiental, protegidas ou não. Pode-se apontar como exemplo o Município de Marechal Floriano onde há predomínio de florestas naturais em seu território e a sede municipal se vê cercada por essas áreas protegidas. Quando se associa esses indicadores às informações do Mapa de Unidades Naturais do Estado, constata-se que na Zona 1 – Terras frias , acidentadas e chuvosas- onde se localiza todo o território do Distrito de Aracê e se concentra as maiores pressões imobiliárias da região, os cursos d”água são pouco caudalosos e de vazão limitada, para suportar simultaneamente, a intensidade urbana e os projetos de irrigação, tão presentes nesta área. Esta problemática é mais agravante considerando ser o sistema de esgotamento sanitário insignificante nos municípios que compõem a região, comprometendo recursos terrestres e hídricos

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Constata-se que as demandas imobiliárias na região apresentam-se tanto para o atendimento de demandas habitacionais quanto para o atendimento de demandas de residências de lazer. Trazendo como exemplo os Municípios de Domingos Martins e de Venda Nova do Imigrante, onde as pressões imobiliárias são muito intensas, percebe-se claramente essa diferença, especialmente quanto à forma e a intensidade dessa ocupação. O município que se configura como pólo turístico da região ( Domingos Martins) vem atraindo demandas por residências de lazer, que se encontram disseminadas por todo o seu território e de forma concentrada na área rural do Distrito de Aracê, onde, também, encontra-se concentrado os equipamentos turísticos regionais (hotéis,pousadas e restaurantes).Essa mesma forma de ocupação vem se configurando, também, no Município de Marechal Floriano, de forma menos intensa. Já o município de Venda Nova do Imigrante que vem se caracterizando como pólo econômico regional (concentração de comércio e serviços) onde a demanda imobiliária é em sua maioria por habitação, especialmente na área rural, que vem sendo invadida, de forma intensa, por loteamentos clandestinos, localizados especialmente na área rural do Distrito de Caxixe. Isso se justifica já que existe um déficit significativo no município para a faixa de renda de até 3 SM em sua área rural. São significativos os impactos gerados por esses empreendimentos imobiliários na região, com destaque para a alteração da estrutura agrária com declínio da atividade primária que é a base de sustentação da economia regional; descaracterização do ambiente rural com o conseqüente declínio do turismo dos municípios ( turismo rural e ambiental) e para o desequilíbrio para o ecossistema da região, especialmente devido ao desmatamento, erosão e dessecação de nascentes. Em face das carências e da espontaneidade verificada tanto nos processos de crescimento urbano quanto nas áreas de urbanização recente, o papel do planejamento no ordenamento do uso do solo torna-se mais decisivo na definição do futuro dessa região. Até o momento, a capacidade estatal de ordenamento tem ficado aquém da velocidade dos processos atuantes, o que implica um crescimento constante das carências e impacto cada vez maior no meio ambiente 2.6.2 Panorama Geral dos Loteamentos nos Município s Pesquisados: Pontos

Comuns e Principais Problemas Com o objetivo de avaliar a ocupação do solo nos municípios da região serrana foram pesquisados diversos aspectos relativos ao parcelamento do solo urbano , tendo como fonte de informação as prefeituras municipais, os cartórios de registro de imóveis, bem como visitas em campo. Os levantamentos se limitaram a empreendimentos imobiliários localizados na área rural dos municípios de Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta, por serem territórios que vem sofrendo processos acelerados de transformação, com impactos substanciais, que vem afetando a sustentabilidade da região. Os resultados desta pesquisa embasaram a elaboração de relatórios-síntese que, apresentado no item subsequênte, propicia uma primeira avaliação dos processos

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de produção do espaço urbano no meio rural nos municípios pesquisados, bem como evidencia alguns dos problemas e dificuldades verificadas na implantação desses empreendimentos no período 1995 a 2004. Inicialmente, destaca-se que os municípios de Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante possuem legislação própria de parcelamento do solo urbano, com normas urbanísticas relativas à dimensão mínima de lote, reserva de área pública e equipamentos urbanos, entre outras. Importa ressaltar que apenas o Município de Venda Nova do Imigrante possui Plano Diretor Municipal, cuja proposta foi elaborada pelo IPES em 1999. Segundo informações das Prefeituras e em função de diagnósticos de campo efetuados pelo IPES e IDAF em loteamentos para fins urbanos implantados no meio rural , pode-se afirmar que, a ilegalidade dessa forma de ocupação é uma constante em todos os municípios pesquisados. Esta ilegalidade é dada tanto por parcelamentos irregulares, aqui conceituada como aqueles que foram autorizados pelo poder públicos competentes e ainda não foram registrados no Cartório Imobiliário, quanto por parcelamentos clandestinos, conceituados como aqueles implantados sem aprovação municipal e por conseqüência não registrados no Cartório Imobiliário. A maior concentração de loteamentos clandestinos se localiza no Distrito de Caxixe, no Município de Venda Nova do Imigrante. Apesar de não ter sido possível dimensionar quantitativamente toda área comprometida pela expansão ilegal (fora do perímetro urbano), as informações obtidas demonstram que a ocorrência de loteamentos, vem surgindo, com maior intensidade no meio rural e a partir do ano de 1999. É importante ressaltar que a área ocupada por esses empreendimentos é significativa quando comparada com a área delimitada pelos perímetros urbanos atuais, especialmente nos municípios de Domingos Martins e Marechal Floriano (vide Carta de Loteamentos e Áreas Urbanas). Com relação aos requisitos urbanísticos, a maioria dos loteamentos, é implantada apenas com rede de energia elétrica, não sendo cumprida pelos loteadores a obrigação estabelecida por lei de proverem os empreendimentos de sistema de esgotamento sanitário, rede de abastecimento de água, escoamento das águas pluviais e de pavimentação das vias de circulação. A captação de água é proveniente de nascentes e a solução do esgotamento é dada por fossas individuais a serem realizadas pelos adquirentes dos lotes. Outrossim, não há observância de áreas reservadas para uso público, uma vez que tais empreendimentos dissimulam, através da denominação de “loteamento em condomínio” ou “loteamentos fechados”, o cumprimento da legislação urbanística vigente. A implantação desses empreendimentos vem ocorrendo de forma indiscriminada, em áreas inadequadas para o parcelamento, tais como áreas com declividade acentuada ou de preservação ecológica, a despeito dos aspectos ambientais e sanitários de risco à vida humana, previstos na legislação vigente. Na prática, a ilegalidade na implantação de loteamentos para fins urbanos em áreas rurais, sem a infra-estrutura adequada, pode ser considerada como um fator estrutural na dinâmica de ocupação dos municípios pesquisados . Não raro, o Poder

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Público se omite em relação a esses empreendimentos, não monitorando sua implantação, não aplicando penalidades e nem denunciando os responsáveis à autoridade policial pela prática de crime contra a administração pública. Ademais, com o passar do tempo o próprio município se incumbe de encaminhar à Câmara Municipal projeto de lei convalidando a situação ilegal e dando início a sua “regularização” sem responsabilizar os infratores, o que estimula, assim, a continuidade desta prática. Diante do quadro apresentado, constata-se que o processo de produção do espaço dos municípios pesquisados, se efetiva não apenas por ocupações espontâneas, mas, também, por empreendimentos, no meio rural, aprovados e mesmo registrados, sem observância das normas urbanísticas vigentes. 2.6.3 Relatório Síntese dos Loteamentos nos Municíp ios Pesquisados Este relatório sistematiza informações obtidas junto às Prefeituras e através de observações de campo, referentes aos loteamentos localizados fora dos perímetros urbanos dos municípios pesquisados. No primeiro caso, relacionam-se informações relativas as plantas fornecidas – tais como área do empreendimento, número de quadras e lotes –, bem como informações administrativas, tais como data de aprovação e situação cartorária. No segundo caso, as observações de campo referem-se propriamente à situação de implantação do emprendimento, tais como acessibilidade, infra-estrutura instalada, grau e padrão de ocupação. O levantamento de campo, além de fornecer os elementos para avaliação das condições de implantação dos loteamentos, teve também como objetivo a marcação de pontos georeferenciados a serem transcritos em carta do Projeto Geobase, localizando, assim, os loteamentos pesquisados, implantados nas áreas rurais no período entre 1995 e 2004. Verifica-se pelos levantamentos realizados a existência de 46 empreendimentos, localizados fora dos perímetros urbanos, segundo informações apresentadas pelas Prefeituras Municipais. Estima-se ,que na realidade ,o total de empreendimentos existentes seja superior aos dados informados, em especial nos municípios de Vargem Alta e de Domingos Martins. As informações fornecidas pelas Prefeituras Municipais, bem como as observações de campo, relativas aos loteamentos encontram-se discriminadas a seguir, pôr municípios. Venda Nova do Imigrante � Listagem de loteamentos clandestinos no meio Rural (sem aprovação municipal e

sem registro) 1 - Vila Dordenoni - (Caxixe) 2 - Arvelino Pertele - (Caxixe) 3 - Deusdite Pertele - (Caxixe) 4 - Luiz Campos- (Caxixe) 5 - Luiz Carlos Cardoso - Chácaras Paraíso do Caxixe (Caxixe) –

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6 - Luiz Cecute - (Caxixe) 7 - Aguinaldo Carnieli (São José do Alto Viçosa ) 8 - Vila Barbosa ( São José do Alto Viçosa) 9 - Laurentino Luiz Andreão ( Vargem Grande) 10 -Braz, Lucio e Marcos Cleber Andreão (Vargem Grande)

Observação: A PMVN Informou apenas o número de lotes da Chácara Paraíso do Caxixe, que conta com 21 lotes.

Listagem de Loteamentos Aprovados e registrados no meio rural

Loteamentos Nº lotes

1 Condomínio Fassarela (Caxixe) 11 lotes

2 Condomínio Residencial Mirage (São José do Alto Viçosa)- 33 lotes

Total 44 lotes

Observações de Campo A maioria dos loteamentos do município encontra-se implantada de forma clandestina no meio rural com localização concentrada no recém criado Distrito de Caxixe. Os loteamentos clandestinos, exclusive apenas o loteamento Chácaras do Paraíso, não foram contemplados nos levantamentos de campo por dificuldades de localização cartográfica, entre outras informações. O levantamento no referido loteamento clandestino foi possível pela existência de planta urbanística fornecida pela PMVNI. Os empreendimentos pesquisados, Fassarela, Mirage e Chácaras Paraíso do Caxixe, constantes da listagem fornecida pela Prefeitura Municipal, disponibilizam um total de 65 lotes, com área de lote variando entre 600,00 a 1200,00m² .Esses empreendimentos destinam-se para uso residencial de lazer e não apresentam infra-estrutura adequada e exigida em legislação específica ( rede de coleta e tratamento de esgotamento sanitário, rede de abastecimento de água potável, rede de drenagem pluvial,) , bem como reserva de áreas públicas e serviços de coleta de lixo. Esses loteamentos não possuem lotes edificados, sendo observado apenas uma edificação em fase de construção, no loteamento Residencial Mirage. Foi elaborado por lei municipal um perímetro urbano “em ilha”, apenas para contemplar o loteamento denominado “Condomínio Mirage”, atualmente, aprovado pela Prefeitura e registrado no Cartório de Registro de Imóveis, sem observar a infra-estrutura adequada e reserva de áreas públicas exigidas em lei.

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Município de Vargem Alta Listagem de loteamentos em área rural aprovados no município de Vargem Alta

Loteamentos Área (m²) Nº lotes

1. Condomínio Residencial Monte Verde 63

2. Irmãos Milaneze ( São José de Fruteiras) 50.950,53 28

3. Condomínio Sombra do Jequitibá- proprietário Heliomar Venâncio 411400,00 89

Total 462.350,53 180

Observações de Campo Esses loteamentos, com exceção do Residencial Monte Verde, não apresentam infra-estrutura adequada e exigida por lei ( rede de energia elétrica, rede de coleta e tratamento de esgotamento sanitário, rede de abastecimento de água potável, rede de drenagem pluvial, pavimentação de vias) , bem como reserva de áreas públicas e serviços de coleta de lixo. Esses empreendimentos estão implantado em área de declividade acentuada. As áreas de lotes variam de 1.000 a 2.000m2 e não foi verificado nenhuma unidade construída nesses empreendimentos. O loteamento Condomínio Residencial Monte Verde, diversamente dos demais, é um empreendimento turístico, dotado de toda infra-estrutura exigida. Observou-se que os dados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Vargem Alta não condizem com a realidade verificada em campo, que apresenta diversos outros empreendimentos clandestinos e irregulares, merecedores de um levantamento mais detalhado, quando da elaboração do Plano Diretor Municipal.

Município Marechal Floriano

Loteamentos em área rural aprovados e registrados no município de Marechal Floriano

Loteamentos/Localização Área (M²) Nº lotes Data de

aprovação 1. Loteamento Vila Nova – Rodovia BR 262, Km 43,5 – Alto Marechal

78.031,93 72 lotes com área de 300m2

22/08/2003

2. Loteamento Parque dos Canarinhos Rodovia Francisco Stockl – Santa Maria

20.160,00 53 lotes com área de 288m2

24/08/1997

3. Condomínio Vales Verdes – Soído de Baixo 300.000,00 56 chácaras 16/03/2000

4. Condomínio Serra Verde – Rio Fundo 148.665,00 83 chácaras com área de 1200m2

20/07/1998

Continua

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Loteamentos em área rural aprovados e registrados no município de Marechal Floriano

Conclusão

Loteamentos/Localização Área (M²) Nº lotes Data de

aprovação 5. Condomínio Porto do Sol – Costa Pereira 60.000,00 33 chácaras entre

1000 e 1500m211/10/2000

6. Condomínio Vale das Araucárias – Victor Hugo

30.000,00 24 chácaras 29/03/2001

7. Condomínio Recanto dos Colibris – Rio Fundo

214.516,71 40 chácaras entre 1000 e 2000m2

11/09/2000

8. Condomínio Recanto da Primavera – Victor Hugo

80.067,14 37 chácaras entre 800 e 2000m2

15/06/1999

9. Condomínio Parque dos Alpes – Rodovia BR-262, Km 42 - Caracol

182.239,00 76 chácaras entre 750 e 1300m2

18/05/1999

10. Loteamento Parque da Colina – BR-262, Km 56 – Santa Maria

225.355,32 126 chácaras entre 800 e 1200m2

31/05/2004

11. Condomínio Região Serrana – Sede, Sítio Betânia

100.000,00 58 chácaras entre 300 e 1800m2

07/10/2003

12. Loteamento Kuster – Rua Gustavo Hertel –Sede

2.826,42 09 lotes 06/03/2003

Total 1.441.861,52 667 lotes

Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal Floriano – Secretaria de Obras Observações de Campo Verificou-se que grande parte destes empreendimentos localizam-se ao longo da BR 262, nas proximidades da Sede municipal, no trevo de Parajú e no distrito de Vitor Hugo. De forma geral, apresentam topografia acidentada com lotes de expressiva declividade, ocupando áreas de florestas ( Mata Atlântica), a exemplo do Condomínio Região Serrana, localizado na Sede municipal, que é totalmente coberto por mata nativa. De forma geral, esses loteamentos não apresentam infra-estrutura adequada e exigida por lei ( rede de coleta e tratamento de esgotamento sanitário, rede de abastecimento de água potável, rede de drenagem pluvial), bem como reserva de áreas públicas e serviços de coleta de lixo. Esses empreendimentos estão implantado em área de declividade acentuada. Em sua maioria, apresentam baixa densidade de ocupação (em torno de 20%) e destinação residencial para fins de lazer, com exceção do loteamento Recanto Primavera, que apresenta a maioria de seus lotes edificados em elevado padrão construtivo, e do loteamento residencial popular Parque dos Canarinhos, o qual encontra-se totalmente ocupado.

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Município de Domingos Martins Observa-se que todos os loteamentos relacionados pela PMDM, implantados no período 1995/2002, localizam-se no distrito de Aracê

Listagem de Loteamentos em Área Rural - 1995- 2002

Nome Nº lotes Área (M²) Registrados Data de aprovação

1 Cond. Estrela Cadente 72 119.826,37 X 19982 Cond. Parque das Águas 28 32.602,77 X 19983 Cond. Eco Resort 83 527.887,35 20004 Cond. Parque Pedra Azul 24 30.337,28 X 19995 Cond. Cerro Azul 104 393.775,48 X 20006 Cond. Aldeia da Pedra Azul 47 108.685,83 X 20007 Cond. Villagio Verdi 124 421.909,96 X 20008 Cond. Eco da Floresta* 63 165.695,41 X 20009 Cond. Res. Vales Verdes 24 23.600,00 X 200110 Cond. Recanto das Bromélias 24 69.540,00 X 200111 Cond. Monte Blú 41 142.129,98 X 200112 Cond.Colinas de Pedra Azul 53 91.739,49 200113 Cond. Parque do China 47 93.774,95 X 200114 Cond. Chácaras Sol Nascente 23 39.213,37 200215 Lot.Chác. Pedra Azul 54 57.652,12 X 199516 Lot.Vivendas Pedra Azul 153 X 199617 Lot.Recanto das Estrelas 70 221.897,00 X 199918 Lot.Chác. Pietra Azurra 54 79.953,73 X 200019 Lot.Pedra Azul * 200 X Total 1288 2.680.221,09 Fonte: Prefeitura Municipal de Domingos Martins Observações de Campo Verificou-se que os empreendimentos são de uso ocasional( residência de lazer) e que em sua maioria se localizam no meio rural do distrito de Aracê, concentrando-se na rota do Lagarto, no entorno da Pedra Azul, e na rodovia ES 164, em direção a Vargem Alta. Os lotes variam de 700 a 2.500m². Torna-se oportuno ressaltar, que o total de 1288 lotes disponibilizados na área rural de Aracê, corresponde a 6 vezes a área já consolidada do núcleo urbano de Pedra Azul (Aracê), estimada em 246 habitações De forma geral, esses loteamentos não apresentam infra-estrutura adequada e exigida por lei ( rede de coleta e tratamento de esgotamento sanitário, rede de abastecimento de água potável, rede de drenagem pluvial), bem como reserva de áreas públicas e serviços de coleta de lixo. Esses empreendimentos estão implantado em área de declividade acentuada. Ressalta-se que, para o município de Domingos Martins, a Prefeitura Municipal forneceu, ainda, informações complementares referentes a loteamentos implantados entre 1977 e 2003 nos distritos Sede e de Santa Isabel, dos quais os mais recentes

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encontram-se em área rural e foram georeferenciados na Carta de Loteamentos e Áreas Urbanas. Tabela 40 - Loteamentos implantados no municípiol d e Domingos Martins –

distrito sede de Santa Isabel 1995-2004

Distrito sede/Santa Isabel Nº lotes Área (M²) Regis-trados

Data de aprovação na PMDM

1 R.Aldeia da Montanha (StªIsabel) 43 140.148,25 X 2000 2 Kurt Lewin (*) - (Sede) 34 66.867,16 X 2001 3 Rio da Montanha (Stª Isabel) 43 140.148,25 X 2000 4 Ala Nova de Campinho (Sede) 216 125.000,00 X 1979 5 Campinho(Sede) 59 1974 6 Dulcevile (Sede) 25 18.355,18 X 7 Jardim Campestre (Sede) 50 13.887,37 X 1978 8 Jefferson Aguiar (Sede) 31 15.613,25 X 1978 9 Parque Alpina (Soído) 85 50.000,00 X 2003 10 Parque das Hortências (Soído) 111 X 11 Parque da Montanha (Soído) 111 626.000,00 X 1979 12 Sítio Pinheiro Bravo(Stª Isabel) 95 411.043,76 X 13 São Judas (Stª Isabel) 43 1979 14 Teodoro Faller (Sede) 10 30.053,75 1992 15 Vivendas do Imperador (Sede) 16 Edil Athaide Fraga (Sede) 1977 17 Desmembramento Vila da Paz 1993 total 956 1.637.116,97 Fonte: Prefeitura Municipal de Domingos Martins Nota: na lacuna registrados, os ítens não preenchidos significam: sem informação de registro (*) 34 lotes + 1 gleba de 6.032,84m²

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3. RECOMENDAÇÕES PARA AÇÃO PÚBLICA LOCAL O nível de informações dos dados tratados na escala deste trabalho permite, apenas, recomendações com grande grau de generalização, sendo somente possível definir diretrizes e linhas gerais de caráter regional. Não é possível, por exemplo, propor restrições de uso do solo em âmbito local, com maior detalhamento. Do ponto de vista das perspectivas de ocupação e da expansão urbana, algumas recomendações podem ser propostas, considerando as variáveis que mais interferem no processo de ordenamento. É válido não perder de vista que as variáveis que mais interferem no processo de ocupação e de expansão urbana da região são sobretudo as vinculadas a fragilidades ambientais, uso do solo, riscos à ocupação, impactos da paisagem, infra-estrutura, sistema viário e prestação de serviços. A elaboração de planos diretores municipais constitui uma excelente oportunidade de instrumentalização de normas e de mecanismos de gestão local. Do ponto de vista do resultado do macrodiagnóstico, algumas tendências e recomendações para elaboração da legislação urbanística municipal podem ser assim resumidas: 1. Na implementação da gestão regional é necessário concentrar esforços de

diferentes esferas governamentais (federal, estadual, municipal), visando melhor articulação no controle, monitoramento e fiscalização de loteamentos que vêm sendo implantados ilegalmente na área rural, fora dos limites legais dos perímetros urbanos municipais. Assim, todos os órgãos envolvidos na análise, anuência e em laudos técnicos de loteamentos (prefeitura, Iema, Idaf, Incra, e mais recentemente o Ipes) devem observar e exigir em sua documentação de análise a lei de perímetro urbano municipal, para verificar se a localização do empreendimento está dentro do perímetro urbano municipal, condição indispensável para efetuar o parcelamento do solo urbano.

2. Na elaboração de estudos para os planos diretores municipais há necessidade

de revisão da legislação de perímetros urbanos, observando critérios objetivos de definição de áreas, cuidando para que estas não tenham dimensão aquém ou além de um padrão aceitável, uma vez que o instrumento diz respeito tanto ao ordenamento e controle urbanístico quanto à arrecadação de tributos municipais. É importante considerar que este instrumento não deve ser utilizado para regularizar situações já consolidadas, pois, além de ineficaz, essa medida necessariamente tornará inoperante esse instrumento de controle. Como exemplo, podemos citar o loteamento denominado Condomínio “Mirage”, localizado no distrito de Caxixe, município de Venda Nova do Imigrante. Como o empreendimento está localizado em área rural, o perímetro onde ele está situado foi elaborado “em ilha”, apenas para atendimento desse empreendimento, estabelecendo-se, pois, uma forma de legalizá-lo, embora ele seja passível de cancelamento judicial, pois não atende grande parte dos dispositivos da Lei federal 6766/79.

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3. Os Planos Diretores Urbanos Municipais devem prever, na fase inicial de fixação de diretrizes municipais do parcelamento do solo, documentos comprobatórios oriundos dos órgãos competentes, quanto à viabilidade no abastecimento de água e de energia elétrica para a gleba a ser parcelada. Essa deve ser uma exigência prévia, uma vez que é grande o problema acarretado pela insuficiente vazão hídrica advinda das demandas urbanas e agrícolas na região, especialmente nos municípios de Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante.

4. Tratando-se de região com presença de topografia acidentada e, portanto, com

áreas de expressiva declividade, é importante que os planos diretores municipais contemplem exigências técnicas bastante restritivas para parcelamento do solo, especialmente em áreas com declividade igual ou superior a 30%, quando estiverem localizadas dentro de perímetros urbanos. Assim, esses critérios devem levar em conta especialmente a relação declividade/densidade de ocupação e exigências viárias específicas quanto a adaptação às curvas de nível, manutenção da cobertura vegetal e pavimentação adequada. Como subsídio para as discussões técnicas e comunitárias, sugerimos que, para áreas com declividades entre 30% e 45%, os lotes tenham, no mínimo, área de 1.200 m2 e testada de 48 m, sendo a taxa máxima de ocupação 30%.

5. Demarcação da área consolidada do distrito de Caxixe, decorrente de

processos de parcelamento espontâneo, com a finalidade de coibir sua expansão. Ao mesmo tempo é necessário efetuar levantamentos físicos e socioeconômicos dessas ocupações, com vistas ao desenvolvimento de programas de regularização fundiária, na hipótese de se tratar de população de baixa renda.

6. Estabelecer nos planos diretores municipais diretrizes urbanísticas para os

condomínios por unidades autônomas regidos pela Lei federal nº 4591/64, especialmente quanto a infra-estrutura, acessos, afastamentos, locais de estacionamento, entre outras.

7. Estabelecer intervenções que busquem garantir a melhoria do padrão estético

da cidade, com tipologias construtivas mais adequadas ao sítio urbano local. A tipologia a ser proposta nos Planos Diretores deve romper com o padrão estético predominante, ou seja, com os denominados “caixotes” e/ou “terraços capixabas”.

8. Considerar nos planos diretores municipais o relevo como marco referencial

para qualquer proposta de assentamento urbano, estabelecendo limites para verticalização, garantindo, dessa forma, a preservação da paisagem natural, indiscutivelmente o maior foco do turismo da região.

9. Exigência em legislação urbanística municipal quando for implementado o

parcelamento do solo urbano e quando forem realizados estudos de demanda hídrica, verificando sempre a compatibilidade da demanda com a vazão disponível dos mananciais, evitando, também, o abastecimento de água através de bombeamento.

10. O Plano Diretor Municipal (PDM) deverá contemplar um Plano Diretor Viário

(PDV) que estabeleça uma hierarquização viária para o município como um

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todo, considerando as áreas urbanas e as suas conexões com o interior e os municípios limítrofes, tendo suas diretrizes estabelecidas para horizontes de curto, médio e longo prazo.

11. O Plano Diretor Viário deverá abranger em seu escopo pelo menos o

desenvolvimento dos seguintes itens:

− Projeto geométrico básico das adequações físicas e operacionais que se fizerem necessárias em trechos urbanos de rodovias federais e estaduais, bem como de outras vias arteriais importantes, de modo a proporcionar segurança e fluidez adequadas para o trânsito de pedestres e veículos, notadamente nas interseções com as vias locais e nas travessias de pedestres;

− Diretrizes para o sistema viário dos futuros parcelamentos, considerando, no

mínimo, a previsão:

− de vias alternativas às rodovias existentes, com traçado que se desenvolva próximo, e não contíguo, a ambos os lados dessas rodovias, sempre que possível;

− de vias de ligação entre bairros e/ou aglomerados rurais/urbanos, ou com

municípios vizinhos, constituindo eixos que facilitem a distribuição do tráfego, bem como a acessibilidade ao sistema de transporte coletivo;

− Projetos-tipo de construção/adequação das calçadas nas vias urbanas, de

acordo com os padrões mínimos estabelecidos pelas normas de circulação universal de pessoas, considerando, inclusive, medidas que possibilitem a circulação de idosos e de pessoas com mobilidade reduzida ao longo das vias;

− Programa visando a implantação de sinalização nas passagens de pedestres nos principais cruzamentos do sistema viário e onde se fizer necessário, construção de passarelas superiores ou inferiores;

− Diretrizes de traçado de ciclovias ao longo dos eixos viários com condições

físicas e operacionais propícias para esta modalidade;

− Delimitação de espaços físicos adequados ao longo dos trechos urbanos de rodovias para a circulação de pedestres e ciclistas, evitando que usem indiscriminadamente a caixa de rolamento destinada aos veículos motorizados, submetendo-se a alto risco de acidentes;

− Definição de normas legais e de instrumentos físicos de controle que

reduzam a possibilidade de ingresso de animais de grande porte na faixa de domínio das rodovias ou a circulação de tais animais nessa faixa.

12. O Plano Diretor Municipal (PDM) deverá adequar a legislação urbanística aos

objetivos estratégicos do município no que tange ao transporte e trânsito, com visão de curto, médio e longo prazo, contemplando normas legais concernentes ao uso e ocupação do solo que visem:

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− Estabelecer alinhamentos de futuros eixos arteriais e coletores, de modo a possibilitar, quando necessário, a abertura de novas vias, a ampliação da caixa de rolamento e a correção de descontinuidades/irregularidades nos traçados de vias existentes, sem grandes ônus para o erário público, especialmente com desapropriações;

− Reprimir a implantação ou a expansão de atividades geradoras de tráfego em

locais de difícil acessibilidade; − Restringir a construção/licenciamento de importantes pólos geradores de

tráfego, tais como unidades escolares, centros comerciais e áreas de lazer, com entrada/saída de veículos sendo feita diretamente em rodovias ou em eixos importantes de circulação;

− Definir diretrizes de uso e ocupação do solo no que tange ao adensamento,

vinculando-o à capacidade viária existente ou à que for prevista no Plano Diretor Viário;

− Desonerar o espaço viário principal de estacionamento com o

estabelecimento de índices adequados de vagas de garagem para os novos empreendimentos residenciais, comerciais e escolares;

− Melhorar a circulação de pedestres e de pessoas com mobilidade reduzida; − Reforçar a exigência da legislação federal, que proíbe a ocupação com

edificações ao longo da faixa de 15 metros, medidos a partir dos bordos da faixa de domínio de todas as ferrovias e rodovias federais, estaduais e municipais; estas últimas quando forem consideradas, na legislação local, como eixos estruturantes do sistema viário.

13. O PDM deverá ainda analisar o sistema de transporte coletivo intermunicipal e

local que atende ao município, avaliando a adequação desse sistema às necessidades de deslocamento da população, propondo alternativas de melhorias para os serviços disponíveis.

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4. MACROZONEAMENTO DA REGIÃO SERRANA Macrozoneamento é um instrumento que estabelece as diretrizes de ocupação do solo e de uso dos recursos naturais. Visa à identificação de unidades espaciais (zonas), que, por suas características físicas, bióticas e socioeconômicas, sua dinâmica e contrastes internos, devam ser objeto de atenção com vistas ao desenvolvimento de ações capazes de conduzir a aproveitamento, manutenção ou recuperação de seu potencial. O Macrozoneamento deverá expressar a setorização da área estudada em espaços homogêneos em relação a seu potencial de ofertas e de limitações ao uso e de problemas ambientais e socioeconômicos que exijam intervenções específicas para atender ao desenvolvimento sustentável de suas populações. Para tanto, esses espaços deverão ser analisados em seus componentes físico-bióticos do meio natural e em suas variáveis socioeconômicas, como participantes de sistemas de relações harmônicas, interdependentes e indissociáveis, assim considerados como sistemas ambientais. Para que se possa identificar a estrutura e a dinâmica dos sistemas ambientais, faz-se necessário um conhecimento detalhado dos atributos e da relação de interdependência entre o sistema físico-bióticos e o socioeconômico que atuam sobre os arranjos geoambientais, avaliar a capacidade que tem cada um dos geoambientes de resistir e se recuperar após sofrer alterações provocadas por ações antrópicas ou não, assim como identificar as possíveis alternativas de uso desses espaços, atendendo as peculiaridades e potencialidades definidas pela combinação dos atributos físico-bióticos e as aspirações da sociedade. Após esta etapa, é possível a espacialização das diferentes unidades homogêneas, que irão se constituir nas Unidades do Zoneamento. 4.1 Metodologia A elaboração do Macrozoneamento da região Serrana utilizou como ambiente de trabalho o Sistema de Informação Geográfica (SIG)*, ambiente que permite a elaboração de um modelo do mundo real com rapidez e precisão na obtenção de resultados e a manipulação e análise de um grande número de informações espaciais. A implementação de um banco de dados georreferenciado se apresenta como a melhor solução para o gerenciamento destas informações, favorecendo um rápido acesso a cenários e sua simulação, o que possibilita a otimizarão e a democratização de informações da região, bem como o aperfeiçoamento de suas respectivas inter-relações e do processo de tomada de decisão no planejamento e *Sistemas de Informação Geográfica são sistemas destinados ao tratamento de dados referenciados espacialmente. Os dados a serem manipulados podem ser provenientes de mapas, imagens de satélites, cadastros e outros, sendo possível recuperar e combinar a informação e efetuar os mais diversos tipos de análise sobre os dados (ALVES,1990).

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desenvolvimento turístico, uma vez que é possível a espacialização do fenômeno de interesse (SOUZA, 2001). O trabalho se desenvolveu nas seguintes etapas:

4.1.1 Elaboração da base de dados

Com este objetivo foram elaborados os seguintes temas:

− Uso do Solo e Cobertura Florestal. Fonte: Geobases/Aracruz Celulose, originalmente na esc. 1:100.000 (Anexo I).

− Declividade: Gerada a partir das curvas de nível das folhas do IBGE. Fonte Geobases, esc. 1:50.000 e 1:100.000 (Anexo II).

− Solos: Fonte: Iema, originalmente na esc. 1:250.000.

− Unidades Naturais do ES.: Fonte: Incaper/Feitoza (2001), originalmente na Esc. 1:400.000; e apresentado na esc. (Anexo II).

− Unidades de Conservação. Fonte: Geobases, originalmente em diversas escalas.

− Base cartográfica contendo: limites municipais, vias, hidrografia, distritos, localidades, bacias e sub-bacias, etc. Fonte: Geobases.

− Recursos Hídricos. Fonte: Cesan;

− Socioeconomia. Fonte Ipes.

− Áreas urbanas e Loteamentos: Visando mapear e delimitar os loteamentos existentes fora dos perímetros urbanos nos municípios considerados prioritários em virtude de apresentarem forte pressão imobiliária - Marechal Floriano, Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta -, foram feitos levantamentos de campo utilizando GPS. As plantas e/ou fotos aéreas ou imagens existentes dos loteamentos foram digitalizadas e georreferenciadas com base nos pontos levantados em campo, passando a compor a base de dados espacial.

4.1.2 Elaboração do Zoneamento Nesta etapa foram definidos os critérios para identificação dos espaços homogêneos e os sistemas ambientais, do ponto de vista da estrutura e da dinâmica desses espaços, com a definição dos atributos que iriam compor os diferentes sistemas ambientais homogêneos, tendo como base o macrodiagnóstico físico territorial, abrangendo os seguintes temas: Uso do Solo e Cobertura Florestal, Declividade, Unidades Naturais, Recursos Hídricos, Loteamentos, Perímetro Urbano e Solos. Para a definição das Unidades Ambientais (zonas) utilizou-se a proposta do Ibama (2002), segundo a qual o grau de conservação da vegetação é fundamental neste processo, e de Asmus et al. (1991), em que para um perfeito entendimento do ecossistema, com uma visão global dele, as unidades são definidas com base nos

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elementos geológicos/geomorfológicos, e o proposto por Moraes (1993) e Teubner Jr. (1993). Com base nestes critérios é que se obteve subsídios para realizar os cruzamentos dos diferentes mapas temáticos no SIG, de maneira a identificar as determinadas regiões que atendiam aos pré-requisitos definidos anteriormente, agrupando as regiões em zonas que exijam intervenções semelhantes. Este processo foi desenvolvido com a geração de resultados e sua avaliação, de maneira a verificar se o modelo implementado estaria de acordo com os critérios preestabelecidos para identificação de cada uma das zonas. Uma vez que o SIG possui uma grande agilidade, foi possível a manipulação das informações em pouco tempo, possibilitando o desenvolvimento de uma série de testes e experimentos, permitindo a avaliação de diferentes cenários e alternativas, além da comparação entre os diferentes resultados obtidos, até a aprovação do resultado final. Para a seleção dos atributos utilizou-se o recurso Union do Arc/View, que permite a reunião de diferentes temas em um único arquivo (shape), mantendo a delimitação e os atributos dos temas originais. Em seguida foram selecionadas as áreas que atendiam os critérios estabelecidos para cada zona, sendo gerados individualmente. Ao final foi feita uma superposição dos mesmos em um único layout, permitindo a visualização da distribuição espacial das diferentes classes do zoneamento. A seguir são apresentadas as classes de zoneamentos definidas, os critérios para a sua espacialização e usos permitidos. 4.2 Definição das Classes de Uso - Zona Urbana e de Expansão Urbana

Definição: Áreas já comprometidas com a ocupação urbana e com previsão de expansão.

Atributos: Áreas Urbanas da Carta de Uso do Solo e as chamadas manchas urbanas Geobases/IBGE (perímetro urbano legal).

Usos Permitidos: Essas áreas necessitam de zoneamento interno, a ser detalhado nos Planos Diretores Municipais.

- Zona Agrícola

Definição: Zona com predomínio de atividades agrícolas, silvicultura e extrativismo vegetal.

Atributos: Áreas de agricultura e de floresta plantada da Carta de Uso do Solo.

Usos Permitidos: deve ser estimulado o desenvolvimento das atividades primárias (agricultura, silvicultura, aqüicultura, agroindústria), com práticas adequadas e manejo no uso dos recursos naturais, especialmente o solo. Deve-se estimular também o reflorestamento e recuperação de áreas degradadas, de preservação permanente (matas ciliares e de encostas) e da reserva legal, além da prática do ecoturismo, agroturismo e turismo rural.

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Devem ser observadas as áreas legalmente protegidas e as disponibilidades hídricas, constantes do instrumento de outorga. São também considerados permitidos os desmembramentos de imóvel rural que visem a atender interesses de ordem pública na zona rural (Decreto 62504 de 08/04/1968), observada a legislação ambiental pertinente.

- Zona com Potencial Agropecuário

Definição: Áreas onde os ecossistemas originais foram praticamente alterados em sua diversidade e organização, apresentando uso indefinido e com predomínio de pastagens.

Atributos: Regiões de pastagens com declividade menor que (ou igual a) 45%.

Usos Permitidos: Deve ser estimulado o desenvolvimento das atividades primárias (agricultura, silvicultura, aqüicultura, extrativismo mineral, pecuária intensiva e extensiva, agroindústria), nas áreas já desmatadas ou antropizadas, com práticas adequadas e manejo no uso dos recursos naturais, especialmente o solo. Deve-se estimular também o reflorestamento e recuperação de áreas degradadas, de preservação permanente (matas ciliares e de encostas) e da reserva legal, além da prática do agroturismo e turismo rural.

Devem ser observadas as áreas legalmente protegidas e as disponibilidades hídricas, constantes do instrumento de outorga. São também considerados permitidos os desmembramentos de imóvel rural que visem a atender interesses de ordem pública na zona rural (Decreto 62504 de 08/04/1968), observada a legislação ambiental pertinente.

- Zona de Recuperação Ambiental

Definição: Áreas desmatadas, sem uso definido e com declividade maior que 45%.

Atributos: Pastagens da Carta de Uso do Solo e Declividade acima de 45%.

Usos Permitidos: Recomenda-se a implantação de sistemas de exploração que garantam o controle da erosão, tais como reflorestamento, consórcios agroflorestais e culturas permanentes, de um modo geral.

- Zona de Conservação Ambiental

Definição: Áreas caracterizadas pela predominância de ecossistemas pouco alterados, constituindo remanescentes florestais de importância ecológica regional ou municipal.

Atributos: Floresta Natural, Áreas alagadas e Afloramentos Rochosos da Carta de Uso do Solo e Unidades de Conservação.

Usos Permitidos: Destinadas à conservação da natureza, em especial da biodiversidade, com potencial para atividades científicas, educacionais, recreativas, de ecoturismo e econômicas de baixo impacto ambiental sob manejo sustentado, observada a legislação ambiental vigente. O aproveitamento destas áreas deve se desenvolver sem conversão da cobertura vegetal natural e, quando extremamente necessário, somente em pequenas áreas para atender à subsistência familiar. É recomendada, também, a criação de áreas protegidas de domínio público ou privado, devido às características específicas de sua

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biodiversidade, de seus hábitats e de sua localização em relação ao corredor central da mata atlântica.

- Zona de Interesse Especial

Definição: Compreende ecossistemas de interesse para a preservação dos recursos naturais, de relevante interesse de preservação paisagística, ambiental e histórica, em especial dos recursos hídricos, e de participação expressiva na moldura paisagística do conjunto de vales da região. Com alto potencial para o ecoturismo em suas diversas modalidades, apresenta vulnerabilidade natural à erosão, e em processo de degradação ambiental, em especial as cabeceiras do Vale do Caxixe Frio, com, inclusive, a exploração de rochas.

Atributos: Limites distritais e/ou sub-bacias e as Unidades de Conservação do Parque Estadual do Forno Grande (Castelo) e do Parque Estadual da Pedra Azul (Domingos Martins). Importante esclarecer que a delimitação desta zona deu-se pela concentração dos atributos que a caracterizam, ressaltando-se que em outras áreas da região também apresentam características de igual valor paisagístico e ambiental, porém encontram-se pulverizadas no território da região.

Usos Permitidos. Agroturismo, ecoturismo, agricultura, silvicultura, aqüicultura, agroindústria, desde que sejam observadas as áreas legalmente protegidas e as disponibilidades hídricas, constantes do instrumento de outorga. As atividades pecuárias podem ser mantidas, evitando sua conversão para sistemas extensivos.

São também considerados permitidos os desmembramentos de imóvel rural que visem a atender interesses de ordem pública na zona rural (Decreto federal Nº. 62.504 de 8/ 04/ 1968), observada a legislação ambiental pertinente.

Recomenda-se considerar como tal quando forem elaborados os Planos Diretores Municipais, tendo como fundamento a preservação ambiental, em que a paisagem seja a reserva de valor para o turismo local.

A versão final do Macrozoneamento da região Serrana é apresentada neste trabalho no Anexo V. No Anexo VI é apresentada em detalhe a Zona de Interesse Especial.

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ANEXO 1

GEOREFERENCIAMENTO TEMÁTICO DA REGIÃO SERRANA

Imagem A-4

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ANEXO 2

GEOREFERENCIAMENTO TEMÁTICO DA REGIÃO SERRANA

Imagem JPG

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REFERÊNCIAS ALVES, D.S. Sistemas de Informação Geográfica. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOPROCESSAMENTO, São Paulo, 1990. Anais . São Paulo. EPUSP. 1990, p. 66-78. ALVES, Maria Helena; “SIHBRI”- Sistema de Informações Hidrológicas da Bac ia do Rio Itapemirim : II Seminário Espírito Santense de Recursos Hídricos. Vitória – ES, 2003.

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