Gramática Com Textos 6º Ano

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  • Gramtica com textos: 6 ano - pretrito perfeito e imperfeito

    Introduo

    Esta a primeira de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de

    um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    Objetivos

    Reconhecer o uso dos tempos verbais no texto;

    Analisar os usos do pretrito perfeito e do pretrito imperfeito.

    Contedo

    Tempos verbais do passado - pretrito perfeito e pretrito imperfeito.

    Tempo estimado

    Trs aulas

    Ano

    6 ano

    Desenvolvimento

    O trabalho a ser desenvolvido nas aulas apresentadas abaixo permite que os

    alunos reflitam sobre o uso de pretrito perfeito e imperfeito e sistematizem

    alguns conhecimentos a respeito deles. A escola deve ser um lugar de

    reflexo sobre a lngua e de investigao. Ela no deve apenas oferecer

    regras, mas propiciar aos alunos que pensem sobre os usos e potencialidades

    da lngua em situaes de leitura e de produo de textos. Dessa forma, o

    ponto de partida do trabalho a lngua e seus usos e no a aplicao de

    regras dadas a priori.

    1 etapa

    Leia com os alunos a fbula O Urso e as Abelhas.

    O Urso e as Abelhas

    Um urso topou com uma rvore cada que servia de depsito de mel para um

    enxame de abelhas. Comeou a farejar o tronco quando uma das abelhas do

    enxame voltou do campo de trevos. Adivinhando o que ele queria, deu uma

    picada daquelas no urso e depois desapareceu no buraco do tronco. O urso

    ficou louco de raiva e se ps a arranhar o tronco com as garras na esperana

    de destruir o ninho. A nica coisa que conseguiu foi fazer o enxame inteiro sair

    atrs dele. O urso fugiu a toda velocidade e s se salvou porque mergulhou de

    cabea num lago.

    Moral: Mais vale suportar um s ferimento em silncio que perder o controle e

    acabar todo machucado.

    Fbulas de Esopo. Traduo Heloisa Jahn, Companhia das Letrinhas, 1994,

    p. 24.

    Pergunte a eles em que tempo se passa essa fbula, se no passado, no

    presente ou no futuro. Quando disserem que no passado, diga a eles que,

    em Lngua Portuguesa, existem vrios tipos de passados e que o objetivo

    desse grupo de aulas analisar o uso de duas dessas formas.

    Retire da fbula as formas simples do passado - pretrito perfeito e pretrito

    imperfeito. Escreva-as no quadro:

    topou

    servia

    comeou

    voltou

    queria

  • deu

    desapareceu

    ficou

    ps

    conseguiu

    fugiu

    salvou

    mergulhou

    Pea que os estudantes releiam a fbula e reflitam sobre os verbos

    identificados. Pergunte se esses verbos exprimem o passado da mesma

    forma. V repassando os termos que esto escritos no quadro. O primeiro

    verbo "topou". Discuta com a turma o valor semntico dessa ao, que

    assinala, no interior da narrativa, uma atividade iniciada e acabada. O

    segundo verbo "servia". Pare nesse verbo e indague se ele tambm

    expressa uma ao no interior da narrativa, indicativa de uma ao pontual,

    iniciada e concluda, ou se ele pressupe uma durao que se prolonga por

    um tempo quando outra ao se realiza.

    Caso no consigam chegar a uma concluso, pergunte qual seria a forma da

    ao iniciada e concluda desse verbo. Escreva ento num canto do quadro as

    palavras "serviu" e "servia". Construa duas oraes com esses verbos e

    indague-os sobre a diferena entre elas. Anote no quadro as duas oraes e a

    explicao sobre a diferena de significados. Pea que eles as copiem.

    Repasse os outros verbos. O paradigma muda em "queria". Novamente,

    atente para a diferena de sentido desse verbo, que indica a manuteno, no

    tempo passado, de um desejo. Como no caso do verbo "servir", escreva duas

    oraes uma com a forma "quis" e outra com a forma "queria". Levante com

    os alunos as diferenas de significado e as escreva no quadro. Pea que

    copiem as oraes e as explicaes.

    Ao final da aula, monte um quadro sntese em que se distingam os verbos que

    indicam uma ao j concluda e os dois que indicam aes que se

    mantiveram por um tempo indefinido no passado.

    2 etapa

    Inicie a aula retomando os aspectos j vistos na aula passada. Faa os alunos

    lembrarem que h aes no passado que so pontuais, marcam atividades

    iniciadas e acabadas, e outras que se mantm por certo perodo.

    Pea aos estudantes que sublinhem no texto as formas "comeou a farejar",

    "se ps a arranhar" e o trecho "a nica coisa que conseguiu foi fazer o

    enxame inteiro sair atrs dele". Faa-os perceber que, nesses trechos, so

    utilizadas expresses em que h mais de um verbo. Solicite que os aluno, em

    duplas, reescrevam a fbula, transformando as expresses presentes nesses

    trechos em um verbo no pretrito perfeito ou no pretrito imperfeito.

    Eles devem manter o sentido do texto, mas podem realizar modificaes na

    sua construo.

    D um tempo para que realizem a atividade e observe como o trabalho se

    desenrola nas duplas. Aps o tempo estipulado, resgate o trabalho

    coletivamente. Observe as construes feitas, anote no quadro as

    possibilidades e as discuta.

    D aos alunos uma nova fbula e pea que eles a leiam e identifiquem os

    verbos que indicam aes j ocorridas e terminadas e aquelas que possuem

    certa durao no passado.

    Aps essa identificao, pea que eles faam uma tabela distinguindo esses

    verbos.

    3 etapa

    Faa a correo da atividade proposta na aula anterior. Retome os aspectos

    analisados nas duas primeiras aulas. Escreva no quadro os nomes dos

    tempos do pretrito do indicativo estudados: pretrito perfeito e imperfeito.

  • Escolha, junto com os alunos, seis verbos que indiquem aes do cotidiano.

    Anote-os no quadro e proponha que a turma escreva as conjugaes corretas

    de cada verbo na primeira e terceira pessoas do singular e na primeira e

    terceira pessoas do plural para os dois tempos do pretrito. Nesse momento,

    o uso da gramtica indicado. Certamente, eles encontraro nela meno

    conjugao dos verbos regulares e exemplos dos verbos irregulares.

    Exemplo:

    Verbo andar

    Pretrito perfeito: eu andei, ele andou, ns andamos, eles andaram.

    Pretrito imperfeito: eu andava, ele andava, ns andvamos, eles andavam.

    Informe aos alunos a existncia do terceiro tempo do pretrito - o mais que

    perfeito. Indique o valor semntico desse tempo e diga a eles que o seu uso

    est associado, sobretudo, a textos escritos.

    Diga aos alunos que, no caso da fbula O Urso e as Abelhas, o uso do

    pretrito imperfeito indica a manuteno de uma ao no passado que

    concomitante a outra ao passada, mas essa forma do pretrito tambm

    pode indicar aes habituais no passado.

    Para finalizar, pea aos alunos que construam um pequeno comentrio das

    duas fbulas lidas. Nesse comentrio, eles devem usar verbos no pretrito

    perfeito e imperfeito. Pea a eles que assinalem esses verbos e elaborem

    uma explicao para o uso que fizeram.

    Consultoria Conceio Aparecida Bento

    Doutora em Letras pela Universidade de So Paulo e professora universitria.

    Gramtica com textos: 6 ano - presente do indicativo

    Introduo

    Esta a segunda de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte

    de um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    Contedo

    O Presente do Indicativo e seus usos.

    Objetivos

    Refletir sobre os usos do presente indicativo na lngua portuguesa e propor

    aos alunos situaes de produo em que esses usos ocorram.

    Tempo estimado

    Seis aulas

    Ano

    6 ano

    Desenvolvimento

    1 etapa - O tempo presente no poema de Drummond

    Inicie a aula pedindo que os alunos se renam em duplas. Em seguida,

    proponha que leiam dois textos: o poema Nota Social, de Carlos Drummond

    de Andrade, e o texto A Teia da Vida, de Darcy Ribeiro. Comente com a

    classe que os dois apresentam verbos no presente e pea que tentem

    explicar, com base nessa primeira leitura, os diferentes usos desse tempo

    verbal.

    Nota Social Carlos Drummond de Andrade

  • 1 O poeta chega na estao.

    2 O poeta embarca.

    3 O poeta toma um auto.

    4 O poeta vai para o hotel.

    5 E enquanto ele faz isso

    6 como qualquer homem da terra,

    7 uma ovao o persegue

    8 feito vaia.

    9 Bandeirolas

    10 abrem alas.

    11 Bandas de msica. Foguetes.

    12 Discursos. Povo de chapu de palha.

    13 Mquinas fotogrficas assestadas.

    14 Automveis imveis.

    15 Bravos ...

    16 O poeta est melanclico.

    17 Numa rvore do passeio pblico

    18 (melhoramento da atual administrao)

    18 rvore gorda, prisioneira

    19 de anncios coloridos,

    20 rvore banal, rvore que ningum v

    21 canta uma cigarra.

    22 Canta uma cigarra que ningum ouve

    23 um hino que ningum aplaude.

    25 Canta, no sol danado.

    26 O poeta entra no elevador

    27 o poeta sobe

    28 o poeta fecha-se no quarto.

    29 O poeta est melanclico

    ANDRADE, Carlos Drummond. Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: Record,

    1998.

    A Teia da Vida Darcy Ribeiro

    A vida uma teia intrincada em que cada ser se relaciona com muitssimos

    outros, numa coexistncia de complementaridade e interdependncia. A forma

    mais geral dessa relao chamada pirmide de vida. Na sua base, ficam as

    plantas, que se alimentam de terra, de gua, de ar e do solo, para vicejar.

    Acima delas ficam os animais herbvoros, como as vacas, os cavalos, os

    elefantes, os que comem enorme quantidade de vegetais, capins folhas,

    cascas, razes, para construir e manter seus corpos. Mais acima, ficam os

    carnvoros, como as onas, que se alimentam da carne dos herbvoros.

    Ns, seres humanos, confundimos tudo, porque somos onvoros, quer dizer,

    comemos tanto alface, como outras folhagens, como amendoim, coco, e

    ainda, e sobretudo, carne de peixe, de porco, de boi e de galinha. (...)

    RIBEIRO, Darcy. Noes das Coisas. So Paulo: FTD, 1995, p. 40.

    D um tempo para que a turma realize a atividade. Em seguida, pea que

    compartilhem suas observaes. O que eles sabem sobre o tempo presente?

    Quando ele usado? Com base nos conhecimentos apresentados pela

    classe, passe para uma anlise conjunta do poema.

    Certifique-se que os alunos compreenderam as situaes nele apresentadas.

    Elas podem ser divididas em quatro: a chegada do poeta; a sua aclamao; o

    canto da cigarra que ningum percebe; a ida do poeta para o quarto. Enumere

    os versos e assinale, no poema, os trechos correspondentes a cada situao.

    Uma vez assegurada essa compreenso, discuta com os alunos o teor das

    aes do poeta nos versos 1, 2, 3 e 4 e nos versos 26, 27, 28. Nesses versos,

    embora o presente marque o instante de ocorrncia das aes, elas possuem

    um carter sucessivo: primeiro o poeta chega, depois embarca, vai para o

    hotel, entra no elevador, sobe. O eu lrico poderia ter apresentado essas

    aes no passado, mas escolheu o tempo presente. Essa escolha possui

  • significados. Ela sugere a simultaneidade entre o evento e a narrao, entre

    as aes do poeta e a apresentao delas. Essa simultaneidade, por sua vez,

    recriada no momento da leitura; o leitor tem a impresso de visualizar a

    cena quando a l. Isso d a ela maior vivacidade.

    Nos trechos que vo do verso cinco ao quinze e do verso dezessete ao vinte e

    cinco temos o povo ovacionando o poeta e o canto da cigarra. Essas aes

    so simultneas s do poeta. O uso da expresso "enquanto isso" refora a

    simultaneidade. Os versos 16 e o 29 mostram, por meio do emprego do verbo

    "estar", um estado do poeta que no se altera - a melancolia.

    Para finalizar a abordagem do poema, assinale as oposies no seu interior. A

    primeira ocorre entre as aes dos homens e as da natureza - a cigarra e a

    rvore alheias ao rebulio ocasionado pela chegada do poeta e os homens

    alheios natureza; a multido aclama o poeta e ningum ouve o canto da

    cigarra. A segunda ocorre entre a alegria do povo e a melancolia do poeta.

    Essas oposies ganham fora pelo uso do presente; um mesmo tempo une

    todas as aes.

    2 etapa - A reconstruo do poema de Drummond

    Proponha aos alunos a realizao de uma produo que imite o poema de

    Drummond. Nessa produo, eles devem apresentar, de modo fictcio, a

    chegada de uma professora na sala de aula, captando as aes dela, dos

    alunos e de um terceiro elemento, que pode ser um elemento da natureza (o

    pardal no ptio, o vento nas rvores, o sol no cu) ou humano (a faxineira

    varrendo, as crianas fazendo educao fsica ou brincando no ptio). O

    importante que todas as aes estejam no presente e que ocorra a

    simultaneidade entre as aes da professora, dos alunos e do terceiro

    elemento. A produo deve ser feita em dupla e lida para o grupo classe.

    Assinale no decorrer da leitura os aspectos envolvidos no uso do tempo

    presente: a narrao de aes lineares como instantneas, sugerindo

    vivacidade, e a simultaneidade das aes da professora, as dos alunos e as

    do elemento externo.

    Pergunte aos alunos se eles conhecem outros usos para o tempo presente.

    Para a prxima aula, pea que tragam o livro de Cincias.

    3 etapa - O presente nos textos cientficos

    Inicie a aula com retomando o texto "A Teia da Vida". Pea que a turma releia-

    o.

    Aps a leitura, observe se os alunos compreenderam o trecho. Discuta com

    eles o objetivo do texto: explicar o que a teia da vida, ou seja, a cadeia

    alimentar e definir o que so herbvoros, carnvoros e ovparos. Releia o texto

    e v sublinhando com os alunos a ocorrncia dos verbos no presente.

    Terminada a leitura, pea para que procurem explicar esse uso no texto de

    Darcy Ribeiro. D um tempo para que discutam em dupla e para que anotem

    a possvel explicao no caderno. Oua o que responderam e, caso no

    tenham chegado concluso correta, explique que, nesse caso, as

    afirmaes do texto tm carter de verdade cientfica e o pressuposto que

    sejam vlidas independente do tempo; por isso o uso do presente.

    Escolha um trecho do livro de Cincias em que o mesmo procedimento ocorra

    e leia-o, marcando o uso do presente. Pode ser um trecho j estudado ou

    ainda a ser investigado.

    Como exerccio proponha a seguinte atividade. Entregue aos alunos uma

    notcia sobre algum fato inusitado - relatos sobre a descoberta de objetos

    voadores no identificados, a histria do ET de Varginha, o chupa-cabras,

    entre outros - e proponha que eles aproveitem as informaes contidas na

    reportagem como se fossem fatos reais e produzam um pargrafo de um texto

    cientfico. Por exemplo: "os chupa-cabras so animais que habitam e regio

    do Mato Grosso...". A turma deve utilizar o tempo verbal que caracteriza a

    apresentao de verdades cientficas. Ao final, pea que alguns alunos leiam

    as suas produes.

    4 etapa - O presente nas manchetes de jornal

    Leve para a sala de aula alguns jornais do dia. Escolha algumas manchetes

  • redigidas no presente e as escreva na lousa. Eleja manchetes de cadernos

    variados - esportes, entretenimento, cotidiano, poltica. Pea aos alunos que

    as copiem. Pergunte a eles o motivo do uso do presente nesse caso dado que

    as notcias se referem a fatos j ocorridos. Aqui, novamente, aparece o papel

    da nfase. A manchete no presente causa mais impacto, pois traz o fato para

    o momento da leitura. Faa aluso ao poema de Drummond analisado na

    primeira aula dessa sequncia.

    Como exerccio, selecione algumas pequenas notcias, suprima os seus ttulos

    e pea aos alunos que os reconstituam, usando o tempo passado e o

    presente. Escolha notcias de carter cientfico, tecnolgico, abordagens de

    sade ou direitos do cidado. A turma vai perceber a diferena de nfase no

    uso de cada tempo verbal: a manchete no presente produz um impacto maior

    no leitor, pois traz a notcia para o momento atual; a manchete no passado

    coloca uma distancia entre o que afirmado e o momento da leitura.

    Como tarefa para casa, pea que assistam a um telejornal e anotem trs

    chamadas que estejam no presente. Discuta com eles a diferena entre uma

    chamada no tempo passado e outra no presente.

    5 etapa - Outros usos do presente

    Retome a tarefa proposta aos alunos. Oua as manchetes que anotaram e

    discuta os usos do presente em cada uma delas.

    Feito isso, aponte turma outros usos do presente.

    1- Uso do presente para indicar ao futura. Nesse caso, comum que o

    verbo venha acompanhado de um elemento sinalizador do futuro, como um

    advrbio. Amanh eu vou escola.

    2- Uso do presente para indicar aes habituais: Eu acordo e almoo cedo

    todos dias.

    3 - Um outro caso indica expresso que tem sentido de tempo presente:

    Verbo estar mais gerndio: expresso comum na oralidade para indicar ao

    simultnea fala. Estou trabalhando h muito tempo.

    Com a classe, construa um pequeno texto que sintetize os vrios usos do

    presente discutidos em classe. Caso o grupo tenha uma gramtica indicada

    para estudo, leia com eles as observaes a respeito do presente do

    Indicativo aps a realizao da sntese do grupo. Voc pode tambm

    selecionar trechos de uma outra gramtica para essa leitura.

    Avaliao

    Nessa aula, realize exerccios individuais para avaliar a aprendizagem dos

    alunos. D a eles vrios provrbios acompanhados de um texto explicando o

    que so provrbios. Pergunte por que os provrbios so redigidos no presente

    e por que o texto em que so explicados tambm est no tempo presente.

    Gramtica com textos: 6 ano - futuro do presente

    Introduo

    Esta a terceira de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de

    um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    Nesta sequncia, o intuito refletir sobre o uso do futuro do presente do modo

    indicativo. Como nas aulas anteriores, a ideia no oferecer regras pura e

    simplesmente, mas permitir que os alunos observem a lngua e seus usos, e

    conheam o carter dinmico que a atravessa, modificando construes e

    modos de uso. Nem sempre, isso significa excluso de uma das formas;

    muitas vezes, diferentes usos e formas coexistem, cabendo a quem fala ou

    escreve escolher uma delas de acordo com o contexto e os objetivos da

  • comunicao.

    Objetivos

    Analisar o uso do futuro do presente.

    Reconhecer formas utilizadas na Lngua Portuguesa para indicar o futuro do

    presente.

    Contedo

    Futuro do presente

    Ano

    6 ano

    Tempo estimado

    Cinco aulas

    Material necessrio

    Aparelho de som ou computador com caixas de som; gravao da msica

    "Um ndio", de Caetano Veloso; letra da msica impressa; cpia de uma

    entrevista publicada em revista.

    Desenvolvimento

    1 etapa

    Inicie a aula tocando a msica abaixo.

    Um ndio - Caetano Veloso

    Um ndio descer de uma estrela colorida, brilhante

    De uma estrela que vir numa velocidade estonteante

    E pousar no corao do hemisfrio sul

    Na Amrica, num claro instante

    Depois de exterminada a ltima nao indgena

    E o esprito dos pssaros das fontes de gua lmpida

    Mais avanado que a mais avanada das mais avanadas das tecnologias

    Vir

    Impvido que nem Muhammad Ali

    Vir que eu vi

    Apaixonadamente como Peri

    Vir que eu vi

    Tranquilo e infalvel como Bruce Lee

    Vir que eu vi

    O ax do afox Filhos de Gandhi

    Vir

    Um ndio preservado em pleno corpo fsico

    Em todo slido, todo gs e todo lquido

    Em tomos, palavras, alma, cor

    Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnfico

    Num ponto equidistante entre o Atlntico e o Pacfico

    Do objeto-sim resplandecente descer o ndio

    E as coisas que eu sei que ele dir, far

    No sei dizer assim de um modo explcito

    Vir

    Impvido que nem Muhammad Ali

    Vir que eu vi

    Apaixonadamente como Peri

    Vir que eu vi

    Tranquilo e infalvel como Bruce Lee

    Vir que eu vi

    O ax do afox Filhos de Gandhi

    Vir

    E aquilo que nesse momento se revelar aos povos

  • Surpreender a todos no por ser extico

    Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto

    Quando ter sido o bvio

    Disponvel

    em: http://www.caetanoveloso.com.br/sec_busca_obra.php?language=pt_BR&

    id=91&sec_discogra_todas Acesso em 18 ago. 2010-08-18

    Terminada a audio, pergunte aos estudantes se entenderam o contedo da

    composio. Oua o que dizem.

    Aps essa conversa inicial, d aos alunos a letra da msica. Pea que a

    leiam. Explicite quem so Muhammad Ali, Bruce Lee, o grupo Filhos de

    Gandhi e o personagem Peri mencionados na msica. Leve para a classe um

    exemplar de O Guarani, de Jos de Alencar (1829-1877) e diga aos alunos

    que o ndio foi um importante personagem na literatura brasileira, sobretudo

    no perodo denominado Romantismo. Cite os romances O

    Guarani e Iracema em que o ndio se junta ao europeu para constituir a nao

    brasileira. Mostre aos alunos que a cano de Caetano tambm alude a

    elementos estrangeiros, entrelaando-os figura do ndio. Toque novamente

    a cano para que possam acompanh-la com a leitura da letra.

    2 etapa

    Pergunte classe quais tempos verbais simples - formados por um nico

    verbo - aparecem na letra da cano. Pea que os assinalem na letra,

    separando os que indicam futuro daqueles que apontam para o passado e o

    presente. Faa a correo junto com eles.

    Retome os verbos assinalados pelos alunos na msica de Caetano Veloso.

    Discuta com eles o valor semntico dos verbos indicativos de futuro que

    aparecem na letra: eles assinalam uma ao vindoura e possuem carter de

    certeza. Pea aos alunos que reescrevam no caderno a primeira e a terceira

    estrofes da cano, mudando "um ndio" para "ndios". Faa a correo e

    aponte a questo ortogrfica que particulariza essa pessoa do discurso nesse

    tempo: a terminao "o".

    3 etapa

    Pea que a classe se rena em duplas e entregue a cada uma um trecho de

    uma entrevista em que o verbo auxiliar ir no presente do indicativo

    acompanhado do de um verbo no infinitivo denote ideia de futuro (eu vou

    viajar, eles vo sair etc). Selecione a entrevista previamente.

    Proponha que as duplas leiam os trechos da entrevista e observem como a

    estrutura usada para dar a ideia de futuro. a mesma construo que

    identificaram na letra da cano? O que muda? Qual delas mais facilmente

    encontrada no cotidiano? Pea que discutam em dupla e registrem no caderno

    suas ideias e, em seguida, discuta-as coletivamente.

    Explique aos alunos que o uso do futuro do presente na Lngua Portuguesa

    predomina no registro escrito - como na letra da cano, por exemplo. J no

    falado, como a entrevista, ele concorre com a forma constituda pelo uso do

    auxiliar ir seguido de verbo no infinitivo. Construa com os alunos algumas

    frases em que esse uso aparea. Escreva no quadro algumas frases e pea

    que a classe copie e transforme-as usando o tempo simples. Exemplos: Eu

    vou nadar hoje tarde (Eu nadarei hoje tarde). Ns vamos sair mais cedo

    da escola amanh (Ns sairemos mais cedo da escola amanh). Eles no vo

    acreditar no que fizemos ontem (Eles no acreditaro no que fizemos ontem).

    Como tarefa de casa, proponha que procurem o uso do verbo ir no presente

    do indicativo seguido do infinitivo para denotar ao futura em histrias em

    quadrinhos. Pea que eles reproduzam no caderno a fala da personagem e a

    reescrevam, utilizando o futuro simples.

    4 etapa

    Coloque no quadro o ttulo da notcia publicada no jornal Folha de S.Paulo no

    dia 17 de agosto de 2010: Contato com Ets vir em 25 anos, afirma

    pesquisador americano. Pea aos alunos que identifiquem os tempos verbais

  • que ocorrem nesse ttulo.

    Discuta com eles os dois tempos: o presente - "afirma pesquisador americano"

    - e o futuro - "contato com Ets vir em 25 anos". O primeiro verbo denota ao

    futura e o segundo, a ao presente. Nos dois casos, no entanto, no h trao

    de dvida; as aes aparecem como certas.

    Em seguida, pea aos alunos que escrevam, em duplas, manchetes

    semelhana que leram, explicitando seus desejos. Exemplos: "Cura do cncer

    vir em um ano, confirma mdico brasileiro"; "Fim da fome no mundo vir em

    seis meses, dizem autoridades internacionais" ou "Fim da explorao infantil

    vir em horas", afirma Pedro Joo, aluno do 6 ano da Escola X.

    Pea que os alunos leiam os ttulos que escreveram e aponte a eles as

    eventuais correes ortogrficas e sugira a montagem de uma primeira pgina

    dos desejos da classe. Pea que escrevam os ttulos em tiras de papel e

    colem-nas sobre uma folha de jornal, simulando as manchetes da primeira

    pgina. interessante que faam a escolha de um ttulo para o jornal: Folha

    do Futuro, O Nosso ideal ser... uma escolha, mas, voc, professor, nas

    suas sugestes, pode sinalizar a dimenso do futuro, tema das produes e

    das aulas.

    5 etapa

    D aos alunos o texto da notcia abaixo, publicada na Folha de S. Paulo.

    Contato com ETs vir em 25 anos, afirma pesquisador

    americano

    A humanidade pode encontrar uma forma de inteligncia extraterrestre dentro

    dos prximos 25 anos, afirmou ontem o astrnomo Seth Shostak do Instituto

    Seti (sigla inglesa de "Busca por Inteligncia Extraterrestre").

    Shostak fez sua previso durante uma conferncia na sede do Seti em

    Mountain View, na Califrnia. "Jovens da platia, acho que h uma chance

    bastante boa de que vocs vejam isso acontecer [durante suas vidas]",

    afirmou ele. A dificuldade, para o cientista, ser entender a mensagem

    estelar.

    A partir de 2015, um novo grupo de telescpios permitir que o Seti procure

    sinais de rdio de centenas de milhares de sistemas estelares, o que facilitaria

    o primeiro contato com uma civilizao aliengena avanada, apostou Shostak

    em conversa com reprteres do site Space. com.

    Fonte: Folha de S. Paulo. 17 ago. 2010, A16.

    Pea para que faam a leitura em dupla. Em seguida, pea que sublinhem, no

    texto, os verbosafirmou, fez, acho, h, ser, permitir, apostou. Pea que

    observem e escrevam no caderno se os verbos sublinhados indicam a

    manuteno de tempos constantes no ttulo ou se acrescentam novos tempos

    verbais.

    Durante a realizao da atividade, circule pela classe e observe as discusses

    que realizam. Pare nos grupos com dificuldade e os auxilie.

    Quando terminarem, releia o texto em voz alta e faa a correo da tarefa.

    Pare no primeiro pargrafo e mostre aos alunos as mudanas operadas: a

    afirmao do pesquisador mudou do tempo presente para o passado. Isso se

    explica, pois essa ao ocorreu no passado. O leitor faz a leitura do jornal no

    presente, tempo diferente daquele em que a afirmao do pesquisador se

    deu.

    No segundo pargrafo, indique os trs tempos verbais - o passado, o presente

    e o futuro. O pargrafo inicia-se com o tempo passado para remeter

    afirmao do pesquisador; h a insero do discurso direto construdo com

    uso do tempo presente, h o verbo no passado -afirmou - e, finalmente, o

    futuro indicando uma das dificuldades do contato entre os humanos e os ETs.

  • No ltimo pargrafo, observe o uso do futuro do presente - permitir - e a ao

    pontual do pretrito perfeito - apostou. Caso os alunos j conheam os tempos

    do pretrito e do presente, temas das aulas anteriores, reforce que o futuro

    remete a um tempo por vir e que o futuro do presente indica uma ao certa,

    em relao qual no se coloca dvida. Voc pode realizar um quadro na

    lousa em que os verbos se dividam em passado, futuro e presente.

    Terminada essa construo, volte ao texto e pea aos alunos que reflitam se a

    expresso pode encontrar no trecho "A humanidade pode encontrar uma

    forma de inteligncia extraterrestre dentro dos prximos 25 anos" e se o

    verbo facilitaria, presente no ltimo pargrafo, sugerem ideia de futuro e se

    possuem o mesmo valor semntico do verbo vir no ttulo. Eles devem

    escrever a reflexo realizada no caderno.

    Termine a aula com a correo da atividade. A expresso, no trecho, sugere

    uma ao futura, mas essa ao no possui a fora do vir do ttulo; para que

    isso ocorra, ela deveria ser substituda pelo verbo "encontrar". Do mesmo

    modo, o verbo facilitaria indica uma ao sobre a qual no incide o mesmo

    teor de certeza de vir. Diga a eles que esse verbo pertence a outra forma de

    futuro, o futuro do pretrito. Finalize a reflexo assinalando o recurso

    persuasivo utilizado na construo do ttulo e da notcia. No ttulo, o uso do

    presente do indicativo d fora afirmao do pesquisador ao traz-la para o

    momento da leitura e o verbo vir coloca como certo o contato com ETs. No

    primeiro pargrafo, a fora da manchete desconstruda com o uso da

    expresso pode encontrar: esta lana dvida sobre o contato: ele passa de

    certeza a uma possibilidade.

    Mencione que a notcia est na pgina de Cincias. Isso pode auxiliar na

    compreenso do uso do futuro - as pesquisas indicam probabilidades, muitas

    vezes tomadas como certezas - e da expresso pode ser, pois as pesquisas

    deixam um qu de incerteza no ar.

    Avaliao

    Reserve uma aula para a atividade avaliativa sobre o contedo. A atividade

    deve ser realizada individualmente. Entregue aos alunos o texto abaixo:

    Carne do futuro pode ser artificial, diz cientista

    VAGUINALDO MARINHEIRO

    DE LONDRES

    Se voc gosta de carne, corra para uma churrascaria, porque renomados

    cientistas acreditam que em 40 anos no haver suculentos bifes para todo

    mundo. Muitos tero de comer carne produzida em laboratrio.

    A advertncia faz parte de uma srie de 21 artigos cientficos encomendados

    pelo governo britnico para projetar a situao alimentar do mundo em 2050.

    As concluses: a populao ser de 9 bilhes de pessoas, e o consumo per

    capita de alimentos tambm crescer, principalmente nos pases em

    desenvolvimento.

    Por isso, ser necessrio aumentar muito a produo de alimentos. Haver

    competio por terra e por gua, e o preo da comida vai subir. Nos ltimos

    anos, a tecnologia ajudou. Tcnicas de plantio, melhora nas sementes e

    controle de pragas aumentaram a produtividade.

    Na pecuria, estudos genticos, inseminaes artificiais e reduo de

    doenas fizeram os animais terem mais peso (30% a mais no caso das vacas

    desde 1960) e darem mais leite (30% a mais por vaca no mesmo perodo).

    Chegar um momento, porm, em que preconceitos devero ser deixados de

    lado. A entra a carne artificial, ou produzida em laboratrio.

    "A carne in vitro j se provou factvel e pode ser produzida de uma forma mais

    saudvel e higinica que na pecuria atual", disse Philip Thornton, do Instituto

    Internacional de Pesquisas em Pecuria de Nairbi, no Qunia.

  • Estudos sobre carne in vitro comearam h cerca de dez anos. Trata-se de

    retirar clulas de um animal vivo e fazer com que se reproduzam at virar

    tecido muscular. Em janeiro, europeus criaram carne de porco assim.

    Curioso que a discusso surja agora, quando o Reino Unido investiga se a

    carne de filhos de uma vaca clonada foi ao mercado sem aviso a autoridades

    e consumidores.

    Para os cientistas, a necessidade poder obrigar a populao que hoje teme

    animais clonados a aceitar a carne produzida em laboratrio.

    Disponvel em: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/784128-carne-do-

    futuro-pode-ser-artificial-diz-cientista.shtml. Acesso em 18 de ago. 2010.

    Proponha as seguintes atividades.

    1. A expresso pode ser presente no ttulo est de acordo com as afirmaes

    do texto a respeito da alimentao global em 2050? Justifique.

    2. Reescreva o ttulo da notcia de modo que ele indique certeza.

    3. Realize o resumo da notcia, utilizando pelo menos trs verbos no futuro do

    presente. O incio do resumo deve ser o seguinte: Estudo britnico afirma que

    a populao do planeta em 2050 ser de 9 milhes de pessoas.

    Gramtica com textos: 6 ano - subjuntivo e imperativo

    Introduo

    Esta a quarta de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de

    um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    Objetivos

    Ampliar o conhecimento sobre os verbos; refletir sobre os modos verbais:

    subjuntivo e imperativo.

    Contedos

    Modos verbais - subjuntivo e imperativo

    Tempo estimado

    Oito aulas

    Ano

    6 ano

    Desenvolvimento

    1 etapa

    Coloque no quadro a advertncia presente em publicidades de bebidas

    alcolicas: SE BEBER, NO DIRIJA.

    Aponte a existncia dos dois verbos que indicam duas aes - beber e dirigir -

    e pergunte aos alunos qual a relao que o texto estabelece entre eles. Pea

    que a turma pense sobre o significado da advertncia e anote a concluso a

    que chegar no caderno. Oua as respostas e faa a sua interferncia. Reforce

    o carter de incerteza presente em "se beber", apontando para uma possvel

    ao futura no trecho, e o carter de ordem presente no trecho final - no dirija

    - associado condio inicial. Mostre classe o papel representado pelo "se":

    ele estabelece a ligao entre os dois verbos, sugerindo a ideia de condio.

    Discuta a razo do carter sinttico da advertncia: ele visa causar impacto.

    Diga aos alunos que os verbos beber e dirigir, no texto, pertencem,

    respectivamente, ao subjuntivo e ao imperativo. O primeiro sugere uma

    possibilidade, um evento que pode ou no se realizar. O segundo indica uma

    ordem. Na advertncia, se o primeiro evento se realizar, ordena-se a no

    realizao da segunda ao.

  • Pergunte classe em que gneros textuais o modo imperativo aparece com

    frequncia. Leve para a sala textos de diferentes gneros como notcias,

    editoriais, horscopo, boletim meteorolgico, publicidade, receitas, regras de

    jogo e v analisando com eles a possvel ocorrncia desse modo verbal em

    cada gnero. Solicite que os alunos escolham um desses gneros e produzam

    um texto, usando verbos no imperativo.

    2 etapa

    Inicie o trabalho com a correo da tarefa proposta na aula anterior.

    Em seguida, leia o poema de Jos Paulo Paes.

    Se essa rua fosse minha,

    eu mandava ladrilhar,

    no para automvel matar gente,

    mas para criana brincar.

    Se esta mata fosse minha,

    eu no deixava derrubar.

    Se cortarem todas as rvores,

    Onde que os pssaros vo morar?

    Se este rio fosse meu,

    eu no deixava poluir.

    Joguem esgotos noutra parte,

    que os peixes moram aqui.

    Se este mundo fosse meu,

    eu fazia tantas mudanas

    que ele seria um paraso

    de bichos, plantas e crianas.

    PAES, Jos Paulo. Poemas Para Brincar. So Paulo: tica, 2002.

    Aps a leitura, pergunte aos alunos se j conheciam o poema e se possuem

    alguma dvida em relao ao seu contedo. Como provvel que faam

    aluso cantiga popular, no perca a oportunidade de dizer a eles que as

    produes dos homens no nascem do nada, mas elas dialogam entre si.

    Nesse caso, fica evidente que o poeta buscou inspirao na cantiga popular,

    de autoria annima. Pea que os alunos identificam, no poema de Paes,

    construes no modo subjuntivo e no modo imperativo. Lembre a eles que o

    subjuntivo vincula-se, de modo geral, a incertezas, possibilidades, hipteses; e

    o imperativo liga-se a ordens, comandos, exortaes, splicas.

    D um tempo para que possam pensar, discutir em dupla e anotar os trechos

    no caderno. Inicie a releitura do poema. Pea que uma dupla leia uma estrofe

    e a analise. Mostre que a hiptese proposta pelo primeiro versa de cada

    estrofe (se essa rua fosse minha; se essa mata fosse minha, se esse rio fosse

    meu, se esse mundo fosse meu) completa-se na afirmao subsequente (eu

    mandava ladrilhar, eu no deixava derrubar, eu no deixava poluir, eu fazia

    tantas mudanas). A repetio dessas construes nos versos iniciais de cada

    estrofe cria um paralelismo, caracterstica importante na construo potica.

    No deixe de assinalar os versos Se cortarem todas as rvores, /Onde

    que os pssaros vo morar? Neles, novamente, a ideia proposta pelo

    subjuntivo associa-se a outra. Embora as construes no passado

    predominem no poema, os dois versos remetem ao futuro.

    Para finalizar a aula, assinale que, na advertncia e no poema de Paes,

    sugere-se a ideia de condio por meio da partcula "se". Pergunte, ento, aos

    alunos se o tempo dos verbos modo subjuntivo nesses dois textos o mesmo.

    D um tempo para que respondam a questo. Em Se beber no dirija, h a

    dimenso do futuro, a ao no ocorreu, mas pode acontecer a qualquer

    momento. No poema de Paes, os dois primeiros versos de cada estrofe

  • indicam uma suposio anterior ao momento da enunciao. No poema, esto

    tambm no passado os verbos associados ao Subjuntivo - mandava, deixava,

    fazia.

    Veja se conseguiram identificar o uso do imperativo em Joguem esgotos

    noutra parte. Chame a ateno da classe para a mudana na pessoa - dirija

    (singular) e joguem (plural).

    3 etapa

    Para essa aula, pea que os alunos tragam para a classe a gramtica usada

    pelo grupo. Caso julgue necessrio, escolha tambm trechos de outras

    gramticas sobre os modos estudados nesse bloco de aulas. Leia com eles as

    abordagens relativas aos modos subjuntivo e imperativo. Faa uma sntese

    das caracterizaes realizadas: anote-a no quadro e pea que os alunos a

    copiem. Consultem tambm os tempos simples do subjuntivo - presente,

    pretrito imperfeito e futuro.

    Anote essa diviso e escolha um verbo de cada conjugao para que copiem

    as 1a, 2a. e 3a. pessoas do singular e as 1, 2 e 3 pessoas do plural no

    caderno nos trs tempos simples do subjuntivo. importante tambm a

    observao da constituio dos imperativos afirmativo e negativo. Utilize os

    verbos j escolhidos para mostrar o paradigma do modo subjuntivo e realize

    um esquema da constituio do imperativo. Mostre aos alunos que, no

    imperativo afirmativo, o tue o vs so formados a partir do tu e do vs do

    presente do indicativo sem o s final. As demais pessoas so formadas a partir

    do presente do subjuntivo. No caso do imperativo negativo, a conjugao de

    todas as pessoas a mesma do presente do subjuntivo.

    4 etapa

    Inicie a aula apresentando aos alunos a crnica Meu ideal seria escrever, de

    Rubem Braga. Leia o texto para os alunos.

    Meu ideal seria escrever...

    Meu ideal seria escrever uma histria to engraada que aquela moa que

    est doente naquela casa cinzenta quando lesse minha histria no jornal risse,

    risse tanto que chegasse a chorar e dissesse - "ai, meu Deus, que histria

    mais engraada!" E ento a contasse para a cozinheira e telefonasse para

    duas ou trs amigas para contar a histria; e todos a quem ela contasse

    rissem muito e ficassem alegremente espantados de v-la to alegre. Ah, que

    minha histria fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo,

    em sua vida de moa reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse

    admirada ouvindo o prprio riso, e depois repetisse para si prpria - "mas essa

    histria mesmo muito engraada!".

    Que um casal que estivesse em casa mal humorado, o marido bastante

    aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse

    casal tambm fosse atingido pela minha histria. O marido a leria e comearia

    a rir, o que aumentaria a irritao da mulher. Mas depois que esta, apesar de

    sua m-vontade, tomasse conhecimento da histria, ela tambm risse muito, e

    ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que

    um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e

    reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.

    Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha histria

    chegasse - e to fascinante de graa, to irresistvel, to colorida e to pura

    que todos limpassem seu corao com lgrimas de alegria; que o comissrio

    do distrito, depois de ler minha histria, mandasse soltar aqueles bbados e

    tambm aquelas pobres mulheres colhidas na calada e lhes dissesse - "por

    favor, se comportem, que diabo! eu no gosto de prender ningum!" E que

    assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus

    semelhantes em alegre e espontnea homenagem minha histria.

    E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil

    maneiras, fosse atribuda a um persa, na Nigria, a um australiano, em Dublin,

  • a um japons em Chicago - mas que em todas as lnguas ela guardasse a sua

    frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma

    aldeia da China, um chins muito pobre, muito sbio e muito velho dissesse:

    "Nunca ouvi uma histria assim to engraada e to boa em toda minha vida;

    valeu a pena ter vivido at hoje para ouvi-la; essa histria no pode ter sido

    inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a

    contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que j

    estivesse morto; sim, deve ser uma histria do cu que se filtrou por acaso at

    nosso conhecimento; divina".

    E quando todos me perguntassem - "mas de onde que voc tirou essa

    histria?" - eu responderia que ela no minha, que eu a ouvi por acaso na

    rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal

    comeara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma histria..."!

    E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda

    minha histria em um s segundo, quando pensei na tristeza daquela moa

    doente, que sempre est doente e sempre est de luto e sozinha naquela

    pequena casa cinzenta de meu bairro.

    BRAGA, Rubem. As Melhores 200 Crnicas Escolhidas de Rubem Braga. Rio

    de Janeiro: Record, 1977.

    Aps a leitura do texto, verifique se o compreenderam e se possuem alguma

    questo sobre ele. Pea que os alunos sublinhem no texto o uso do pretrito

    imperfeito do subjuntivo. Releia os trechos em que esse uso ocorre. Diga aos

    alunos que, como no caso do poema de Jos Paulo Paes, o uso do subjuntivo

    na crnica acompanhado de outra forma verbal, o futuro do pretrito do

    modo indicativo.

    Explique a eles que essa correlao - pretrito imperfeito do subjuntivo com o

    futuro do pretrito do indicativo - tida pelas gramticas mais tradicionais

    como a correta. Muitas gramticas no aceitam a combinao realizada no

    poema de Paes - pretrito imperfeito do subjuntivo e pretrito imperfeito do

    indicativo -, embora na fala do brasileiro ela seja usada com frequncia.

    Proponha aos alunos duas atividades.

    1) A reescrita do primeiro e do terceiro pargrafos da crnica de Rubem

    Braga, alterando o futuro do pretrito do indicativo pelo presente do mesmo

    modo e o imperfeito do subjuntivo pelo presente do subjuntivo. Inicie a

    construo e pea que a continuem.

    Exemplo

    Texto original

    Meu ideal seria escrever uma histria to engraada que aquela moa que

    est doente naquela casa cinzenta quando lesse minha histria no jornal risse,

    risse tanto que chegasse a chorar e dissesse...

    Texto alterado

    Meu ideal escrever uma histria to engraada que aquela moa que est

    doente naquela casa cinzenta ao ler minha histria no jornal ria, ria tanto que

    chegue a chorar e diga ...

    2) Aps a reescrita desses dois pargrafos, os alunos devem escrever um

    terceiro pargrafo em que deem continuidade crnica, expondo qual o seu

    ideal. O pargrafo pode comear assim:

    Meu ideal escrever uma histria que ...

    Os alunos podem comear as atividades em classe e termin-las em casa.

    5 etapa

    Reserve uma etapa correo da tarefa e leitura do pargrafo construdo

    pelos alunos. Diga aos alunos que nas duas aulas seguintes vocs analisaro

    o modo imperativo.

  • 6 etapa

    Escolha um folheto de ampla divulgao. Um exemplo este, explicando os

    modos de evitar a propagao da dengue.

    Antes de iniciar a leitura do folheto, pergunte aos alunos se sabem qual a

    finalidade dos textos presentes nesse suporte. Oua as respostas. Caso no

    tenham conseguido explicit-la, diga a eles que o folheto procura instruir a

    populao a respeito de um determinado fato. O folheto busca atingir

    camadas variadas da populao, usa linguagem clara e direta e recursos

    verbais e no verbais. Leia as instrues presentes no folheto.

    Solicite aos alunos que leiam novamente o folheto e copiem no caderno os

    verbos que esto no modo imperativo. Ao copiar o verbo, pea que escrevam

    a forma do infinitivo correspondente a ele.

    Pea que expliquem o motivo do uso do imperativo em folhetos como esse.

    Pergunte aos alunos qual pessoa do discurso o panfleto utiliza. Temos duas

    possibilidades: o tu e o voc. O que nos permite identificar qual delas usada

    a desinncia verbal associada a marcas como pronomes pessoais ou

    possessivos. No folheto, as desinncias verbais indicam o uso da terceira

    pessoa - voc - o que reforado pelo uso do se que nesse caso funciona

    como pronome.

    O "tu" no Brasil, explicite, um pronome pouco utilizado. Seu uso limita-se a

    localidades das regies Sul e Nordeste. Ele foi substitudo pelo senhor(a), pelo

    voc. Como o folheto possui divulgao nacional e quer atingir de modo direto

    e claro a populao, a forma utilizada - voc - parece mais satisfatria.

    7 etapa

    O texto abaixo faz parte do folheto da Pinacoteca do Estado de So Paulo.

    Leve-o para os alunos. Explique a eles o significado da palavra "pinacoteca" e

    afirme a importncia do museu que possui obras representativas de vrios

    artistas brasileiros. Dois exemplos so as obras Caipira Picando Fumo de

    Almeida Junior e Mestio de Portinari. Caso voc possua acesso ao folheto,

    leve-o para a classe e mostre-o aos alunos. Caso no possua, o texto pode

    ser colocado no quadro. Antes de apresentar o texto que ser discutido,

  • pergunte aos alunos qual a possvel finalidade do folheto de um museu. Oua-

    os.

    Leia o texto do folheto. Veja se a hiptese que tinham sobre a finalidade dele

    comprovou-se ou no. Observe que, nesse caso, estabelecem-se as regras

    de comportamento no interior desse espao e oferece-se uma justificativa

    para elas. O estabelecimento das regras ocorreu, no caso desse prospecto,

    pelo advrbio de negao - no - acompanhado do infinitivo. O infinitivo no

    flexionado coloca uma ordem que vlida para qualquer pessoa e tal como

    usado assume caractersticas do imperativo.

    Proponha aos alunos que reescrevam as ordens do folheto, substituindo o

    infinitivo pela forma correspondente do verbo no imperativo. Antes do incio da

    realizao do exerccio, analise com eles a pessoa que devero escolher -

    segunda ou terceira do singular. O uso do infinitivo possui como intuito apagar

    a pessoa do discurso para quem as ordens so dadas, mas pergunte aos

    alunos se em algum momento do texto h indcios da pessoa utilizada. Pea

    que releiam o texto e observem se encontram alguma marca dessa pessoa.

    Pea que discutam com um colega. Analise o texto anterior s regras. Nele

    encontra-se o pronome sua: esse remete terceira pessoa do singular. Pea

    ento que reescrevam o texto usando os verbos adequados. Durante a

    execuo do trabalho, interessante que tenham o caderno e a gramtica

    disponveis para consulta e resoluo de eventuais dvidas a respeito da

    conjugao verbal. Faa a correo da atividade.

    Como atividade para casa, solicite que pesquisem em revistas ou jornais a

    presena do modo imperativo em propagandas direcionadas ao pblico

    infantil. Pea que copiem no caderno trs frases em que esse uso ocorra.

    Pea tambm que elaborem uma pequena explicao para esse uso.

    Avaliao

    Proponha aos alunos que em trios elaborem um folheto explicitando o

    comportamento a ser adotado pelos usurios no interior da biblioteca da

    escola ou do municpio. A redao das regras deve utilizar o modo imperativo

    na terceira pessoa do singular - voc.