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Gramtica com textos: 6 ano - pretrito perfeito e imperfeito
Introduo
Esta a primeira de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de
um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino
Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.
Objetivos
Reconhecer o uso dos tempos verbais no texto;
Analisar os usos do pretrito perfeito e do pretrito imperfeito.
Contedo
Tempos verbais do passado - pretrito perfeito e pretrito imperfeito.
Tempo estimado
Trs aulas
Ano
6 ano
Desenvolvimento
O trabalho a ser desenvolvido nas aulas apresentadas abaixo permite que os
alunos reflitam sobre o uso de pretrito perfeito e imperfeito e sistematizem
alguns conhecimentos a respeito deles. A escola deve ser um lugar de
reflexo sobre a lngua e de investigao. Ela no deve apenas oferecer
regras, mas propiciar aos alunos que pensem sobre os usos e potencialidades
da lngua em situaes de leitura e de produo de textos. Dessa forma, o
ponto de partida do trabalho a lngua e seus usos e no a aplicao de
regras dadas a priori.
1 etapa
Leia com os alunos a fbula O Urso e as Abelhas.
O Urso e as Abelhas
Um urso topou com uma rvore cada que servia de depsito de mel para um
enxame de abelhas. Comeou a farejar o tronco quando uma das abelhas do
enxame voltou do campo de trevos. Adivinhando o que ele queria, deu uma
picada daquelas no urso e depois desapareceu no buraco do tronco. O urso
ficou louco de raiva e se ps a arranhar o tronco com as garras na esperana
de destruir o ninho. A nica coisa que conseguiu foi fazer o enxame inteiro sair
atrs dele. O urso fugiu a toda velocidade e s se salvou porque mergulhou de
cabea num lago.
Moral: Mais vale suportar um s ferimento em silncio que perder o controle e
acabar todo machucado.
Fbulas de Esopo. Traduo Heloisa Jahn, Companhia das Letrinhas, 1994,
p. 24.
Pergunte a eles em que tempo se passa essa fbula, se no passado, no
presente ou no futuro. Quando disserem que no passado, diga a eles que,
em Lngua Portuguesa, existem vrios tipos de passados e que o objetivo
desse grupo de aulas analisar o uso de duas dessas formas.
Retire da fbula as formas simples do passado - pretrito perfeito e pretrito
imperfeito. Escreva-as no quadro:
topou
servia
comeou
voltou
queria
deu
desapareceu
ficou
ps
conseguiu
fugiu
salvou
mergulhou
Pea que os estudantes releiam a fbula e reflitam sobre os verbos
identificados. Pergunte se esses verbos exprimem o passado da mesma
forma. V repassando os termos que esto escritos no quadro. O primeiro
verbo "topou". Discuta com a turma o valor semntico dessa ao, que
assinala, no interior da narrativa, uma atividade iniciada e acabada. O
segundo verbo "servia". Pare nesse verbo e indague se ele tambm
expressa uma ao no interior da narrativa, indicativa de uma ao pontual,
iniciada e concluda, ou se ele pressupe uma durao que se prolonga por
um tempo quando outra ao se realiza.
Caso no consigam chegar a uma concluso, pergunte qual seria a forma da
ao iniciada e concluda desse verbo. Escreva ento num canto do quadro as
palavras "serviu" e "servia". Construa duas oraes com esses verbos e
indague-os sobre a diferena entre elas. Anote no quadro as duas oraes e a
explicao sobre a diferena de significados. Pea que eles as copiem.
Repasse os outros verbos. O paradigma muda em "queria". Novamente,
atente para a diferena de sentido desse verbo, que indica a manuteno, no
tempo passado, de um desejo. Como no caso do verbo "servir", escreva duas
oraes uma com a forma "quis" e outra com a forma "queria". Levante com
os alunos as diferenas de significado e as escreva no quadro. Pea que
copiem as oraes e as explicaes.
Ao final da aula, monte um quadro sntese em que se distingam os verbos que
indicam uma ao j concluda e os dois que indicam aes que se
mantiveram por um tempo indefinido no passado.
2 etapa
Inicie a aula retomando os aspectos j vistos na aula passada. Faa os alunos
lembrarem que h aes no passado que so pontuais, marcam atividades
iniciadas e acabadas, e outras que se mantm por certo perodo.
Pea aos estudantes que sublinhem no texto as formas "comeou a farejar",
"se ps a arranhar" e o trecho "a nica coisa que conseguiu foi fazer o
enxame inteiro sair atrs dele". Faa-os perceber que, nesses trechos, so
utilizadas expresses em que h mais de um verbo. Solicite que os aluno, em
duplas, reescrevam a fbula, transformando as expresses presentes nesses
trechos em um verbo no pretrito perfeito ou no pretrito imperfeito.
Eles devem manter o sentido do texto, mas podem realizar modificaes na
sua construo.
D um tempo para que realizem a atividade e observe como o trabalho se
desenrola nas duplas. Aps o tempo estipulado, resgate o trabalho
coletivamente. Observe as construes feitas, anote no quadro as
possibilidades e as discuta.
D aos alunos uma nova fbula e pea que eles a leiam e identifiquem os
verbos que indicam aes j ocorridas e terminadas e aquelas que possuem
certa durao no passado.
Aps essa identificao, pea que eles faam uma tabela distinguindo esses
verbos.
3 etapa
Faa a correo da atividade proposta na aula anterior. Retome os aspectos
analisados nas duas primeiras aulas. Escreva no quadro os nomes dos
tempos do pretrito do indicativo estudados: pretrito perfeito e imperfeito.
Escolha, junto com os alunos, seis verbos que indiquem aes do cotidiano.
Anote-os no quadro e proponha que a turma escreva as conjugaes corretas
de cada verbo na primeira e terceira pessoas do singular e na primeira e
terceira pessoas do plural para os dois tempos do pretrito. Nesse momento,
o uso da gramtica indicado. Certamente, eles encontraro nela meno
conjugao dos verbos regulares e exemplos dos verbos irregulares.
Exemplo:
Verbo andar
Pretrito perfeito: eu andei, ele andou, ns andamos, eles andaram.
Pretrito imperfeito: eu andava, ele andava, ns andvamos, eles andavam.
Informe aos alunos a existncia do terceiro tempo do pretrito - o mais que
perfeito. Indique o valor semntico desse tempo e diga a eles que o seu uso
est associado, sobretudo, a textos escritos.
Diga aos alunos que, no caso da fbula O Urso e as Abelhas, o uso do
pretrito imperfeito indica a manuteno de uma ao no passado que
concomitante a outra ao passada, mas essa forma do pretrito tambm
pode indicar aes habituais no passado.
Para finalizar, pea aos alunos que construam um pequeno comentrio das
duas fbulas lidas. Nesse comentrio, eles devem usar verbos no pretrito
perfeito e imperfeito. Pea a eles que assinalem esses verbos e elaborem
uma explicao para o uso que fizeram.
Consultoria Conceio Aparecida Bento
Doutora em Letras pela Universidade de So Paulo e professora universitria.
Gramtica com textos: 6 ano - presente do indicativo
Introduo
Esta a segunda de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte
de um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino
Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.
Contedo
O Presente do Indicativo e seus usos.
Objetivos
Refletir sobre os usos do presente indicativo na lngua portuguesa e propor
aos alunos situaes de produo em que esses usos ocorram.
Tempo estimado
Seis aulas
Ano
6 ano
Desenvolvimento
1 etapa - O tempo presente no poema de Drummond
Inicie a aula pedindo que os alunos se renam em duplas. Em seguida,
proponha que leiam dois textos: o poema Nota Social, de Carlos Drummond
de Andrade, e o texto A Teia da Vida, de Darcy Ribeiro. Comente com a
classe que os dois apresentam verbos no presente e pea que tentem
explicar, com base nessa primeira leitura, os diferentes usos desse tempo
verbal.
Nota Social Carlos Drummond de Andrade
1 O poeta chega na estao.
2 O poeta embarca.
3 O poeta toma um auto.
4 O poeta vai para o hotel.
5 E enquanto ele faz isso
6 como qualquer homem da terra,
7 uma ovao o persegue
8 feito vaia.
9 Bandeirolas
10 abrem alas.
11 Bandas de msica. Foguetes.
12 Discursos. Povo de chapu de palha.
13 Mquinas fotogrficas assestadas.
14 Automveis imveis.
15 Bravos ...
16 O poeta est melanclico.
17 Numa rvore do passeio pblico
18 (melhoramento da atual administrao)
18 rvore gorda, prisioneira
19 de anncios coloridos,
20 rvore banal, rvore que ningum v
21 canta uma cigarra.
22 Canta uma cigarra que ningum ouve
23 um hino que ningum aplaude.
25 Canta, no sol danado.
26 O poeta entra no elevador
27 o poeta sobe
28 o poeta fecha-se no quarto.
29 O poeta est melanclico
ANDRADE, Carlos Drummond. Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: Record,
1998.
A Teia da Vida Darcy Ribeiro
A vida uma teia intrincada em que cada ser se relaciona com muitssimos
outros, numa coexistncia de complementaridade e interdependncia. A forma
mais geral dessa relao chamada pirmide de vida. Na sua base, ficam as
plantas, que se alimentam de terra, de gua, de ar e do solo, para vicejar.
Acima delas ficam os animais herbvoros, como as vacas, os cavalos, os
elefantes, os que comem enorme quantidade de vegetais, capins folhas,
cascas, razes, para construir e manter seus corpos. Mais acima, ficam os
carnvoros, como as onas, que se alimentam da carne dos herbvoros.
Ns, seres humanos, confundimos tudo, porque somos onvoros, quer dizer,
comemos tanto alface, como outras folhagens, como amendoim, coco, e
ainda, e sobretudo, carne de peixe, de porco, de boi e de galinha. (...)
RIBEIRO, Darcy. Noes das Coisas. So Paulo: FTD, 1995, p. 40.
D um tempo para que a turma realize a atividade. Em seguida, pea que
compartilhem suas observaes. O que eles sabem sobre o tempo presente?
Quando ele usado? Com base nos conhecimentos apresentados pela
classe, passe para uma anlise conjunta do poema.
Certifique-se que os alunos compreenderam as situaes nele apresentadas.
Elas podem ser divididas em quatro: a chegada do poeta; a sua aclamao; o
canto da cigarra que ningum percebe; a ida do poeta para o quarto. Enumere
os versos e assinale, no poema, os trechos correspondentes a cada situao.
Uma vez assegurada essa compreenso, discuta com os alunos o teor das
aes do poeta nos versos 1, 2, 3 e 4 e nos versos 26, 27, 28. Nesses versos,
embora o presente marque o instante de ocorrncia das aes, elas possuem
um carter sucessivo: primeiro o poeta chega, depois embarca, vai para o
hotel, entra no elevador, sobe. O eu lrico poderia ter apresentado essas
aes no passado, mas escolheu o tempo presente. Essa escolha possui
significados. Ela sugere a simultaneidade entre o evento e a narrao, entre
as aes do poeta e a apresentao delas. Essa simultaneidade, por sua vez,
recriada no momento da leitura; o leitor tem a impresso de visualizar a
cena quando a l. Isso d a ela maior vivacidade.
Nos trechos que vo do verso cinco ao quinze e do verso dezessete ao vinte e
cinco temos o povo ovacionando o poeta e o canto da cigarra. Essas aes
so simultneas s do poeta. O uso da expresso "enquanto isso" refora a
simultaneidade. Os versos 16 e o 29 mostram, por meio do emprego do verbo
"estar", um estado do poeta que no se altera - a melancolia.
Para finalizar a abordagem do poema, assinale as oposies no seu interior. A
primeira ocorre entre as aes dos homens e as da natureza - a cigarra e a
rvore alheias ao rebulio ocasionado pela chegada do poeta e os homens
alheios natureza; a multido aclama o poeta e ningum ouve o canto da
cigarra. A segunda ocorre entre a alegria do povo e a melancolia do poeta.
Essas oposies ganham fora pelo uso do presente; um mesmo tempo une
todas as aes.
2 etapa - A reconstruo do poema de Drummond
Proponha aos alunos a realizao de uma produo que imite o poema de
Drummond. Nessa produo, eles devem apresentar, de modo fictcio, a
chegada de uma professora na sala de aula, captando as aes dela, dos
alunos e de um terceiro elemento, que pode ser um elemento da natureza (o
pardal no ptio, o vento nas rvores, o sol no cu) ou humano (a faxineira
varrendo, as crianas fazendo educao fsica ou brincando no ptio). O
importante que todas as aes estejam no presente e que ocorra a
simultaneidade entre as aes da professora, dos alunos e do terceiro
elemento. A produo deve ser feita em dupla e lida para o grupo classe.
Assinale no decorrer da leitura os aspectos envolvidos no uso do tempo
presente: a narrao de aes lineares como instantneas, sugerindo
vivacidade, e a simultaneidade das aes da professora, as dos alunos e as
do elemento externo.
Pergunte aos alunos se eles conhecem outros usos para o tempo presente.
Para a prxima aula, pea que tragam o livro de Cincias.
3 etapa - O presente nos textos cientficos
Inicie a aula com retomando o texto "A Teia da Vida". Pea que a turma releia-
o.
Aps a leitura, observe se os alunos compreenderam o trecho. Discuta com
eles o objetivo do texto: explicar o que a teia da vida, ou seja, a cadeia
alimentar e definir o que so herbvoros, carnvoros e ovparos. Releia o texto
e v sublinhando com os alunos a ocorrncia dos verbos no presente.
Terminada a leitura, pea para que procurem explicar esse uso no texto de
Darcy Ribeiro. D um tempo para que discutam em dupla e para que anotem
a possvel explicao no caderno. Oua o que responderam e, caso no
tenham chegado concluso correta, explique que, nesse caso, as
afirmaes do texto tm carter de verdade cientfica e o pressuposto que
sejam vlidas independente do tempo; por isso o uso do presente.
Escolha um trecho do livro de Cincias em que o mesmo procedimento ocorra
e leia-o, marcando o uso do presente. Pode ser um trecho j estudado ou
ainda a ser investigado.
Como exerccio proponha a seguinte atividade. Entregue aos alunos uma
notcia sobre algum fato inusitado - relatos sobre a descoberta de objetos
voadores no identificados, a histria do ET de Varginha, o chupa-cabras,
entre outros - e proponha que eles aproveitem as informaes contidas na
reportagem como se fossem fatos reais e produzam um pargrafo de um texto
cientfico. Por exemplo: "os chupa-cabras so animais que habitam e regio
do Mato Grosso...". A turma deve utilizar o tempo verbal que caracteriza a
apresentao de verdades cientficas. Ao final, pea que alguns alunos leiam
as suas produes.
4 etapa - O presente nas manchetes de jornal
Leve para a sala de aula alguns jornais do dia. Escolha algumas manchetes
redigidas no presente e as escreva na lousa. Eleja manchetes de cadernos
variados - esportes, entretenimento, cotidiano, poltica. Pea aos alunos que
as copiem. Pergunte a eles o motivo do uso do presente nesse caso dado que
as notcias se referem a fatos j ocorridos. Aqui, novamente, aparece o papel
da nfase. A manchete no presente causa mais impacto, pois traz o fato para
o momento da leitura. Faa aluso ao poema de Drummond analisado na
primeira aula dessa sequncia.
Como exerccio, selecione algumas pequenas notcias, suprima os seus ttulos
e pea aos alunos que os reconstituam, usando o tempo passado e o
presente. Escolha notcias de carter cientfico, tecnolgico, abordagens de
sade ou direitos do cidado. A turma vai perceber a diferena de nfase no
uso de cada tempo verbal: a manchete no presente produz um impacto maior
no leitor, pois traz a notcia para o momento atual; a manchete no passado
coloca uma distancia entre o que afirmado e o momento da leitura.
Como tarefa para casa, pea que assistam a um telejornal e anotem trs
chamadas que estejam no presente. Discuta com eles a diferena entre uma
chamada no tempo passado e outra no presente.
5 etapa - Outros usos do presente
Retome a tarefa proposta aos alunos. Oua as manchetes que anotaram e
discuta os usos do presente em cada uma delas.
Feito isso, aponte turma outros usos do presente.
1- Uso do presente para indicar ao futura. Nesse caso, comum que o
verbo venha acompanhado de um elemento sinalizador do futuro, como um
advrbio. Amanh eu vou escola.
2- Uso do presente para indicar aes habituais: Eu acordo e almoo cedo
todos dias.
3 - Um outro caso indica expresso que tem sentido de tempo presente:
Verbo estar mais gerndio: expresso comum na oralidade para indicar ao
simultnea fala. Estou trabalhando h muito tempo.
Com a classe, construa um pequeno texto que sintetize os vrios usos do
presente discutidos em classe. Caso o grupo tenha uma gramtica indicada
para estudo, leia com eles as observaes a respeito do presente do
Indicativo aps a realizao da sntese do grupo. Voc pode tambm
selecionar trechos de uma outra gramtica para essa leitura.
Avaliao
Nessa aula, realize exerccios individuais para avaliar a aprendizagem dos
alunos. D a eles vrios provrbios acompanhados de um texto explicando o
que so provrbios. Pergunte por que os provrbios so redigidos no presente
e por que o texto em que so explicados tambm est no tempo presente.
Gramtica com textos: 6 ano - futuro do presente
Introduo
Esta a terceira de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de
um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino
Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.
Nesta sequncia, o intuito refletir sobre o uso do futuro do presente do modo
indicativo. Como nas aulas anteriores, a ideia no oferecer regras pura e
simplesmente, mas permitir que os alunos observem a lngua e seus usos, e
conheam o carter dinmico que a atravessa, modificando construes e
modos de uso. Nem sempre, isso significa excluso de uma das formas;
muitas vezes, diferentes usos e formas coexistem, cabendo a quem fala ou
escreve escolher uma delas de acordo com o contexto e os objetivos da
comunicao.
Objetivos
Analisar o uso do futuro do presente.
Reconhecer formas utilizadas na Lngua Portuguesa para indicar o futuro do
presente.
Contedo
Futuro do presente
Ano
6 ano
Tempo estimado
Cinco aulas
Material necessrio
Aparelho de som ou computador com caixas de som; gravao da msica
"Um ndio", de Caetano Veloso; letra da msica impressa; cpia de uma
entrevista publicada em revista.
Desenvolvimento
1 etapa
Inicie a aula tocando a msica abaixo.
Um ndio - Caetano Veloso
Um ndio descer de uma estrela colorida, brilhante
De uma estrela que vir numa velocidade estonteante
E pousar no corao do hemisfrio sul
Na Amrica, num claro instante
Depois de exterminada a ltima nao indgena
E o esprito dos pssaros das fontes de gua lmpida
Mais avanado que a mais avanada das mais avanadas das tecnologias
Vir
Impvido que nem Muhammad Ali
Vir que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Vir que eu vi
Tranquilo e infalvel como Bruce Lee
Vir que eu vi
O ax do afox Filhos de Gandhi
Vir
Um ndio preservado em pleno corpo fsico
Em todo slido, todo gs e todo lquido
Em tomos, palavras, alma, cor
Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnfico
Num ponto equidistante entre o Atlntico e o Pacfico
Do objeto-sim resplandecente descer o ndio
E as coisas que eu sei que ele dir, far
No sei dizer assim de um modo explcito
Vir
Impvido que nem Muhammad Ali
Vir que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Vir que eu vi
Tranquilo e infalvel como Bruce Lee
Vir que eu vi
O ax do afox Filhos de Gandhi
Vir
E aquilo que nesse momento se revelar aos povos
Surpreender a todos no por ser extico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando ter sido o bvio
Disponvel
em: http://www.caetanoveloso.com.br/sec_busca_obra.php?language=pt_BR&
id=91&sec_discogra_todas Acesso em 18 ago. 2010-08-18
Terminada a audio, pergunte aos estudantes se entenderam o contedo da
composio. Oua o que dizem.
Aps essa conversa inicial, d aos alunos a letra da msica. Pea que a
leiam. Explicite quem so Muhammad Ali, Bruce Lee, o grupo Filhos de
Gandhi e o personagem Peri mencionados na msica. Leve para a classe um
exemplar de O Guarani, de Jos de Alencar (1829-1877) e diga aos alunos
que o ndio foi um importante personagem na literatura brasileira, sobretudo
no perodo denominado Romantismo. Cite os romances O
Guarani e Iracema em que o ndio se junta ao europeu para constituir a nao
brasileira. Mostre aos alunos que a cano de Caetano tambm alude a
elementos estrangeiros, entrelaando-os figura do ndio. Toque novamente
a cano para que possam acompanh-la com a leitura da letra.
2 etapa
Pergunte classe quais tempos verbais simples - formados por um nico
verbo - aparecem na letra da cano. Pea que os assinalem na letra,
separando os que indicam futuro daqueles que apontam para o passado e o
presente. Faa a correo junto com eles.
Retome os verbos assinalados pelos alunos na msica de Caetano Veloso.
Discuta com eles o valor semntico dos verbos indicativos de futuro que
aparecem na letra: eles assinalam uma ao vindoura e possuem carter de
certeza. Pea aos alunos que reescrevam no caderno a primeira e a terceira
estrofes da cano, mudando "um ndio" para "ndios". Faa a correo e
aponte a questo ortogrfica que particulariza essa pessoa do discurso nesse
tempo: a terminao "o".
3 etapa
Pea que a classe se rena em duplas e entregue a cada uma um trecho de
uma entrevista em que o verbo auxiliar ir no presente do indicativo
acompanhado do de um verbo no infinitivo denote ideia de futuro (eu vou
viajar, eles vo sair etc). Selecione a entrevista previamente.
Proponha que as duplas leiam os trechos da entrevista e observem como a
estrutura usada para dar a ideia de futuro. a mesma construo que
identificaram na letra da cano? O que muda? Qual delas mais facilmente
encontrada no cotidiano? Pea que discutam em dupla e registrem no caderno
suas ideias e, em seguida, discuta-as coletivamente.
Explique aos alunos que o uso do futuro do presente na Lngua Portuguesa
predomina no registro escrito - como na letra da cano, por exemplo. J no
falado, como a entrevista, ele concorre com a forma constituda pelo uso do
auxiliar ir seguido de verbo no infinitivo. Construa com os alunos algumas
frases em que esse uso aparea. Escreva no quadro algumas frases e pea
que a classe copie e transforme-as usando o tempo simples. Exemplos: Eu
vou nadar hoje tarde (Eu nadarei hoje tarde). Ns vamos sair mais cedo
da escola amanh (Ns sairemos mais cedo da escola amanh). Eles no vo
acreditar no que fizemos ontem (Eles no acreditaro no que fizemos ontem).
Como tarefa de casa, proponha que procurem o uso do verbo ir no presente
do indicativo seguido do infinitivo para denotar ao futura em histrias em
quadrinhos. Pea que eles reproduzam no caderno a fala da personagem e a
reescrevam, utilizando o futuro simples.
4 etapa
Coloque no quadro o ttulo da notcia publicada no jornal Folha de S.Paulo no
dia 17 de agosto de 2010: Contato com Ets vir em 25 anos, afirma
pesquisador americano. Pea aos alunos que identifiquem os tempos verbais
que ocorrem nesse ttulo.
Discuta com eles os dois tempos: o presente - "afirma pesquisador americano"
- e o futuro - "contato com Ets vir em 25 anos". O primeiro verbo denota ao
futura e o segundo, a ao presente. Nos dois casos, no entanto, no h trao
de dvida; as aes aparecem como certas.
Em seguida, pea aos alunos que escrevam, em duplas, manchetes
semelhana que leram, explicitando seus desejos. Exemplos: "Cura do cncer
vir em um ano, confirma mdico brasileiro"; "Fim da fome no mundo vir em
seis meses, dizem autoridades internacionais" ou "Fim da explorao infantil
vir em horas", afirma Pedro Joo, aluno do 6 ano da Escola X.
Pea que os alunos leiam os ttulos que escreveram e aponte a eles as
eventuais correes ortogrficas e sugira a montagem de uma primeira pgina
dos desejos da classe. Pea que escrevam os ttulos em tiras de papel e
colem-nas sobre uma folha de jornal, simulando as manchetes da primeira
pgina. interessante que faam a escolha de um ttulo para o jornal: Folha
do Futuro, O Nosso ideal ser... uma escolha, mas, voc, professor, nas
suas sugestes, pode sinalizar a dimenso do futuro, tema das produes e
das aulas.
5 etapa
D aos alunos o texto da notcia abaixo, publicada na Folha de S. Paulo.
Contato com ETs vir em 25 anos, afirma pesquisador
americano
A humanidade pode encontrar uma forma de inteligncia extraterrestre dentro
dos prximos 25 anos, afirmou ontem o astrnomo Seth Shostak do Instituto
Seti (sigla inglesa de "Busca por Inteligncia Extraterrestre").
Shostak fez sua previso durante uma conferncia na sede do Seti em
Mountain View, na Califrnia. "Jovens da platia, acho que h uma chance
bastante boa de que vocs vejam isso acontecer [durante suas vidas]",
afirmou ele. A dificuldade, para o cientista, ser entender a mensagem
estelar.
A partir de 2015, um novo grupo de telescpios permitir que o Seti procure
sinais de rdio de centenas de milhares de sistemas estelares, o que facilitaria
o primeiro contato com uma civilizao aliengena avanada, apostou Shostak
em conversa com reprteres do site Space. com.
Fonte: Folha de S. Paulo. 17 ago. 2010, A16.
Pea para que faam a leitura em dupla. Em seguida, pea que sublinhem, no
texto, os verbosafirmou, fez, acho, h, ser, permitir, apostou. Pea que
observem e escrevam no caderno se os verbos sublinhados indicam a
manuteno de tempos constantes no ttulo ou se acrescentam novos tempos
verbais.
Durante a realizao da atividade, circule pela classe e observe as discusses
que realizam. Pare nos grupos com dificuldade e os auxilie.
Quando terminarem, releia o texto em voz alta e faa a correo da tarefa.
Pare no primeiro pargrafo e mostre aos alunos as mudanas operadas: a
afirmao do pesquisador mudou do tempo presente para o passado. Isso se
explica, pois essa ao ocorreu no passado. O leitor faz a leitura do jornal no
presente, tempo diferente daquele em que a afirmao do pesquisador se
deu.
No segundo pargrafo, indique os trs tempos verbais - o passado, o presente
e o futuro. O pargrafo inicia-se com o tempo passado para remeter
afirmao do pesquisador; h a insero do discurso direto construdo com
uso do tempo presente, h o verbo no passado -afirmou - e, finalmente, o
futuro indicando uma das dificuldades do contato entre os humanos e os ETs.
No ltimo pargrafo, observe o uso do futuro do presente - permitir - e a ao
pontual do pretrito perfeito - apostou. Caso os alunos j conheam os tempos
do pretrito e do presente, temas das aulas anteriores, reforce que o futuro
remete a um tempo por vir e que o futuro do presente indica uma ao certa,
em relao qual no se coloca dvida. Voc pode realizar um quadro na
lousa em que os verbos se dividam em passado, futuro e presente.
Terminada essa construo, volte ao texto e pea aos alunos que reflitam se a
expresso pode encontrar no trecho "A humanidade pode encontrar uma
forma de inteligncia extraterrestre dentro dos prximos 25 anos" e se o
verbo facilitaria, presente no ltimo pargrafo, sugerem ideia de futuro e se
possuem o mesmo valor semntico do verbo vir no ttulo. Eles devem
escrever a reflexo realizada no caderno.
Termine a aula com a correo da atividade. A expresso, no trecho, sugere
uma ao futura, mas essa ao no possui a fora do vir do ttulo; para que
isso ocorra, ela deveria ser substituda pelo verbo "encontrar". Do mesmo
modo, o verbo facilitaria indica uma ao sobre a qual no incide o mesmo
teor de certeza de vir. Diga a eles que esse verbo pertence a outra forma de
futuro, o futuro do pretrito. Finalize a reflexo assinalando o recurso
persuasivo utilizado na construo do ttulo e da notcia. No ttulo, o uso do
presente do indicativo d fora afirmao do pesquisador ao traz-la para o
momento da leitura e o verbo vir coloca como certo o contato com ETs. No
primeiro pargrafo, a fora da manchete desconstruda com o uso da
expresso pode encontrar: esta lana dvida sobre o contato: ele passa de
certeza a uma possibilidade.
Mencione que a notcia est na pgina de Cincias. Isso pode auxiliar na
compreenso do uso do futuro - as pesquisas indicam probabilidades, muitas
vezes tomadas como certezas - e da expresso pode ser, pois as pesquisas
deixam um qu de incerteza no ar.
Avaliao
Reserve uma aula para a atividade avaliativa sobre o contedo. A atividade
deve ser realizada individualmente. Entregue aos alunos o texto abaixo:
Carne do futuro pode ser artificial, diz cientista
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Se voc gosta de carne, corra para uma churrascaria, porque renomados
cientistas acreditam que em 40 anos no haver suculentos bifes para todo
mundo. Muitos tero de comer carne produzida em laboratrio.
A advertncia faz parte de uma srie de 21 artigos cientficos encomendados
pelo governo britnico para projetar a situao alimentar do mundo em 2050.
As concluses: a populao ser de 9 bilhes de pessoas, e o consumo per
capita de alimentos tambm crescer, principalmente nos pases em
desenvolvimento.
Por isso, ser necessrio aumentar muito a produo de alimentos. Haver
competio por terra e por gua, e o preo da comida vai subir. Nos ltimos
anos, a tecnologia ajudou. Tcnicas de plantio, melhora nas sementes e
controle de pragas aumentaram a produtividade.
Na pecuria, estudos genticos, inseminaes artificiais e reduo de
doenas fizeram os animais terem mais peso (30% a mais no caso das vacas
desde 1960) e darem mais leite (30% a mais por vaca no mesmo perodo).
Chegar um momento, porm, em que preconceitos devero ser deixados de
lado. A entra a carne artificial, ou produzida em laboratrio.
"A carne in vitro j se provou factvel e pode ser produzida de uma forma mais
saudvel e higinica que na pecuria atual", disse Philip Thornton, do Instituto
Internacional de Pesquisas em Pecuria de Nairbi, no Qunia.
Estudos sobre carne in vitro comearam h cerca de dez anos. Trata-se de
retirar clulas de um animal vivo e fazer com que se reproduzam at virar
tecido muscular. Em janeiro, europeus criaram carne de porco assim.
Curioso que a discusso surja agora, quando o Reino Unido investiga se a
carne de filhos de uma vaca clonada foi ao mercado sem aviso a autoridades
e consumidores.
Para os cientistas, a necessidade poder obrigar a populao que hoje teme
animais clonados a aceitar a carne produzida em laboratrio.
Disponvel em: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/784128-carne-do-
futuro-pode-ser-artificial-diz-cientista.shtml. Acesso em 18 de ago. 2010.
Proponha as seguintes atividades.
1. A expresso pode ser presente no ttulo est de acordo com as afirmaes
do texto a respeito da alimentao global em 2050? Justifique.
2. Reescreva o ttulo da notcia de modo que ele indique certeza.
3. Realize o resumo da notcia, utilizando pelo menos trs verbos no futuro do
presente. O incio do resumo deve ser o seguinte: Estudo britnico afirma que
a populao do planeta em 2050 ser de 9 milhes de pessoas.
Gramtica com textos: 6 ano - subjuntivo e imperativo
Introduo
Esta a quarta de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de
um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino
Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.
Objetivos
Ampliar o conhecimento sobre os verbos; refletir sobre os modos verbais:
subjuntivo e imperativo.
Contedos
Modos verbais - subjuntivo e imperativo
Tempo estimado
Oito aulas
Ano
6 ano
Desenvolvimento
1 etapa
Coloque no quadro a advertncia presente em publicidades de bebidas
alcolicas: SE BEBER, NO DIRIJA.
Aponte a existncia dos dois verbos que indicam duas aes - beber e dirigir -
e pergunte aos alunos qual a relao que o texto estabelece entre eles. Pea
que a turma pense sobre o significado da advertncia e anote a concluso a
que chegar no caderno. Oua as respostas e faa a sua interferncia. Reforce
o carter de incerteza presente em "se beber", apontando para uma possvel
ao futura no trecho, e o carter de ordem presente no trecho final - no dirija
- associado condio inicial. Mostre classe o papel representado pelo "se":
ele estabelece a ligao entre os dois verbos, sugerindo a ideia de condio.
Discuta a razo do carter sinttico da advertncia: ele visa causar impacto.
Diga aos alunos que os verbos beber e dirigir, no texto, pertencem,
respectivamente, ao subjuntivo e ao imperativo. O primeiro sugere uma
possibilidade, um evento que pode ou no se realizar. O segundo indica uma
ordem. Na advertncia, se o primeiro evento se realizar, ordena-se a no
realizao da segunda ao.
Pergunte classe em que gneros textuais o modo imperativo aparece com
frequncia. Leve para a sala textos de diferentes gneros como notcias,
editoriais, horscopo, boletim meteorolgico, publicidade, receitas, regras de
jogo e v analisando com eles a possvel ocorrncia desse modo verbal em
cada gnero. Solicite que os alunos escolham um desses gneros e produzam
um texto, usando verbos no imperativo.
2 etapa
Inicie o trabalho com a correo da tarefa proposta na aula anterior.
Em seguida, leia o poema de Jos Paulo Paes.
Se essa rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar,
no para automvel matar gente,
mas para criana brincar.
Se esta mata fosse minha,
eu no deixava derrubar.
Se cortarem todas as rvores,
Onde que os pssaros vo morar?
Se este rio fosse meu,
eu no deixava poluir.
Joguem esgotos noutra parte,
que os peixes moram aqui.
Se este mundo fosse meu,
eu fazia tantas mudanas
que ele seria um paraso
de bichos, plantas e crianas.
PAES, Jos Paulo. Poemas Para Brincar. So Paulo: tica, 2002.
Aps a leitura, pergunte aos alunos se j conheciam o poema e se possuem
alguma dvida em relao ao seu contedo. Como provvel que faam
aluso cantiga popular, no perca a oportunidade de dizer a eles que as
produes dos homens no nascem do nada, mas elas dialogam entre si.
Nesse caso, fica evidente que o poeta buscou inspirao na cantiga popular,
de autoria annima. Pea que os alunos identificam, no poema de Paes,
construes no modo subjuntivo e no modo imperativo. Lembre a eles que o
subjuntivo vincula-se, de modo geral, a incertezas, possibilidades, hipteses; e
o imperativo liga-se a ordens, comandos, exortaes, splicas.
D um tempo para que possam pensar, discutir em dupla e anotar os trechos
no caderno. Inicie a releitura do poema. Pea que uma dupla leia uma estrofe
e a analise. Mostre que a hiptese proposta pelo primeiro versa de cada
estrofe (se essa rua fosse minha; se essa mata fosse minha, se esse rio fosse
meu, se esse mundo fosse meu) completa-se na afirmao subsequente (eu
mandava ladrilhar, eu no deixava derrubar, eu no deixava poluir, eu fazia
tantas mudanas). A repetio dessas construes nos versos iniciais de cada
estrofe cria um paralelismo, caracterstica importante na construo potica.
No deixe de assinalar os versos Se cortarem todas as rvores, /Onde
que os pssaros vo morar? Neles, novamente, a ideia proposta pelo
subjuntivo associa-se a outra. Embora as construes no passado
predominem no poema, os dois versos remetem ao futuro.
Para finalizar a aula, assinale que, na advertncia e no poema de Paes,
sugere-se a ideia de condio por meio da partcula "se". Pergunte, ento, aos
alunos se o tempo dos verbos modo subjuntivo nesses dois textos o mesmo.
D um tempo para que respondam a questo. Em Se beber no dirija, h a
dimenso do futuro, a ao no ocorreu, mas pode acontecer a qualquer
momento. No poema de Paes, os dois primeiros versos de cada estrofe
indicam uma suposio anterior ao momento da enunciao. No poema, esto
tambm no passado os verbos associados ao Subjuntivo - mandava, deixava,
fazia.
Veja se conseguiram identificar o uso do imperativo em Joguem esgotos
noutra parte. Chame a ateno da classe para a mudana na pessoa - dirija
(singular) e joguem (plural).
3 etapa
Para essa aula, pea que os alunos tragam para a classe a gramtica usada
pelo grupo. Caso julgue necessrio, escolha tambm trechos de outras
gramticas sobre os modos estudados nesse bloco de aulas. Leia com eles as
abordagens relativas aos modos subjuntivo e imperativo. Faa uma sntese
das caracterizaes realizadas: anote-a no quadro e pea que os alunos a
copiem. Consultem tambm os tempos simples do subjuntivo - presente,
pretrito imperfeito e futuro.
Anote essa diviso e escolha um verbo de cada conjugao para que copiem
as 1a, 2a. e 3a. pessoas do singular e as 1, 2 e 3 pessoas do plural no
caderno nos trs tempos simples do subjuntivo. importante tambm a
observao da constituio dos imperativos afirmativo e negativo. Utilize os
verbos j escolhidos para mostrar o paradigma do modo subjuntivo e realize
um esquema da constituio do imperativo. Mostre aos alunos que, no
imperativo afirmativo, o tue o vs so formados a partir do tu e do vs do
presente do indicativo sem o s final. As demais pessoas so formadas a partir
do presente do subjuntivo. No caso do imperativo negativo, a conjugao de
todas as pessoas a mesma do presente do subjuntivo.
4 etapa
Inicie a aula apresentando aos alunos a crnica Meu ideal seria escrever, de
Rubem Braga. Leia o texto para os alunos.
Meu ideal seria escrever...
Meu ideal seria escrever uma histria to engraada que aquela moa que
est doente naquela casa cinzenta quando lesse minha histria no jornal risse,
risse tanto que chegasse a chorar e dissesse - "ai, meu Deus, que histria
mais engraada!" E ento a contasse para a cozinheira e telefonasse para
duas ou trs amigas para contar a histria; e todos a quem ela contasse
rissem muito e ficassem alegremente espantados de v-la to alegre. Ah, que
minha histria fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo,
em sua vida de moa reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse
admirada ouvindo o prprio riso, e depois repetisse para si prpria - "mas essa
histria mesmo muito engraada!".
Que um casal que estivesse em casa mal humorado, o marido bastante
aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse
casal tambm fosse atingido pela minha histria. O marido a leria e comearia
a rir, o que aumentaria a irritao da mulher. Mas depois que esta, apesar de
sua m-vontade, tomasse conhecimento da histria, ela tambm risse muito, e
ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que
um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e
reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.
Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha histria
chegasse - e to fascinante de graa, to irresistvel, to colorida e to pura
que todos limpassem seu corao com lgrimas de alegria; que o comissrio
do distrito, depois de ler minha histria, mandasse soltar aqueles bbados e
tambm aquelas pobres mulheres colhidas na calada e lhes dissesse - "por
favor, se comportem, que diabo! eu no gosto de prender ningum!" E que
assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus
semelhantes em alegre e espontnea homenagem minha histria.
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil
maneiras, fosse atribuda a um persa, na Nigria, a um australiano, em Dublin,
a um japons em Chicago - mas que em todas as lnguas ela guardasse a sua
frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma
aldeia da China, um chins muito pobre, muito sbio e muito velho dissesse:
"Nunca ouvi uma histria assim to engraada e to boa em toda minha vida;
valeu a pena ter vivido at hoje para ouvi-la; essa histria no pode ter sido
inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a
contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que j
estivesse morto; sim, deve ser uma histria do cu que se filtrou por acaso at
nosso conhecimento; divina".
E quando todos me perguntassem - "mas de onde que voc tirou essa
histria?" - eu responderia que ela no minha, que eu a ouvi por acaso na
rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal
comeara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma histria..."!
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda
minha histria em um s segundo, quando pensei na tristeza daquela moa
doente, que sempre est doente e sempre est de luto e sozinha naquela
pequena casa cinzenta de meu bairro.
BRAGA, Rubem. As Melhores 200 Crnicas Escolhidas de Rubem Braga. Rio
de Janeiro: Record, 1977.
Aps a leitura do texto, verifique se o compreenderam e se possuem alguma
questo sobre ele. Pea que os alunos sublinhem no texto o uso do pretrito
imperfeito do subjuntivo. Releia os trechos em que esse uso ocorre. Diga aos
alunos que, como no caso do poema de Jos Paulo Paes, o uso do subjuntivo
na crnica acompanhado de outra forma verbal, o futuro do pretrito do
modo indicativo.
Explique a eles que essa correlao - pretrito imperfeito do subjuntivo com o
futuro do pretrito do indicativo - tida pelas gramticas mais tradicionais
como a correta. Muitas gramticas no aceitam a combinao realizada no
poema de Paes - pretrito imperfeito do subjuntivo e pretrito imperfeito do
indicativo -, embora na fala do brasileiro ela seja usada com frequncia.
Proponha aos alunos duas atividades.
1) A reescrita do primeiro e do terceiro pargrafos da crnica de Rubem
Braga, alterando o futuro do pretrito do indicativo pelo presente do mesmo
modo e o imperfeito do subjuntivo pelo presente do subjuntivo. Inicie a
construo e pea que a continuem.
Exemplo
Texto original
Meu ideal seria escrever uma histria to engraada que aquela moa que
est doente naquela casa cinzenta quando lesse minha histria no jornal risse,
risse tanto que chegasse a chorar e dissesse...
Texto alterado
Meu ideal escrever uma histria to engraada que aquela moa que est
doente naquela casa cinzenta ao ler minha histria no jornal ria, ria tanto que
chegue a chorar e diga ...
2) Aps a reescrita desses dois pargrafos, os alunos devem escrever um
terceiro pargrafo em que deem continuidade crnica, expondo qual o seu
ideal. O pargrafo pode comear assim:
Meu ideal escrever uma histria que ...
Os alunos podem comear as atividades em classe e termin-las em casa.
5 etapa
Reserve uma etapa correo da tarefa e leitura do pargrafo construdo
pelos alunos. Diga aos alunos que nas duas aulas seguintes vocs analisaro
o modo imperativo.
6 etapa
Escolha um folheto de ampla divulgao. Um exemplo este, explicando os
modos de evitar a propagao da dengue.
Antes de iniciar a leitura do folheto, pergunte aos alunos se sabem qual a
finalidade dos textos presentes nesse suporte. Oua as respostas. Caso no
tenham conseguido explicit-la, diga a eles que o folheto procura instruir a
populao a respeito de um determinado fato. O folheto busca atingir
camadas variadas da populao, usa linguagem clara e direta e recursos
verbais e no verbais. Leia as instrues presentes no folheto.
Solicite aos alunos que leiam novamente o folheto e copiem no caderno os
verbos que esto no modo imperativo. Ao copiar o verbo, pea que escrevam
a forma do infinitivo correspondente a ele.
Pea que expliquem o motivo do uso do imperativo em folhetos como esse.
Pergunte aos alunos qual pessoa do discurso o panfleto utiliza. Temos duas
possibilidades: o tu e o voc. O que nos permite identificar qual delas usada
a desinncia verbal associada a marcas como pronomes pessoais ou
possessivos. No folheto, as desinncias verbais indicam o uso da terceira
pessoa - voc - o que reforado pelo uso do se que nesse caso funciona
como pronome.
O "tu" no Brasil, explicite, um pronome pouco utilizado. Seu uso limita-se a
localidades das regies Sul e Nordeste. Ele foi substitudo pelo senhor(a), pelo
voc. Como o folheto possui divulgao nacional e quer atingir de modo direto
e claro a populao, a forma utilizada - voc - parece mais satisfatria.
7 etapa
O texto abaixo faz parte do folheto da Pinacoteca do Estado de So Paulo.
Leve-o para os alunos. Explique a eles o significado da palavra "pinacoteca" e
afirme a importncia do museu que possui obras representativas de vrios
artistas brasileiros. Dois exemplos so as obras Caipira Picando Fumo de
Almeida Junior e Mestio de Portinari. Caso voc possua acesso ao folheto,
leve-o para a classe e mostre-o aos alunos. Caso no possua, o texto pode
ser colocado no quadro. Antes de apresentar o texto que ser discutido,
pergunte aos alunos qual a possvel finalidade do folheto de um museu. Oua-
os.
Leia o texto do folheto. Veja se a hiptese que tinham sobre a finalidade dele
comprovou-se ou no. Observe que, nesse caso, estabelecem-se as regras
de comportamento no interior desse espao e oferece-se uma justificativa
para elas. O estabelecimento das regras ocorreu, no caso desse prospecto,
pelo advrbio de negao - no - acompanhado do infinitivo. O infinitivo no
flexionado coloca uma ordem que vlida para qualquer pessoa e tal como
usado assume caractersticas do imperativo.
Proponha aos alunos que reescrevam as ordens do folheto, substituindo o
infinitivo pela forma correspondente do verbo no imperativo. Antes do incio da
realizao do exerccio, analise com eles a pessoa que devero escolher -
segunda ou terceira do singular. O uso do infinitivo possui como intuito apagar
a pessoa do discurso para quem as ordens so dadas, mas pergunte aos
alunos se em algum momento do texto h indcios da pessoa utilizada. Pea
que releiam o texto e observem se encontram alguma marca dessa pessoa.
Pea que discutam com um colega. Analise o texto anterior s regras. Nele
encontra-se o pronome sua: esse remete terceira pessoa do singular. Pea
ento que reescrevam o texto usando os verbos adequados. Durante a
execuo do trabalho, interessante que tenham o caderno e a gramtica
disponveis para consulta e resoluo de eventuais dvidas a respeito da
conjugao verbal. Faa a correo da atividade.
Como atividade para casa, solicite que pesquisem em revistas ou jornais a
presena do modo imperativo em propagandas direcionadas ao pblico
infantil. Pea que copiem no caderno trs frases em que esse uso ocorra.
Pea tambm que elaborem uma pequena explicao para esse uso.
Avaliao
Proponha aos alunos que em trios elaborem um folheto explicitando o
comportamento a ser adotado pelos usurios no interior da biblioteca da
escola ou do municpio. A redao das regras deve utilizar o modo imperativo
na terceira pessoa do singular - voc.