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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
DISCIPLINA: SEMINÁRIOS APLICADOS
GRANULOMETRIA DO MILHO NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE
Weder de Lima Vieira
Orientador: Emmanuel Arnhold
Goiânia 2011
ii
WEDER DE LIMA VIEIRA
GRANULOMETRIA DO MILHO NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE
Seminário apresentado junto à Disciplina de Seminários Aplicados do Programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás. Nível: Mestrado
Área de Concentração: Produção Animal
Linha de Pesquisa: Metabolismo nutricional, alimentação e forragicultura na produção animal
Orientador: Orientador: Prof. Dr. Emmanuel Arnhold Comitê de Orientação Prof. Dr. José Henrique Stringhini Prof. Dra. Heloisa H. C. Mello
Goiânia 2011
iii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 3
2.1 GRANULOMETRIA ...................................................................................... 3
2.2 IMPORTÂCIA DA GRANULOMETRIA DA RAÇÃO ..................................... 7
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 14
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 15
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Exemplo do cálculo para obtenção do MF, IU e DGM das partículas
da amostra ...................................................................................................................... 7
Tabela 2 – Resultados de autores que estudaram granulometrias variadas de
rações .............................................................................................................................. 8
Tabela 3 – Rendimento de carcaça em relação ao peso vivo ............................... 9
Tabela 4 – Ganho de peso (g) de acordo com o tratamento e período .............. 11
Tabela 5 – Efeito da granulometria no consumo de ração (CR), ganho de peso
(GP), conversão alimentar (CA) e peso da moela (PM) dos frangos de corte .. 12
1 INTRODUÇÃO
A avicultura tem se consolidado como atividade muito importante no
país, principalmente no estado de Goiás, onde se encontram instaladas
grandes empresas do setor, o que vem a colaborar com geração de empregos
e renda.
Juntamente com uma grande produção, a indústria avícola tem sido de
elevada significância no campo da produção animal. Entre os vários fatores
que contribuem para que isto aconteça, a nutrição tem um importante papel,
com intensas pesquisas em busca do melhor aproveitamento dos nutrientes da
dieta (RODRIGUES, et al., 2003).
Relacionado a nutrição, LEANDRO et al. (2003) citaram que a
alimentação constitui um dos fatores de maior relevância na exploração
avícola, pois uma dieta adequada pode promover melhoria tanto na
produtividade quanto no rendimento de carcaça.
Com relação ao milho, que é terceiro cereal mais cultivado no mundo,
atrás apenas do trigo e arroz, chegando a fazer parte de uma centena de
produtos como insumo de acordo com BENEDETTI (2009), tem papel muito
importante neste contexto segundo este mesmo autor.
Observando as propriedades nutricionais dos alimentos, alguns
nutricionistas acreditam que quanto menores fossem as partículas fornecidas
as aves melhor seria a digestibilidade do alimento, aumentando a superfície de
contato do alimento com os sucos digestivos de acordo com FLEMING et al
(2002). Mas informações indicam que, no entanto, particularidades que existem
em mamíferos, em especial os suínos, pouco ou nada tem haver com o que
ocorre nas aves, como evidenciou RUTZ et al. (1999), com relação a sentidos
como paladar, olfato e digestibilidade, que influenciam no consumo de
alimentos e utilização pelo animal.
Milho com diferentes granulometrias podem ser fornecidos a aves sem
afetar seus índices zootécnicos como verificado por GEWEHR et al. (2010).
Estes mesmos autores constataram que a granulometria dos ingredientes
adicionados as rações são de interesse dos nutricionistas de várias espécies
animais, por influenciarem sobre o desempenho do aproveitamento desse
alimento.
2
O grão de milho possui estruturas bem definidas, que determinam sua
composição nutricional, estruturas estas que são na sua parte interna o
endosperma, constituído de amido e proteína, e o gérmen, composto por
proteínas e lipídios (BRITO et al., 2005). Através dessas estruturas é que são
fornecidos os nutrientes para os animais que consomem este alimento.
A utilização de pequenas partículas tem suas vantagens segundo
GODOY (2009), e a mesma autora cita que existem outros benefícios além da
maior exposição do alimento às enzimas digestivas, entre eles estão o melhor
manuseio da ração e a melhor mistura dos ingredientes.
Objetivou-se estudar o efeito da granulometria do milho na alimentação
de frangos de corte levando em consideração os aspectos produtivos das aves
e o desenvolvimento de parte do trato digestivo das aves.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
Os nutricionistas de animais têm se empenhado cada vez mais para
fornecer alimento de qualidade, devido a crescente exigência advinda don
rápido crescimento das aves atuais (PUCCI et al, 2010b)
O milho em condições normais contribui com 60 a 70% na composição
das rações e com 40% aproximadamente do custo da mesma segundo (BRUM
et al., 1998; ZANOTTO et al., 1996; e ZANOTTO & BELLAVER, 1996). Esses
mesmos autores acreditam que uma das formas de se obter o melhor
aproveitamento do alimento e menor gasto de energia elétrica é através da
granulometria do milho e de outros alimentos.
Segundo LEANDRO et al. (2001) a economia de energia elétricagasta
com a moagem do milho e a melhoria no rendimento da moagem, resultam na
diminuição do custo de produção e conseqüentemente aumento da
lucratividade da atividade avícola.
2.1 GRANULOMETRIA
Granulometria é o método de análise que tem como finalidade classificar
as partículas de uma amostra pelos tamanhos apresentados, e medir as
frações correspondentes a cada tamanho (BENEDETTI, 2009).
Uma forma de controlar a granulometria dos alimentos é através da
utilização de moinhos, no entanto segundo POZZA et al. (2005), existem
variações da granulometria, o que pode ser por muitos motivos relacionados a
mecânica dos moinhos.
O assunto granulometria merece atenção por parte de produtores e
nutricionistas em relação a nutrição de aves, e faz-se necessário em criações
que produzam a própria ração. Segundo LEANDRO et al. (2001) é necessário
que se encontre a granulometria que maximiza a utilização dos nutrientes pelas
aves criadas nos dias de hoje, facilitando a conversão e diminuindo custos.
A granulometria é importante na nutrição e consumo alimentar segundo
RIBEIRO et al. (2002), por estar diretamente relacionada com a redução de
custos e de acordo com ZANOTTO & BELLAVER (1996) ela resulta em
melhora no desempenho animal de acordo com a granulometria utilizada.
4
Reduzir o tamanho das partículas dos grãos utilizados na alimentação
animal envolve o rompimento do tegumento externo e a fratura do endosperma
(AMERAH et al., 2007). Já que as aves não possuem enzimas endógenas
capazes de hidrolizar e digerir os componentes da parede celular, que forma
uma barreira física como citado por JIA & SLOMINSKI (2010).
De acordo com POZZA et al. (2005) a moagem começa com a retirada
das camadas externas, e esta moagem ou redução pode melhorar o processo
de fabricação da ração. Esse processamento de alimentos visa melhorar o
desempenho das aves em absorver os nutrientes da alimentação segundo
PUCCI et al. (2010a). Através do processamento dos alimentos, é pretendido
assegurar o aumento da superfície de contato com os alimentos tendo em vista
uma melhor absorção dos nutrientes (FREITAS et al.,2002).
Alimentos diferentes passados em uma mesma peneira de um moinho
para moagem podem ter distribuição de tamanho de partículas diferentes
segundo AMERAH et al. (2008)
O tamanho da partícula é importante no segmento da nutrição e
alimentação animal segundo FREITAS et al. (2002). Mas PARSONS et al.
(2006) citam que ainda existem resultados conflitantes em relação ao tamanho
de grão ótimo, mas concorda que o conhecimento do tamanho do grão triturado
deve ser conhecido para um melhor desenvolvimento de estratégias de
alimentação para otimizar o desenvolvimento das aves.
POZZA et al. (2005) cita que os furos das peneiras dos moinhos são
insuficientes para determinar a granulometria de produtos moídos.
A granulometria é o processo utilizado para caracterizar o tamanho de
partículas (ZANOTTO & BELLAVER, 1996). Ainda segundo esses autores as
partículas são divididas em partículas grossas (maior que 2mm), partículas
médias (entre 0,60 a 2mm) e partículas finas (menor que 0,60mm). Os mesmos
autores conceituam alguns termos utilizados como:
Módulo de finura (MF) é representado por um índice que pode assumir
qualquer valor compreendido entre zero e seis e correlaciona-se positivamente
com o aumento do tamanho das partículas do ingrediente;
Índice de uniformidade (IU) indica a proporção relativa entre partículas
grossas, médias e finas.
5
Diâmetro Geométrico Médio (DGM) representa o diâmetro geométrico
médio das partículas do ingrediente moído, e possibilita correlacionar a
granulometria do ingrediente à digestibilidade dos nutrientes, a resposta animal
e ao rendimento de moagem.
O processo de determinação é descrito por ZANOTTO & BELLAVER
(1996), para isso são necessários os seguintes equipamentos e materiais
relacionados ou similares.
1. Equipamento vibrador de peneiras
2. Conjunto de peneiras ABNT, números: 5, 10, 16, 30, 50, 100 e
fundo, CT correspondendo às seguintes aberturas de malhas: 4;
2; 1,20; 0,60; 0,30; 0,15 e 0mm, respectivamente;
3. Balança de precisão de 0,1g;
4. Estufa para 105ºC;
5. Ar comprimido ou pincéis para limpeza das peneiras;
6. Bandeja com capacidade de 1Kg.
No moinho, a amostragem dos ingredientes para determinação da
granulometria seguirá os seguintes passos:
1. Após a moagem, retirar sub-amostras de vários pontos do lote moído,
de modo a construir um amostra de aproximadamente 1 Kg do ingrediente. É
importante evitar a tomada de sub-amostras em pontos nos quais observa-se
visualmente segregação de partículas.
2. Embalar a amostra em saco plástico devidamente identificado e
enviar ao laboratório.
No laboratório o procedimento será:
1. Homogeneizar a amostra na própria embalagem ou em saco maior;
2. Tomar uma amostra de aproximadamente 0,5 Kg e colocá-la em
bandeja de secagem;
3. Secar a amostra em estufa à temperatura de 105ºC por 24 horas (se
o teor de umidade do ingrediente for superior a 13%, recomenda-se um maior
tempo de secagem). A não realização da secagem implicará na aderência de
partículas finas nas malhas das peneiras obstruindo a passagem de outras
partículas;
4. Retirar a bandeja da estufa e deixar que a temperatura da amostra
equilibre-se com a do ambiente (aproximadamente 2 horas);
6
5. Pesar individualmente as peneiras e anotar os pesos (Pi1);
6. Montar o conjunto de peneiras sobre o equipamento vibrador,
sobrepondo-as em ordem crescente de abertura das malhas;
7. Pesar em duplicata aproximadamente 200g da amostra (P) e transferir
para o topo do conjunto de peneiras;
8. Colocar a tampa e prender firmemente o conjunto de peneiras ao
equipamento vibrador;
9. Ajustar o reostato do equipamento na posição 8 e realizar o
peneiramento por um período de 10 minutos;
10. Pesar individualmente as peneiras com as respectivas frações
retidas, e anotar o peso (Pi2). Limpar as peneiras para próxima análise
utilizando pincéis ou ar comprimido.
11. Calcular o peso da fração do ingrediente retido em cada peneira
(PRi):
PRi = (Pi2 - Pi1)
Onde:
PRi = peso retido na peneira i;
Pi2 = peso da peneira i, mais a fração retida;
Pi1 = peso da peneira i;
12. Calcular a percentagem do ingrediente retido em cada peneira (%R):
%R = (PRi x 100)/P
Onde:
%R = percentagem retida em cada peneira;
P = peso da amostra.
A %R é multiplicada por fatores convencionados e constantes que
decrescem de seis a zero com o decréscimo dos furos as peneiras, conforme
exemplo.
Para determinar o IU como podemos verificar na Tabela -1, somam-se
os valores de %R das peneiras grossas (2,5+9,5)/10=1,2; médias
(20+38)/10=5,8 e finas (18,5+11,5+0)/10=3,0. Esses valores correspondem a
12%, 58% e 30% de partículas grossas, médias e finas, respectivamente.
7
Tabela 1 – Exemplo do cálculo para obtenção do MF, IU e DGM das
partículas da amostra:
ABNT (Nº) Furos (mm) (PRi), g (%R) Ki Ki . %R
5 4 5 2,5 6 15,0
10 2 19 9,5 5 47,5
16 1,2 40 20,0 4 80,0
30 0,6 76 38,0 3 114,0
50 0,3 37 18,5 2 37,0
100 0,15 23 11,5 1 11,5
Fundo 0 0 0 0 0
Total - 200 100 - 305,0
Fonte: ZANOTTO E BELLAVER (1996)
MF é dado pelo cálculo do produto total obtido (305) dividido pelo total
retido (100):
MF = 305,0/100 = 3,05
DGM é calculado pela equação de HANDERSON & PERRY (1955)
citados por ZANOTTO E BELLAVER (1996), e adaptada para expressar o
resultado em mm:
DGM (mm) = 104,14 x 2MF
Para o exemplo em questão ficará assim descrito:
DGM (mm) = 104,14 x 23,05 = 862 mm
2.2 IMPORTÂNCIA DA GRANULOMETRIA DA RAÇÃO
Vários autores vem estudando a granulometria dos alimentos para
chegarem a uma granulometria ideal que possa levar o animal ao máximo
aproveitamento do alimento, absorvendo os nutrientes necessários.
BELLAVER & NONES (2000) concluem que o valor energético do milho
juntamente com o desempenho de frangos de corte, não são influenciados nas
variações de tamanho de partícula de 0,506 a 1,050mm. Os autores relatam
que o uso do milho em partículas maiores não altera o desempenho das aves,
sendo portanto indicado em rações fareladas, por diminuir o custo de produção
das rações devido ao menor gasto com energia elétrica.
8
Uma granulometria grosseira de milho pode provocar o aumento da
mortalidade em pintos na sua primeira semana de vida como afirmou
LEANDRO et al. (2001).
O processamento do milho até a granulometria de 1,000 mm que
corresponde a peneira de 10 mm, como feito por ZANOTTO et al. (1996), não
diminuiu o valor energético do milho deixando-o em 3.190 Kcal/Kg de milho.
O desempenho e consumo do alimento de frangos de corte são
influenciados devido a capacidade de selecionar o alimento variando de acordo
com a idade do animal (LÓPEZ & BAIÃO, 2004).
Vários autores estudaram granulometria na ração de frangos de corte
como mostrado na TABELA 2.
Tabela 2 – Resultados de autores que estudaram granulometrias variadas de
rações
Autor Partículas de alimento em mm
PORTELLA et al. (1988) Partículas maiores que 1,18 e
menores que 2,36 mm são
interessantes para o animal.
LOTT et al. (1992) Partículas de 1,196mm podem
prejudicar.
NIR et al. (1992) Preferência de pintos por
partículas de 0,7 a 0,9 mm.
DAETON et al. (1995) Não houve diferença em
desempenho com rações de
0,679; 0,987 e 1,289 mm.
Adaptado de LÓPEZ & BAIÂO (2004)
Na Tabela - 3 verifica-se o rendimento de carcaça de animais
alimentados com duas granulometrias média e grossas, com três tipos de
processamento, onde verificou-se diferença no rendimento de carcaça em
relação a granulometria da ração somente na ração granulada, mostrando que
em rações fareladas não há diferença entre partículas médias e grossas, sendo
que a peneira grossa era de 4,76 mm e a média de 3,18 mm. Concluindo assim
que para rações fareladas a granulometria ideal é a grossa, e rações
9
granuladas ou expandidas pode-se usar granulometria média e grossa
respectivamente. LÓPEZ & BAIÃO (2002) chegaram ao mesmo resultado.
Tabela 3 – Rendimento de carcaça em relação ao peso vivo
Forma física
Granulometria
CV% Média Grossa
Farelada 81,52ª 81,90ª
Granulada 82,62ª 80,34b 1,72
Expandida 81,44ª 80,64ª
Médias com letras diferentes, nas linhas, diferem entre si pelo teste SNK ao nível de 5% de
significância. Adaptado de LÓPEZ & BAIÃO (2004)
O consumo de alimento pode ser alterado pela granulometria em frangos
de corte, e esse consumo também está ligado a capacidade que a ave tem de
selecionar os alimentos a serem consumidos (LOPES & BAIÃO, 2002). Esses
autores relatam ainda que esta seleção não está relacionada a composição
química do alimento. Em experimento os mesmos autores verificaram que
processo de granulação superou o efeito negativo do tamanho menor de
partícula.
A utilização de cereais com tamanhos maiores pode influenciar e
melhorar a saúde das aves, isso pode ser ocasionado pelo aumento do
tamanho da moela segundo JACOBS et al. (2010). Estes mesmos autores
informam que a moela é um importante regulador da motilidade intestinal e de
secreção enzimática. A explicação desses autores para que a moela alterasse
o desenvolvimento é que com partículas em tamanhos maiores, a passagem é
retardada, resultando em mais fluxo do conteúdo intestinal e o aumento do
tempo de exposição dos nutrientes às enzimas digestivas, que por sua vez,
pode melhorar a energia e utilização dos nutrientes, pela maior superfície de
contato do alimento.
Além disso JACOBS et al. (2010) verificaram que o aumento do tamanho
das partículas pode também influenciar na microbiota intestinal, com o aumento
da retenção do alimento na moela, e conseqüentemente com a maior liberação
de HCl pode inativar alguma bactéria advinda do exterior com a redução do pH.
Por isso os autores indicam uma granulometria para aves de 21 dias sem
10
comprometer o desempenho de crescimento e digestibilidade dos nutrientes de
1,387 mm, mas para pintos em seus primeiros dias de vida devem ser menores
que essa granulometria.
BRUM et al. (1998) inferiram que com granulometria grossa pode haver
um desequilíbrio nutricional pela seleção de partículas. Os mesmos autores
recomendam o uso de milho com 1,000 mm (0,850 a 1,050 mm), propiciando
menor consumo de energia elétrica e melhor aproveitamento de nutrientes
pelos animais em rações fareladas ou trituradas.
Como verificado pelos autores anteriores PARSONS et al. (2006)
também inferiu que existem resultados ainda conflitantes em relação ao
tamanho da partícula, mas verificaram também que com milho com
granulometria mais grossa a 2,242 mm houve um maior desenvolvimento da
moela. Esses mesmos autores observaram que nutrientes de milho mais
grosso podem ter sido absorvidos em maior quantidade, por que as partículas
foram sido retidas por mais tempo. Por isso eles indicam que para benefícios
digestivos com 1,042 a 2,242 mm.
Segundo TORRES et al. (2011) aves seletivamente procuram partículas
de ração com DGM maior, e sugerem que a aparência do alimento pelo
tamanho maior, é a causa da partícula ser consumida com maior freqüência,
tendo relação com composição química do alimento.
Do ponto de vista morfológico, o comportamento alimentar das aves é
influenciado pela textura do alimento, pois possuem estímulos ao contato com
o alimento semelhante ao paladar e olfato dos mamíferos segundo RIBEIRO et
al. (2002) e PEREIRA et al. (2009). Essa função é desenvolvida por
mecanorreceptores localizados no bico (RUTZ et al., 1999; RIBEIRO et al.,
2002; PEREIRA et al., 2009).
A alimentação moderna do frango de corte rica em energia e pobre em
fibras não estimula o desenvolvimento da moela (FREITAS et al., 2002). Ainda
segundo esses autores isso resulta em rápida passagem das partículas para o
duodeno, e ainda comentam que o milho inteiro em pesquisa aumentou as
medidas da moela de frangos de corte isso por que o mesmo exigiu um maior
trabalho para fragmentação do cereal.
FREITAS et al. (2002) recomendam ainda que pode ser fornecido grão
inteiro ou parcialmente triturado em rações de frangos de corte a partir dos 21
11
dias de idade, os dados de ganho de peso em relação a granulometria de milho
se apresenta estão na Tabela 4.
Segundo GODOY (2009) se o produtor fornecer o grão inteiro ou
grossamente moído, isso irá repercutir positivamente na economia dos custos
com mão de obra e energia elétrica.
Tabela 4 – Ganho de peso (g) de acordo com o tratamento e período
Tratamento Período (dias)
22-28 29-35 36-42 22-42
Milho Moído Fino 384ª 418c 486b 1.288
Milho Moído Grosso 413ª 443b 493b 1.349
Milho Inteiro 306b 485ª 590ª 1.381
CV(%) 13,44 9,39 10,63 6,67
Médias seguidas de letras distintas, na coluna, diferem significativamente pelo teste
de Tukey com 5% de significância
Fonte: FREITAS et al. (2002)
Maior desenvolvimento da musculatura lisa longitudinal da moela é uma
da vantagens observadas por RIBEIRO et al. (2002), isso é observado pelo
trabalho mecânico para triturar os alimentos. De acordo com os mesmos
autores nos frangos a moela é constituída de dois pares de músculos,
denominados músculos intermediários e laterais. Por isso, com o aumento da
atividade mecânica, ocorre hipertrofia muscular para maior atividade da moela.
Isso segundo esses autores permite respostas rápidas na contração da moela
no momento do fluxo (moela-duodeno) e do fluxo (duodeno-moela) do bolo
alimentar. Ainda verificaram que se situa em 0,817 mm a granulometria do
milho para ganho de peso, e a melhor granulometria presente na pesquisa foi
de 0,868 mm.
Na Tabela 5 RIBEIRO et al. (2002) apresentaram dados de consumo de
ração que foi melhor em maiores granulometrias. O ganho de peso foi melhor
entre 0,778 a 0,868mm, assim como a conversão alimentar e peso médio da
moela.
12
Tabela 5 – Efeito da granulometria no consumo de ração (CR), ganho de peso
(GP), conversão alimentar (CA) e peso da moela (PM) dos frangos de corte
Granulometrias do milho (mm) CR(g) GP(g) CA PM (g)
0,333 3119b 1413b 2210ª 26d
0,574 3167ab 1510ab 2100ab 36bc
0,680 3179ab 1543ab 2107ab 35c
0,778 3302ª 1569ª 2106b 41ab
0,868 3212ª 1641ª 2018b 42ª
0,936 3227ab 1566ab 2061b 43ª
Probabilidade 0,014 0,0005 0,005 0,0001
C.V. (%) 3,2 4,9 3,7 12,8
Médias seguidas de letras distintas, na coluna, diferem entre si ao nível de 5% de significância pelo teste
de Tukey adaptado de RIBEIRO et al. (2002)
Uma vez que o grão de maior DGM preserva o desempenho das aves,
morfologia do aparelho digestivo e de órgãos, além do rendimento de carcaça,
deve-se preferir milhos com granulometrias maiores (BENEDETTI, 2009),
resultando assim em um menor consumo de energia elétrica para moagem dos
alimentos.
O DPG (Desvio Padrão Geométrico) também muito importante por
informar a variação do tamanho das partículas, complementando a análise do
tamanho das partículas de um alimento, mostrando assim a uniformidade ou
não do mesmo (BELLAVER & NONES, 2000).
AMERAH et al. (2008) inferiram que partículas maiores diminuíram o
consumo de ração, e ainda melhorou o ganho de peso com a granulometria de
0,870mm.
Melhor motilidade intestinal segundo AMERAH et al. (2007) está ligada à
moela bem desenvolvida, reduzindo o risco de coccidiose e outras doenças
entéricas, por diminuir a carga de microorganismos advindos do meio externo
através da diminuição do pH da moela.
FLEMMING et al. (2002) dizem que partículas grossas podem aumentar
a permeabilidade na digesta das enzimas digestivas e melhorar a eficiência
digestiva.
13
Além de melhorar o aproveitamento do alimento, o aumento do tamanho
da partícula pode reduzir em até 27% o gasto com energia elétrica, segundo
GEWEHR et al (2010) e AMERAH et al. (2007).
FLEMMING et al. (2002) estudando rações com partículas menores que
0,400 mm de DGM, verificaram que essas pequenas partículas podem levar as
aves a problemas respiratórios, por aspirar partículas muito finas. Além disso
esses mesmos autores puderam observar em pesquisa que tratamento com
granulometria mais grossas gastou 73,75% menos de gastos com energia, o
que representou até 2,78% de retorno ao produtor.
O aumento de partículas de 0,515 para 0,905 mm de DGM aumentou o
rendimento da moagem em 166%, e reduziu em 62% no consumo de energia,
ZANOTTO et al. (2006).
E em relação ao comportamento das aves, elas podem também através
de avaliação visual e tátil de partículas maiores de alimento, permitir um
comportamento alimentar de ingestão com consumo deste alimento,
aumentando o consumo de alimentos de partículas maiores segundo RUTZ et
al (1999).
14
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Frangos de corte alimentados com milho moído de Diâmetro Geométrico
Médio considerado grosso geralmente não tiveram seu desempenho afetado
negativamente.
Partículas de Diâmetro Geométrico Médio grosso proporcionam melhor
resultado na maioria dos trabalhos, pois não alteram o desenvolvimento de
frangos de corte como ainda diminuem o gasto com energia elétrica.
A granulometria média a grossa proporciona uma melhor saúde
intestinal das aves.
O Diâmetro Geométrico Médio considerado fino além de consumir mais
energia elétrica para seu processamento pode resultar em problemas
respiratórios nos frangos de corte.
Somente por si o Diâmetro Geométrico Médio não é fator decisivo na
qualidade das rações, deve-se associar o mesmo ao Desvio Padrão
Geométrico das partículas.
A partícula mais grossa resultou em um desenvolvimento maior da
moela de frangos de corte.
O menor consumo de energia elétrica advindo do resultado da moagem
do milho em partículas mais grossas aumenta a rentabilidade e ajuda a
economizar recursos naturais, melhorando assim a sustentabilidade da
atividade de frangos de corte.
Grãos de milho podem ser fornecidos inteiros com suplementação
protéica sem prejuízo ao desenvolvimento de frangos de corte alternativo.
15
REFERÊNCIAS
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feed particle size and feed form on the performance, energy utilization,
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AMERAH, A. M.; RAVINDRAN, V.; LENTLE, R. G.; THOMAS, D. G. Influence
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BELLAVER, C.; NONES, K. A importância da granulometria, da mistura e da
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Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, Botucatu. 2009.
BRITO, A. B.; STRINGHINI, J. H.; CRUZ, C.P.; XAVIER, S. A. G.; SILVA, L. A.
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