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11.2 Verificação e retificação do teodolito O operador de teodolitos deve periodicamente, notadamente antes de uma jornada de campo, verificar as condições de retificação do teodolito, para se assegurar da correção esperada das medidas. Entende-se, por verificar um instrumento, a comprovação de que seu funcionamento está correto; por correção ou retificação, as operações necessárias para que todas as partes do instrumento ocupem suas posições devidas. Segundo CUNHA [1983], sem essa providência, os resultados estarão comprometidos e nenhuma segurança poder-se-á ter quanto à qualidade do levantamento. As principais causas de desretificação dos instrumentos de medida são: choques, trepidação durante o transporte e quedas. Segundo VALDÉS [1982], qualquer teodolito deve cumprir algumas condições prévias além das citadas anteriormente, a saber: invariabilidade do eixo de colimação ao enfocar diferentes distâncias, perfeita graduação dos limbos e {inexistência de erros de posicionamento dos índices (excentricidade)}.  Apresentam-se, na seqüência, sucintamente, as operações de verificação e retificação de teodolitos. A) Verticalidade do eixo principal 1) Verificação: esta condição é verificada quando o prato do limbo horizontal, após a calagem [Calagem - é um conjunto de operações necessárias para que as bolhas dos níveis mantenham-se niveladas. O mesmo termo, é também utilizado para designar as operações de orientação da luneta (ver Capítulo 5)], permanece na horizontal. Realiza-se esta verificação atuando-se nos parafusos calantes. Posiciona-se um dos níveis do prato paralelamente a dois parafusos calantes, que são acionados de modo a obter-se o nivelamento do aparelho segundo a direção deste nível. Com o terceiro parafuso calante, cala-se o segundo nível. Nestas condições o aparelho resulta nivelado na direção deste nível, isto é, ortogonal ao primeiro nível. Na seqüência, dá-se um giro no teodolito em torno do eixo principal de 1800: estando o aparelho retificado, nenhuma alteração na posição da bolha será observada; caso ocorra algum deslocamento sensível, deve-se proceder à retificação. 2) Retificação: avalia-se o deslocamento da bolha e corrige-se a metade do valor deslocado, atuando no parafuso de retificação localizado na extremidade do nível. Atua- se neste parafuso com ferramenta adequada, movendo-o para levantar ou abaixar a sua extremidade. Este movimento é transferido ao suporte do nível deslocando a bolha no sentido desejado. Caso haja necessidade, deve-se repetir a operação para o outro nível. B) Horizontalidade do eixo ótico

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  • 11.2 Verificao e retificao do teodolito O operador de teodolitos deve periodicamente, notadamente antes de uma jornada de campo, verificar as condies de retificao do teodolito, para se assegurar da correo esperada das medidas. Entende-se, por verificar um instrumento, a comprovao de que seu funcionamento est correto; por correo ou retificao, as operaes necessrias para que todas as partes do instrumento ocupem suas posies devidas. Segundo CUNHA [1983], sem essa providncia, os resultados estaro comprometidos e nenhuma segurana poder-se- ter quanto qualidade do levantamento. As principais causas de desretificao dos instrumentos de medida so: choques, trepidao durante o transporte e quedas. Segundo VALDS [1982], qualquer teodolito deve cumprir algumas condies prvias alm das citadas anteriormente, a saber: invariabilidade do eixo de colimao ao enfocar diferentes distncias, perfeita graduao dos limbos e {inexistncia de erros de posicionamento dos ndices (excentricidade)}. Apresentam-se, na seqncia, sucintamente, as operaes de verificao e retificao de teodolitos. A) Verticalidade do eixo principal 1) Verificao: esta condio verificada quando o prato do limbo horizontal, aps a calagem [Calagem - um conjunto de operaes necessrias para que as bolhas dos nveis mantenham-se niveladas. O mesmo termo, tambm utilizado para designar as operaes de orientao da luneta (ver Captulo 5)], permanece na horizontal. Realiza-se esta verificao atuando-se nos parafusos calantes. Posiciona-se um dos nveis do prato paralelamente a dois parafusos calantes, que so acionados de modo a obter-se o nivelamento do aparelho segundo a direo deste nvel. Com o terceiro parafuso calante, cala-se o segundo nvel. Nestas condies o aparelho resulta nivelado na direo deste nvel, isto , ortogonal ao primeiro nvel. Na seqncia, d-se um giro no teodolito em torno do eixo principal de 1800: estando o aparelho retificado, nenhuma alterao na posio da bolha ser observada; caso ocorra algum deslocamento sensvel, deve-se proceder retificao. 2) Retificao: avalia-se o deslocamento da bolha e corrige-se a metade do valor deslocado, atuando no parafuso de retificao localizado na extremidade do nvel. Atua-se neste parafuso com ferramenta adequada, movendo-o para levantar ou abaixar a sua extremidade. Este movimento transferido ao suporte do nvel deslocando a bolha no sentido desejado. Caso haja necessidade, deve-se repetir a operao para o outro nvel. B) Horizontalidade do eixo tico

  • 1) Verificao: esta condio de particular importncia na medio de ngulos verticais. Visa assegurar que, estando o nvel da luneta ajustado a zero, isto , calado, o eixo tico (de colimao) estar na horizontal. Posiciona-se uma rgua graduada (mira) na vertical, distante aproximadamente 50 m do aparelho. Visa-se a rgua com a luneta em posio direta (PD), estando o nvel da luneta calado. Efetua-se a leitura sobre a mira com o fio nivelador (fio mdio do retculo), obtendo-se o valor LM1. Inverte-se a luneta e, em posio inversa (PI), registra-se a leitura LM2. Os valores de LM1 e LM2 devem ser iguais. Havendo discrepncia entre os dois valores, deve-se proceder a retificao. 2) Retificao: o erro verificado corresponde soma dos erros individuais (iguais entre si) na primeira e na segunda leitura da mira. Desta forma o valor correto da leitura a mdia aritmtica das leituras LM1 e LM2. Reaponta-se a luneta novamente para a mira graduada e, atuando-se no parafuso de chamada do movimento vertical, registra-se o valor da mdia. A seguir, atuando no parafuso do nvel da luneta, procede-se a retificao. C) Ajuste do nvel do nnio vertical 1) Verificao: por ocasio da calagem da bolha do nvel do limbo vertical, deve haver a coincidncia dos "zeros" da graduao do nnio e do limbo vertical. Verifica-se esta condio, visando-se, em posio direta da luneta, um ponto {P} distante, e registrando-se a leitura L1 do limbo vertical, no esquecendo de ajustar em "zero" o nvel do nnio. Inverte-se a luneta e, em posio inversa, visa-se novamente o ponto P e registra-se a leitura L2 do limbo. Como as inclinaes da luneta so iguais, as leituras devero atender seguinte relao: L1 = 1800 - L2. Se houver diferena, ela representa o dobro do nvel do vernier. 2) Retificao: divide-se a diferena encontrada por dois e reaponta-se a luneta para o ponto {P}. Atuando no parafuso tangencial do nnio, corrige-se o erro (igual semidiferena) no limbo vertical. Devido a esta correo, haver um deslocamento da bolha do nvel; por meio das porcas de ajuste do nvel, reposiciona-se a bolha no centro. Havendo necessidade, deve-se repetir a operao. D) Perpendicularismo entre os eixos de colimao e de rotao da luneta 1) Verificao: visa-se um fio de prumo em posio direta e posio inversa da luneta, posicionado a uma distncia em torno de 100 m; anotam-se as leituras correspondentes

  • do limbo horizontal. As duas leituras devem se relacionar segundo a seguinte relao de equivalncia: L2 = L1 + 1800. Constatada a existncia de diferenas sensveis, deve-se proceder a retificao. 2) Retificao: divide-se a diferena por dois e corrige-se a leitura desse valor, por meio do parafuso micromtrico horizontal. Como conseqncia, o fio colimador se afasta do fio de prumo de um valor idntico. Atuando nos parafusos prprios dos fios do retculo, leva-se o retculo colimar rigorosamente o fio de prumo. E) Horizontalidade do eixo secundrio 1) Verificao: visa-se um ponto elevado P, distante 15 a 20 m do aparelho, de modo a obter um ngulo de elevao superior a 300. A seguir, girando apenas a luneta em movimento descendente, aponta-se para uma rgua graduada em {milmetros} que esteja posicionada na horizontal e abaixo do plano de visada do ponto P. Efetuam-se as leituras sobre a rgua com a luneta em PD e PI e anotam-se os valores. As duas leituras devem ser iguais; havendo discrepncia, existe erro na horizontalidade do eixo transverso e deve-se proceder retificao. 2) Retificao: o correto valor da leitura sobre a rgua dado pelo valor mdio das duas leituras. Aponta-se a luneta para a rgua e procede-se de tal maneira que o fio colimador coincida com o valor da leitura correta. Reaponta-se a luneta para o ponto P; este dever aparecer deslocado do centro do retculo. Corrige-se o afastamento atuando no parafuso situado sobre um dos montantes, at obter-se a perfeita colimao do ponto P. Verifica-se a retificao, repetindo-se a operao sucessivamente em PD e PI, visando o ponto P e a escala, at que a leitura na escala seja a mesma nas duas posies da luneta. indispensvel que as operaes de verificao e retificao sejam conduzidas na seqncia exposta, a fim de assegurar a perfeita retificao do aparelho [CUNHA, 1983]. Os teodolitos so instrumentos delicados, por isso cuidados especiais devem ser tomados no acondicionamento, transporte e uso, de modo que sejam evitados choques, trepidaes, quedas, umidade, etc.. OBSERVAO: os procedimentos de verificao e retificao descritos acima, so aqueles indicados para o grupo de teodolitos D.F. VASCONCELOS TV-M2. Para outros tipos de aparelhos, alguma modificao h de ser introduzida, em funo da estrutura e disposio das peas. Nestes casos, indispensvel dispor dos catlogos do fabricante, nos quais certamente constaro as instrues de verificao e retificao.