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História do Pensamento Económico 1ª Parte – Filosofia e Metodologia da Economia 1. Introdução Neste capítulo vamos introduzir os conceitos básicos, necessários para os demais capítulos. Porque é que Economia é uma ciência? O que é que distingue uma ciência de uma não ciência? Porquê que a Astronomia é uma ciência e a Astrologia não é? Ciência Serve para explicar alguma coisa, encontrar a causa de determinado efeito; prever certo evento futuro (vai ocorrer com determinada probabilidade). Os resultados por ela obtidos estão de acordo com a experiência, espera- se que sejam empiricamente verificáveis. Teoria da Verdade (Correspondência): A teoria é sobre a realidade e, ao mesmo tempo, é parte dela. A realidade existe independentemente da teoria, não foi criada por ela. Uma teoria será verdade se estiver de acordo com essa mesma realidade prévia. E esta Teoria da Verdade subsiste para qualquer Ciência? - nas ciências naturais, é óbvio que existe esta independência entre realidade e teoria. - nas ciências sociais pode haver interdependência entre teoria e realidade, porque as ideias que nós temos sobre as coisas afetam essas coisas. Exemplo: Se as conceções que temos sobre as classes sociais afetarem a teoria sobre elas e forem a mesma coisa que as próprias classes sociais, T R

História Do Pensamento Económico

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Histria do Pensamento Econmico

1 Parte Filosofia e Metodologia da Economia

1. IntroduoNeste captulo vamos introduzir os conceitos bsicos, necessrios para os demais captulos.Porque que Economia uma cincia? O que que distingue uma cincia de uma no cincia? Porqu que a Astronomia uma cincia e a Astrologia no ?

Cincia Serve para explicar alguma coisa, encontrar a causa de determinado efeito; prever certo evento futuro (vai ocorrer com determinada probabilidade). Os resultados por ela obtidos esto de acordo com a experincia, espera-se que sejam empiricamente verificveis.

RTTeoria da Verdade (Correspondncia): A teoria sobre a realidade e, ao mesmo tempo, parte dela. A realidade existe independentemente da teoria, no foi criada por ela. Uma teoria ser verdade se estiver de acordo com essa mesma realidade prvia.

E esta Teoria da Verdade subsiste para qualquer Cincia?- nas cincias naturais, bvio que existe esta independncia entre realidade e teoria.- nas cincias sociais pode haver interdependncia entre teoria e realidade, porque as ideias que ns temos sobre as coisas afetam essas coisas.

Exemplo: Se as concees que temos sobre as classes sociais afetarem a teoria sobre elas e forem a mesma coisa que as prprias classes sociais, podemos dizer adeus a esta teoria da verdade, e a no tnhamos cincias sociais nenhumas.

Mas ser que h Mundo Social independente das nossas teorias sobre ele ou ser que o Mundo Social so apenas as nossas concees sobre ele?At poderia dizer que as teorias do presente criam o futuro, mas do ponto de vista do presente, o Mundo Social do passado um dado, que existe previamente teoria.Claramente, o presente no capaz de criar o passado e isto verdade tanto no campo natural como no social.

Uma coisa o critrio de verdade (ser que a teoria est de acordo com o mundo ou no?), outra bem diferente o juzo que ns fazemos se a teoria est ou no de acordo com a realidade.Uma teoria sempre verdadeira ou falsa independentemente de se conhecer se ela mesmo verdadeira ou falsa. O juzo que fazemos falvel do estado de conhecimento que temos em cada momento do tempo.Exemplo: No passado julgava-se como verdadeira a teoria de que o Sol girava volta da Terra, porque no se tinha o conhecimento presente.

O conhecimento em cada momento sempre parcial, o juzo de ser verdadeiro ou falso depende do estdio do conhecimento em que nos encontremos. Porm, a teoria ser mesmo verdadeira ou falsa (segundo o Critrio de Verdade) independente desse juzo.S porque toda a gente acha que algo verdadeiro, isso no o torna mesmo verdadeiro.

Uma teoria verdadeira se estiver de acordo com a realidade, e o que que quer dizer estar de acordo?Ser que quer dizer verificado pela experincia? Vamos ver que isto errado.- A ideia de que ser verdade ser comprovado pela experincia a defendida pelo Empirismo. Ento, coisas que no podem ser verificadas pela experincia, no podem ser verdade e ento no so experincia (positivismo).

Porm, Karl Popper (anos 30, sc. XX) escreveu um livro que destruiu toda a conceo do Positivismo e Empirismo. Este autor provou que essas teorias estavam erradas.Exemplo: Os cisnes so brancos. verdade? Posso observar 1 bilio de cisnes e so todos brancos, segundo o Empirismo a teoria verdadeira.Mas se observar um nico cisne de outra cor, destruo a teoria, e ela deixa de ser verdade.

Ento, para Popper, os cientistas fazem teorias falsificveis que esto dispostos a abandonar quando forem falsificadas.

Mas, e se at Popper estiver errado?Se primeira contradio, de qualquer parte da teoria estar errada, os cientistas abandonassem a teoria, hoje no haveria cincia.E ainda Popper comete, ironicamente, um erro semelhante aos dos seus antecessores, embora de forma mais subtil; ao supor que o acesso realidade feito de forma direta e no depende das prprias teorias.

No simplesmente verificar, nem falsificar, algo muito mais ambguo que isso!

Nesta linha de raciocnio, possvel extrairmos alguns conceitos bsicos essenciais:

Realismo Sintetizando as caractersticas das diversas variantes, para ser realista tem de se aceitar que as teorias so compostas por afirmaes que so verdadeiras ou falsas e que estas sero verdadeiras ou falsas dependendo da forma como o Mundo , sempre que esse mundo exista independente e previamente s teorias que existem sobre ele. (Duas premissas)

A Teoria da Verdade que vimos no incio a da correspondncia, em que verdadeiro o que corresponder realidade. Apesar de tudo, as teorias so palavras sobre a realidade que so coisas, e o termo de corresponder algo infeliz, dizer que a palavra porta corresponde ao objeto porta errado. Seria melhor dizer que a teoria verdadeira se se referir (e no corresponder) a um objeto que existe previamente a ela.

Relativismo epistemolgico o conhecimento que tenho relativo ao estado de conhecimento em que eu estou, da que as teorias sejam falveis. Nota: Mas a nova teoria no inutiliza as antigas, muitas vezes s altera o seu mbito de aplicao.

Instrumentalismo Vou violar a primeira premissa do Realismo de que as afirmaes das teorias so verdadeiras ou falsas. Segundo os instrumentalistas (pelo menos uma verso deles) as teorias no podem ser verdadeiras ou falsas. A segunda premissa mantm-se.Outros instrumentalistas dizem que podemos ter teorias verdadeiras ou falsas (mas no tem mal se forem falsas. As teorias so meros instrumentos, existem para servir certos propsitos e desde que os sirva, ela til (mesmo que seja falsa).Verdadeiro ou falso irrelevante, s interessa se as teorias so teis ou no para o fim a que se propem.Exemplo: Milton Friedman; as teorias econmicas so boas se servirem para prever acontecimentos, mesmo que sejam/estejam assentes em afirmaes falsas. Posso introduzir hipteses que eu sei que so falsas (as empresas maximizam o lucro) se isto tornar a minha teoria til para prever alguma coisa.Esta uma posio importante para os economistas neoclssicos.

Retrica Basta violar a outra premissa do realismo, de que a realidade existe independentemente e previamente s teorias. No h Mundo, s h teoria?!Segundo a Retrica, so as teorias que criam a realidade, destruindo-se assim a Teoria da Verdade.Exemplo: a disciplina Economia (conversa entre economistas sobre qualquer coisa) que cria as economias (as coisas no existem se os economistas no falarem sobre elas).Manifestamente, no h conceito de verdade, se no posso discutir a verdade, posso discutir a persuaso (a primeira premissa tambm desaparece). Porqu que certas teorias so dominantes? Porque tm melhor capacidade de persuaso que outra, mesmo que sejam falsas.

Nota: Mesmo sendo realista, posso considerar que a persuaso importante (que a retrica tem valor na mesma) porque o que eu quero persuadir os outros que verdadeiro aquilo que eu acho que verdadeiro.

Sendo realista, pode-me interessar discutir questes de verdade e de persuaso, no posso dizer (como na Retrica) que s interessa a persuaso.

Se um autor da Retrica comear a discutir questes de verdade, assume que h realidade para alm da teoria, passa a ser um autor realista.

difcil aceitar a Retrica, algo bizarro achar que o conceito de desemprego o mesmo que estar efetivamente desempregado.

2. Realismo e Positivismo vs. Realismo CrticoA primeira coisa a perceber que o Realismo Crtico uma verso do Realismo (aceita as duas premissas principais). de notar que estas duas premissas podem ser interpretadas de vrias formas, por exemplo, as afirmaes so verdadeiras ou falsas de acordo com a realidade, mas qual a nossa conceo de realidade? Dependendo dessa conceo, haver diferentes tipos de realismo.

Metodologia(em sentido lato)

Mtodo Um mtodo a escolha razovel face a outro porque acreditamos que atravs dele vamos obter conhecimento.Ento, por detrs da escolha do mtodo est a Epistemologia uma Teoria do Conhecimento tem de supor algo sobre o seu objeto de estudo para nos dizer como obter conhecimento. Mas esse objeto de estudo a realidade (Ontologia) que poder ser concebida de diferentes formas, dependendo da sua natureza. Ento, a escolha do mtodo depender da natureza da realidade a estudar.Qualquer mtodo supes alguma coisa sobre a natureza da realidade, ento escolher mtodos priori to estpido como escolher o instrumento a usar antes de sabermos a tarefa em causa.Mas se por detrs de um mtodo est uma conceo de realidade, temos de perceber quais so essas concees e conhec-las, para escolhermos os mtodos adequados.

Realismo crtico uma determinada posio do realismo que tem associada uma ontologia (uma conceo prpria da realidade e da sua natureza).Terminologia: Realismo Crtico (no , mas para ns vai ser) realismo transcendental (as diferenas entre eles esto em detalhes que no vamos explorar).

Empirismo/Positivismo so epistemologias que supem certas ontologias; para compararmos com uma ontologia, vamos perceber a ontologia implcita nessas posies.Realismo Emprico ser a natureza da realidade suposta pelo Empirismo/Positivismo; em vez de a postular simplesmente, vamos inferi-la (perceber e explicar porqu).

Nota: A palavra realismo deixou de ser a que introduzimos na aula passada e passou a ser uma ontologia, uma conceo sobre a natureza da realidade. Neste novo sentido, at a Retrica supe um certo tipo deste Realismo, ao assumir que a natureza da realidade a prpria teoria.

A partir daqui vamos fazer a inferncia lgica e perceber de onde surge o realismo emprico. O Empirismo a epistemologia mais simples que h; o conhecimento vem da experincia, conhecemos/aprendemos sobre o Mundo experimentando atravs dos sentidos.Como j dissemos, uma epistemologia supe uma ontologia. Ento, qual a ontologia implcita nesta posio?Se o meu conhecimento aquilo que existe e advm da experincia, ento o Mundo aquilo que pode ser experimentado. O Mundo exclusivamente composto pelos acontecimentos e pelas impresses que cada um ter sobre esses mesmos acontecimentos.Posso concluir que o Mundo constitudo pelos objetos da experincia e pela minha experincia desses objetos.

Percebe-se assim de onde surge o termo Realismo Emprico como ontologia implcita no Empirismo (que uma epistemologia). Se o mundo um fluxo de acontecimentos e impresses sobre eles, como que possvel a Cincia?

Se quero conhecimento geralmente aceite (no tem de ser universal, s tem de ser geral), para ter teorias, mas o Mundo um fluxo de acontecimentos e s h esses acontecimentos, como que posso ter uma teoria?Tem que haver uma correlao entre os acontecimentos (acontece X, acontecer Y) para se poder fazer Cincia.Sem regularidades empricas, eu no consigo perceber/explicar nada, s saberia que os acontecimentos so todos diferentes e nada mais.Ou h uma relao intensa entre acontecimentos ou no poder haver cincia a partir do Empirismo. A nica alternativa para que o Empirismo produza conhecimento inferir que h uma relao entre acontecimentos, ainda que seja meramente probabilstica.

Acontece X Acontecer Y (Ex.: Relmpago) (Ex.: Trovo)

Ou h sempre esta relao ou h a maioria das vezes; s com esta regularidade emprica que posso produzir leis gerais que constituam teorias que sejam cincia de acordo com a conceo do Empirismo.

Agora vamos apresentar o modelo D-N (Dedutivo-Nemolgico) ou I-P (Indutivo-Probabilstico) ou Popper-Hempel ou Hempel-Oppenheim. Como que explico uma afirmao? Com um conjunto de afirmaes, em que pelo menos uma tem de ser uma lei e essa lei ser do tipo X->Y.Exemplo: Havia gelo no radiador do meu carro, porqu? - Havia gua no radiador, - A temperatura desceu < 0C - gua congela a < 0C LeiEst assim explicado como se formou o gelo.

C1 + C2 + C3 + + LeiExplicao do porqu de XY

A explicao puramente dedutiva, mas a deduo s possvel porque h uma srie de condies iniciais a que se junta uma lei que existe devido a uma certa regularidade emprica. Sem a lei, esta explicao j no faria sentido.

Este modelo tem uma propriedade especial, que a tese da simetria: neste caso, explicao e previso so simtricas, ou seja: explicar Y depois de ter acontecido anlogo a prever Y antes de ele acontecer, com as mesmas condies e usando a mesma lei. Uso o mesmo processo para explicar e prever, so simtricos!

O que vamos ver a partir daqui que na realidade econmica, regularidades deste gnero so raras, existem mas com relaes muito frgeis, que flutuam no tempo e no espao.Exemplo: As relaes economtricas existem hoje, mas amanh podem-se destruir. No mundo social, h muitas regularidades fabricadas por ns, com medo da incerteza. O Natal no mesmo dia todos os anos porque ns convencionamos isso; sem essa conveno, ele no calharia por acaso no mesmo dia.

Vamos provar que no h estas regularidades de forma suficientemente slida no mundo social, ento o Realismo Emprico no se aplica na Economia e vamos precisar de uma nova conceo de realidade.Porqu que o Realismo Emprico no se aplica na Economia (e noutras Cincias Sociais)?Muitos dos modelos econmicos so baseados em pressupostos sob os quais ocorreriam certas regularidades, ento e porque que no usam verdadeiras regularidades empricas em vez de as fabricar?Porque, no Mundo Social no h regularidades empricas suficientemente fortes, no h mesmo correlaes observveis entre os eventos, da que os economistas construam teoricamente essas regularidades. Elas no so observveis, mas so construdas! Porqu que so fabricadas? Um argumento fornecido pelos defensores do Realismo Emprico advoga que a introduo de pressupostos algo fictcios na teoria econmica anloga experimentao laboratorial feita nas Cincias naturais pois, em ambos os casos, estaria a ser criado um cenrio que produz regularidades; se nas Cincias naturais til, na economia tambm o ser.

De seguida, apresentam-se algumas afirmaes que nos permitiro fazer uma anlise crtica posio empirista que temos vindo a discutir:

1. Leis so regularidades ao nvel dos acontecimentos.2. Em regra, as regularidades ao nvel dos acontecimentos apenas so garantidas em condies controladas (exemplo: experincia laboratorial). algo que construdo para se verificarem essas regularidades3. A experincia laboratorial nas Cincias Naturais til.

Numa anlise global, podemos dizer que a primeira e a segunda frase so incompatveis, ou seja, h uma contradio: de facto, se as Leis so regularidades ao nvel dos acontecimentos, mas essas regularidades s so geradas em condies controladas (s esto garantidas atravs da experimentao), ento no so Leis da Natureza, pois s existem com a nossa interveno a definio de Lei empirista est errada, embora seja a base do empirismo.No entanto, podemos encontrar ainda outra contradio: se admitimos que as regularidades s existem em condies controladas, ento como que elas so teis fora dessas condies, ou seja, num ambiente descontrolado?Note-se que todos estes problemas resultam da viso empirista, materializada na primeira afirmao. A lei no pode ser a regularidade, pois a regularidade s est assegurada em condies controladas. A afirmao 1 (resultante do Realismo Emprico) est assim em contradio com as restantes. Conclumos que a conceo de realidade fornecida pelo Empirismo est errada, precisamos de encontrar outra conceo que afaste os paradoxos que vimos.Iremos partir de um conjunto de observaes empricas consensuais e questionar as condies de possibilidade dessas observaes; como que o mundo tem de ser para que as observaes recolhidas sejam inteligveis? Vou aceitar (no fim) que para isso acontecer o mundo tem de ser como o realismo crtico diz que ele . O realismo crtico no um pressuposto, uma concluso.Segundo o realismo crtico, existem trs nveis de realidade:

Estes trs nveis esto dessincronizados entre si e temos vrias estruturas a atuar ao mesmo tempo, pelo que no possvel fazer interpretaes tendo em conta apenas o acontecimento. Podemos ter observaes parciais e contraditrias sobre o mesmo acontecimento.

Exemplo: Se eu deixar cair o giz, vemos a gravidade a operar; se no o largar no vejo, mas a gravidade continua a operar. Ele no cai porque h outras foras (outras estruturas) a operar que contrariam a gravidade. Da haver a dessincronizao entre estruturas que operam sempre (o giz tem tendncia para cair) e acontecimentos que s ocorrem sob certas condies (ele s cai se a gravidade no for contrariada por outra fora), s ocorrem, por exemplo, se eu largar o giz.As estruturas operam transfactualmente. Mesmo que o giz no caia, a estrutura gravidade ocorre independentemente dos factos observados a cada momento.

Porqu que esta conceo de realidade elimina o paradoxo da experimentao laboratorial produzir leis da Natureza teis no mundo real? Nas cincias em que posso fazer experimentao laboratorial, vantajoso isolar uma estrutura e sincronizar em laboratrio os acontecimentos com as estruturas. Consigo perceber como cada estrutura sozinha opera e atravs de regularidades observveis em outras condies, produzir leis naturais teis.

A lei no a regularidade, a lei a forma como a estrutura opera e essa sim no depende das condies por mim criadas, permanecendo exatamente igual dentro e fora do laboratrio. A diferena que fora dele h outras estruturas a operar e, observando os acontecimentos fora do laboratrio no conseguimos descobrir leis nenhumas.O objetivo da Cincia no produzir regularidades, mas sim descobrir a lei; sendo que a regularidade um mero instrumento para encontrar a lei.

Os cientistas naturais criam regularidades no laboratrio, mas descobrem leis que funcionam c fora. E no mundo social? Ser que existem estruturas no mundo social, assim como existem no mundo natural? Tipicamente, no mundo social h alguma instabilidade e no existem regularidades suficientemente slidas; ainda assim, conseguimos operar neste mundo social e tomamos nele decises que, na maior parte das vezes funcionam. Como que o Homem funciona num mundo social instvel?O facto de tomarmos decises torna o nosso comportamento intencional; ora, a intencionalidade supe algum grau de conhecimento; por sua vez, o conhecimento supe que o seu objeto suficientemente estvel para ser conhecido. Contudo, como vimos no ltimo pargrafo, no existem regularidades suficientemente slidas ao nvel dos acontecimentos. Isto implicar ento a existncia de um nvel de realidade adicional, suficientemente estvel para eu poder conhec-lo, um nvel diferente do dos acontecimentos, que ser ento o nvel das estruturas sociais (no observvel, estvel, passvel de ser conhecido). As estruturas sociais so pr-condies para ns agirmos e reproduzem-se no tempo porque ns agimos.

Ao contrrio das estruturas naturais, que existem ser o ser humano, se a humanidade desaparecesse, o mundo e as estruturas sociais desapareceriam com ela. por isso que as estruturas naturais so mais estveis do que as sociais num longo perodo de tempo.

Nas cincias sociais (como a Economia) no possvel (nem faria sentido) construir sistemas fechados para perceber as coisas. O que possvel focar-me num s elemento e tentar conhec-lo, produzindo cincia sem ignorar a existncia de todos os demais elementos (abstrao). Observo os comportamentos das pessoas no mundo social, e foco-me num de cada vez sem ignorar os outros; produzo cincia sobre esse mundo quando descubro quais as estruturas sociais que condicionam (permitindo ou no) esses comportamentos e as decises/escolhas dos agentes.

No se poder fazer experincias no impossibilita que se faa cincia e se produza conhecimento sobre as estruturas que operam no nosso mundo. Da que Economia seja uma cincia.

3. Realismo vs. InstrumentalismoO instrumentalismo ser analisado segundo uma perspetiva realista e, por isso, crtica.1 - As teorias no tm estatuto em termos de verdade, so meramente instrumentos/construes (s interessa se so teis ou no). So teis do ponto de vista da previso.2 Conceo de que as teorias podem ser falsas, mas isso irrelevante desde que sejam teis.

Discusso: Faz mais sentido ser realista ou instrumentalista?- Conceptualmente diferente ser instrumentalista ou realista porque os critrios so diferentes.- Caso que existem situaes particulares em que estas duas posies no se invalidam.- A posio de Friedman s concisa at ao ponto em que chegamos questo: Como possvel existirem tantas teorias que fazem boas previses se experienciamos um sistema aberto onde boas previses s acontecem por acaso, e por isso o erro nesta posio : Como podemos ser instrumentalistas se no somos capazes de prever corretamente? Num sistema fechado consigo ser instrumentalista porque consigo fazer boas previses, porque no lhes interessa as causas mas as previses feitas. Mas em regra o sistema aberto, logo no conseguimos fazer previses corretas! Para Friedman, esta questo no discutida mas esta questo que distingue um instrumentalista de um realista.-> De que depende ser realista/instrumentalista? Da maneira como a realidade ! Potencialmente Friedman est errado, mas no podemos provar isso, porque no existe um argumento priori que garanta a existncia de um sistema fechado/aberto, no futuro nada nos garante que as previses tambm sero erradas. Mesmo que Friedman esteja errado eu no posso provar no presente isso e, por isso, o realismo e o instrumentalismo so posies respeitveis. Quando uma posio no pode ser falsificada ou verificada torna-se legtima at ao momento em isso se verifica.

Milton FriedmanFriedman no seu artigo bastante ambguo, podendo ser interpretado como instrumentalista no 1 sentido ou no 2 ou no o ser.Friedman defende que o que interessa na teoria a previso e no a explicao. Considera que temos vrias teorias que permitem prever e que temos um critrio de escolha entre elas. Mas ser que h mesmo teorias capazes de prever? O instrumentalismo aceitvel se existirem teorias capazes de fazer previso.Para Friedman as previses tm de ser confrontadas com a experincia/realidade. Assim sendo, se o argumento de Friedman funcionar uma defesa da teoria neoclssica mas no de todas apenas das que se aproximam da realidade, das que se podem confrontar com a experincia.

Anlise do artigo1. O objetivo de uma cincia positiva o desenvolvimento de uma teoria/hiptese que fornea previses vlidas/significativas sobre fenmenos ainda no observados.2. O nico teste relevante da validade de uma teoria a comparao das previses com a experincia. Falsificao e verificao no so simtricas.3. Em geral, quanto mais significativa a teoria, mais irrealistas os pressupostos.4. Para ser importante, uma teoria deve ser descritivamente falsa nos seus pressupostos; a questo relevante no se os pressupostos so realistas porque eles nunca o so, mas sim se so aproximaes suficientemente satisfatrias para o fim em causa. (Para sabermos se so boas aproximaes devemos verificar se a teoria funciona/faz previses acertadas)5. Validade das hipteses no suficiente para a escolha de uma teoria. Podem existir vrias teorias consistentes com a realidade, pelo que temos de definir um critrio.6. Critrio at certo ponto ser arbitrrio.a. Simplicidade menos meios atinjo os mesmos finsb. Fecundidade mesmos meios consigo mais fins

Se ambos servirem para prever, escolho arbitrariamente, no entanto, a escolha da simplicidade facilitar a minha anlise.

Consistente ou no com instrumentalismo? (1) e (2): Consistente; relevncia do critrio da previso, sendo que uma boa previso no confirma a teoria. Ns aceitamos uma hiptese que tenha provado estar correta no passado mas no a podemos considerar verdadeira: Maior confiana Veracidade da hiptese (4) no compatvel com o Instrumentalismo; Friedman parece dizer em (4) que uma hiptese deve ser falsa nos seus pressupostos e as boas teorias que conseguem prever devem ser falsas. Esta posio parece defender a falsidade como um mrito, enquanto esta no instrumentalismo irrelevante! Mas Friedman entende que a Teoria Neoclssica se baseia em pressupostos falsos mas que til porque permite elaborar previses claras, pelo que, para que possamos consider-lo instrumentalista, devemos entender que ele estava a falar da teoria neoclssica, tendo cometido um erro de argumentao. O instrumentalismo respeitvel dado que as teorias so teis para prever (embora num sistema fechado); Friedman pode estar errado mas no possvel demonstr-lo, pois impossvel prever que no futuro no havero previses corretas. Argumento ex-post do realismo crtico no permite a confirmao de que o instrumentalismo uma posio errada. Para Friedman o problema no a falta de recursos, mas sim o excesso de teorias que faam previso.

Pluralismo metodolgico quando no se consegue provar que a sua posio a nica razovel, tem de se aceitar que as pessoas assumam vrias posies.

4. Realismo vs. Retrica- Makis Critique of McCloskeys RetoricEsta posio, ao contrrio do instrumentalismo, no uma posio aceitvel. Rejeita a 2 proposio do Realismo. Para a Retrica, a teoria cria a Realidade, sendo esta dependente da primeira. Desta forma, as teorias s podem dizer alguma coisa sobre o Mundo que elas prprias criam. Ento, ou no h mundo exterior ou h um mundo exterior mas no possvel dizer nada sobre ele.

- Crtica de MakEconomia = Retrica vs Economia RetricaAmbas as frases so retrica e no h razes para preferir uma delas, ento porque que se escolhe a primeira? No momento em que introduzo o Mundo para alm da retrica j estamos fora do campo da retrica, i.e. para alm do texto.Do ponto de vista retrico so duas frases vlidas, tm ambas o mesmo valor porque so persuasivas para pessoas diferentes. S podemos escolher entre as duas frases se violarmos a retrica Contradio.Para conseguir persuadir as pessoas temos de afetar crenas nas quais as pessoas acreditam, atingindo plausibilidade conseguimos atingir coerncia.

- tica do Discurso (Sprachethik)Regras que uma conversa entre cientistas deve respeitar: verdade, aceitar opinies, no calar os demais.

- Liberdade relativamente a qualquer autoridade (Herrschaftsfreiheit)No deve haver nenhuma parte que por ter autoridade possa mandar calar os outros (todos devem agir, i.e. falar quando quiserem).Assim, Retrica ento o uso de argumentos para persuadir a audincia numa conversa honesta e o estudo de como estes argumentos se usam para persuadir.

- Conceito de VerdadePara a posio do autor ser assertiva com a retrica, verdade corresponde coerncia com um conjunto de crenas que leva os humanos a uma discusso contnua sem fim. Se todos os sistemas de coerncia e plausibilidade fossem verdade, haveria um nmero indefinido de verdades (p.e. criacionismo e evolucionismo). ao ser realista e ao ir para alm do texto que concluo que o evolucionismo verdade e o criacionismo falso. Se for retrico no posso afirmar que um melhor do que o outro. ento necessrio restringir o nmero de crenas aceites no sistema. Demonstra-se que este problema no tem soluo possvel.

- Solues no quadro da retrica (Ironia)1. Restrio social Teoria da EliteDe todas as ideias persuasivas s as defendidas por um grupo privilegiado que esto corretas. Isto viola os princpios da tica s os realistas conseguem explicar quais os grupos de elite.2. Restrio Moral Teoria dos AnjosO grupo privilegiado aquele que respeita as regras de liberdade e tica de discurso. No uma soluo porque mesmo respeitando, dentro desse grupo haver divergncia. A nica maneira de sair do problema por via de 1 argumento autoritrio (verdade aquilo que eu defendo como verdade).ImplicaoVerdade no a mesma coisa que plausibilidade, mas o papel dos cientistas tornar uma verdade em algo plausvel e uma falsidade em algo impossvel.Estamos a tentar resolver um problema fictcio sem soluo. Ao passarmos para o Realismo resolvemos o problema.A Retrica no soluo. sim algo raro e portanto Retrica no s Economia.

4. Revoluo Marginalista, Sntese Marshalliana e a evoluo do Pensamento Neoclssico Global Vision (The Proper Scientific Analogy) Scope of Economics (A limited field) Method (Pluralism) Doctrinal Synthesis (Value, Distribution) As condies econmicas mudam constantemente. O crescimento da cincia econmica , e deve ser, lento e contnuo; Surgem perspetivas novas e antagnicas (e.g., autores marginalistas) mas, segundo Marshall, numa perspetiva de longa durao, o progresso contnuo e no h rutura de continuidade. A Revoluo marginalista no uma verdadeira revoluo, pois as novas doutrinas completam, alargam e, por vezes corrigem as antigas; raro que tragam algo verdadeiramente revolucionrio que subverta os trabalhos que as antecedam. uma abordagem cientfica no sentido ingls recolhe factos, sistematiza-os, reflete sobre eles e determina quais so as causas ltimas desses efeitos, exprimindo tendncias da realidade inerentes aos factos estudados (carcter indicativo, no imperativo). No so juzos morais (deve ser), mas sim constataes factuais da realidade (ser) Para se tratar problemas prticos, a sim no basta a neutralidade da cincia econmica, e devemos recorrer conscincia, bom senso e filosofia poltica (e no Economia)Economic evolution is gradual. Na Natureza no h hiatos/ruturas (Natura non facit saltum), h uma evoluo contnua, muitas vezes lenta e impercetvel at atingir certo patamar em que se torna clara essa continuidade. H tendncias que necessitam de muito tempo para se manifestarem. O ponto de referncia dos economistas deve ser um modelo biolgico (e no mecnico). As concees biolgicas so extraordinariamente mais complexas que as mecnicas. Estas ltimas levam muitos jovens economistas a cometer o erro de simplificar excessivamente a realidade social, que no esttica, dinmica!A realidade, na sua complexidade, est mais prxima de fenmenos biolgicos. O objetivo a dinmica, mas temos de comear pela esttica (da a celebre condio ceteris paribus).A nica forma de perceber um fenmeno complexo com estudos parcelares crescentemente mais complexos. Comeamos com o ceteris paribus (mesmo que na realidade no seja assim) e gradualmente introduzimos novas variveis, dando espao para os aspetos dinmicos se desenvolverem.A preocupao central da Economia tem de ser com a mudana e progresso, tendo como referncia a Biologia e no a Mecnica, porque os fenmenos econmicos so altamente complexos.

Anlise de Marshall s Correntes de pensamento contemporneas:- O Positivismo de Comte, tal como Marshall, descreve os fenmenos sociais e econmicos como extremamente complexos e critica os economistas pela sua excessiva simplificao da realidade. Mas Marsall, ao ao contrrio de Comte, admite que difcil tratar a sociedade como um todo, podemos e devemos comear pelas simplificaes para gradualmente introduzirmos a complexidade. O ponto que Marshall retira do Positivismo a importncia da interdisciplinaridade nas cincias sociais.- No que respeita Escola Histrica Alem, o seu principal mrito foi para Marshall o facto de ter evidenciado as tendncias, os fenmenos que s se revelam completamente no longo prazo; a capacidade de rejeitar a esttica e atender importncia de aspetos dinmicos.- Do Marginalismo, Marshall releva a ideia de continuidade que aparece na Matemtica, por exemplo, de Cournot. Essa matemtica permite perceber que o que liga os fenmenos no so leis de causalidade mecnica, mas sim relaes de causalidade mtuas entre si, cada uma afeta todas as outras e por elas afetada. No uma questo de estudar quantidades, mas sim pequenos incrementos nessas quantidades (clculo diferencial); no h hiatos nem ruturas se usamos este tipo de matemtica, que o mais indicado para lidar com a complexidade da realidade.A Matemtica central para a Economia?-o para o prprio economista, no para terceiros, a Matemtica um instrumento e no deve ser a prpria Economia. Ajuda-nos a chegar s leis e a demonstr-las, mas o essencial so as concluses.Adicionalmente, a noo de margem (valores marginais) tambm algo importante para a Economia. fulcral perceber os pequenos incrementos, ter uma abordagem margem. O uso do clculo diferencial um instrumento til para a Economia.

Economia Poltica ou EconomiaObjeto de estudo: a realidade; existe uma parte da ao social ligada obteno dos requisitos materiais que permitem o bem-estar; estuda, por um lado, a riqueza; por outro lado, uma parte do ser humano.Marshall trabalhava na esperana de reduzir a pobreza e a ignorncia, de potenciar a evoluo das classes trabalhadoras esta a motivao que leva Marshall a estudar Economia, a esperana no progresso da Humanidade.Economia estuda a realidade tal qual ela , para depois fornecer os elementos necessrios que permitam transform-la (com Poltica e Filosofia) naquilo que ela deve ser, atuar melhor sobre ela e resolver todo um conjunto de problemas.

Leis econmicas:Como que podemos falar com rigor sobre um ser humano que a qualquer momento pode mudar de comportamento?Ns medimos, no os estados de alma (motivaes) dos indivduos, mas sim as consequncias desses estados, que sero passveis de objetivar e medir com rigor. As motivaes no so diretamente visveis, mas os seus resultados podem ser medidos.Quando identificamos leis podemos fazer previses e depois contrast-las com dados objetivos e ver se elas se verificam ou no.Os economistas tm perfeita noo que h sempre um desfasamento entre a realidade complexa e as nossas medidas, mas tentamos sempre ser o mais rigorosos possvel.

Uma lei a afirmao da existncia de tendncias que podem ser medidas atravs de quantidades monetrias. So leis hipotticas (mas no so palpites nem irreais); todas as leis de qualquer cincia so hipotticas porque dependem das condies iniciais (pressupostos) assumidas para as definir; o ceteris paribus no um problema especfico da Economia, comum a todas as cincias. um procedimento usual na cincia isolar a ao de determinadas causas e verificar se certo efeito lhes atribuvel.

Teoria do valor de MarshallRicardo = Teoria do Valor Trabalho: Quantidade de trabalho necessria para reproduzir os bens o que determina o valor (para a maior parte dos bens, que so reprodutveis).Marshall: Na opinio de Marshall, no era bem isso que Ricardo queria dizer, no se explicou de forma suficientemente clara e at permitiu que Marx dissesse que ele tinha uma teoria do valor-trabalho.Ento, dizer que Ricardo s olhava para a oferta historicamente errado, ele focou-se nos custos do fator trabalho, mas nunca disse que o resto (a procura) no era relevante, ele estava era focado no longo prazo.

Valor -> Influenciado pelo funcionamento da lei da oferta e da procura

possvel compatibiliz-las Jevons: Olhou s para a procura Ricardo: Olhou s para a oferta- Marshall considera ambas!

DistribuioFisiocratas constataram que a maioria vivia ao nvel da subsistncia, da definirem que os salrios so fixados a esse nvel (por uma lei natural). Depois os clssicos seguraram essa ideia e fizeram mais destas leis naturais dos salrios, e disseram que o nvel de subsistncia se manteria para sempre.O que realmente se passa que os salrios so determinados pela lei da oferta e da procura em interao. Interessam fatores que determinam as condies de trabalho e outros que afetam a produtividade marginal do trabalho. H todo um conjunto de fatores que evoluem e interagem para determinar os salrios. There is no such thing as a general rate of wages.

5. Revoluo Keynesiana e Economia Ps-KeynesianaFilosofia social: Aquilo que ns pensamos que deve ser o ideal de vida que ns devemos ter.

Vamos ver as consideraes de Keynes sobre aquilo que os economistas podem e devem ser. Este um autor bastante controverso, passvel de diversas interpretaes, h um debate continuado sobre o verdadeiro significado de Keynes.

Backhouse destaca 3 aspetos da polmica:- Complexidade da obra;- Mltiplas interpretaes pela variedade de atividades por ele desenvolvidas (mundo dos negcios, Governo, academia, jornalismo);- Keynes estimula todas as tentativas de interpretao das suas ideias, sem favorecer nenhuma, no promove o desenvolvimento de uma s linha de pensamento.

Which Keynes? acaba por ser uma pergunta sem sentido, podemos destacar certos aspetos do autor e procurar fundament-los adequadamente com base na obra original.

Interpretao mais comum de Keynes (Modelo IS-LM de Macro): interpretao mais standard; interpretado desta forma no contexto especfico da formalizao matemtica da cincia econmica.Outra: Problema central no a rigidez dos salrios que admitem que as ideias de Keynes no so passveis de traduzir assim to simplesmente em Matemtica e a questo central a rigidez de salrios ou problemas na acumulao de capital?Outra: Crticas de Keynes. Interpretao extraordinariamente crtica de Keynes, como um perigoso socialista que agride claramente todo um conjunto de valores de base individualista.Outra: Os que se acham herdeiros legtimos de Keynes (post-Keynesianos). Os aspetos relacionados com o tempo e incerteza no se podem traduzir matematicamente, como os neoclssicos acham.

A perspetiva que vamos ver (Backhouse e Bateman) um Keynes que v o Capitalismo como o melhor sistema possvel; no obstante v o sistema capitalista do seu tempo como possuindo todo um conjunto de defeitos (desemprego, inverso de valores entre meios e fins, ). O capitalismo para manter, mas para tal tem de sofrer algumas alteraes. O que Keynes nos d uma forma multidimensional de interpretar isto; nem cegamente capitalista, nem socialista; v os aspetos positivos e negativos do sistema da poca e aponta solues para o melhorar, para podermos ter todos uma vida melhor.

3 partes importantes da obra de Keynes:- O fim do Laissez-Faire- Viso de Keynes para o futuro- Forma como Keynes v a Filosofia Social e a sua articulao com a teoria econmica geral

Segundo Keynes, quando discutimos sistemas econmicos h confuses, h quem os critique como sendo ou no eficientes em relao aos prprios objetivos que o sistema se prope a atingir e h quem os critique como modos de vida.O Capitalismo eficiente porque permite criar riqueza. O problema do sistema outro, relacionado com a forma de vida, e esse tem de ser resolvido com uma interveno do Estado.

Capitalismo:Objetivo Acabar com a pobreza material (diferente da pobreza moral) e criar riqueza.Keynes indiscutivelmente defensor favorvel ao Capitalismo.

Quadro para o futuro:Contexto da poca de Keynes Crise, pessimismo (1930) aps um perodo de crescimento elevado; a partir daqui o futuro negro, mas Keynes diz: no desesperem, o que estamos a experimentar um conjunto de problemas resultante de transformaes muito aceleradas (no um declnio, mas sim uma abertura de novos caminhos). O desemprego temporrio, no esgotamos as possibilidades de progresso, h aqui uma enorme anomalia (desemprego num Mundo com necessidades por satisfazer).

O que que vai ser o nosso Futuro?Vamos olhar para a Histria Comeamos a verificar que o ritmo de evoluo foi muito lento (Marx) porque havia dificuldades de acumulao de capital e de progresso tcnico (A.Smith). Mas, de repente (sc.XVI) h uma acumulao de capital + (sc.XIX) corrente de progresso extraordinria + imenso crescimento da populao (Malthus) -> Padro mdio de vida cresceu brutalmente.Inclusivamente (Ricardo) a nvel da agricultura podemos hoje (1930) esperar todo um conjunto de progressos tcnicos agrcolas.

-> H uma continuidade espantosa das preocupaes dos economistas ao longo do tempo. A longo prazo (S.Mill), a Humanidade est de facto a conseguir resolver o grande problema econmico da escassez.Os problemas de 1930 so temporrios, a luz ao fundo do tnel pequenina mas est a comear a aparecer.

H necessidades absolutas que, no curto prazo, sero totalmente satisfeitas (acabar com a misria). No futuro teremos uma menor taxa de crescimento da populao (estabilidade) e o problema econmico deixa de ser (ou nunca foi) o centro da vida humana, h um final feliz, um final da luta pela subsistncia. E depois? As pessoas que sempre lutaram pela sobrevivncia de repente tm o bem-estar suficiente para no batalhar constantemente, e fazem o qu? Quando l chegarmos e no formos obrigados a trabalhar, at dar algum prazer ocuparmos algum tempo de cio a trabalhar. Todos temos lazer, mas todos temos um bocadinho de trabalho e todos vivemos de forma satisfatria.

Problema psicolgico Ns, que somos em grande medida pobres, temos um grande amor pelo dinheiro; isto algo que deve ser substitudo, deve-se olhar para o dinheiro apenas como um meio para se poder usufruir das coisas boas da vida.

1930: Amor ao dinheiro p/acumulao de capital --- (quando o problema for resolvido pela abundncia de capital) ---> Podemos alterar os valores (Devemos alter-los)

Tem/deve/pode haver uma transformao (S.Mill), o nosso fim no a cumulao de capital, mas sim uma vida boa. No futuro, vamos valorizar mais os fins que os meios.

Ainda no estamos em condies para fazer esta mudana, ainda no conseguimos solucionar o problema econmico para toda a gente, mas vamos conseguir gradualmente e no com uma catstrofe (Natureza no d saltos, Marshall) -> J ocorreu para algumas pessoas e vai ocorrer para cada vez mais, como?- Populao crescer menos (Malthus)- Evitar destruio da riqueza- Confiar no progresso cientfico- Garantir que a taxa de acumulao suficiente para mudar o estilo de vida.

1 mensagem para os economistas:Devemos ser humildes e prticos, como os dentistas -> resolver os problemas da Humanidade (escassez, pobreza, misria, fome)Problema bsico: desemprego e falta de equidade na distribuio do rendimento (problema que j existia em A.Smith)Aumentar sucessivamente os impostos vai objetivamente prejudicar-nos -> Para Keynes este um raciocnio falacioso, porque a redistribuio de rendimentos faz aumentar a propenso ao consumo e isso faz crescer a Economia.

- As grandes desigualdades de riqueza tm justificaes sociais e psicolgicas, mas no h justificao para desigualdades to acentuadas como as que existem em 1936 -> Vamos reduzi-las (no minimizar)- O amor por dinheiro necessrio para algumas atividades para algum as querer fazer, mas para se conseguir fazer isto as apostas no tero de ser to altas -> Lucro e juro necessrio sim, a que nvel que tm que ir? No to alto como atualmente.- Numa situao de j relativa abundncia de capital que garanta o pleno emprego, possvel continuar as atividades sem aumentar a remunerao (S.Mill = no preciso a recompensa crescer constantemente).- Eutansia dos que vivem das rendas no recompensa qualquer uso genuno, voltamos ao problema da terra, atravs do progresso tcnico poderemos conseguir combater a escassez da terra (as rendas no tm que estar sempre a crescer).

Foi, no passado, necessria uma recompensa pela poupana (de capital, de terras, ), mas caminhamos gradualmente para deixar de o ser (rendas, juros no tm de crescer sempre) -> no preciso nenhuma revoluo, um processo contnuo e gradual.

O que que o Estado deve fazer?- Aumentar a propenso ao consumo- Atuar sobre/controlar taxas de juro (no sentido da descida)- Socializao do investimento em cooperao com a iniciativa privada, no se substitui a ela, apenas a orienta -> No h nenhum interesse em que os meios de produo sejam do Estado, no preciso acabar com o auto-interesse dos privados. There are, of course, errors of foresight, but these would not be avoided by centralizing decisions.Keynes no quer abandonar o Capitalismo, quer corrigir os seus defeitos de funcionamento e p-lo ao servio de uma forma de vida melhor (ideal de vida prximo ao de S.Mill).

Virtudes que Keynes reconhece de um sistema liberal seriam totalmente perdidas no socialismo. Keynes liberal, mas no dogmtico e encontra e enuncia defeitos no sistema que defende.

As medidas do Estado so imprescindveis para quem quiser manter o sistema capitalista!Pergunta Keynes: Ser que isto visionrio?- As ideias dos economistas, certas ou erradas, tm um impacto maior do que eles pensam;- O que os economistas fazem, para Keynes, tem importncia para os demais.

A obra econmica de Keynes foi em grande parte influenciada pelas vises polticas, filosficas e morais do autor que, em grande medida, contrariavam as bases filosficas do pensamento clssico.- Contrariamente aos autores clssicos como Adam Smith, Keynes advogava que os indivduos no possuam uma liberdade natural nas suas atividades econmicas;- Propriedade privada no um dogma/eterna, suscetvel de limitaes;- Enquanto A.Smith reivindicava que a prossecuo dos interesses prprios por parte dos diferentes indivduos era capaz de promover o bem-estar da restante sociedade nas suas palavras, uma mo invisvel seria capaz de levar as aes individuais a atingir um fim que no fazia parte das suas intenes Keynes assumia que esta coincidncia entre interesses pblicos e privados raramente acontecia. Alis, o autor identificava uma srie de fragilidades na natureza humana, pelo que admitia que a prpria prossecuo dos interesses prprios era, frequentemente, impossibilitada. Nessa medida, se se argumentar que o Homem no tem capacidade inata para procurar e concretizar os seus maiores interesses, no ser muito razovel admitir que a sua ao tem o condo de promover o interesse da sociedade em geral. Alm disso, a experincia no parece demonstrar que os indivduos sejam menos efetivos na prossecuo do interesse pblico quando se juntam com vista a esse fim.

-> Conceo de Keynes relativamente organizao do Estado: Agenda vs. Non-AgendaKeynes considerava que a melhor forma de organizao do Estado residiria num ponto intermdio entre as posies libertrias e as posies socialistas. Esta posio intermdia implicava, na perspetiva de Keynes, a existncia de organismo semi-autnomos que fariam a ponte entre o Estado e o indivduo as corporaes. Assim, sem desconsiderar a existncia de iniciativa privada, Keynes argumentava que a atuao desses organismos permitiria servir fins pblicos, pois mesmo admitindo que os interesses privados sejam perfeitamente capazes de impulsionar o crescimento das corporaes e empresas, esse processo de crescimento acabaria por exigir uma reorientao da sua atuao, uma vez que as empresas de maior dimenso so mais observadas pelo pblico (mais responsabilidade social). Cientes disto, os gestores destas corporaes seriam levados a agir em conformidade com os interesses gerais da sociedade, pelo que h uma tendncia para a socializao destas grandes entidades.

Keynes critica as doutrinas socialistas, mas tambm o Liberalismo do sc. XIX. Para ele, a liberdade no deve ser entendida como um valor intocvel, podendo em certas circunstncias ser benfico que haja restries liberdade.

Segundo Keynes, a Agenda do Estado deve incluir as funes que, pela sua natureza, no interessam ao setor privado, sendo portanto da competncia de entidades supraindividuais (Estado).Defende ainda que o Estado no dever intervir em setores em que a iniciativa privada, bem ou mal, j esteja presente. A interveno estatal dever, por isso, confinar-se aos setores onde no h iniciativa privada.Porqu que o Estado deve ser reformulado? H problemas de incerteza, ignorncia, risco. Tem de se procurar minorar estes males atravs da atuao do Estado. Este dever, assim, ser responsvel por 3 grandes bens:- Moeda- Crdito- Informao pblicaKeynes considera ainda que o Estado deve assumir uma posio ativa no que respeita poltica de investimentos nacionais, criando um organismo central responsvel pela alocao da poupana nacional aos investimentos mais produtivos.Por outro lado, Keynes advogava que o Estado deveria formular um programa de polticas demogrficas capaz de promover um nvel populacional timo, dada a dimenso geogrfica do pas.Como se pode verificar, a perspetiva Keynesiana coloca-se numa posio intermdia entre Socialismo e Liberalismo. O Capitalismo deve ser gerido para que possa operar de uma forma mais eficiente, atravs da ao coletiva seja do Estado ou de grandes empresas, sem rejeitar as suas caractersticas base. Keynes advoga que se o capitalismo for sadiamente gerido pode ser o sistema mais eficiente; no entanto, do ponto de vista tico , de facto, objecionvel, devendo ser melhorado no sentido de ultrapassar estas limitaes.Um outro ponto bastante importante na argumentao de Keynes dizia respeito sua conceo quanto evoluo da sociedade. O progresso tecnolgico que emergiu com a Revoluo Industrial parecia ter-se esgotado e pairava em Inglaterra a ideia de declnio da prosperidade que havia caracterizado o sc. XIX. O forte progresso tecnolgico trouxe consigo um novo problema: o desemprego tecnolgico. Para Keynes, tudo isto no passavam de dores de crescimento. Na verdade, o autor considerava que o novo paradigma econmico despoletado pela Revoluo Industrial tinha como principal virtude o facto de, no longo prazo, potenciar a resoluo do problema econmico.O ser humano precisa de satisfazer mltiplas necessidades com recursos que so escassos; estas necessidades podem, segundo Keynes, ser divididas em dois tipos:- Necessidades absolutas: aquelas que tm de ser sempre satisfeitas, independentemente da situao dos indivduos que nos rodeiam;- Necessidades relativas: necessidades que, no sendo to prementes, a sua satisfao nos faz sentir superiores aos que nos rodeiam.As necessidades relativas so insaciveis; no que concerne s absolutas, caminhamos em direo a um ponto em que estas sero satisfeitas, no sentido em que preferiremos dedicar as nossas energias a outros propsitos.Assim sendo, assumindo a inexistncia de guerras e considerveis aumentos populacionais, Keynes considerava que o problema econmico (a luta pela subsistncia humana) seria resolvido. No entanto, Keynes alerta que esse estado evolutivo da sociedade no coincide com a natureza humana que, desde os seus primrdios, orienta a sua ao para a satisfao das necessidades bsicas. Nesse sentido, o fim do problema econmico acarretaria inevitavelmente uma mudana ao nvel do comportamento e dos padres morais seguidos pelo Homem, que ir exaltar novos valores. A procura do ganho como um fim ser, por fim, entendida como algo repugnante que a sociedade j no sente necessidade de tolerar.Como bvio, uma mudana to estrutural como a que prevista por Keynes no ocorre d um momento para o outro; seria uma transio gradual a ocorrer a par da evoluo do capitalismo e que, na verdade, j teria comeado. O ritmo a que esta transio ocorre ser ditado pela capacidade de controlar a populao, de evitar guerras, pelos avanos na cincia e o ritmo de acumulao de capital; percebe-se assim que o processo de criao de riqueza motivado pelo sistema capitalista assume um papel central uma vez que proporcionar o fim do problema econmico e, por consequncia, a transformao da sociedade capitalista.

7. Escola Austraca De Menger a HayekDebate sobre o Socialismo dos anos 30:- Irracionalidade da Planificao Central (Socialismo aqui igual a Planificao Central)O primeiro grande teste realmente feito s ideias socialistas de planificao central emergiu com a Revoluo Russa de 1917, que despoletou uma srie de debates sobre a viabilidade do Socialismo enquanto modo de organizao social. Um desses debates foi precisamente iniciado por Mises que, em 1920, escreveu um artigo em que apresenta a planificao central como algo irracional, rejeitando o Socialismo. Para ele, a ausncia de mercados, e consequente ausncia de preos, inviabilizava a tomada de decises racionais pois no existem preos que as fundamentem e permitam avaliar o valor das alternativas em confronto; estes s podem ser formados em mercados, no so nmeros arbitrrios. Numa economia de mercado, o sistema de preos desempenha um papel essencial, j que responsvel por permitir uma eficiente alocao de recursos e por incutir nos agentes um estmulo tomada de deciso. O sistema de preos assume-se como uma forma de comunicao racional entre consumidores e produtores.

[Nota: Os seguidores do socialismo perceberam a validade do argumento de Mises e esforaram-se por tentar encontrar forma de o socialismo funcionar, de resolver o erro da planificao central. Na poca, os socialistas acabaram por ganhar o debate, hoje claro que perderam.]

Foi com este debate que autores como Mises e Hayek se aperceberam que o pensamento neoclssico levava a concluses que eles no aceitavam em relao ao Socialismo; o Socialist Calculation Debate foi o momento fundador que os consciencializou do nascimento da Escola Austraca. (Ainda eram todos austracos de nacionalidade, atualmente so maioritariamente americanos pelo que Mises ensinou quando viveu em Nova Iorque. Este autor era liberalista radical, Hayek mais moderado.)

O que ser Austraco? Como que estes autores descobriram isso com este debate sobre o socialismo?4 palavras-chave (caractersticas/pontos comuns dos Austracos):- Subjetivismo- Conhecimento- Ordem espontnea- Mercado enquanto processo

Ser subjetivista no igual a ser individualista (a economia neoclssica individualista [parte dos indivduos para obter o equilbrio geral], mas no subjetivista).[Individualismo -> Explica que existe equilbrio se os indivduos so racionais, sem erro, iguais,, a informao perfeita e, nesse quadro, a planificao central pode parecer adequada; os neoclssicos fazem desaparecer o problema de perceber como que h coordenao numa economia descentralizada pela introduo de pressupostos que geram o equilbrio, mas no explicam como que ele ocorre.]J no subjetivismo os fenmenos resultam da ao dos indivduos; assume-se que estes no tm o conhecimento todo, cada um tem um conhecimento parcial, subjetivo, concreto, no articulado, que subjaz a ao intencional do indivduo. O conhecimento prtico (o mais importante) no pode ser centralizado. [A economia neoclssica ignora este tipo de conhecimento, assumido que o conhecimento objetivo.]Da atuao individual e descentralizada dos indivduos resultar um padro que no objetivo direto desses indivduos (na linha de Adam Smith), constituindo-se uma ordem espontnea. Como possvel que esta economia funcione?

Os austracos vo descobrir que o Mercado que permite adquirir, desenvolver, renovar, corrigir e melhorar o conhecimento. O mercado permitir centralizar o conhecimento (atravs dos preos) e posteriormente os preos ir-se-o disseminar, permitindo reformulaes destes. H um processo concorrencial sucessivo mas ordenado, do qual resulta uma ordem espontnea.

As decises sobre o futuro feitas como o conhecimento parcial do presente so subjetivas, at mesmo os custos que lhe esto associados (estimao do futuro imaginrio que no chegou a existir) so subjetivos. O conhecimento subjetivo e contextual para estes autores, ao contrrio da ideia dos neoclssicos. Mas como que emerge um padro organizado, uma ordem espontnea sem que ningum se comporte deliberadamente para que esse padro possa emergir? O mercado a rede que nos liga e d-nos sinais (preos) que ns confrontamos com os conhecimentos que temos (subjetivos) e que nos levam a fazer planos diferentes de acordo com as expectativas de cada um. Mas esses planos descoordenados levam modificao dos preos que faz com que alguns confirmem os planos e outros tenham que os renovar; o mercado a nica forma de centralizar o conhecimento contextual, subjetivo e disperso das diversas pessoas; o mercado a nica forma de obter o tal padro ordenado perante o conhecimento que subjetivo e parcial e renovado constantemente. Da a conceo do mercado enquanto processo que renova constantemente o conhecimento e vai aproveitando o existente em cada momento.

Foi isto que os austracos descobriram, da para eles a planificao central ser um erro.

Resposta dos socialistas -> (se a resposta fosse esta, a planificao central seria possvel hoje em dia) Eles propem estimar os preos apropriados para uma economia se houvesse mercado e depois funcionar sem mercado; criar um modelo da economia em tempo real com mtodos economtricos complexos para fazer a planificao central. (Na poca em causa isto era matematicamente invivel)

Proposta (melhor) do Lange (socialista) -> Nos bens de consumo continua a haver mercado, mas os bens de capital so produzidos em indstrias estatais coordenadas pelo Ministrio do Plano que lhes d instrues para agir segundo um critrio de eficincia, com alguma autonomia na gesto. - O ministrio do plano indica os preos para essas indstrias, indica-lhes como minimizar os custos e elas tm de reportar se tm excesso ou falta de stock;- Mas quais os preos a indicar? irrelevante; isto acabaria sempre por funcionar, porque com qualquer preo vai ver-se onde h stock a mais e a menos e vai-se ajustando preos at se descobrir o equilbrio (aps diversas iteraes), o planificador vai revendo os preos at que o mercado se reequilibre;- Do capitalismo s se aproveitam os preos para os meios de produo, o resto (ex.: remunerao dos fatores de produo) diferente do capitalismo;

Problema de Lange (similar ao erro dos neoclssicos):- Lange ignora os problemas derivados do conhecimento ser subjetivo que requerem um mercado como processo (e no um fim em si mesmo) para se resolver;- um economista que aplica a teoria neoclssica (conhecimento objetivo) planificao central;Alm disto, supe que possvel identificar com preciso os bens a ser controlados pelo Estado e que as solues tecnolgicas so um dado (a funo dada e s preciso inserir os preos).

Para Hayek o mercado um processo de descoberta e ajuda a descobrir coisas que no se descobririam sem mercado (ex.: valor da melhor alternativa), porque a nica forma de aproveitar de aproveitar todo o conhecimento subjetivo atravs do mercado. O mecanismo de mercado funciona constantemente de um modo sucessivo e dinmico, permitindo ento que, tanto produtores como consumidores, renovem a sua estrutura de conhecimento.Lange mostra que se pensar como os neoclssicos, a planificao central funciona; mas se formos subjetivistas, a planificao central um erro intelectual que ignora a forma como se produz e utiliza conhecimento, que subjetivo, contextual e disperso. Algo que na poca no ficou claro, que s se confirmou mais tarde com o colapso da Unio Sovitica e que deu razo previso de Hayek sobre o erro que ignorar o mercado e conhecimento subjetivo.

Posio liberal de HayekFreedom, Reason and Tradition: A constituio da liberdade

O absurdo da planificao central est em supor que existe uma mente capaz de a pr em prtica com sucesso, o absurdo da arrogncia da razo humana. Ento se estamos condenados a que haja mercado, qual dever ser o papel do Estado numa economia de mercado?Hayek advogava que a organizao social deveria respeitar uma srie de princpios, tradies e costumes que se foram perpetuando no tempo. Na prtica, o autor ope duas concees de liberdade que podem ser exemplificadas por Frana e Inglaterra nos ltimos sculos.

Inglaterra -> No h uma Constituio escrita, h textos que so uma base constitucional (Magna Carta) e estabelecem desde h 800 anos atrs os limites do poder real, manuteno de tradies, preservam instituies. Ordem liberal, tal como Hayek defende

H regras de conduta indispensveis porque o ser humano no capaz de calcular o que deve fazer em cada momento, h um limite nossa razo; as regras no so um produto da razo, mas sim um pressuposto para o exerccio da razo (ningum se sentou a uma mesa para estruturar a sociedade); No h sociedades ideais, as regras so um produto da ao humana, mas no da razo ou da inteno; no verdade que tudo o que sobrevive seja bom, mas verdade que as regras que sobrevivem vo passando testes e acumulando conhecimento que ultrapassa a nossa mente; Porque que fulcral que a maioria das regras seja de observao voluntria e no coercivamente impostas? Porque assim que elas podem evoluir. Temos de ter a conscincia plena que no possvel desenhar um modelo da sociedade, s a arrogncia da razo que poderia levar ideia contrria.

Liberalismo No haver regras (Laissez-Faire)

Liberalismo respeitar a tradio, as regras que permitem o exerccio da razo e, como cumpri-las voluntrio e no coercivamente imposto, possvel que elas evoluam e se alterem para melhorar e incorporar mais conhecimento.A razo no pode reconstruir o mundo todo a partir do zero e planificar tudo (planificao central); o processo de evoluo tem de incluir respeito pelas regras que tm mais conhecimento que qualquer um de ns, podemos melhorar e ir mudando as regras, sempre num processo de tentativa e erro. preciso limitar a razo para conseguir atingir objetivos de longo prazo.Economias timas s nos modelos neoclssicos, as reais tm sempre vrios problemas. A tentao imediata que o Estado intervenha (os benefcios de curto prazo so evidentes, mas os prejuzos de longo prazo no so). E se no houver limites sua interveno, vai intervir em tudo e quanto mais o fizer em casos concretos, mais ir depender de interesses individuais e menor ser a liberdade. Da ser preciso regras que limitem a interveno do Estado para que este garanta certas condies mnimas (ex.: rendimento mnimo, educao, sade) e deixe o resto funcionar sozinho. No tem de ser um Estado mnimo.

Frana -> Tradio racionalista cujo limite o socialismo; a histria um erro que pode ser evitado se usarmos a razo para reconstruir a sociedade (planificao central no limite).

Aqui liberdade s pode significar que a deciso sobre o modelo ideal coletivamente formada mas, uma vez decidido o caminho timo para a sociedade ideal, no h mais liberdade nenhuma. Qualquer desvio do timo um disparate, quem no estiver de acordo inimigo dos demais. Uma vez imposto, o padro nico timo. As pessoas bem formadas esto todas de acordo com o modelo. esta ideia que, levada ao limite, leva a uma sociedade planificada. No tem de ser sempre antidemocrtica, s o ser no seu limite.

Para cada um fazer o que quiser dentro de um conjunto de regras/tradies -> Inglaterra

Para formar a sociedade e reconstrui-la no caminho para o timo e nada mais -> Frana (Vamos abolir rudo [Revoluo] e pr o timo a funcionar)Liberdade

Freedom, Reason and Tradition Friedrich HayekI.- J em 1848, Lieber contrastou estes dois tipos de liberdade (francs vs. ingls);- No uma questo de todos os ingleses pensarem de uma forma e os franceses de outra; so lgicas caractersticas de cada pas;- Liberalismo de Hayek no advoga que as coisas so como so e no podemos mud-las, mas sim que as coisas podem ser mudadas, mas as que existem h mais tempo tm razes de ser que a prpria razo desconhece de deve-se respeitar a experincia acumulada da histria da Humanidade.

II.- Perspetiva construtivista: relevncia das instituies e regras de conduta existentes; - Anti-construtivismo: as instituies e regras s serviro para alguma coisa se forem produto da ao humana os homens inteligentes juntaram-se para deliberar sobre como fazer o mundo.

III.- A Teoria da Evoluo (seleo natural) mostra que a ordem natural no requer a existncia de Deus, requer apenas o processo de seleo natural; apesar da nossa tentao ser achar que sem plano prvio h um caos, no verdade que isso acontea nas cincias naturais, logo h uma analogia com as sociais, onde pode surgir uma ordem espontnea.

IV.- A diferena como se v o Homem nas duas teorias (Liberalismo vs. Racionalismo) que acaba por ser a diferena das perspetivas neoclssicas e da Escola Austraca na conceo do ser humano;Tradio racionalista francesa O Homem foi originalmente dotado com atributos morais e intelectuais que lhe permitem deliberar sobre uma sociedade ideal.Evolucionismo ingls A civilizao o resultado acumulado de um processo de tentativa-erro: a soma da experincia, em parte transmitida atravs de conhecimento explcito de gerao em gerao, mas em grande parte incorporada em instituies que provaram ser superiores instituies cuja importncia pode ser analisada, mas que iro funcionar mesmo que o Homem as no compreenda.- Conscincia que o Liberalismo Laissez-Faire; as regras so voluntariamente cumpridas e no coercivamente impostas. As instituies canalizam os esforos individuais em prol do bem coletivo.

V. (Ponto-chave)- Papel da tradio nas duas vises:Se Sociedade = Plano a executar, ento liberdade no pode ser mais que a execuo desse plano.

VI. - O que so regras voluntariamente aceites, como que a evoluo da sociedade pode resultar do incumprimento generalizado dessas regras? a flexibilidade destas regras que torna possvel uma evoluo gradual e um crescimento espontneo, pautado por modificaes e melhorias.A moral no um produto, mas sim um pressuposto da razo. As regras de conduta so um produto da experincia coletiva da humanidade.Planos baseados na arrogncia da razo (como se ela no tivesse limites) tendero a falhar, tal como a Revoluo Francesa falhou.

Ateno! A realidade para Hayek no quer dizer que o que tradicional deva sempre ser respeitado por ser tradicional; quer sim dizer: If something aint broke, why fix it?

VIII.A perspetiva racionalista negligencia o facto de recorrermos a regras abstratas porque a nossa razo no suficientemente poderosa para conhecer em detalhe a realidade complexa.- preciso limitar a razo para conseguirmos atingir objetivos de longo prazo.No adianta forarmos todos o bem comum, devemos deixar funcionar um ambiente institucional que promova a ao individual/conduza ao bem comum (viso prxima de mo invisvel de Adam Smith).

IX.Claro que as coisas poderiam ser melhores do que so, mas a evoluo tem de ser um processo de tentativa/erro que respeite, quando estas forem benficas, as regras de conduta (o que nem sempre visvel de imediato).Aviso de Hayek -> O Estado no um agente do mal, mas o seu poder deve ser limitado.

Limitaes da posio de HayekA posio de Hayek em matria de viabilidade do socialismo tem por trs os princpios da Escola Austraca; J a sua forma especfica de Liberalismo tem por trs uma certa conceo de conhecimento e dos limites da razo.Mas, uma vez descrita a posio de Hayek sobre o liberalismo, importa ver algumas das crticas posio de Hayek: M crtica: Dizer que Hayek contraditrio por ter um argumento anti-interventivo. Mas ele no diz que uma simples coisa por ter sobrevivido boa, no preciso manter tudo o que sempre existiu; o que ele diz que no devemos achar-nos capazes de reconstruir todo o quadro institucional com base da razo, e isso diferente de achar que, em certas circunstncias, se deve ter uma atitude mais vigorosa para alterar as instituies. O argumento no que tudo o que sobreviveu vale a pena ser preservado; sim, que devemos ter conscincia dos limites da razo e preservar uma parte da evoluo espontnea.Ento, esta crtica que vimos no uma crtica em condies porque, no fundo, emerge de um mal-entendido da posio de Hayek.O argumento de Hayek no imobilista, no temos de aceitar as coisas como elas so e pronto. Crtica melhor: Dizer que o argumento de Hayek demaiado abstrato, no responde explicitamente s questes; O que que o Estado deve exatamente fazer em matria de educao e sade?Hayek no responde, mas se respondesse (o prof. acha) que ele no seria a favor que o Estado desenvolvesse solues que a iniciativa privada no tivesse interesse em desenvolver, mas mesmo assim a posio abstrata dele no permite defender explicitamente isto.Mesmo que o Estado se meta na Sade e Educao (Liberalismo), podemos aceitar os limites da sua interveno na esfera econmica defendidos por Hayek (=Liberalismo) e no seria contraditrio aceitar tudo isto. Crtica melhor: Hayek no est a pensar bem, tem por trs um conceito de liberdade muito especfico (e h outros conceitos da palavra).O que ser livre? Livre de restries? Livre para fazer certas coisas e realizar o meu potencial? Mas para ser livre para realizar o meu potencial no preciso um Estado para fornecer certas condies necessrias? Ento Hayek tem uma ideia errada do papel do Estado e da liberdade? Crtica melhor: Como que Hayek critica o construtivismo e ele prprio o construtor de um modelo? Resposta: Ele no prope um modelo ideal, ele s constri um que garante o espao para o desenvolvimento individual e evita o construtivismo. Crtica melhor: H uma coisa que Hayek no percebe bem; o Capitalismo fora-nos a pensar em termos contabilsticos e a fazer clculos para tomar decises e sermos racionais na esfera econmica -> mas quando somos racionais nessa esfera, comeamos a tentar ser racionais em tudo e usamos a razo (que limitada, mas ns no sabemos) para tudo, levando no limite planificao central.Ento a cultura do Capitalismo que leva ideia de sociedade anti-capitalismo, e isto que Hayek no v. O capitalismo, levado ao limite, tem uma tendncia (por razes diferentes de Marx) para se auto-destruir.O problema no querer construir um modelo para as coisas funcionarem melhor (como Hayek faz), sim que a racionalidade gerada no mundo dos negcios pelo capitalismo impede que novos modelos de funcionamento se perpetuem no tempo, porque as mentalidades capitalistas no o permitiro.Vamos explicar melhor este argumento no fim do ponto sobre Schumpeter.

8. Schumpeter e o Evolucionismo ModernoSchumpeter Austraco, mas s de nacionalidade mesmo. Foi para Harvard em 1932, o que fez com que deixasse de escrever em alemo e comeasse a escrever exclusivamente em ingls.Schumpeter est frente do seu tempo em termos tericos, mas ainda no est to avanado em termos de metodologia, o que gera inconsistncias na sua obra porque tenta escrever algo consistente e conciliar ideias que, olhando para elas 100 anos depois, no so compatveis.O que vamos dar uma interpretao de Schumpeter, acentuando aspetos especficos e minimizando as inconsistncias ao dar menos relevncia ao equilbrio e mais inovao.

Schumpeter tem conscincia clara que no operamos sempre com o mesmo nvel de deliberao, uma boa parte da vida diria baseada em regras de conduta, h na mesma decises a tomar, mas no temos constantemente que decidir sobre tudo. As regras so parte da nossa rotina, no deixamos de pensar, mas deixamos de pensar sobre tudo. Somos racionais, com uma racionalidade a operar dentro de certos limites (as regras de conduta que viabilizam a vida).

A inovao fazer, no pensar.Inveno = Ideia nova, sem efeito econmico (este efeito s comear com o fazer, com a inovao.)Inovao = Fazer novos produtos, usar novos mtodos de produo, tem efeitos econmicos.

O modelo de Schumpeter aplica-se a todas as reas, no exclusivo da Economia, em qualquer esfera h sempre confronto entre o comportamento de seguir rotinas e o inovador. Como que este agente realiza a inovao?

O crescimento no uma mudana quantitativa, mas sim qualitativa, uma destruio criadora (usar os mesmos recursos de novas formas). Para fazer este crescimento por destruio criadora, o Capitalismo na definio Schumpeteriana -> no precisamos de poupana prvia porque h concesso de crdito do sistema bancrio (o entrepeneur s tem de convencer o banqueiro a passar-lhe o cheque), esse crdito (capital = grandeza monetria) que o entrepeneur usa para fazer o seu projeto (a inovao), se correr bem h lucros (so de curta durao porque surgem logo outros a fazer o mesmo; a nica forma de o reconstituir voltar a inovar).Para remunerar o banqueiro, o entrepeneur ter de lhe pagar capital + juros (pelo custo de oportunidade do dinheiro).

Papel fulcral do banqueiro -> Tudo depende das suas decises razoveis ou no sobre a quais entrepeneurs emprestar o capital.

No quer dizer que a inovao tenha sempre de correr bem, os banqueiros no devem financiar projetos que no tm hiptese de ser rentveis, mas podem financiar alguns que so excelentes partida e por algum motivo correm mal.

+ Inovao / Projetos + Crdito Otimismo/Bolhas (Tudo parece bom) Banqueiros comeam a financiar o errado (Projetos que s seriam viveis nas condies artificiais que o otimismo criou, mas quando essas condies desaparecem deixam de ser viveis) Ciclos de negcios (A fase de expanso vai fatalmente passar a recesso, banqueiros tendem a fechar a torneira.)

assim que este argumento explica os ciclos econmicos, pelas decises dos banqueiros sobre que projetos financiar.A recesso o mecanismo atravs do qual o capitalismo absorve a inovao, da o processo de destruio criadora. (Surgem novas empresas e as velhas adaptam-se ou morrem)Recesso -> Se (no tem de ser assim) as decises tomadas previamente na expanso forem loucas -> H demasiados castelos de cartas que caem sucessivamente (comeam a cair muito mais coisas do que cairiam numa recesso normal) -> Recesso passa a Depresso.O fundamental que o Estado deve fazer no intervir na fase de recesso/depresso, mas sim fazer alguma coisa na fase de expanso (porque a que se constroem os castelos de cartas que se preparam para cair algum tempo depois).

A incompetncia do sistema bancrio o que transforma o capitalismo numa histria trgica, pelo mecanismo de concesso de crdito aos projetos errados. Quanto mais os investimentos forem lucros reinvestidos e no crdito bancrio, menos teremos as empresas a depender do sistema bancrio, mais atenuados estaro os ciclos econmicos. Na realidade difcil que isto ocorra porque mesmo empresas com lucros recorrem a crdito adicional para investir e os prprios bancos preferem investir em empresas que j tm lucros, ou at os lucros podem no durar para sempre, porque depois da inovao, vem a imitao.

A implicao deste processo:Inovao = Motor do crescimento Mecanismo de ascenso social (S permaneceu na burguesia quem conseguiu inovar constantemente)

Notas:- A partir do momento em que queiramos perceber como que as pessoas raciocinam, vemos que no agimos sempre com o mesmo nvel de racionalidade. Seguimos regras (rotina), mas s vezes no o fazemos e inovamos. - Este modelo no pode ( arriscado interpret-lo) ser de equilbrio; deve sim ser de inovao (para no ter o entrepeneur como choque exgeno); se bem que pode ser til pensar no conceito de equilbrio para perceber o modelo.- Chave do raciocnio o contraste entre a rotina e inovao (fazer o mesmo vs. fazer diferente e alterar algo).- Qual deve ser o papel do estado? No preciso suportar totalmente ou destruir o capitalismo, mas tambm no para no fazer nada e deixar o processo ocorrer sozinho; para Schumpeter a interveno pode ser feita por razes econmicas e sociais, mas nunca em excesso.

Slides:1 Ttulos das obras de Schumpeter;

2 O que a inovao? Qual o contraste/oposio entre seguir regras e dar um salto? assim em todos os domnios, no s na Economia.

3 A nica coisa que interessa no processo de crescimento a figura do empresrio? NO, no isso que Schumpeter quer dizer!As circunstncias objetivas levam o empresrio a reinvestir parte do lucro, mas no objetivo qual a dimenso e onde que ser feito o investimento. O empresrio que determina o reinvestimento, mas no age sozinho no vcuo, as suas decises dependem do contexto que o rodeia (so afetadas pela subjetividade do empresrio e as circunstncias objetivas do meio que o rodeia). Importa considerar, igualmente importantes, questes subjetivas e objetivas.Empreendedorismo (empresrios s) no so a causa exclusiva do Progresso Econmico ! Falta considerar todo o contexto que o rodeia, que no funciona sem empresrio; mas o empresrio no funciona sem o contexto.

4 A histria econmica concreta (no abstrata), e contnua (no h vazios) e no anda para trs (irreversibilidade); a histria abre caminho a cada momento para um Mundo que como efetivamente aconteceu.Posso aplicar o modelo de crescimento de Schumpeter para explicar ciclos econmicos.No razovel que haja um s ciclo econmico a decorrer; para Schumpeter razovel que ocorram 3 ciclos em simultneo: um Longo (60 anos entre expanso e recesso) descoberto por Kondratiev (ex.: caminhos de ferro, eletricidade, indstria automvel, tecnologias da informao e comunicao, biotecnologia,..) mudam tudo, muda a Economia, do origem a inovaes em todas as reas. o essencial para inovao e crescimento no o equilbrio no limite s h um equilbrio a cada 60 anos), mas sim a mudana de instituies e mentalidade (para aceitar a inovao e p-la em prtica); a partir do momento em que a Economia vai mudando, as instituies e mentalidades tm que mudar tambm -> Interpretao econmica da Histria.

Capitalismo -> Racionalidade dos indivduos -> Comeamos a questionar o Mundo (Porque isto assim e no de outra forma?) -> Desejo de mudana (Pode ser diferente) -> O prprio capitalismo gera uma mentalidade anti-capitalista.

! Mas Schumpeter Marx !O Capitalismo no vai acabar, o que muda no o Capitalismo em si (o Capitalismo bom), vo mudar as mentalidades e instituies (h uma tendncia para a transformao do Capitalismo num sistema mais regulado, segundo Schumpeter uma questo de terminologia, se chamamos a essa verso socialismo ou no). Ateno, uma tendncia, no tem de se realizar, uma previso.

5 Alterao das mentalidades incentivada pela mudana econmica, depende do tipo de Capitalismo (existem 2, segundo Schumpeter) que vai determinar o que a inovao.A) Capitalismo concorrencial 1 empresrio: 1 inovaoB) Capitalismo monopolista 1 empresrio inova, cria 1 empresa que consegue continuar a inovar

A) Empresrio ascende socialmente por fundar uma empresa da qual dono. As velhas tm de morrer para outras nasceremB) Empresrio torna-se funcionrio de uma grande empresa com um departamento de I&D que lhe permite inovar constantemente.

6 Frase muito clebre de Schumpeter, muitas vezes ditada sobre o progresso e a tendncia para o tal sistema que se pode chamar de socialista ou no.

9 Para compreender isto a fundo seria necessrio percebermos a teoria das classes sociais de Schumpeter -> Em todas as sociedades h toda uma srie de funes igualmente importantes, mas com valores diferentes porque exigem contedos (de diferentes graus) de liderana.

Exemplo: Mundo medieval (Feudalismo)Atividade que exige mais liderana -> Defesa, GuerraLder ReiA seguir NobrezaComo que se ascende? Com feitos heroicos de Guerra. Quando que isto acaba? Quando h um exrcito profissional, a Nobreza perde a sua funo e deveria cair socialmente, embora no tenha cado logo porque arranjou para si prpria outras funes Contedo liderana

Exemplo: CapitalismoComo que se ascende? Inovando (Inovar=Liderar)Mas se h automatizao/burocratizao de todo o processo de I&D, inovar j no um processo individual (no preciso uma pessoa para inventar) Inovao conduzida rotina; o empresrio perde o papel de liderana como o Nobre perdeu o papel de comandante do exrcito.A automatizao da inovao gera a tendncia para o Capitalismo passar a qualquer coisa (se socialismo ou no)

7 + 8 fatal (erro de raciocnio) pensar num processo dinmico (inovao) como algo esttico.- As empresas monopolistas no trabalham diretamente para o bem-estar social, mas atravs e apesar delas que o bem-estar aumenta; s podemos compreender isto se virmos o processo de Capitalismo como algo dinmico.- A Histria do Capitalismo da ascenso e queda das empresas (por si, no por intervenes anti-trust que as impeam de crescer) -> Usar instrumentos estticos (ex.: leis anti-trust) para tentar alterar um processo dinmico/orgnico um erro total porque no compreende o processo constante da inovao e da destruio criadora.- No interessa o timo a cada momento do tempo, interessa sim o que ocorre (a evoluo) a longo prazo (o Mundo no esttico, dinmico!)- Se tiram a inovao do Capitalismo e tentam analisar os aspetos estticos, no esto a analisar Capitalismo nenhum; no interessa, nem existe, um timo permanente.

Capitalismo -> Falhano permanente || Sucesso a longo prazo

Marx um dos autores fundamentais para entender Schumpeter.Schumpeter diz que o capitalismo a destruio criadora -> O que faz as economias crescerem no o aumento quantitativo dos recursos, mas sim o uso qualitativo dos recursos -> InovaoSe eu tiver uma teoria sobre a essncia do capitalismo isso no significa que essa teoria seja suficiente para eu entender a histria do capitalismo.Pode ser compreendido com referncia ao Walras e Marx:- Para Marx, teoria e histria no so coisas separadas. Marx tem uma interpretao econmica da histria: no espao econmico, esfera econmica, existe uma tendncia para a auto-transformao e essa auto-transformao contribuiu para a auto-transformao da chamada superestrutura, i.e., as alteraes econmicas, mais cedo ou mais tarde, acabam por se repercutir noutras reas.-> A ligao a Schumpeter a ideia de que as transformaes econmicas tm capacidade para alterar outros domnios. + O MODO DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA CAPITALISTA RESPONSVEL POR INDUZIR A SUA TRANSFORMAO + A degenerao do capitalismo num outro sistema no s um processo inevitvel, como ainda tende a ser despoletado por mecanismos ao prprio sistema.Supondo que eu aceito que o capitalismo a destruio criadora. Mas o que o capitalismo? Se o sistema est a provocar constantemente inovaes no campo econmico porqu que ele no se destri a si prprio? Porm ele no durar para sempre! Mas h uma tendncia (no mesmo sentido do realismo crtico) para que mais cedo ou mais tarde o capitalismo se destrua a si prprio.Porqu que o capitalismo um processo de destruio criadora? E de onde vem a ligao com Walras?- Se eu imaginar que existe um conjunto de relaes funcionais que sejam autnomas e coerentes entre si eu posso considerar que elas constituem um equilbrio (Walras);-> O que compreender? arranjar um conceito de ordem que me organize um conjunto de informao que partida est descoordenada. Mas h 100 anos atrs o conceito de ordem primordial era o conceito de equilbrio geral -> Schumpeter sempre tentou ligar a sua obra ao equilbrio.Imaginemos o sistema econmico como sendo a reproduo perodo a perodo do que se passou anteriormente. Na maior parte do tempo ns seguimos regras sem estarmos constantemente a pensarmos nelas -> Rotina. Se imaginarmos de forma abstrata que toda a gente se comporta desta forma no h motivos para imaginarmos que este sistema se altere (altera-se tal como a lngua, mas de forma lenta); para Schumpeter esta uma ideia de equilbrio, porm este equilbrio no bem o de Walras pois este fala na racionalidade dos agentes econmicos em vez da reproduo do sistema.Para Schumpeter, o equilbrio geral no depende da racionalidade dos agentes. Mas considera a capacidade criativa dos agentes, i.e., a capacidade de fazer coisas novas -> Inovar ( Inventar)Inovar no implica apenas inventar as coisas, mas tambm faz-las. A inovao algo relativamente excecional. Schumpeter chama empresrio ao inovador, porm um inovador no tem de ser um empresrio, nem um empresrio tem de ser inovador.1 citao: Schumpeter contrasta as ideias de inovao e de rotina. Oposio do comportamento de rotina (repetio) e da inovao.2 citao: Significado de empresrio Agente que inova- Ser inovador no dar um salto no vazio, depende das condies objetivas que j existem. A causa da inovao o inovador e a capacidade objetiva do cenrio em que ele est, sendo que este no se materializa a si mesmo, ou seja, depende da subjetividade do inovador.De onde vm os recursos financeiros que permitem ao empresrio inovar? atravs da emisso de crdito que a inovao possvel, e no atravs da poupana prvia. Schumpeter chama capital ao dinheiro. Um empresrio, a partir do momento em que consegue convencer o banqueiro a emprestar tem fundos para inovar. Crdito d origem a lucros.A expanso vai acabar necessariamente numa recesso pois os empresrios vo ter de devolver os crditos e ao mesmo tempo bens foram criados. -> O problema que na fase de expanso fazem muitas asneiras; ex.: apostam em coisas que s queriam lucrveis se as condies artificiais criadas pela expanso durassem para sempre, isto no acontece e d origem a uma depresso em que estas coisas fteis acabam por prejudicar aquelas que at poderiam ser lucrativas.O capitalismo por si prprio pressupe ciclos, logo no faz sentido falar em estabilizar o sistema.- A esta ideia base podem-se juntar algumas complicaes:i) Schumpeter considera que existem 3 ciclos: Kondratief (compreende a Revoluo Industrial, ciclo do vapor e do ferro, eletricidade, sistemas de informao, etc.), ciclos mdios e ciclos curtos;ii) Analisar a histria dos ciclos econmicos analisar a histria do capitalismo;iii) A inovao do laboratrio de I&D quer dizer que a inovao se torna uma questo de quase rotina, pois somos bombardeados com inovao; para Schumpeter esta inovao pe em causa o capitalismo. atravs da inovao que a teoria se renova.A teoria da obsolescncia da funo empresarial:1)2) O capitalismo significa o alargamento da razo, as pessoas comeam cada vez mais a questionar os arranjos institucionais -> Progresso da razo: crena de que atravs da nossa mente seremos capazes de construir arranjos institucionais melhores. Porqu que no podemos automatizar tudo? Esta mentalidade racionalista um produto do capitalismo que induz destruio dele prprio.(O progresso da razo no foi criado pelo capitalismo mas foi incentivado por ele.)

Para Schumpeter, o capitalismo um processo de destruio criadora. O que faz as economias crescerem no um aumento quantitativo dos recursos, mas sim o uso qualitativo dos recursos. A inovao assume assim um papel determinante.Se concebermos o sistema econmico como sendo a reproduo perodo a perodo do que se passou anteriormente, na maior parte do tempo ns seguimos regras sem estarmos constantemente a pensarmos nelas -> Rotina. -> Se imaginarmos de forma abstrata que toda a gente se comporta desta forma no h motivos para imaginarmos que este sistema se altere (altera-se tal como a lngua, mas de forma lenta); para Schumpeter esta uma ideia de equilbrio, porm este equilbrio no bem o de Walras pois este fala na racionalidade dos agentes econmicos em vez da reproduo do sistema.Para Schumpeter, o equilbrio geral no depende da racionalidade dos agentes. Mas considera a capacidade criativa dos agentes, i.e., a capacidade de fazer coisas novas -> Inovar ( Inventar)Inovar no implica apenas inventar as coisas, mas tambm faz-las. A inovao uma inveno (ideia nova) concretizada, com efeito econmico.A chave do raciocnio Schumpeteriano o contraste entre comportamento de rotina (seguir regras, fazer sempre o mesmo) e o comportamento inovador (sermos capazes de, episodicamente, introduzir algo novo no sistema).O agente que inova denominado de entrepeneur (empreendedor) que ir, naturalmente, precisar de recursos financeiros para inovar. No necessria poupana prvia; o que caracteriza o capitalismo que a concesso de crdito pelo sistema bancrio que financia a inovao; a partir do momento em que o empreendedor consiga convencer o banqueiro a emprestar tem fundos para inovar. Note-se que o empresrio no a causa, mas sim o veculo da inovao. Ser inovador no dar um salto no vazio, depende das condies objetivas que j existem. A causa da inovao o inovador e a capacidade objetiva do cenrio em que ele est, sendo que este no se materializa a si mesmo, ou seja, depende da subjetividade do inovador.Se concretizar a sua ideia com sucesso, o empresrio obtm lucros, sendo parte deles destinada ao banqueiro a ttulo de remunerao do capital emprestado. O lucro auferido ir atrair imitadores ou concorrentes que iro procurar fazer melhor; para manter a sua liderana, o empreendedor precisar de inovar outra vez.A expanso consubstanciada numa vaga crescente de inovaes e concesso de crdito dar origem a uma bolha que cria condies artificiais de otimismo, gerando um grande potencial para se tomarem decises erradas (e.g., os banqueiros financiarem os projetos errados) que sero to mais catastrficas quanto pior funcionar o sistema financeiro. A fase de expanso ir fatalmente passar a recesso e os projetos que s seriam viveis nas condies artificiais criadas pelo otimismo revelam-se, na verdade, inviveis. assim que este argumento explica os ciclos econmicos, atravs das decises dos banqueiros sobre que projetos financiar. O alimentar desta recesso poder induzir uma depresso (que um processo patolgico, ao contrrio da recesso que uma fase normal dos ciclos econmicos prprios da economia capitalista). Percebe-se assim que o capitalismo por si prprio pressupe ciclos; a teoria da evoluo indissocivel da teoria dos ciclos. Analisar a histria dos ciclos econmicos analisar a histria do capitalismo.Schumpeter considera a existncia de 3 tipos de ciclos: Kondratiev (afetam domnio supra econmicos, dando origem a inovaes em todas as reas, ex: revoluo industrial, mquina a vapor, eletricidade, etc.), ciclos mdios e curtos.Sempre houve flutuaes, mas para o capitalismo so uma condio de existncia.As mudanas na economia vo traduzir-se em alteraes das mentalidades e formas de pensar, cristalizadas nas instituies, tambm elas constitutivas do capitalismo, pelo que ele se auto-transforma. esta a interpretao econmica da histria de Schumpeter. O capitalismo incentiva uma certa tendncia para a racionalizao; as pessoas comeam cada vez mais a questionar os arranjos institucionais existentes (crena que atravs da mente seremos capazes de construir arranjos institucionais melhores). Esta mentalidade racionalista induzida pelo capitalismo ir gerar uma mentalidade anti-capitalista.

Teoria das classes sociais de SchumpeterNa perspetiva de Schumpeter, a inovao o principal veculo de ascenso social no Capitalismo. o sucesso empresarial, que se funda no sucesso das inovaes, que determina o estatuto social dos indivduos numa sociedade capitalista, explicando a alterao de posies numa mesma classe, bem como a ascenso e queda entre classes. Contudo, a automatizao/mecanizao crescente do processo de inovao, com a emergncia da grande empresa com laboratrios especializados em I&D, faz com que a atividade empresarial e a capacidade de inovao deixe de exigir funes com contedo em termos de liderana; a inovao deixa de ser um rasgo de brilhantismo para passar a ser um processo standardizado/montono. O empresrio perde, assim, importncia e, em ltima instncia, deixariam de existir classes sociais.

- A viso schumpeteriana em relao s classes sociais encontra-se, em parte, relacionada com a sua viso sobre a concorrncia. Nu