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    REIS DE PORTUGAL MONARQUI A PORTUGUESA

    Primeira Dinastia

    D. Teresa de Arago

    Filha ilegtima de D. Afonso VI de Leo, Castela e Galiza, desconhece-se a sua data de nascimento, sabendo-se apenas que morreu em 1130.Tornou-se esposa de D. Henrique de Borgonha, sendo-lhes entregue o Condado Portucalense (1095). Aps a morte de D. Henrique em 1112, e namenoridade de seu filho D. Afonso Henriques, D.Teresa ficou frente dos destinos do Condado. Influenciada pela famlia Peres de Trava, tentouprosseguir com a poltica de independncia face a Leo e com o alargamento do territrio. Em desacordo com sua me, o infante armou-se a siprprio cavaleiro e, em 1128, derrotou as foras de D. Teresa na Batalha de S. Mamede, aps o que ela se refugiou na Galiza.

    AUTOR: Afonso Publicado em:http://www.escolovar.org

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    Conde D. Henrique

    O conde D. Henrique (? - 1112) era filho (4.) de Henrique de Borgonha, bisneto de Roberto I de Frana,sobrinho-neto do abade S. Hugo de Cluny. A sua vida e carreira poltica so condicionadas por trs factoresdominantes: o feudalismo, o esprito de cruzada e a reforma gregoriana. Enquanto senhor feudal, pretende umamaior autonomia e valoriza a sucesso masculina; como cruzado, sente-se atrado pelas zonas de maior perigo edaqui se compreende a sua vinda para a pennsula; como gregoriano, contribui para a definitiva introduo daliturgia romana e da escrita carolngia em Portugal.Casou pelos trinta anos com D. Teresa de Arago, filha de D. Afonso VI e de Ximena Nunes. Antes do seucasamento ter-se- distinguido, na fronteira sul da Pennsula, no combate aos mouros (almorvidas). Em 18 deDezembro de 1095 era j senhor de Coimbra, no ano seguinte, em 24 de Abril, era tambm senhor de Braga.Procurou, no incio do seu governo, organizar o territrio firmando nele a sua autoridade, atravs da atribuiode forais (Guimares e Constantim de Panoias). A 9 de Dezembro de 1097, em Compostela, intitula-se "comesPortucalensis". Em termos jurdicos, a situao de D. Henrique seria a seguinte: de 1095 a 1097 D. Henrique e

    sua mulher teriam a tenncia (governo) dos territrios do Porto, Coimbra e Santarm; a partir de 1097,participava j da soberania sobre o territrio que recebera de herana. No entanto, s aps a morte de AfonsoVI que D. Henrique ousa agir como potncia independente.

    Durante o perodo do seu governo, D. Henrique tomou parte activa nas actividades do Imprio; assim, em 1100, travou batalha com os almorvidasem Malagn. No ano seguinte e at 1103 foi a Roma juntamente com S. Geraldo de Braga defender junto do Papa os direitos desta cidade. EmSetembro de 1104 estabelece com D. Raimundo um Pacto Sucessrio em que reconhece este ltimo como nico herdeiro de Afonso VI e seprometem mutuamente amizade e assistncia. Como contrapartida deste acordo, Raimundo promete a D. Henrique Toledo, com parte do seu tesouro,ou a Galiza. Neste pacto no h qualquer referncia a Portugal, no se podendo por ele pressupor a preparao da independncia. Em 13 de Setembrode 1107 morre Raimundo e no ano seguinte o infante D. Sancho que lhe deveria suceder. Aps estes acontecimentos, D. Henrique vai junto da cortede D. Afonso VI, em Toledo, contudo, zanga-se com o sogro e este expulsa-o da sua corte. Depois disto, D. Henrique regressa a Portugal ondesubmete os mouros de Sintra e se desloca a Coimbra. Nesta cidade doa diocese o Mosteiro de Lorvo usando o mesmo formulrio de chancelaria

    que 15 anos antes fora usado pelo herdeiro do trono em acto semelhante. A partir desta altura comea a actuar como potncia independente.D. Henrique tomou partido contrrio a D. Urraca como herdeira de Afonso VI; em 1110, na batalha de Campo de la Espina, vence as tropas de D.Urraca; em Novembro do mesmo ano d-se a conferncia de Monzn entre D. Henrique e D. Urraca; em Novembro do mesmo ano D. Henriquecerca D. Afonso I em Peafiel. Este cerco foi desfeito pela interveno de D. Teresa que convence o marido a retirar o apoio a D. Urraca enquantoesta no definir claramente os termos da aliana. Em Fevereiro ou Maro de 1111 D. Henrique cerca D. Urraca, que entretanto fizera as pazes com orei de Arago. Na Primavera deste ano vivem-se dificuldades em Portugal agravadas pela ameaa almorvida sobre o Tejo. No Inverno deste ltimoano D. Henrique domina territrios que dependem ou de D. Urraca ou de Afonso I, tais como Zamora, Astorga e Oca. Em 1112 fez-se a paz com D.

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    Urraca que, por sua vez, tambm a fizera com o filho. D. Henrique faleceu, em Astorga, nos ltimos dias de Abril de 1112, tendo determinado quefosse sepultado na S Catedral de Braga.

    D. AFONSO HENRIQUES

    Cognominado "o Conquistador", foi o primeiro rei de Portugal,governando de 1128 a 1185. Filho de D. Henrique de Borgonha e de D.Teresa de Arago, nasceu provavelmente em Guimares (emboraCoimbra seja tambm um local apontado para o seu nascimento) emfinais de 1108 (ou primeiros meses de 1109) e faleceu em 1185. Casouem 1146 com D. Mafalda, filha de Amadeu II, conde de Moriana eSabia.

    Aps a morte de D. Henrique, D. Teresa ficou frente dos destinos doCondado Portucalense, sendo influenciada politicamente pela famliaPeres de Trava. O jovem infante tomou ento uma posio polticaoposta de sua me, sob a direco do arcebispo de Braga D. Paio. Ter-se- armado cavaleiro no dia de Pentecostes de 1122, por suas prpriasmos, na catedral de Zamora. Em Setembro de 1127 D. Afonso VIIinvadiu Portugal e cercou o Castelo de Guimares, onde se encontrava oinfante. Depois de D. Afonso Henriques ter reafirmado a sua lealdadeperante Afonso VII, rei de Leo, este desistiu de conquistar a cidade elevantou o cerco. Feitas as pazes com Afonso VII, a posio de D.Afonso Henriques e dos nobres que o acompanham volta-se contra D.

    Teresa e a famlia Trava. O conflito s viria a ser sanado com a batalha de S. Mamede, que teve lugar a 24 deJunho de 1128 nos arredores de Guimares, tendo sado vitoriosas as hostes de D. Afonso Henriques. A partirdesta data passou o infante a governar o condado.Depois de ter resolvido as escaramuas na fronteira com a Galiza e assinado trguas de dois anos com Afonso VII, voltou-se para a fronteirameridional, tendo fundado em finais de 1135 o castelo de Leiria, que viria a ser de importncia fundamental para a reconquista. Novamente asatenes de D. Afonso Henriques se voltaram para a fronteira setentrional, s que em simultneo os muulmanos tomaram Leiria. Tendo firmadonovamente a paz com Afonso VII, D. Afonso Henriques acorre ao sul, onde defrontou os muulmanos na Batalha de Ourique. Esta famosa batalha

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    viria a ser origem de lendas e exageros, no se sabendo ainda hoje com exactido o local onde se ter travado. Uma certeza h, no entanto: a partirdaqui comeou D. Afonso Henriques a intitular-se rei.D. Afonso Henriques iniciou ento uma nova fase na sua poltica de aproximao Santa S, da qual se declarou vassalo em 1143. O papa, contudo,limitou-se a trat-lo por Dux. Por sua vez, D. Afonso VII reagiu mal a esta posio de D. Afonso Henriques e no lhe reconheceu o ttulo de rei.A reconquista prosseguiu, no entanto, e D. Afonso Henriques no perdeu a primeira oportunidade que se lhe deparou para conquistar Santarm eLisboa. A primeira foi tomada de assalto em Maro de 1147, o cerco da segunda foi, todavia, demorado e difcil, tendo sido importante a ajudaproporcionada pela expedio de cruzados que se encontrava de passagem pelo nosso litoral. A cidade s veio a render-se em 24 de Outubro dessemesmo ano. Aps estas conquistas, a actividade militar abrandou, pois era altura de procurar povoar e organizar o territrio e de incrementar apoltica de autonomia da Igreja portuguesa junto da Santa S. O principal obreiro desta poltica foi D. Joo Peculiar, arcebispo de Braga.Com a morte de Afonso VII, os seus dois filhos entenderam-se para submeter D. Afonso Henriques. Porm, a morte de Sancho pouco tempo depoisveio alterar o panorama peninsular. Parece que ter ento Fernando II reconhecido D. Afonso Henriques como rei de Portugal a troco do seureconhecimento como rei de toda a Espanha. Pensa-se, contudo, que a fronteira meridional continuava a ser o Tejo. Compreende-se assim ainquietao que causava ao rei de Leo a aco de Geraldo no Alentejo, tanto mais que as conquistas inflectiam cada vez mais para leste. Tendo idoD. Afonso Henriques em auxlio de Geraldo em Badajoz, aproveitou Fernando II um acidente em que o nosso rei partiu uma perna para o aprisionar.A liberdade s foi restituda a troco dos territrios tudenses, no sendo, no entanto, contestadas as conquistas a oeste de Badajoz. Os muulmanospassaram ento a tomar a iniciativa, tendo cercado em Santarm o prprio rei de Portugal aps terem reconquistado todo o Alentejo. D. AfonsoHenriques foi auxiliado pelo rei de Leo, que, como rei das Espanhas, no podia deixar de se considerar obrigado a intervir, vindo a ser assinadastrguas com os muulmanos.

    A maioridade de Afonso VIII de Castela, em 1179, tornou a posio de D. Fernando II insustentvel como rei das Espanhas. Desta forma,pressionado por diversos campos, veio a ceder, reconhecendo assim definitivamente a autonomia poltica de Portugal. Tanto mais que, pela Bula"Manifestis Probatum" de 23 de Maio desse mesmo ano, o papa Alexandre III conferiu a D. Afonso Henriques o direito de conquis ta de terras aosmuulmanos sobre as quais outros prncipes cristos no tivessem direitos anteriores, e foi nesta bula que, pela primeira vez, D. Afonso Henriques foidesignado como rei.Aps o incidente de Badajoz, a carreira militar de D. Afonso Henriques praticamente terminou. Dedicou a partir da quase toda a sua vida administrao dos territrios com a co-regncia do seu filho D. Sancho. Procurou fixar a populao, promoveu o municipalismo e concedeu forais.Contou com a ajuda da ordem religiosa dos Cistercienses para o desenvolvimento da economia, predominantemente agrria. No podemos tambmdeixar de referir o papel que as ordens religiosas militares, dos Templrios, dos Hospitalrios e de Sant'Iago, tiveram na reconquista. D. AfonsoHenriques retribuiu esses servios com avultadas concesses.D. Afonso Henriques faleceu a 6 de Dezembro de 1185 aps um governo de mais de 57 anos. Foi sepultado na Igreja de Santa Cruz de Coimbra,

    onde ainda hoje permanecem os seus restos mortais.

    O Conquistador

    1. Monarca

    Reinado: 1143 - 1185

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    1108 - Nascimento de D. Afonso Henriques em Guimares.Aps a morte do pai, o Conde D. Henrique de Borgonha, D. Teresa de Arago, sua me, assume o governo do Condado Portucalense.1122 - D. Afonso Henriques, ainda infante, arma-se a si prprio cavaleiro na Catedral de Zamora.1127 - D. Afonso VII de Castela cerca o Castelo de Guimares onde se encontra o infante.1128 - Batalha de S. Mamede entre partidrios de D. Afonso Henriques e de sua me D. Teresa.D. Afonso Henriques sai vitorioso, assumindo o governo do Condado Portucalense.1137 - Batalha de Cerneja, cujo principal objectivo a libertao do jugo do reino de Leo.D. Afonso Henriques sai vencedor mas obrigado a restituir as terras conquistadas a norte, no Tratado de Paz de Tui, em troca de Tomar e Leiria,invadidas a sul pelos Mouros.1139 - Batalha de Ourique contra os Mouros.Depois da vitria, D. Afonso Henriques comea a intitular-se rei.1142 - D. Afonso Henriques presta vassalagem Santa S.1143 - Conferncia de Zamora onde D. Afonso VII, rei de Leo, reconhece a independncia do Condado Portucalense.Este passa a chamar-se Reino de Portugal e concedido o ttulo de rei a D. Afonso Henriques.1146 - Casamento do rei com D. Mafalda de Sabia.1147 - Conquista de Santarm, Lisboa, Sintra, Almada e Palmela.- Outras conquistas aos Mouros, entre as quais se destacam Alccer do Sal (1158), Beja (1162), vora (1165), Moura, Serpa e Juromenha (1166).1179 - O Papa Alexandre III reconhece D. Afonso Henriques como rei e Portugal como reino, pela Bula "Manifestis Probatum".

    1185 - Morte de D. Afonso Henriques.

    D. Mafalda

    Filha do conde de Moriana e Sabia, Amadeu II, D. Mafalda (ou Matilde) foi a primeira rainha de Portugal, por casamento com D. AfonsoHenriques, celebrado em 1146. Cr-se que ter morrido em 1158 ou 1159.

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    D. Sancho I

    Segundo rei de Portugal (1185-1211), filho de D. Afonso Henriques e de D. Mafalda, foi cognominado "oPovoador". Nasceu em 11 de Novembro de 1154, em Coimbra, e morreu em 26 de Maro de 1211 na mesmacidade. Casou em 1174 com D. Dulce de Arago, filha de Raimundo Branger IV. Subiu ao trono emDezembro de 1185 por morte de D. Afonso Henriques.Foi iniciado na vida militar aos 12 anos, tendo chefiado uma expedio a Cidade Rodrigo contra Fernando IIque se saldou por um fracasso. Foi armado cavaleiro em 15 de Agosto de 1170, na cidade de Coimbra, logoaps o acidente de D. Afonso Henriques em Badajoz. Participou desde ento no exerccio do poder poltico,talvez devido incapacidade fsica do rei.O povoamento das terras abandonadas foi uma das suas principais preocupaes. Para alcanar este objectivodesenvolveu as instituies municipais e concedeu diversos forais, principalmente na Beira e em Trs-os-Montes: Gouveia (1186), Covilh (1186), Viseu (1187), Bragana (1187), etc. Entre os anos de 1192 e 1195receberam tambm forais Penacova, Marmelar, Pontvel, Povos e S. Vicente da Beira. Os concelhosfronteirios receberam privilgios particulares, tais como iseno de trabalhar na construo de castelos emuros, iseno do pagamento dos impostos de portagem e de colheita. A criao dos concelhos, para alm do

    contributo que deu para o melhoramento econmico e social, trouxe tambm vantagens de ordem militar efinanceira, pois promoveu o aumento do nmero de combatentes que no recebiam soldo. Fixaram-se tambmem Portugal neste perodo numerosos colonos estrangeiros. As ordens religiosas, nomeadamente as militares,receberam de D. Sancho inmeras concesses de terras e castelos.O monarca aproveitou a passagem pelo porto de Lisboa dos cruzados da terceira cruzada, na primavera de1189, para atacar o Algarve. Tomou o castelo de Alvor e atacou Silves (que era na poca uma das mais

    populosas e cultas cidades do ocidente peninsular). Foi acordado que a cidade seria para os portugueses e o saque para os cruzados. Aps uma rpidaconquista dos subrbios, portugueses e cruzados depararam-se com uma encarniada resistncia que durou 43 dias. D. Sancho I passou ento aintitular-se rei de Portugal e dos Algarves. Durou pouco tempo esta conquista, j que em 1190 Iacub Almanor cercou a cidade de Silves com umexrcito e com outro atacou Torres Novas, que apenas conseguiu resistir durante 10 dias. Torres Novas foi, pouco depois, restituda pelosmuulmanos, mas estes, entusiasmados com a reconquista de Silves, reconquistaram tambm Alccer, Palmela e Almada.

    D. Sancho envolveu-se tambm nos conflitos entre Leo e Castela, entrando em guerra com Leo em 1196 e 1199. Durante o seu reinado,deterioraram-se as boas relaes com a Santa S, primeiro por tentar furtar-se ao pagamento do censo anual de dois marcos-ouro, depois por terentrado em litgio com o bispo do Porto aquando do casamento do herdeiro do trono com D. Urraca, filha de Afonso VIII. O papa Inocncio IIIincumbiu o bispo de Samora de anunciar a pena de excomunho a D. Sancho e queles que tinham retido o bispo. O monarca portugus entroutambm em conflito com o bispo de Coimbra, tendo sido por isso admoestado pelo papa. Ao sentir aproximar-se a sua morte, reconciliou-se com osprelados e aceitou as exigncias do papa.Segundo o estudioso Jaime Batalha Reis, iniciou-se no reinado de D. Sancho I a amoedao do ouro, que para outros autores ter surgido

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    anteriormente. O trabalho administrativo continuou a fazer-se na Cmara Rgia que funcionava no Pao, tal como no reinado anterior, estando todo otrabalho a cargo de um s homem, o chanceler. Neste reinado sabe-se que alguns portugueses frequentaram universidades estrangeiras e que umgrupo de juristas conhecia o Direito que se ministrava na escola de Bolonha. Tambm o rei foi poeta e em 1192 concedeu ao mosteiro de Santa Cruz400 morabitinos para que se mantivessem em Frana os monges que l quisessem estudar.

    O Povoador2. MonarcaReinado: 1185 - 12111154 - Nascimento de D. Sancho em Coimbra.1174 - Casamento de D. Sancho com D. Dulce de Arago.1185 - Coroao sob o ttulo de D. Sancho I.1189 - Prosseguimento das lutas contra os Mouros.Conquista de Silves, Alvor, Albufeira, Lagos, Portimo, Monchique e Messines, entre outras terras a sul.1191 - Retoma de Silves e de outras praas algarvias, assim como de Alccer do Sal, Palmela e Almada.1196 - Envolvimento no conflito entre Leo e Castela.D. Sancho I entra em guerra com Leo.1200 - Estabelecimento da paz entre Portugal e o reino de Leo.1211 - Morte de D. Sancho I.

    D. Afonso II

    Terceiro rei de Portugal (1211-1223), filho de D. Sancho I e da rainha D. Dulce, nasceu em Coimbra em1185 e faleceu em 1223. Casou com D. Urraca, infanta de Castela, e subiu ao trono em finais de Maro de1211. Recebeu o cognome de "o Gordo".No tinha vocao militar, por isso abandonou a poltica de expanso territorial, preocupao dominante atento, para procurar dotar o pas de uma concepo moderna da funo do Estado, do rei e da unidadenacional. Com tais objectivos, logo que subiu ao trono, em 1211, convocou Cortes para Coimbra. Destas saiu

    a primeira colectnea de leis gerais do pas, que mostram desde logo a aco centralizadora do rei na oposioaos abusos das classes privilegiadas. Foram tomadas tambm uma srie de medidas gerais que se destinaram agarantir o direito de propriedade, regular a justia civil, defender os interesses materiais da coroa e evitarcertos abusos dos privilegiados. As confirmaes, raras at este perodo, e que se generalizaram entre 1216 e

    1221 como medida de administrao pblica, mostram, tambm, o desejo de firmar a soberania da coroa. Uma outra medida tomada para reprimir osabusos das classes privilegiadas foram as inquiries.Esta nova poltica levou tambm a conflitos com o clero e com as infantas suas irms. D. Sancho I tinha deixado, por testamento, s infantas D.

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    Teresa, D. Sancha e D. Mafalda numerosas mercs em terras e dinheiro sobre as quais D. Afonso II pretendia o pagamento de direitos rgios. Asinfantas apelaram para o papa, que, aps alguns avanos e recuos, veio a confirmar a posio de D. Afonso II.

    Apesar de, como j dissemos, no ter tido preocupaes militares, enviou tropas portuguesas que, ao lado decastelhanas, aragonesas e francesas, combateram bravamente na clebre batalha de Navas de Tolosa na defesada Pennsula contra os muulmanos. Alccer do Sal foi a principal conquista do seu reinado.

    O Gordo3. MonarcaReinado: 1211 - 12231185 - Nascimento de D. Afonso em Coimbra.1208 - Casamento de D. Afonso com D. Urraca de Castela.1211 - Coroao sob o ttulo de D. Afonso II.

    - Realizao das cortes de Coimbra, onde so aprovadas as primeiras leis gerais que se conhecem no reino. Estas so as mais antigas cortes de que hnotcia exacta.1212 - Batalha de Navas de Tolosa onde D. Afonso II presta auxlio ao seu sogro, Afonso VIII, rei de Castela, na defesa da Pennsula contra osMuulmanos.1217 - Reconquista de Alccer do Sal.

    1220 - Ordenao das primeiras Inquiries Gerais.1223 - Morte de D. Afonso II.

    D. Sancho II

    Cognominado "o Rei Capelo", foi o quarto rei de Portugal (1223-1245). Nasceu em Coimbra em 1209 e faleceu em Toledo em 4 de Janeiro de1248. Filho de D. Afonso II e de D. Urraca, subiu ao trono em Maro de 1223. Era indicado como herdeiro no testamento de D. Afonso II, muitoembora a ordem de sucesso fosse j ento um facto. Casou, cerca de 1240, com D. Mcia Lopes, neta de Afonso IX de Leo e viva de lvaro Peresde Castro. Deste casamento no houve descendncia.

    Tendo D. Sancho herdado o trono aos 13 anos, o governo do reino esteve primeiramente a cargo de ricos-homens que apressaram o pequeno rei aregularizar as relaes com a Igreja. Foi elaborada uma concrdia com a igreja e, finalmente, resolvido o problema com as infantas, irms de D.Afonso II. Depois de resolvidas estas questes procurou D. Sancho II dedicar-se administrao do Pas, concedendo forais a diversas povoaes.Iniciou, tambm, uma nova fase de expanso territorial, que durou todo o seu reinado e terminou apenas com D. Afonso III.Aproveitando-se das lutas que Afonso IX de Leo mantinha com os Mouros, o monarca iniciou uma campanha no Alentejo em 1226. Entre este ano e1239 conquistou todo o Alentejo, tendo, para tal, muito contribudo a aco da Ordem de Sant'Iago. Esta Ordem militar recebeu como pagamento dosservios prestados diversas povoaes, tais como Aljustrel, Sesimbra, Aljafar de Pena, Mrtola, Aiamonte e Tavira.

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    Apesar desta excelente actuao militar, o rei, no que concerne administrao, revelou-se fraco e indeciso, de tal modo que aquela se tornoudesleixada e descuidada. Os nobres abusavam pela sua prepotncia de vencedores, os bispos aproveitavam os distrbios causados por aqueles para se

    imiscurem na vida pblica e poltica. A luta entre homens da Igreja e ricos-homens tornou-se quasepermanente. Tambm as ordens monsticas reclamaram dos abusos por parte dos nobres. O bispo do Porto,Martinho Rodrigues, queixou-se ao papa de que o rei usurpava o direito de jurisdio sobre a cidade, quedependia da S. O papa admoestou o rei, que pareceu submeter-se. Tambm o bispo de Lisboa se revoltoucontra o rei, acusando-o de ofender as liberdades religiosas. Mais uma vez o papa recorreu a admoestaes.Contudo, quando em 1238 outras queixas, do novo bispo do Porto, se levantaram contra o rei, o bispo deSalamanca lanou um interdito que o papa confirmou. Todas estas queixas mostram a desordem que grassavano reino devido s constantes brigas entre nobres e clero, brigas que o rei se mostrava incapaz de sanar.Todas estas queixas por parte do clero foram ainda agravadas por intrigas alimentadas pelo prncipe D.Afonso, que desde 1238 vivia em Bolonha. No conclio de Lio, prelados e nobres portugueses descreviam a

    desordem do reino em termos tais que deles se pode inferir a deposio do rei. A resposta por parte do papa foi uma bula onde dizia dever incumbir-se da restaurao do reino algum activo e prudente, e que esse algum s poderia ser D. Afonso. Numa assembleia de prelados e nobres portugueses,reunida em Paris, D. Afonso jurou que guardaria e faria guardar todos os privilgios, foros e costumes dos municpios, cavaleiros, pees, religiosos eclrigos seculares do reino. Em finais de 1245 ou nos princpios do ano seguinte, o conde de Bolonha desembarcou em Lisboa. Da luta entrepartidrios do rei e de D. Afonso saiu vitoriosa a faco de D. Afonso. D. Sancho II retirou-se para Toledo, onde viria a falecer pouco tempo depois.

    O Capelo4. MonarcaReinado: 1223 - 12451209 - Nascimento de D. Sancho em Coimbra.1223 - Coroao sob o ttulo de D. Sancho II.1226 - Incio de uma campanha em todo o Alentejo e parte do Algarve, tomando aos Mouros terras como Elvas, Moura, Serpa, Mrtola e Tavira,entre outras.A expanso territorial empreendida por D. Sancho II dura quase todo o seu reinado.1240 - Casamento do rei com D. Mcia Lopes.1245 - Afastamento de D. Sancho II provocado pelo Papa Inocncio IV, que designa D. Afonso III como seu substituto.1248 - Morte de D. Sancho II.

    D. Afonso III

    Quinto rei de Portugal (1245-1279), "o Bolonhs" nasceu provavelmente em Coimbra, a 5 de Maio de 1210. Segundo filho de D. Afonso II e de D.Urraca, partiu em 1227 para Frana, onde frequentou a corte de Lus IX, tendo disso muito beneficiado. Casou em 1238 com D. Matilde, condessa de

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    Bolonha, viva de Filipe-o-Crespo.Chegou a Lisboa em finais de 1245 ou princpios de 1246. Com os ttulos de visitador, curador e defensor do reino, foi aclamado rei aps ter vencidopela fora das armas o seu irmo D. Sancho II.O facto de maior destaque do seu reinado foi a conquista definitiva do Algarve. Em Maro de 1249 foi conquistada a cidade de Faro. Os freires deSant'Iago e Calatrava tiveram a um papel determinante, tendo-lhes sido confiada a empresa de conclurem a conquista. A conquista do Algarvelevou, contudo, a graves discrdias com Castela. As pazes foram inicialmente alcanadas com o casamento de D. Afonso III com D. Beatriz, filhailegtima de Afonso X (aps o papa ter anulado o casamento com D. Matilde por esta ser estril), mas o problema s foi definitivamente resolvidopelo Tratado de Badajoz, de 16 de Fevereiro de 1267. Por este tratado ficou definido que seria o Guadiana, desde a confluncia do Caia at foz, afronteira luso-castelhana.D. Afonso III foi tambm um bom administrador, fundou povoaes, restaurou, repovoou e mandou cultivar inmeros lugares arruinados, e concedeunumerosos forais. Reuniu Cortes em Leiria, em 1254, as primeiras em que participaram representantes dos concelhos. As Cortes de Coimbra de 1261foram tambm importantes, pois nelas foi reconhecido ao rei o direito de cunhar moeda fraca. Procedeu a inquiries em 1258, revelando asrespectivas actas os inmeros abusos praticados pelas classes privilegiadas. Legislou para reprimir estes abusos. Estas leis provocaram a imediatareaco do clero, que apelou para Roma. S a proximidade da morte levou o rei a recuar, tendo jurado submisso a Santa S em Janeiro de 1279.Faleceu em 16 de Fevereiro do mesmo ano, tendo sido sepultado em Alcobaa.

    O Bolonhs5. Monarca

    Reinado: 1245 - 12791210 - Nascimento de D. Afonso em Coimbra.1238 - Casamento de D. Afonso com D. Matilde de Bolonha.1245 - Assuno da regncia do reino aps seu irmo ser afastado do poder.1248 - Coroao sob o ttulo de D. Afonso III.1249 - Aps tomada de Faro aos Mouros, o rei empreende a conquista definitiva do Algarve.A partir deste feito, D. Afonso III e todos os reis que lhe sucedem passam a usar o ttulo de "Rei de Portugal e dos Algarves".1253 - Casamento do rei com D. Beatriz de Castela.1254 - Cortes de Leiria onde, pela primeira vez, se renem representantes do Povo, ao lado do Clero e da Nobreza.1267 - Tratado de Badajoz que reconhece o direito de Portugal ao Algarve, sendo a fronteira deste marcada pelo Rio Guadiana.1279 - Morte de D. Afonso III.

    D. Beatriz (1244-1300)

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    Me de D. Dinis (1244-1300), segunda esposa de D. Afonso III, a quem se uniu em 1253 (o casamento teve que ser revalidado em 1262, aps amorte da esposa anterior, D. Matilde). Era filha ilegtima do rei Afonso X de Castela, o Sbio, e o seu matrimnio com o monarca portugus serviupara pacificar, provisoriamente embora, as relaes entre os dois reinos.

    D. Dinis

    Sexto rei de Portugal, filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela, nasceu a 9 de Outubro de 1261 efaleceu em 1325. Foi aclamado rei em Lisboa, em 1279, tendo governado durante 46 anos. Casou em 1282com D. Isabel de Arago (a rainha Santa Isabel); a rainha teria tambm um papel importante ao longo destereinado, no s pelas suas aces de caridade mas, sobretudo, pela sua actuao ao lado do rei na polticaexterna, e entre ele e o filho aquando das lutas entre ambos.Foi o primeiro rei a no ter que se preocupar com a expanso territorial. Procurou lutar contra os privilgiosque, de alguma forma, iam contra a sua autoridade. Em 1282 estabeleceu que todas as apelaes de quaisquerjuzes s poderiam fazer-se para o rei. Recorreu a inquiries em 1284, tendo havido outras ao longo do seureinado. Procurou um acordo com a Igreja, acordo que viria a ser estabelecido por concordata em 1290.Proibiu s Ordens e aos clrigos a aquisio de bens de raiz, mas procurou tambm defender a Igreja dos

    abusos resultantes do sistema do padroado. Apoiou os cavaleiros da Ordem de Sant'Iago ao separarem-se doseu mestre castelhano, e salvou a dos Templrios em Portugal, dando-lhe nova existncia sob o nome de Ordem de Cristo.Entrou em guerra com Castela em 1295, a qual s veio a terminar pelo Tratado de Alcanizes, lavrado na vila castelhana do mesmo nome em 12 deSetembro de 1297. Por este tratado previa-se uma paz de 40 anos, amizade e defesa mtuas. Foram tambm estabilizadas as fronteiras em zonasnevrlgicas como a Beira e o Alentejo, com excepo de pequenas reas que rapidamente se viriam a integrar no reino.Desenvolveu as feiras, criando as chamadas feiras francas ao conceder a vrias povoaes diversos privilgios e isenes. Protegeu as exportaespara os portos da Flandres, Inglaterra e Frana; em 1308 celebrou um tratado de comrcio com o rei de Inglaterra e instituiu definitivamente amarinha portuguesa.Foi, no entanto, a agricultura que mais o interessou (da o seu cognome, "o Lavrador"). Procurou interessar toda a populao na explorao das terras,facilitando a sua distribuio. No Entre Douro e Minho dividiu as terras em casais, cada casal vindo mais tarde a dar origem a uma povoao. EmTrs-os-Montes o rei adoptou um regime colectivista; as terras eram entregues a um grupo que repartia entre si os encargos, determinados servios e

    edifcios eram comunitrios, tais como o forno do po, o moinho e a guarda do rebanho. Na Estremadura a forma de povoamento dominante foi a queteve por base o imposto da jugada; outros tipos de diviso foram tambm utilizados, como, por exemplo, a parceria.Ele prprio poeta, D. Dinis deu tambm um grande impulso cultura. Ordenou o uso exclusivo da lngua portuguesa nos documentos oficiais.Fundou em Lisboa, em 1290, um Estudo Geral (Universidade) no qual foram desde logo ensinadas as Artes, o Direito Civil, o Direito Cannico e aMedicina. Mandou traduzir importantes obras, tendo sido a sua Corte um dos maiores centros literrios da Pennsula.

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    O Lavrador6. MonarcaReinado: 1279 - 13251261 - Nascimento de D. Dinis.1279 - Coroao de D. Dinis.1282 - Casamento do rei com D. Isabel de Arago, a Rainha Santa Isabel.1290 - Fundao da Universidade denominada Estudo Geral, em Lisboa.1295 - Guerra com Castela.

    1297 - Tratado de Alcanizes que, alm de terminar com a guerra, prev uma paz de 40anos, amizade e defesas mtuas com Castela.Neste tratado so tambm estabilizadas as fronteiras definitivas do territrio portugus.1308 - Instituio definitiva da marinha portuguesa, aps celebrao do primeiro tratadode comrcio com a Inglaterra.1315 - Solicitao ao Papa da criao da Ordem de Cristo para a qual devero transitar osdomnios e bens dos Templrios.Depois do consentimento, a Ordem passa a ter sede no Convento de Tomar.1317 - Organizao da marinha de guerra.1325 - Morte de D. Dinis.

    Rainha Santa Isabel

    Isabel de Portugal (Rainha Santa Isabel), nascida em Saragoa ou em Barcelona porvolta de 1270 e morreu em Estremoz no ano de 1336.Rainha de Portugal, mulher de D. Dinis, filha de Pedro III de Arago e de D. Constanade Navarra e neta de Jaime I, o Conquistador. Desde nova mostrou tendncia para ameditao e solido, rezas e jejuns. Entre os seus pretendentes contavam-se Eduardo I de

    Inglaterra, Roberto de Anjou e D. Dinis de Portugal. Foi este quem o seu pai escolheu pois oferecia-lhe desde

    logo um trono. O contrato de casamento foi concertado em 24 de Abril de 1281 e tinha a particularidade de ser o primeiro celebrado em Portugal comescritura antenupcial, segundo o direito romano. Por ele, a nova rainha recebeu bidos, Abrantes, Porto de Ms com todas as suas rendas, e ainda 12castelos. O seu pai, por seu turno, dotou-a com 10 mil maravedis e jias. Ficou clebre o cortejo que acompanhou a nova rainha a Portugal depois docasamento, realizado por procurao na cidade de Barcelona em 1288. De Bragana, onde era aguardada pelo infante D. Afonso, a comitiva, onde seincorporavam nobres portugueses, seguiu para Trancoso onde D. Dinis a esperava e onde, a 24 de Junho, se realizou a cerimnia de casamento que oscronistas celebrizaram. Em 1304 regressou sua terra natal quando D. Dinis a teve de se deslocar como medianeiro do conflito entre Fernando IV deCastela e Jaime II de Arago. Tambm em Portugal era constante a sua presena junto do marido nas deslocaes que este fazia pelo reino; esse facto

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    trouxe-lhe grande popularidade junto do povo, pois nessas alturas dava esmolas aos pobres, a raparigas pobres e distribua alimentos. No se alheoudos problemas polticos nacionais, interferindo na guerra civil que ops o rei ao prncipe herdeiro D. Afonso; acusada pelo marido de favorecer osinteresses do filho foi mandada sob custdia para Alenquer. No entanto, continuou a interessar-se pelo problema e foi por sua influncia directa quese assinou a paz de 1322; no ano seguinte evita o reacender da luta colocando-se entre os exrcitos preparados para a batalha. Depois da morte de D.Dinis (1325) recolheu-se nos Paos de Santa Ana, junto a Santa Clara de Coimbra; at morte promoveu uma srie de obras pias fundando ouajudando fundao de hospitais (Coimbra, Santarm, Leiria), asilos e albergarias (Leiria, Odivelas), mosteiros, capelas (Convento da Trindade emLisboa, claustro em Alcobaa, capelas em Leiria e bidos). Deixou em testamento grandes legados a muitas destas instituies. Foi sepultada por suavontade no Convento de Santa Clara e, no sculo XVII, o seu corpo foi trasladado para o novo mosteiro fundado por D. Joo IV em substituio do

    antigo, ameaado pelas guas do Mondego, e depositada num cofre de prata e cristal. O povo, desde cedo, considerou-a santa,atribuindo-lhe inmeros milagres. A pedido de D. Manuel I foi beatificada por Leo X (15-4-1516); em 1625 foi canonizadapor Urbano VIII.

    Rainha de Portugal (c.1270-1336), era filha dos reis de Arago e casou em 1282 com D. Dinis. Acompanhava o marido nassuas deslocaes, inteirando-se assim das condies de vida do povo e socorrendo-o na medida das suas possibilidades.Fundou vrios hospitais, por exemplo em Coimbra, Leiria e Santarm. Deve-se-lhe tambm a fundao do Mosteiro de SantaClara-a-Velha. J em vida o povo lhe chamava Rainha Santa pela ajuda que dava aos mais necessitados e fazia circulardiversas lendas. Foi canonizada em 1625 pelo papa Urbano VIII.

    D. Afonso IV

    Cognominado "o Bravo", foi o stimo rei de Portugal, reinando de 1325 a 1357. Filho de D. Dinis e de D. Isabel de Arago, nasceu em Lisboa a 8de Fevereiro de 1291, casou em 1309 com D. Beatriz, filha de Sancho IV de Castela e da rainha D. Maria, e faleceu, tambm em Lisboa, a 28 deMaio de 1357.Por no suportar a predileco de D. Dinis por D. Afonso Sanches (filho bastardo de D. Dinis, mas mais velho que o herdeiro da Coroa) e temendoque este lhe roubasse o trono, revoltou-se, ainda infante, contra seu pai, tendo lanado por diversas vezes o reino na guerra civil. Subiu ao trono em1325, por morte de D. Dinis, e logo convocou Cortes para vora, onde manteve a deciso de desterro e perda de todos os haveres para o meio-irmo.D. Afonso Sanches invadiu Portugal e s pela mediao de D. Isabel foi conseguida a paz entre os dois irmos.

    D. Afonso IV declarou guerra a D. Afonso XI de Castela, seu genro, devido aos maus tratos que este infligia a D. Maria sua esposa e ainda porqueeste reteve em Castela D. Constana, esposa do sucessor ao trono de Portugal. A ameaa muulmana levou os dois monarcas a assinarem a paz, tendoos exrcitos cristos derrotado os Mouros na clebre batalha do Salado, em 30 de Outubro de 1340.D. Afonso IV empenhou-se tambm em impulsionar a marinha, tendo sido no seu reinado realizadas as primeiras viagens s Canrias.O final do seu reinado foi, contudo, perturbado com alguns problemas; em 1343 houve no reino grande carestia de cereais, em 1347 ocorreu umsismo que abalou Coimbra, tendo causado enormes prejuzos, e em 1348 a peste negra, vinda da Europa, assola o Pas. De todos os problemas foi apeste o mais grave, vitimando grande parte da populao e causando grande desordem no reino. O rei reagiu prontamente, tendo promulgado

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    legislao a reprimir a mendicidade e a ociosidade.Um outro facto marcou ainda o final do reinado de D. Afonso IV: foi ele o assassnio de D. Ins de Castro. Este facto provocou a rebelio de D.Pedro, que declarou guerra a seu pai. Em 15 de Agosto de 1356 assinou o prncipe um acordo em Canaveses onde se comprometia a esquecer opassado e a perdoar aos intervenientes na luta.

    O Bravo7. MonarcaReinado: 1325 - 13571291 - Nascimento de D. Afonso em Lisboa.

    1309 - Casamento de D. Afonso com D. Beatriz de Castela.1325 - Coroao sob o ttulo de D. Afonso IV.1340 - Batalha do Salado que leva os exrcitos portugueses e castelhanos a lutarem juntos contra os Mouros, em defesa deCastela e da Pennsula.1344 - A posse das Canrias passa para Castela.1348 - Peste Negra: calamidade que provoca a morte de cerca de um tero da populao portuguesa.1354 - Transferncia da Universidade para Coimbra.1355 - Condenao morte de D. Ins de Castro.1357 - Morte de D. Afonso IV.

    D. Beatriz (1293-1359)

    Me de D. Pedro I (1293-1359), filha dos reis de Castela D. Sancho IV e D. Maria, foi rainha de Portugal por casamento com D. Afonso IV,realizado em 1309. Em 1355, teve um papel decisivo na reconciliao de seu marido com seu filho, o futuro D. Pedro I, aps o assassinato de Ins deCastro. Alm de D. Pedro, teve ainda outros seis filhos.

    D. Pedro I

    Cognominado "o Justiceiro", foi o oitavo rei de Portugal. Quarto filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, nasceu em Coimbra, a 8 deAbril de 1320, e morreu em Estremoz a 18 de Janeiro de 1367. Casou por procurao, em 1336, com D. Constana Manuel, filha do fidalgocastelhano D. Joo Manuel e de D. Constana de Arago. Contudo, a bno nupcial apenas lhes foi dada em 1340, na S de Lisboa, depois de D.Afonso XI de Castela ter deixado D. Constana sair do reino. Com ela veio tambm para Portugal D. Ins de Castro, cuja ligao amorosa com oinfante viria a provocar forte conflito entre ele e D. Afonso IV.

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    Aps o assassnio de D. Ins de Castro, D. Pedro revoltou-se contra o seu pai, assolou diversas terras a norte do Douro echegou mesmo a tentar tomar o Porto. O acordo de paz entre D. Pedro e seu pai foi firmado em Canaveses em Agosto de 1355,tendo desde logo D. Afonso IV delegado em D. Pedro grande parte do poder. Ficou o infante desde esta altura incumbido de,com certas reservas, exercer justia em todo o reino. Esta transferncia de poderes explica o facto de, ainda infante, ter D.Pedro promulgado o beneplcito rgio. Este importante decreto proibia a divulgao no reino de quaisquer documentospontifcios sem prvia autorizao do rei. Esta medida provocou a reaco do clero, que, nas cortes de Elvas de 1361, solicitoua revogao do decreto. No entanto, D. Pedro estabeleceu oficialmente o beneplcito rgio, no para agravar as relaes com aIgreja mas para marcar a fora do Estado.

    Subiu ao trono em 28 de Maio de 1357, com 37 anos de idade. Distinguiu-se pela aplicao da justia, segundo Ferno Lopes "aos modos antigos",tendo sido extremamente rigoroso na sua aplicao. Segundo o historiador Joel Serro, "a sua justia no conhecia discriminaes: julgava de igualmodo fidalgos ou vilos, amigos ou inimigos." Outros estudiosos, no entanto, como o caso de Joaquim Verssimo Serro, no partilham da mesmaopinio, escrevendo este ltimo: "-se levado a crer que o rigor de D. Pedro incidiu em casos concretos, no desagravo de servidores ou cidadosprestveis, e no teve em conta a equidade que a justia requer". de destacar, ainda, um outro facto no seu reinado, a saber, a execuo dosassassinos de D. Ins de Castro, apesar de lhes ter sido prometido perdo antes da morte de D. Afonso IV.D. Pedro reinou durante dez anos, conseguindo ser extremamente popular, ao ponto de dizerem as gentes que taaes dez annos nunca ouve emPurtugal como estes que reinara elRei Dom Pedro. Os seus restos mortais encontram-se na capela mor da igreja do mosteiro de Alcobaa ao ladodos de D. Ins de Castro. Os seus dois tmulos representam duas das mais belas peas da escultura portuguesa do sculo XIV.

    O Justiceiro8. MonarcaReinado: 1357 - 13671320 - Nascimento de D. Pedro em Coimbra.1336 - Casamento de D. Pedro com D. Constana Manuel.1355 - Assinatura em Canaveses de um tratado de paz entre D. Pedro e seu pai, aps a execuo de D. Ins de Castro.1358 - Coroao sob o ttulo de D. Pedro I.1361 - Cortes de Elvas onde so tomadas medidas importantes a favor do povo.O Clero solicita, em vo, a revogao da lei do Beneplcito Rgio.1367 - Morte de D. Pedro I.

    D. Fernando

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    Cognominado "o Formoso", foi o nono rei de Portugal e o ltimo da primeira dinastia, tendo reinado de 1367 a 1383. Filhode D. Pedro I e da rainha D. Constana, nasceu em Coimbra, a 31 de Outubro de 1345, e faleceu a 22 de Outubro de 1383.Casou entre 15 e 18 de Maio de 1372 com D. Leonor Teles (a Aleivosa), que fora mulher de Joo Loureno da Cunha.Subiu ao trono em 1367, com 22 anos. Nesta altura, a monarquia castelhana estava envolvida em lutas fratricidas, sendo acoroa disputada a D. Pedro, nico filho legtimo de D. Afonso XI, por seu meio-irmo D. Henrique de Trastmara. D.Fernando manteve inicialmente uma atitude de neutralidade. Contudo, o assassnio de D. Pedro modificou radicalmente aposio portuguesa em relao aos sucessores de Castela. Desta forma, visto ser bisneto de Sancho IV, D. Fernando chegou aser reconhecido em algumas localidades como rei de Castela. Interveio assim D. Fernando nesse episdio peninsular da grande

    crise europeia que foi a Guerra dos Cem Anos. A paz com Castela foi assinada em 31 de Maro de 1371, em Alcoutim, ficando por este acordo D.Fernando, ainda solteiro, comprometido a casar com uma das filhas de Henrique II, a infanta D. Leonor. No entanto, D. Fernando infringiu esteacordo ao casar com D. Leonor Teles. Henrique II veio a consentir na reforma do tratado de Alcoutim, anulando-se a clusula do casamento ecelebrando-se novo tratado em Tui em 1372. Surgiu nesta altura o duque de Lencastre, um dos filhos do monarca ingls, com pretenses ao trono deCastela, para as quais procurou o apoio de D. Fernando. O apoio do rei portugus consubstanciou-se, primeiro, pelo Tratado de Tagilde de 10 deJulho de 1372, celebrado entre D. Fernando e o duque, e depois pelo Tratado de Westminster, celebrado entre os monarcas portugus e ingls. Estesacordos levaram Henrique II a invadir Portugal, onde, falta de quem organizasse a resistncia, foi avanando, tendo chegado a Lisboa a 23 deFevereiro de 1373. Com a interveno do cardeal Guido de Bolonha foi firmada a paz com Castela por vexatrio tratado celebrado em Santarm em24 de Maro de 1373.Aps a paz com Castela, dedicou-se D. Fernando administrao do reino, mandou reparar muitos castelos e construir outros, e ordenou a construo

    de novas muralhas em redor de Lisboa e do Porto. Com vista ao desenvolvimento da agricultura promulgou a Lei das Sesmarias. Por esta lei impedia-se o pousio nas terras susceptveis de aproveitamento e procurava-se aumentar o nmero de braos dedicados agricultura. Durante o reinado de D.Fernando alargaram-se, tambm, as relaes mercantis com o estrangeiro, relatando Ferno Lopes a presena em Lisboa de numerosos mercadores dediversas nacionalidades. O desenvolvimento da marinha foi, por tudo isto, muito apoiado, tendo o rei tomado vrias medidas dignas de nota, taiscomo: autorizao do corte de madeiras nas matas reais para a construo de navios a partir de certa tonelagem; iseno total de direitos sobre aimportao de ferragens e apetrechos para navios; iseno total de direitos sobre a aquisio de navios j feitos; etc. Muito importante, sem qualquerdvida, foi a criao da Companhia das Naus, na qual todos os navios tinham que ser registados, pagando uma percentagem dos lucros de cadaviagem para a caixa comum. Serviam depois estes fundos para pagar os prejuzos dos navios que se afundassem ou sofressem avarias.No campo da cultura deu D. Fernando um enorme impulso Universidade. A 3 de Julho de 1377 ordenou a sua transferncia para Lisboa e obteve dopapa Gregrio XI uma bula que concedia Universidade o direito de conferir o grau de doutor, licenciado e bacharel em todas as faculdadesautorizadas.

    Por esta altura ocorreu na Igreja Catlica o grande Cisma do Ocidente. Neste contexto, D. Fernando, aps hesitar, tomou partido pelo antipapaClemente VII. No entanto, em 19 de Agosto de 1381, terminada a paz com Castela e solicitado pelos ingleses, passa para o partido de Urbano VI, quevolta a abandonar em 1382. Declarou guerra a D. Joo I de Castela, tendo paralelamente iniciado negociaes com Inglaterra atravs de JooFernandes Andeiro. As escaramuas iniciaram-se nos finais da Primavera de 1381 ao longo da fronteira do Alentejo. A armada castelhana entrou noTejo a 7 de Maro e a defesa de Lisboa limitou-se cidade murada. Em Agosto iniciaram-se as negociaes para a paz que se concluram logo no dia9 desse mesmo ms, sem conhecimento dos ingleses. Entre as clusulas do acordo estava uma que previa o casamento da infanta D. Beatriz com oinfante D. Fernando, filho segundo do rei castelhano, clusula que contudo no se viria a cumprir. D. Beatriz viria a casar com o prprio D. Joo I de

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    Castela, que entretanto enviuvara. Este foi o pior resultado das trs guerras de D. Fernando com Castela, pois o seu falecimento, poucos meses depoisda assinatura do contrato de casamento, sem deixar filho varo para lhe suceder no trono, lanou Portugal na sua primeira grande crise de sucesso,tendo mesmo chegado a pr em perigo a independncia.

    O Formoso9. MonarcaReinado: 1367 - 13831345 - Nascimento de D. Fernando em Coimbra.

    1367 - Coroao de D. Fernando.1369 - Envolvimento de D. Fernando numa guerra com Castela, sendo esta a primeira de uma srie de trs.1370 - Criao da Companhia das Naus.1371 - Assinatura, pela primeira vez neste reinado, de um tratado de paz com Castela.

    1372 - Casamento do rei com D. Leonor Teles.1373 - Refirmao da paz com Castela, num tratado assinado em Santarm, com a interveno do cardeal Guido de Bolonha.1375 - Publicao da Lei das Sesmarias.1377 - Transferncia da Universidade de Coimbra para Lisboa.1383 - Morte de D. Fernando.

    Leonor Teles

    Rainha de Portugal entre 1372 e 1383 pelo seu casamento com D. Fernando, nasceu na regio de Trs-os-Montes por voltade 1350 e faleceu em Valladolid em 1386. Ainda nova, casou com Joo Loureno da Cunha, de quem teve um filho. Maistarde trava-se de amores por D. Fernando, que obtm a anulao do casamento de Leonor Teles invocando razes deparentesco. O povo reagiu perante esta situao, manifestando-se contra o casamento do rei com Leonor Teles. D. Fernandoreprime violentamente os protestos e casa secretamente, em Lea do Balio, em 1372. No ano seguinte nasce D. Beatriz, que ir

    casar com o rei D. Joo I de Castela.Leonor Teles sempre procurou eliminar todos os obstculos que pudessem interferir nos seus planos, incluindo a sua irm, Maria Teles. Quando, em

    1383, morreu D. Fernando, Leonor Teles assumiu a regncia e passou a viver com o Conde Andeiro, Joo Fernandes Andeiro, que o povo acusava deser seu amante j em vida de D. Fernando, e quando Leonor Teles, a pedido do rei de Castela, mandou proceder aclamao de D. Beatriz e domarido como rei de Portugal, o povo revoltou-se, sendo acompanhado por alguns nobres e pela burguesia. Tal revolta levou ao assassnio do CondeAndeiro e fuga de Leonor Teles para Castela. Mas mesmo em Castela ela teve problemas com o genro, D. Joo I, que a mandou internar noMosteiro de Tordesilhas, perto de Valladolid, onde veio a falecer.

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    Monarca portuguesa (c.1350-1386). Esposa de D. Fernando, foi rainha de Portugal entre 1372 e 1383. Colocou aindependncia portuguesa em risco quando, aps a morte do rei, mandou proceder aclamao da filha D. Beatriz, casada comD. Joo I de Castela.

    Segunda Dinastia

    D. Joo I

    Filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Loureno, dama galega, nasceu em 1357, em Lisboa, onde faleceu em 1433. Dcimo rei de Portugal(1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Memria".

    Educado por um mestre da Ordem de Cristo, foi nomeado, com apenas seis anos, Mestre da Ordem de Avis por D. Pedro I e armado cavaleiro.Durante o reinado de D. Fernando, seu meio-irmo, comea a desempenhar papis de certo relevo, como o da negociao do casamento de D. Beatrizcom o rei de Castela. A rainha D. Leonor Teles v no Mestre de Avis um obstculo e um adversrio na sua influncia sobre D. Fernando, sendo D.Joo considerado o chefe dos que se opem aco de Leonor Teles e do Conde Andeiro. Aps a morte de D. Fernando, em 1383, entra-se numperodo de agitao e de crise na sucesso da Coroa, dado no haver herdeiro varo e D. Beatriz estar casada com o rei de Castela. Estava ainda emcausa a independncia nacional.Formam-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como rainha de Portugal, e D. Joo aceita a chefia do movimento popular que lutacontra a hiptese de Portugal vir a ter um rei estrangeiro. Este movimento tem o apoio da burguesia. Assim, participa no assassnio do CondeAndeiro e proclamado "regedor e defensor do Reino". Prevendo a invaso do pas por Castela, que queria impor os direitos de D. Beatriz, comea apreparar a defesa, onde se vai destacar Nuno lvares Pereira. Segue-se um perodo de lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o Cerco de

    Lisboa, por terra e mar, em 1384, durante vrios meses. Em Abril de 1385 renem-se as Cortes em Coimbra, onde, pela aco e grande poderoratrio do Dr. Joo das Regras, D. Joo eleito rei. A luta contra Castela e seus partidrios vai continuar, e, em 14 de Agosto de 1385, obtm-seuma grandiosa vitria na Batalha de Aljubarrota, a que se segue a vitria em Valverde. Pela vitria em Aljubarrota e em cumprimento de umapromessa, D. Joo I manda construir o Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gtica. A luta com Castela e seus partidrios vai continuar,mas mais esporadicamente, at que em 1411 se estabelece em definitivo a paz. Entretanto, em 1387, D. Joo I casa com D. Filipa de Lencastre, nasequncia do Tratado de Windsor, celebrado com a Inglaterra. Desta unio nascer a "nclita Gerao" - D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D.Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando, o Infante Santo.

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    D. Joo I, que subiu ao trono com o grande apoio que teve das massas populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, comeouuma poltica centralizadora do poder, reduzindo a influncia do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela,espaando a reunio das Cortes, e procurando reaver algumas das terras doadas. no reinado de D. Joo I que tm incio as conquistas no Norte de frica e que comea a gesta dos Descobrimentos, pela aco do Infante D.Henrique. Assim, em 1415 d-se a expedio a Ceuta, que conquistada em 21 de Agosto. Aps a sua conquista so armados cavaleiros, na mesquitadaquela praa-forte, os prncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na vspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa deLencastre.Aps o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique vai dar incio epopeia dos Descobrimentos. No reinado de D. Joo I so descobertas as ilhas de

    Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Aores (1427), alm de se fazerem expedies s Canrias. Tem incio, igualmente, a colonizao dosAores e da Madeira.D. Joo I era um rei culto, dada a sua formao na Ordem de Avis, e, por isso, mandou redigir a Crnica Breve do Arquivo Nacional, mandoutraduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da Montaria.Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho D. Duarte, que lhe sucederia. D. Joo I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro daBatalha.

    O de Boa Memria10. MonarcaReinado: 1385 - 1433

    1357 - Nascimento de D. Joo em Lisboa.1363 - nomeado, por D. Pedro I, Mestre da Ordem de Avis e armado cavaleiro.1380 - Nascimento de Ferno Lopes, o primeiro cronista portugus.1383 - Aclamao de D. Joo Mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino.1385 - Cortes de Coimbra onde aclamado rei com o ttulo de D. Joo I.- Batalha de Trancoso que conduz vitria do exrcito portugus sobre o castelhano.- Batalha de Aljubarrota que consolida a ideia de fora e valentia das tropas nacionais comandadas por D. Joo I e D. Nuno lvares Pereira, oCondestvel do Reino.- Batalha de Valverde, aps incurso de D. Nuno lvares Pereira em territrio espanhol.1386 - Reforo da aliana anglo-lusa atravs do Tratado de Windsor.1387 - Casamento do rei com D. Filipa de Lencastre.

    1388 - Incio da construo do Mosteiro da Batalha, em cumprimento de um voto de D. Joo I pela vitria na Batalha de Aljubarrota.1415 - O Infante D. Henrique, filho de D. Joo I e cognominado o Navegador, enceta a epopeia dos Descobrimentos.- Conquista de Ceuta.1418 - Descoberta da ilha de Porto Santo.1419 - Descoberta do arquiplago da Madeira.1425 - Nascimento provvel de Nuno Gonalves, pintor e retratista.1427 - Descoberta das ilhas dos Aores.

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    1431 - Morte de D. Nuno lvares Pereira, no Convento do Carmo.1433 - Morte de D. Joo I.

    D. Filipa de Lencastre

    Mulher de D. Joo I e rainha de Portugal entre 1387 e 1415, nasceu em Inglaterra em 1360, filha

    do duque de Lencastre.Nada se sabe da sua vida at altura do casamento com D. Joo I, que se efectuou no Porto, em2 de Fevereiro de 1387, e que considerado ilegtimo at 1391, altura em que uma bula papalautoriza o casamento do Mestre de Avis, que era eclesistico. Dessa unio nasceram oito filhos -a "nclita Gerao", como lhe chamou Cames -, de entre os quais se destacam D. Duarte, futurorei, o infante D. Pedro, o das "Sete Partidas", o infante D. Henrique, "o Navegador", e D.

    Fernando, o "Infante Santo". Ignora-se qual o papel que teve na educao dos filhos. Apenas sabemos que manteve sempre grande ligao com aInglaterra, vivendo rodeada, na corte, de sbditos ingleses.Alm do papel que ter desempenhado no estreitar de relaes entre Portugal e a Inglaterra, parece ter exercido alguma influncia sobre D. Joo I,com realce para o apoio conquista de Ceuta. Era muito religiosa, por vezes fantica. Morreu de peste em 18 de Julho de 1415, na vspera da partida

    da expedio a Ceuta, estando sepultada no Mosteiro da Batalha.Monarca portuguesa (1360-1415), filha do duque de Lencastre, nasceu em Inglaterra em 1360 e veio a casar-se com D. Joo I em 1387. Morreu depeste na vspera da partida da expedio a Ceuta.

    D. Beatriz (1373-c.1409)

    D. Beatriz era a primeira filha de D. Fernando e de D. Leonor Teles. Por nascimento, era, assim, a legtima herdeira do trono portugus.Por vrias vezes foi negociado o seu casamento, nomeadamente com o infante D. Fernando, filho segundo de D. Joo I, rei de Castela. No entanto, D.Joo I enviuvou e acabou por desposar ele prprio D. Beatriz, em 1383. Ainda nesse ano, D. Fernando faleceu e D. Leonor Teles assumiu a regncia,

    proclamando D. Beatriz rainha de Portugal.Esta situao no foi aceite pelo povo, que via a independncia de Portugal a ser posta em causa. Em Dezembro do mesmo ano, o mestre de Aviz foiproclamado Regedor e Defensor do Reino, aps revolta em Lisboa. Ainda durante esse ms, o rei de Castela, acompanhado de D. Beatriz, invadiuPortugal, juntando-se a D. Leonor Teles em Santarm. Entretanto, D. Beatriz foi atingida pela peste, o que obrigou os invasores a regressar a Castela.Em Portugal, o mestre de Aviz foi proclamado rei (com o ttulo de D. Joo I), o que no agradou aos reis de Castela. Em 1385 travou-se a clebreBatalha de Aljubarrota, onde os castelhanos foram vencidos, resolvendo-se, deste modo, a crise.

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    Aps a morte de seu marido em 1390, D. Beatriz tentou ainda fazer valer os seus direitos em Portugal mas no o conseguiu. Acabou por falecer em1409 ou um pouco depois.

    Infante D. Pedro

    Filho de D. Joo I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em Lisboa em 1392 e morreu na Batalha de Alfarrobeira, em 1449. O infante D. Pedro

    considerado um dos prncipes mais cultos do seu tempo.Com seus irmos D. Duarte e D. Henrique, participou, em 1415, na conquista de Ceuta, sendo encarregado de organizar a frota das gentes do Sul.Com eles foi armado cavaleiro, por seu pai D. Joo I, na mesquita de Ceuta, aps a conquista. No regresso, D. Joo I doou-lhe o ducado de Coimbrae outros senhorios. Desejoso de conhecer novos mundos e vido de outros conhecimentos e sentindo-se desaproveitado, entre 1418 e 1428 vaipercorrer a Europa at Palestina, ficando conhecido pelo cognome de "Prncipe das Sete Partidas". Nesse perodo vai participar na luta contra osHussitas e os Turcos. Regressa desta longa viagem em 1428, indo para o seu ducado de Coimbra, a fixando residncia, dedicando-se agricultura eao estudo, e casando em 1429 com D. Isabel. O infante D. Pedro era contrrio continuao das conquistas no Norte de frica, embora viesse acolaborar na expedio a Tnger, de maus resultados. Por outro lado, era a favor da explorao martima, tendo procurado, durante as suas viagens,recolher todos os elementos que pudessem ajudar seu irmo, o infante D. Henrique, na tarefa dos Descobrimentos.Com a morte do irmo, o rei D. Duarte, em 1438, fica como regente a rainha D. Leonor, pois o herdeiro, D. Afonso V, ainda era menor. Mas dada a

    oposio popular, nas Cortes de 1439 foi nomeado o infante D. Pedro como regente do reino, ficando ao mesmo tempo encarregue da educao dofuturo rei D. Afonso V e sendo D. Leonor desterrada para Castela. Durante a sua regncia, D. Pedro procede reforma da Universidade, fomenta aexpanso martima e avana com a reforma administrativa, publicando as Ordenaes Afonsinas (1446).Em 1446, D. Afonso V atinge a maioridade e assume o poder, mas mantm o tio, o infante D. Pedro, ao seu lado, vindo a casar com a filha dele, D.Isabel, em 1447. Mas parte da nobreza, sobretudo seu irmo bastardo D. Afonso, intriga e conspira contra D. Pedro, o que leva ao seu afastamento dacorte, em 1448, regressando a Coimbra. Mas as intrigas continuam, o que originou o confronto entre as duas partes, na Batalha de Alfarrobeira, emque o infante D. Pedro vem a ser morto.Como marca da sua grande cultura conhecem-se vrias cartas de grande valor histrico. D. Pedro escreveu ainda o tratado da Virtuosa Benfeitoria etraduziu vrias obras de Ccero, Sneca e Virglio.

    Infante D. Henrique

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    Quinto filho de D. Joo I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu no Porto, em 1394, e morreu em Sagres,em 1460. Toda a sua figura est envolta em algum mistrio e muita contradio.Como todos os seus irmos, a "nclita Gerao", teve uma elevada educao. Participou, em 1415, naconquista de Ceuta, estando encarregado de organizar a frota com as gentes do Norte. Aps a conquista,foi armado cavaleiro, na mesquita de Ceuta, por D. Joo I, seu pai, juntamente com seus irmos D.Duarte e D. Pedro. No regresso, foi-lhe doado o ducado de Viseu. Em 1416, D. Joo I encarrega-o dosnegcios de Ceuta e da defesa martima da costa algarvia contra os ataques dos piratas mouros. E em1417 nomeado Mestre da Ordem de Cristo, de cujos recursos se vai servir para a grande empresa

    martima.As motivaes e os objectivos das navegaes que ordenou tm sido muito discutidas e muito

    diferenciadas. O que no h dvida que o infante D. Henrique foi o condutor da expanso ultramarina,com as motivaes e os objectivos a terem uma evoluo natural. As primeiras navegaes chegam a PortoSanto (1419) e Madeira (1420), que logo procura colonizar, pois um dos motivos o econmico, isto , teracesso s matrias-primas (como o ouro do Sudo), abastecer o reino dos bens que lhe faltam (como os cereais)e desviar as rotas comerciais africanas a favor de Portugal. A estes motivos teremos de juntar o poltico,com a posse de novos domnios, ao mesmo tempo que se alargam os horizontes de interveno da nobreza, e o religioso, inserido numa poca em queos Turcos eram uma ameaa para a Europa e em que se falava na existncia de um reino cristo em frica, a Terra do Preste Joo, e que se queriaatingir contornando a frica.Para que tal empresa fosse possvel, o infante D. Henrique instala-se em Lagos, procura rodear-se de cartgrafos e de gente experimentada nanavegao, e procura obter o mximo de informaes acerca das terras a demandar e dos novos conhecimentos de navegao. A partir de 1422 oInfante envia todos os anos barcos a explorar a costa africana, estudando os ventos e correntes e as novas formas de navegao no mar alto. Em 1426passa-se o Cabo No e em 1427, no regresso de uma viagem, levados pelo vento, os navegadores chegam parte oriental dos Aores, cujas ilhas logovo ser povoadas. Vo-se aperfeioando os instrumentos nuticos, como o astrolbio e o quadrante, bem como cartas de marear mais perfeitas.Finalmente, em 1434, Gil Eanes passa o Cabo Bojador, pondo fim lenda do Mar Tenebroso e abrindo novas perspectivas ao avano dasnavegaes, que vo prosseguir em grande ritmo. Atinge-se Arguim, a foz do Senegal, Guin e Serra Leoa, ainda em vida do Infante.Mas o infante D. Henrique no est alheado de outros acontecimentos nacionais: em 1431 nomeado protector da Universidade de Lisboa, onde vaireorganizar os estudos, introduzindo o estudo da Matemtica e da Astronomia; participa na trgica expedio a Tnger (1437), na conquista deAlccer Ceguer (1457), bem como na crise entre seu irmo D. Pedro e o sobrinho D. Afonso V, que culminou na batalha de Alfarrobeira (1449).Ao mesmo tempo, o infante D. Henrique trata da defesa dos interesses portugueses junto do Papa, pedindo bulas que outorgavam a posse das ilhas e

    territrios entretanto descobertos.O infante D. Henrique uma das figuras mais marcantes da nossa Histria, sendo igualmente uma figura da humanidade.

    Infante D. Fernando (1402-1443)

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    Oitavo e ltimo filho de D. Joo I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em Santarm em 1402. Teve, como seus irmos, a"nclita Gerao", uma grande cultura, tendo recusado, em 1436, ser nomeado cardeal. Foi Mestre da Ordem de Avis.Desejoso de aco, o infante D. Fernando e seu irmo, o infante D. Henrique, convenceram o rei D. Duarte, irmo de ambos, afazer a expedio a Tnger, em 1437, que resultou num fracasso para a parte portuguesa. A expedio fora mal organizada,com foras pouco numerosas e com fraco armamento. Os Mouros, em maior nmero, cercaram as tropas portuguesas edestroaram-nas, fazendo muitos prisioneiros. Como condio para libertar os portugueses, entre eles o infante D. Henrique,os Mouros impem as suas condies: restituio de Ceuta; paz entre Portugal e Marrocos; o infante D. Fernando ficava comorefm, como garantia do cumprimento das condies anteriores.

    Reunidas as Cortes em Torres Novas, em 1438, deliberou-se no ceder s condies impostas pelos Mouros, no entregando Ceuta, sendo o infanteD. Henrique um dos que se opuseram a essa cedncia, o que condenava o infante D. Fernando ao cativeiro. Foram feitas vrias tentativas para a sualibertao, que resultaram infrutferas. Assim, o infante D. Fernando continuou prisioneiro dos mouros, sofrendo maus tratos e as maiores privaes,vindo a falecer no cativeiro, em Fez, em 1443. Dado todo o sofrimento por que passou, ficou conhecido pelo cognome de "Infante Santo".

    D. Duarte

    Filho de D. Joo I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em Viseu em 1391 e faleceu em Tomar em 1438, vtima da peste. Dcimo primeiro rei dePortugal (1433-1438), conhecido pelo cognome de "o Eloquente". Casou com D. Leonor de Arago em 1428.D. Duarte subiu ao trono em 1433, aps a morte do pai, mas j desde 1412 que D. Joo I o associara ao governo do reino. D. Duarte vai darcontinuidade aco centralizadora de D. Joo I. Logo em 1434 rene Cortes em Santarm, onde promulgada a Lei Mental, assim chamada por jandar na mente de D. Joo, e que um instrumento de centralizao. Determinava que os bens doados pela coroa s podiam ser herdados pelo filhovaro primognito, o que permitiu Coroa reaver muitas terras.A nvel interno, D. Duarte mandou proceder compilao de toda a legislao do reino, que s estar concluda no reinado de D. Afonso V, da ter onome de Ordenaes Afonsinas. D. Duarte reuniu Cortes mais trs vezes apesar do seu curto reinado: em vora, em 1435 e em 1436, e em Leiria, em1438.A expanso martima prossegue no reinado de D. Duarte, sob a influncia do Infante D. Henrique. Neste domnio destaca-se Gil Eanes, que, em1434, dobra o Cabo Bojador, um ponto lendrio da poca e que tanto terror causava aos marinheiros. Da avana-se para Angra dos Ruivos, em 1435,e Afonso Baldaia, em 1436, atinge o Rio do Ouro e Pedra da Gal.

    Outro vector poltico dominante deste reinado relacionou-se com a conquista do Norte de frica. D. Duarte tinha participado na conquista de Ceuta,em 1415, onde foi armado cavaleiro. J como rei, hesita em prosseguir essa poltica, mas pressionado para a continuar, principalmente pelos seusirmos D. Henrique e D. Fernando. Faz ento os preparativos para a expedio a Tnger, tendo sido debatido, nas Cortes de vora de 1436, umemprstimo para essa expedio. E em Outubro de 1437 d-se o ataque a Tnger, que resulta num grande fracasso. Os portugueses obtm uma trguapara retirarem, sob a condio de devolverem Ceuta aos Mouros, tendo ficado prisioneiro, como refm, o infante D. Fernando. As condiesimpostas pelos Mouros foram debatidas nas Cortes de Leiria de 1438, tendo sido rejeitadas. Assim, D. Duarte teve de sacrificar o irmo (que morreuno cativeiro em 1443) aos interesses da Nao, o que muito o afectou.

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    D. Duarte era um homem culto, como o comprova no seu Leal Conselheiro, um tratado de sabedoria da poca, que revela conhecimento dos clssicose dos doutores da Igreja e em que se nota uma grande pureza vocabular. Escreveu tambm a Arte de Bem Cavalgar Toda a Sela.D. Duarte vem a morrer em Tomar, em 1438, vtima da peste, e jaz no Mosteiro da Batalha. Como o futuro rei, Afonso V, ainda era menor (tinha 6anos), D. Duarte, por testamento, deixa o poder rainha D. Leonor, at que aquele atinja a maioridade. No entanto, tal originou uma srie deconflitos entre os partidrios de D. Leonor e os do Infante D. Pedro (irmo de D. Duarte), que culminar na batalha de Alfarrobeira.

    O Eloquente11. Monarca

    Reinado: 1433 - 14381391 - Nascimento de D. Duarte em Viseu.1428 - Casamento de D. Duarte com D. Leonor de Arago.1433 - Coroao de D. Duarte.1434 - Publicao da Lei Mental.- Passagem do cabo Bojador, por Gil Eanes.1437 - Desastre de Tnger durante o qual o infante D. Fernando feito prisioneiro.1438 - Morte de D. Duarte.

    D. Leonor de Arago

    Filha de D. Fernando I, rei de Arago e da Siclia, foi rainha de Portugal atravs do seu casamento com D. Duarte. O contrato de casamento foicelebrado em 1427, na aldeia aragonesa de Olhos Negros, e o matrimnio teve lugar no ano seguinte. D. Leonor recebeu de D. Duarte 30 000 florinsde ouro de Arago, bem como as terras e rendimentos que tinham pertencido rainha D. Filipa de Lencastre. Por parte do rei de Arago, coube-lheum dote de 200 000 florins.D. Leonor mostrou-se favorvel expanso portuguesa no Magrebe, estando, dessa forma, de acordo com o infante D. Henrique e outros senhores doreino. Como eles, fez pedidos a seu marido para que a expedio a Tnger fosse possvel. Assim, foi a pedido de sua mulher que D. Duarte requereuao papa a bula de cruzada.Aps a morte do monarca, em 1438, a regncia foi confiada a D. Leonor, nos termos do testamento de D. Duarte. Tal situao manteve-se at

    Dezembro do ano seguinte. A partir desta data, os acontecimentos sucederam-se, sendo o governo do reino entregue ao infante D. Pedro e entrando-se em seguida na primeira fase do reinado de D. Afonso V.Em 1440-1441, D. Leonor tentou ainda retomar o governo, mas viu-se obrigada a regressar a Espanha devido fora militar empregue por D. Pedro.A veio a morrer, envenenada, em 1445.

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    Infante D. Joo

    Nobre portugus (1400-1442), era filho de D. Joo I e D. Filipa de Lencastre. Foi designado mestre da Ordem de Santiagode Espada em 1418, cumprindo a funo com notado escrpulo. Parece ter tido um posicionamento cauteloso quanto svantagens de prosseguir as conquistas marroquinas. Nas Cortes de Leiria de 1438, alis, pronunciou-se a favor da entrega deCeuta para resgate do infante D. Fernando, seu irmo.

    D. Afonso V

    Filho de D. Duarte e de D. Leonor de Arago, nasceu em 1432 em Sintra, onde tambm faleceu em 1481. Dcimo segundo rei de Portugal (1438-1481), conhecido pelo cognome de "o Africano".No reinado de D. Afonso V podemos demarcar bem trs perodos. O primeiro vai desde a morte de seu pai (1438), D. Duarte, at Batalha deAlfarrobeira (1449). Quando seu pai morreu, D. Afonso V tinha apenas 6 anos. Por testamento, ficou na regncia a rainha D. Leonor, sua me, mas,como era estrangeira, tal facto no foi bem aceite pela burguesia e pelo povo, que preferia como regente o Infante D. Pedro, irmo de D. Duarte. Aoposio entre as duas partes gera um perodo conturbado. D. Leonor regente at s Cortes de 1439, em que o infante D. Pedro eleito regente e D.Leonor obrigada a exilar-se para Castela. Ao mesmo tempo, a educao de D. Afonso fica a cargo de seu tio, que era homem de grande cultura,conhecido como o "Infante das Sete Partidas" pelas inmeras viagens que fez. D. Afonso ter assim uma esmerada educao humanstica.Quando, em 1446, atinge a maioridade, realizam-se as Cortes de Lisboa e D. Afonso assume o governo do Reino, ainda que auxiliado pelo tio. Masas intrigas de alguns nobres e elementos do clero vo turvar as relaes entre D. Afonso e o tio, pelo que o rei dispensa os servios deste em 1448.Mais tarde, em 1449, marcha contra o tio, enfrentando-o na Batalha de Alfarrobeira, que o Infante D. Henrique tentou evitar e onde D. Pedro morto.Entretanto, em 1447, D. Afonso V casara com sua prima D. Isabel, filha do Infante D. Pedro, de quem tem trs filhos, entre eles a Infanta D. Joana eo futuro rei D. Joo III. A rainha vem a morrer em 1455.Aps a morte do infante D. Pedro, a alta nobreza e o alto clero fazem sentir cada vez mais a sua influncia, havendo um recuo na acocentralizadora.O segundo perodo do reinado caracteriza-se pelas campanhas no Norte de frica, das quais advir o cognome do monarca.Em 1453 d-se a queda de Constantinopla e o papa Calisto III, em 1456, apela a uma cruzada, a que D. Afonso V responde preparando um grandeexrcito. Frustrada esta misso, D. Afonso retoma a campanha de frica, parada desde a tragdia de Tnger, e, em 1458, toma Alccer Ceguer,

    acabando finalmente por conquistar Tnger e Arzila, aps vrios fracassos, em 1471, e Larache. O seu ttulo passa a ser "rei de Portugal e dosAlgarves, de aqum e de alm-mar em frica".A aco vitoriosa em frica sofre ento uma interrupo, pois D. Afonso V d um outro rumo sua aco poltica. Entramos assim no ltimoperodo, que orientado para a poltica peninsular. D. Afonso entra na luta pelo trono de Castela, vago pela morte de Henrique IV, que estava casadocom D. Joana de Portugal, sua irm, e que vai redundar num grande fracasso. Estava em causa o direito sucesso de sua sobrinha D. Joana, aBeltraneja, contra a reivindicao dos futuros Reis Catlicos, Fernando e Isabel. Como D. Afonso V era vivo, planeava casar com a sobrinha eassim unir os reinos de Portugal e Castela. Entre vrias escaramuas d-se a Batalha de Toro, em 1476, que lhe desfavorvel. No podendo impor-

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    se pelas armas, D. Afonso V desiste e, em 1479, celebra o Tratado de Alcovas, em que renuncia a quaisquer direitos coroa de Castela e reconhececomo reis de Castela os seus adversrios.Outros factos importantes aconteceram durante o seu reinado. Assim, em 1446 so publicadas as Ordenaes Afonsinas, que so a primeiracompilao das leis do Reino e cujo trabalho comeara j no reinado de D. Duarte.A aco dos Descobrimentos continuou igualmente no reinado de D. Afonso V, primeiro ainda sob a aco do infante D. Henrique, at 1460, ano dasua morte. Logo em 1439, o infante D. Henrique mandou povoar as ilhas dos Aores. Assim, Nuno Tristo atinge, em 1441, o Cabo Branco, em1443, a baa de Arguim e, em 1444, a foz do Rio Senegal. Em 1456, so descobertas as ilhas do arquiplago de Cabo Verde e, em 1460, ano da mortedo infante D. Henrique, atinge-se a Serra Leoa e as terras da Guin.

    Em 1469, D. Afonso V concede o comrcio da Guin a Ferno Gomes, com a condio de descobrir todos os anos 100 lguas de costa, o que olevaria at costa da Mina. Em 1471, descobre-se S. Tom, Prncipe, Ano Bom. Em 1472, lvaro Esteves passa o equador. Em 1474, Joo VazCorte Real chega Terra Nova.Em 1476, ainda no perodo das lutas pela coroa de Castela, o soberano entregou o governo do reino ao prncipe D. Joo e futuro rei, que assimconseguiu pr cobro liberalidade de D. Afonso V.D. Afonso V morreu em 1481 e jaz no Mosteiro da Batalha.

    O Africano12. MonarcaReinado: 1438 - 14811432 - Nascimento de D. Afonso em Sintra.1438 - Aps a morte de D. Duarte, D. Leonor assume a regncia do reino.1439 - Eleio do infante D. Pedro como regente.D. Leonor exila-se em Castela.- O infante D. Henrique manda povoar as sete ilhas dos Aores.1446 - Cortes de Lisboa onde D. Afonso coroado sob o ttulo de D. Afonso V.- Publicao das Ordenaes Afonsinas.1447 - Casamento do rei com D. Isabel.1449 - Batalha de Alfarrobeira entre D. Afonso V e D. Pedro, resultando na morte deste.1456 - Descoberta dos arquiplagos de Cabo Verde e Bijags.1458 - Conquista de Alccer Ceguer.

    1460 - Descoberta da serra Leoa e de terras da Guin.1471 - Conquista de Arzila e ocupao de Tnger.D. Afonso V passa a usar o ttulo de "Rei de Portugal e dos Algarves, de aqum e alm-mar, em frica".1476 - Batalha de Toro onde o rei portugus derrotado pelo exrcito castelhano.1479 - Assinatura do Tratado de Alcovas em que firmada a paz com Espanha.1481 - Morte de D. Afonso V.

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    Infante D. Fernando (1433-1470)

    Nobre portugus (1433-1470), era filho de D. Duarte e foi um dos protagonistas das campanhas marroquinas que marcaramo reinado de D. Afonso V, seu irmo, destacando-se, nomeadamente, na conquista de Alccer Ceguer e Anaf. Foi condestvele mestre das ordens militares de Cristo e de Santiago. A sua casa senhorial era da maior importncia, fosse pelas possessesadquiridas por mrito prprio, fosse pela herana deixada por seu tio, o infante D. Henrique, que o adoptou como filho. Foi pai

    de D. Manuel I e de D. Leonor, que seria esposa de D. Joo II.

    D. Joo II

    Filho de D. Afonso V e de D. Isabel, nasceu em Lisboa em 1455 e faleceu, no Alvor, em 1495. Dcimo terceiro rei de Portugal (1481-1495), conhecido pelo cognome de "Prncipe Perfeito". Casou com sua prima, D. Leonor.Ainda em vida do pai, D. Afonso V, participou, em 1471, na conquista de Arzila, onde foi armado cavaleiro. Em 1475, o pai atribui-lhe a regncia doReino, durante a sua ausncia aquando da luta pela sucesso ao trono de Castela. Acaba por participar na Batalha de Toro, em auxlio de D. AfonsoV. Em 1476, quando D. Afonso V viaja para Frana em busca de auxlio para a sua causa, fica novamente com a regncia e, em 1477, chega a seraclamado rei em Santarm, face abdicao de seu pai, que no se chegou a efectivar, devolvendo D. Joo a governao a D. Afonso V. Mas, narealidade, foi D. Joo quem continuou a governar de facto no que se refere s descobertas, de que j se ocupava desde 1474, domnio em que lutoucontra a ingerncia castelhana, defendendo a exclusividade da navegao na costa africana - poltica do mare clausum -, tendo celebrado comCastela, em 1480, o Tratado de Toledo, em que dividia o Atlntico pelo paralelo das Canrias. Em 1481, com a morte de D. Afonso V, aclamadorei de Portugal.No plano interno, D. Joo II vai lutar pela centralizao do poder e contra o poderio da nobreza, em especial contra a Casa de Bragana, logo em1481, nas Cortes de vora. Da nasce uma srie de intrigas e conspiraes que D. Joo II reprime com violncia, como aconteceu com a execuopblica do duque de Bragana e com o apunhalamento pelo prprio rei do duque de Viseu, irmo da rainha D. Leonor. Esta represso faz com queoutros nobres fujam para o exlio, o que diminuiu o poder da nobreza, permitindo realeza recuperar inmeras terras e centralizar o poder. Pelomesmo motivo, s reuniu Cortes mais trs vezes: em 1482 e 1483, em Santarm, e, em 1490, em vora, estas para o rei pedir um emprstimo. No seu

    reinado a Corte vai-se tornando mais sedentria, deixando o rei de andar tanto pelo pas.Quanto expanso ultramarina, D. Joo j se encarregava das descobertas no tempo de seu pai, desde 1474. No seu reinado vai ficar explorada toda acosta ocidental africana, empreendimento em que sobressaem Diogo Co e Bartolomeu Dias, que vai dobrar o Cabo das Tormentas, depois chamadoda Boa Esperana. Ao mesmo tempo, D. Joo trata do povoamento de algumas ilhas no Golfo da Guin (S. Tom, Ano Bom, Ferno do P) e mandaedificar o Castelo de S. Jorge da Mina, para apoiar o trfico da Guin.O monarca comeou a preparar a grande viagem at ndia, tentando obter o mximo de informaes sobre essas paragens. Para isso, mandou vriosemissrios por terra, entre os quais sobressaem Pro da Covilh e Afonso de Paiva, que vo por terra pelo Cairo, Adm, Ormuz, Sofala e Abissnia, a

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    terra do lendrio Preste Joo, donde enviam relatrios sobre essas paragens, ficando D. Joo II com a certeza de poder atingir a ndia por mar.Entretanto d-se a morte do herdeiro da coroa, D. Afonso, o que abate o rei, e Cristvo Colombo faz a descoberta da Amrica, pensando ter atingidoa ndia. D. Joo II vai reivindicar a posse dessas terras, nos termos do Tratado de 1480. Seguem-se negociaes, com interveno do Papa, queacabam com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, em que se determina que a linha de meridiano 370 lguas a oeste da Ilha de Santiago,Cabo Verde, dividia a Terra nas duas zonas de influncia de Portugal e Espanha. Como esta linha faz com que o Brasil fique na zona portuguesa, talfacto tem levado a supor que D. Joo II j sabia da existncia das terras do Brasil. Este Tratado oficializa a doutrina do mare clausum e vai permitir oavano para a ndia sem a concorrncia da Espanha, objectivo que D. Joo II j no pde alcanar.O reinado de D. Joo II, quanto a poltica externa, caracteriza-se pela preocupao em criar boas relaes com vrios reinos, como Castela, Frana,

    Inglaterra e Roma, para que a poltica ultramarina no fosse posta em causa. de destacar ainda a embaixada enviada a Roma em 1485.Os ltimos anos de D. Joo II so afectados pelo problema da sucesso ao trono. O nico filho legtimo era o infante D. Afonso, que veio a falecer,num acidente, em 1491. O rei tinha um filho bastardo, D. Jorge, que D. Joo II tentou que fosse o herdeiro, mas a rainha D. Leonor opunha-se,indicando o nome de D. Manuel, duque de Beja, seu irmo. Entretanto, o rei adoece e finalmente acede, em testamento, a nomear D. Manuel comoherdeiro, vindo a falecer pouco depois, em 1495. Jaz no Mosteiro da Batalha.

    O Prncipe Perfeito13. MonarcaReinado: 1481 - 14951455 - Nascimento de D. Joo em Lisboa.1465 - Nascimento provvel de Gil Vicente, o criador do teatro portugus.1471 - Participao na conquista de Arzila.- Casamento de D. Joo com D. Leonor.1476 - Participao na Batalha de Toro.1480 - Celebrao do Tratado de Toledo.1481 - Coroao sob o ttulo de D. Joo II.- Cortes de vora onde D. Joo II inicia uma luta contra o poderio da nobreza, defendendo a centralizao do poder.- Introduo da imprensa em Portugal.1484 - Chegada de Joo Afonso de Aveiro ao Benim, no interior do continente africano.- Diogo Co atinge a foz do Rio Zaire e descobre, a seguir, a costa africana at serra Parda.- Comeam a erigir-se "padres" nas terras conquistadas com o intuito de se afirmar o domnio portugus.

    1485 - Cristvo Colombo apresenta a D. Joo II os seus planos de viagem at ndia, que os rejeita.- A rainha D. Leonor manda construir o hospital termal das Caldas da Rainha, criando treze anos mais tarde, a Misericrdia de Lisboa.1487 - Preparativos da viagem ndia por parte de D. Joo II enviando, por terra, vrios emissrios para recolha de informaes.1488 - Bartolomeu Dias dobra o cabo das Tormentas, rebaptizado pelo rei como cabo da Boa Esperana.1492 - Cristvo Colombo descobre a Amrica.1494 - Tratado de Tordesilhas que prev a partilha das terras descobertas por Portugal e Espanha.1495 - Morte de D. Joo II.

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    D. Manuel I

    Filho do infante D. Fernando, irmo de D. Afonso V, e de D. Brites, nasceu em Alcochete em 1469 e faleceu em Lisboa em1521. Dcimo quarto rei de Portugal (1495-1521), conhecido pelo cognome de "o Venturoso". Casou trs vezes. Primeiro,em 1497, com D. Isabel, filha dos Reis Catlicos e viva do prncipe D. Afonso, filho de D. Joo II. Com a morte de D. Isabel,de parto, casou pela segunda vez, em 1500, com a infanta D. Maria de Castela, irm de D. Isabel. Deste casamento nasceram

    vrios filhos, entre eles D. Joo, o futuro rei, e D. Beatriz, duquesa de Sabia. Vivo novamente, casou, em 1518, com a infanta D. Leonor, irm deCarlos V.D. Manuel subiu ao trono em 1495, aps a morte de D. Joo II, seu cunhado, de acordo com o testamento do falecido rei. Tal ficou a dever-se mortedo nico filho legtimo de D. Joo, o prncipe D. Afonso, e no aceitao de legitimao de um filho bastardo de D. Joo. Foi ainda possvel porquetinham morrido os outros irmos mais velhos de D. Manuel.No plano interno, D. Manuel I vai continuar a centralizao do poder, mas de uma maneira mais sensata que D. Joo II. Logo nas Cortes deMontemor-o-Novo, no incio do seu reinado, foram tomadas medidas que vo nesse sentido, como mandar confirmar as doaes feitas, os privilgiose cartas de merc; reformou os tribunais superiores. Por outro lado, s reuniu Cortes mais trs vezes: em 1498, em 1499 e em 1502.Em 1496, obriga todos os judeus e mouros que no quisessem baptizar-se a sair do pas no prazo de dez meses, sob pena de confisco dos bens econdenao morte.Como as Ordenaes Afonsinas estavam j desactualizadas, o rei mandou proceder a nova compilao das leis. Assim, entre 1512 e 1531, sopublicadas as Ordenaes Manuelinas. D. Manuel procede tambm reforma dos forais, bem como da sisa e dos direitos alfandegrios.No que respeita poltica ultramarina, quando sobe ao trono, em 1495, tinha-se dobrado j o Cabo da Boa Esperana e preparava-se a viagemmartima que levaria os portugueses at ndia. D. Manuel deu continuidade a esses preparativos e em 5 de Julho de 1497 partia de Lisboa umaarmada chefiada por Vasco da Gama, que atingiu Calecut em 20 de Maio de 1498. Estava consumada a descoberta do caminho martimo para a ndia.Em 1500 manda D. Manuel uma outra armada ndia, comandada por Pedro lvares Cabral, que, desviando a rota mais para sudoeste, acaba poratingir as costas da Terra de Vera Cruz. Estava descoberto o Brasil, que se encontrava ainda nos nossos limites do Tratado de Tordesilhas, o que levaa supor que D. Joo II j tinha conhecimento destas terras aquando da assinatura do Tratado.D. Manuel decide enviar todos os anos uma armada ndia, no s para consolidar o domnio portugus no Oriente como para ajudar na luta contraos inimigos dos portugueses naquelas paragens. Para poder impor a nossa presena, D. Francisco de Almeida foi para a ndia como vice-rei, tentandomanter o monoplio da navegao e do comrcio portugus na rea, com certos apoios em terra, sendo Cochim o respectivo centro. Sucede-lhe

    Afonso de Albuquerque, que conquistou Goa, transformada ento em capital do Estado da ndia, e manda proceder explorao de outras terrasdaquelas paragens, chegando a Timor.No reinado de D. Manuel fizeram-se tambm viagens para ocidente, tendo-se atingido a Gronelndia e Labrador. No Norte de frica prosseguiramalgumas conquistas, como Safim e Azamor.Nas relaes com os outros pases, o rei tentou usar da maior habilidade e diplomacia, procurando manter-se neutral e no se envolvendo nas lutas doseu tempo. Ficou clebre, pelo seu fausto, uma comitiva que enviou ao papa Leo X em 1513.A nvel cultural, D. Manuel procedeu reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos de estudo e bolsas de estudo. nesta poca que surge o

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    estilo manuelino, com motivos inspirados no mar e nas grandes viagens, em monumentos como o Mosteiro dos Jernimos e a Torre de Belm. nasua Corte ainda que surge Gil Vicente.D. Manuel vem a falecer em 1521, estando sepultado no Mosteiro dos Jernimos.

    O Venturoso14. MonarcaReinado: 1495 - 15211469 - Nascimento de D. Manuel em Alcochete.

    1475 - Provvel nascimento do pintor Gro Vasco.1495 - Coroao sob o ttulo de D. Manuel I, aps a morte de seu primo e cunhado D. Joo II.1496 - Expulso dos judeus e mouros que se recusam a converter religio crist.1497 - Casamento do rei com D. Isabel.- Partida do Restelo da armada comandada por Vasco da Gama para o descobrimento do caminho martimo para a ndia.1498 - Chegada da frota de Vasco da Gama ndia.1499 - Regresso de Vasco da Gama a Lisboa.1500 - Casamento do rei com D. Maria de Castela.- Descobrimento oficial do Brasil por Pedro lvares Cabral.- Nascimento provvel de Garcia de Orta, mdico e naturalista.1502 - Incio da construo do Mosteiro dos Jernimos.- Nascimento provvel de Pedro Nunes, cosmgrafo e matemtico.1511 - Conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque.1512 - Publicao das Ordenaes Manuelinas.

    1514 - Incio da construo da Torre de Belm.1516 - Ocupao de Timor.1518 - Casamento do rei com a infanta D. Leonor.1519 - Ferno de Magalhes enceta a primeira viagem de circum-navegao, ao servio do rei Carlos V de Espanha.1521 - Morte de D. Manuel I.

    D. Leonor (1458-1525)

    Prima e esposa de D. Joo II, a rainha D. Leonor pertencia mais alta nobreza da poca: era filha dos infantes D. Fernando e D.Beatriz, neta materna do infante D. Joo, filho legtimo de D. Joo I e da infanta D. Isabel, e neta paterna do rei D. Duarte e da rainhaD. Leonor de Arago.Esteve envolvida nos jogos de poder de importantes casas senhoriais, como a de Bragana e a de Viseu. Desempenhou um papel

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    importante no conflito que se vinha desenvolvendo desde as Cortes de vora de 1481 e que envolvia os privilgios e benefcios da nobreza.Ao longo da vida, D. Leonor foi-se afastando cada vez mais de D. Joo II. Este facto acentuou-se com a morte do seu nico filho, D. Afonso, emmeados de 1491. Tambm as tentativas feitas pelo rei para legitimar o seu filho bastardo, D. Jorge, contriburam para o afastamento da rainha. Estaops-se fortemente legitimao de D. Jorge, defendendo que deveria ser D. Manuel, duque de Beja e seu irmo, a ocupar o t rono, o que veio averificar-se.D. Leonor recordada pela sua aco no domnio da assistncia aos necessitados. Foi ela quem criou o primeiro hospital termal nas Caldas da Rainha(sendo evocada no prprio nome da localidade) e a Misericrdia de Lisboa, cuja actuao se estendia a todo o territrio.Por outro lado, D. Leonor distinguiu-se como promotora de iniciativas culturais. Foi o caso da proteco concedida a Gil Vicente e Damio de Gis,

    do apoio s artes e imprensa. Dedicou-se ainda a iniciativas de carcter religioso, entre elas a fundao dos conventos da Madre de Deus e daAnunciada.

    D. Afonso (1475-1491)

    Infante portugus (1475-1491), filho de D. Joo II e da rainha D. Leonor. Era o nico filho legtimo de D. Joo II e, por isso, o herdeiro do trono.O monarca portugus pensava cas-lo com a filha dos Reis Catlicos, operando, deste modo, a unificao poltica da Pennsula Ibrica. Embora ocasamento se tenha realizado, o infante morreu pouco tempo depois, vtima de um acidente em que caiu do cavalo. Coube a D. Manuel suceder a D.Joo II.

    D. Joo III

    Filho de D. Manuel I e de D. Maria de Castela, nasceu em 1503 em Lisboa, ondefaleceu em 1557. Dcimo quinto rei de Portugal (1521-1557), conhecido pelo cognomede "o Piedoso". Casou, em 1525, com D. Catarina de ustria, irm da rainha D. Leonor ede Carlos V.D. Joo III teve uma educao esmerada, a cargo de humanistas, fsicos e cosmgrafos

    de nomeada. Em 1517, estava para casar com a princesa D. Leonor de ustria, mas estaveio a casar com D. Manuel I, que entretanto enviuvara.Quando D. Joo III sobe ao trono, Portugal estava no apogeu da expanso ultramarinapor vrios continentes, mas tambm com problemas de uma grande complexidade.A nvel interno, o monarca continuou a poltica centralizadora e absolutista dos seusantecessores. Convocou Cortes apenas trs vezes e em perodos bem espaados: 1525,em Torres Novas; 1535, em vora; e 15