HISTÓRICO DO JUDÔ NO RIO DE JANEIRO

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HISTRICO DO JUD NO RIO DE JANEIRO O JUD NO RIO DE JANEIRO ORIGEM E TRAJETRIA PROFESSOR MS. PAULO FERNANDO TENRIO WANDERLEY 2001 INTRODUO 1 CAPTULO 2 CAPTULO 3 CAPTULO 1 2 16 22

4.1 - A Dcada de 60 35 4.2 - A Dcada de 70 52 4.3 - A Dcada de 80 62 4.4 - A Dcada de 90 e o Incio dos Anos 2000 CONCLUSO BIBLIOGRAFIA 106 107 108 81

COMUNICAO PESSOAL

INTRODUO O presente estudo um trabalho de reconstituio de alguns momentos marcantes na existncia do jud no Rio de Janeiro e de acontecimentos que apontam o caminho percorrido pela Federao de Jud do Estado do Rio de Janeiro. Este trabalho faz parte da comemorao dos 40 anos de existncia da FJERJ, que se completa em 9 de agosto de 2002. O primeiro captulo fruto de uma pesquisa para conhecer como o jud surgiu no Rio de Janeiro e em que circunstncias ocorreram introduo e a consolidao esportiva da atividade. O segundo captulo trata da origem e desenvolvimento do jud no interior, ou seja, no antigo Estado do Rio de Janeiro e a fuso das duas federaes existentes, como conseqncia da fuso, em 1975, dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. O terceiro captulo se refere a arbitragem de jud: a sua evoluo histrica e os procedimentos adotados no Estado do Rio de Janeiro. Finalmente, o quarto captulo d continuidade ao que foi possvel levantar do perodo da fundao da FJERJ at a poca atual. Como se trata de uma reconstituio histrica, s foi objeto de compilao o que teve comprovao documental, principalmente recortes de jornais e revistas, e depoimentos de pessoas idneas que presenciaram fatos e acontecimentos pertinentes. Este trabalho s foi possvel graas a boa vontade de muitos companheiros do jud, que emprestaram verdadeiras relquias documentais, para que a narrativa fosse pautada em verdades irrefutveis. Os nomes desses colaboradores e porque no dizer co-autores constam da bibliografia dos contatos pessoais encontrados nas derradeiras pginas do exemplar, embora tambm sejam citados no prprio decorrer da narrativa. Fazendo parte da introduo, talvez seja pertinente enfocar um ensinamento do prof. Enir Vaccari sobre a denominao dos termos usados habitualmente para designar o praticante de jud. Lembra o ilustre professor que judosta a denominao genrica que se d a todo praticante de jud. Judocas so chamados os praticantes graduados acima de 3 Dan (grau), em atividade e participando de competies de modo destacado. Sendo assim, no certo se chamar judoca ao praticante que se inicia na arte do jud. Quando o judosta promovido a 1 Dan, ele se inicia na condio de aluno mais adiantado e no de professor. Seria como que a introduo no nvel universitrio. Segundo a legislao atual e exigncia da FJERJ, o professor de jud ter de ter cursado a Faculdade de Educao Fsica e possuir o 3 Dan. Nessas condies, o judosta ou judoca poder ser professor de jud (sensei).

Quanto ao termo Shi-Han, este se destina ao professor de idade avanada, com grandes conhecimentos e capacidade, que ultrapassou a sua fase como judoca e pode ser considerado como mestre. Os judocas de alta graduao, ou seja, a partir do 6 Dan so chamados de Ko-Dan-Sha, o que no significa que todos eles possam ser chamados de Shi-Han.

1 CAPTULO ORIGEM E CONSOLIDAO DO JUD NO RIO DE JANEIRO Para a reconstituio dos primeiros momentos do jud no Rio de Janeiro, ou seja, a sua introduo e consolidao foram necessrias recorrer, no somente escassa literatura que faz referncia ao assunto, mas, sobretudo, aos depoimentos de veteranos professores que foram testemunhas oculares dos fatos ocorridos. Convm ressaltar que os professores Rudolf de Otero Hermanny e Enir Vaccari, alm dos depoimentos, forneceram importantes recortes de jornais e revistas da poca, que se constituem em fontes fidedig nas da pesquisa. O jud praticado no Rio de Janeiro ocupa uma posio de relevo como modalidade esportiva, em virtude no s do bom ndice tcnico dos seus adeptos, mas tambm pelas noes de respeito, tradio e organizao conservadas e ampliadas no decorrer do tempo. Essa situao invejvel de hoje deve muito ao trabalho competente e dedicado dos pioneiros, razo pela qual de fundamental importncia registrar e resgatar este fato para que as futuras geraes no desconheam a origem e se sintam na obr igao de levar adiante e melhorar o que foi semeado. No incio do sculo XX, o Rio de Janeiro recebeu a visita de ilustres lutadores japoneses que se apresentaram, empolgaram os aficionados de ento, mas no fizeram um trabalho de consolidao do esporte . Eram lutadores profissionais que, assessorados por empresrios, lanavam desafios a praticantes de qualquer modalidade. As lutas, de um modo geral, eram realizadas em circos armados em lugares descampados e, segundo o historiador Joel Rufino (1998), um dos locais mais utilizados seria onde hoje se encontra a Cinelndia, no Centro da Cidade. Uma dessas lutas, que at hoje lembrada pelos professores de capoeira, teria sido travada entre o lutador japons Sado Miako e o negro Ciraco, conhecido como "Macaco Velho". Conta-se que este ltimo aproveitou-se do descuido do nipnico, ao fazer cerimonioso cumprimento, e desferiu violento pontap que ps o japons inconsciente. O mais clebre lutador japons profissional que se apresentou no Rio de Janeiro, no entanto, foi Mitsuyo Maeda, o Conde Koma. Esse grande mestre desembarcou em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no dia 14 de novembro de 1914. Estava acompanhado do famoso Sanshiro Satake, o nico que conseguiu derrotar o Conde Koma, e mais os lutadores Laku, Omura e Shimitsu. Essa troupe se apresentou no Rio de Janeiro, So Paulo, Salvador, Recife, So Lus, Belm (em outubro de 1915) e finalmente Manaus. Posteriormente, o Conde Koma se estabeleceu em Belm do Par, onde faleceu em julho de 1941, aos 63 anos de idade. Satake foi para o Mxico, onde ficou como instrutor da polcia. A trajetria do Conde Koma foi levantada pelo pesquisador Rildo Heros Barbosa de Medeiros (1997), que teve em mos o passaporte do mestre japons cedido por Gotta Tsutsumi, presidente da Associao Paramaznica Nipako de Belm.

O professor Maeda, aos 11 anos de idade, comeou a aprender jud com o mestre Jigoro Kano. O Kodokan probe que seus filiados se apresentem profissionalmente, de modo que o Conde Koma, para no se desincompatibilizar com a meca do jud, resolveu se apresentar como lutador de jiu-jitsu. (Gama, 1997). A estratgia teve resultado positivo, pois o Kodokan reconhece em Maeda um grande divulgador do jud, sobretudo no Continente Americano. Alm de Maeda, outro lutador profissional que se apresentou em So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais foi Geo Omori, que teria chegado ao Brasil em 1928. Omori tentou abrir uma academia no Fronto do Braz, mas no teve sucesso e acabou falecendo em Minas Gerais. Quem realmente iniciou um trabalho proficiente pelo jud no Rio de Janeiro foram os professores japoneses que lecionavam nas colnias. Provavelmente, procuravam manter um vnculo cultural dos imigrantes e seus descendentes com as tradies do distante Imprio do Sol Nascente. As colnias japonesas no Brasil tm o marco histrico de 18 de junho de 1908, comemorado como o "Dia do Imigrante", quando chegou s docas e atracou no cais nmero 14 do Porto de Santos o navio Kasato Maru, trazendo a primeira grande leva de nipnicos. O jud foi criado por Jigoro Kano em 1882, mas a nomenclatura jiu-jitsu que, por volta do sculo XVIII, englobava todos os mtodos japoneses de ataque e defesa, ficara muito conhecida internacionalmente. De modo que o nome jud, desporto criado com fins educativos, demorou a ser conhecido por todos. No h uma data precisa de quando o jud, como modalidade, entrou no Rio de Janeiro. Provavelmente as colnias japonesas localizadas em Santa Cruz e Itagua foram os primeiros redutos onde a modalidade foi praticada informalmente. O incio do sculo XX pode ser considerado como um referencial do comeo da prtica com o nome de jiu-jitsu, mas a organizao desportiva do jud ocorreria algumas dcadas depois, conforme ser visto mais adiante. Desse perodo inicial, em que a prtica ainda no fora regularmente organizada, o professor Avany Nunes Magalhes (1994) cita o trabalho de Takeo Yano realizado nas citadas colnias japonesas do Rio de Janeiro. Outro nome sempre lembrado quando se trata de pioneiros do jud no Rio de Janeiro o de Yoshimasa Nagashima. Em contato com sua filha, Nair Nagashima Zanganelli, em 1995, foi possvel saber que o mestre chegou ao Brasil, acompanhado da esposa Naka Nagashima, em 1935 ou 1936. Desembarcou em So Paulo, onde trabalhou nos cafezais de So Caetano e Santo Andr. Posteriormente, quando j lecionava na Associao Crist de Moos (ACM) de So Paulo, conseguiu transferncia para ensinar na sede dessa instituio no Rio de Janeiro. Segundo Nair, o mestre Nagashima achou que So Paulo j contava com um nmero significativo de professores japoneses e que era preciso fazer um trabalho de divulgao do jud no Rio de Janeiro. A mudana para a Cidade Maravilhosa, que ocorreu depois da II Guerra Mundial, teria se realizado por volta de 1950.

Mestre Masimo Ogino, outro nome ilustre dessa poca e que atualmente possuidor do 9 dan, acompanhou Nagashima na mudana para o Rio de Janeiro. O professor Nagashima, alm da ACM, tambm lecionou nas Foras Armadas e na Associao Atltica do Banco do Brasil, onde mestre Ogino lecionou at se aposentar. A dcada de 50 foi crucial na implantao e consolidao esportiva do jud no Rio de Janeiro. O professor Augusto de Oliveira Cordeiro, que ensinava a modalidade com o nome de jiu-jitsu no Velo Esportivo Helnico, situado na praa General Osrio, em Ipanema, fundou, em 1947, a sua academia no bairro de Copacabana, na Rua Barata Ribeiro, nmero 530. Para a fundao da Academia Cordeiro, uma comisso, constituda por Alberto Monteiro, Belarmino Freire, Floriano Codeo, Antnio Afonso Alves e Luiz Roberto Moreira, fez um "Livro de Ouro" para angariar recursos. Dentre os que colaboraram com o livro constam os seguintes nomes: - Belarmino Freire - Jos Pazos Pazos - Oswaldo Nunes - Alberto Monteiro - Walter Alves - Jorge Santos Baslio Em 1950, alm de Nagashima e Ogino, tambm veio definitivamente para o Rio de Janeiro o professor Takeshi Ueda, que em So Paulo fora aluno de Yasuishi Ono (8 dan) e Naioshi Ono (7 dan). Mestre Ueda passou a treinar na Academia Cordeiro e, em 1952, fundou a Academia Ren-Sei-Kan. Inicialmente ocupou uma sala na Zona Central do Rio de Janeiro e depois se instalou no bairro de Cascadura. Em 1953, o professor Ueda tinha apenas dois alunos japoneses, quando chegou o terceiro aluno, o brasileiro Enir Vaccari. Na Escola Nacional de Educao Fsica, fundada em 1939, o professor Alberto Latorre de Faria, ento Chefe do Departamento de Lutas, introduziu a modalidade com o nome de jiu-jitsu. Segundo o professor Vincius Ruas Ferreira da Silva (1999), contemporneo dessa poca, a prtica, naquela ocasio, poderia ser resumida como uma luta que visava conduzir o adversrio ao solo e estrangul -lo. Posteriormente, houve a contratao do professor Yoshio Kihara (7 dan) e mais tarde dos professores Cordeiro e Hermanny. Em 1952, quando o professor Rudolf Hermanny , que fora aluno de capoeira do mestre Sinhozinho, cujo verdadeiro nome era Agenor Sampaio, comeou a praticar jud sob a orientao do professor Cordeiro, havia ainda muita discusso se a denominao da atividade devia ser jud ou jiu-jitsu. Em So Paulo, o professor Ryuzo Ogawa, que chegara ao Brasil em 1934, com a idade de 54 anos, a graduao de 8 dan e um diploma de mrito por ter lecionado para o filho do Imperador Mutsu Hito (Velte, 1989, p. 9), empreendeu um trabalho organizado e esclarecedor, contando com a colaborao de outros idealistas.

Esse grupo fundou a Associao Budokan, que atuava em sintonia com as diretrizes emanadas do Japo e passou a organizar campeonatos e competies segundo regras definidas. Em 1952 e 1953, o professor Cordeiro viajou para So Paulo e assistiu algumas competies organizadas pela Budokan. Ficou encantado com a tcnica, disciplina e respeito infundidos por um desporto que foi criado com a inteno primeira de educar e enobrecer os seus praticantes, dentro, portanto, do grande objetivo da Educao Fsica de promover a solidariedade humana. Segundo o professor Antnio Afonso Alves (2001) que acompanhou o professor Cordeiro nas suas viagens a So Paulo, muitas foram s dificuldades vencidas para chegar aos primeiros resultados positivos. Inicialmente, o professor Ogawa, provavelmente por no ter informaes elogiosas de praticantes de luta do Rio de Janeiro, recusou-se a receber os professores cariocas. Desolados com o que seria o fracasso da viagem, os professores dirigiram-se a um bar na prpria Rua Toms de Lima, onde estava localizada a Academia Ogawa, para tomarem um refrigerante. Por uma feliz coincidncia, o dono do bar era um japons, sobrinho do prof. Takeo Yano e que residira muito tempo no bairro de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. O dono do bar conhecia perfeitamente o professor Cordeiro e a seriedade do seu trabalho. Ciente do que havia ocorrido, prontificou-se a desfazer o mal entendido, pois tambm era muito amigo do professor Ogawa. Voltando Academia Ogawa, na companhia do dono do bar, os professores foram bem recebidos e nasceu uma profunda amizade calcada no respeito e na admirao mtuos. O professor Cordeiro permaneceu por cerca de 6 a 8 meses na escola residncia do mestre Ogawa e, quando regressou ao Rio de Janeiro, trouxe valiosas informaes sobre nomenclatura, tcnicas e desenvolvimento do esporte. A denominao jud passou a ser adotada no Rio de Janeiro, bem como o procedimento adequado para o ensino e competio. O grande responsvel, portanto, pela organizao desportiva do jud no Rio de Janeiro foi o professor Cordeiro, que ensinava em diversos lugares como o Clube de Regatas Flamengo e Escola Naval, alm da sua academia. O professor Cordeiro e um grupo de pessoas dedicadas causa do jud conseguiram a oficializao desse esporte, cuja organizao comeou como um departamento subordinado Federao Metropolitana de Pugilismo e, posteriormente, Confederao Brasileira de Pugilismo, entidades que controlavam, naquela poca, todos os desportos de luta. Em 1954, o Rio de Janeiro foi sede do primeiro Campeonato Brasileiro de Jud. A grande figura deste evento foi Masayoshi Kawakami, campeo absoluto. Mestre Ogawa participou como rbitro Geral, dirimindo as dvidas que necessitaram do seu concurso. Neste mesmo ano, tambm foi realizado o primeiro Campeonato Carioca de Jud.

Foi possvel colher alguns detalhes do 1 Campeonato Carioca de Jud com a filha do prof. Cordeiro, Patrcia Simes Cordeiro, que emprestou exemplares da "Revista de Jud", cujo primeiro nmero foi editado em outubro de 1954. Esta revista era de publicao bimestral e a equipe responsvel pela edio deste primeiro nmero foi a seguinte: Diretor Responsvel: Augusto de Oliveira Cordeiro; Secretrio: W. Guarniere; Redator Principal: Rudolf de Otero Hermanny; Tradutores: Japons - Sumio Mamya Francs - Andr Vasarhely Ingls Colaboradores: - Arthur Rothwell Departamento fotogrfico: Amaro Machado

Prof. Alberto Latorre de Faria Dr. Randoval Motenegro Dr. Jos Bicudo Jnior Carlos Duarte Silva Luiz Roberto Moreira Segundo a citada revista, o evento realizou-se nos dias 31 de agosto e 3 de setembro, nos sales do Clube de Regatas do Flamengo e contou com a participao das seguintes agremiaes: So Cristvo de Futebol e Regatas, Clube de Natao e Regatas, Centro Metropolitano de Esportes Grficos e o Centro de Instruo de Jud Augusto Cordeiro. O prof. Hikari Kurachi, 4 grau, de Santos, So Paulo, foi convidado especialmente para servir de rbitro e, nos intervalos das lutas programadas, fez uma demonstrao de jud para a numerosa assistncia. A "Revista de Jud", n 4 de outubro/novembro de 1955, pginas 18 a 21, divulga que o 2 Campeonato Carioca de Jud, promovido pela Federao Metropolitana de Pugilismo, ocorreu nos dias 27 de agosto e 3 de setembro, na sede do Clube de Regatas do Flamengo. O evento contou com a participao de 54 judocas e as agremiaes que competiram foram: Centro Metropolitano de Desportos Grficos, Clube de Regatas do

Flamengo, Associao Atltica do Banco do Brasil , Centro de Instruo de Jud Ogino e Centro de Instruo de Jud Augusto Cordeiro. A arbitragem teve como Diretor Geral o prof. Ryuzo Ogawa, especialmente convidado pela Federao Metropolitana de Pugilismo, e os rbitros que atuaram foram Ogino, Nagashima e Augusto Cordeiro. Neste perodo inicial, em que o jud foi organizado desportivamente, a Zona Sul manteve a supremacia. As principais academias dessa regio eram a Cordeiro, Britto, Hermanny e Mehdi. A maioria dos campees eram provenientes dessas academias. Pouco depois, Shunji Hinata, judoca de notvel estilo e que fora aluno do professor Hikari Kurashi, veio de So Paulo e se fixou no Rio de Janeiro, abrindo a Academia Japonesa, em Copacabana. O professor Rudolf Hermanny foi contactado para prestar seu depoimento, tendo em vista que participou ativamente desse perodo como atleta, professor, rbitro e dirigente. Forneceu importantes informaes, mas ressaltou que outras fontes tambm deveriam ser ouvidas, o que efetivamente foi feito. Os professores citados por Rudolf Hermanny como os que auxiliaram o mestre Cordeiro em sua academia foram: Antnio Afonso Alves, Lus Roberto e Floriano. Dentre os atletas formados nessa fase inicial ou que ali se desenvolveram podem ser citados: Harry Rutman, Lus Roberto, Bugre Ubirajara Lucena, Lus Raimundo Machado (conhecido como "21"), Wilson de Oliveira (Passarito), Arthur Rotwel (Australiano), Enzo Confetura, Hugo Melo da Silva, Joo Graf, Antnio Lima Filho, Thephanes Mesquita, Takeshi Ueda e muitos outros. Outras academias e centros esportivos que tambm praticavam jud e que podem ser lembradas por mritos, salvo esquecimento, eram: Associao Atltica do Banco do Brasil, Clube Ginstico Portugus, Associao Crist de Moos, Associao dos Servidores do Hospital dos Servidores do Estado, Academia Suburbana, Ginsio Porturio, Escola Naval, Escola de Educao Fsica do Exrcito, Escola Nacional de Educao Fsica, Colgio Militar, Batalho Santos Dumont de Pra-quedistas, Centro Metropolitano de Esportes Grficos, Academia Nipo-Brasileira, Academia Ren-Sei-Kan, Academia Lder e os clubes Flamengo, Botafogo e Fluminense. Dentre esses clubes, o que manteve a atividade em patamar destacado foi o Clube de Regatas Flamengo. Com receio de olvidar algum nome, o professor Hermanny cita como professores que contriburam para o engrandecimento do jud, nesta primeira fase, os seguintes mestres: Yoshimasa Nagashima, Masimo Ogino, Antnio Vieira, Takeo Yano, Takeshi Ueda, Thephanes Mesquita, Vicente Leito da Rocha, Omar Cairus, Leopoldo Levindo de Lucca, Avany Nunes Magalhes, Hugo Melo da Silva, George Kastriot Mehdi, Gengo Katayama, Shunji Hinata, Haroldo Britto e Roberto Davi. O professor Hermanny destacou ainda alguns nomes que deram contribuio significativa na qualidade de dirigentes e colaboradores, sendo de grande importncia na implementao do jud no Rio de Janeiro.

Foram eles: Paschoal Segreto Sobrinho, Jamil Kalil Nasser, Abel Magalhes, Brigadeiro Oswaldo Balloussier, Dr. sio Martins do Valle e Enir Vaccari. Em 1956, a Academia Ren-Sei-Kan, dirigida pelo professor Takeshi Ueda, assessorado pelo professor Enir Vaccari, publicou, em abril, o primeiro nmero de um boletim que depois se transformou na Revista Ren-Sei-Kan. A capa deste primeiro nmero do boletim, reproduzida na pgina a seguir, mostra, em letras menores e entre parnteses, a expresso "jiu-jitsu", abaixo da palavra JU-D, essa em caixa alta. Tal fato demonstra que ainda naquela data persistia certa insistncia na antiga denominao. Na capa do boletim nmero 12, de novembro/dezembro de 1957, tambm reproduzida adiante, j no aparece a antiga expresso. Muitos atletas pioneiros se transformaram em elementos multiplicadores de conhecimento e disseminaram o jud por diversas localidades do Rio de Janeiro. A Zona Norte e os subrbios responderam muito bem aos estmulos dos professores pioneiros e, em maro de 1957, foi fundada a Academia Suburbana, sob a direo do professor Thephanes Mesquita. Neste mesmo ano, o Capito Paraquedista Carlos Alberto Menna Barreto implantou o jud no Batalho Santos Dumont. A atividade ficou sob a responsabilidade do professor Thephanes Mesquita, que contou com a superviso dos professores Cordeiro e Hermanny. Em 1958, ocorreu a fundao da Academia Lder, pioneira em Duque de Caxias. O seu fundador e primeiro diretor foi o professor Antnio Silva Gomes (5 dan). No Campeonato Carioca de Jud de 1957, segundo o boletim da Academia Ren-Sei-Kan (n 12 de 1957), participaram as seguintes agremiaes: Academia Cordeiro, Academia Ren-Sei-Kan, Academia Irmos Gracie, Satlite Clube, Clube de Regatas Flamengo, Clube Naval e Escola Naval. Em 27 de dezembro de 1957, o professor Cordeiro viajou para o Japo, onde permaneceu por 6 meses, desenvolvendo estudos sobre a prtica do jud. No Campeonato Carioca de Jud de 1958 estiveram presentes as seguintes agremiaes: Academia Cordeiro, Academia Suburbana, Academia Ren-Sei-Kan, Academia Britto, Academia Nipo-Brasileira e o Clube de Regatas Flamengo. Em 17 de abril de 1958, ocorreu a fundao da Federao Paulista de Jud. Nos dias 9 e 10 de agosto desse mesmo ano, foi realizado no Brasil, precisamente nos estados do Rio de Janeiro, So Paulo e Minas Gerais, o III Campeonato Pan-Americano de Jud. Participaram desse evento as equipes dos seguintes pases: Brasil, Argentina, Mxico, Estados Unidos e Cuba. O Brasil, pela primeira vez, foi vencedor desse campeonato. O Rio de Janeiro continuou a realizar o seu campeonato anual, sob a gide da Federao Metropolitana de Pugilismo. Um problema, no entanto, foi ganhando propores: a legitimidade da outorga da faixa preta. Os

professores de ento davam a faixa preta a seus alunos, tal como os de hoje esto autorizados a fazer at a graduao de faixa marrom. Ocorreu que esse critrio, que pode ser classificado como subjetivo, passou a ser contestado sob o ponto de vista tcnico e at quanto lisura, vez que se chegou a falar at em venda de faixa preta, o que inadmissvel num ambiente de moralidade como o do jud. O professor Cordeiro, cuja academia era a 8 filial da Budokan, seguia rigorosamente a linha do mestre Ogawa e defendia que a legtima faixa preta teria de ser obtida em exame prestado em So Paulo, ante aquela instituio. Inmeros foram os atletas cariocas que obtiveram a faixa preta dessa maneira. Em 5 de dezembro de 1961, o Dirio de Notcias noticiou a inaugurao da Associao dos Faixas Pretas do Rio de Janeiro, cuja sede estava localizada em So Paulo. A festa de inaugurao ocorreu, segundo o citado jornal, na Academia Porturia, que era dirigida pelo professor Masimo Ogino. Estiveram presentes, alm do professor Tokuso Terasaki (7 dan da Kodokan), os professores Nagashima, Ogino, Antnio Melo, Jos Melo, Antnio Vieira, Togashi, Fbio Ludi Maier e Masatada Togashi, presidente da colnia nipnica de Santa Cruz, e mais 500 judocas alunos dos professores citados. Os professores receberam das mos do professor Terasaki, certificados e diplomas de graus. Uma das finalidades da Associao, e que ficou bem clara na solenidade, era com provar a realidade dos ttulos de "faixas pretas", para que no pudessem ostent-la quem no estivesse verdadeiramente capacitado para tal. Do seu quadro social, pelo menos, s poderiam fazer parte os "faixas pretas" legtimos, ou seja, aqueles que provassem o seu direito de usar o ttulo. A diretoria da Associao ficou assim constituda: Presidente Katsutoshi Naito (8 dan); Vice-presidente Tokuso Terasaki (7 dan); Conselheiros Nagashima e Ogino (ambos 6 dan). Em 11 de maio de 1961, o jornal O Globo noticiou a eleio do Conselho Tcnico de Jud, que ocorreu na sede da Federao Carioca de Pugilismo, tendo comparecido grande nmero de dirigentes de clubes. Foram eleitos e empossados os seguintes desportistas: Membros Efetivos - Augusto Cordeiro, George Mehdi, Haroldo Britto, Thephanes Mesquita, Takeshi Ueda e Rudolf Hermanny. Membros Suplentes - Shunji Hinata, Enir Vaccari, Lus Alberto Mendona, Alair de Souza e Silva, Glauco de Lorenzi e Lus Roberto Moreira.

As atribuies do Conselho Tcnico eram: disciplinar as concesses de faixas aos judocas, as licenas de funcionamento das academias, bem como orientar a melhor forma de se praticar o esporte para maior difuso. A concluso, de acordo com o que foi apresentado e comprovado com os recortes de jornais da poca, que existiam duas correntes interessadas em assumir a liderana do jud no Rio de Janeiro: uma ligada Associao dos Faixas Pretas e outra representada pelo grupo que constitua o Conselho Tcnico de Jud. Segundo o professor Enir Vaccari, contemporneo da poca, o grupo ligado Associao dos Faixas Pretas fundou, em 24 de junho de 1962, a Federao Carioca de Jud, tendo publicado, no Dirio Oficial de 17 de julho de 1962, o Extrato do Estatuto da entidade. O presidente da Federao era o professor Joo Cndido Lacerda de Oliveira. Este fato fez com que houvesse uma reao imediata da parte do outro grupo, o do Conselho Tcnico de Jud. O professor Cordeiro, que ensinava no Clube Regatas Flamengo, conseguiu que o presidente deste clube, sr. Fadel Fadel, por meio de editais publicados no jornal O Globo, de 30 de julho de 1962, e no Dirio Oficial de 6, 7 e 8 de agosto de 1962, convocasse os clubes que possuam departamento de jud e as academias aliadas (essas se transformaram em clubes de jud ou jud clubes), para uma assemblia em que seria tratada a fundao da Federao Guanabarina de Jud. Apesar do grupo adversrio ter se antecipado nas providncias preliminares para a fundao da Federao, o professor Cordeiro e os seus seguidores conseguiram que o Conselho Nacional de Desportos paralisasse o andamento da documentao da Federao Carioca de Jud e aguardasse a apresentao do processo concernente Federao Guanabarina de Jud. Segundo o professor Vincius Ruas, tambm contemporneo da poca, os dois processos correram paralelamente. Finalmente, o grupo liderado pelo professor Cordeiro conseguiu alcanar o objetivo pretendido. No dia 9 de agosto de 1962, na sede do Clube de Regatas Flamengo, localizada na Praia do Flamengo n 66/68, foi realizada a histrica assemblia de fundao da Federao Guanabarina de Jud. Os clubes e os seus respectivos representantes que compareceram foram: Clube de Regatas Flamengo - Alair Souza e Silva; Botafogo Futebol e Regatas - Oswaldo Jos Soares Simon; Clube Monte Lbano - Dr. Waldemar Mattos Tourinho; So Cristvo Futebol e Regatas - Milton Soares Ribeiro; Clube Leblon - professor Leopoldo Levindo de Lucca; Esporte Clube Cocot - Antnio Carlos Souza e Mello de Oliveira; Jud Clube Ren-Sei-Kan - Dr. Jos Pedro da Motta Cordeiro; Jud Clube Augusto Cordeiro - professor Antnio Afonso Alves; Jud Clube Rudolf Hermanny - Jos Fernandes. O professor Antnio Afonso Alves, presidente do Jud Clube Augusto Cordeiro, esclareceu, durante a assemblia, que os jud clubes presentes, apesar de ainda no regularizados, tinham seus estatutos em exame na

Federao Carioca de Pugilismo, para fins de registro e ali se encontravam para dar completo apoio fundao da Federao Guanabarina de Jud, devendo ser assim considerados como fundadores da entidade. Em prosseguimento, por proposta do professor Augusto Cordeiro, foi apresentada uma chapa nica, que foi eleita por aclamao. Esta chapa estava assim constituda: Presidente - Brigadeiro Oswaldo Balloussier; Vice-presidente - zio Martins do Valle; Membros efetivos do Tribunal de Justia Desportiva: Dr. Jos Roberto Vieira de Castro; Dr. Paulo Waldemar Falco; Dr. Srgio Delamare; Dr. Lus Carlos Vital; Dr. Hlio Torres Pereira. Suplentes: sr. Antnio de Campos Raposo; Dr. Oswaldo Sebastio Miziara; Dr. Francisco Otoche; Dr. Srgio Ney Palmeiro; Dr. Moacyr Cleanto de Albuquerque. Membros efetivos do Conselho Fiscal: sr. David Augusto Guimares; sr. Jos Maria Cavalcante de Albuquerque; sr. Geraldo Nasser. Suplentes: sr. Faustino da Silva Fernandes Bastos; sr. Rubens Ouchida; sr. Virglio Affonso Alves. Secretrio Geral - professor Enir Vaccari; Diretor Tcnico - professor Rudolf Hermanny; 1 Secretrio - professor Jorge Lus Souza e Silva; Tesoureiro - Alair de Souza e Silva; 1 Tesoureiro - Ary Calvet de Souza. Algum tempo depois, o Brigadeiro Balloussier foi transferido para servir em outro estado, ficando vago o cargo de presidente da Federao Guanabarina de Jud. Meses depois, o professor Hermanny renunciou ao cargo de Diretor Tcnico, o mesmo ocorrendo com o vice-presidente zio Martins do Valle. Nessas circunstncias, o

Secretrio Enir Vaccari assumiu diversas funes at que uma segunda Assemblia elegeu a nova diretoria, presidida pelo sr. Alair de Souza e Silva. Mesmo tendo havido a histrica disputa para a fundao da federao de jud no Rio de Janeiro, felizmente no chegou a ter a conseqncia de um racha entre os dois grupos, o que seria muito ruim para o esporte. Assim que Nair Nagashima, filha do mestre Nagashima, assegurou que o professor, praticamente at o dia de sua morte, comparecia com muito prazer para arbitrar os campeonatos promovidos pela Federao Guanabarina de Jud, hoje Federao de Jud do Estado do Rio de Janeiro. Essa unio contribuiu certamente para o engrandecimento do jud e para que este merecesse o apoio da classe mdica e educacional. Assim que o boletim nmero 1 de 1963 do Jud Clube Ren-Sei-Kan transcreveu uma matria publicada na revista "Cigarra", de grande tiragem na poca, em que O Dr. Hermnio Macedo, renomado mdico carioca, ressalta as qualidades teraputicas e educacionais conseguidas com a prtica do jud. As palavras do Dr. Macedo foram as seguintes: " Como processo teraputico, recomendado especialmente em casos de hiperagressividade, ansiedade, gagueira, asma, timidez, medos injustificados e enurese. Como processo educacional, atua na formao de hbitos, reflexos e disciplina interior". O professor Hermanny forneceu um antigo recorte de jornal que traz os vencedores dos campeonatos cariocas desse perodo inicial, ou seja, de 1954 a 1961, quando ainda no existia a Federao Guanabarina de Jud. A transcrio dos resultados servem para comprovar a veracidade do que foi apresentado na presente reconstituio. Em 1954: Faixa Roxa - Andras Varsharehly - Academia Cordeiro; Faixa Marrom - Rudolf Hermanny - Academia Cordeiro; Faixa Preta 1 dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro; Faixa Preta 2 dan - Antnio Alves - Academia Cordeiro. Em 1955: Faixa Verde - Isidoro Raposo - Academia Cordeiro; Faixa Roxa - Hugo Melo - Clube de Regatas Flamengo; Faixa Marrom - Lus Raimundo Machado - Academia Cordeiro; Faixa Preta 1 dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro; Faixa Preta 2 dan - Rudolf Hermanny. Em 1956: Faixa Branca - Arthur Nascimento - Satlite Clube; Faixa Verde - Uerley Ferreira - Clube de Regatas Flamengo;

Faixa Roxa - Hlio Marques - Academia Cordeiro; Faixa marrom - Lus Raimundo Machado - Academia Cordeiro; Faixa Preta 1 dan - Lus Alberto Mendona - Academia Cordeiro; Faixa Preta 2 dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro; Faixa Preta 3 dan - Antnio Alves - Academia Cordeiro. Em 1957: Faixa Branca - Moacir Luzia Vale - Academia Gracie; Faixa Verde - Rubens Bogossian - Academia Britto; Faixa Roxa - Fausto Basto - Academia Cordeiro; Faixa Marrom - Hlio Marques - Academia Cordeiro; Faixa Preta 1 dan - Lus Alberto Mendona -Academia Cordeiro; Faixa Preta 2 dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro; Campeo Absoluto - Lus Alberto Mendona - Academia Cordeiro. Em 1958: Faixa Roxa - Eurico Lyra Filho - Esporte Clube Radar; Faixa Marrom - Antonio Kroff - Academia Cordeiro; Faixa Preta 1 dan - Joo Graff Vassaux - Academia Cordeiro; Faixa Preta 2 dan - Shunji Hinata - Academia Japonesa; Campeo Absoluto - Shunji Hinata - Academia Japonesa. Em 1959: Faixa Roxa - Eurico Lyra Filho - Esporte Clube Radar; Faixa Marrom - Rubens Bogossian - Academia Britto; Faixa Preta 1 dan -Antonio Kroff - Academia Cordeiro; Faixa Preta 2 dan - Lus Alberto Mendona - Academia Cordeiro; Faixa Preta 3 dan - Shunji Hinata - Academia Japonesa; Campeo Absoluto - Lus Alberto Mendona - Academia Cordeiro. Em 1960: Faixa Roxa - Guilherme Kurtz - Academia Japonesa; Faixa Marrom - Carlos Bartolomeu Cavalcanti - Academia Cordeiro; Faixa Preta 1 dan - Shozi Tiba; Faixa Preta 2 dan - Lus Alberto Mendona - Academia Cordeiro; Faixa Preta 3 dan - George Kastriot Mehdi - Academia Mehdi;

Campeo Absoluto - Lus Alberto Mendona - Academia Cordeiro. Em 1961: Faixa Verde - Heitor Taborda - Academia Japonesa; Faixa Roxa - Newton Tuim - Academia Britto; Faixa Marrom - Oswaldo Simon - Academia Mehdi; Faixa Preta 1 dan - Silvino Vieira - Academia Ren-Sei-Kan; Faixa Preta 2 dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro; Faixa Preta 3 dan - Lus Alberto Mendona - Academia Cordeiro; Campeo Absoluto - Shunji Hinata - Academia Japonesa. Nas primeiras competies de jud realizadas no Rio de Janeiro, ainda sob a gide da Federao Metropolitana de Pugilismo, e quando a Zona Sul mantinha a hegemonia da modalidade, o locutor e rbitro de boxe, sr. Jaime Ferreira, solicitava silncio absoluto dos presentes, alegando que qualquer barulho atrapalharia a concentrao dos atletas. A platia atendia inteiramente solicitao do locutor e s se manifestava depois de consumado o golpe ou terminado o combate. O tempo foi passando, o jud do Rio de Janeiro se tornou independente e foi se organizando de maneira realmente notvel. O esporte atingiu os mais diversos recantos do estado e acolheu democraticamente as classes menos favorecidas economicamente. Na pgina a seguir, est a reproduo de uma fotografia histrica, em que parece o professor Cordeiro, no primeiro plano, comemorando com alguns correligionrios a fundao da Federao Guanabarina de Jud. Em cima da mesa possvel ver, numa cartolina, os dizeres "Federao G. de Jud". Os atletas, professores, dirigentes e demais pessoas envolvidas de qualquer maneira com o jud do Rio de Janeiro, apesar de todas as dificuldades e novas tendncias, devem preservar e ampliar o que foi semeado com muita dedicao e competncia. O professor Hermanny tambm nos repassou dados oficiais fornecidos pela Confederao Brasileira de Pugilismo, que mostram o posicionamento do jud do Rio de Janeiro no mbito nacional, no perodo que vai at 1961: 1 Campeonato Brasileiro realizado em 1954, no Rio de Janeiro: Faixa Marrom: Joo Yamamoto (So Paulo) Faixa Preta 1 dan: Rudolf Hermanny (Rio de Janeiro) Faixa Preta 2 dan: Hidenobu Shiozawa (So Paulo) Faixa Preta 3 dan: Masayoshi Kawakami (So Paulo) Campeo Absoluto: Masayoshi Kawakami (So Paulo) 2 Campeonato Brasileiro realizado em 1955, em Belo Horizonte:

Faixa Marrom: Minuro Ito (So Paulo) Faixa Preta 1 dan: Masayoshi Hiroshima (So Paulo) Faixa Preta 2 dan: Jos R. Vieira (So Paulo) Faixa Preta 3 dan: Akira Yamamoto (So Paulo) Campeo Absoluto: Masayoshi Kawakami (So Paulo) 3 Campeonato Brasileiro realizado em 1956, em So Paulo: Faixa Marrom: Lhofei Shiozawa (So Paulo) Faixa Preta 1 dan: Wilson S. Oliveira (Rio de Janeiro) Faixa preta 2 dan: Manabu Kurachi (So Paulo) Faixa Preta 3 dan: Masayoshi Kawakami (So Paulo) Campeo Absoluto: Masayoshi Kawakami (So Paulo) 4 Campeonato Brasileiro realizado em 1957, no Rio de Janeiro: Faixa Marrom: Washington Calfat (So Paulo) Faixa Preta 1 dan: Lhofei Shiozawa (So Paulo) Faixa Preta 2 dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro) Faixa Preta 3 dan: Manabu Kurachi (So Paulo) Campeo Absoluto: Masayoshi Kawakami (So Paulo) 5 Campeonato Brasileiro realizado em 1958, em belo Horizonte: Faixa Marrom: Antnio P. Kroff (Rio de Janeiro) Faixa Preta 1 dan: Luiz Raimundo Machado (Rio de Janeiro) Faixa Preta 2 dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro) Faixa Preta 3 dan: Manabu Kurachi (So Paulo) Campeo Absoluto: Masayoshi Kawakami (So Paulo) 6 Campeonato Brasileiro realizado em 1959, em Porto Alegre: Faixa Marrom: Milton Lovato (So Paulo) Faixa Preta 1 dan: Roberto David (So Paulo) Faixa Preta 2 dan: Luiz Alberto Mendona (Rio de Janeiro) Faixa Preta 3 dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro) Campeo Absoluto: Masayoshi Kawakami (So Paulo) 7 Campeonato Brasileiro realizado em 1960, em Braslia: Faixa Marrom: lvaro Loureiro (Minas Gerais)

Faixa Preta 1 dan: Fumio Tani (So Paulo) Faixa Preta 2 dan: Luiz Alberto Mendona (Rio de Janeiro) Faixa Preta 3 dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro) Campeo Absoluto: Lus Alberto Mendona (Rio de Janeiro) 8 Campeonato Brasileiro realizado em 1961, no Rio de Janeiro; Faixa Marrom: Takeshi Miura (So Paulo) Faixa preta 1 dan: Carlos Bartolomeu Cavalcanti (Rio de janeiro) Faixa Preta 2 dan: Haruo Nishimura (So Paulo) Faixa Preta 3 dan: Rudolf Hermanny (Rio de Janeiro) Campeo Absoluto: Masayoshi Kawakami (So Paulo) Nos campeonatos por equipe, a da Federao Paulista de Pugilismo conquistou o ttulo por 6 vezes. No entanto a equipe carioca conseguiu o bi-campeonato nos anos de 1959 e 1960. Em 1959, a equipe campe da Federao Metropolitana de Pugilismo formou com os seguintes atletas: Luiz Raimundo Machado Shunji Hinata Masamitus Togashi Lus Alberto Mendona Rudolf Hermanny Em 1960, a equipe bi-campe da Federao Carioca de Pugilismo (denominao adotada em virtude da mudana da capital para Braslia) formou com os seguintes atletas: Shunji Hinata Rudolf Hermanny Lus Alberto Mendona Carlos Tiba Osmar Vieira No mbito internacional, no perodo enfocado, o Brasil participou de trs campeonatos pan-americanos e os atletas cariocas dessa poca tiveram participao destacada em todos eles. O jud brasileiro no participou do I Campeonato Pan-Americano, mas esteve presente a partir do segundo. O II Campeonato Pan-Americano ocorreu em 1956 e se realizou em Havana, Cuba, tendo o Brasil se sagrado Vice-Campeo. Os atletas cariocas que participaram dessa competio foram Luiz Alberto Mendona, Shunji Hinata e Augusto Cordeiro. A colocao de cada um deles foi: Lus Alberto Mendona: campeo faixa marrom;

Shunji Hinata: vice-campeo faixa preta 2 dan; Augusto Cordeiro: participou da disputa por equipe em que a representao brasileira foi Vice-Campe. O III Campeonato Pan-Americano ocorreu em 1958, no Rio de Janeiro e o Brasil sagrou-se Campeo. Este ano de 1958 foi particularmente de xitos esportivos para as cores brasileiras. No futebol, o Brasil conquistou pela primeira a Copa Jules Rimet. Seguiram-se outros ttulos no atletismo, basquetebol, natao, polo-aqutico, tnis de mesa, ciclismo e Maria Ester Bueno conquistou o primeiro lugar no Torneio de Tnis de Winblendon. Os atletas cariocas que obtiveram medalha de ouro no III Campeonato Pan-Americano de Jud foram: Lus Alberto Mendona: campeo faixa preta 1 dan; Shunji Hinata: campeo faixa preta 2 dan. Hinata ainda ganhou uma segunda medalha de ouro como integrante da disputa por equipe. O IV Campeonato Pan-Americano ocorreu em 1960, no Mxico e o Brasil sagrou-se Bi-Campeo. Os cariocas obtiveram as seguintes classificaes: Lus Alberto Mendona: campeo faixa preta 2 dan; Shunji Hinata: vice-campeo faixa preta 3 dan. Na disputa por equipe, a representao brasileira foi campe e os trs cariocas que dela paticiparam foram: Lus Alberto Mendona Shunji Hinata Rudolf Hermanny. O professor Augusto Cordeiro foi o tcnico da delegao brasileira. Nesse evento, o carioca Lus Alberto Mendona conseguiu a faanha de ser o primeiro brasileiro a conquistar por trs vezes consecutivas o ttulo de Campeo Pan-Americano. A Federao Guanabarina de Jud se instalou com sede prpria na Avenida Presidente Vargas, n. 590, 20 andar, grupo 2.005. Um acontecimento dessa primeira poca que merece ser ressaltado foi noticiado pelo Jornal do Brasil, em 13 de dezembro de 1959. O professor Haroldo Britto, um dos colaboradores na expanso do jud no Rio de Janeiro, elaborou um mtodo para salvamento de afogados adaptando 12 posies fundamentais de jud. O mtodo em questo permite que os guarda-vidas dominem qualquer pessoa sem mago-la, o que, geralmente, no acontecia com os modelos usados at ento.

O Servio de Salvamento da Prefeitura contratou o professor Haroldo Britto para ministrar o mtodo aos guarda-vidas. As aulas tericas e prticas ocorreram no Posto 6, na praia de Copacabana. Neste curso tambm eram ensinadas tcnicas de kwatsu, usadas no jud para reanimar o praticante que desfalecera. Posteriormente, as faculdades de Educao Fsica passaram a ensinar o mtodo de salvamento aos seus alunos, na disciplina de natao. Infelizmente nem todas se lembram de citar a autoria do professor de jud. A consolidao do jud esportivo no Rio de Janeiro ocorre, de maneira definitiva, com a fundao da Federao Guanabarina de Jud, quando a organizao da modalidade alcana a sua independncia. No perodo em que esteve sob a gide da Federao Metropolitana e depois Carioca de Pugilismo, possvel constatar, pelos resultados e acontecimentos apresentados, que o Rio de Janeiro se firmou como a segunda fora do jud nacional e que atletas cariocas brilharam intensamente nas disputas continentais. Essa tendncia viria a se confirmar como uma constante nos perodos subsequentes. No prximo captulo ser feito um estudo de como o jud comeou e se desenvolveu no interior, ou seja, no antigo Estado do Rio de Janeiro, at o momento da fuso, quando as duas federaes existentes se uniram e formaram a atual Federao de Jud do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ).

2 CAPTULO O JUD NO INTERIOR DO RIO DE JANEIRO A elaborao deste captulo baseia-se, principalmente, em anotaes feitas pelo prof. Walter Russo de Souza, um dos que mais trabalharam pelo desenvolvimento do jud no interior do estado, notadamente em Duque de Caxias e Baixada Fluminense, e por depoimentos do prof. Jos de Almeida Souza, contemporneo da poca. Os documentos manuscritos pelo saudoso professor Walter Russo foram gentilmente cedidos, para fonte da pesquisa, por seu filho o prof. Walter Russo de Souza Jr. Na Baixada Fluminense e em Niteri houve um perodo em que a luta livre encontrou muitos adeptos e alguns judocas foram introduzidos no desporto de luta por meio desta modalidade. Este foi o caso de Santo Marzullo, que foi aluno do professor Orlando Barradas, e de Walter Russo de Souza, que foi aluno dos professores Pedro Montanha e Sadin Catib, na Academia Lder, que, como foi dito anteriormente, foi fundada em 1958. O pioneiro da luta livre em Duque de Caxias foi Hanilton Flix da Silva, conhecido como "Biriba", que comeou a lutar em 1948 e se apresentou em diversos estados do Brasil, inclusive no ginsio do Maracanzinho, tendo enfrentado renomados lutadores como Pedro Hemetrio e Waldemar Santana. Outro lutador que se tornou conhecido foi Manuel Maciel, apelidado de "Tatu". Em Niteri, alm do citado Orlando Barradas, tambm pode ser mencionado Adir de Oliveira, o "ndio", e muitos outros. O jud no interior teve o seu desenvolvimento paralelo ao ento Distrito Federal e depois Estado da Guanabara. Segundo o prof. Walter Russo, antes da fundao da Academia Lider, o jud j era praticado em diversas colnias japonesas da regio, tais como: Colnia Agrcola de So Bento (Duque de Caxias), Colnia Agrcola de Papucaia (Papucaia), Colnia Agrcola de Itagua (Itagua) e outras. O jud, portanto, migrou dessas colnias para as academias. Cerca de trs anos antes da fundao da Academia Lder, o prof. Marcel George Dsert, faixa preta 1 grau (Sho-Dan), de nacionalidade francesa e que lecionava no Centro Metropolitano de Desportos Grficos, auxiliava os professores Masimo Ogino (4 dan) e Gengo Katayama (7 dan) nas aulas ministradas aos sbados, na Colnia Agrcola de So Bento. Os professores iam de nibus at Duque de Caxias e um caminho os apanhava, para lev -los ao local de treinamento. Por volta do final do ano de 1958, a Colnia Agrcola de So Bento mudou-se parte para Papucaia e parte para Itagua. Nesta ocasio, o prof. Marcel recebeu o convite do sr. Antnio Gomes, Diretor da Academia Lder, para ensinar jud naquela agremiao.

Os primeiros alunos do prof. Marcel, na Academia Lder, foram: Walter Russo de Souza, Antnio da Silva Gomes, Ronaldo Pereira Leal e Ado Mayano, dentre outros. Em 1959, os professores Yoshimasa Nagashima (4 dan) e Fumio Miva (3 dan) fundaram a Academia Nagashima na Rua Miguel de Frias, em Niteri, e dentre seus primeiros alunos estavam Santo Marzullo e Mrio Daltro Lemos. Depois dessas duas academias, que foram as pioneiras, seguiram-se outras no interior como a Academia Niteroiense, em 1962, e a Academia Tokio Mao, em 1964, ambas em Niteri. O prof. Tokio Mao um japons que chegou ao Brasil na dcada de 50, como especialista em engenharia qumica, num programa entre Brasil e Japo. A grande particularidade, no entanto, que ele foi um dos raros casos de sobrevivncia de um piloto kamikase, porque o avio em que estava foi abatido antes de atingir o alvo. Ainda em 1964, foram fundados o Jud Clube Serrano, em Petrpolis, que teve o concurso do prof. Dejair Teixeira, e a Associao Atltica Automvel Clube, em Campos, com o prof. Hiroshe Yamagushi. Em 1965, o prof. Takashi Yamagushi fundou o Jud Clube Sol Nascente, em Cachoeiras de Macacu. Em 1967, Duque de Caxias ganhava o Jud Clube Walter Russo e, na dcada de 70, o professor Tokuso Yamasaki chegou ao Vale do Paraba. Duque de Caxias e Niteri, foram, portanto, os plos geradores do jud no interior do Rio de Janeiro. O prof. Walter Russo recebeu as promoes iniciais no jud das mos do prof. Marcel. Em 1961 recebeu a faixa marrom (1 kyu) e j dava aulas para um grupo de alunos. Em 1962, quando participava do Campeonato Carioca, realizado no Clube Hebraica, na Rua das Laranjeiras n 346, Zona Sul do Rio de Janeiro, sofreu uma contuso no cotovelo, que passou a incomod-lo bastante. Orientado pelo prof. Marcel, procurou a ajuda do prof. Gengo Katayama, que possua uma academia na Travessa Angrense n 13, no bairro de Copacabana. Dentro da academia, o prof. Katayama mantinha uma Clinica de Massagens, que funciona at os dias de hoje. Curado da leso, o prof. Walter Russo conseguiu conciliar as aulas que dava na Academia Lder com os treinos que passou a realizar na Academia Katayama. Em 1964, recebia a faixa preta das mos do mestre japons, sendo o primeiro atleta da Baixada Fluminense a conseguir essa promoo. Segundo o prof. Walter Russo de Souza, a Federao Fluminense de Jud foi fundada em 1965, com sede em Niteri. Participaram da primeira diretoria os seguintes desportistas: Presidente: Dr. Demerval: Diretor Tcnico: Jorge Nascimento;

Secretrio: Hugo de Souza. A segunda diretoria estava assim constituda: Presidente: Hugo Mallet; Diretor Tcnico: Osvaldo Florentino; Secretrio: Hugo de Souza. O prof. Hugo de Souza exerceu o cargo de Secretrio em todas as diretorias da Federao Fluminense de Jud (FFJ). As competies promovidas pela FFJ eram realizadas, geralmente, no Clube de Regatas Gragoat, onde o prof. Hugo de Souza ensinava a modalidade. O atleta federado FFJ que mais ttulos conquistou foi Jos de Almeida Souza, que foi aluno dos professores Marcel Dsert, Antnio Gomes e Takeshi Ueda. Este ltimo a partir de 1967. Segundo o prof. Jos de Almeida Souza, o aluno da Academia Lder que conquistou o ttulo mais importante foi Washington de Oliveira Abreu, que se sagrou Campeo Pan-Americano em 1972. Neste ano de 1972, durante o Campeonato Fluminense de Jud, o prof. Walter Russo ficou sensibilizado com o grande sacrifcio dos atletas vindos de Campos, Volta Redonda, Petrpolis, Nova Iguau, Friburgo, Conceio de Macabu e outras praas para participarem do evento. A pesagem de todas as classes comeava s 8 horas e depois eram elaboradas as chaves. Muitos atletas s iam lutar por volta das 16 ou 17 horas. Dependendo de onde vinham, muitos participantes, por exemplo os de Campos e Volta Redonda, para estarem presentes no horrio estabelecido, tinham de sair de suas casas s 2 horas da madrugada. Tal situao colocava os atletas das cidades prximas numa posio de grande vantagem. A partir dessa data, o prof. Walter Russo comeou a contatar outros professores em busca de uma soluo para o problema. Em 1975, houve a fuso do antigo Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara e, como conseqncia, todas federaes esportivas situadas no novo estado tambm estavam obrigadas a se fundirem. Nesta ocasio, a diretoria da FFJ estava assim constituda: Presidente: Tenente Coronel Arlindo Henrique de Mattos; Diretor Tcnico: Mrio Daltro Lemos; Secretrio: Hugo de Souza.

O Coronel Arlindo fora eleito para o cargo em 1972 e o presidente da Federao Guanabarina de Jud era Joaquim Mamede de Carvalho e Silva. Uma questo que no chegou a se constituir num problema, mas que trouxe uma certa expectativa, foi a deciso sobre quem seria o presidente da federao resultante da fuso. O Coronel Arlindo achou por bem levar a documentao da FFJ para a sua residncia at que a situao fosse equacionada. O presidente da FGJ escolheu o prof. Walter Russo para participar na soluo da questo, j que este tinha o seu jud clube inscrito na FFJ e tambm era um colaborador da FGJ. O prof. Walter Russo, conforme suas palavras, sentiu-se honrado com o convite e foi muito bem recebido pelo Coronel Arlindo, que lhe entregou toda a documentao da FFJ, tendo se colocado disposio para o que fosse preciso. No dia 26 de outubro de 1976, a fuso das duas federaes foi realizada com a fundao da Federao de Jud do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ) sendo outorgada em Assemblia Geral. A concluso de todo o processo, no entanto, ainda levou cerca de dois anos. interessante ressaltar que o escudo da FJERJ foi idealizado de modo a preservar, dentro do possvel, detalhes existentes nos escudos das duas federaes fundidas. O trabalho foi feito pelo desenhista e paisagista "Basaga", de Duque de Caxias. O escudo tem a forma triangular, com o vrtice voltado para baixo, a parte superior horizontal e os dois lados, ligeiramente curvos, tm a cor azul. No interior do tringulo h um disco na cor vermelha, onde esto dois judocas envolvidos numa tcnica de jud (uchi-mata). Esta foi a parte preservada da antiga FFJ. O fundo branco, contendo no centro um crculo limitado por uma faixa estreita na cor vermelha e os dois golfinhos azuis, com as cabeas voltadas para baixo, que ladeiam o escudo so as contribuies da antiga FGJ. Com o advento da FJERJ, o prof. Walter Russo, que contava com a colaborao de outros professores, dentre estes o prof. Jos de Almeida, fez uma investida ante a nova federao no sentido de conseguir um suporte que tornasse possvel a organizao dos campeonatos do interior divididos por regies. Infelizmente, segundo o prof. Walter Russo, na gesto do presidente Joaquim Mamede o objetivo maior era massificar o jud federado na capital, com os eventos ocorrendo, quase que exclusivamente, na Universidade Gama Filho (UGF). O interior ficara todo esse tempo entregue a sua prpria sorte. Quando o prof. Raimundo Faustino Sobrinho assumiu a presidncia da FJERJ, houve nova investida pela criao de plos municipais de jud.

O presidente Faustino, que j conhecia a reivindicao, no se ops a nova medida, mas a diviso por municpios no teve o xito que se esperava. Houve disputa acirrada pelos cargos de direo dos plos, o que prejudicou muito a indispensvel unio requerida para a empreitada. Assim que o polo de Duque de Caxias nasceu morto. O nico polo que chegou a dar os primeiros passos foi o de Campos, mas no teve sucesso na resoluo de problemas criados para a Federao e para as academias localizadas no municpio. A tentativa serviu para demonstrar que a melhor soluo era a diviso por regies. As agremiaes do interior mostraram a sua determinao na acolhida do projeto, conseguindo o apoio das autoridades municipais para um trabalho em grupo. Com mais cautela, foi testada uma frmula no 1 Torneio Experimental de Jud da Baixada Fluminense, em que os atletas foram divididos por idade e as competies realizadas nos dojs das diversas academias. A frmula deu certo, pois as agremiaes sentiram-se prestigiadas e participativas. O grupo de professores resolveram ento partir para a ampliao dos horizontes e contaram com a colaborao de Ernesto Balbino da Silva, estudante de Arquitetura da UGF, que auxiliou na redao do projeto e na elaborao dos mapas indicativos da diviso por regies. Nesta ocasio o grupo obteve a informao que So Paulo adotara, com inteiro xito, um sistema semelhante com as divises por Delegacias Regionais. De posse do material explicativo, o grupo de professores compareceu ante o sr. Mrcio Molinaro, ento presidente da FJERJ. O presidente Molinaro, com aprovao unnime da diretoria, em reunio datada de 16/07/1985, publicou no Boletim n 06/85, de 5 de agosto de 1985, a nomeao do professor Walter Russo de Souza para Supervisor das Regies do Interior. O cargo, conforme consta no citado boletim, tinha por objetivo a dinamizao do jud em todo o Estado do Rio de Janeiro. Apesar da nomeao, o prof. Walter Russo achou que o apoio recebido ainda no era o ideal. O presidente seguinte foi o prof. Emmanoel de Andrade Mattar, que prometeu levar o projeto adiante, mas optou por aguardar um tempo. Os fins ou os objetivos das Regies Administrativas que constavam no projeto eram os seguintes: 1 - dirigir, orientar e fiscalizar a prtica do jud na Regio; 2 - zelar para que o jud seja praticado como elemento de formao e aperfeioamento do ser humano;

3 - ter sob seu controle tcnico os eventos de jud realizados na Regio. O prof. Walter Russo fez o curso de ps-graduao em Educao Fsica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o titular da cadeira de jud era o prof. Ney Wilson Pereira da Silva, que, naquela ocasio, era tambm o Diretor Tcnico da FJERJ. O projeto dos professores foi tema de vrias discusses em sala de aula. Em 1991, o prof. Ney Wilson foi eleito presidente da FJERJ e tendo estudado detidamente o projeto do grupo dos professores, entendendo que a modalidade devia encontrar mais facilidade para se expandir no interior, implementou a diviso por regies das agremiaes filiadas Federao. Inicialmente foram criados os Campeonatos Zonais e Regionais que dividiram o Estado do Rio de Janeiro em seis regies. Os primeiros coordenadores e suas regies foram: 1 Regio - Municpio do Rio de Janeiro; 2 Regio - Baixada Fluminense: prof. Walter Russo de Souza; 3 Regio - Niteri e Regio dos Lagos: prof. Paulo Fernando Menezes; 4 Regio - Serrana: prof. Luiz Carlos Ferreira de Souza; 5 Regio - Vale do Paraba e Sul Fluminense: prof. Jorge Louzada; 6 Regio - Campos e Norte Fluminense: prof. Shiro Matsuda. Esta diviso trouxe resultados satisfatrios e possibilitou a melhor observao do desempenho dos atletas do interior de grande potencial. Este foi tambm o primeiro passo para que fossem implantados os ncleos regionais, o que ocorreu em 1992. Em 2001, a diviso por regies foi a seguinte: 1 Regio - Municpio do Rio de Janeiro 2 Regio - Baixada Fluminense; 3 Regio - Niteri e Regio dos Lagos; 4 Regio - Serras Sul; 5 Regio - Vale do Paraba; 6 Regio - Norte e Noroeste Fluminense; 7 Regio - Serras Norte. Outras medidas foram sendo tomadas para fortalecer e facilitar a administrao do jud no interior do Rio de Janeiro como, por exemplo, a formao de rbitros em cada regio, garantindo a aplicao correta das regras e a prtica da modalidade de acordo com as constantes adaptaes. A arbitragem por ser fator de grande relevncia na prtica do jud, com implicao direta no sucesso de qualquer evento, ser estudada no prximo captulo, que envolve uma pesquisa dos tempos primordiais.

3 CAPTULO SNTESE DOS PRIMEIROS MOMENTOS E DA EVOLUO DAS REGRAS DE JUD NO RIO DE JANEIRO Ao se fazer uma retrospectiva histrica sobre as modificaes, adaptaes, criaes e determinaes que adquirem a forma de novas regras para as competies, fica visvel o paralelo crescimento tcnico e desportivo do jud. O primeiro regulamento de regras brasileiras para lutas em que os contendores se apresentavam de judogi (traje para praticar jud) est datado de 1936. Esse regulamento foi elaborado pela Federao Brasileira de Pugilismo, sendo assinado pelo Dr. Ansio de S e registrado na Censura Teatral. Para Carlos Catalano Calleja (1989, p. 13), o regulamento se refere regras que presidiam os encontros de jiujitsu no Brasil. Mas Kawanishi Takeshita (s/d, p. 87 a 91) defende que as regras do regulamento eram para os encontros de jud. O citado regulamento se refere a "ringue" com dimenses de 5m por 5m, cercado por cordas que contornam a rea de luta. Quanto ao tempo de durao do combate, poderia chegar ao mximo de 60 minutos, podendo ser dividido em "rounds" de 10, 15 e 20 minutos, com intervalos de 2 a 3 minutos. A vitria seria obtida por perda dos sentidos do opositor, desclassificao deste ou ainda por contagem de pontos. A luta seria arbitrada por um juiz de "ringue" e 3 jurados de mesa. Se o lutador desfalecesse, o juiz imediatamente iniciaria a contagem de 10 segundos. A queda s seria computada se o lutador projetado casse de espduas ou flanco contra o solo, solto ou completamente dominado. O artigo 11 determinava o critrio para a pontuao: ao final de cada "round", cada jurado anotar o seguinte: a) 1 ponto ao que for superior na defesa; b) 1 ponto ao que for superior no ataque; c) 1 ponto ao que for superior na tcnica; d) 1 ponto ao que for superior na eficincia; e) 1 ponto ao que for superior em quedas. Verifica-se, portanto, que este regulamento, que o primeiro que se tem notcia pela literatura, d respeito a iz uma modalidade de luta bem diferente do jud atual. A luta pelo ponto completo (ippon-shobu) sequer era cogitada naquela ocasio. O regulamento estava calcado em critrios mais afeitos ao boxe. At 1940, s existiam as regras de jud escritas em japons. (Costa, 1997)

Em 1950, ainda eram empregadas as tcnicas de chaves de p e perna e as que comprometiam o pescoo ou a coluna cervical. As primeiras regras de jud divulgadas internacionalmente pela Kodokan datam de 1951. (Calleja, op.cit.). Para o 1 Campeonato Brasileiro de Jud, foi elaborado o que se chamou de "Primeiro Regulamento Tcnico" que, em linhas gerais, determinava o seguinte: - o combate ter a durao de um nico "round" de 5 minutos; - o vencedor ser quem conseguir uma das seguintes situaes: a) a queda completa (ippon); b) duas quedas de meio ponto (waza-ari); c) imobilizar o adversrio por 30 segundos; d) fazer com que o oponente desista, valendo-se para tanto de estrangulamento ou chave de luxao. O combate tambm seria definido por desclassificao do adversrio. Tambm se poderia chegar ao ippon com a soma de um waza-ari acrescido a imobilizao por 20 segundos. Se bem que nesse segundo caso, a Kodokan estipulasse o tempo de 25 segundos. Se, durante o combate, um lutador conseguia a vantagem de um waza-ari, a luta continuava normalmente e, no final dos 5 minutos, o rbitro central solicitava a deciso por hantei, ou seja, pelo resultado das bandeiras levantadas pelos rbitros laterais indicando o vencedor. De modo que o lutador, mesmo tendo obtido a vantagem do waza-ari (meio ponto), poderia perder a luta se fosse entendido que ele procurou garantir o resultado, ficando apenas na defesa e afastando do "Esprito do -se Jud". Se a luta chegasse ao seu final, sem que qualquer vantagem fosse assinalada, poderia haver trs prorrogaes de um minuto. Mas se, durante a prorrogao, ocorresse um waza-ari, a luta terminava imediatamente. Era o que hoje se poderia chamar de "morte sbita". O empate (hiki-waque) s seria declarado depois que decorresse as trs prorrogaes e permanecesse o equilbrio das aes. Para esses casos, o art. 1 do "Primeiro Regulamento Tcnico" estabelecia que o rbitro Geral, que era o prof. Ryuzo Ogawa, fosse consultado para indicar o vencedor do combate. O critrio para indicar o vencedor obedecia a seguinte ordem: a) domnio do combate; b) esprito de luta; c) tcnica de atuao; d) predomnio de ataque.

Ficou estabelecido que quando o combate chegasse ao 4 minuto, o cronometrista faria soar o sinal por uma vez e quando chegasse ao final do tempo regulamentar (5min), o sinal seria ouvido por duas vezes. Os lutadores faziam a saudao em zarei (sentados sobre os calcanhares), antes e depois do combate. Tambm recebiam o resultado da luta nessa posio, levantando-se depois para o cumprimento final, admitindo-se a seguir o abrao ou o aperto de mo. Quando recebiam ordem do rbitro central para recomporem o wagui (casaco do uniforme), durante a luta, os lutadores o faziam em zarei. O rbitro tinha a prerrogativa de dar o combate por encerrado se julgasse que um dos lutadores estava com a sua integridade fsica ameaada ou em perigo, ainda que no tivesse batido (sinal caracterstico de desistncia). O rbitro central era soberano nas decises e o papel dos laterais estava limitado praticamente a se manifestarem quando a luta fosse para o hantei. Caso os rbitros laterais levantassem bandeiras diferentes, caberia ao rbitro central o voto de desempate. A exigncia para a marcao do ippon ou waza-ari era muito severa. Dificilmente uma tcnica de contra-ataque alcanaria a avaliao de ippon. Quanto ao waza-ari, a queda teria de ser quase perfeita. Os termos utilizados na arbitragem de jud no passavam de uma dezena e mesmo assim no eram padronizados, de sorte que podiam diferir de uma regio para outra. Usava-se o termo jogai para indicar que os lutadores tinham sado da rea de combate e jikan para a paralisao da contagem do tempo de luta. Em 1964, para que o jud fosse includo nos Jogos Olmpicos, foi necessrio a adoo de novas categorias de peso alm da absoluto. Passaram a ser adotadas as categorias leve, mdio e pesado, que se somaram a absoluto. (Virglio, 1994, p. 124) As punies existentes eram chui (advertncia) e hansoku-make (desclassificao).

A pouca ou praticamente nenhuma participao dos rbitros laterais nas decises dos combates e o papel do rbitro Geral interferindo no resultado passaram a constituir motivos de muita contestao da parte de todos interessados no jud. A falta de padronizao internacional dava margem a mltiplas interpretaes e diferentes estilos de arbitrar. Alm do que o texto sendo escrito em japons, o tornava acessvel apenas a uma minoria. Em 1965, foi eleito presidente da FIJ o professor Charles Stuart Palmer, da Inglaterra, que permaneceu no cargo at 1979. Essa eleio foi um prenncio das grandes modificaes que viriam a ocorrer no jud.

Em agosto de 1967, ocorreu na cidade de Salt Lake, nos Estados Unidos da Amrica, o histrico congresso em que foram aprovadas as Primeiras Regras de Competio da FIJ, oficialmente editadas em cinco idiomas: ingls, francs, espanhol, alemo e japons. A partir de ento, a participao dos rbitros laterais foi grandemente ampliada e estes passaram a poder se manifestar em caso de discordncia do rbitro central, embora a opinio deste ainda prevalecesse. Foram introduzidas outras avaliaes que se juntaram as de ippon e waza-ari existentes. Isto fez com que com que mais lances e momentos do combate passassem a receber ateno especial. Essas avaliaes foram: - kinza - que correspondia a uma pequena avaliao; - waza-ari ni-chikai-waza - que seria o quase waza-ari. As novas avaliaes no eram anunciadas, de modo que os rbitros tinham de grav-las mentalmente, o que fazia com que as aes ocorridas nos finais da luta fossem mais privilegiadas e isto se constituiu num fator negativo. Foram introduzidas outras punies que se juntaram ao chui e ao hansoku-make existentes. O quadro geral de punies com as vantagens correspondentes ficou sendo o seguinte: punies - shido - chui - keikoku - hansoku-make = = = = observao advertncia repreenso desclassificao vantagens correspondentes kinza waza -ari-ni-chikai-waza waza -ari ippon

A sada da rea de luta, que se tornara um hbito abusivo, foi desestimulada sendo punida diretamente com chui. Foi abolido o gesto de estender o brao frente para se proferir o comando de hajime (incio ou reinicio do combate). As categorias de peso corporal foram sendo ampliadas e a surgiram novas geraes de campees, mais leves e mais jovens. No mbito internacional, o contraste foi grande, com a substituio dos gigantes que predominaram no perodo de aps-guerra: Yoshimatsu, Daigo, Matsumoto, Ishikawa e Natsui. Esta transformao indica um trabalho de evoluo no centro mais adiantado da atividade e que teve ressonncia imediata em todo o mundo.

O artigo 27 das Primeiras Regras referia-se a 7 gestos para o rbitro central e 2 para os laterais. Os gestos para o rbitro central eram para assinalar: - ippon; - waza-ari; - jikan (tempo); - osaekomi (imobilizao); - osaekomi-toketa (imobilizao desfeita); - hiki-wake; - torikeshi (gesto de no validade). Para os rbitros laterais foram oficializados os gestos para indicar se a tcnica ocorreu ou no dentro da rea de combate, ou seja: jonai ou jogai. Em 1969, na cidade do Mxico, ocorreu o congresso em que foi determinada a criao do Quadro de rbitros da FIJ. At ento, as confederaes que promoviam o evento forneciam os rbitros. Foi institudo o primeiro Cdigo Esportivo. O candidato a rbitro internacional teria de dominar duas lnguas dentre as que foram editadas as regras que, como j foi citado, eram as segui tes: ingls, francs, n espanhol, alemo e japons. Em 1973, em Braslia, ocorreu a primeira Clinica Nacional de Arbitragem, com a participao de representantes de 20 estados. O MEC (Ministrio da Educao e Cultura) editou as "Regras de Competio de Jud", proporcionando o acesso s mesmas em todos cantos do pas. Nesta obra foi includa a regra que punia a falta de combatividade e que tinha a seguinte redao: "o judoca ser punido se permanecer 20 ou 30 segundos sem atacar'. Neste ano, a zona de perigo (rea vermelha) passou de 7 centmetros para um metro, tendo em vista que muitos rbitros estavam deixando de punir a sada, sem motivo, do atleta da rea de combate, alegando que a linha divisria era muito estreita o que dificultava a viso. O ano de maiores alteraes e inovaes na regra foi, sem dvida, o de 1974. Os mais conservadores e tradicionalistas chegaram a dizer que o jud tinha se convertido numa espcie de luta livre, o que no passava de um grande exagero sem qualquer fundamento. Em 1974, a Confederao Brasileira de Jud (CBJ), que propusera Federao Internacional de Jud (FIJ) a realizao de um Campeonato Mundial Jnior, conseguiu a autorizao para realiz-lo. O presidente da FIJ, Mr. Charles Stuart Palmer, da Inglaterra, realizou uma viagem antecipada ao Brasil para acerto de detalhes com os dirigentes brasileiros e o presidente da CBJ, prof. Augusto Cordeiro, aproveitando a

oportunidade, o convidou para ministrar um Curso de Arbitragem aqui no Brasil, j que Mr. Palmer era tambm membro do Sub Comit de Arbitragem e principal responsvel pelas mudanas estabelecidas. Mr. Palmer deu um curso terico e prtico para rbitros e professores na Escola de Educao Fsica do Exrcito (EsEFEx), em que foram dissipadas muitas dvidas, sendo que grande parte se referia ao placar. A denominao das vantagens passaram a ser: koka, yuko e waza -ari. Todas sendo avaliadas com o rbitro fazendo sinais correspondentes para a mesa de controle. As novas medidas tornaram o andamento da luta mais ntido para o atleta e o pblico. O placar, principalmente, facilitou o acompanhamento por qualquer pessoa. Em 1975, no congresso de Viena, foi abolido o uso do termo jikan (tempo), passando a ser usado o comando de matte (pare) para suspender a ao do combate. Tambm terminou a obrigao do atleta ter de se ajoelhar para arrumar a faixa (obi) do uniforme de luta. A deciso do combate passou a ser baseada na opinio conjunta dos trs rbitros. Em 1978, no congresso realizado na Inglaterra, ficou estabelecido que duas situaes seriam punidas com desclassificao: 1 - o lutador que aplicar o waki-gatame (chave me que a axila funciona como fulcro da alavanca) e se lanar bruscamente ao solo; 2 - o lutador que colocar a cabea no solo para executar tcnicas como uchi-mata, harai-goshi, hane-goshi. Outra medida importante foi tomada quanto ao tempo mdico. Estava havendo muito abuso e ficou estabelecido que o tempo mdico passava a ser de 5 minutos, contando os dois tempos a que o atleta tem direito. Nessa ocasio j se alertava os rbitros para ficarem atentos para casos de fingimento de cibra e "falta de ar". Se o mdico informar que o competidor estava apenas cansado, "que no tinha nada", o rbitro dever aplicar a punio de falta de combatividade. Em 1980, no congresso de Moscou, foi regulamentado o procedimento dos rbitros laterais para externarem opinio divergente da do rbitro central. Em caso de discordncia, a deciso deve exprimir a mdia. Tambm ficou regularizada a gesticulao para a punio, bem como o procedimento para efetu-la quando a luta se desenvolver no solo. Em 1981, no congresso de Maastrich, na Holanda, foi oficializada as dimenses da zona de competio, ou seja, a que inclui a rea de segurana: mnimas de 14 por 14 metros e mx imas de 16 por 16 metros. As medidas do judoji (inicialmente chamado de keikoji, ou seja, roupa de treinamento) foram determinadas: as mangas com folga de 10 a 15 centmetros em toda a extenso do brao, o mesmo ocorrendo com relao a cala e a perna do competidor. No comprimento, as mangas do wagui (palet) devero alcanar ,no mximo, as articulaes dos pulsos e, no mnimo, 5 cm acima dessas articulaes. As calas devero ser suficientemente

longas, para cobrir as pernas atingindo, no mximo a articulao do tornozelo e no mnimo 5 cm acima dessa articulao. Quanto as atletas femininas, devero usar por baixo do palet uma camiseta ou colant nas cores branca ou quase branca. Outro aspecto tratado dizia respeito a levada da luta para o solo. Ficou estabelecido que seria considerada vlida a aplicao de tcnicas de shime-waza (estrangulamento) e kansetsu-waza (tcnicas de luxao) em que a ao comeasse em p (nage-waza), com efeito considervel, e tivesse continuao ou prosseguimento no solo (newaza), desde que no houvesse interrupo. Foi esclarecida oficialmente a questo da validade da tcnica aplicada depois e coincidentemente com o sinal de trmino do combate. Se houver coincidncia, a tcnica vlida. A tcnica aplicada depois do toque de encerramento no ser vlida, mesmo que o rbitro no tenha proferido o soremade (final de combate). No caso de estrangulamento ou chave de brao, logo que soar o sinal, o rbitro deve encerrar o combate. O mesmo no ocorre se se tratar de imobilizao, neste caso o combate no termina at que a questo seja definida: a imobilizao vai at o tempo regulamentar ou quem est sendo imobilizado consegue sair. Se o atleta se acidenta durante a imobilizao, o rbitro comandar sono-mama (no se movam) e permitir a ao do mdico. Finda esta ltima, os atletas sero colocados na posio anterior e se d o comando de yoshi (continuem). Quando houver apenas um rbitro lateral, este deve se colocar direita do rbitro central. Periodicamente, com uma constncia que costuma ser anual, so realizados seminrios internacionais promovidos pela FIJ, trazendo pequenas inovaes para tornar as competies mais dinmicas e seguras. De modo que alteraes significativas nas regras no tm mais motivo para serem feitas. Mudou, por exemplo, as dimenses da rea de combate, ou seja da rea interna de luta, limitada pela borda externa da zona de perigo. Esta rea passou a ter as dimenses de 8 por 8 metros. A adoo do judogi azul, exclusivamente para competies, facilita muito a visualizao do pblico, do rbitro e as transmisses televisivas. No Congresso da FIJ em Paris, em 1997, foram aprovadas mudanas no tempo de imobilizao e foram modificadas as categorias de peso. A imobilizao passou a ser a seguinte: Ippon - 25 segundos; Waza-ari - 19 a 24 segundos; Yuko - 15 a 19 segundos; Koka - 10 a 14 segundos. As categorias de peso passaram a ter novos limites, a saber: Masculino Feminino

- 56 kg - 60 kg - 66 kg - 73kg - 81kg - 90kg - 100kg + 100kg

superligeiro ligeiro meio-leve leve meio-mdio mdio meio-pesado pesado

- 45kg - 48kg - 52kg - 57kg - 63kg - 70kg - 76kg + 76kg

No Seminrio Internacional de Arbitragem realizado na Hungria, no perodo de 26 de fevereiro a 05 de maro de 2001, esteve presente o prof. Emmanoel Andrade Mattar, Diretor de Arbitragem da CBJ, que repassou as recomendaes aos rbitros brasileiros. As recomendaes, algumas sero citadas mais adiante, se referem a procedimentos, mas no chegam a reformular dispositivo da regra. Elas dizem respeito a observaes sobre a conduta de rbitros que foram verificadas por ocasio da Olimpada de Sydney, em 2000. As principais recomendaes foram: - evitar a interrupo do combate no solo, quando o competidor estiver trabalhando para a aplicao de tcnicas de (katame-waza), que exige uma ao inicial de osae komi, para que depois haja o encadeamento com outra de shime-waza ou kansetsu-waza; - a infrao cometida na rea de luta ser punida , ainda que tenha ocorrida depois do soremade; - a interpretao do art. 20, letra A, da regra, em que consta a expresso "amplamente de costas" para ser considerado ippon, deve ser entendida como "com mais da metade das costas"; - nas tcnicas de agarre de pernas, o desequilbrio deve ser logo evidenciado, caso contrrio o rbitro deve interromper o combate, proferindo matte; - o shido por falta de combatividade no dever, necessariamente, ser dirigido aos dois lutadores. Geralmente, um competidor procura o combate, enquanto o outro procura anul-lo de todas as maneiras; - alertou para a punio para as pegadas na extremidade das mangas, que visam apenas dificultar a ao do adversrio, em nada contribuindo para o dinamismo da competio. Nominalmente foram citad as pegadas as em "pistola" e com o polegar para o interior da manga; - punir com desclassificao (hansoku-make) a projeo por meio de mergulho frontal, sobre a cabea. Enfim, essas e outras recomendaes do Seminrio visam, prioritariamente, uma atualizao na interpretao das regras.

Quanto ao Rio de Janeiro, especificamente, para uma retrospectiva de alguns momentos significativos, foram ouvidos rbitros antigos e que ocuparam o cargo de Diretor Tcnico de Arbitragem da Federao, alm de serem consultados boletins informativos da Federao, cedidos gentilmente pelo prof. Nivaldo Pereira de Rezende Filho, Diretor de Patrimnio da FJERJ, boletins informativos do Jud Clube Ren-Sei-Kan, emprestados pelo prof. Enir Vaccari, e revistas antigas emprestadas pela filha do prof. Augusto Cordeiro, Patrcia Simes Cordeiro.. Segundo o prof. Augusto Eduardo Ramos, que exerceu o cargo de Diretor de Arbitragem da FJERJ por dois mandatos, a primeira pessoa no Rio de Janeiro a ministrar seminrios de arbitragem foi o prof. Rudolf de Otero Hermanny, que foi um dos primeiros rbitros cariocas a conseguir a graduao de Internacional A (FIJ A). O prof. Jos Pereira Silva, que exerceu o cargo de Diretor de Arbitragem da FJERJ por cerca de 16 anos, tendo prestado importante colaborao tcnica e at comportamental aos rbitros do Quadro, aponta os professores Enir Vaccari e Avany Nunes Magalhes como duas figuras importantes na organizao da arbitragem no Rio de Janeiro. Segundo o prof. Jos de Almeida Souza, que assumiu como Diretor de Arbitragem da FJERJ em 2001, o prof. Avany Magalhes exerceu o citado cargo durante a existncia da Federao Guanabarina de Jud. Os rbitros das primeiras competies de jud no Rio de Janeiro foram os prprios professores pioneiros como: Augusto Cordeiro, Antnio Afonso Alves, Gengo Katayma, Masami Ogino, Yoshimasa Nagashima, Rudolf Hermanny e muitos outros. No currculo do prof. Cordeiro, divulgado no Dirio Oficial de maio de 1968, quando lhe foi concedido o ttulo de "Cidado do Estado da Guanabara", consta que ele foi nomeado rbitro internacional em 1960. Certamente foi o primeiro do jud carioca a conseguir esta graduao. No Boletim Informativo n 1, de 1963, do Jud Clube Ren-Sei-Kan, h o registro que, tendo recebido simbolicamente da Federao Carioca de Pugilismo (FCP) o encargo de direo esportiva do Jud carioca, a Federao Guanabarina de Jud (FGJ) constituiu o seu Quadro com os seguintes nomes: Prof. Katayama Prof. Cordeiro Prof. Ueda 6 dan 5 dan 3 dan. Prof. Nagashima - 6 dan Prof. Hermanny - 4 dan Para arbitrar o 1 Campeonato Carioca, em 1954, foi convidado o professor Hikari Kurachi, 4 grau, de Santos, So Paulo, que, como foi dito anteriormente, brindou a numerosa assistncia com interessante demonstrao de jud nos intervalos das lutas programadas.

Houve um perodo em que o rbitro central permanecia em seu posto durante todas as lutas da competio e apenas um trio de rbitros era suficiente para o evento O 2 Campeonato Carioca teve a direo geral do prof. Ryuzo Ogawa, especialmente convidado pela Federao Metropolitana de Pugilismo. Atuaram como rbitros auxiliares os professores Ogino, Nagashima e Augusto Cordeiro. Participaram da competio 54 judostas. As competies tiveram gradativamente o aumento de participantes, fazendo com que fosse imperioso o correspondente aumento de rbitros. Muitos outros se seguiram aqueles primeiros como Osvaldo Duncan, Hugo Mello e muitos outros, que as vezes eram chamados para arbitrar por estarem presentes ocasionalmente ao evento. Houve casos de se chamar o professor que estava na arquibancada para compor o nmero suficiente, principalmente nas competies infantis. Na Circular n 14/74, de 4 de maro de 1974, o ento presidente da Federao Guanabarina de Jud (FGJ), Major Orlando Duarte Machado, comunicava s agremiaes filiadas a relao dos judostas convidados para fazer parte do Quadro de rbitros que atuaria nos eventos daquele ano. A Circular faz meno ainda ao fato de que a Diretoria da FGJ aprovou o "Regulamento do Quadro de rbitros" e, de acordo com o qual, todos os judostas de faixa marrom em diante que se inscreverem no curso, que seria realizado futuramente, estariam fazendo parte do "Quadro de rbitros", classificados como "Estagirios". Prosseguindo, convida todos os faixas pretas de 2 grau em diante a solicitarem, at o dia 15 de abril de 1974, enquadramento no Quadro de rbitros, nas categorias respectivas, mediante preenchimento de formulrio fornecido pela secretaria. A relao dos judostas convidados era a seguinte: 1 - Joo Max Maulaz Cesarino 2 - Petrcio de Queiroz Monteiro 3 - Henrique Pereira da Fonseca Netto 4 - Edmundo Vieites Novaes 5 - Nivaldo Pereira de Rezende Filho 6 - Oswaldo Batista de Miranda 7 - Hernani Frana de Faria Jnior 8 - Pedro Batista Antunes 9 - Wilson Pereira Ribas 10 - Jorge de Azevedo Coutinho 11 -Waldyr Lins de Castro 15 - Waldemiro Lins de Castro 16 - Ricardo de Oliveira Campos 17 - Walter Russo de Souza 18 - Jos Alves de Moura 19 - Leondio Silveira Jorge 20 - Edmundo Drumond Alves Jnior 21 - Antnio Cesar Duffles Amarante 22 - Antnio Mendona da Silva 23 - Walquenares Corra de Oliveira 24 - Chuno Wanderley Mesquita 25 - Flvio Augusto Lisboa 26 - Henrique Batista dos Santos 27 - Gilberto Brando Cheble

Observa-se que da lista faziam parte muitos atletas que ainda estavam competindo e no melhor da sua forma, mas era o recurso que dispunha a Federao, contando com o desprendimento e a disponibilidade que o verdadeiro judoca costuma colocar em benefcio da modalidade. No Ofcio Circular n 29/77, de 1 de novembro de 1977, o presidente da FGJ, Joaquim Mamede de Carvalho e Silva, informava que nos dias 12 e 13 do corrente, no ginsio da Universidade Gama Filho (UGF), teria prosseguimento o Curso de Arbitragem iniciado no princpio de 1974. Naquela oportunidade, seriam classificados os rbitros que iriam constituir o Quadro de rbitros da Federao. O curso estava aberto a todos os interessados, desde que faixas pretas registrados. O Departamento de Arbitragem convidava o prof. Avany Magalhes, rbitro nacional da entidade, para assessorar os professores Carlos Catalano Calleja e Shigueto Yamasaki. O professor Catalano, em livro editado pelo MEC (1989, p. 27), revela que antes do incio da temporada de 1975, a Federao Paulista de Jud, na pessoa do ento presidente Srgio Adib Bahi, deu vida ao 1 Curso de Atualizao de Arbitragem, planejado pelo prprio prof. Catalano, com a colaborao do prof. Yamasaqui, rbitro internacional. Segundo ainda o prof. Catalano, o referido curso, at ento indito no Brasil, na sua forma e contedo, contou com a efetiva participao de mais de duzentos professores e tcnicos de jud, provenientes de todas as regies do Estado de So Paulo, tendo sido oficializado pela Confederao Brasileira de Jud (CBJ) que, posteriormente, o levou a todas as federaes filiadas, sob a forma de clnicas de arbitragem. No Boletim n 1, de maro de 1978, da FGJ, consta a relao dos rbitros que atuaram no Campeonato Carioca Juvenil e Jnior, em que possvel identificar rbitros inteiramente identificados com a funo, bem como uma formao definida do Quadro. A relao a seguinte: Gerson Antnio Paulino, Osmar Rosrio de Souza, talo de Poly, Renato Alberto dos Santos, Carlos Baran, Leopoldo Levindo de Lucca, Leondio Silveira Jorge, Milton Ribeiro, Jos Alves de Moura, Almir Vaccari, Chuno Wanderley Mesquita, Nivaldo Pereira de Rezende Filho, Paulo Mesquita, Ceny Peres Barga, Antnio Mendona, Ari dos Santos Montes, Milton Gonalves, Durval Simas, Bento Vicente da Silva, Gilberto Brando Cheble, Marco Antnio Fernandes Ferreira e Walquenares de Oliveira. No Boletim Informativo n 4/78, de agosto de 1978, o responsvel por sua elaborao lamenta o nmero reduzido do efetivo do Quadro de rbitros, o que impede o revezamento desejvel do trio em atuao. O cansao provocado pelas muitas horas na funo, por vezes, prejudica a sustentao do nvel tcnico. No mesmo boletim, tambm feito um apelo, sempre atual, aos professores e tcnicos no sentido de evitarem interferncias desnecessrias durante as lutas, muitas vezes causadoras de tumultos.

No Boletim Informativo n 5/80, consta que a diretoria da FJERJ autorizou pela primeira vez o pagamento da quantia de Cr$300,00 (trezentos cruzeiros) aos rbitros e que era pretenso aumentar o valor da remunerao para Cr$500,00 (quinhentos cruzeiros). O mesmo Boletim informava que, no dia 9 de agosto, s 15 horas , no doj da UGF, seria ministrado um Curso de Arbitragem pelo prof. Avany Magalhes, ento Assessor de Arbitragem da CBJ. Nessa oportunidade, o Diretor de Arbitragem da FJERJ era o prof. Renato Alberto dos Santos. O Curso era dirigido aos rbitros com graduao de sul-americanos, nacionais, aspirantes a nacionais, estaduais e aos faixas pretas e marrons que se interessassem. Neste Curso seria d istribudo o Cdigo do Quadro de rbitros da FJERJ, elaborado pelo Departamento Tcnico. Infelizmente, a remunerao aos rbitros no teve continuidade e essa situao s foi definitivamente resolvida a partir de 1991, ano em que o o prof. Ney Wilson Pereira da Silva assumiu a presidncia da FJERJ, tendo como Diretor de Arbitragem o prof. Jos Pereira Silva. A indumentria do rbitro da FJERJ teve a sua primeira implementao com o Diretor de Arbitragem Augusto Eduardo Ramos, que instituiu uma camisa com detalhes em escuro e claro. Quanto a cala ainda no havia uma definio da cor a ser adotada. De qualquer modo, o rbitro se apresentava com um uniforme ainda que incompleto. Segundo o prof. Durval Simas, contemporneo desta poca, o presidente Mamede tambm instituiu uma camisa para os rbitros e que seria muito bonita, mas foi de uso efmero.. O Diretor de Arbitragem Jos Pereira Silva criou o uniforme definitivo do rbitro da FJERJ para as competies regionais: camisa polo branca, cala cinza, cinto, meias e sapatos pretos. Em 1998, a VII Copa Rio Internacional obteve um sucesso expressivo no tocante a organizao, adeso de atletas e nmero de delegaes presentes. O evento entrou no calendrio internacional, o que facilita muito a oportunidade dos rbitros para prestarem exame para graduaes mais elevadas. Para o ano de 2001, o Quadro de rbitros da FJERJ estava constitudo por: - 1 FIJ A (Internacional A) - 7 FIJ B (Internacional B) - 11 FIJ C (Internacional C) - 1 Aspirante FIJ C - 17 Nacional A - 18 Nacional B - 14 Nacional C - 41 Estaduais. O total do efetivo portanto de 110 rbitros.

Anualmente, so realizados cerca de dois seminrios de atualizao e, conforme a necessidade, um curso de formao de novos rbitros. Medida recente da FIJ limitando a idade para os rbitros entrarem para a categoria internacional criou uma certa dificuldade, mas felizmente est surgindo novos valores, com talento comprovado para a funo, que certamente tm muitas possibilidades de alcanarem as graduaes mais elevadas. As competies promovidas pela FJERJ costumam congregar cerca de 1500 atletas ou mais. Os rbitros convocados para cada evento, conforme o nmero de inscries, ultrapassa a quantidade de 40. De modo que, atualmente, o quantitativo satisfatrio e o nvel tcnico , reconhecidamente, dos mais elevados do pas. Os professores que exerceram o cargo de Diretor Tcnico de Arbitragem da FJERJ, at a presente data, foram: - Enir Vaccari - Avany Nunes Magalhes - Takeshi Ueda - Jonas da Silva Venturi - Renato Alberto dos Santos - Raimundo Faustino Sobrinho - Augusto Eduardo Ramos - Jos Pereira Silva - Jos de Almeida Souza. Convm ressaltar que a Federao de Jud do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ) foi a primeira a elaborar adaptaes regra de jud para as competies infantis, visando preservar a integridade fsica e psicolgica das crianas. Posteriormente, outras federaes seguiram o exemplo. As "Adaptaes Experimentais Regra para o Jud Infantil" faz proibies a aplicao de determinadas tcnicas que trazem prejuzos tanto para quem executa como para o atleta que as recebe. As tcnicas proibidas para as classes de 7 a 12 anos so as seguintes: Seoi-nage ou qualquer outra em que o atleta se atire diretamente com os joelhos no solo. Quanto o executante, o que se pretende evitar so os microtraumatismos nas articulaes dos joelhos. Quanto ao atleta que recebe a tcnica, evitada a pancada com a cabea e leses na coluna cervical. Te-Guruma (Sukui-nage) e morote-gari - a proibio visa a proteo do atleta que cai, que fica sujeito a leses na coluna cervical e membros superiores. Kata-guruma - a proibio visa proteger o executante, que suporta uma sobrecarga incompatvel com a faixa etria. Quanto ao atleta que cai, ele ter dificuldade na execuo do ukemi, em geral devido a m aplicao.

Em todos os casos apresentados, o atleta executante dever ser punido diretamente com shido, sendo anteriormente notificado verbalmente. Se o atleta mirim comear a aplicar o sankaku-jime (tcnica de estrangulamento), o rbitro deve interromper imediatamente a luta com matte, sem nenhuma punio para o executante. O atendimento mdico para as classes d 7 a 12 anos totalmente livre. Em 1998, foi criado o Festival Infantil de Jud com o intuito de atender as necessidades de maturao de nossos pequenos praticantes. A faixa etria a que se destina esse evento dos 07 (sete) aos 10 (dez) anos de idade. O prof. Roberto Corra dos Anjos, ento Diretor Tcnico da FJERJ, teve participa importante na criao do o Festival Infantil de Jud. Observou-se que alguns professores e responsveis por esses menores estavam adotando condutas pouco adequadas, exercendo uma presso nefasta que no condiz com a finalidade de concorrer para a formaosadia do futuro cidado. A criana no est preparada para receber esse tipo de carga nem esse o procedimento preconizado pelo jud. Assim sendo foram adotadas as seguintes alteraes para esses encontros desportivos: - o sistema de apurao, levando a todos os participantes o direito de pelo menos dois combates, ainda que derrotado no primeiro; - continuidade do combate aps o primeiro ippon, fazendo com que seja ampliada a durao do mesmo; - substituio das punies por orientaes dadas pela arbitragem; - permisso para os atletas que ultrapassarem o limite de suas categorias de peso disputem a categoria imediatamente superior; - premiao para todos os participantes; - distribuio de brindes a todos os participantes. A criao do Festival Infantil vem se juntar s alteraes propostas pelas Regras Experimentais para o Jud Infantil, procurando fazer com que a modalidade cumpra o seu papel no que tange ao binmio formao educao, que o objetivo pretendido pela Educao Fsica. Como observao final deste captulo, interessante saber que os japoneses fazem determinadas crticas as regras aprovadas pela Federao Internacional de Jud. De modo que nos campeonatos japoneses so adotadas as regras de competio do Instituto Kodokan. As regras da FIJ so aplicadas nas eliminatrias para os Campeonatos Mundiais, Jogos Olmpicos ou outras competies internacionais.

Seria conveniente meditar um pouco sobre as principais crticas s regras da FIJ feitas pelos japoneses: 1 - qualquer um pode arbitrar, sem se considerar a graduao (DAN) do rbitro, desde que aplique as minuciosas regras explicadas em detalhes, como se conduzisse uma criana pela mo; 2 - ao penalizar, por no combatividade, levam em conta, apenas, o intervalo de tempo entre um e outro ataque, sem ateno ao processo e s mincias da luta; 3 - a no combatividade, em jud, no uma mera questo de tempo. Significa que um competidor no aplicou uma queda, quando a oportunidade se apresentou, o que poderia faz-lo, se assim o desejasse; 4 - apesar das Regras Internacionais exigirem o tempo de 20 a 25 segundos, para aplicao da no combatividade, muitas vezes a penalidade aplicada antes, sem oferecer aos competidores o tempo suficiente para criar a oportunidade (kusushi) de aplicar as tcnicas; 5 - sem tempo para preparar o adversrio, o competidor levado a aplicar as tcnicas desordenadamente, sem pensar na criao da oportunidade ou romper o equilbrio do oponente; 6 - o koka oferece ao competidor matreiro, um largo campo para se aproveitar da vantagem. dada ao competidor que faz o adversrio cair de lado, coxas ou ndegas, um estmulo para arremessar servindo -se apenas de pura fora, sendo desestimulado a estudar tcnicas que possam lev-lo a conquistar um ippon, por uma projeo tecnicamente aplicada. (Boletim Informativo Ren-Sei-Kan, Ano II, 1993, n 2) Em 1995, no Torneio Internacional de Jud comemorativo pela passagem dos 100 anos do Tratado de Paz assinado entre o Brasil e o Japo, uma seleo japonesa visitou o Rio de J aneiro e enfrentou uma equipe formada por atletas cariocas. Nesta ocasio, os japoneses fizeram questo que no houvesse a avaliao de koka nas disputas, no que foram atendidos. No prximo captulo ser estudada a trajetria do jud no Rio de Janeiro, depois da sua consolidao.

4 CAPTULO A TRAJETRIA DO JUD NO RIO DE JANEIRO DEPOIS DA SUA CONSOLIDAO A consolidao esportiva do jud no Rio de Janeiro deu-se com a fundao da Federao Guanabarina de Jud, em 1962. A Federao organizada pde melhor tomar providncias para expandir a modalidade, marcando competies e estimulando a prtica principa