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A GRANDE GUERRA

Hoornaert - A Grande Guerra - O Combate Da Pureza - Br ORIGINAL

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  • A GRANDE GUERRA

  • ~- A GR.ANDE GUERRA

    (LE COMBAT DE LA PURET) PELO

    P.E J. HOORNAER'l', S. J.

    COM PRE}'ACJOS DO P.B A. VERMEERSCH, S. J. F. DO P.E LUIZ GONZAGA CABRAL. S. J.

    BAHIA

    ESCOLA TYP. SALESIANA

    1 9 2 8

  • E scola Ty pog ra phica S~tl cs ian a - BAHIA - '1'. !!3~

    PREFACIO~ do Revmo. P. A. Vermeersch, S. J.

    Foro~a a guerra tyrannia das nossas paixes, em nossa peregrinao pela terra. E' lei tanto de or-dem e de subordinao laborios:1, como tambem de harmonia e de unidade, de liberdade e de paz.

    As apparencias austeras da obrigao occultam, porm, sua encantadora e sublime belleza uma moci-dade que, loucamente prodiga de si, sacrifica ao prazer sua integridade moral, e que no hesita arruinar em outns o que ella no soube respeitar em si mesma.

    Uma depravao mais consciente e mais requintada na malcia, accrescenta a calumnia tentao: a lei da castidade impossvel. E', se quizerem, o patrimonio de seres fracos.

    F1aco '' o homem que nutre ambies celestiaes; forte, o incapaz de uma corage m que o levanta acima do sensualismo animal?

    " Fraco , o que disputa s intelligencias puras o premio da nobresa; forte, o que se avilta?

    Fraco , , o !nagnanimo que por amor de Deus e dos seus semelhantes se esquece de si; forte, o ego-sta q11e s se preoccupa de vis prazeres?

    " Fraco , o cavalleiro do direito, forte, o escravo de desejos desordenados?

    " Ji'1aco , aquelles cujas energias vitaes enrique-cero a sociedade dos homens; j'o1te, o esgotado, o gasto pelo vicio?

  • ( VIII J

    PrcfCO >> o homem, que sab~ guardar os seus sa-g~ados Juramentos; f_orte, o cymco ou hypocrita que vJOla seus compromissos'?

    " Praco " o victorioso; forte, o vencido'? E com tudo, ~or toda a part~, encontra applausos a

    absurda calu.mma. Os preconceitos do mundo a em-bailam; medJCos, em nome de uma su pposta scienca,

    corroboram~na com seus .~os conselhos; uma vasta e .Poderosa Imprensa a diffunde e patrocina; e um co-digo de uma certa moral, em voga, formla para 0 homem, para a mulher, para o celibatario, para o espos~, para o naciOnal e pa~a o_ estrangeiro, regras que sao outros tantos desafiOs a honestidade .

    . D1ant

  • APRESENT AAO do P" Luiz Gonzaga Cabral, S. J.

    Nos sculos XIV e XV travou-se entre a Frana e a Inglaterra a porfiada Jucta que ficou na Historia com o nonw de Guena dos 100 anno.~.

    A Allemanha no sculo XVII foi o theatro de outra guerra intestina, conhecida pela designao de Guerra dos .'30 annos.

    Entre a Frana colligada com as principaes poten-cias Europeias e a Inglaterra unida Prussia, feriu-se no sculo XVIII a Guerra elos 7 annos.

    Dir-se-hia que as guerras rotuladas pelos annos da sua durao symbolizavnm, no seu mesmd decrescer, a tendencia para o abrandamento dos costumes e a averso sempre maior aos longos pPriodos de belli-gerancia.

    Em verdade, se o criterio dos instinctos ferozes da guerra fosse o dos annos decorridos no porfiar de uma mesma campanha, a principal guerra do sculo XX teria podido reforar a observao j feita, pois a sua durao foi de 4 annos apenas, com que se escalonariam essas phases de !netas, no decorrer de cinco para seis sculos, na seguinte estatstica de um rallentando animador: Seculo XV, 100 annos -se-cuJo XVII, 30 annos --- seculo XVIII, 7 annos - seculo XX, 4 annos.

    Como porm, os horrores da gtu>rra no tem como unico, nem siquer como principal factor o tempo;

  • [XII)

    a ultima destas quatro phases de lucta, a contempora-nea, a mais

  • [XIV J

    a pornographia d~primente _de EI!Jile Zola, surgiu como porencant? uma htterat_ura Juveml, cheia a um tempo de ma~culo v1gor e de pnmaveril frescura, em que uma ple1ade de rapazes, cheios de talento e de belleza mo-ral, ren~gam dos instinctos rasteiros, em que tantos consnm1am ? melhor da~ suas energias, para alcan-9are~ ess~ 1deal de cast1dade, que lhes d limpidez mte!hge_nCJ!l, nobreza ao. caracter, vigor ao organismo, ~edJCaao a v_ontade, delicadeza imaginao, alegria a alma, e ate elegancia ao porte e formosura ao semblante.

    Feli~mente e~sa resurreio da juventude no 0 apanagw exclu~1vo da Europa desilludida! . Um d_os ma1s elevados e deliciosos prazeres da

    mmha v1da tem sido o convvio desta juventude ale-gre e f?rte, com .a qual na Congregao 1\iariana AcademJCa da Bah1a, tenho prelibado os triu mphos do Brazil da amanh.

    . Pr~senciei-lhes as surprezas e os enthusiasmos, as v1ctonas e os gozos nessa campanha bemdita.

    Surpre_zas! porque a muitos ouvi aquella ingenua ex~lamaao: - "Padre! nunca imaginei que fosse to fac1l"! RespoRta, tanto mais irrefutavel quanto mais filha

    da ~inc~ridade espontanea, para lanar em rosto aos pus1llammes que pretendem acobertar a cobardia das suas derrotas co1~1 a capa de uma pretensa impossibili-dade, e buscam libertar-se das censuras da consciencia propria com a mentira calumniosa de que "todos assim fazem".

    Mas a essas surprezas succedem os enthusiasmos; p_orque o resultado natural dessa encantadora experiim-Cia e o ardor do apostolado, vibrante de communicar aos outros a venturosa paz que para si conquista-ram.

    T~l apostolado exercita-se primeiro entre amigos. C1mentaJ?-se, na mocidade aureolada pelo amor da

    pureza, amiZades fortes e suaves como no as ha melhores. '

    A c_onversa intolerantemente avessa a tudo o que grosse1ro, degradante, sensual alteia-lhes como sem esforo, o nivel; paira bem lo-dge dos lod~aes e char-cos; busca as cu miadas de ares lavados remonta-se limpidez do azul; e com a conversa d~fere tambem vo o corao; enoja-se das podride~ da ma teria e

    (XV]

    saboreia as douras do espirito;_torna-se por isso mes-mo apreciador dos grandes mer1tos e, por um~ co~sequencia logica distribuidor das grandes ded1eaoes; que mais lhe 'falta para ser realisador das grandes amizades?

    Dos amigos, o apostolado dos castos, extende-se a todos. c l Um destes queridos jovens apresent?u no !'rcu o Catholico de Estudos da Mocidade Academwa~ que e um!! das sub-seces da Congregao, a apologia _da Casti-dade sob os pontos de vista scientico ~ soCial.

    Outro tinha coacervado, para a sua defez~ de These, copiosa documentao, muita da qual tchmca sobre o aspecto medico. . _

    Um terceiro dos meus Congregado_s, Ja form~do ha tres annos e boje clinicando no R~o de Jan~uo, annunciava-me, em carta ha pouco recebida, o seu_ hvro em preparao sobre a Physio-psychologia da f?as_ttdifde.

    Afinal neste desabrochar de assucenas, nao e so na Bahia qu'e o Brasil pode respirar o seu aroma recon-fortante. . ,

    No Rio, a " Liga em favor da moraltdade e uma obra de juventude qual os moos emprestam t?da a sympathica vibrao das suas explendidas aud~cias.

    Em S. Paulo, ha dois annos apenas, um dos mtel-Jigentes rnedicos da gerao ~ova escolheu ~~~:a these de Doutoramento, a defeza mtegral dos dneitos da Castidade. .

    Em Pernambuco, os organisadores d proxi~o Congresso Medico vieram convidar-me, a mim_ que nao sou mdico, mas que sou Padre e que por JRSO lhes parecia auctorisado relator, para apresentar, numa das suas sesses, como these - de - numero do_- C~mgresso, um estudo sobre a castid~de prematrunomal.

    Incompatibilidade de occupaoes para ~ mesma poca inhibiu-me de acceitar o honro_so ?onvlte; ~nas, j em 1919, a um numerosssimo auditono de MediCos, na Egreja de S. Pedro d~sta Cidade do ~alvado~, ao expor na solemne collaao do grau a mais de Clll?O enta doutorandos em Medicina os direitos e as glor1as da Castidade, pude ler quelle brilhante auditrio algumas paginas admiraveis de um dos Cathedrat1cos da Faculdade Bahiana, o Exrno . Sr. Dr. Alfredo dP,1lfaga-lhes na sua obra " Cfrthophilia, onde desassombra-dam~nte se proclamam aquelles mesmos direitos e glorias.

  • (XVI]

    ~ud_o isto so consoladores symptomas de ue s gratiSSimas ~urpTezas e aos nobres enthusiasmosq desta ~rdente mo~Ida?e Brasileira, correspondero os hero-Ibsmt ods dla pmctona e os gozos do triumpho neste Com-

    a , e a uret que o R P S t' A. d an nna emmente ~ra uctor_do volume suggestivo de HooTnaeTt trasladou .a nossa lmgua com a vibrante alluso de: '

    GRANDE GUERRA

    Bahia, Collegio Antonio Vieira. Festa do Anjo de Pureza, Santo Estanislau Kostka 13 de Novembro de 1923. '

    P. Luiz Gonzaga Cabral, S . J.

    AO BENEVOLO LEITOR

    Minha attitude deveria ser a de absoluto ~ilencio, e o de facto quanto apreciao do livro do R. P.e Hoornaert.

    Nada ha mais a dizer-se , quando um P.e Ver-meersch- o grande moralista da actualidade, e um P.e Luiz Gonzaga Cabral, illustrado quanto Vermeersch, dedicado amigo dos jovens como Hoornaert, analysam, pesam e no regateam encomios ao bello livro "Le com bat de la Puret", a que, relevem-me a ousadia, para o vernaculo dei por titulo: A GRANDE GUERRA .

    Para a apresentao do admiravellivro do P.e Hoor-naert, .em portuguez, nenhum com maior competencia, inteira justia e mais elevado criterio poderia fazei-o como o R. P.e Cabral que, no Brazil, especialmente nesta legendaria Metropole do Salvador, o abnegado apostolo, o amigo sincero, o grande propulsor dos nobres enthusiasmos desta nossa bella, generosa e forte mocidade.

    No teve outro intuito o meu diminuto esforo seno o de fazer bem aos nossos jovens heres, dar-lhes o pabulo de uma leitura sadia, pura, recon-fortadora e doutrinal nessa quadra difficil - a de 20 annos, e de lhes proporcionar armas seguras e bem et:colhidas para a lucta, gloriosa e necessaria, de todos e de todo instante.

    Alimento a esperana de que este utilissimo livro

    2 - HOORNAER'r - A G'rande Gumra.

  • [XVIII]

    seja portador de immenso bem juventude brazileira e tambem port~gueza, e dar-me-ei por bem pago se meu trabalhinho f1zesse com que ao menos um s jovem, perseverasse no heroismo de sua generosidade ou que um s voltasse casa paterna, arrependido e curado .

    O grande beneficio quo o livro do P.e Hoornaert vae produzindo na Belgica e Frana j se extende Italia e Hespanha, para cujas lnguas foi magistral-mente traduzido.

    Esta nossa traduco, sem ser servil, foi quanto possvel fiel, pois no livro de Hoornaert nada ha a accrescentar-se, nada que se possa alterar ou supprimir; sobretudo um livro casto, coisa alis difficil ao tra-tar-se de tal materia.

    Se me no desempenhei devidamente da tarefa, no se attribua isto m vontade mas s pouca capacidade do haductor.

    Quero aqui consignar meus agradecimentos ao R. P.e Cabral pela sua generosa palavra de animao e ao velho luctador R. P.e Martin

  • IMPRIMAT UR.

    Bahc, II- VII- 25

    ~ AUGUSTUS, ARCHIEP. BAHUE.

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    A GRANDE GUERRA

    lndice geral das materias:

    A. M.lLlClA

    ALER'fA - O INIMIGO

    O A'f AQU E - A DER.ROTA - A VICTORIA O TRI UMPHO

  • AOS JOVENS DE VINTE ANNOS! -~-

    Para vs que eu escrevo este livro! Possuis o precioso dom da juventude:

    sois porisso incomparavelmente ricos, e pra-za aos cos que possaes dar o devido valor a to grande thesouro!

    Vossos coraes batem accelerada e for-temente. Vossos olhos faiscam, e por tal for-ma scintillam, que muito de admirar no hajam ainda queimado os que os tem, pois irradiam to vivo e ardente calor. Vossas almas juvenis agitam-se em busca de ideaes.

    Sois to generosos! ... Sois to fracos! Vossas almas so de um chrystal fragil-

    lissimo! Muito bello o chrystal irisado e sono-

    ro! mas mister preservai-o dos choques!

    * * *

    Ha muitos annos que eu sinto o suave trato comvosco, jovens de Poesia, de Rheto-

  • - 24 -

    rica, de Academias, podendo assim colher vossas confidencias, estudar attentamente esta cousa attrahente sobre as demais: o corarto de um moo.

    Assim corno os vectores descobrem um veio d'agua subterra~neo de que. outros, por vezes, nem sequer teem suspeitas, assim me bastar son.dar, por alguns instantes, vossas almas de vmt-e annos, para encontrar essa fonte que brota, burbulhando, vivo enthusi-asmo e sentimentos fidalgos.

    Creio de vos ter comprehendido. Fui testemunha de vossas luctas interio-

    res, presenciei vossas noites de vertigens, vossas manhs de victorias; chorei por vos-sas quedas e gosei pelo vosso resurgir.

    E' sempre possvel resurgir! A par dos immaculados, esto os arre-

    pendidos e as arrependidas. Admiramos S. Joo e, no menos, S. Agostinho; encanta-nos Santa Angela, mas egual estima temos por Santa Maria Magdalena - a peccadora de Magdala, de quem Christo expulsou sete demonios (1) e se tornou a filha predilecta do divino Mestre, a grande Santa do Novo Testament6.

    _ d- Ha pois duas sortes de innocencias: as que nunca murcharam, e so as mais bellas! - e as que se reconquistaram (2). Estas so ainda talvez mais tocantes, porque mais hu-

    (1) "Depois de resuscitar . .. appareceu Jesus a Maria Magdalena da qual expulsra sete demonios". (Math. 16-9.)

    (2) Estas duas especies diversas de innocencia

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    mildes. Ao lado de um jovem que repete, . com santa alegria: ~ Nilo cahi, encontra-se, muita vez, outro que primeiro atira-se cons-ternado, roido pelos remorsos, ao genuflexo-rio para se confessar, e depois, lana-se aos hraos do confessor clamando: Salvae-me! Venho de longe! Se soubesseis! .. . Meu Deus! Corno so humilhantes estas quedas! Como isto vil e baixo! Mas agora j sei! Nunca mais! Repara e bem: nunca mais!

    Caro e pobre amigo! O Salvador miseri-cordioso de nossas almas, Aquelle que co-nhece a miseravel argilla de que se acha constituida a nossa pobre natureza (1), nunca recusa, h a j vinte seculos, o perdo aos fi-lhos prodigos, que voltam das terras da .es--cravido, onde se morre fom8, e tornam para a morada onde encontram o festim de alegria, a tu nica branca, o a1mel da recon-ciliao, onde lhes dado abraarem, estrei-tarem contra o seu o corao rnagnanirno de um pae, que tudo esquece!

    Maior a sua indulgencia do que toda a vossa fraqueza!

    Desgarrado e perdido, sentias fatalmente a tristeza! Volta.

    Generoso, has de forosamente viver feliz. Persevera. Triurnpha de teus baixos appetites. Sers recompensado pela altivez de sentir teu co-

    ac~avam-se presentes ao p da Cruz de Jesus: S. Joao representando a virgindade e Santa Maria Mag-dalena representando o arrependimento.

    (1) " C_ognovit figmentum nostrum . Conhece a nossa arg11la. (Ps. 102).

  • - 26 -

    rao bater livremente e altaneiro em teu peito.

    Irs monologando: E' terrvel esta lucta travada comsigo mesmo, sem testemunhas do ,que se passa no recondito do corao !Nem mesmo uma voz de alento, nem um premio qualquer.

    Puro engano! tens uma pleidade de invi-sveis testemunhas: teu Deus; teu Anjo da Guarda, teus caros finados e os eleitos te fazem linda cora.

    No ds por elles; mas elles te Yem e te admiram. Comparadas com taes testemunhas o que so as que, ha algum tempo, em Jersey-City, contemplavam a mundial lucta de Car-pe]Jtier-Dempsey? O que era esse espectaculo de grandes murros comparado com o muito nobre duello que t sustentas contra o vicio, que tenta roubar-te o corao?

    * * *

    Que Deus e que a Virgem Purssima nos auxiliem para te falarmos clara e delicada-mente. Abenem elles estas paginas.

    Oh! exclamas, ainda mais um livro cerca da pureza! A ma teria tem sido ventilada em todos os sentidos, sob todos os aspectos!

    E' verdade! Mas um assumpto (sobretudo este) pde ser encarado sob varios aspectos, do mesmo modo que um diamante pde ser estudado sob qualquer das suas facetas. E alem disso necessario para mais e mais a inculcar, voltar frequentemente ida do dever. E, como nossos adversarios no se do treguas em achar novos inventos e incentivos

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    do viciO, no cessemos ns tambem de apre-sent&r novos estmulos virtude. E, como el-Jes, sem cessar, exploram a:::: mesmas theses impias ou immoraes, r-epitamos, ns tambem sem cessar o programma ideal do Mestre: Bemaventurados os puros de corao!

    Os cos e a terra passaro, mas esta divina affirmao no passar! Continuar sempre de p, no perpetuo desafio da sua eternidade E, como a alta e forte pyramide, assente nos areas detem a mobilidade caprich9sa das are-as, assim a immutavel doutrina do Senhor, ser sempre um principio de fixidez inabalavel em meio das theorias inconstantes e das flu-ctuaes humanas.

  • 'A MILICIA

    O combate geral

    O pensamento synthetico desta brochura - este: A Castidade um heroismo! E' o seu titulo: a f: Grande Guer'ra.

    O subtitulo ha de ser a exhortao doSa-,grado Livro: Levantem-se os jovens e com-batam , (2 liv. Sam. 2-14); ou as palavras de ,Job: A vida do homem sobre a terra um comhate, (Job. 7-1); ou o versiculo do Eccle-siastico: Peleja ... pela tua alma e combate at morte, (Eccl. 4-33); ou ainda as divisas de S. Paulo: S bom soldado de Christo Jesus >>, (2 Tim. 2-3); Combate o bom com-bate , (1 Tim. 4-7); Esgrime direita e .esquerda, (2 Cor. 6-7).

    S. Paulo, optimo batalhador deste ~bom combate >> descreveu, pea por pea, o equi-pamento dos soldados valentes; "Revesti-vos com as armaduras de Deus para poderdes resistir no dia da prova e permanecer de p depois de haverdes levado tudo de vencida.

  • - 30 -

    Sde fortes, cingi-vos de verdade, tomae a couraa da justit;a, embra.ae o escudo da F, com o qual possaes aparar todos os dardos i.nflammados do maligno. Tomae tambem o capacte da salvao e a espada do espirita (Ephes. 6-13).

    * * *

    Exactamente porque encaramos esta virtu-de sob o aspecto de combate, citaremos muita vez Santo Ignacio de Loyola. O antigo Capi-to guardou sempre a alma de militar. E as-sim se resolveu a fundar um esquadro de soldados com o nome de Companhia de Je-sus em que a palavra Companhia tem um significado marcial. Ideou os seus Exerccios espirituaes como uma especie de escola mi-litar. Representa a Deus como o divino Capi-to.

    Lde a meditao dos Dois Estandartes, e sobretudo a contemplao do Reino de Christo , que aqui reproduzimos.

    PRIMEIRA PARTE

    1.0 Ponto- Porei diante dos meus olhos um rei, que a mo de Deus escolheu, e a quem todos os prncipes e todos os povos christos prestam respeito e obediencia.

    2.0 Ponto-Julgarei ouvir este mesmo rei falar seus subditos e dizer-lhes; Minha vontade conquistar todas as naes iufieis O que quizer seguir-me ha de contentar-se com a mesma comida, com a mesma bebida

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    e com as mesmas vestes que eu. Trabalhe durante o dia. vle durante a noite commigo, para um dia compartilhar commigo, segundo a medida de seus esforos, os loiros da vi-ctoria.

    3.0 Ponto-Considerarei o que deveriam dizer os subditos fieis de um rei to gene-roso e to bom; e como aquelle que no accei-tasse taes offertas, seria por isso digno do des-proso de todos e merecia ser considerado co-mo o mais cobarde de todos os homens.

    SEGUNDA PARTE

    A segunda parte deste exerccio no mais que a applicao dos tres pontos da pa-rabola precendente Jesus Christo Nosso Se nhor.

    E, quanto ao primeiro ponto: se o convite de um rei da terra a seus vassallos, move nossos coraes, quanto mais no ha de mover-nos o contemplar Jesus Christo Nosso Senhor Rei eterno, chamando e dizendo a todos e ~ cada um de ns em particular: Minha von-tade conquistar todo o mundo, domar todos os meus inimigos e entrar assim na gloria de meu Pae. O que desejar seguir-me e traba-lhar .commigo, arroste todas as fadigas, para depois me seguir tambem na gloria .

    Considerarei, no segundo ponto, que o ho-mem, que faz uso do seu juizo e da suara-zo, no poder hesitar em fazer esta offer-ta generosa de si, sujeitando-se a todos os sacrifcios e a todos os trabalhos.

    Considerarei, no terceiro ponto, que todos

  • - 32 -

    Ds que quilo:erem unir-se mais intimamente a Je-sus Christo e assignalar-se no servio de seu Rei eterno e Senhor universal, no se con-tentaro com offerecer-se a compartilhar com Elle os seus trabalhos, mas, combatendo a propria sensualidade, o amor propria carne . e ao mundo, sabero offertar-lhe estas dadi-vas da mais alta importancia e do mais ele-vantado preo ...

    * * *

    Jovens, vs comprehendeis certamente esta meditao, porque, ao chamado do Rei Alber-

    -to I, respondestes com tanta generosidade (1) Deus egualmente vos chama a outro com-

    bate: ao combate da virtude. Correstes guer-ra para defender um Rei magnanimo e salva-guardar os direitos da Patria muito amada.

    Eram porem, um rei e uma patria terres-tres! Luctastes como lees. E enttetanto o valor no teve sempre sua recompensa! At

    OS mais valentes, e sobretudo o mais valente, se arrisca v a a rr.orrer!

    O heroismo podia permanecer occulto e . at mesmo. ignorado!

    E quantos combates, quantos feitos gloriosos Passaram esquecidos, sendo to famosos.

    Com tudo para esta gloria humana e ~ara . esta breve recompensa, affrontastes perigos

    ( 1) O autor refere se a mocidade da Belgica para a .. 4ual escreveu este livro.

    - 33 -

    indizi\eis: as minas, os schrapnells e os gazes, a lama das trincheiras e o tiro ceifador das metralhadoras e os arames farpados.

    Resististes at ao sangue . Escrevestes uma epopa to bella que as pedras a can-taram, ou to triste, que at as mesmas cho-raram.

    E, sendo assim, no devereis ser tambem corajosos para com o Rei divino e na certe-za da mais completa victoria '?

    No vos illudaes: a Yirtude exige uma luc-ta e de tal forma terrvel que muitos jovens que se n_:ostraram hores naquella, a de 1914 a 1918, veem a fraquear nesta. E' necessario, s vezes, mais heroismo para as Iuctas interiores do que para luctar contra inimigos externos.

    * * *

    Muito mais do que aquella, dura, sem ces-sar, esta guerra!

    Foi necessario combater, por quatro annos, a grande guerra. . . ~ necessario combater, por toda a vida, os mimigos da Castidade.

    SeJ?pre de sentnella alerta; sempre in praec~nctu , como diziam os Romanos.

    Meu Deus! Como duro ter que, sem ces-sar, recomear o combate, importuno por ve-zes, estonteador !

    At a mesma paz no mais do que U!Jla tregua, e deve ser uma paz armada Si vzs .pacem, pa1'a bellum. O armistcio ~er ass1gnado no co!

    Por couardia, os desertores abandonam as armas .

    3 - ROORNAEUT - A Grande Guerr a

  • - 34- -

    Tu no deves imitai-os. Sempre a p firme, revestido com as tuas

    armaduras, at ao dia da santa alvorada! Lu-ctar at ao fim.

    A 23 de Outubro de 1914, partia o tenente . belga Carlos Perrot para o assalto aos jar-dins de Saint-Laurent, nas proximidades de Arrs. Sentia-se tomado por ardente febre, effeito de uma bronchite aguda. Um de seus amigos interveiu, dizendo-lhe: Fica: j cum-priste, nobremente, o teu dever! Nunca se pe termo ao cumprimento do proprio dever,~ lhe tornou elle.

    Miles Christi!

    * * *

    Combate, meu jovem paladino, com a tua brilhante espada!

    S leal cavalleiro. E's cavalleiro, sim, embora no ostentes a

    cota de malhas, a cimeira e o capacete. Assim como no o habito que faz o

    monge, a:;;sim tam bem no a couraa que faz o cavalleiro! Debaixo duma couraa de ferro, pde oC'cultar-se villissimo corao.

    E debaixo de delicadas vest8s, pde pal-pitar um corao generoso.

    O penacho! S pde servir de adorno ao capacete. .

    J o tens no corao. Muito melhor ass1m. Os moos hoje em dia riem-se, quando se

    lhes fala de caYallaria. Isso j Do comnos-co, bem o sabeis, isso no passa de lin.d!1 poesia! A guerra fez-nos grosseiros e positi-vos. O sangue correu durante quatro annos:

    - 35 -

    tanto vermelho impede-nos agora fazer caso do azu} !

    Os antigos cavalleiros no seriam hoje reconhecidos pelos nossos soldados: Leva-vam penachos brancos. Ai de ns se assim fizessem os!

    Empunhavam longa lana. Mais pratico ter um bom fuzil.

    Elles exhibiamse em torneios, sob os olhares de suas damas. Ns nos sepultavamos nas trincheiras, procuravamos as cavidades mais profundas, com medo dos avies.

    A v ies pelos ares, toupeiras em terra; eis a Yerdadeira guerra!

    Elles regressavam cobertos de flores; e ns, de piolhos.

    Elles no se separavam de seus falces; ns tnhamos por companheiros os ratos.

    Seus coxotes eram brilhantes; nossos cal-Qes (quando nos era dado encontrai-os) es-tavam cobertos de lama.

    Elles desfraldavam gloriosos gonfales e bandeiras brancas, recamadas de ouro; ns trocaramos toda essa pompa aparatosa pelas solidas granadas a despedirem, como presen-tes ao inimigo, seus estilhaos, como confei-tos de guerra!

    Assim motejam os combatentes hodiernos os antigos cavalleiros. Mas que importa oo nosso ~;aso que sejam os heres de hoje

    ~uperiores aos antigos cavalleiros? O que 1mporta, meu jovem luetador, que esco-lhas uma ou outra forma de lucta. Pouco ou nada adianta que tu luctes pela antiga ou pe la moderna forma; o que sim importa que tom es parte na lucta!

  • - 36 -

    Preferes nossos infantes aos cavalleiros '? Adiante meu valente! s pois o esforado solado de Deus!

    * * *

    Prepara tua alma para a lucta. A castidade um estado permanente de

    guerra. Esta pelo menos parece ser a condio

    normal e commum todos ns. Uma vez por todas, ponhamo-nos de sobreaviso contra os enunciados absolutos, que so apenas pro-cessos de simplificao, nunca porm de pre-ciso. As realidades humanas no so talha-das, mas moduladas. As formulas invariaveis, s quadram bem s mathematicas, mas quasi nunca se adaptam s regras de moral.

    Assim que, tendo-se em conta as excep-es, que acompanham quasi sempre um enunciado absoluto, sobre tudo nesta materia delicada, pde-se affirmar que: a victoria da puresa se alcana ponta de lana. No vim trazer a paz mas a espada, affirmava o divino Mestre.>

    Pde-se applicar a muitos christos o que S. Paulo dizia dos peccadores, ainda privados das luzes do Evangelho: Sou carnal. .. no fao o que quero; mas o que detesto ... N~o sou eu quem opera, o peccado que e~ num habita. Reconheo que o bem no reside em mim, isto , em minha carne; o querel-o ~st ao meu alcance, mas no o praticar. Pois, que no pratico o bem que quero, mas o mal que no quero. Ora, se pratico o que no quero, j no sou eu quem opera; e o

    - 37 -

    peccado que habita em mim .. . Gosto da lei d.e Deus segundo o homem interior; mas smto em meus membros uma outra lei, que lucta contra a lei da minha razo e que me torna escravo da lei do peccado existente em meus membros. Infeliz de mim. Quem me livrar deste corpo de morte'? (Rom. 7-14)

    A expressiva palavra continencia j por si designa a necessidade da lucta para con-ter as ms tendencias.

    O Padre Vermeersch escreve: A mr parte dos homens, at mesmo os de costumes puros, devem luctar contra a propenso natu-ral luxuria. (1)

    Guibert do mesmo parecer: Na condi-o ordinaria das cousas ... a puresa um

    v~rdadeiro triumpho. Salvo raras excepes, sao rudes os combates que se travam no ser humano, entre a razo e o sentido ... Confessardes que sois tentados vale o mesmo que dizerdes que sois homens. ~2)

    * * *

    Esta verdade patenteia-se sobretudo aos vinte annos.

    . A.puresa, meu amigo, para ti a primeira e m~1s~ensavel virtude. Primeira, no quanto a d1gmdade, porque esta cabe s virtudes theologaes, cujo objecto immediato o mes-

    (l)J>Jerique ... etiam eorum qui integris moribus praed~ti sunt, cum naturali propentione ad luxuriam, luctarr debent. (Vermeersch -De Cast. Pg. 86) (2) A puresa. pg. 9.

  • - 38 -

    I_?O Deus! mas no sentido de que a puresa e uma virtude, que suppe em ti os mais rudes combates e a maxima generosidade

    A obediencia a virtude do homem rr{as a castidade a virtude do moo. '

    Meu ~aro jovem, a frequencia e violencia rla ten_taao ~a c~rne no devem espantar-te demastado. Exphca-se ella scientificamente pela attraco physiologica que, normalmente, ao comear no homem a puberdade, se co-~ea tambem a orientar neste sentido e que Irregularmente se manifesta mais prematu-ramente nos temperamentos desequilibrados pelo cahos sobreexcitante da vida moderna Explica-se sobrenaturalmente tambem po~ ser ella a arma preferida de Satanaz contra todos, e por ella se apossar mais facilmente

    d~s almas em que o vigor e os ardores da VId_a nova se extralimitam mais. E 'm gru mats ou menos forte ou de doena ou de crise, no deixa de ter Jogar, penso eu, nas almas de todos os jovens (1) 0 mesmo auctor escreveu a respeito da c_asttdade uma brochura com este suggestivo titulo: A lucta pela vida . (2)

    A um jovem; que se queixava de muitas te~taes contra a puresa, respondia Lacor-daire, a 22 de Fevereiro de 1851: A paixo de que vos queixaes a que mais tyraniza os homens; e !la universal, e o triumpho que o Evangelho sobre ella alcanou uma das provas da divindade do Christianismo.

    (1) _ DP-s. mes /iln~

  • - 40-

    meus os~os descarnados curvavam-se para 0 duro chao ~em encontrarem repouso. E eu, que me havia c

  • - 42 -

    de, de sorte que conhecer bem o proprio Dorao, descobrir os segredos de todos os coraes humanoR.

    O P.e de Ponlevoy escreveu na vida do P.e Ravignan: Aprendera elle a conhecer os homens em seu proprio corao!

    " * *

    Notamos em segundo Jogar: exactamente porque a castidade suppe o combate e o triumpho, para a Egreja Catholica muito glorioso ter sido uma grande e::-:cola de amor idealmente puro (1) e de virgindade.

    Um livro intitulado Pagos (A. Eymieu), assignala este phenomeno como especifico do Christianismo.

    Roma quer possuir seis Vestaes, seis donzellas que consentissem em permanecer virgens, para guardar o fogo sagrado da deusa Vesta.

    (1) Quando os antigos falavam de amor, era como se fosse synonimo de sensualidade, e por isso que os pbilosopbo~ no tiveram para com o amor seno palavras de severidade e de desprezo. O sentimento do amor ... um sentimento christo ... Se no exis tisse virgens consagradas ao Senhor, no teria o mun-do apresentado amantes como Rodrigo ou aman~es como Chimnes . (M. Thamin, S . Ambroise et la soctet chret.)

    O que propriamente chamamos amor era um . s~ntimento ignorado pelos antigos ... E' ainda ao Cq,pstia-nismo que, luctando pela pureza do corao, chegou a lanar a espiritualidade nesta tendencia que lhe era a mais refractaria ( Chateaubriand, Le genie)

    Estas duas apreciaes parecem-nos verdadeiras, mas so muito absolutas.

    Para alentai-as ao sacrifcio de renuncia-rem ao casamento, concedeu-lhes R

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    mosteiros, jovens e donzellas que, voluntaria-mente, lhe juram perpetua castidade.

    Antes da Revoluo franceza, continua o auctor citado, contavam-se em Frana vinte e oito religiosas sobre dez mil senhoras; de-pois della, o numero cresceu a sessenta e sete para as mesmas dez mil. E, no emtan- -to, em Frana, as V estaes no so conside--radas dentro da lei, como em Roma, mas. infelizmente fora da lei , A entrada dessas. heroicas, filhas de Frana, na propria patria uma tolerancia pratica e de modo algum um reconhecimento legal. C'l- Num excesso de orgulho exclamou um dia ~um Imperador romano: "Seria bastante bater-

    com o p na terra para della surgirem legi-es de combatentes.- Bastou bater Christo com o p no solo para desde logo surgirem legies e legies dfl virgens!

    Elle que operou este prodgio. S e no outro o fez. S Elle o podia fazer. Elle a Pureza das virgens, Elle o Imma-

    culado, e Filho da Immaculada, Elle que amou com amor de preferencia a Joo, o Apostolo virgem e lhe concedeu, durante a ultima ceia, repousar to perto de si a cabe-a que podia ouvir em seu peito as pulsa_es. do corao divino, Elle que reserva aos VIr-gens, no cu, um logar especial ao lado do Cordeiro sem manchas, e lhes concedeu can-tarem um cantico myst\co, que s os Virgens. sabem repetir, Elle unicamente pde alca~1ar da fraqueza hum~ma este admiravel trmm-pho do esprito sobre a materia e que, com toda propriedade, se chama heroismo.

    - 45 -

    Sim heroismo; e de tal modo que muitos santos 'no hesitam em pr em P!lralle_lo o casto com o anjo, e na comparaao, dao a palma de gloria da victoria ao prim~ir? Santo Ambrosio,no tratado sobre a VIrgmda-de, exclama: Os anjos vivem sem ca_rne, os virgem triumpham da carne. mais b~Ilo conquistar a gloria angelica que tel-a recebido por natureza. O homem alcana a virgind~de pela lucta e com muitos esforos e o anJo a possue muito naturalmente. (S. Pedro Chry-sologo).

    O casto no desce a pactuar com o VICIO. Direis que tambem o anjo no desce a

    essa baixeza? Mas onde est o heroismo de no cahir no peccado da carne, quando se no tem carne?

    Elles, os anjos, no esto sujeitos as pai-xes: e nem o canto effeminado e nem as mu-sicas mundanas e nem a bellesa das mulhe-res os podem seduzir. (S. Joo Chrys).

    Ha entre o homem casto e o anjo, esta differena: A castidade do anjo mais feliz, a do homem mais heroica. (S . Bernardo Ep.24)

    Todas as yirtuctes so bellas, a castidade comtudo chamada por antonomasia bella virtude porquanto espiritualiza, digamos assim, os nossos corpos de barro.

    Grandemente commovedor em gentes, aos olhos do mundo, de pouco ser, ver bri-lhar nellas essa virtude

  • - 46 -

    luctas, mas isto longe de ser humilhante o que lhes constitue verdadeiro merito.

    O immaculado um triumphador, um here.

    E' o homem forte por excellencia. (1) Jovem! Poders ser athleta, ufanar-te com

    o titulo de primeiro keeper , de campio dos forwards >> ! Se entrando noite, em casa, no tiveres a coragem de resistir a vil pai-xo, no passas de um cobarde, here dos sports e dos matches!

    E tu, pelo contrario, fragil creana, tujo-vem e pallido, sem musculos para jogar os halteres, tu que nem ao menos sabes distin-guir (que lastima!) um hands, de um pe-nalty de um corner, mas sabes muito bem refrear tuas paixes, tu sim, s o verdadeiro valente, e a teus ps o gigante, de que antes falamos, nem digno de te desatar as cor-reias dos sapatos.

    Homem, sim, s tu! A pureza, como a virtude, no tem de fe-

    minino seno o nome!

    (1) A Biblia refe re as excl a~n aes d o povo heroina ,Judith : Vs mos trn ~ tres alma viril. .. Porque am aste a castid ade e a miio do Senhor vos reves tiu d e tal fora. (Ju d ith. 15-11 \.

    o COMBATE DE CADA UM

    Acabamos de dizer: todos devem luctar. Mas a lucta no para todos da mesma

    maneira. A tentao , ao mesmo tempo, geral e

    r elativa. Examinemos os principaes elementos des-

    ta relatividade.

    1" Elemento de relatividade: o temperamento.

    Ha indivduos que se impressionam mui-to facilmente mas outros no; uns commo-V

  • - 48 -

    Podeis observar, desde logo, como com-plexo o problema!

    No comprehende somente dois termos: os supra-sensveis e os infra-sensiveis, mas ain-da um numero incalculavel de typos medios.

    So tantos quantos indivduos!

    2 Elemento de relatividade: as crises.

    Acabamos de ver como nem sempre um individuo se assemelha ao outro.

    Digamos mais. Nem sempre uma pessa se parece comsigo mesma! Passa por varios e~tados ~e crise; crises de edade, de depres-

    sao physwa, de tentaes, de meios, etc., etc. Quem ha que no conhea o phenomeno

    proprio dos diabeticos '? A menor escoriao que se cicatriza difficilmente e mal pde at ,complicar-se pela gangrena. '

    Certos estados moraes lembram-nos este phenomeno pathologico: Um simples arra-nho pde tornar-se fatal.

    Alm das crises por accessos bruscos com-. ' vem menciOnar ainda as crises periodicas e

    por assim dizer, chronicas. . Muitos physiologistas pensam que o ins-

    tmcto, de que falamos, obedece a lei de um cyclo mensal.

    Independentemente da influencia das es-taes, que depois analj saremos, teria a pai-xo (por ex. ao comeo) um maximo de inten-

    sidade seguido de um lento decrescendo, para recomear at ganhar um novo maximo de intensidade: de forma que este duplo movi-mento, ascendente e descendente, se poderia

    ,comparar ao fluxo e refluxo do mar.

    - 49 -

    3 Elemento de relatividade: a hereditariedade.

    Julgaes ver as aces, erdes ouvir as palavras dos contemporaneos ... Reparae que aps elles ha uma innumeravel multido ... aos milhares os homens j fallecidos do im-pulso aos que vivem e lhes determinam o proeedimento e lhes ditam as palavras. Jul~ gaes caminhar por sobre as cinzas inertes dos finados; em verdade, porem, elles nos envolvem, nos opprimem, nos suffocam sob seu peso. Esto em nossos ossos, em rwsso sangue, na plpa do nosso cerebro e sobre-tudo ... , quando as paixes em ns se agi-tam, escutae-lhes ento a voz:

  • - 50 -

    Porquanto no ha simplesmente a heran-a propriamente dita ou dependencia dos ascendentes, pae ou me, mas ha tambem o atavismo ou regresso aos typos da ascen-dencia.

    Ns operamos de harmonia com os nossos a vs. A propen~o morbida s cousas sen-suaes de um modo especial transmissvel. No ha duvida que o vicio, em si, no se pde herdar, por ser o peccado um desre-gramento da nossa vontade pessoal e livre. Mas esta vontade enuontra sollicitao no temperamento que se herdou, como o demons-tra a experiencia quotidiana.

    * * *

    Jovem! Tem presente o duplo aspecto, em que pode ser encarada a hereditariedade sob o qual B conjunctamenteo termo da che-gada e o ponto da partida.

    Como filho, recebeste. Como pae, transmittirs. Cuida bem na tua proxima responsabili

    dade. O homem no pecca s para si, seno tambem para os seus descendentes. No te tornes o tronco maldito de uma raa tarada. Pensa como ser terrvel para um pae ob-servar, mais tarde, em seus filhos, symptomas de degenerao, terrveis nevroses (1) e com a mo no peito haver de confessar: O cau-sador deste mal, sou eu ... :.

    (1) Os Israelitas diziam com tristeza: ~ossos _paes comeram as uvas ainda em agrao e por 1sso estao os nossos dentes embotados . (Ezech. 18-2)

    - fi] -

    Legouv descreve esta scena dolorosa em seu livro: L es pe1es et les enfants au XIX siecle ,, (1). O duque de Cand , quando moo, fra estroina. Pensava que tudo houvesse termi-nado com a sua mocidade. Transmi,ttiu, po-rem, a seu filho uma enfermidade detestavel e assistiu aos progressos do mal Quem o est matando sou eu " No dia em que o jovem consente a entrada do germem fatal em seu sangue, no s elle que lhe soffre as consequencias, mas tambem o seu filho e os filhos dos seus filhos.

    Oh sim, amargo ser um filho de Ado! Mas eu conheo uma coisa ainda peior: ser alguem, por si, um Ado transmit.tindo tam-bem.um peccado original aos seus descenden-tes ... Se te sentires em risco de cahires, traze mente o prncipe de Cand.

    Respeita em ti o pae de amanh!" Sim.' respeita em ti o pae de uma gerao! Sena cruel para teu filho o haver de

    accusar o seu proprio pae como Daniel Ro-vre, o here do L'immol >> de E. Baumann: (< Acabo com estas geraes malditas! >> (Pg. 193. Se a vontade no fraqueava, o tempe ramento de seu pae recomeava atormen-tai-o , (Idem pg. 357)

    * :': *

    . Notamos, de passagem, que o phenomeno smgular de que, por vezes e at muitas vezes a maldita herana (physica ou moral) no

    (1) Citado por Fonssagrives, (Education ele la puret).

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    directa seno cruzada; quer dizer que, o filho se assemelha me e a filha participa mais do pae; Filii mat1isant, filiae patrisant. " Quando em nossos collegios desejamos co-nhecer melhor um rapaz no ao pae, mas sim me que seria mistr convidar para vir falar sala de visitas. O proverbio exacto seria: Qual pae, tal fi:ha! qual me, tal filho!

    4 Elemento de relatividade: o estado geral do individuo

    O desejo das cousas sensuaes influen-dado pelo estado de todo o organismo. Todas as ca~sas de enfraquecimento pdem attenu-al-o, e todas as causas de excitao pdem Stimulal-o. (Dr. Fe1, L' inatinct sexuel).

    A actividade total influe sobre a activi-dade especial, de que aqui se trata.

    E assim que os 0ollegiaes durante os seus concursos e os academicos durante a preparao para os exames, ou depois de prolongadas viglias, se sentem mais tenta-dos. Viveni num estado do excitao, que mais facilmente os conduz estes sentimen-tos apa:ixonados.

    D-se semelhante repercusso nas ma-nifef:'taes da tisica ( 1 ), devido ao estado fe-

    (1) Este phenomeno manifesta-se at no pri~n~iro grau da tuberculose pulmonar . (Dr . Bergeret, Medteme, pg. 130). O facto confirmado pelo Dr. Rulot. Insp. de Hygiene em Bruxellas.

    - 53

    bricitante do paciente, e na cocainomania (1). E t~ grande ~ este perigo social, hoje em dl~, que a lei franceza houve de intervir com ngor, em 1916, e a lei belga, por duas

    (1) O Dr. Piouffle, no s~u livro, Psychoses coca'ini-ques ~az .notar que este effe1to da cocaina no directo, mas md1recto, o que provavel, porquanto a exaltao geral resolve-s~ nesta agitao partcula r e tam bem

    porq~e a. embnaguez provocada J?ela cocana suprime 0 pud01 e 1eleva o fundo real de vis tendencias. O vinho act~a de um modo parecido. Costuma-se dizer: in vino rentas. E semelhantemente se pode dizer: in cocaina ve~ rttas!

    Na embriaguez, resultante da cocana, apontam-se tres phases: a phase de exaltao, a delirante e a co-matosa: dur~nte este tP.rceiro periodo depressivo opera-s~ a_ resoluao muscular e o somnn profundo. A cocai na nao e, porem, um narctico (a no ser que seja tomada em g.ra!1de dose), mas pelo contrario um toxico eu-phorJStJCo, empregado por aquelles que desejam sentir u.m :stado de ext~se o.u de arro~1 bo em paraiso artifi-Cia l. sentem-se mais felizes, expenmentando a impresso de serem um duplo homem. , . .!\ morphinomania prov?c.a uma alegria passiva, a felicJ?~de do repouso. A cocalllomania, uma alegria activa, a ~amhdad.e n? moyimento. Manifesta-se o prurido mo-~oJ. A coc~ma_e mm to al!ucinogenica: allucinaes visu-,te.s , ~llum.na?es gustatiVas e olfactivas, sensaes tac-~els I.magmaJ?a.s, productoras do phenomeno singular c_oceua. cocam1ca e do ardor cutaneo; allucinaes

    (1lllcropsteas (tudo apparece pequeno) ou megalopsicas tudo apparece grande.)

    Os ~stados de demencia ou de perturbao provo-cam cnmes e mortes .

    O sentido genital exalta-se na mr parte desses indi-Vld~os, ~o caso de as doses toxicas no serem nem de-~~SJado for.tes nem m~ito frequentes. Dando este caso j a . m~potenma se mamfesta e no cessa seno quando a VJctJma se desacostuma .

    .Apparece frequentemente a excitao genital na pri-meua phase dos effeitos da cocana.

  • - M -

    vezes, lhe procul'ou por freio. (Monit. belge 29 Nov. 1920 et 6 Mars 1921) (1).

    Entre as causas que, directa ou indire-ctamente, levam lascvia, tem o primeiro Jogar as que actuam sobre o systema ner-voso. E' cousa evidente.

    O prazer sensual de origem nervosa, e o centro genetico est ~ituado na medulla espinal, na altura da quarta vertebra !um-bar. (2)

    A consequencia logic&: com muita fa-cilidade a excitao nervosa diffusa se con-cretiza e se resolve em sensaes lubricas, porquanto estas se originam no mesmo sys-tema nervoso.

    Podereis acaso entrever todos os corol-larios deste principio, num tempo em que se

    (1) Cf .. La defense sociale pa? le Dr. Vervack. Em var~os pa1zes_: nos Estados Unidos, Italia e Allemanha, o pengoso toxiCo tomou um desenvolvimento grave. Nos Estados UI.li

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    fun9em-se numa unio, no somente intima senao tambem substancial . '

    Daqui facilmente se deduz que, geral-mente, o pl~n_o domnio da vontade presupe ce~tas condtoes de sadP-, de equilibrio psy-chwo e, em phrase moderna, um pouco rebus-cada, de euphonia .

    5o Elemento de relatividade: as circunstan-cias extel'iores.

    N.o vivemos simplesmente sob a depen-denCia dos elementos intrnsecos, que acaba-

    n~os ?e enumerar (temperamento, crises, here-clitar~edade; saude). Grande influencia tem ~m nos as Circur:st:ancias exteriores, to nume-IOs!ls que. nos e Impossvel apontai-as todas,

    ~ tao vartadas que no ha confundil-as umas a~ outros: roupas muito apertadas, estofos de seda, costume de conservar as mos nos bol-sos, f~l.ta de aceio, causadora de pruridos, exerewws de gymnastica, s vezes, o simples cru.zamento d8 pernas, brinquedos de mo dehcadeza8 das iguarias, regmen exclusivo d~ carne quando fra mistr alimentar-se mais de fructas e de legumes, alimentos excitantes, como lagostas, etc., comidas apimentadas ex-c_esso de caf muito forte, de vinho o~ de

    hcor~s sobtetud? tomados noite. . E tambem dtgna de nota a influencia do clu~a. Os habitantes dos paizes tropicaes so m~IR propensos . sensua_lidade do que os de patzes onde d_omma o _rigor do frio. Em ge-ral, o calor e um estnnulante, e o frio um calmante.

    - fi7-

    As estatsticas apresentam-nos maior nu-mero de crimes passionae8 no vero do que no inverno. A volta da primavera assignala-se por um aggravarnento dos sentimentos ero-ticos.

    Reservamos para mais tarde o capitulo

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    pre as excepes, affirmar que a pa1xao, so-bretudo quando ella se manifesta com maior violencia antes masculina do que feminina.

    Mas no , por ventura, uma jovem, mais sensvel ao amor?

    Sem duvida. Mas sob aspecto muito diver-so: sob forma de manifestaes affectivas e delicadas~ sob a forma de uma vaidade mel-Jiflua por se ver requestada. Observae como, ao falardes de sua bellesa, ella se co-bre de rubor (perdo! de cr de rosa) pelo prazer que isto lhe causa.

    A grande tactica da mulher, toda a sua sagacidade e o:s seus meneios de rola garrida, no denunciam de ordinario uma paixo propriament(" dieta, mas simplesmente o desejo em que cifra toda a vida e toda a ambio feminina: querer agradar. (1)

    J. Lemaitre, analysou atiladamente esta psychologia na La Vieillesse d'Hlne bella Helena ... (era) adorad::t pelos habitan-tes de Argos e da Phrygia; a Europa e a Asia degladiavam-se por causa della. A sua gloria chegara ao seu auge. A sua bellesa enriquerra a linguagem do paiz com muitos dictos e proverbias. Desencadeara ella de facto as mais furiosas paixes sem, porem,

    (1) Muitas jovens catholicas seguiriam mais fiel-mente as muitas recornmendaes dos Bispos a respeito da moda, se conhecessem as terrveis tempestades que levantam nos co_raes dos jovens. Estando. ellas pessoalmP>nte ao abr:go das vehementes luctas mter-nas, no podem bastantemente aquilatar os sentimE>n tos que despertam n'alma dos jovens, sentimentos no analogos aos seus, de uma terna affeio, mas de uma concupiscencia brutal.

    - 9 -

    se sentir commovida e de ixando-se levar simplesmente pelo prazer de ser to amada. Comprazia-se sobretudo com a sua influencia dominadora .

    Mas objectaro certamente: E o que dizer de tantas quedas femininas?

    Taes casos as mais das vezes tem sua explicao em causas extranhas a este genero de paixes: cair a jovem no mal 01,1 por necessidade de dinheiro, ou por incentivo de lucro ou pela cobia de joias, para sustentar-se no luxo, ou por temor, por imprudencia, at mesmo por ingenuidade.

    No ~e pde, alem disto, negar que, tra-ctando-se de paixes, o habito influe muito contribue para excitar as ms inclinaes.

    7 Elemento de relatividade: "a idade".

    Este elemento , talvez, o principal: e assim mui de proposito, reservamos a este estudo o ultimo Jogar. A tentao no , como se poderia imaginar, um phenomeno desconhecido do menino nem mesmo da cre-ancinha. Esta inclinao existe nelle, mas geralmente em estado latente. Est dormente, e s se desperta realmente na epoca de tran-sio, que commumente chamada: a puber-dade.

    A esta gentileza de rapaz faltava o que deve completai-o para o tornar varo: as cicatrizes do combate e o signal da tentao debellada. A hora vae chegar.

    E chegar o instante em que a puresa, que para vs era a posse tranquilla de um bem, se

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    ha de tornar uma nobre conquista de esforos e de luctas ....

    Produz-se em vs uma como perturbao parecida que se d num reino tranquillo, su-bitamente alvorotado por agitaes intestinas. Se fordes procurar vossos gozos nestes desac-cordos profundos que vos fazem ouvir vossos sentidos, at ento orgos doceis das bellas harmonias de vossa alma ... 11o vereis, bem depressa em vs, seno runa . (1)

    "-A puberdade, diz o Dr. Beaunis, um segundo nascer.

    Quanto ao moral: sente o adolescente mysteriosas commoes, desejos de fantasticas aventuras. E' o momento dos devaneios e do sentimentalismo. de lagrimas sem CaJJ.Sa e de rubores subitos. Os dardos das paixes fazem-se sentir. A pureza deixa de ser innocencia para se tornar virtude.

    Quanto ao physico: o corpo soffre profun-das modificaes e deixa de ser o corpo de creana e se torna um corpo de homem. Veri-fica-se assim o dito de Chateaubriand: Vae-se a dormir creana para se despertar homem. Nesta quadra d-se uma mudana na vz, a apario local do systema piloso, o despontar nos labias do buo a que o jovem, com ares de importancia, d o nome de bigode e de que tanto se ufana e que corta de proposito para reapparecer mais basto. (No sentir tanto gosto nelle quando depois houver de escanhoar-se de dois em dois dias para se tornar mais apresentavel! ... )

    (1 ) Em. Barbier. Allocut. de collge.

    - 61 -

    Os phenomenos da puberdade no se pa-tentAiam de subito, sno lenta e normalmente: no moo revelam-se por volta dos quatorze annos e na menina aos doze.

    Pdem-se, porem, antecipar artificialme?te intervindo certas causas, taes ,..orno as exCita-es do meio. O clima meridio11a.l faz a puber-dade mais precoce do que o clima russo. (1)

    Os educadores bem sabem com qua'nta pa-ciencia se ho de haver para com os jovens que alcanaram esta edade critica. A agitao nervosa, que manifestam no provem tanto de uns seres revoltados, quanto de uns doen-tinhos.

    * * *

    A paixo, despertada com a puberdade, cresce em violencia durante a mocidade e no primeiro perodo da edade viril; depois diminue lentamente para enfraquecer-se ou por completo se extinguir na velhice. A sua normal ascendente, e depois descendente; tal por assim dizer, o diagramma.

    Mas, observemos ainda, no se dev~m perder de vista as excepes, as anomalias e todos os casos que no possvel sujeitai-os a uma regra geral. Assim que no seu termo pde a virilidade soffrer alguma crise. No romance consagrado a este assumpto: O demonio do meio-dia, nos adverte P. Bourget que no se trata do meio-dia elo

    (1) Marro. La Pubert.

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    dia , mas do meio-dia dos dias . No isto difficil de comprehender.

    !'la edade de que falamos apreciam-se mais as realidades sensveis. Tornam o ho-mem menos phantasista e mais positivo no mau sentido da palavra. A gula, por e:X:em-plo, de ordinario, accentua-se mais com a edade; e o proprio Santo Agostinho experi-mentava esta humilhante tentao da mesa. (Cf. L. X. C. 31)

    A concluso que daqui se deduz, caro jove:n, muito importante; isto , para os defeitos ou vcios, sejam elles quaes forem mistr no lhes adiar a emenda nem espe~ rar pela edade madura e muito menos pela

    vclh~e. -No digaes nunca: mais tarde! A experi-

    encia nos ensina que quanto mais o homem avana em annos, menos se corrige. As pro-babilidades da converso (1) esto quasi sempre em razo inversa dos annos.

    No ha duvida que o jovem mais tentado, mas reconhece que se trata duma questo de vi~a ou de morte para elle; e tem mais energia vital. No est ainda callejado no peccado, e podem at as quedas, no seu primeiro perodo, coexistirem com os escru-pulos. Mas com o tempo o homem endurece-se no corpo e nos sentimentos e, enchafurda-se nas sensualidades grosseira.s, sem respeitos alguns, nem vergonha.

    (1) Falmnos da converso em si, e no das circuns-tancias que tornam a virtude mais difficil: decresci-mento das paixes , etc ........

    -63 -

    E'-lhe mais difflcil corrigir-se aos trinta annos do que aos vinte.

    E' mais difficil aos quarenta do que a~s trinta. E aos cincoenta annos ainda maiS difficil do que aos quarenta. (1)

    Como explicar semelhante phenomeno'? Pelo abuso da Graa. Com o andar dos an-nos, os habitos tornam-se u~ .sestro moral, uma operao irreflectida. O vicioso volta ao seu peccado, como um homem apatetado, embrutecido, volta ao seu alc?ol.

    E depois, a prostrao sem!! Todo o systema de defeza se acha com-

    promettido. Num ataque no se h~ de olhar so ~

    violencia do ataque em si, mas tambem a fora da violencia. O assalto pde n~o ser tanto violento mas a fortaleza ?edera se a cupula tiver fendida e toda arrumada.

    (1) Phenomeno analogo s.e observa num ass'!~p~o diverso: 0 menosprezo da v1da .. Naturalmente pai.eCla mais crivei que um jovem possmdor da reserva amda intacta de ardor e de illuses, houvesse de t.;.mer a_ morte mais do que o velho. E' um engan:o! O JOVem generoso em tudo at mesmo em ac~eltar a morte. Frequentemente admiramos creanas, )~vens, offer~cerem com o sorriso nos labios o sacl'lflClO da propna vida, emquanto os velhos se aff~lTlJ:m desesperada-mente com as unhas e dentes a v1c_t~t. Par~ce um paradoxo, mas ass~m ,mesmo! As clf~as ac1ma. ad; duzielas tam bem aqm teem logar. A I~pugnanCia ~ morte aos trinta maior do que aos vmt~ annos! e maior aos quarenta do que aos trinta; amda mawr aos cincoenta elo que aos quarenta. E para alem elos cincoenta.! ........

  • " ALERTA!

    E' a voz de commando dada ao soldado ... ! E' a recommendao do Senhor a seus

    discpulos: Vigae! Vigiae ! Alerta!

    Os mais valentes so to fracos! No somos mais santos do que David ... !

    e David cahiu em peccado sensual. No s_o-mos to sabios como Salomo ... ! e Salomao cahiu no peccado da carne. . .

    No praticamos os rigores de pemtenma como um Jeronymo, no deserto. E se S. Je-ronymo no cahiu na culpa da impures.a, lembremo-nos eomtudo de que sua memorta era assaltada pelas lembranas das danas romanas.

    No somos mais eloquentes do que Lu-thero ... ! e Luthero cahiu no pP-ceado sensual. Estava certa noite o firmamento bello e es-plendido, e ell e com Catharina de _Bo!a, por elle seduzida, comtempla v a esse ceo 1mmen~ so, matizado por myri ades de est~ellas ...... F01

    . ento que elle, nrrancando do peito um sus-

    - fifi

    piro, exclamou: Ests vendo o que no para ns! Ns no iremos, ambos, para aquelle lado >> .

    Toma pois cuid ado, meu jo vem! Qtwm ama o perigo, perecer nelle.

    Fge do que pde atear a chamma da con-cupiscencia.

    A lenda nos conta que as sa lamandras vivem intactas no fogo. Mas o teu caso exa-ctamente o contrario do das salamandras: s um ser eminentemente inflammavel. Sendo-se isca deve-se ter o maior cuid ado com a centelha, nem se passa com fogo juncto dos paies de polvora. /

    * * *

    S prudente.

    ,, No a sade que contagiosa, mas a enfermidade. (J. de Maistre)

    Vives com trez concupi scencias no teu corao!

    O ar do am]Jiente que determina o bom ou mau estado dos nossos pulmes e do nos-so sangue. Ora ha uma atmosphera moral assim como ha uma atmosphera physica.

    Hoje em dia, no respiramos bem. O ar est povoado de uma ;multido de miasmas deleterios.

    Visitava eu, ha pouco, um Instituto de ba-ctreologia. Mostraram-me os caldos de cul-turas, os tubos povoados de microbios: de bacillos e deccos, de streptoccos e staphylo-ccos, de sarcinas e espirillos . 5 - Hoon.~..._\J~ It'l' - A GNmde Gue1ra .

  • - 66 -

    Facil cousa seria infestar cidades e cidades com estes agentes activissimos do cholera, do tetano, da tuberculose!. ..

    E tudo isto formigava, aos milhes, na-quelles bales, naquelles tubos, que tnhamos nas mos. Mas estavam hermeticamente fe-chados.

    Infelizmente, para outros germens os ba-les no esto fechados ...

    Esto inteiramente vontade para difun-dir systematicamente o contagio.

    Certos kiosques, certas livrarias, o qllle so elles seno outros tantos laboratorios, donde livremente derivam todos os germens da de-composio moral, familiar e social?

    Alguns jornaes noticiaram que os Alie-mes tinham, de proposito, contaminado as nossas fontes , lanando nellas microbios de febre typhoide.

    Em quanto no tenhamos provas formaes do facto, no nos licito dar-lhes credito!

    Mas o que os Allemes parece no fize-ram contra os inimigos, esto-no cada dia praticando os corruptores para com os seus compatrtotas: envenenam no as fontes onde os labias vo beber, mas onde vo beber as nossas almas.

    E pouco nos precatamos contra esses ger-mens, porque so to subtis!

    Alguem seria tenta'do a dizer: Existem el-les realmente? Eu ao menos no os vejo!

    Tambem se no vem os insidiosos micro-bios, os troponemas, os gonoccos e microc-cos, ao menos, a olhos ns.

    At aqui ainda nenhum apparelho de mi-croscopia, por 'aperfeioado que seja, nos per-

    - ()7 -

    mittiu ver os microbios do sarampo, da es-carlatina, da varola. Esto espalhados, esta-mos infelizmente certos disto, por todas as partes ...

    Precatemo-nos contra os infinitamente pequenos.

    * * *

    O taredo, da famlia dos testacios, um insecto quasi imperceptvel, e no emtanto, por muitas vezes, poz em perigo a Hollanda :per-fura como a carcoma os seus diques, os mais resistentee do mundo, e, por essas fendas alis minusculas a principio, passa a agua que vae inundar as terras. Uma cousa semelhante passa com as fendas na vida moral: alargan-do-se dia a dia, vem a arruinar tudo.

    Devemos dizer dos pequenos perigos, o que Stahl dizia doe:; pequenos defeitos:

  • - 68 ----.

    fizerdes arrancar, o mal passat' aos proximos e destes aos demais.

    O que constitue o extremo perigo dos pe-quenos males a sua mesma pequenez, exactamente o parecerem inoffensivos!

    * * *

    E' necessario prudencia! Ora verdadeiramente prudente s aquel-

    le que sabe prevenir a enfermidade. . No se procura s o no s.er cand!dato;>

    arthrite, diabetes ou o evitar as disposi-es phlebite ou bronchite, mas procura-se, a todo o custo, arredar este cortejo de males importunos.

    Principiis obsta! Seto medicina paratur Cum mala per longas invaluere moras.-; Estudaste to bem, durante o curso de

    humanidades latinas, estes dous versos de Ovdio que me ds direito a dispensar-me ele dar-te a tracluco dell6s .. .

    Tratando-se da sade corporal bem com-prehendes a verdade deste principio: . mais prudente cuidar da sade do que da enfer-midade! E' melhor prevenir do que cura~

    Assim pois: a hygiene prefervel as pi-lulas.

    Sabes o que se avantaja a uma ba obtu-rao'? Um dente perfeito.

    Pergunta aos mutilados da guerra, se a mais perfeita perna artificial equivale uma perna natural, e se um craneo bem trepanado ou concertado com placas de prata vale tan-to quanto um bom craneo intacto!

    - 69 -

    * * !~

    S intransigente.

    Disse eu j o bastante recommendando o ser prudente '?

    Melhor seria, para empregar o termo ade-quado e a adjectivao apropriada, aconse-lhar-te a intransigencia.

    A materia que tratamos

  • j - 70 -

    O nosso inimigo parece-se com uma mu-lher: fraca, mas obstinada. E' proprio da mulher, ao altercar com o homem, perder a coragem e fugir apenas elle se lhe oppe com animo forte e fronte erguida; se o ho-mem, porem, comear a acobardar-se e a te-mer, ento a colera, a vingana e o furor da mulher crescPm, e no tem medida.

    O inimigo procede do mesmo modo, per-de a coragem e pe-se em fuga com as suas tentaes, quando a pessoa, que se exercita nas coisas espirituaes, lhe mostra firmeza e faz inteiramente o contrario do que elle suggere. Se, porem, o homem, que ten-tado, comea a temer e a resistir ao ataque com pouca coragem, no ha na terra ani-mal cuja ferocidade possa comparar-se com a malcia infernal. (Regra do disc. dos espitos) .

    O Inimigo

    Meu caro jovem, o grande mimigo da tua alma, o que te reduziria dura escravi-do e te deixaria despojado mais do que os Allemes tentaram fazer com a Belgica, o peccado mortal.

    Importa, pois, grandemente entender qual seja a malcia e a gravidade do peccado mortal da impuresa; tanto mais que ouvimos, por: ahi, muita vez, falar muito livremente e ate ' dizer : mas coisa muito correntP !

    Como, porem, nos grandemente dif-ficil aquilatar-lhe o gru da sua malcia in-trnseca, procuremos antes estudai-a nos seus effeitos.

    - 71 -

    Santo lgnacio em uma das suas meditaes, alis bem conhecida, nos convida conside-rao de tres grandes runas, consequencias de tres grandes peccados.

    Reproduzimos aqui os tres quadros do triptyco ignaciano:

    P' Quadro: - Os anjos habitam o cu: so bellos, felizes, so os mimosos primige-nios do poder creador.

    Cahem em culpa. E qual? Talvez a de se revoltar contra a Incarnao, que lhes fra revelada, e na qual viam a Deus unido a uma natureza inferior delles: o Homem-Deus.

    Inutil parece o indagar qual fosse o ob-jecto especial daquelle peccado.

    O que certo ter sido essa culpa um peccado de orgulho, o unico possvel sua natureza, totalmente espiritual e ainda na posse da sua integridade primitiva.

    Cahem do co, como raios, e so preci-pitados nos abysmos infernaes. Lucifer ca-hindo, Satanaz ... !

    Os anjos rebeldes tornaram-se demonios! E 9ue aconteceu a estes anjos de luz pa-

    ra ~ss1m se tornarem demonos ~ a que Jesus Chrtsto, c_omo refere o Evangelho, d o epi-theto de nnmundos: Retira-te, esprito im-mundo ... ?

    Commetteram um peccado mortal. ~evestia-se; sem duvida, esta culpa de ex-

    cepcwnal gravidade, pois fra commettida em plena luz, contra a luz! Mas afinal fra uma unica culpa ...

    Ora, Deus no se extralimita, como o ho-mem que se deixa arrebatar pela colera.

  • 7:2 -

    Quando deve punir, porque existe uma verdadeira equao entre o delicto e a pena.

    2 Quadro: - Ado e Eva, as duas ad-miraveis flres humanas desabrocham, cheias de encanto, no paraso terreal. Compartilham toda sorte de felicidades, que tambem peve caber em herana grande famlia humana.

    Commettem, porem, um peccado m'ortal. Olha e para o castigo! Perdem p,ara si

    e para seus dscendentes todos os dons so-brenaturaes e preternatmaes que o Senhor, gratuitamente, lhes outorgra (1).

    O Paraso terrestre tornou-se-lhes o val-le ele prantos .

    Fazei. pela mente, a addio ele todos es-ses milhes de prantos, durante o correr dos seculos que se passaram.

    Desde o dia da culpa, brotaram no antigo Paraso tres grandes rios, que ho de banhar para sempre a terra: o rio pallido das lagri-mas, o rio turvo de lama, o rio vermelho de sangue.

    Jesus Christo instituir para santificar o homem, os sete Sacramentos, como sete ma-nanciaes de graa, oppondo assim os sete rios limpidissimos aos tres rios de prantos, de vergonhas e de crimes.

    (1) Pio V, Gregorio XIII e Urbano VIII condemnaram a 55" das 79 proposies de Baio: Deus no teria po-dido crear o homem, do principio, tal t:omo elle hoje nas-ee . O Coneilio Tridentino (Sess. VI, c. 1) declara que , com o peccado original, o livre arbtrio no fra sup-primido, comquanto debilitado e inclinado ao mal p~l!l tentao, liberum arbitrium mnime extinctum, VIl'l-bus licet attenuatum et inclinatum.

    7;) -

    Aps a queda, foi pronunciada esta sen-tena contra Eva:

    ,, Dars luz na dor ... . E desde ento todo o nascimento se torna

    penoso: no s o de me, mas tambem o do trabalhador, o elo artista e o do genio. Quem produzir algo sobre a terra, seja quem fr, ou o homem do tr-abalho, ou sabia ou sacer-dote, est sujeito lei: Dars luz na dor .

    A morte, a terrvel morte, entra no sce-nario do mundo. O homem peccador, diz, sor-rindo: O peccado mortal, no mata ninguenP.

    No mata? E todavia a morte s veio por causa delle. A morte o estipendio elo peccado (Rom. 6-23).

    E tu, ou queiras ou no, has de morrer por causa deste peccado de Ado e Eva.

    Cahem, ceifados pela mo da morte 140 mil Yictimas ao dia! 97 por minuto! Est~ cul-pa pois puni ela 140 mil vezes ao dia!

    Quantos infelizes esto agonisanclo neste mesmo instante!

    N assa vez chegar tam bem. Repitamos pois o que acima dissemos: um peccado mortal fra commettido; peccaclo muito grave, mas um unico. E o castigo d' Aquelle que so Paulo appell ida o .Justo Juiz, Justus Judex, " no pcle exceder a real gravidade da culpa.

    3o Quadro:- Um homem que afinal vive-r a at ento dignamente, commette um pec-cc:do mortal;. um peccado mortal, e por tanto nao commettJdo como por surpresa, semicon-sciente e semi-involuntariamente, mas practi-cado com plena deliberao e com revolta.

    Este homem se morresse, sem se ter antes

  • - 74 -

    reconciliado com Deus, seria precipitado no inferno. E comtudo, repitamol-o ainda outra vez, no se trata aqui de cem peccados mor-taes, nem de dois, mas de um apenas. E a justia de Deus perfeita.

    Dada a hypothese de uma tal morte, a que se refere S. Ignacio, a concluso rigo-rosamente theologica.

    Mas ter-se- realisado de facto muitas vezes?

    So segredaR de Deus. No podemos ter certeza de que um ho-

    mem seja condemnado, ainda que parea mor-rer no acto mesmo de peccar. E' com effeito, ainda at hoje se no pde descobrir um crite-rio de absoluta certeza da. morte de um in-dividuo, salvo o acto de decomposio que sobrevem, relativamente, tarde.

    La-se entre outras obras, a morte ap-parente e a morte real do P.e Ferrres, ou a Deontologia medica do P.e Salsmans pro-fessor de theologia moral em Louvaina. Se o homem pde no morrer seno meia hora mais tarde, do que vulgarmente se julga, (por ex-emplo, depois de uma lenta consumio) ou mesmo duas e mais horas depois (no caso de um accidente qualquer que encontra ain-da intacta a energia vital), no poderia neste intervallo de sobrevivencia, fazer um acto de contrio perfeita, e assim render-se s moes misericordiosas e ultimas da graa? ( 1)

    . ( 1) Seria evidentemente uma rematada loucura adi-ar a sua converso para aquella occasio. Esta sobre: vivencia no , primeiramente, seno provavel. E esta muito claro que a theoria do probabilismo no tem

    - 75 -

    Eu no vos saberia provar que isto muito certo. Mas tambem ninguem me pode-r provar o contrario.

    No temos, pois, certeza da condemnao de pessa alguma, excepto relativamente a Judas. ( 1)

    S. Ignacio termina a sua meditao com um colloquio ao Senhor na Cruz.

    Homem que falias to levianamente do peccado, repara no que fez o peccado. Matou Homem-Deus .

    Ante o cada ver de Christo, no acabars emfim por abrir os olhos>'?

    Tem a este proposito applicao as palavras de Tacito, fali ando do matricida Nero: Per-fecto denmm scelme, rnagnitudo ejus intellecta est ,, . S depois de consumada a maldade que elle comprehendeu todo o horror do crime.

    * * *

    Considerada a enorme malcia da culpa mortal, j agora a alma se sente disposta pa-ra ouvir a palavra do Mestre:

    aqui cabimento; pois no se trata de uma questo de facto. D-se ou no se d este facto? Toda a verose-melhana cede ante a verdade do contrario, e toda a duvida ante a certeza. E suppondo mesmo que o ho-mem esteja ainda vivo, no se acha elle em estado comatoso, inconsciente? Poderemos ns, pois, rasoa-velmente adiar um negocio to momentoso para uma occasio to desfavoravel e at incerta? Procederamos ns por tal forma se se tratasse de um testamento .. ou de algum interesse digno dos nossos cuidados? ....

    (1) Talvez no encontremos uma evidencia clara e convincente no que os Evangelhos dizem de Judas. Mas estes textos vistos luz da tradio e interpretados pelos Santos Padres no do Jogar duvida. .

  • - 76 -

    Se teu olho direito para ti causa de escandalo arranca-o e atira-o para lon"ge de ti! Porqu~ melhor para ti perder ~m ~os teus orgos do que todo o teu corp_o m_te1~o, ser lanado Gehenna. E se tua ma o direita para ti occasio de peccado, c

  • - 78 -

    desgraado immortal ... ! Deus deixaria cte ser infinitamente bom, ou melhor no seria jus-io, se condemnasse a tal supplicio aquelle que lhe pudesse observar: Mas eu no con-senti na culpa plenamente, ou no consen-ti deliberadamente .. .

    No, Deus no toma traoeiramente o homem, nem como um tyranno, que triumpha sobre ns surprehendendo-nos na pratica de algum acto semi-consciente, para nos punir eternamente!

    * * *

    O conhecimento do peccado mortal no se obtem pela addio ou durao.

    a) No encerra a idea de addio ou de multiplicao. Por outras palavras, no se va imaginr que peccados veniaes successiva-mfmte addicionados a out.cos, cheguem afinal a um total que constitua peccado mortal. Mil peccados veniaes no formaro nunca um peccado mortal, pois estes conceitos de v~nial e de mortal so analogicos e por 1sso irreductives. Em linguagem familiar diz-se: cem peras no fazem uma laranja.

    b) Nem na ideia de peccado entra a de maior ou menor tempo.

    Um peccado de vaidade ou de preguia pde prolongar-se durante semanas e annos, sem passar de culpa venial. Um peccado de blasphemia durar um s instante e no em-tanto, sendo bem consciente, culpa grave.

    Os mais nefandos crimes commettem-se por vezes, rapidamente. Pouco tempo .se quer para se puxar o gatilho de uma espmgarda ou para se atirar uma bomba.

    - 79 -

    E do mesmo modo poder um peccado de pensamento ou de desejo realizar-se numa fraco de minuto. E todavia foroso que o homem ctu:ante e~ta parcella de tempo, por curta qu~ seJa, esteJa na posse de sua plena personahdade e a condense, to intensamente que no acto .pecca121inoso intervenha a pleni~ tude da dehberaao e a do consentimento.

    O pecc~do mo_:tal, pois, no diz relao somma ~u a duraao, mas somente gravidade.

    Consiste na averso a Deus aversio Dei o.u seja voltar as costas a Deus; em cons~ Ciente~ ente realisar o que se poderia chamar: o romPimento com Deus.

    T~o profunda a perturbao produzida em nos por esta revolta e por esta insurreio contr:a Deus que, podemos chamai-a. o bols-chevismo, na ordem moral.

    Desta nossa definio de peccado mortal se deduzem algumas regras, muito importan-tes, porque tem applicao no s aos pec-cados de impureza, mas, em geral, a todo e qualquer peccado ..

    lo Principio

    Os escrupulosos devem viver tranquillos. E_nganam-se e .fazem a Deus injuria se ima-gmam que a vida christ um terreno mina-do, em que a gente se afunda, ~:;em se dar pelo, perigo, ~ma como matta escura, semea-da a~ armadilhas e de ratoeiras para feras.

    Nao! No! Deus no embusteiro e en-ganador. No se commette peccado mortal, sem

  • - 80 -

    que se saiba e perfeitamente se saiba, sem que se queira e resolutamente se queira.

    Tenho, dizeis vs, pavor de commetter um peccado mortal !

    E no sabeis que o que mais vos deve tranquillizar exactamente este temor'? O fac-to de se temer grandemente uma cousa, prova de se no desejar tal cousa!

    Santo Ignacio, a quem Leo Daudet re-centemente appellidava, O rei dos psycho-logos ... O prncipe dos psychologos, (Daudet

  • - 82 -

    o caminho para que, vencidos todos os obsta-cuJos, progridam no caminho do bem.

    E' muito proprio de Deus e dos seus An-jos, quando actuam numa alma banir della a perturbao e a tristeza, que o inimigo nel-la tenta introduzir, e infundir ne1la a verda-deira alegria e a consolao espiritual. E o inimigo pelo contrario tenta combater esta alegria e consolao interior com razes ap-parentes, subtilezas e illuses .

    O anjo bom costuma tocar branda, ligei-ra e suavemente a alma dos que vo progre-dindo em virtudes: opera, por assim dizer, com a suavidade com que uma gotta d'agua vae penetrando numa esponja.

    O anjo mu, pelo contrario, a toca dura-ramente, com barulho e agitao, semelhan-a da agua cahindo em dura rocha.

    Obedea cegamente a alma, demasiado ti-mora ta, ao seu confessor, assim o pedem tanto a sabedoria humana como a humildade christ.

    Considero como perigo muito subtil esses escrupulos que fazem considerar a vida chris-t, como um fardo to insupportavel, do qual s se prQcura desembaraar-se de!le:. de modo que o rigorismo termina, por vezes, em laxismo.

    O escrupuloso deve tomar a firme resolu-o de no mais estar em cuidados com as coisas j accusadas em confisso, excepto no caso ( quasi s theorico para elle de ter al-gum peccado certamente mortal e certamente ainda no confessado).

    Atire confiado as suas pusillanimidades misericordia de Deus e persuada-se do que. nada tem que temer, porquanto at as mesmas culpas mortaes, esquecidas em confisso, ou

    - 8~ -

    sem malcia caladas, lhe so indirecta mas realmente perdoadas.

    Ter que recordai-as na confisso seguin-te'? Sim, se verificassem a dupla certesa de que acima falamos; o que, porem, para o es-crupuloso, raramente acontece.

    2o Principio

    Ser possvel cahir-se em peccado grave durante o somno, por sonhos ou outras quaes-quer impresses'?

    Nem gravemente nem levemente, pois um contrasenso o imaginar-se que se d con-sentimento emquanto se est dormindo. O somno , numa pessoa, incompatvel com o seu consentimento.

    E durante a semi-vigilia'? por exemplo, pela manh e noite, no estado indeciso en-tre o de consciencia e o de somno'?

    O problema mais delicado. A inconsciencia lentamente progressiva:

    at que gru chegou e1la j'? Avantaja-se ella ao estado consciente ou subsiste este ain-da, ao menos substancialmente'? Se realmen-te ha j semi-vigilia, j no subsiste seno uma semi-consciencia e, ento j se p6de commetter peccado venial, nunca porem, mor-tal, que por definio suppe deliberao plena e perfeito consentimento.

    A O principio. muito simples (seja qual for a sua apphcao talvez difficil de resol-ver-se): ha ainda, sim ou no, conhecimento e volio'?

  • - 84 -

    * * *

    Se o jovem, durante a noite, sentisse cer-tos phenomenos caracte!isticos (1), com_? ha de haver-se? Emquanto nao despertar, na o tem a questo de moralidade cabimento algum, por se tratar de um phenomeno, que se deu durante o somno. Evite todavia, emquanto est desperto, dar ca~sa volunta~ia a pertur-baes, como so: leituras, deseJOS volunta-rios, relaes perigosas, etc.

    Quando, porem, estiver desperto? . Neste caso no deve evidentemente consentir nem pro~ocar o phenomeno, ineo!1scientemente comeando. E, se realment~ nao houv~r pe-rigo proximo de consent!I~ento,., esta elle obrigado a mudar de pos~ao, ahas conv~niente, ou a levantar-se? Nao. Mas mo~trar1a maior somma de generosidade se. o fizesse, e mistr recommendar-lh'o mmt?, sobre-tudo quando no haja inconvemente. ou possa ainda assim impedir o resultado previsto.

    3o Principio

    Acontece que alguns, sendo ainda ~1uit~ creanas praticaram certos ac~os contrar~os _a pureza. S mais tarde, ao ouvirem um sei mao

    (1) A frequencia de taes phenomenos, muito di-versa, pde oscilar entre uma vez po: se~ana d~U:,! vez por trimestre. Este numero vana segun indivduos, o clima, o regmen. E repete_-se de~~:s u:e~ vez por semana ate uma vez cada d01s. ou _ ses; nestes limites, estes phenomenos Ite(~a.doJ, n~!~ compatveis com a bom estado de .;;aude r. a Paget)

    - 85 -

    ou durante um retiro, se capacitam da aco commettida na infancia, e dizem com sigo: "Mas o que eu ento pratiquei era coisa aravemente prohibida :v ! Tero elles cahido ~m peccado mortal? No. Pecca-se s quando ha consciencia da aco praticada.

    Se presentemente elles reconhecerem o caracter de culpabilidade da aco, outr'ora praticada e a approvarem, assumem, neste caso, a responsabilidad e do acto, pois que nelle se realizaria a gravidade objectiva junctamonte com a malicia subjectiva. Mas trata-se de uma aco outr'ora commettida. Ora naquella epocha, por hypothese, ignora-va-se que o objecto da. culpa fosse, em si, peccado mortal. No foi o peccado portanto perpetrado. A no ser, est claro, que 8Sta ignorancia fosse voluntariamente admittida, no teria havido seno a gravidade material do peccado e de modo algum o elemento mo-ral de responsabilidade, necessario ao cons-titutivo do crime.

    Se persistissem duvidas na consciencia bem fundadas, por ter havido algum conhe-cimento da malcia de taes aces, seria util confessai-as.

    Praticamente s se sente o jovem, neste e noutros casos parecidos, alliviado e tranquil-lo depois de se ter eonfessado.

    4-o Principio

    Commetti, dizem por vezes, um crime de impuresa, mas no tive inteno alguma de aggravar a Deus )) .

  • - 86 -

    Esta inteno explicita de aggravo a Deus muito rara, e s se nota em casos de con-~ummada malcia: Bast~ P?r~, para cons~ituIr culpa grave, a mtenao ImphCita, que existe sempre nos peccados de sensualidade. 1 Semelhante aco (se foi consciente) e a injuria a Deus, uniram-se substancialmente de modo que permanecem absolutamente insepa-raveis, e assim o acto por sua natureza uma desobediencia a Deus.

    O que pensareis de um filho, que disses-se a seu pae: Prohibistes-me formalmente tal cousa. Fal-a-ei. Mas no vos quero deso-bedecer. A aco e a desobediencia coin-cidem necessariamente.

    A impureza do mesmo modo uma aco, que ultraja a Deus, embora se no commet-ta com o fim de o offender.

    O que verdade que a impuresa, entre todos os peccados mortaes, o que repre-senta menos a aversio a Deo e mais con-versio ad creaturam .

    E por isso Nosso Senhor, que no Evan-gelho se mostra to severo contra a perver-sidade e orgulho dos phariseos, usa pelo contrario, conhecendo

  • - iS - / Mas essa especie de loucura )a v a

    tnh eis previsto: a experiencia v ol-a thha j demasiadamente demonstrado. E no m-tanto, vs sem motivo vos expusestes o a-sio. Peccastes, pelo menos, ento: ao i-meiro olhar, se no foi mais nos que seguira primeira pagina daquelle romance, se n ~ mais nas outras.

    No vos :seri j possvel parar no de -penhadeiro; mas ereis muito senhor de v mesmos, antes de entrardes no resvaladi pendor da occasio.

    Pde bPm ser que tenhaes perdido cabea em tal casa, em tal occasio. O ma que isto pde provar. que j no ereis re -ponsavel num determinado momento: mas o tnheis sido ao entrardes em tal mora .

    O verdadeiro momento da responsab i-dade foi em verdade aquelle em que tra s-puzestes tal limiar, no obstante a cert za de que fatalmente haveis de succumbir.

    6o Principio

    Deus prohibe no s as aces imp ras, mas at as imaginaes. os pensament (1) e desejos mos. No sers luxurioso n corpo, nem de consentimento.

    (1) Distingamos bem trez casos: (a) Pens numa cousa que tem um lado impuro. E', por vezes, ecessa-rio. (b) Pensar numa cousa por este lado im uro. E' s vezes, legitimo quando por exemplo, se est a. Deus que tudo conhece, julga por este aspecto a realida-des. (

  • - 90 -

    a) Resistir poslti v amen te. b) Consentir positivamente. c) Guardar uma attitude intermedia, isto

    , a de no combater, mas tambem de no ceder.

    Examinemos estas trez hy{X)theses, come-ando pela ultima.

    3a HYPOTHE SE Theoricamente basta que se realise esta

    terceira attiturle, porquanto o peccado afinal consiste em qnere1 o mal, e, nesta terceira hypothese no se quer, e alem disso no se est, como suppomos, em occasio proxima de querel-o. Mas na pratica, mormente se a tentaco fr violenta, ser quasi impossvel resistir, a no ser esforando-se, no s por no conservar esta especie de attitude neu-tra no querer, mais para querer positiva-mente o contrario.

    2 HYPOTHESE Se temos consciencia de que estes pensa-

    mentos e desejos so mos. e, livremente, consentimos nelles, j neste instante comea a nosso responsabilidade. Assim como nos no licito conservar uma figura m num album secreto, assim tambem no podemos guardar uma phantasia m no album secre-to da memoria.

    A par da vergonha exterior ha tambem a desordem interior: memorativa ou imagi-nativa. O papel da imaginao, nas tentaes lubricas, de grande importancia.

    -91

    A a.co culpavel apparece de ordinario acompanhada de representaes, que a pro-V_?Cam e a mantem: at mesmo nas impres-soes venereas soffridas durante o somno in-

    , tervem ~ representao cerebral em larga escal~a (~Isto ou a titulo de causa ou de effeito)

    Ja vimos como os prazere~ sensuaes s~ de ordem nervosa. - O systema nervoso est em communit;a-~ao com o apparelho central a que chama-mos cerebro.

  • -92-

    dade da imaginao ou da intelligencia, mas no consentimento da vontade.

    Non nocet sensus, ubi non est consensus. O que poderamos traduzir por estes dois

    versos, que eu vos no dou como sendo de Racine ou de Corneille:

    ''Mal nao o sentir, Mas sim o consenti1".

    - Mas estes pensamentos tornam-se-me como quem est a assediar e me inquietam noite e dia.

    E depois? Mais bello resistir duas horas do que resistir dois minutos.

    Ao combate mais prolongado correspon-der um mais beiJo triumpho!

  • -94 -

    Deus nesta alma, toda cheia de desejos im-puros e manchada de taes villanias .... ?

    Abster-se da Communho, quando no se consentiu no mal, ceder cobardemente s insidias do demonio.

    - A'~ vezes, porem, antes da Sagrada Communho, no se tem certesa de se haver ou no consentido. Que norma vonvem ento seguir?

    Emquanto for solidamente tl) provavel que ests em graa, pdes approximar-te da Mesa da Communho. O prudente seria fazer um acto de contrio perfeita; mas a con-fisso no pde ser imposta. E porque? A lei da confisso s obrigatoria para aquelles que se acham em estado de peccado mortal.

    Ora na nossa hypothese grande a du-vida cerca da culpabilidade grave da aco; e, se assim , tam bem a lei se torna duvidas~; mas a lei duvidosa no obriga; 'lex dubw, lex nulla''. Se todavia o temor de culpa grave bem fundado, seria bom e de grande con-veniencia para a -tranquillidade da alma, sujeitar-se confisso. No ha, verdade, como dissemos, obrigao estricta em quanto fr solidamente provavel o facto de se haver

    (1) A tbeoria do Probabilismo suppe sempx:e. ter a liceidade da aco, de que se tracta, uma ~roba~Ihdade nq qualquer, mas uma probabilidade solida. Nao deye ell!f, est claro, ser maior que a probabilidade contrana, como exige o Probabiliorismo, nem mesmo egual, como pede o

  • - 96 -

    todas as entradas, que se vir a canar; e, se no se canar, Deus o obrigar a levan-tar o assedio.

    E' muito bom signal o fazer elle tanto rudo e levantar tanta tempestade em redor da vontade; signal que no penetrou em ns.

    Evitae que o vosso corao se amfine com estes pensamentos tristes que o asse-diam; porque o pobresinho no tem culpa, e Deus mesmo no se descontenta com i.sso, antes pelo contrario.

    A sua divina sabedoria se compraz em ver este pequeno corao que se apavora at com a sombra do mal, como um pintai-nho com a sombra do falco, que por cima delle anda a voltear. Recorramos cruz, abracemo l-a de corao; amparemo-nos tran-quillos sombra desta santa arvore.

    No possvel contrahir qualquer mancha, emquanto estivermos na firme resoluo de sermos inteiramente de Deus.

    E' mistr, pois, no se sobresaltar nas tentaes, mas conservar alegria e suave resignao em tudo o que Deus mandar.

    As tentaes nada pdem tirar puresa do corao que as repudia.

    No nos espantemos com ellas, mas olhe-mos fixamente para o nosso Salvador, que nos espera ao depois da tormenta.

    As tentaes perturbam-nos unicamente porque pensamos demasatlo nellas e lhes temos excessivo medo .

    Tende presentes estas ultimas linhas de S. Francisco de Sales, vs que vos affligis .de-masiado com o assalto dos mos deseJOS. Porque perder o domnio da vossa alma,

    - 97 -

    ralando-vo~ tanto? A agitao do .. mantem e mtensifira estas tentaes. espmto

    Oonservae a vossa vontad rosa e o corao perfeitame e_ sempre gene-A irritao uma fora de~l~ci~p~rturbavel. antes esquecer e despres a a. Procurae ~ ar.

    * * *

    Vou expor-vos o meu mod O essencial seria 0 de pensar.

    vel em tudo 0 q~e se P:~sar 0 :nenos possi-Alguns acabam , or e ere a. Impuresa (1).

    miserias, e tanto cgnce s~ ~llucmar ant_e taes tudo o que diz res eito ,.? ram a attenao em por acreditar quepa r 1~ ~~rez.a,. que acabam te nella. e Igiao Cifra-se somen-

    Havemos de encarar mente! as cousas mais alta-

    Perguntaram um dia a S a primeira das virtud . o enhor, qual era pondeu: "O Amor. es, ao que Elle res-

    ~~~1~oD:~s e tudo o mais est assegurado. panham-na tm~~~~a not;1 fundan?ental, acom-tornam como seus sa~!lrtlarmon~cas >>, que se Quand I es sonoros

    o o amor de Dt;us fr a I;ota fun-- ----

    (l) E' necessario por a questo da castid~ I vezes, tractar ex-professo balho. Neste caso c e. ~o~o fazemos no present~ tra-rectamente da I. ' pre erlvel falar da pureza e I'nd

    . mpureza e - I positivo da questo ra . o

  • - 98 -

    damental da tua alma, as demais virtudes se tornaro naturalmente suas harmonicas! Que a castidade seja um corollario da carid'ade!

    Pensa menos nos mil pontos negativos: No pdes fazer isto, nem aquillo para te radicares mais no grande preceito positivo.: Ama a Deus de todo o corao >.'.

    Quando um filho ama sinceramente a seu pae occorre porventura especificar-lhe vinte ou mais recommendaes: no penalisal-o, no feril-o, etc.'?

    Ama et fac quod vis:. , ' 1 , Mui verdadeiras so estas duas observa-

    es de Santo Ignacio. A primeira: o amor ha de consistir mais nas obras do que mas palavras;- a segunda: o amor se coneretisa na mutua communicao de bens>), . 1

    Ama ao Senhor com toda a tua alma) com todas as tuas foras, e esta generosa nobresa descer do alto todos os andares. ,

    O teu engano est exactamente em .come-ares do baixo e no do alto. Em muitas enfermidades nervosas necessario antes de tudo II].edicar os centros superiores. i r~

    Santo Ignacio concebia assim a vida reliT giosa. Antes de concluir -os seus Eocercicios espirituaes e dar o golpe decisivo, pr.ope a contemplao do amor divino.

    Trarei minha memoria os muitos . bene-ficias recebidos ... considerando com' grllll;de affecto tudo quanto Deus, Nosso Senhor, tem feito por mim..... ~'i

    Depois, entrando em mim mesmo, m ' pe,t~ guntarei o que a razo e a justi~ fl}t( QQfl7 gam a offerecer, por minha parte, .e a .dar a . sua divina magestade .... >l

    -99 -

    8o Principio: 0 6 o mandamento de D

    0 eus . orno devemos inter t

    na Irnpuresa no ha pr~ ar esta sentena. E' 11 . Parvtdade d

    . ecessario para - e ma teria~ 2 consCiencia erro~ea nao se formar um~ aphorism~, segundd ~~~r~hender bem este ~m Prtrneiro log:-tr P ~~ologos o explicam sen o a ma teria r o- e acontecer que porque o peccado g ave, nao o seja a culp ' d!l ma teria grave r~ortal, alem do eJe:rnen:c; f.oes: perfeita debe;~e_: dua~ outras condi-Imento. ao e mteiro cons E . en-

    assim em 't materia >) d TnUJ os casos ha v e ~ m~rtal effec~i~~~c~~os~ort.aJ, mas n~~ ~~!'c~~t~ ca E mortal s ) '? or esta palavr~

    Nao uma . que P ~ d Simples sensualid d ( ~ tal le'to e haver parvidade da e e evidente sae~ ura um tanto livre em .e materia em d 1 menos moraes ' certas conver-di~t~e~tes, ~te), m.as t~aetr;:_s~ertos. sorr-isos in-mente ~unCiado, da luxuria aqm, no sobre-

    E r_ocurada . mesma directa-xammemos

    Presso: as duas partes desta A lux . ex-

    nos urJa >) propria . . movimentos desregrr::lnte ( d)Ita consiste

    --_

    08 1 das Partes (1) Pde-se

    movimento ~-1 peccar contra a u . . nos (pensame~~~~ das !J.este cas~ s~~~~ sem que .haja

    , ese]os .. .. ) peccados mter-

  • - 100 -

    tam bem por vezes revol-sexuaes (chamados nhados do prazer de tas da carne), acom~~sica (2), de tal mo_do ordem venerea (~), g ( alcanado ou nao) que o ter~o lo~wo ou leta da paixo carnal. seria a sattsfacao co~uita coragem que er!l

    Deus. prevendo ! e mulher para accei-necessana ao hom: da familia, collocou, pr_?-tarem os encargo t tivo e a compensaao videncialmente, o .a~ r~c s funces geradora~. do prazer no exerciciO ~ominam dois appetl

    Nos seres hum a~ os do individuo e o da tes: o da _conservaae~ie: naquelle reside o propagaao da es~ - neste o da reprodu-estimulante da nutnao, mas forJ;a que a O d. rduo morTe, er e o. m ~v ecie deve permane~ , especie viva. A esp tem to enrarzado,

    . , le o homem -por Isso e q~ petuaao. em si, o instmcto ~a a~~ gerao, por este

    Os orgos destma 't es ou sexuaes (3), motivo chamados gem f to que se encon-tero direito ao p~azerdolC~~trimonio e .que tra na unio legiim~ transmisso da. VI.da: assegura ao mun o da por Deus dtgmda-unio sagrada, elevMa afra este caso, afas-de de Sacramento. as. .

    . de Venus, a deusa de ( ) Este termo denva-s~ 1 . mythologia paga. - entir-se nestes Vol(~p) I;~t~~: relativo g~ra_?. PJ~e~~Jem ge