Upload
phungkhanh
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
4
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
I - Contextualização
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem por objeto apresentar reflexões
acerca da trajetória do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, enquanto
entidade responsável pela fiscalização dos recursos orçamentários geridos
pelas administrações estadual e municipal, avaliar e discutir o modelo atual
de análise e julgamento de contas, e, ao final, propor Projeto de Resolução,
com o fito de contribuir, sobretudo, para a evolução destas atividades
diretamente atreladas ao seu desiderato constitucional.
2. BREVE REFERENCIAL HISTÓRICO DO TCE-RO
Fundada pelo Decreto-Lei Nº 47 de 31 de janeiro de 1983,
por ocasião da elevação do Território Federal de Rondônia à condição de
Estado, a Corte de Contas estadual teve suas atribuições insculpidas no texto
constitucional de 06/08/1983 da nova unidade federativa (Art. 59 a 61), em
simetria ao tema tratado na vigente Carta da República de 1967 (Art. 71 a
73).
Embora suas prerrogativas e deveres já estivessem bem
delineados na carta política estadual de 1983 e depois na de 1989, não há
como olvidar as dificuldades e desafios enfrentados no pós-instalação, que
perpassaram desde a carência de recursos materiais e humanos, até a
5
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
própria falta de cultura organizacional e de procedimentos atinentes à novel
missão.
Considerada ainda relativamente jovem, a Corte de Contas
Rondoniense em quase três décadas vivenciou e experimentou reflexos
diretos de diversas transformações do mundo exterior, quer motivadas
pelas constantes mudanças e exigências sociais, como as introduzidas pela
Constituição Federal de 1988, pelas Emendas Constitucionais nºs 14
(FUNDEB), 19 (Reforma Administrativa) e 20 (Reforma da Previdência) e
pela Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, quer pelos avanços
tecnológicos como a globalização e transparência das informações
proporcionada pelo vasto alcance da rede mundial de computadores.
Com efeito, a cada momento histórico fez-se necessário
avaliar, compreender, adaptar e encontrar as soluções para transpor os
obstáculos que se impuseram desde então.
Nesse sentido, sendo um ente em franca expansão, tornou-se
necessário que alguns ajustes fossem gradativamente operados, tais como: a
construção da sua sede própria em 10/04/86; concurso público para
formação do seu quadro técnico; investimento em equipamentos e no seu
parque de informática, dentre outros.
Em que pese o desafiador início na década de 80, porém de
valorosa e inestimável contribuição para o nível atual de suas ações, apenas
em meados da década de 90 o TCE-RO passou a deter estrutura material e
6
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
humana que lhe propiciasse, de acordo com as exigências da época,
condições de executar com razoável desenvoltura seu mister institucional.
À medida que o Tribunal de Contas de Rondônia se
desenvolvia em tamanho e qualidade, suas atribuições também se
avolumavam. Contudo, estas em ritmo muito mais célere, causando já no
início dos anos 2000, e, inobstante o concurso público de 1995, um
distanciamento entre a realidade possível e a considerada ideal no tocante
ao alcance da sua finalidade.
Tal defasagem encontra explicação no fato de não ter havido
na exata medida, evolução estrutural simultânea à demanda apresentada. O
constante crescimento das máquinas administrativas, estadual e municipal,
bem como o aperfeiçoamento e inovações produzidos pela incessante
mutação do ordenamento jurídico, inequivocamente, contribuíram para esse
distanciamento.
O quadro passou a exibir contornos ainda mais intensos e
dramáticos quando do hiato demasiado entre os dois últimos concursos
(1995 a 2007), ou seja, 12 anos. Um período tão elástico entre os dois
certames seletivos trouxe como resultado: vertiginosa queda no
aparelhamento técnico (recursos humanos), perda de capacidade produtiva,
e, por conseguinte, estrangulamento das atividades do corpo técnico.
Nesse diapasão e com crescimento inversamente
proporcional, a distorcida relação entre força laborativa e lidas cotidianas
foram se agravando no decorrer do tempo, a ponto de, hodiernamente, não
7
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
mais ser possível instruir todo o volume processual constituído no período
de um exercício financeiro; dar vazão ao estoque acumulado ao longo dos
anos, e, muito menos, realizar a fiscalização in loco via auditorias e inspeções
na medida do exigível.
3. DO QUADRO ATUAL - SÍNTESE E PERSPECTIVAS
3.1. DO CORPO TÉCNICO EM RELAÇÃO AO CRESCIMENTO DE UNIDADES JURISDICIONADAS
3.1.1 A EVOLUÇÃO DO QUADRO TÉCNICO DO TRIBUNAL DE CONTAS
O quadro de servidores do Tribunal de Contas do Estado de
Rondônia, definido pelo Decreto-lei n.º 47, de 31 de janeiro de 1983, ano da
sua criação, começou a ser regulamentado quanto a suas atribuições pela Lei
Complementar nº 21, de 18 de setembro de 1987.
Com a edição da Lei Complementar nº 32, de 16 de janeiro de
1990, o TCE-RO teve o seu quadro de pessoal assim definido:
Anexo III da Lei Complementar nº 32, de 16 de janeiro de 1990
A N E X O III ATIVIDADES DE INSPEÇÃO E CONTROLE
CÓDIGO TC/AIC - 300
CATEGORIA FUNCIONAL ESCOLARIDADE QD. CÓDIGO
TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO
Bel. Ciências Jurídicas Bel. Administração de Empresas Bel. Engenharia Bel. Ciências Econômicas Bel. Ciências Contábeis
18 15 07 17 38
TC/AIC-302
AGENTE DE CONTROLE EXTERNO
Nível Médio nas áreas de Contabilidade e Administração
50
TC/AIC-303
AUXILIAR DE CONTROLE
PRIMEIRO GRAU
22 TC/AIC-304
8
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
EXTERNO COMPLETO
TOTAL GERAL 167
As Leis Complementares nº 48, de 14 de outubro de 1991; nº
66, de 07 de dezembro de 1992; nº 154, de 26 de julho de 1996 mantiveram
inalterado o quadro de servidores de nível superior em 95 Técnicos de
Controle Externo, divididos em 18 portadores de bacharelado em Direito;
15 em Administração, 17 em Economia; 38 em Contabilidade e 07 em
Engenharia.
Finalmente, após quatorze anos com um quadro de
servidores detentores de formação acadêmica mantidos em um total de 95,
com a sanção da Lei Complementar nº 307, de 01 outubro de 2004 o número
de servidores de nível superior foi acrescido de apenas 15 servidores,
passando a 110, conforme parcialmente transcrito a seguir:
Anexo II da Lei Complementar nº 307, de 01 outubro de 2004
ANEXO II QUANTITATIVOS DE CARGOS EFETIVOS
CARGO QUANTITATIVO ANTERIOR
LC nº 154/96 QUANTITATIVO LC nº
307/2004
Técnico de Controle Externo 95 110
TOTAL DE SERVIDORES EFETIVOS DO TCE-RO 427 357
Há que se observar que enquanto cresciam sobremaneira as
atribuições do Corpo Técnico desta Corte, como se verá adiante, em sentido
inverso caminhava a evolução do quadro, haja vista o decréscimo do
quantitativo total de servidores acima evidenciado.
Outra importante alteração introduzida pela Lei
Complementar nº 307, de 01 outubro de 2004 se observa quanto aos
quantitativos por área de formação, que foram excluídos do texto da lei e de
seus anexos, conforme se observa da transcrição parcial do anexo III abaixo:
9
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
Anexo III da Lei Complementar nº 307, de 01 outubro de 2004
ANEXO III DENOMINAÇÃO DOS CARGOS EFETIVOS E CONDIÇÕES PARA PROVIMENTO
ESCOLARIDADE SITUAÇÃO LC 154/96 SITUAÇÃO ATUAL
SUPERIOR
Cargo: Técnico de Controle Externo - Bacharel em Ciências Jurídicas, Bacharel em Administração de Empresas, Bacharel em Engenharia, Bacharel em Ciências Econômicas e Bacharel em Ciências Contábeis.
Cargo: Técnico de Controle Externo Bacharel em Ciências Jurídicas, Bacharel em Administração de Empresas, Bacharel em Engenharia, Bacharel em Ciências Econômicas e Bacharel em Ciências Contábeis.
Como se vê, ainda assim, mantiveram-se as cinco áreas de
formação superior, previstas e fixadas no longínquo ano de 1990, a despeito
das demais que poderiam vir a ser agregadas ao atual quadro funcional
considerando a diversidade atual de temas e matérias a serem fiscalizadas.
Finalmente, merece registro o fato de que após a Lei
Complementar nº 307 de 01 outubro de 2004, outras foram editadas (LC.
645, de 20/12/2011; LC. Nº 658, de 13/04/2012; LC. nº 344, de
25/05/2006 e LC. 591, de 22/11/2010), porém somente com a edição da Lei
Complementar 679 de 22 de agosto de 2012, ou seja, 08 (oito) anos depois,
foi alterado o quantitativo de previsão legal de técnicos de nível superior,
conforme se vê a seguir:
Anexo I da Lei Complementar nº 679, de 22 agosto de 2012
ANEXO I QUANTITATIVOS DE CARGOS EFETIVOS
CARGO QUANTITATIVO ANTERIOR
LC 307/2004 QUANTITATIVO ATUAL
Auditor de Controle Externo 110 144
TOTAL DE SERVIDORES EFETIVOS DO TCE-RO 357 352
Vale ainda ressaltar que nessa oportunidade também foi
alterada a nomenclatura do cargo de “Técnico de Controle Externo” para
“Auditor de Controle Externo”(cargo de nível superior) e de “Agente de
10
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
Controle Externo” para “Técnico de Controle Externo” (cargo de nível
médio).
3.1.2 – DO CRESCIMENTO DO NÚMERO DE JURISDICIONADOS MUNICIPAIS
Ao passo em que se registra no TCE-RO um crescimento
inexpressivo do seu Corpo Técnico ao longo desses 22 anos (1990 a 2012), é
importante registrar a ocorrência de fenômeno inversamente proporcional
em relação ao número de jurisdicionados, assim como ao universo de
matérias a serem fiscalizadas, impostas, sobretudo, pela Lei de
Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000).
Nesse intervalo temporal, impende afirmar que o
quantitativo de municípios, bem como das demais unidades orçamentárias
municipais (autarquias, fundos, empresas públicas, etc...) teve um aumento
bastante expressivo como poderá ser visualizado a seguir:
Quadro Demonstrativo de Municípios de Rondônia e Respectivas Datas de Criação
Nº Nome do Muncípio Lei federal Lei estadual Data de Criação
1 Porto Velho 757 02/10/14
2 Guajará-Mirim 991 12/07/28
3 Ariquemes 6.448 11/10/77
4 Cacoal 6.448 11/10/77
5 Ji-Paraná 6.448 11/10/77
6 Pimenta Bueno 6.448 11/10/77
7 Vilhena 6.448 11/10/77
8 Colorado D'Oeste 6.921 16/06/81
9 Costa Marques 6.921 16/06/81
10 Espigão D'Oeste 6.921 16/06/81
11 Jaru 6.921 16/06/81
12 Ouro Preto D'Oeste 6.921 16/06/81
13 Presidente Médici 6.921 16/06/81
14 Cerejeiras DL 071 05/08/83
11
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
15 Rolim de Moura DL 071 05/08/83
16 Santa Luzia D'Oeste 100 11/05/86
17 Alta Floresta D'Oeste 104 20/05/86
18 Alvorada D'Oeste 103 20/05/86
19 Nova Brasilândia 157 19/06/87
20 Machadinho D'Oeste 198 11/05/88
21 São Miguel do Guaporé 206 06/06/88
22 Cabixi 208 06/07/88
23 Nova Mamoré 207 06/07/88
24 Alto Paraíso 375 13/02/92
25 Cacaulândia 374 13/02/92
26 Campo Novo de Rondônia 379 13/02/92
27 Candeias do Jamari 363 13/02/92
28 Castanheiras 366 13/02/92
29 Corumbiara 377 13/02/92
30 Governador Jorge Teixeira 373 13/02/92
31 Itapuã D'Oete 364 13/02/92
32 Ministro Andreazza 372 13/02/92
33 Mirante da Serra 369 13/02/92
34 Monte Negro 378 13/02/92
35 Novo Horizonte 365 13/02/92
36 Rio Crespo 376 13/02/92
37 Seringueiras 370 13/02/92
38 Theobroma 371 13/02/92
39 Urupá 368 13/02/92
40 Vale do Paraíso 367 13/02/92
41 Alto Alegre dos Parecis 570 22/06/94
42 Cujubim 568 22/06/94
43 Nova União 566 22/06/94
44 Parecis 573 22/06/94
45 Primavera de Rondônia 569 22/06/94
46 São Felipe D'Oeste 567 22/06/94
47 Teixeirópolis 571 22/06/94
48 Vale do Anari 572 22/06/94
49 Buritis 649 27/12/95
50 Chupinguaia 643 27/12/95
51 Pimenteiras do Oeste 645 27/12/95
52 São Francisco do Guaporé 644 27/12/95
Daí se extrai as seguintes informações:
12
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
1. Até 1983, ano da criação e instalação do TC, o estado de
Rondônia contava com apenas 15 (quinze) municípios;
2. Em 1986 passou a ter 18 (dezoito);
3. Em 1987 figurava com 19 (dezenove);
4. Em 1988 apresentava 23 (vinte e três);
5. Em 1992 passou a ter 40 (quarenta);
6. Em 1994 atingiu 48 (quarenta e oito);
7. E, finalmente, em 1995 alcançou o patamar atual de 52
(cinquenta e dois) municípios.
Com base no gráfico acima é possível asseverar que as
unidades municipais do estado, em função do seu desenvolvimento,
cresceram e ultrapassaram em muito a capacidade fiscalizadora do TCE-RO,
que infelizmente não acompanhou esta escalada no que se refere ao
crescimento do seu quadro técnico.
13
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
3.1.3 – DO CRESCIMENTO DO NÚMERO DE JURISDICIONADOS ESTADUAIS
Em relação às unidades orçamentárias estaduais, embora
não tão significativo do ponto de vista numérico , também se verificou algum
crescimento no número de unidades criadas com as sucessivas leis de
reforma da estrutura administrativa estadual desde a criação do estado até
os dias atuais.
Assim, em razão da dificuldade em ter-se acesso a todas as
leis que criaram, extinguiram, cindiram ou fundiram órgãos da
administração estadual, optou-se pela extração das leis orçamentárias
anuais, onde se verifica o quantitativo de unidades contempladas com a
parcela de recursos públicos a ser aplicada e, por conseguinte, fiscalizada
por esta Corte de Contas.
Destarte, apresenta-se a seguir o quantitativo de órgãos
estaduais jurisdicionados dessa Corte a partir de 1990, ano em que foi
possível dimensionar em lei o tamanho do quadro de técnicos de nível
superior deste Tribunal, com vistas a se traçar um paralelo dessa evolução
como alhures mencionado.
Quadro Demonstrativo de nº de órgãos estaduais jurisdicionadosa partir de 1990
ANOS 1990 1991 1992 1994 1995 1996 2004 2009 2010 2011 2012
Nº Unidades Orç Estado 31 27 25 39 59 43 38 37 47 50 50
Em função do acima descrito, fica evidente, ainda que em
menor escala, o crescimento de unidades estaduais a serem fiscalizadas,
14
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
desconsiderado o pico em 1995 em razão da atipicidade do crescimento, que
foi ajustado nos anos seguintes como se pode ver.
3.1.4 – DO COMPARATIVO ENTRE O CRESCIMENTO DO NÚMERO DE JURISDICIONADOS E NÚMERO DE TÉCNICOS EXISTENTES EM LEI
Com base nas premissas anteriores, calcadas nos afetos
dispositivos legais, tem-se o comparativo entre o crescimento do número de
jurisdicionados e a sua correspondência no que se refere ao corpo técnico de
nível superior desta Corte de Contas, em que se observa flagrante
diminuição da capacidade operacional desta Secretaria Geral de Controle
Externo no tocante ao seu mister, observe-se:
Quadro Comparativo Entre Unidades Jurisdicionadas e Número de Técnicos de
Nível Superior Previstos e Fixados em Lei.
1990 1991 1992 1994 1995 1996 2004 2009 2010 2011 2012 2013
Nº Unidades Orç Estado 31 27 25 39 59 43 38 37 47 50 50 50
Nº Unidades Orç Municípios 56 56 95 111 134 134 134 164 229 229 229 229
Número de técnicos Niv. Sup. 95 95 95 95 95 95 110 110 110 110 110 144
Nº técnicos por UOE e Mun.1 1,09 1,14 0,79 0,63 0,49 0,54 0,64 0,55 0,40 0,39 0,39 0,52
Gráfico Comparativo
Crescimento de Unidades Orçamentárias X Crescimento do Corpo Técnico
31 2725
39
5943 38 37
47 50 50 5056 56
95111
134 134
151
229 229 229 229 229
95 95
95 95
95 95110 110 110 110 110
144
1,09 1,14 0,79 0,63 0,49 0,54 0,58 0,41 0,40 0,39 0,39 0,520
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
1990 1991 1992 1994 1995 1996 2004 2009 2010 2011 2012 2013
Nº UnidadesOrç Estado
Nº UnidadesOrç Municípios
Número detécnicos
Nº técnicos porUOE e Mun.
1 Este número é o resultado da divisão do “Número de técnicos Niv. Sup.”, pelo somatório de “Nº Unidades Orç Estado” + “Nº
Unidades Orç Municípios”.
15
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
O gráfico mostra que até 1991 o TCE-RO contava com 95
técnicos de nível superior previstos em lei2, para fiscalizar 83 unidades
orçamentárias (estado e municípios), o que estabelecia uma média de 1,14
Técnicos/Unid. Orç., a mais alta já registrada desde a criação deste Tribunal
de Contas.
Todavia, principalmente a partir de 1992, o TCE-RO passou a
contar com menos de um (0,79) técnico de nível superior previsto em lei,
para fiscalizar cada uma das então 120 unidades orçamentárias (estado e
municípios).
Em 2004 com a edição da Lei Complementar nº 307, o
crescimento do quadro técnico não foi suficiente para acompanhar a
demanda. É o que demonstra os 0,58 de média do índice “Técnicos/Unid.
Orç.”
De 2009 até os dias atuais esse índice chegou a cair ainda
mais, chegando à média de 0,39 Técnicos/Unid. Orç., em 2012, e se
recuperando ainda em 2012 com a edição da LC 679/20123, que sem dúvida
alguma causa o estrangulamento total das atividades de acompanhamento e
fiscalização dos gastos públicos.
Por fim, em razão do esvaziamento do concurso público
ocorrido em 2007, se for considerado ainda que destes 144 técnicos, apenas
92 estão empossados, e que destes apenas 63 desempenham suas funções
no âmbito da Secretaria Geral de Controle Externo, constata-se um índice
2 Trata-se apenas de previsão legal, já que tais vagas nunca foram preenchidas foram preenchidas em sua totalidade, ou seja, a
SGCE sempre operou com menos servidores de nível superior do que permite a Lei. 3 Houve alteração de previsão na lei para 144, todavia até a presente data não ocorreu concurso público, o que na prática
permanece o status anterior
16
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
ainda menor, alcançando o patamar de 0,23 técnicos de nível superior em
exercício para fiscalizar cada uma das 279 unidades orçamentárias (estado e
municípios) existentes.
3.1.5 – DO COMPARATIVO ENTRE O CRESCIMENTO DOS VOLUMES ORÇAMENTÁRIOS A SEREM FISCALIZADOS E O QUADRO DE SERVIDORES
3.1.5.1 – ORÇAMENTO ESTADUAL
Observa-se a seguir a evolução do orçamento do Executivo
Estadual tendo como ano base 20064. Nota-se que em menos de uma década
a economia do Estado se tornou pujante e apresentou formidável
crescimento fazendo com que o orçamento da Administração estadual
saltasse de 2,7, para 6,5 bilhões de reais, em 2013.
-
1.000.000.000,00
2.000.000.000,00
3.000.000.000,00
4.000.000.000,00
5.000.000.000,00
6.000.000.000,00
7.000.000.000,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
3.0
55
.93
7.0
00
,00
3.3
89
.27
5.0
00
,00
4.2
72
.86
6.0
00
,00
4.9
68
.38
9.6
90
,00
5.2
00
.00
0.0
00
,00
6.0
84
.90
2.9
63
,00
6.5
61
.15
2.8
94
,00
Em R$ 1,00
Exercícios
Evolução do Orçamento do Estado Em Valores Monetários
4 No tocante à evolução do orçamento estadual, o ano base de 2006 foi escolhido como referência para melhor parametrizar o
comparativo, haja vista que no caso dos municípios as informações estão disponíveis apenas a partir de 2007 como se verá
adiante. Assim, os demonstrativos não se tornariam tão díspares em termos de períodos a serem confrontados.
17
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
Em termos percentuais esse crescimento sofreu uma
variação que partiu de 9,85%, em relação ao exercício de 2006, para um
percentual acumulado nesse período de 135,84% em 2013.
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
9,8
5
21
,83
53
,59
78
,59
86
,92
11
8,7
2 13
5,8
4
Em %
Exercícios
Evolução do Orçamento do Estado em Percentuais - Ano Base 2006
3.1.5.2 – ORÇAMENTO MUNICIPAL
Também a seguir a constata-se a evolução do somatório dos
orçamentos municipais tendo como ano base 20075. A exemplo do ocorrido
com o orçamento do Estado verifica-se também que praticamente no mesmo
período de tempo houve uma alavancagem de 1,3 para 3,1 bilhões de reais,
em 2013.
5 No tocante à evolução dos orçamentos municipais, o ano base de 2007 foi tomado como referência em razão de não ter sido
possível obter-se valores de todos os orçamentos municipais anteriores a 2007.
18
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
R$ 0,0 0
R$ 500 .000.000,00
R$ 1.000.000.000,00
R$ 1.500.000.000,00
R$ 2.000.000.000,00
R$ 2.500.000.000,00
R$ 3.000.000.000,00
R$ 3.500.000.000,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
R$
1.3
54
.40
0.5
94
,10
R$
1.6
51
.89
3.6
07
,60
R$
1.7
95
.81
0.7
31
,86
R$
2.0
92
.28
2.2
07
,19
R$
2.4
61
.74
8.6
46
,06
R$
2.9
03
.96
4.5
14
,66
R$
3.1
28
.49
8.4
48
,68
Evolução do Orçamento dos Municípios Em Valores Monetários
Em R$
Em termos percentuais esse crescimento sofreu uma
variação que partiu de 21,96%, em relação ao exercício de 2007, para um
percentual acumulado nesse período de 130,99% em 2013.
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
2008 2009 2010 2011 2012 2013
21,9
6 32,5
9 54,4
8
81,7
6
114,
41 130,
99
Em %
Exercícios
Evolução do Orçamento dos Municípios em Percentuais - Ano Base 2007
Os números acima dão a tônica do que se tornou o universo a
ser fiscalizado, acumulando um crescimento orçamentário de quase uma vez
e meia em ambos as esferas de execução, em contraponto a uma evolução de
19
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
apenas 30,9% de pessoal técnico previsto em lei, considerando o quadro
fixado em 2004 com 110 (cento e dez) técnicos, conforme Lei Complementar
nº 307/2004 e o número atual estabelecido pela LC nº 679/2012, com 144
(cento e quarenta e quatro), agora Auditores de Controle Externo.
Do que se denota até aqui, existe absurda DISPARIDADE
entre a demanda de trabalho existente e a força laboral disponível para a
execução das tarefas, a ponto de asfixiar em grande parte a atividade de
controle externo desta Corte de Contas.
Dentre outros menores motivos, essa carência encontra
explicação no fato de que a Lei de Responsabilidade Fiscal impôs a toda
administração severas restrições a gastos com PESSOAL. O reflexo disso
traduz-se nas limitações do crescimento dessa rubrica, que impede não só o
recrutamento de novos servidores, como também à manutenção dos já
existentes, devido a valores salariais aquém dos praticados no mercado.
Com efeito, tais deficiências foram detectadas e estão sendo
diuturnamente atacadas com a busca de soluções indiretas. É o que se
constata com o maciço investimento em TI6, onde o processo eletrônico
prestes a se tornar uma realidade, tende a aperfeiçoar o fluxo e a agilidade
na instrução dos processos jurisdicionais, tendo como metas impor controle
mais consistente e a obtenção de melhores resultados.
Nessa incessante busca da máxima efetividade, o TCE-RO
estabeleceu acordos de cooperação e parceria com várias outras instituições 6 Tecnologia da Informação
20
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
de controle, tais como: Ministérios Públicos Estadual e Federal, TCU, Receita
Federal, Polícia Civil, entre outros.
Todavia, em que pesem os abnegados esforços empreendidos
pelo seu corpo diretivo, o TCE-RO ainda se encontra hipossuficiente no que
diz respeito ao desempenho do seu quadro técnico, que se recente de
número necessário para fazer frente aos desafios diários que se lhe impõem.
Todavia e não obstante tais adversidades, o Tribunal de
Contas de Rondônia não pode se furtar à sua incumbência constitucional e
tampouco deixar tentar soluções inteligentes, como por exemplo,
estabelecer critérios distintos de análise processual de acordo com a
tipicidade de cada caso.
Eis que exsurge daí a necessidade de se aprimorar
procedimentos, reavaliar conceitos, corrigir rotinas, e, sobretudo,
estabelecer-se novo foco no sentido de dinamizar o trabalho e extrair dos
recursos disponíveis o que de melhor podem oferecer em termos de
resultado efetivo.
Assim, é nessa linha que doravante serão abordados os
fundamentos necessários ao aprimoramento de algumas rotinas de análise
processual com vistas ao alcance do objetivo ora delineado.
21
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
II - Fundamentação
4. A MISSÃO INSTITUCIONAL E A RELATIVIZAÇÃO DO SEU CUMPRIMENTO
Necessário dizer que o termo relativizar, no presente caso,
significa antes de tudo: flexibilizar, ou seja, promover ajustes e mudanças de
foco para o alcance satisfatório da fiscalização adequada do erário.
Dito isso, faz-se imperioso compreender que os incisos I a IX
do Art. 71 da Constituição Federal, também reproduzidos na Carta Estadual
(Art. 49), com especial destaque nesse caso para os incisos II e IV, em
momento algum rivalizam entre si, ou sequer se põem em grau de
prioridade maior ou menor de um em relação ao outro, senão, observe-se:
Constituição Estadual/89: Art. 49. O controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: I - omissis II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, do Ministério Público, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público Estadual, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - omissis IV - realizar inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e demais entidades referidas no inciso II, por iniciativa do próprio Tribunal de Contas, da Assembléia Legislativa e
de Comissões Técnicas ou de inquérito;
Como se nota, o comando do inciso II estabelece para o TCE
de Rondônia a competência de julgar as contas dos gestores mediante
prestação de contas, e daqueles que eventualmente derem causa a desvios
ou a qualquer tipo de diminuição irregular do erário, por meio de tomada de
contas, embora nesse último caso não esteja explícita essa forma processual.
22
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
No caso do inciso IV, a Carta Estadual reserva a sua Corte de
Contas o direito e o dever de fiscalizar os seus jurisdicionados mediante
auditorias e inspeções.
Vê-se de pronto que não há qualquer priorização de uma ou
outra atividade. Em sentido oposto, deixa transparecer a ideia de que são
procedimentos complementares na persecução do cumprimento da
missão institucional da Corte de Contas, e que realizar um sem o outro,
em dado momento pode significar o não alcance do seu objetivo ou da sua
justa razão de existir.
Com essas ponderações, excetuando-se naturalmente o
disposto no Inciso I do Art. 49 da CE, e considerando a cristalina
competência constitucional do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia
em estabelecer as diretivas sobre as quais deverá executar a atividade de
controle externo, não há como negar que o TCE-RO pode e deve ajustar suas
rotinas.
Assim, não é demais de se dizer que transigir acerca de todos
os demais incisos do Art. 49 da CE e 71 da CF, para melhor configurar suas
ações, desde que se obtenham os melhores resultados, é legalmente cabível
e até exigível, sob a égide do princípio da eficiência.
Tanto é, que a Lei Complementar nº 154/96 após enunciar
taxativamente, no Art. 5º e Incisos, quem são os seus jurisdicionados e
aqueles que lhe deverão prestar contas, reserva à Corte de Contas no Art. 7º,
23
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
a autonomia de fixar por instrução normativa os critérios e a forma da sua
organização (das contas) para julgamento. Observe-se:
Lei Complementar nº 154/96: Art. 7º - As contas dos administradores e responsáveis a que se refere o artigo anterior serão anualmente submetidas a julgamento do Tribunal, sob a forma de tomada ou prestação de contas, organizadas de acordo com normas estabelecidas em instrução normativa. (grifou-se)
Nesse diapasão, implica dizer que a fórmula e os critérios
que estabelecerá para realizar o crivo das contas que lhe forem
encaminhadas, obviamente, sem perder de vista o princípio do formalismo
moderado e o arrimo no Código do Processo Civil Brasileiro, diz respeito
única e exclusivamente ao seu próprio colegiado.
Indubitável, portanto, que os paradigmas atuais podem e
devem ser modificados, e que o modelo proposto pelo Ministro Adilson
Motta, em seu Artigo adiante e parcialmente transcrito, é sem dúvida
alguma o mais indicado para este Tribunal de Contas, ou seja, não está se
propondo um modelo em que simplesmente se deixa de julgar ou até
analisar as contas que lhe são apresentadas.
Em verdade, o que se alvitra nesse momento é a
simplificação de ritos e procedimentos, para tornar mais célere o interregno
compreendido entre as fases da autuação até o julgamento de contas. E mais,
para evitar que um processo de contas de valores relativamente menores,
torne-se um fim em si mesmo, e que os custos da sua existência superem a
sua real finalidade.
24
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
Nessa esteira, algumas decisões recentes já dão mostras
claras de que esta Corte de Contas já vem se posicionando no sentido de que
a fiscalização deve ser exercida de maneira racional, seletiva e acima de tudo
compromissada com os bons resultados.
Foi com esse espírito que lançou brilhantemente os
argumentos a seguir colacionados, o Conselheiro Paulo Curi Neto, no
Processo nº. 3.205/1996, onde aduz que o lapso temporal e os valores
envolvidos não justificariam maiores debates a respeito, leia-se:
d) Repare-se que os valores de alçada que obrigam a instauração de ofício de processos de fiscalização de editais de licitação e atos de dispensa ou inexigibilidade de licitação são de, no mínimo, R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais), em se tratando de compras, ou R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), quando se tratar de serviços (Instrução Normativa n°. 025/2009-TCE-RO). O Tribunal de Contas deve fiscalizar não em doses homeopáticas, mas de maneira criteriosa e seletiva, direcionando os esforços institucionais para fatos mais importantes e representativos socialmente. (grifou-se)
e) A fiscalização das acumulações ilícitas de funções públicas é assaz socialmente
importante para prevenir e reprimir o enriquecimento ilícito, bem como para assegurar
eficiência na prestação dos serviços ao cidadão-usuário. Entretanto, a fiscalização de
eventuais acumulações ocorridas há mais de 15 (quinze) anos possui, evidentemente,
muito menor relevância social do que as que estejam acontecendo atualmente, razão
pela qual é preferível, dentre os escopos de fiscalização divisados, que seja dada
preferência a fatos mais atuais, cujo controle provavelmente proporcionará mais
benefícios sociais; (grifou-se)
f) Esta Corte já mobilizou muitos recursos institucionais para a instrução e julgamento do
processo principal e para o exame dos inúmeros recursos dele decorrentes. Reiniciar toda
a instrução processual somente seria justificável se fosse possível vislumbrar que o
provável benefício à coletividade suplantaria os custos da nova fiscalização, o que, a
nosso sentir, é improvável. (grifou-se)
35. Considerando todos esses argumentos, conclui-se que o processo deve ser extinto, sem resolução de mérito, por falta de interesse processual. (grifou-se)
Noutros autos, agora de nº 3872/TCER-2004 e apensos, o
julgador noticia que os processos tramitavam há quase dez anos, sem
25
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
questionamento sobre a suposta irregularidade, com instrução deficiente,
inexistência de qualquer análise quanto aos indícios mínimos de
materialidade delitiva, ausência de interesse de agir (inutilidade da
persecução).
Diante de disso, assim arguiu o Membro da Corte:
Pois bem. Os autos foram enviados ao arquivo, sem qualquer análise técnica (ou ministerial). Ao que tudo indica, a suposta omissão ilegal, que ocorreu há aproximadamente dez anos, restou esquecida por esta Corte de Contas, porquanto inexiste qualquer registro do seu questionamento. Certamente, a instrução deficiente (a carência de prova) e o fato do presente feito se arrastar por quase uma década nesta Corte evidenciam a inexistência de interesse de agir no seu prosseguimento, a fim de apurar a responsabilidade pela suposta irregularidade. Dessa feita, diante da forte probabilidade da inutilidade da persecução dos custos se sobrepor consideravelmente aos possíveis benefícios e da premente necessidade desta Corte eleger prioridades, viável a extinção do feito sem a resolução do mérito e arquivamento. Corrobora essa conclusão o fato da Prestação de Contas de 2005 do Fundo ter sido encaminhada a esta Corte e já se encontrar julgada. (grifou-se) Com isso, abre-se mão de apurar os atos administrativos supostamente ilegais ocorridos há aproximadamente dez anos, o que dificulta a investigação e a defesa dos envolvidos, e se homenageia o princípio da duração razoável do processo, o da economicidade, bem como o da eficiência, que exige do Tribunal de Contas a seletividade (risco, materialidade e relevância) nas suas ações de controle. (grifou-se)
Embora o fator “tempo decorrido” (que não é o cerne deste
trabalho) entre a autuação dos processos e o seu deslinde tenha sido levado
em consideração como principal elemento de convicção em ambos os casos,
não há como deixar de observar a iniciativa e o bom senso do Conselheiro
Relator em decidir pelo arquivamento sem exame do mérito.
Ainda nessa vereda, em recente encontro em Brasília
(02/07/2013), articulado pela ATRICON - Associação dos Membros dos
Tribunais de Contas do Brasil e IRB - Instituto Rui Barbosa, foi extraído
protocolo de intenções dentre os membros participantes – entre os quais o
TCE-RO se fez presente, que apontam para a necessidade de evolução de
26
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
vários quesitos para medição do Índice de Agilidade e Qualidade dos
Tribunais de Contas.
Dentre vários outros destaca-se, para este estudo, o quesito
AGILIDADE DO CONTROLE EXTERNO, o qual apresenta a seguinte
composição:
16. Índice de Agilidade do Controle Externo.
item Critéiro de Avaliação Nota Máxima SGCE PE/Objetivo TCE-RO Adesão
16.1 Prazo Máximo de 6 meses para apreciação de denúncia
35 25 3 25 71,4%
16.2 Prazo Máximo de 4 meses para apreciação de consulta
35 25 3 25 71,4%
16.3 Inexistência de processos tramitando no Tribunal com mais de 5 anos desde a sua autuação
30 20 3 20 66,7%
16.4 Total 100 70 70
Fonte: Relatório de Pesquisa dos índices de qualidade e agilidade dos Tribunais de Contas, fls. 6
No quadro acima, nota-se claramente que o TCE-RO apesar
de não estar ainda com avaliação crítica nesses critérios, por outro lado
poderia estar em situação menos desconfortável caso dispusesse de mais
tempo e pessoal para atuar nessas linhas.
Logo, todos os argumentos até aqui esposados, corroboram
de forma irretorquível a necessária agudeza nas medidas para aperfeiçoar
os serviços prestados à sociedade.
Assim, a guisa não só de resgate da qualidade da fiscalização,
mas em homenagem aos princípios da eficiência e eficácia na utilização dos
recursos que lhe são colocados anualmente à disposição, seria recomendável
que o Tribunal de Contas de Rondônia adotasse as medidas consentâneas
adiante elencadas.
27
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
5. A NECESSIDADE DE REDEFINIÇÃO DE PRIORIDADES E DE MUDANÇA DE PARADIGMAS
A redefinição de prioridades e mudanças de paradigmas vem
a reboque de um cenário da administração pública, que há algum tempo
sofreu mutações e por essa razão tornou exigível providências no sentido de
se adequar a realidade das cortes fiscalizadoras às demandas hodiernas.
Não há como olvidar, quanto maior e mais pesada a
estrutura, maiores e mais efetivas deverão ser as medidas de racionalização
da mão-de-obra disponível em relação ao volume de trabalho a ser
executado.
Ao aperceber-se desse panorama, assumiu a vanguarda da
propositura dessa tendência a Corte de Contas Federal, como se observa,
muito bem retratado no artigo: ”A necessidade de mudança do paradigma
de prestação de contas” de autoria do então Presidente do TCU, Ministro
Adylson Motta, na Revista do TCU, ano 35, nº 103 - janeiro/março 2005,
de que ora se reproduzem os seguintes trechos:
“O mundo vive momentos de grandes transformações e numa velocidade tal que as adaptações às novidades e demandas oriundas da sociedade impõem aos Órgãos Públicos um constante aperfeiçoamento e reposicionamento de suas diretrizes estratégicas. Nunca o referencial estratégico das organizações, sejam elas públicas ou privadas, foi tão importante. ..................................................................................................................................... Assim, o TCU, ao se adaptar a tais mudanças e demandas, procura modernizar-se com a prática de novas metodologias de trabalho, que visam, essencialmente, a cumprir um dos pressupostos basilares de sua missão, como instituição maior no âmbito do controle externo, qual seja: ‘assegurar a efetiva e regular gestão dos recursos públicos, em benefício da sociedade’. ..................................................................................................................................... Para tanto, novas medidas de modernização do controle e de aumento na tempestividade das ações da Corte de Contas, bem assim maior eficiência, eficácia e efetividade na fiscalização da coisa pública, estão a apontar para a necessidade de mudanças radicais no processo de análise das prestações e tomadas de contas oriundas dos órgãos e entidades estatais, dando-se continuidade ao constante processo de atender melhor e preventivamente a sociedade brasileira no seu mister.
28
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
..................................................................................................................................... Mudar o foco de ação da Corte Federal de Contas deve ser o grande objetivo a ser perseguido em curtíssimo prazo, com afinco e na velocidade que o mundo globalizado requer. Talvez seja esse o grande desafio para os próximos anos, já que envolve profunda mudança na cultura organizacional do órgão de controle externo federal brasileiro, visando a um desenvolvimento estratégico que posicione a organização TCU em ponto de maior destaque perante suas congêneres estrangeiras. Inovar é fundamental em qualquer área do conhecimento. Não deve ser diferente para o controle externo, apesar de se ter consciência da dificuldade de serem implantadas novas formas de trabalho, principalmente no serviço público, onde se verifica forte tendência à acomodação, fator que é, aliás, uma característica humana marcante. ..................................................................................................................................... As análises das tomadas e prestações de contas, conforme disposto nos artigos 71, inciso II da Constituição Federal, 7º da Lei Orgânica do TCU (Lei nº 8.443/92) e 1º, inciso I do Regimento Interno da Corte de Contas, em todos os demais artigos e atos normativos que regulam o tema, a exemplo da IN-TCU nº 47/2004, estão a merecer urgente mudança no que concerne à forma, apresentação e celeridade no seu julgamento, uma vez que têm sido análises reativas e, se consumados eventuais desvios, danos ou fraudes contra o Poder Público, da maneira como efetuadas atualmente mostram-se ineficazes. As análises de contas, como hoje realizadas, estão a demonstrar inadequação ou mesmo falta de compasso no que concerne à efetividade da fiscalização da coisa pública pelos órgãos de controle externo. Encontram-se na contra-mão das demandas modernas de uma sociedade dinâmica, globalizada, que usa grandezas de medidas não mais expressas em quilos ou mega unidades, mas em giga ou tera para medir capacidade de armazenamento de dados, ou nano para medir velocidade de processamento de informações. Tal como hoje acontece com a prestação de contas de qualquer cidadão comum para com a Secretaria da Receita Federal, a idéia de fundo, para o caso das contas dos entes públicos jurisdicionados ao TCU é a de receber essas contas eletronicamente, devidamente avaliadas pelo respectivo Controle Interno e certificadas pelo dirigente máximo do órgão, bem assim com o pronunciamento do Ministro de Estado competente, conforme previsto no art. 9º, incisos III e IV, da Lei nº 8.443/92. A transmissão eletrônica das contas já vem sendo feita por meio de testes-pilotos realizados pela Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU (Segecex), sob a coordenação da Secretaria Ajunta de Contas (Adcon), por intermédio do Sistema Siscontas. ..................................................................................................................................... De posse dessas informações eletrônicas, há que se criar um mecanismo de aprovação tempestiva, talvez imediata, das contas dos gestores que estiverem rigorosamente em dia com suas obrigações no que tange à apresentação de suas contas relativamente aos recursos federais. Uma vez aprovadas imediatamente as contas, ou, ainda, aprovada previamente a gestão dos responsáveis perante o TCU, haverá mais tempo disponível aos Analistas do TCU para se dedicarem às ações de fiscalização preventivas e/ou concomitantes, de forma a combater a fraude, corrupção, desvios ou quaisquer outros tipos de ilegalidades ou irregularidades passíveis de serem perpetradas contra o Erário e, de conseguinte, contra a sociedade. Ações de inteligência organizacional serão cruciais no auxílio ao combate a essas mazelas que estão a atrasar o desenvolvimento do Brasil há séculos. Pode-se, também, aproveitar um procedimento já bem conhecido pelo corpo técnico do TCU, qual seja, o diferimento de contas, para certificar a Gestão dos Responsáveis, garantindo-se, assim, a tempestividade da apresentação da Prestação de Contas, diferindo-as por um período de cinco anos, ao final do qual ter-se-ão aprovadas automaticamente estas contas,
29
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
caso não sejam verificadas irregularidades em auditorias, inspeções ou outras fiscalizações relacionadas à Entidade. De outra parte, se, durante qualquer auditoria, inspeção, acompanhamento ou outro tipo de fiscalização, houver a constatação de irregularidade que possa macular a gestão dos responsáveis por essas contas previamente aprovadas, ou cuja gestão tenha sido certificada pelo TCU, reabrir-se-á o processo de contas, caso julgadas, ou iniciar-se-á a análise mais detalhada da Tomada ou Prestação de Contas eventualmente diferida, num prazo que poderia ser fixado em função do que dispõe o novo Código Civil Brasileiro, em conformidade com tese que tenho defendido nos julgados do TCU, preservando-se, ainda, a segurança jurídica dos responsáveis. Ou seja, havendo irregularidades que venham à tona, o TCU poderá reabrir as contas para uma análise profunda e por períodos que poderiam envolver a última gestão ou várias gestões passadas. De forma semelhante, há que se criar mecanismo para apreciação automática dos atos de admissão de pessoal, concessão de aposentadoria, reforma ou pensão, como forma de melhorar a eficácia e efetividade dos trabalhos de controle externo. Apenas para exemplificar, os números produzidos pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplan), deste Tribunal de Contas, demonstram, com clareza, que o estoque de processos ao final de cada ano, desde 2001, é fortemente desfavorável no que concerne às ações preventivas do TCU. Ou seja, as ações de análises de contas, de tomadas de contas especiais e de processos de aposentadorias e pensões representam, em 2005, 81,2% de todo o estoque de processos do Tribunal, isto é, são ações de fiscalização ex post e, portanto, como já mencionado, de baixa eficácia e efetividade para o Erário. Estou convicto de que, com tais procedimentos, ganha a sociedade por ter uma ação mais rápida e eficaz dos órgãos de controle, ganham os gestores e, também, o Tribunal de Contas da União, que trabalhará mais na prospecção de áreas de risco, elevada materialidade, denúncias efetuadas pela mídia ou pelos cidadãos, estas por meio da Ouvidoria do TCU, e/ou em função de histórico comprometedor do ente estatal e, portanto, mais suscetíveis de proporcionar perdas ao Erário. Não significa que o modelo ora proposto não possa prever, e reputo oportuno que o faça, a regular seleção de entidades pelos critérios descritos no parágrafo anterior, para que componham um elenco de entes que deverão ser fiscalizados por equipes do TCU, devidamente aprovado pelo plenário da Corte, quando da apreciação do Plano de Auditoria, que poderia assumir o caráter de Plano de Controle Externo, de periodicidade anual. Nesse contexto, haverá mais tempo para que ocorra troca de informações entre o governo e a sociedade, como um processo contínuo, uma via de mão dupla, onde se deve ter como intuito primeiro a defesa do Erário e cobrança dos gestores de recursos públicos no sentido de que haja aplicação adequada dos recursos que pertencem à comunidade. A Administração Pública estaria, enfim, praticando o que se conhece como accountability, termo próprio do sistema anglo-saxão, que contribui fortemente para as discussões do controle social e, embora sem possuir uma tradução exata para a língua portuguesa, pode ser interpretado como “o processo pelo qual os indivíduos responsáveis pelas entidades do setor público são chamados a prestar contas de todos os aspectos de seu desempenho como administradores públicos”, como está definido no portal do TCU na internet.
30
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
Ante tão espetacular capacidade de antevisão e perfeito
diagnóstico do problema, absolutamente, não há o que acrescentar ao
modelo proposto pelo Ministro Adylson Motta. Em verdade, há apenas que
se levantarem os dados necessários e realizar as adaptações pertinentes
para a sua implantação nesta Corte.
6. MODELO ATUAL DE FISCALIZAÇÃO DE CONTAS
Pelos motivos já registrados, na atualidade o modelo de
fiscalização executado pelo Tribunal de Contas de Rondônia encontra-se
deveras asfixiado, e, em apertado resumo, contempla:
1. Apreciação e emissão de Parecer Prévio sobre as contas
de governo dos chefes dos executivos estadual e
municipal;
2. Análise e julgamento das prestações e tomadas de contas
dos demais gestores;
3. Apreciação, para fins de registro, da legalidade dos atos
de admissão de pessoal, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões;
4. Fiscalização “in loco” mediante auditorias e inspeções;
5. Análise prévia de editais de licitações e dos respectivos
contratos;
6. Apuração de denúncias e representações.
Não obstante a importância equânime dessas atividades, não
há como deixar de observar que a “2. análise e julgamento das prestações e
31
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
tomadas de contas dos demais gestores”7, objeto deste trabalho, carece de um
novo padrão, devendo consistir em avaliação prévia e formatação adequada
do modelo de análises, tendo por balizador o trinômio: RISCO,
MATERIALIDADE E RELEVÂNCIA – RMR a exemplo do que já ocorre em
relação as auditorias e inspeções.
Nesse aspecto, as auditorias e inspeções são procedimentos
fiscalizatórios extremamente importantes para a verificação da real
aplicação dos recursos pelos gestores. É quando se pode aferir com razoável
precisão se as informações apresentadas nas prestações de contas se
coadunam com o que foi realizado de fato.
Por óbvio as prestações de contas apenas apresentam a
versão do gestor sobre os seus próprios atos de gestão. Logo, dificilmente,
incluiria qualquer informação que pudesse desabonar ou prejudicar o
julgamento positivo daquelas. Emerge daí, portanto, a necessidade de se
aferir tais ações.
Apresenta-se de forma bem evidente, destarte, que as
prestações de contas para serem avaliadas com maior consistência, carecem
estar em sintonia com os procedimentos de auditoria e inspeções. O que não
ocorre, neste momento, em razão da redução drástica dos trabalhos de
campo pelos motivos já conhecidos.
7 Não se trata de Contas de Governo (Governador e Prefeitos - Art. 1º, Inciso III da LC 154/96 ), e sim das
contas daqueles responsáveis listados no Inciso I do Art. 1º da Lei Complementar nº 154/96.
32
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
Outro fator que sem dúvida alguma contribui para essa
defasagem e se identifica de longa data, é a existência de processos que estão
sobrestados há mais de 5 (cinco) anos aguardando instrução para
julgamento.
Isto porque, na atualidade, todos os processos de prestações
de contas recebem o mesmo tipo de análise, e isso, definitivamente, resulta
num represamento desnecessário de processos que ficam a reclamar o
mesmo tratamento em situações de menor importância.
Não há como se atingir um grau maior de efetividade na sua
atuação, se o TCE-RO não conseguir implementar uma fiscalização
concomitante com os atos de gestão dos jurisdicionados, ou seja, realizar
análises e julgamentos de processos dentro do mesmo exercício da sua
autuação. É por assim dizer que deve deixar de fazer “necropsias” para
produzir “biopsias”.
É inevitável, portanto, à Corte de Contas de Rondônia
priorizar aquilo que deve ser priorizado e dar importância àquilo que deve
ser materialmente importante, ou seja, a instrução dos processos de
prestações e tomadas de contas carecem receber tratamento diferenciado,
em cada caso, no que concerne ao seu RMR.
Nessa esteira apresenta-se a seguir proposta de um modelo
derivado das ilações do Ministro Adylson Motta, do qual se extrai a essência
e busca-se adaptar à realidade deste TCE-RO.
33
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
7. MODELO ATUAL DE FISCALIZAÇÃO DE CONTAS
O plano ora sugerido toma como referência rotinas similares
já previstas e praticadas pelo TCE-RO, que em cumprimento aos Art. 43 e 72
do seu Regimento Interno estabelece anualmente programação de
auditorias e inspeções.
Assim, o que se propõe é que o TCE-RO edite Resolução no
sentido de que se opere de modo similar com os procedimentos retro
mencionados e seja anualmente elaborada pela Secretaria-Geral de Controle
Externo-SGCE para encaminhamento à Presidência da Casa, daquilo que se
sugere seja denominado: PLANO ANUAL DE ANÁLISE DE CONTAS.
Como já frisado, tal programação ao ser elaborada pela SGCE
teria como base seletiva critérios de Risco, Materialidade e Relevância-RMR
dos orçamentos cujas contas seriam analisadas, bem como o histórico de
gestões anteriores, e ainda, eventuais notícias de possíveis irregularidades
no órgão a ser avaliado.
Para melhor compreensão e considerando os critérios
norteadores de RMR8, entende-se por:
RISCO – é a possibilidade de ocorrência de eventos
indesejáveis, tais como erros, falhas, fraudes,
8 Definições de Risco, Materialidade e Relevância estabelecidas nos itens 4106.1 a 4106.03, do Manual
de Normas de Auditoria Governamental – NAGs, instituído pela RESOLUÇÃO N° 78/TCE/RO-2011.
34
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
desperdícios ou descumprimento de metas ou de
objetivos estabelecidos.
MATERIALIDADE – refere-se à representatividade dos
valores ou do volume de recursos envolvidos.
RELEVÂNCIA – refere-se à importância relativa para o
interesse público ou para o segmento da sociedade
beneficiada.
Com os critérios acima definidos as prestações de contas
seriam separadas em dois grupos distintos para análise da seguinte forma:
Classe I – Além das contas mencionadas no Inciso I do Art. 71
da CF, seriam elencadas aquelas do Inciso II do
mesmo artigo, que por questões de RMR, seriam
alvo por parte do TCE-RO de exame acerca dos
atos de gestão espelhados nos autos e, obviamente
na medida do possível, confrontados e suportados
nas auditorias realizadas nos respectivos órgãos,
nos exercícios a que se referirem.
Classe II – seriam relacionadas aquelas contas que por
idênticos critérios da “Classe I”, receberiam exame
em rito sumário, que consistiria na verificação da
compatibilidade e do cumprimento formal dos
35
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
requisitos estabelecidos na Instrução Normativa nº
13/2004 de 18/11/2004 e alterações.
Em tempo, as contas previstas na “Classe - II”, cujos fatos
irregulares venham a se tornar conhecidos após o seu julgamento, não
sofreriam alteração. De todo modo, as apurações de fatos supervenientes
estariam resguardadas e descritas em regulamento próprio para situações
dessa natureza em que se aplicam as Tomadas de Contas Especiais.
Do que se vê, a instituição de um PLANO ANUAL DE
ANÁLISE DE CONTAS teria como reflexos imediatos os seguintes aspectos:
Maior relação custo benefício entre a força de trabalho disponível e o trabalho de análise de contas;
Desafogamento dos diversos setores do TCE-RO atualmente sobrecarregados com inúmeros processos de menor relevância;
Redirecionamento do esforço laboral para os trabalhos de campo com vistas a melhor subsidiar as análises das prestações de contas da “Classe – I”;
Melhoramento e ganho significativo no tempo de resposta relativo à análise e julgamento dos processos da “Classe II”.
36
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
8. CONCLUSÃO
Após o exposto, impende registrar que em tudo o quanto foi
dado ênfase neste trabalho sempre esteve presente apenas o espírito de
colaboração e de propositura de novas práticas que visam potencializar ao
máximo a capacidade produtiva desta Corte de Contas.
Em razão da estrutura e das dificuldades atuais, é inegável
que muitos obstáculos ainda precisam ser vencidos para que se alcance o
desejado nível de evolução da missão institucional do Tribunal de Contas do
Estado de Rondônia.
Todavia, esperando meramente ter contribuído para a
consecução de um estágio mais avançado na atividade de controle externo e
em consonância com os princípios constitucionais da eficiência e
economicidade, apresenta-se a seguir minuta do projeto de Resolução
Administrativa para simplificar o rito de análise dos processos de prestação
de contas.
37
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
III – Projeto de Resolução
RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA N. XX/2013/TCE-RO.
Institui e regulamenta o Plano Anual de Análise de Contas.
O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA, no uso de suas atribuições constitucionais, legais e regulamentares,
Considerando o disposto nos Incisos I e II do Art. 71 da
Constituição Federal; Considerando o disposto nos artigos 3º e 7º, da Lei
Complementar n. 154/96, RESOLVE:
Art. 1º Fica instituído o Plano Anual de Análise de Contas relativas aos Incisos I e II do Art. 71 Constituição Estadual.
Art. 2º O Plano de que trata o Art. 1º desta Resolução será elaborado pela Secretaria-Geral de Controle Externo até último dia útil do mês de outubro e encaminhado à Presidência para ser submetido à apreciação do Conselho Superior de Administração, que deverá ocorrer até o final do exercício.
Parágrafo Único - Após sua aprovação o referido Plano terá validade para o exercício seguinte, não cabendo inserções ou alterações em seu curso, exceto em casos extraordinários deliberados pelo próprio Conselho Superior de Administração.
Art. 3º O Plano, objeto desta Resolução, será elaborado tendo como principal orientação critérios de risco, materialidade e relevância, da gestão dos orçamentos de cada unidade jurisdicionada.
Parágrafo Único - Para efeito desta Resolução entende-se por:
I – Risco - é a possibilidade de ocorrência de eventos indesejáveis, tais como erros, falhas, fraudes, desperdícios ou descumprimento de metas ou de objetivos estabelecidos.
38
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
II – Materialidade - refere-se à representatividade dos valores
ou do volume de recursos envolvidos. III – Relevância - refere-se à importância relativa para o
interesse público ou para o segmento da sociedade beneficiada. Art. 4º Os processos de prestações e tomada de contas
integrantes do Plano, após a avaliação da Secretaria-Geral de Controle Externo, em consonância com os critérios descritos nos Incisos I a III, do Parágrafo Único do artigo anterior serão divididos em 2 (duas) categorias, sendo “Classe I” e “Classe II”.
I – Os processos integrantes da “Classe I” deverão receber
exame acerca de todos os atos e informações espelhados nos autos e, sempre que possível, confrontados e suportados nas auditorias realizadas nos respectivos órgãos jurisdicionados, nos exercícios a que se referirem.
II – Os processos integrantes da “Classe II” receberão exame
sumário, que consistirá na verificação se as prestações de contas encaminhadas estão integradas pelas peças exigidas na Instrução Normativa nº 13/2004 de 18/11/2004 e alterações.
§1º Apenas os processos de contas descritos no Inciso II do Art.
71 da CF serão alvo da seleção com base nos critérios estabelecidos no Art. 3º desta Resolução.
§2º Verificada a ausência de quaisquer das peças exigidas na Instrução Normativa nº 13/2004, a SGCE requisitará ao prestador das contas os documentos ausentes, sob pena de aplicação das sanções pecuniárias previstas na legislação de regência.
§3º Havendo notícias de irregularidade superveniente, esta
será apurada em processo de Tomada de Contas ou Tomada de Contas Especial, se for o caso.
Art. 5º Após os exames empreendidos conforme estabelece o
Inciso II do artigo anterior e verificada a sua regularidade, as contas aludidas no caput daquele dispositivo serão encaminhados para apreciação do relator.
39
Secretaria-Geral de Controle Externo Assessoria Técnica - ASSTECSGCE
Av. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – CEP. 76801-326
Tel.: (0xx69) 3211-9100 – Fax (0xx69) 3211-9133
Art. 6º O estoque de processos de prestação e tomada de contas de exercícios anteriores à vigência desta Resolução, ainda não submetidos à instrução pelas Unidades Técnicas, receberão o mesmo tratamento previsto no Art. 4º, cuja separação em classes I e II será realizada pela SGCE que a submeterá ao rito previsto no Art. 2º desta Resolução.
Art. 7º Esta Resolução Administrativa entrará em vigor e com
efeitos imediatos a partir da data de sua publicação.
Porto Velho, XX de XXXXXXXX de 2013.
Conselheiro JOSÉ EULER POTYGUARA PEREIRA DE MELLO Presidente